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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA- ESTUDO DE CASO


CENTRO DE SAÚDE 7 DE ABRIL

Manuel Mário Nazaré

Chimoio

2016
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA- ESTUDO DE CASO


CENTRO DE SAUDE 7 DE ABRIL

Manuel Mário Nazaré

Monografia submetida à Faculdade de Engenharia


Ambiental e dos Recursos Naturais da Universidade
Zambeze, Chimoio, em parcial cumprimento dos
requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura
em Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais

Orientador: Engo. Adelino Ernesto Mugadui, MSc


c

Chimoio

2016
DECLARAÇÃO

Eu, Manuel Mário Nazaré, declaro que esta Monografia é resultado do meu próprio trabalho e
está a ser submetida para a obtenção do grau de licenciatura na Universidade Zambeze, Chimoio.
Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra
Universidade.
______________________________________________________________
(Manuel Mário Nazaré)
______________________________de_______________________2016

I
DEDICATÓRIA

A Deus, Pai todo poderoso, pelo dom da vida.

Aos meus pais, pela vida e amor.

II
AGRADECIMENTO

A Deus, por me abençoar e iluminar meu caminho diante das dificuldades.

A Faculdade de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais, por minha formação


académica.

Ao Centro de Saúde 7 de Abril, por ter concedido o material; aos funcionários desta
unidade sanitária, pelo apoio e paciência ao longo da realização do trabalho.

Ao Docente e orientador Engenheiro Adelino Ernesto Mugadui MSc, pela orientação,


paciência, disponibilidade demonstrada, enorme dedicação capaz de transmitir toda sua
experiência na realização deste trabalho.

Aos meus pais, Arsénio de Sousa, Maria de Assunção e Solange Palmira, pelo eterno
amor, confiança e incentivo nesta difícil etapa em minha vida.

Aos docentes do curso de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais, que durante
estes cinco anos transmitiram conhecimentos que serão levados em minha carreira
profissional.

Aos colegas da faculdade, em especial ao Vicente Ferro, Panatof Bio, Farzana Amade,
Fijamo Munhoto e Emanuel Chissuro pelo apoio, companheirismo e amizade nestes
cinco anos de formação.

A minha namorada, Camila Mandevo, pelo amor, carinho e compreensão nos momentos
de dificuldade e apreensão.

Aos meus amigos de coração, Idélcia Mapure, Ferdino e Renato Ugembe, pelo
companheirismo e amizade.

III
SUMÁRIO

DECLARAÇÃO .............................................................................................................................. I

DEDICATÓRIA ............................................................................................................................ II

AGRADECIMENTO .................................................................................................................... III

RESUMO .....................................................................................................................................VII

ABSTRACT ............................................................................................................................... VIII

SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................................................................XII

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.1. Contextualização ............................................................................................................................ 1

1.2. Justificativa...................................................................................................................................... 2

1.3. Problematização .............................................................................................................................. 3

1.4. Hipótese ........................................................................................................................................... 4

1.5. Objectivos ........................................................................................................................................ 4

1.5.1. Objectivo geral ........................................................................................................................ 4

1.5.2. Objectivo específicos .............................................................................................................. 4

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 5

2.1. A escassez da água no mundo....................................................................................................... 5

2.2. Historial de aproveitamento de água de chuva ........................................................................... 6

2.3.Água de chuva pelo mundo ............................................................................................................ 7

2.4.Aproveitamento da água de chuva nos países africanos ............................................................ 9

2.5. Sistema de aproveitamento de água de chuva .......................................................................... 10

2.6.Métodos de dimensionamento de reservatórios......................................................................... 20

2.6.1.Método de Rippl ..................................................................................................................... 20

2.6.2.Método da simulação ............................................................................................................. 21


IV
2.6.3.Método prático Australiano .................................................................................................. 21

2.7.Demanda da água........................................................................................................................... 22

2.7.1.Previsão do consumo de água não potável.......................................................................... 22

2.8.Principais benefícios de aproveitamento da água da chuva ..................................................... 24

2.8.1.Redução do consumo de água tarifada ................................................................................ 24

2.8.2.Promoção da saúde pública ................................................................................................... 25

2.8.3.Preservação e protecção dos mananciais ............................................................................. 25

CAPÍTULO III - METODOLOGIA ............................................................................................. 26

3.1. Descrição da área de estudo ........................................................................................................ 26

3.2. Classificação e natureza da pesquisa ......................................................................................... 27

3.3.Técnicas de pesquisa ..................................................................................................................... 28

3.4.Métodos de pesquisa ..................................................................................................................... 28

3.5. Materiais e procedimentos metodológicos ................................................................................ 29

3.5.1.Demanda de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril ........................................ 29

3.5.2.Condutores da água ................................................................................................................ 30

3.5.3.Área de captação da chuva .................................................................................................... 36

3.5.4.Dimensionamento do volume do reservatório .................................................................... 37

3.5.4.1.Dados de precipitação ......................................................................................................... 38

3.5.4.2.Produção mensal de chuva ................................................................................................. 39

3.5.5.Análise económica ................................................................................................................. 39

3.5.5.1.Período de retorno ............................................................................................................... 41

3.6. Processamento e análise de dados .............................................................................................. 42

CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 43

4.1. Demanda de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril .............................................. 43


V
4.2.Condutores de água ....................................................................................................................... 45

4.2.1.Condutor horizontal ............................................................................................................... 47

4.2.2.Condutor vertical .................................................................................................................... 47

4.2.3.Filtros ....................................................................................................................................... 48

4.2.4.Descarte de primeira chuva ................................................................................................... 48

4.3.Área de captação da chuva ........................................................................................................... 49

4.4.Dimensionamento do reservatório............................................................................................... 51

4.4.1.Dados de precipitação ............................................................................................................ 51

4.4.2.Produção mensal de Chuva ................................................................................................... 52

4.4.3.Metodo de Rippl ..................................................................................................................... 52

4.5.Análise económica ........................................................................................................................ 56

4.5.1.Período de retorno .................................................................................................................. 58

4.6.Esquema do sistema ...................................................................................................................... 59

CAPÍTULO V - CONCLUSÃO E SUGESTÕES ........................................................................ 61

5.1. Conclusão ...................................................................................................................................... 61

5.2. Sugestões ....................................................................................................................................... 63

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 64

APÊNDICES ................................................................................................................................. 67

APÊNDICE I................................................................................................................................. 67

APÊNDICE II ............................................................................................................................... 68

Anexo I .......................................................................................................................................... 70

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... IX

LISTA DE GRÁFICOS ................................................................................................................. X

LISTA DE TABELAS .................................................................................................................. XI


VI
RESUMO

O aproveitamento de água de chuva para diversos usos, incluí-se na nova tendência


de crescimento sustentável. O trabalho teve por finalidade o dimensionamento de um
sistema de aproveitamento de água de chuva no Centro de Saúde 7 de Abril. Os
objectivos foram, determinar a demanda de água para limpeza, área de captação e o
volume do reservatório; dimensionar os condutores; analisar a viabilidade económica e
esquematizar o sistema. Empregou-se o método estatístico, dos resultados, constatou-se
que a demanda de água foi de 20425 litros mensais, A área de captação foi 528 m2, o
condutor vertical teve um diâmetro de 60mm, e o condutor horizontal um diâmetro de
150mm, aplicando o método de Rippl o volume do reservatório foi de 81.5 m3, visando a
redução do custo adoptou-se 40 m3, que também satisfaz a demanda, os custos do sistema
foram de 247 582.78 meticais, e resultou numa economia mensal de 94.03 meticais. O
período de retorno do investimento, foi de 517 meses, correspondentes a 43 anos. Com o
sistema, 7 % dos gastos mensais foram reduzidos.
Palavras-chave: Dimensionamento, Água da Chuva, Reservatórios.

VII
ABSTRACT

Rainwater use o for various uses, to include the new trend of sustainable growth.
The work aimed at designing a rainwater utilization system at the 7 de Abril Health
Center. The objectives were to determine the demand for water cleaning, catchment area
and the volume of the reservoir; scale conductors; analyze the economic viability and lay
the system. We used the statistical method, the results, it was found that water demand is
20,425 liters per month, the catchment area is 528 m2, the vertical driver had a diameter
of 60mm, and the horizontal driver a diameter of 150mm applying the Rippl method the
reservoir volume was 81.5 m3, aimed at reducing the cost was adopted 40 m3, which also
satisfies the demand, the system costs were 247 582.78 meticais, and resulted in a
monthly savings of 94.03 meticais. The payback period of the investment was 517
months, corresponding to 43 years. With the system, 7% of monthly expenses were
reduced.
Keywords: Design, Rain Water Reservoirs

VIII
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cisterna do século X (Chultuns) .............................................................................. 7

Figura 2: Sistema de aproveitamento de água de chuva com utilização de cisterna e


bombeamento para reservatório superior. .............................................................................. 11

Figura 3: Esquema de um sistema de aproveitamento de água de chuva .............................. 12

Figura 4: Esquema de sistema de aproveitamento de água de chuva implementado na


zona rural ............................................................................................................................... 13

Figura 5: Tipos de telhados de cobertura usados actualmente nas edificações ..................... 14

Figura 6: Calhas com tela de protecção ................................................................................. 15

Figura 7: Reservatório de água de chuva com tonel .............................................................. 16

Figura 8: Reservatório de auto-limpeza com torneira bóia .................................................... 17

Figura 9: Vista aérea do centro de saúde 7 de Abril .............................................................. 26

Figura 10: Áreas de contribuição para cálculo de caudal ...................................................... 31

Figura 11: Ábaco para a determinação do diâmetro do condutor vertical ............................. 34

Figura 12: DesviUFPE do sistema ......................................................................................... 49

Figura 13: Planta de cobertura do centro de saúde 7 de Abril ............................................... 50

Figura 14: Esquema do sistema, vista frontal ........................................................................ 59

Figura 15: Esquema do sistema, vista da lateral .................................................................... 60

IX
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Distribuição da água usada na limpeza do centro de saúde 7 de Abril ................ 45

Gráfico 2: Medias pluviométricas mensais do município de Chimoio .................................. 51

Gráfico 3: Balanço hídrico do sistema dimensionado pelo método de Rippl, para a


demanda calculada do centro de saúde .................................................................................. 54

Gráfico 4: Balanço do reservatório de 40m3 .......................................................................... 56

X
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Demanda de água em instalações comerciais ........................................................ 23

Tabela 2: Demanda interna e externa de água não potável em uma residência ..................... 24

Tabela 3: Taxa de consumo de água ...................................................................................... 30

Tabela 4: Coeficientes de rugosidade de acordo com o material........................................... 33

Tabela 5: Dimensionamento de condutores horizontais ........................................................ 34

Tabela 6: Coeficiente de escoamento em função do tipo de cobertura.................................. 39

Tabela 7: Estrutura tarifária da EDM..................................................................................... 40

Tabela 8: Custos de operação da bomba submersível ........................................................... 41

Tabela 9: Preços dos equipamentos do sistema ..................................................................... 42

Tabela 10: Consumo de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril ........................... 43

Tabela 11: Consumo mensal para limpeza no centro de saúde 7 de Abril ............................ 44

Tabela 12: Produção mensal de chuva em m3 ....................................................................... 52

Tabela 13: Dimensionamento do reservatório pelo método de Rippl.................................... 53

Tabela 14: Custo para suprimento da demanda mensal de água para limpeza ...................... 57

Tabela 15: Dados de entrada da função NPER do Microsoft Excel ...................................... 58

XI
SIGLAS E ABREVIATURAS

a.C: Antes de Cristo.


A: Área de captação de chuva
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
ATS: Aconselhamento e Testagem de Saúde
C: Coeficiente de escoamento
CTA: Corpo técnico administrativo
d: Duração da chuva
D (t): Consumo no tempo t
EDM: Electricidade de Moçambique
FIPAG: Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água
hab: Habitantes
INAM: Instituto Nacional de Meteorologia
i: Declividade da calha
I: Quantidade de água que molha as superfícies e que se perde por evaporação
iT,d: Intensidade da chuva com o período de retorno T (anos) com duração d
K: Coeficiente para transformar a vazão em m³/s para l/min
Km2: Quilometro quadrado
KRA: Association Kenya Rainwater
m²: Metro quadrado.
m3 : Metro cúbico
mm: Milímetro.
MZM: Metical
n: Coeficiente de rugosidade
N: Número de meses considerado
NBR: Norma Brasileira Registada
Nr: Número de meses em que o reservatório não atendeu ao consumo
OMS: Organização Mundial de Saúde
P: Perímetro molhado

XII
PAV: Programa de atendimento a vacinação
Pmm: Precipitação média mensal, em milímetros
PNCTL: Programa Nacional de controlo de tuberculose e lepra
Pr: Falha
PVC: Poli Cloreto de Vinila
Q: Caudal do projecto
Qm: Volume mensal produzido pela chuva
RH: Raio hidráulico
S: Área da secção molhada
S (t): Volume de água no reservatório no tempo t
t: Intervalo de tempo medido desde o início a considerar
T: Período de retorno
US$: Dólar Norte Americano
V: Volume do reservatório
Vadop: Volume de água do reservatório
Vap: Volume aproveitável de água de chuva anual
Vt: Volume de água que está no tanque no fim do mês t
%: Percentagem

XIII
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Actualmente há uma redução de disponibilidade de água para atender as


necessidades humanas. O crescimento populacional, o aumento da densidade
demográfica nos centros urbanos, a necessidade de aumento da produção agrícola e de
desenvolvimento industrial registado em Moçambique contribuem para o aumento da
carência da água, para o desequilíbrio do balanço hídrico e, também, para a sua
degradação. Uma melhor gestão da água deve promover o menor uso possível, com um
aproveitamento mais racional visando os benefícios da mesma para a população, ao
mesmo tempo que deve-se mudar o pensamento de que a água é um bem sem valor
económico agregado.

A precipitação ponderada anual média sobre Moçambique é de cerca de 950 mm,


ou seja de 740 biliões de metros cúbicos. Porém existem três factores que contribuem
para a ocorrência das chuvas no país entre eles destacam-se a distância ao litoral, a
latitude e o relevo. No que diz respeito ao relevo, tem enorme influência na distribuição
da precipitação em Moçambique, as maiores precipitações anuais médias registam-se
exactamente nas zonas de maior altitude (Alta Zambézia, interior da província de Manica,
planaltos da Angónia, Marávia e Lichinga).

Chimoio é um dos municípios do país que regista elevados valor de precipitação


média anual. Isso deve-se pelo facto de localizar-se no interior da província de Manica,
uma região com relevo de planaltos e montanhas. A existência duma montanha constitui
uma barreira à deslocação da massa de ar húmido, obrigando à sua subida com o
consequente arrefecimento e condensação, originando chuvas. A precipitação em
Chimoio é muito influenciada pelas características do relevo.

Os meses com registo de maior quantidade de precipitação em Chimoio são os


meses de Janeiro, Fevereiro, Março, Novembro e Dezembro. O mês com o maior pico é
Janeiro que chega a atingir cerca de 250 mm.

O aproveitamento de água de chuva é uma técnica muito antiga e que foi sendo
abandonada ao longo do tempo, à medida que os sistemas de água canalizada foram se

1
expandindo. Actualmente vem-se resgatando esta prática. Porém com a utilização de
novas tecnologias que tornam viável a implantação do sistema.

Geralmente o aproveitamento da água de chuva em Chimoio é feito de forma


ineficiente resultando em grandes esforços e menor quantidade de água aproveitada. Por
outro lado, em muitas residências de Chimoio a água potável fornecida pelo sistema de
abastecimento público (FIPAG) é mal utilizada, muitas vezes em virtude do
desconhecimento, da falta de orientação e informação dos cidadãos.

No Centro de Saúde 7 de Abril a realidade do desperdício também se faz presente.


A água é mal utilizada e desperdiçada, devido a utilização da água potável para fins que
não necessitam exactamente deste tipo de água como irrigação, descargas nas casas de
banho, limpeza e lavagem de carros.
Contudo, a pesquisa teve por finalidade dimensionar um sistema de aproveitamento
de água de chuva no centro de saúde 7 de Abril, visando a redução do consumo da água
potável para fins de limpeza.
Para isso foi utilizado o método de Rippl para o dimensionamento do reservatório
do sistema. Na aplicação deste método, as variáveis de entrada foram as chuvas médias
mensais, demanda mensal da água para limpeza, área de captação e produção mensal de
chuva.

1.2. Justificativa

O aproveitamento da água pluvial se relaciona com a sustentabilidade ambiental,


por ser uma fonte alternativa e eficiente para abastecimento de água para fins que não
necessitam de água potável nas comunidades actuais.

A escolha do tema “Sistema de Aproveitamento de Água de Chuva - Estudo de


Caso Centro de Saúde 7 de Abril” surge devido a tendência de crescimento impulsionado
pela abordagem ambientalista, que visa incutir a sustentabilidade ambiental em diversas
áreas de actuação humana. É possível a conciliação da redução do consumo do recurso
natural nesse caso a água com o benefício económico (redução de custos de operações
das actividades rotineiras do centro de saúde) por via de redução do consumo da corrente
eléctrica no fornecimento de água para limpeza. Os resultados da pesquisa poderão ajudar

2
os gestores do centro de saúde 7 de Abril a optimizarem as suas actividades, através da
economia nos gastos com o pagamento de energia eléctrica. O valor economizado pode
ser investido em outras áreas.

Para a sociedade a pesquisa se justifica pela consequente redução do consumo da


água tarifada implicando menos despesas de pagamento de água, a utilização desta água
surge também como medida de minimização da demanda que as fontes de captação de
água para o abastecimento humano, aumentando assim o seu tempo de vida.

Para os empresários e jovens empreendedores moçambicanos o sistema de


aproveitamento de água de chuva pode ser encarado como uma oportunidade de negócio.

O aproveitamento de águas de chuva pode se tornar um procedimento viável


visando o restabelecimento do balanço hídrico, que contribui para diminuir os riscos de
cheias em grandes áreas urbanas que são geralmente impermeabilizadas.

A pesquisa é de relevante importância no campo das ciências, uma vez que servirá
de base para novos estudos no ramo de gestão de recursos hídricos, principalmente nos
estudos de aproveitamento de água da chuva. Acredita-se que novos investigadores terão
auxílio na presente pesquisa para desenvolver novas técnicas de aproveitamento deste
recurso, a vários níveis.

1.3. Problematização

O consumo excessivo e o uso não racional da água ocasionaram extensos


problemas de escassez de água e encareceu o preço das tarifas de água. Torna-se
necessária a busca de novas alternativas de abastecimento de água que venham a suprir as
demandas actuais e futuras de consumo.
A falta de fontes alternativas de abastecimento de água para redução do uso da água
potável para fins de limpeza no centro de saúde 7 de Abril condiciona, de certo modo, o
aumento nos custos das actividades rotineiras do centro de saúde.
Com os pressupostos apresentados, levanta-se a seguinte questão de partida:
Em quanto é possível reduzir os custos de abastecimento da água potável, com a
implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva para uso na limpeza no
Centro de Saúde 7 de Abril?

3
1.4. Hipótese

Pressupõem-se que o uso do método de Rippl no dimensionamento do reservatório


do sistema de aproveitamento de água de chuva no Centro de Saúde 7 de Abril, para uso
na limpeza, poderá reduzir em 10% os custos em pagamento da energia eléctrica
fornecida pela EDM.

1.5. Objectivos

1.5.1. Objectivo geral

 Dimensionar sistema de aproveitamento de água de chuva no Centro de Saúde 7


de Abril para minimizar os custos com energia fornecida a electrobomba.

1.5.2. Objectivo específicos

 Determinar a demanda de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril;

 Dimensionar os condutores de água, as calhas, a área de captação e o volume do


reservatório;

 Analisar a viabilidade económica do sistema; e

 Esquematizar o sistema.

4
CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. A escassez da água no mundo

A massa de água na Terra é de aproximadamente 265.400 trilhões de toneladas.


Dessa quantidade, apenas 0,5% de água doce encontra-se explorável do ponto de vista
económico e tecnológico. Do volume total de água, somente 0,003% encontra-se de
forma a ser utilizada directamente, uma vez que a outra parcela de água doce está situada
em locais de difícil acesso ou já muito poluída, NOSÉ (2008) citando MAIDMENT
(1993).

De acordo com as previsões de NOSÉ (2008) citando JACOBI (2008) se o cenário


actual manter, a população mundial em 2050 não contará com disponibilidade hídrica
para as necessidades básicas. Na actualidade 1,1 milhões de pessoas não tem acesso à
água doce. Perto de 96,50% da água do planeta está concentrada nos oceanos, 3,50% do
restante corresponde à água fresca, sendo que somente 0,5% desta água não está
concentrada nos pólos em forma de gelo, assim temos somente 0,003% desta água
disponível para utilização directa.

Actualmente vários países enfrentam o problema da escassez da água, em


decorrência do desenvolvimento desordenado das cidades, da poluição dos recursos
hídricos, do crescimento populacional e industrial, que geram um aumento na demanda
pela água, provocando o esgotamento desse recurso (ANNECCHINI, 2005).

Um dos factores importantes que contribuem para a escassez da água no planeta é a


desigualdade com que a mesma se distribui nas regiões do mundo, criando situações em
que em algumas regiões haja abundância deste recurso e em outras haja carência.

Para THOMAS (2003), isso implica que em termos globais, a quantidade de água
disponível seja superior ao total consumido pela população. Isso porque a distribuição
deste recurso é desigual nas diversas regiões do planeta e em geral não é directamente
proporcional às necessidades. Muitos países têm dificuldade de garantir ao cidadão
acesso à água com qualidade adequada e quantidade suficiente devido questões
económicas, organizacionais, climáticas e, principalmente, a falta de sustentabilidade
hídrica. Contudo perante o actual cenário, cresce a necessidade de se encontrar

5
alternativas de preservar a água potável. Essas alternativas para a prevenção da
quantidade e qualidade da água passam, necessariamente, por uma revisão do uso da água
nas residências, tendo como meta a redução do consumo de água potável e consequente
conservação dos recursos hídricos.

2.2. Historial de aproveitamento de água de chuva

O aproveitamento de água de chuva é uma técnica para suprir a demanda de água


das actividades humanas conhecida há milénios. A data em que esta técnica surgiu não é
conhecida com exactidão, existem registos que evidenciam a existência de estruturas para
armazenamento de água de chuva anteriores a 3.000 a.C., sendo encontradas em diversos
locais, incluindo o deserto de Negev em Israel, Índia, Grécia, Itália, Egipto, Turquia e
México, DORNELLES (2012) citando KRISHNA et al., (2002).

Existem exemplos de técnicas de captação e utilização de água de chuva em todo


o mundo, um deles é na região semi-árida da China onde o problema de abastecimento de
água foi resolvido trazendo resultados positivos fundamentais para o desenvolvimento
económico e social da região (GNADLINGER, 2000).

Segundo NOSÉ (2008) no Planalto de Loess na China já existiam cacimbas e


tanques para armazenamento de água de chuva há dois mil anos atrás.

O aproveitamento de água da chuva é uma prática bem antiga, no deserto de


Negev, por exemplo, o sistema existe há mais de 4.000 anos. Durante a era Romana,
foram construídos sistemas sofisticados para armazenamento e aproveitamento de água
de chuva. Acredita-se que os reservatórios de água de chuva encontrados na região do
Parque Nacional Mesa Verde, nos Estados Unidos, foram construídos pelos Anasazis
entre 750 a 1100 a.C., (May, 2004).

Existem relatos do uso da água da chuva pelos povos Incas, os Maias e os


Astecas. No século X, ao sul da cidade de Oxkutzcab, a agricultura era baseada na colecta
da água da chuva, sendo a água armazenada em cisternas com capacidade de 20 a 45 m³,
chamadas de Chultuns pelos Maias (GNADLINGER, 2000). As cisternas Chultuns eram
escavadas no subsolo calcário e revestidas com reboco impermeável, acima delas havia
uma área de colecta de 100 a 200 m², com forme mostra a figura 1.

6
Figura 1: Cisterna do século X (Chultuns)
Fonte: GNADLINGER, 2000.
Algumas das razões porque as tecnologias de aproveitamento de água de chuva
foram deixadas de lado ao longo do tempo ou completamente esquecidas, foi
consequência da colonização, práticas de agricultura de zonas climáticas moderadas
foram implantadas em zonas climáticas mais secas (GNADLINGER, 2000).

A colecta e o aproveitamento da água da chuva pela sociedade, teve seu declínio


com a inserção de tecnologias mais modernas de abastecimento, como a construção de
grandes barragens, o desenvolvimento de técnicas para o aproveitamento de águas
subterrâneas, a irrigação canalizada e a implementação dos sistemas de abastecimento.

2.3.Água de chuva pelo mundo

Actualmente a utilização da água da chuva voltou a ser realidade, fazendo parte da


gestão moderna de grandes cidades em países desenvolvidos. Vários países europeus e
asiáticos utilizam essa água nas residências, nas indústrias e na agricultura, pois sabe-se
que a mesma possui qualidade compatível com usos importantes, sendo considerada um
meio simples e eficaz para atenuar o problema ambiental de escassez de água.

Muitos países desenvolvidos da Europa, principalmente, a Alemanha e outros como


o Japão, a China, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo os países da África e a
Índia estão seriamente empenhados e comprometidos com o aproveitamento da água da
7
chuva e com o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que facilitem e garantam o
uso seguro desta fonte alternativa de água.

Segundo FEWKES (1999), a utilização da água da chuva além de ter uma longa
história difundida mundialmente, nos dias actuais, é aplicada em muitas sociedades
modernas, como uma valiosa fonte de água para irrigação, para beber e mais
recentemente para suprir as demandas de vasos sanitários e de lavagem de roupas.

No Japão, a captação da água da chuva ocorre de forma bastante intensa e


difundida, em especial em Tóquio, que actualmente depende de grandes barragens,
localizadas em regiões de montanha a cerca de 190 km do centro da cidade, para
promover o abastecimento de água de forma convencional. Nas cidades do Japão, a água
da chuva colectada, geralmente, é armazenada em reservatórios que podem ser
individuais ou comunitários, esses, chamados Tensuison, são equipados com bombas
manuais e torneiras para que a água fique disponível para qualquer pessoa. A água
excedente do reservatório é direccionada para canais de infiltração, garantindo assim a
recarga de aquíferos e evitando enchentes, problema também enfrentado pelas cidades
japonesas, devido ao grande percentual de superfícies impermeáveis (FENDRICH &
OLIYNIK, 2002).

O estudo realizado por HEYWORTH, et al. (1998), revelou que os sistemas de


aproveitamento de água de chuva na Austrália proporcionam uma economia de 45% do
consumo de água nas residências, já na agricultura, a economia chega a 60%. Estudos
realizados no sul da Austrália em 1996 mostraram que 82% da população rural desta
região utilizam a água da chuva como fonte primária de abastecimento, contra 28% da
população urbana. Em alguns locais o governo financia parte da construção do sistema de
captação e aproveitamento da água da chuva, como forma de incentivo à população. Em
Hamburgo, na Alemanha, concede-se cerca de US$ 1.500,00 a US$ 2.000,00 a quem
aproveitar a água da chuva, este incentivo tem como retorno para o governo o controle
dos picos das enchentes durante os períodos chuvosos, (TOMAZ, 2003).

No Reino Unido, o uso da água da chuva também é incentivado, visto que 30% do
consumo de água potável das residências é gasto na descarga sanitária além das
residências, outros segmentos da sociedade também começam a olhar com interesse para
8
o aproveitamento da água da chuva. As indústrias buscam a água da chuva visando tanto
o retorno da economia de água potável quanto o retorno publicitário, se intitulando como
indústrias e estabelecimentos ecologicamente correctos e conscientes (FEWKES, 1999).

2.4.Aproveitamento da água de chuva nos países africanos

Nos países da África a água de chuva tem sido utilizada já a muitas décadas,
embora de forma pouco eficiente e arcaica. Inicialmente a captação da água de chuva era
feita com pequenos recipientes deixados directamente ao céu aberto, com o andar do
tempo foram aperfeiçoando as técnicas, passando a efectuar a captação junto a árvores e
finalmente nas extremidades das residências. Nos últimos tempos, com a urbanização de
muitas cidades Africanas, a captação passou a ser feita nas extremidades das residências
cobertas de materiais impermeáveis.

Actualmente nas construções convencionais são projectados pequenos sistemas de


captação de água de chuva, compostos por calhas que funcionam como colectores
direccionando a água dos telhados de cobertura das residências a um local específico,
onde são depositados recipientes para a recolha da água. Estás práticas são comuns em
países como Moçambique, África do Sul, Etiópia, Uganda, Tanzânia e Quénia.

Segundo SEARNET (2007), no Quénia, em 1994, foi fundada a Kenya Rainwater


Association (KRA), que juntamente com o Southern and Eastern Africa Rainwater
Harvesting Network (SearNet), é um dos responsáveis pela implementação dos sistemas
de aproveitamento de água de chuva no país, muitas cisternas foram construídas ao longo
dos últimos anos. Moçambique, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Zimbabwe e Zâmbia
participam no Programa Regional de Captação de Água de Chuva, o programa de acção
específico visando promover o uso de água de chuva para uso doméstico e para produção
agrícola (DYER, 1999).

Esse programa tem como objectivos:

a) Influenciar as políticas e práticas de suprimento comunitário de água no sul da


África, em termos de aumentar a utilização de técnicas de captação de água de chuva; e

b) Encorajar as melhores práticas na implementação de iniciativas de captação de


águas de chuva.
9
2.5. Sistema de aproveitamento de água de chuva

Existem diversas técnicas de aproveitamento de água que podem ser aplicadas tanto
em áreas rurais, para agricultura ou abastecimento doméstico, quanto em áreas urbanas.
Os princípios, métodos de construção, uso e manutenção são conhecidos e podem ser
adequados às diferentes necessidades e disponibilidade financeira (PALMIER, 2001).

O planeamento de um sistema de captação envolve o relacionamento da área de


captação com o volume a armazenar. Pode-se reservar um suprimento viável permitindo
ao usuário desenhar a alternativa menos onerosa (PALMIER, 2001).

Nas grandes drenagens a área de captação é o próprio solo, que tem função de reter
um volume considerável de água quando o fluxo é muito intenso, porém necessita de uma
área muito extensa que poderia ser utilizada para outros fins. Já nos sistemas individuais
a área de captação é a área do próprio telhado, NOSÉ (2008) citando GONDIM (2001).

Os sistemas de abastecimento com água de chuva em grandes casos podem suprir


ou complementar outro tipo de sistema de abastecimento de água as populações de uma
região. Na maioria dos casos o uso de água de chuva reduz o custo de energia e de
tratamento da água captada nos mananciais naturais em sistemas com dupla fonte.

Segundo Verdade (2008), a água de chuva armazenada em cisternas pode ser


utilizada como manancial abastecedor. As cisternas são reservatórios, que acumulam a
água da chuva captada na superfície dos telhados, ou a que escoa pelo terreno. A cisterna
tem sua aplicação em áreas de grande pluviosidade, ou em casos extremos, em áreas de
seca, onde se procura acumular a água da época de chuva para a época de seca.

O aproveitamento de água de chuva é composto por um sistema relativamente


simples que se caracteriza pela colecta de água das áreas impermeáveis, geralmente de
coberturas, seu transporte e armazenamento (TESTON, 2012).

Na figura 2, esta ilustrado um Sistema de aproveitamento de água de chuva com


utilização de cisterna e bombeamento para reservatório superior. Estes tipos de sistemas
são usados em locais em que há necessidade de elevar a água, para que essa, caia sobre
efeito da gravidade sobre a rede distribuidora dentro da residência. Em sistemas como
esse, há necessidade de uma fonte de energia que ira alimentar a bomba de sucção.
10
Figura 2: Sistema de aproveitamento de água de chuva com utilização de cisterna e bombeamento para
reservatório superior.
Fonte: OLIVEIRA et al., 2007.

O sistema de aproveitamento da água da chuva é considerado um sistema


descentralizado de suprimento de água, cujo objectivo é de conservar os recursos
hídricos, reduzindo o consumo de água potável.

Esses sistemas captam a água da chuva que cai sobre superfícies, direccionando-as
a reservatórios de armazenamento para posterior utilização. Na figura 3 está representado
um esquema ilustrativo sobre os elementos que fazem parte do sistema de aproveitamento
de água da chuva, com uso de cisterna e caixa de água elevada.

11
Figura 3: Esquema de um sistema de aproveitamento de água de chuva
Fonte: OLIVEIRA et al., 2007.

O Sistema de Captação é constituído pelas áreas impermeáveis que interceptam a


água da chuva. Normalmente são as superfícies de telhados e lajes de cobertura, por
serem áreas consideradas mais limpas e com menor carga poluidora do que pisos e
calçadas. As calhas e condutores verticais e horizontais fazem parte do sistema de
transporte, que é responsável pelo encaminhamento do fluxo aos sistemas reservatório,
tratamento e distribuição (OLIVEIRA et al., 2007).

Qualquer que seja a técnica, os componentes principais dos sistemas de


aproveitamento da água da chuva são: a área de captação, telas ou filtros para remoção de
materiais grosseiros, como folhas e galhos, tubulações para a condução da água e o
reservatório de armazenamento. A figura 4 mostra o esquematicamente, o aproveitamento

12
da água da chuva de telhado implementado nas zonas rurais, onde não envolve
bombagens de elevação nem sistemas de distribuição.

Figura 4: Esquema de sistema de aproveitamento de água de chuva implementado na zona rural


Fonte: PORTO et al., 1999.

A figura ilustra a forma mais simples de um sistema de aproveitamento de agua de chuva,


este tipo de sistemas são muito frequentes em zonas rurais.

2.5.1. Área de captação

As coberturas podem ser planas, moderadamente inclinadas e intensamente


inclinadas. As coberturas planas necessitam de drenos internos ou de calhas ao longo do
perímetro, as moderadamente inclinadas escoam as águas com mais facilidade e
intensamente inclinadas produzem um escoamento mais rápido. Uma cobertura com uma
leve inclinação aumenta a área de captação as áreas de captação devem possuir um
inclinação mínima de 0,5% para garantir o escoamento até os pontos previstos para
realizar a drenagem, sendo que esses pontos devem ser superiores a um. Caso a área de
captação possua uma grande área pode se fazer necessário a divisão em pequenas áreas de
caimento para garantir a efectividade do sistema. Os dados relativos às áreas de captação de
água de chuva são muito importantes, pois a área de telhado trata-se de uma das variáveis
para o dimensionamento do reservatório de água de chuva (SILVA, 2014).
13
2.5.1.1. Material de cobertura de um telhado

A captação da água de chuva é feita pelo direcionamento realizado pelo telhado,


elemento que pode ou não cobrir a laje superior da edificação. Segundo SILVA (2014),
quando componente existente na cobertura de uma edificação, pode ser de telhas
(cerâmica, metálicas, fibrocimento, vidro, plástico, cimento, pedra, madeira e materiais
recicláveis) quando não há telhado, a cobertura é a própria laje de concreto.

Cada material da cobertura do telhado fornece um coeficiente superficial que


impacta directamente no escoamento da água da chuva. A figura 5 mostra alguns tipos de
cobertura usados nas residências actualmente.

Figura 5: Tipos de telhados de cobertura usados actualmente nas edificações


Fonte: SILVA, 2014

2.5.2.Calhas e condutores

A água captada pela cobertura se dirige para o ponto mais baixo, seja o beiral ou o
encontro com outros planos inclinados (encontro de águas) ou ralos, nestes devem ser
instaladas as calhas que conduzem a água para as tubulações colectoras. A área de
captação quando plana deve ser capaz de conduzir as águas para um ponto em comum,

14
normalmente um ralo, esse direcionamento é feito a partir do caimento. Para evitar que os
detritos sólidos presentes nos telhados, como folhas e objectos, entrem nas tubulações e
consequentemente nos reservatórios, é colocada a primeira protecção do sistema na
conexão entre a calha e a tubulação (SILVA, 2014).

Em casos em que há a necessidade da instalação de uma calha para direcionamento da


água captada, a mesma por ser aberta, deve também possuir um equipamento de protecção,
como por exemplo uma grade ou tela mostrada na figura 6, em todo o seu comprimento.

Figura 6: Calhas com tela de protecção


Fonte: SILVA, 2014

E necessário que se faça uma limpeza periódica destes elementos do sistema porque
influenciará directamente na eficiência do mesmo. Essa manutenção permitirá que se
evitem entupimentos e os riscos de contaminação serão reduzidos.

De acordo com SILVA (2014) citando a NBR 10844/89 no sistema de


aproveitamento da água de chuva as calhas, condutores verticais e condutores horizontais
devem ser feitos de chapa e tubos usando os seguintes materiais: Para as calhas, devem
ser de aço galvanizado, chapas de cobre, aço inoxidável, alumínio, fibrocimento, PVC

15
rígido, fibra de vidro, concreto ou alvenaria; Para os condutores verticais, devem ter
tubos e conexões de ferro fundido, fibrocimento, PVC rígido, aço galvanizado, cobre,
chapas de aço galvanizado, chapas de cobre, aço inoxidável, alumínio ou fibra de vidro; e
Para os condutores horizontais, devem ser empregados tubos e conexões de ferro fundido,
fibrocimento, PVC rígido, aço galvanizado, vidrada, concreto, cobre, canais de concreto
ou alvenaria.

De modo a evitar que ocorra transborde de água é necessário que seja feito o
correcto dimensionamento das calhas e a especificação de um número adequado de
colectores verticais, para que o sistema opere com a eficiência esperada e não traga
problemas tanto a estrutura quanto aqueles que dependerão desse sistema.

2.5.3.Sistema de rejeição das primeiras chuvas

A introdução de um sistema de rejeição de primeira chuva é essencial, garantindo a


melhoria da qualidade da água.

MAY (2004) apresenta algumas técnicas de descarte da primeira chuva, como se


pode verificar através da figura 7 o reservatório de rejeição de água da chuva,
denominado por tonel, acumula a água das primeiras chuvas, pelo que, quando cheio,
leva a que o condutor vertical comece a abastecer o reservatório principal.

Figura 7: Reservatório de água de chuva com tonel


Fonte: MAY, 2004.

16
Desta forma, o tonel é munido de um pequeno orifício que descarrega lentamente a
água, sendo que só ao fim de alguns minutos após a chuva terminar é que este fica vazio.

Posto isto, o dimensionamento deste reservatório é feito com base na quantidade de


água de rejeição requerida.

O sistema de tonel para desvio de primeira chuva é muito usado em instalações


comerciais com grandes áreas de captação da chuva. Por ser automático não necessita de
um operador para controlar o funcionamento do desvio. Por sua vez o sistema não é
muito usado em residências devido a necessidade de um reservatório menor anexado, o
que condiciona mais gastos na implantação do sistema de aproveitamento da água de
chuva.

MAY (2004), apresenta outra técnica de rejeição de água de limpeza que é o


reservatório de auto limpeza com torneira bóia, representado na figura 8.

Figura 8: Reservatório de auto-limpeza com torneira bóia


Fonte: MAY, 2004

A água das primeiras chuvas, proveniente do telhado, é descarregada no


reservatório de auto-limpeza, pelo que quando este se encontra cheio é fechado pela
torneira que é accionada por uma bóia de nível, encaminhando a água para o reservatório
principal. Desta forma, quando a chuva pára, deve ser feita a descarga da água, através de
uma descarga de fundo.
17
2.5.4.Reservatório

O reservatório é componente do sistema responsável pelo armazenamento da água


da chuva captada. Além de ser responsável por aproximadamente 50 a 60% do custo total
do sistema, sem considerar o tratamento da água, o tipo de reservatório pode interferir na
qualidade da água armazenada (DE PAULA, 2005).

Por ser considerado, geralmente, o elemento mais oneroso do sistema, a escolha da


melhor opção para o reservatório e a determinação apropriada do seu volume são itens
cruciais para tornar o sistema de aproveitamento de água de chuva exequível e viável
economicamente.

Os reservatórios ou cisternas podem ser: enterrados, semienterrado, apoiado ou


elevado. Os materiais podem ser concreto, alvenaria armada, materiais plásticos como
polietileno, PVC, fibra de vidro e aço inox. Sempre serão vedados a luz solar. Os
reservatórios de polietileno são os mais utilizados para esse fim, pois além de serem
móveis, o sistema tem a tendência de reservar uma quantidade menor de água se
comparada com os reservatórios de água potável que tem sido de concreto e fibra de
vidro (SILVA, 2014).

2.5.4.1.Reservatórios de betão

Os reservatórios de betão são normalmente fabricados in situ, podendo também ser


fabricados por empresas que os mantêm em stock e os transportam para o local quando
necessário. Por conseguinte, os que são fabricados in situ têm a vantagem de se poderem
adaptar ao local onde são construídos. Ambos podem estar na superfície do terreno ou
enterrados.

2.5.4.2.Reservatórios de polietileno e PVC

Existe no mercado uma grande variedade de marcas que apresentam diversos


reservatórios com propriedades plásticas, com formas e cores muito distintas. Estes
reservatórios são bem conceituados devido ao seu fácil manuseamento e aplicação, pois,
o seu baixo peso o permite. Assim sendo, este tipo de reservatório pode até ser deslocado
ao longo do seu período de vida, caso se pretenda, não implicando, desta forma, a sua
destruição. Podem ser aplicados tanto no subsolo como fora deste.
18
2.5.4.3.Reservatórios em fibra de vidro

A fibra de vidro é um material com propriedades plásticas tal como os reservatórios


de polímero e PVC, com a vantagem de ter uma maior durabilidade que os anteriores.
Excepto isto, as principais características dos reservatórios descritos no ponto anterior são
aplicados também a estes.

2.5.4.4.Reservatórios não convencionais

Além dos reservatórios mencionados anteriormente, existem outros reservatórios


construídos de forma não convencional, visando suprir as necessidades económicas que
emergem. A obra apresentação técnica de diferentes tipos de reservatórios, de João
Gnadlinger realizada em 2001, apresenta cinco tipos de reservatórios não convencionais
tais como: Cisterna de placas de cimento; Cisterna de tela e arame; Cisterna de tijolos;
Cisterna de ferro-cimento e Cisterna de cal.

Este trabalho teve como objectivo reunir um conjunto de soluções para satisfazer as
necessidades das comunidades rurais do semi-árido Brasileiro. O mesmo sérvio de base
para realização de vários estudos.

Ainda SILVA (2014), menciona algumas observações a tomar no acto de


dimensionamento do reservatório para aproveitamento de água de chuva:

a) O volume não aproveitável da água de chuva, pode ser lançado na rede de galerias de
águas pluviais, na via pública ou ser infiltrado total ou parcialmente, desde que não
haja perigo de contaminação do lençol freático.
b) A descarga de fundo pode ser feita por gravidade ou por bombeamento.
c) A água reservada deve ser protegida contra a incidência directa da luz solar e calor,
bem como de animais que possam entrar no reservatório através da tubulação de
recalque.
d) Em alguns casos a água de chuva não deve ser considerada a única fonte de
abastecimento, pois devido a sazonalidade e irregularidade da mesma, deve ser
previsto um dispositivo de entrada de água potável para garantir o abastecimento dos
pontos de utilização para fins não potáveis. Assim sendo o reservatório quando
alimentado com água de outra fonte de suprimento de água.

19
2.6.Métodos de dimensionamento de reservatórios

Cabe ao projectista escolher qualquer uma das fórmulas sugeridas pela norma NBR
15527:2007, porem o volume dos reservatórios deve ser dimensionado com base em
critérios técnicos, económicos e ambientais, levando em conta as boas práticas da
engenharia.

De acordo com a NBR 15527:2007, podem ser usados 6 métodos de


dimensionamento para um reservatório para aproveitamento de água da chuva: Rippl, da
Simulação, Azevedo Neto, Prático Inglês, Prático Alemão e Prático Australiano.

Os melhores métodos para dimensionamento ou mais eficazes seriam aqueles que


tem como dados de entrada a demanda desejada a suprir, que seriam o Rippl, da
Simulação e o Prático Australiano (SILVA, 2014).

2.6.1.Método de Rippl

O Método de Rippl é um método de cálculo do volume de armazenamento


necessário para garantir um caudal regularizado constante durante o período mais crítico
de estiagem observado. Esse método baseia-se no diagrama de massa do sistema, também
denominado diagrama de Rippl, originalmente desenvolvido no final do século XIX,
utilizado amplamente para o cálculo de reservatórios de água destinados a acumular água
para abastecimento, para aproveitamento hidroeléctrico, para irrigação, para controlo de
enchentes e para regularização de cursos da água, (ANNECCHINI, 2005).

Neste método usar-se as séries históricas mensais ou diárias. Aplicando as equações:

S (t) = D (t) – Q (t) Equação (1)

Q (t) = C x altura de precipitação (t) x área de captação. Equação (2)

V = _ S (t), somente para valores S (t)> 0 Equação (3)

Sendo que: D (t) <Q (t)

Onde:

t: intervalo de tempo medido desde o início a considerar.

S (t): volume de água no reservatório no tempo t, (m3);

20
Q (t): volume de chuva no tempo t, (m3);

D (t): consumo no tempo t;

V: volume do reservatório, (m3); e

C: coeficiente de escoamento superficial.

Deve-se admitir que o reservatório está cheio no início da contagem do tempo “t” e
que os dados históricos são representativos para as condições futuras.

2.6.2.Método da simulação

𝑆 𝑡 = 𝑄(𝑡) + 𝑆(𝑡−1) − 𝐷(𝑡) Equação (4)

Sendo que: 0 ≤ 𝑆(𝑡) ≤ 𝑉

Onde:

𝑆(𝑡−1) : o volume de água no reservatório no tempo t – 1, (m3).

As restantes variáveis são definidas no método anterior.

NÓBREGA (2009), deixa algumas observações sobre o método da simulação:

a) As simulações são baseadas na equação de balanço hídrico para um reservatório de


volume finito;
b) Podem ser implementados parâmetros para uma análise que represente melhor o
sistema estudado. Por exemplo: volume desviado, evaporação, incertezas no
consumo, entre outros; e
c) Uma avaliação qualitativa e quantitativa das séries de precipitação deve ser realizada
para que seu uso seja adequado.

2.6.3.Método prático Australiano

O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

Qm = A x C x (Pmm – I) Equação (5)

Onde:

Pmm: precipitação média mensal, em milímetros;


I: quantidade de água que molha as superfícies e que se perde por evaporação;
21
Qm: volume mensal produzido pela chuva, (m3).

O cálculo do volume do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam obtidos
valores optimizados de confiança e volume do reservatório.

Vt = Vt-1 + Qt – Dt Equação (6)

Onde:

Vt: volume de água que está no tanque no fim do mês t, (m3); e

Vt-1: volume de água que está no tanque no início do mês t, (m3);

NOTA: Para o primeiro mês considerar o reservatório vazio.

Quando (Vt-1+ Qt– D) < 0, então Vt= 0

O volume do tanque escolhido será em metros cúbicos.

A confiança é definida por:

Confiança = (1 - Pr) Equação (7)

Onde,

Pr = Nr / N Equação (8)

Onde:

Pr: a falha;

Nr: número de meses em que o reservatório não atendeu ao consumo, quando Vt = 0;

N: número de meses considerado, geralmente 12 meses;

Recomenda-se que os valores de confiança estejam entre 90 % e 99 %.

2.7.Demanda da água

2.7.1.Previsão do consumo de água não potável

O sistema de aproveitamento de água de chuva é influenciado pela demanda que se


deseja atender com este tipo de água. Portanto é importante que seja feita uma menção de
forma precisa, também é fundamental para garantir a economia do sistema, pois a
demanda influencia directamente no volume do reservatório. Nas edificações públicas,

22
como escolas, universidades, hospitais, terminais de passageiros de aeroportos, entre
outros, o uso da água é muito semelhante ao das edificações comerciais, porém o uso dos
ambientes sanitários é bem mais significativo, variando de 35% a 50% do consumo total
(ANA, 2005).

Na tabela 1 estão representadas as demandas por água não potável em instalações


comerciais.

Tabela 1: Demanda de água em instalações comerciais


Usuário Unidade Faixa de caudal Caudal típico
Litros/unidade/Dia Litros/unidade/
dia
Aeroporto Passageiros 15 à 19 11
Banheiros públicos Usuários 11 à 23 19
Escolas Alunos 38 à 76 57
Escritórios Funcionários 30 à 76 57
Hospitais Leito 491 à 983 567
Hospitais Funcionários 19 à 57 38
Hotéis Hospedados 151 à 227 189
Prisões Funcionários 19 à 57 34
Prisões Presidiário 302 à 567 454
Shoppimg center Estacionament 4 à 11 8
o
Shopping center Funcionários 30 à 49 38
Fonte: TOMAZ, 2000.

A demanda interna e externa de água não potável em uma residência é ilustrada na


tabela 3, onde apresentam algumas áreas de actividades domésticas que podem ser satisfeitas
pela água não potável.

Esta estimativa foi feita com base em residências das zonas urbanas dos países
desenvolvidos, o que de certa forma pode não ser compatível a realidade dos países do
terceiro mundo. Portanto cabe ao projectista adoptar métodos que tendem a semelhar-se a
realidade em que será implantado o sistema de aproveitamento de água de chuva.

Para se ter uma real noção da demanda que pretende atender com o sistema é
necessário multiplicar o volume de água utilizado por cada unidade da actividade, a
frequência da actividade, o número de dias que a actividade decore e o número de
habitantes que praticam a actividade. Portanto essa não é única forma de estimar a
demanda de água necessária, para as actividades que não requerem de água potável.
23
Tabela 2: Demanda interna e externa de água não potável em uma residência
Demanda Interna Unidade Faixa
Vaso Sanitário - volume L/descarga 6 a 15
Vaso sanitário – frequência Descarga/hab/dia 3a6

Demanda Externa Unidade Faixa


Rega de jardim - volume L/dia/m2 2
Rega de jardim – frequência Lavagens/mês 8 a 12
Lavagem de carro - volume L/lavagem/carro 80 a 150
Lavagem de carro – frequência Lavagem/mês 1a4
Fonte: TOMAZ, 2000.

Verifica-se que a maior frequência esta na rega de jardim e o maior volume de


agua esta na lavagem de carro.

2.8.Principais benefícios de aproveitamento da água da chuva

2.8.1.Redução do consumo de água tarifada

Na utilização da água de chuva para suprir as demandas por água nas actividades
humanas, origina diversos benefícios, sendo o que se faz mais notável é o económico,
que se justifica pela consequente redução do consumo de água tarifada.

A redução do consumo da água tarifada, reduz igualmente os custos de operação de


qualquer actividade que depende da água, além da redução do consumo de energia para
bombeamento de água em análise global.

TOMAZ (2003), afirma que em residências o aproveitamento de água de chuva


pode substituir a água tratada em inúmeras actividades onde a utilização não necessita de
uma água desinfectada e fluoretada, reduzindo o consumo de água potável em
aproximadamente 50%.

Para DORNELLES (2012), Apesar da facilidade em estimar o benefício


económico, este é obtido especificamente para cada local de aproveitamento, e para as
características particulares do sistema, sendo pouco válida a generalização de resultados
pontuais para regiões inteiras, e menos ainda para outros países. Quando opta-se no
aproveitamento de água de chuva para o uso nas actividades rotineiras de uma residência,
há garantias de uma economia mensal no pagamento de água fornecida pelos órgãos
públicos de abastecimento de água potável.
24
2.8.2.Promoção da saúde pública

A utilização de sistemas de aproveitamento de água de chuva no meio urbano


contribui significativamente na redução dos picos de caudal e volumes de água na rede
pluvial pública, consequentemente reduzindo o risco de enchentes ou cheias, em caso de
chuvas fortes.

Com a redução de enchentes e cheias, reduz a possibilidade de ocorrência de


doenças de veiculação hídrica.

O uso da água de chuva pela população pode garantir que mais famílias tenham
acesso a água no exercício das suas actividades rotineiras, ate as famílias que não tem
condições de ter a água fornecida pelo FIPAG.

2.8.3.Preservação e protecção dos mananciais

Em regiões áridas e com escassez de águas subterrâneas, ou ainda, impróprias para


o uso potável por conter minerais e sais de difícil remoção, o aproveitamento de água de
chuva é indicado como uma alternativa viável, e utilizando esta água para o consumo
humano, animal e para irrigação permite que mais água fique disponível no meio
ambiente para atender as necessidades da biodiversidade local (DORNELLES, 2012).

Se todas as residências terem um sistema de aproveitamento de água de chuva,


implicara menos uso da água canalizada, consequentemente menos captação será feita no
manancial, com isso o tempo de vida útil do manancial aumentara.

Alguns dos benefícios do uso da água de chuva na protecção dos mananciais são:

a) Ao ser utilizado na irrigação recarrega os aquíferos e estabiliza os cursos de água; e


b) Ao reduzir os volumes captados dos mananciais superficiais, a maior disponibilidade
nestes acaba por propiciar maior capacidade de manutenção da biodiversidade e de
diluição de contaminantes.

25
CAPÍTULO III - METODOLOGIA

Neste capítulo abordou-se, como foi possível chegar aos resultados finais deste
trabalho. Para isto foram elaborados diversos subtítulos que permitem compreender
melhor o método e técnicas de pesquisa aplicados.

3.1. Descrição da área de estudo

O Centro de Saúde 7 de Abril é uma unidade sanitária localizada no posto


administrativo no 3 da Soalpo, na zona oeste em relação ao centro da cidade de
Chimoio, no bairro 7 de Abril. A figura 9 ilustra o centro de saúde 7 de Abril.

Figura 9: Vista aérea do centro de saúde 7 de Abril


Fonte: Adaptado do Google earth, 2016.
26
Os limites do centro de saúde 7 de Abril são:

 Norte quarteirão residencial;

 Sul quartel da Força de Intervenção Rápida (FIR);

 Este propriedade privada; e

 Oeste quarteirão residencial.

O centro de saúde 7 de Abril, presta serviços sanitários desde Maio de 2011,


porem a inauguração oficial foi em Junho de 2012, pelo antigo primeiro-ministro Aires
Aly. A divisão administrativa do centro de saúde compreende cinco bairros, entre eles,
bairro 5, bairro 4, bairro Chianga, bairro Francisco Mayanga e bairro 7 de Abril. E presta
serviços de saúde a cerca de 72 789 habitantes. Alem dos serviços de saúde o centro,
também é um local de aulas práticas e estágios para formandos das várias instituições de
ensino. A unidade sanitária não tem capacidade para internar os utentes, apenas existem
algumas camas na maternidade.

Os serviços de atendimento existentes no centro de saúde 7 de Abril são


Maternidade, Pediatria, Farmácia, Laboratório, Consultas de Triagem, Salas de
Tratamento, Estomatologia, PAV, PNCTL, ATS, Nutrição, e Central de Esterilização.

No que diz respeito aos recursos humanos, o centro de saúde conta com 75
funcionários de ambos os sexos, distribuídos em diversas especialidades que parte de
auxiliares de serviço ate técnicos de medicina, contando ainda com pessoal de corpo
técnico administrativo (CTA).

3.2. Classificação e natureza da pesquisa

A natureza de pesquisa do trabalho é quantitativa, pela predominância de método


estatístico, onde faz-se a quantificação, com utilização de variáveis bem definidas e
cálculos, utilizando estatísticas descritivas ou inferenciais. Neste tipo de pesquisa também
é feita a tradução de opiniões e outras informações em número, de forma a classificá-las e
analisá-las.

No que diz respeito a classificação da pesquisa quanto aos objectivos, ela se


enquadra nas pesquisas descritivas. As pesquisas descritivas determinam quando, quanto,
27
onde e como um fenómeno ocorre e aceitam hipóteses. O propósito da pesquisa é analisar
com a maior precisão possível, factos ou fenómenos em sua natureza, características,
procurando observar, registar suas relações, interligação e interferências.

Quanto a amplitude e profundidade a pesquisa enquadra-se nos estudos de caso.


Os estudos de caso referem-se à uma situação, entidade ou conjunto de entidades que têm
um mesmo comportamento ou são do mesmo perfil. Têm uma profundidade bem maior
que os estudos de campo, e uma reduzida amplitude em função do baixo número de
elementos de pesquisas, não se pode generalizar as conclusões dos estudos de caso, pois
são particulares, (UNIZAMBEZE, 2012).

3.3.Técnicas de pesquisa

Para o alcance dos resultados as técnicas de recolha de dados adoptadas foram:

 Questionário (aberto e múltipla escolha);


 Entrevistas (não estruturada);

O director do centro de saúde e outros 8 funcionários foram questionados mediante


o guião de questionário do apêndice II.

3.4.Métodos de pesquisa

Para realização do trabalho foram empregues os seguintes métodos de pesquisa:

 Observação;
 Bibliográfico e documental; e
 Estatístico

Durante a visita ao Centro de Saúde 7 de Abril foi observado o estado de


conservação dos edifícios, o sistema de abastecimento de água actual e o plano de
limpeza semanal. A observação foi assistemática.

Na análise bibliográfica e documental, foram consultados documentos e registos


pertencentes ao Centro de Saúde 7 de Abril, a fim de recolher informações úteis para o
entendimento e análise do problema. Também fez-se revisão e análise do material
bibliográfico já publicados de autores que trabalharam com os conceitos relacionados e
relevantes para o desenvolvimento da pesquisa.
28
O método estatístico foi empregue na redução de fenómenos sociológicos,
económicos e climáticos a termos quantitativos e à manipulação estatística, que permite
comprovar as relações dos fenómenos entre si.

3.5. Materiais e procedimentos metodológicos

Para o dimensionamento de sistema de aproveitamento de água de chuva do centro


de saúde 7 de Abril os materiais utilizados foram:

Uma máquina calculadora científica de marca casio; e

Uma máquina fotográfica de marca Canon.

Os procedimentos metodológicos estão sequenciados de acordo com os objectivos


específicos.

3.5.1.Demanda de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril

O método usado para estimar a demanda de água para limpeza foi o estatístico,
com base em dados recolhidos com a técnica de questionário, realizado para os
funcionários do centro de saúde 7 de Abril. No apêndice II, encontra-se a estrutura do
mesmo. Este método de estimativa da demanda de água foi proposto por TOMAZ (2011).

Têm a vantagem de apresentar um resultado muito próximo a realidade, porque


relaciona a frequência de limpeza, área e uma taxa de consumo.

A demanda pretendida é apenas a correspondente a água necessária para a limpeza


dos compartimentos da unidade sanitária. Portanto foram levantados os detalhes da
quantidade de água, frequência e área total de limpeza, elaborou-se uma tabela de
estimativa de consumo de água para limpeza, para melhor análise da informação obtida.

Com os dados da entrevista, mensurou-se a área de cada ambiente de trabalho


(compartimentos), através do projecto do edifício do centro de saúde 7 de Abril,
fornecido pela direcção, e multiplicou-se a taxa de consumo de água dada na Tabela 3
pela área corresponde da limpeza.

De acordo com TOMAZ (2011), a taxas de consumo de água mais usada na prática
em pesquisa de engenharia está apresentada na tabela 3. Essas taxas, são úteis para a
estimativa do volume de água demandado em diversas actividades.
29
Tabela 3: Taxa de consumo de água
Descargas em bacias sanitárias 9L/ m2dia
Rega de jardim comum 2L/ m2dia
Rega de jardim tipo campo de golfe 4L/ m2dia
Limpeza de pátios comuns 2L/m2dia
Fonte: TOMAZ, 2011

Por fim multiplicou-se a frequência de limpeza de cada compartimento pela sua área e a
taxa de consumo. A equação da demanda real da água de limpeza em litros ficou:

Demanda = Fr x Al x Tc Equação (9)

Onde:

Fr: Frequência

Al: Área de limpeza

Tc: Taxa de consumo

3.5.2.Condutores da água

Após a água cair no telhado, escoa pelo mesmo e é captada pela caleira ou calha
que se encontra no beiral, entretanto é conduzida por um tubo de queda e posteriores
canalizações até ao reservatório.

O dimensionamento das calhas, condutores verticais e horizontais seguiu as


orientações da norma NBR 10844 (ABNT, 1989).

A calha foi dimensionada de forma a dar escoamento à água, evitando o transbordo


e, por sua vez, desperdício da água.

De acordo com a norma, para fazer o dimensionamento dos condutores de água foi
necessário determinar o caudal do projecto.

Para o cálculo do caudal de projecto foi utilizada a equação 10, que relaciona a área
de contribuição e a intensidade pluviométrica.

𝑖∗𝐴
𝑄= Equação (10)
60

Onde:
A: área de contribuição (m2); e
30
i: Intensidade pluviométrica
As fórmulas para o cálculo da área de contribuição em coberturas com diferentes
formas, desde a superfície plana inclinada até a laje cercada por paredes, estão
apresentadas na figura 10.

Portanto, diante da situação do projecto, é necessário proceder ao somatório das


áreas correspondentes aos planos de captação horizontais, verticais ou inclinados.
Conforme apresenta, WERNECK, (2006) citando MACINTYRE, (1996)

Figura 10: Áreas de contribuição para cálculo de caudal


Fonte: WERNECK, 2006.

Para o caso do centro de saúde 7 de Abril, a área de contribuição de cobertura para


a captação da chuva foi calculada utilizando a equação 11 considerando área inclinada

𝐴 = 𝑎+2𝑏 Equação (11)

Onde:

A: Área de contribuição (m²);

a: Comprimento frontal de meia água (m);

b: Comprimento lateral do telhado (m);


h: Altura do desnível do telhado (m).
31
A intensidade pluviométrica foi calculada através da equação 12, desenvolvida por
LOPES (2006) para a estação pluviométrica 2648036 (UDESC UNIVILLE) localizada
no campus universitário de Joinville
𝑙𝑛𝑑
1,5𝑙𝑛
1,14𝑒 7,3 97,756−19,068𝑙𝑛 −𝑙𝑛 ∗1−1 −11,005
𝑇
𝑖 𝑇,𝑑 = Equação (12)
𝑑

Onde:

iT,d: Intensidade da chuva com o período de retorno T (anos) com duração d

(minutos ou horas);

T: Período de retorno (anos); e

d: Duração da chuva (minutos ou horas).

De acordo com TOMAZ (2011) a duração da precipitação em um telhado usada no


mundo inteiro é fixada em 5 minutos, NBR (10844/89) e para o autor, o período de
retorno levando em conta as alterações climáticas, deverá ser maior ou igual a 25 anos.

Segundo a NBR 10844 (ABNT, 1989) o período de retorno deve ser fixado
segundo as características da área a ser drenada, obedecendo ao estabelecido a seguir:

Tr = 1 ano, para áreas pavimentadas;

Tr = 5 anos, para coberturas, áreas ou terraços;

Tr = 25 anos, para coberturas e áreas onde extravasamento não possa ser tolerado.

No dimensionamento da calha, utilizou-se a equação 13 fórmula de Manning-


Strickler, por meio da qual encontra-se um diâmetro que atenda o caudal do projecto.
𝑠
𝑄 = 𝐾 𝑛 𝑅𝐻2 3
∗ 𝑖1 2
Equação (13)

Onde:
Q: Caudal do projecto, em l/min
S: Área da secção molhada, em m²
n: Coeficiente de rugosidade (ver Tabela 5)
RH: P/S, Raio hidráulico, em m

32
P: Perímetro molhado, em m
i: Declividade da calha, em m/m
K: 60000 (coeficiente para transformar a vazão em m³/s para l/min).

O declive da cobertura do centro de saúde 7 de Abril é uniforme, cerca de 0.5%.

Para a obtenção do valor de rugosidade da cobertura do centro de saúde 7 de Abril,


recorreu-se a tabela 4, que indica os coeficientes de rugosidade dos materiais
normalmente utilizados na produção de calhas segundo a ABNT (1989), nota-se que o
mesmo varia significativamente com o material.

Tabela 4: Coeficientes de rugosidade de acordo com o material


Material n
Plástico, fibrocimento, aço, metal não ferroso 0.011
Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0.012
Cerâmica, concreto não alisado 0.013
Alvenaria de tijolos não revestida 0.015
Fonte: NBR10844 (ANBT, 1989)
Portanto pela facilidade de aquisição de materiais plásticos e de PVC, a calha
adoptada no sistema foi de material plástico, consequentemente a rugosidade adoptada é
0.011.

3.5.2.1. Condutores Horizontais

O dimensionamento do condutor horizontal foi efectuado através da Tabela 5,


comparando-se as características impostas ao projecto, tais como o material do condutor
horizontal, a declividade e a vazão de projecto. O formato geométrico do condutor
adoptada no sistema de secção circular, devido a facilidade de aquisição no mercado
local.

A inclinação da cobertura é importante para a determinação do diâmetro do


condutor horizontal. O comprimento será obtido a partir da planta de edificação do centro
de saúde 7 de Abril, portanto será feita a medição das paredes dos dois edifícios onde os
condutores irão percorrer e contabilizados.

A Tabela 5, indica as capacidades dos condutores, usando coeficiente de


rugosidade 0,011 para alguns valores de declividade.

33
Tabela 5: Dimensionamento de condutores horizontais
Diâmetro do Tubo (mm) Capacidade dos condutores horizontais e secção circular
(formato) com caudal (L/min)
Tipo de material (PVC, fibrocimento, aço, metais não ferrosos)
Inclinação Inclinação Inclinação Inclinação
0.5% 1% 2% 4%
(0.5cm/m) (1cm/m) (2cm/m) (4cm/m)
50 32 45 64 90
75 95 133 188 267
100 204 287 405 576
125 370 521 735 1.040
150 602 847 1.190 1.690
200 1.300 1.820 2.570 3.650
Fonte: SEMPRESUSTENTAVEL, 2013.

3.5.2.2. Condutores Verticais

O dimensionamento dos condutores verticais foi feito com base no método de


Ábacos apresentado na Figura 11. Tem como dados de entrada o caudal do projecto em
litros por minuto; altura da lâmina de água na calha em milímetro, e o comprimento dos
condutos vertical em metros.

Figura 11: Ábaco para a determinação do diâmetro do condutor vertical


Fonte: NBR 10844 (ANBT, 1989)

34
As curvas do condutor de água vertical são de 90º de raio longo e em alguns pontos
são de curvas de 45º, para facilitar o escoamento e reduzir as perdas de carga, todos os
condutores foram instalados no lado exterior do edifício do centro de saúde 7 de Abril.

3.5.2.3. Filtros

A utilização de filtros no sistema de aproveitamento de chuva teve por finalidade


melhorar a qualidade da água a armazenar. Portanto existem, vários tipos de filtros que,
por sua vez, assumem características e funções diferentes.

Mais no estudo foram adoptados sistemas simples de filtragem, como redes


metálicas com espaço entre as barras de 0.5cm2, para evitar a entrada de materiais
grosseiros (folhas, ramos, etc.). As redes metálicas serão instaladas sobre as calhas de
colecta junto a cobertura. Como o ilustrado na figura 6.

3.5.2.4.Descarte de primeira chuva

Quando surgem as primeiras chuvas, a água recolhida pelo sistema não é própria
para armazenar e, posteriormente, ser utilizada, uma vez que os telhados se encontram
sujos devido à época de estiagem.

Pó, material orgânico caído de árvores ou até mesmo transportado por animais,
assim como excrementos de pássaros, são materiais que se depositam nas coberturas e
que, com a ocorrência das primeiras chuvadas, se dissolvem na água sendo necessária a
sua rejeição, evitando assim a contaminação da água armazenada ou daquela que se possa
armazenar no futuro.

O desvio da primeira chuva do sistema de aproveitamento de água de chuva do


centro de saúde 7 de Abril, foi feito com base na técnica desenvolvida pelo laboratório de
engenharia ambiental da Universidade Federal de Pernambuco, denominada DesviUFPE.

A técnica consiste na instalação de conjunto de tubos que desvia e armazena a


primeira água que passa da calha, só depois do volume total dos tubos estar completo, a
água segue a conduta ate ao reservatório.

Para saber quantos metros de tubos usar no desvio deve se conhecer a área de
captação, para cada metro quadrado de captação é preciso desviar 1 litro de água.

35
Portanto de acordo com GAVAZZA (2015), o laboratório de engenharia
ambiental da Universidade Federal de Pernambuco, facilitou o dimensionamento, porque
foram definidos dois tamanhos padrões de desvio, o que ajudou na mensuração do
comprimento e volume do desvio do sistema do centro de saúde 7 de Abril:

 Para casas com área de captação de ate 75 m2, são necessários 8 m de tubos com
diâmetro de 100 mm; e
 Para casas com área de captação de 100 m2 são necessários 12m de tubos com
diâmetro de 100mm.

3.5.3.Área de captação da chuva

No sistema de aproveitamento de água de chuva do centro de saúde 7 de Abril, a


área de captação é o telhado de cobertura, portanto todos os cálculos foram feitos
mediante as normas técnicas e as especificações do projecto de edificação.

No cálculo da área total de captação, usou-se o conhecimento da geometria básica


para calcular a área de formas geométrica, no caso concreto do centro de saúde a
superfície de colecta é rectangular.

Na determinação da área do rectângulo emprega-se a equação que segui:

𝐴 = L∗W Equação (14)


Onde:
A: área de captação
L: comprimento
W: largura
Portanto na determinação das medições da estrutura de cobertura (comprimento e
largura) usou-se os dados da planta de cobertura do projecto de construção do centro de
saúde. Por tratar-se de dois edifícios adicionou-se as duas áreas. Há possibilidade de
implantação de calhas colectoras em todo o perímetro da cobertura, porque possui
inclinação para área externa e é possível de ser utilizada. No centro de saúde 7 de Abril,
existem outros 4 edifícios pequenos, mas no presente trabalho apenas será considerado os
dois edifícios principais (bloco 1 e bloco 2), como áreas de captação de água de chuva. A
planta de construção dos dois edifícios permitirá a mensuração da área total.
36
3.5.4.Dimensionamento do volume do reservatório

E necessário estabelecer um ponto de equilíbrio entre o volume de água captada e o


volume do reservatório, uma vez que este é uma componente muito importante no custo
de um sistema de aproveitamento de água de chuva, e o seu preço altera
consideravelmente de acordo com as suas dimensões.

No sistema de aproveitamento de água de chuva do centro de saúde 7 de Abril,


escolheu-se reservatório de PVC, a escolha foi devido as enumeras vantagens económicas
(baixo custo), locomoção, baixo peso e facilidade de aquisição.

Na cidade de Chimoio existe uma grande variedade de marcas de reservatórios de


PVC, com formas e cores muito distintas, o reservatório de PVC podem ser aplicados
tanto no subsolo como não.

Assim sendo, este tipo de reservatório pode até ser deslocado ao longo do seu
período de vida, caso se pretenda, não implicando, desta forma, a sua destruição.

O método utilizado para o dimensionamento do reservatório é o de Rippl, baseado


na proposta de ANNECCHINI (2005). O método de Rippl é um método de cálculo do
volume de armazenamento necessário para garantir um caudal regularizado constante
durante o período mais crítico de estiagem observado.

A escolha deste método foi, baseada na facilidade de obtenção dos valores mais
próximos a realidade, porque contrariamente a alguns métodos, este apresenta como
dados de entrada a demanda pretendida atender com o sistema.

A equação utilizada baseia-se na proposta por ANNECCHINI (2005).

𝑉𝑡= (𝑄𝑡−𝑉𝑖,+𝐿𝑡) Equação (15)

Onde:

Vt: Volume de armazenamento no tempo t (m³),

Qt: Demanda de água no tempo t (m³),

Vi,t: Volume de chuva que entra no sistema no tempo t (m³), e

Lt: Perdas do sistema durante o intervalo de tempo t (m³).

37
Elaborou-se uma tabela para facilitar o dimensionamento, em que a mesma foi
desenvolvida com base na equação 15, Os dados de entrada e de saída dessa tabela são
detalhados a seguir:

 Coluna 1: Período de tempo em meses;


 Coluna 2: Chuva média mensal (mm);
 Coluna 3: Volume correspondente à demanda mensal constante de água de chuva
(m³);
 Coluna 4: Área de captação de chuva do sistema (m²);
 Coluna 5: Produção mensal de chuva (m³), correspondente ao volume mensal de
chuva colectado pelo sistema. Este valor é obtido pela multiplicação da coluna 2
com a coluna 4 e com o coeficiente de escoamento superficial. O resultado da
multiplicação é dividido por 1000 para obter-se o valor de produção de chuva em
metros cúbico;
 Coluna 6: Diferença entre os valores de demanda e produção de chuva, obtido
pela subtracção da coluna 3 pela coluna 5. Os resultados negativos desta
subtracção indicam que há excesso de chuva, e os resultados positivos indicam
que há falta de chuva, ou seja, o volume demandado é superior ao volume de
chuva produzido;
 Coluna 7: Somatório dos valores positivos da coluna 6. Nesta coluna, não são
computados os valores negativos da coluna 6, pois estes indicam que há sobra de
água de chuva; e O volume do reservatório é obtido na linha 14, que corresponde
ao valor máximo encontrado na coluna 7.

3.5.4.1.Dados de precipitação

Nos cálculos de dimensionamento do sistema de aproveitamento de água de chuva


no Centro de Saúde 7 de Abril foram utilizados dados correspondentes as médias mensais
dos anos 1990 à 2015, para o município de Chimoio disponibilizados pelo Instituto
Nacional de Meteorologia (INAM), delegação de Manica, a serie histórica de
precipitação provem da Estação Meteorológica, localizada no aeroporto de Chimoio. Os
dados de precipitação obtidos através do INAM, foram enviados a uma folha do software
Microsoft Office Excel, para a formação de um banco de dados, que disponibilizou
38
informações como o volume de chuva mínimo, médio e máximo, que possibilitou a
geração de gráficos para análise dos dados.

3.5.4.2.Produção mensal de chuva

Para se ter a noção do volume de chuva que pode estar disponível a captação, foi
necessário a utilização da equação proposta DE LIMA, et al. (2011).
𝐶∗𝐴∗𝑃
𝑉𝑝 = Equação (16)
1000

Onde:

Vp: Volume de precipitação diária (m3);

C: Coeficiente de escoamento superficial (adimensional);

P: Precipitação (mm);

A: Área de captação (m2).

O coeficiente de escoamento é determinado mediante alguns critérios propostos por


NÓBREGA, (2009) citando HOFKES e FRAZIER (1996), o qual depende do tipo de
material de cobertura, e o formato de cobertura, na tabela 6 mostra, a variação do
coeficiente de escoamento em função do tipo de material de cobertura.

Tabela 6: Coeficiente de escoamento em função do tipo de cobertura


Tipo de cobertura Coeficiente de escoamento
Telhas cerâmicas 0.8 a 0.9
Telhas corrugadas de metal 0.7 a 0.9
Fonte: NÓBREGA, 2009

O coeficiente de escoamento adoptado no estudo foi de 0,81, por se tratar de um


valor que obedece todos os requisitos do objecto de estudo, pois a unidade sanitária
apresenta cobertura de metal. Este coeficiente indica que 19% da água pluvial é perdida
pelo descarte para a limpeza do telhado e da evaporação.

3.5.5.Análise económica

Nesta etapa foi feita a análise económica do projecto de sistema de aproveitamento


da água de chuva da unidade sanitária em estudo, foi necessário fazer o levantamento de
todos os custos do sistema, desde os equipamentos aos acessórios, sem mão-de-obra.

39
Actualmente, no centro de saúde 7 de Abril a água potável é fornecida através de
um furo, onde a água é elevada a um tanque suspenso de 10 mil litros, através de uma
bomba submersível que funciona na base de corrente eléctrica.

A electrobomba em uso na unidade sanitária é do tipo submersível de marca


TAIFU, modelo 3STM3-20, de potência 1.1 Kw, com a capacidade de um caudal de 3
m/h e profundidade de 100 m.

A Tabela 7, mostra a tarifa cobrada pela Electricidade de Moçambique, no


consumo de corrente eléctrica.

Tabela 7: Estrutura tarifária da EDM


Unidade em energia (KWh) Preço (MZM)
0.267857 1,00
1 3,73
10 37,33
Fonte: EDM, 2016

De acordo com a tabela da estrutura tarifária da EDM é possível determinar o custo


mensal de operação do sistema actual de abastecimento de água do centro de saúde.

Sabe-se que a electrobomba fica ligada durante o período nocturno


aproximadamente 11 horas, das 19 horas as 5 horas do dia seguinte, para encher os 10 mil
litros do tanque existente.

Na tabela 8 foi determinado o custo mensal de consumo de corrente eléctrica para o


funcionamento a electrobomba, com base na equação que segue.

GE = P x 11 x 30 x Pr Equação (17)

Onde:

GE: Gasto de Energia

P: Potência da bomba em (KW)

Pr: Preço do KWh

11: são as horas em que a bomba funciona durante 1 dia

30: são os dias em que a bomba funciona durante 1 mês

40
Tabela 8: Custos de operação da bomba submersível
Tempo de Preço de unidade de Custo mensal de
Tipo de bomba utilização (H) KWh (MZM) operação (MZM)
2 3,73 246,18
4 3,73 492,36
Bomba submersível 6 3,73 738,54
Marca TAIFU
Modelo3STM3-20 8 3,73 984,72
10 3,73 1.230,09
12 3,73 1.477,08
Fonte: Autor, 2016

Tendo o valor de custo por operação mensal da electrobomba, subtraiu-se com o


valor do custo de operação quando a electrobomba funciona para atender as necessidades
mensais excluindo a quantidade de água usada para limpeza. Obtêm-se as unidades
economizadas em electricidade e em dinheiro.

3.5.5.1.Período de retorno

Na determinação do período de retorno foi pesquisado o custo de implantação do


sistema no Centro de Saúde 7 de Abril. Após obter o custo de instalação e o custo de
operação do sistema de aproveitamento de água de chuva, foi analisado quanto de
economia poderá se conseguir com o uso do sistema. Depois de obtida a economia, foi
verificado em quanto tempo o uso do sistema pagará o custo.

No estudo não foi analisado os custos com mão-de-obra para este trabalho. Para a
determinação do período de retorno foi utilizada a função “NPER” do Microsoft Excel,
onde foi inserida a taxa de juros que foi estabelecida como sendo um valor igual ao da
poupança, 0,5% ao mês, o valor da economia total mensal e o valor total gasto com o
sistema de aproveitamento e colecta de água de chuva.

O período de retorno é determinado quando o valor gasto com o sistema é


completamente sanado com a economia que se tem somando a energia eléctrica gasta, ou
seja, quando o valor futuro é zero, considerando a taxa de 0,5% ao mês. Com a aplicação
desta função, o programa determina o período de retorno em meses. O preço do
equipamento a ser usado no sistema de aproveitamento de água de chuva, encontra-se
ilustrado na tabela 9, os valores foram levantados na empresa de venda de material de
construção e hidráulicos localizada na cidade de Chimoio.
41
Tabela 9: Preços dos equipamentos do sistema
Material Quantidade Preço por unidade Total
(MZM) (MZM)
Tubos de PVC de 6 m (150 mm) 10 450,00 4.500,00
Tubos de PVC de 6 m (100 mm) 12 350,00 4.200,00
Tubos de PVC de 6 m (60 mm) 4 250,00 1.000,00
Calhas de PVC de 6 m (110 mm) 29 1.450,00 42.050,00
Reservatório PVC 40 m3 1 175.894,73 175.894,73
Tela metálica (4009 cm X 15 cm) 4 1.320,00 5.280,00
Válvula de desvio 2 200,00 400,00
Torneiras embutidas no tanque 2 2.044,00 4.088,00
Cotovelo 90o (150 mm) 10 269,00 2.690,00
Cotovelo 45o (150 mm) 10 269,00 2.690,00
Te (110 mm) 5 479,00 4.790,00
Total -------------- ------------------- 247.582,73
Fonte: Construa, 2016

Nesta tabela estão apresentados os materiais necessários, as suas quantidades, os


preços por cada unidade de material mencionado e o respectivo preço totalizado. De
acordo com a tabela, e como já havíamos referido anteriormente o reservatório é o item
dispendioso.

No sistema de aproveitamento de água de chuva do centro de saúde 7 de Abril não


haverá custos de operação, isso devido a ausência de equipamentos que necessitem de
qualquer fonte de energia eléctrica.

3.6. Processamento e análise de dados

No processamento dos dados recolhidos por via de observação no campo,


entrevistas semi-estruturadas, levantamento documental e bibliográficos foi necessário a
analise e interpretação sob a forma de tabela e descrição dos fenómenos, e para o caso
dos dados de natureza quantitativa, foi empregue o programa Microsoft Office Excel no
processamento de gráfico e tabelas.

42
CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Demanda de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril

Baseado na técnica de questionário utilizado, que encontra-se no apêndice II.


Obteve-se os resultados de demanda de água para limpeza apresentados na Tabela 10

Tabela 10: Consumo de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril


Estimativa de consumo de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril
Compartimentos Frequência Lavar Passar pano
1 Gabinete PNCTL 5 Vezes por semana X
1 Gabinete PAV 5 Vezes por semana X
1 Gabinete ATS 5 Vezes por semana X
1 Gabinete Nutrição 5 Vezes por semana X
2 Vestuário 5 Vezes por semana X
4 Salas de consulta 6 Vezes por semana X
1 Pediatria 5 Vezes por semana X
1 Recepção 5 Vezes por semana X
1 Farmácia 5 Vezes por semana X
1 Laboratório 5 Vezes por semana X
1 Sala de tratamento 6 Vezes por semana X
1 Sala do director 5 Vezes por semana X
1 Estomatologia 5 Vezes por semana X
1 Sala de esterilização 5 Vezes por semana X
4 Casa de banho 5 Vezes por semana X
4 Corredores 5 Vezes por semana X
1 Quarto de material 5 Vezes por semana X
1 Armazém 2 Vezes por semana X
1 Cozinha 6 Vezes por semana X
1 Lavandaria 5 Vezes por semana X
1 Sala de parto 5 Vezes por semana X
1 Sala de espera pós-parto 5 Vezes por semana X
Vidros 5 Vezes por semana X
Fonte: Autor, 2016

Com os dados, multiplicou-se a taxa de consumo de água dada na tabela 10 pela


correspondente área da limpeza.

Segundo orientações de Tomaz (2011), A taxa de lavagem de piso equivale a 2,0


litros por metro quadrados diários, no entanto, adoptou-se como taxa 1,0 litros por metro
quadrados diários, para os locais onde a limpeza era somente passar um pano húmido ao
invés de lavar. Na tabela 11 que Segue abaixo, estão ilustrados os resultados do consumo
de água mensal para limpeza do centro de saúde 7 de Abril, por cada compartimento.

43
Tabela 11: Consumo mensal para limpeza no centro de saúde 7 de Abril
Estimativa de consumo de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril
Compartimentos Frequência de Área Consumo Consumo
limpeza (m2) (L/m2dia) mensal (L)
1 Gabinete PNCTL 5 Por semana 16 2 640
1 Gabinete PAV 5 Por semana 18 2 720
1 Gabinete ATS 5 Por semana 16 2 640
1 Gabinete Nutrição 5 Por semana 16 2 640
2 Vestuário 5 Por semana 18 2 720
4 Salas de consulta 6 Por semana 20 2 960
1 Pediatria 5 Por semana 5 2 200
1 Recepção 5 Por semana 10 2 400
1 Farmácia 5 Por semana 5 2 200
1 Laboratório 5 Por semana 5 2 200
1 Sala de tratamento 6 Por semana 10 2 480
1 Sala do director 5 Por semana 5 2 200
1 Estomatologia 5 Por semana 5 2 200
1 Sala de esterilização 5 Por semana 5 2 200
4 Casa de banho 5 Por semana 48 2 1920
4 Corredores 5 Por semana 140 2 5600
1 Armazém 2 Por semana 16.24 2 259
1 Cozinha 6 Por semana 33 2 1584
1 Lavandaria 5 Por semana 24.9 2 996
1 Sala de parto 5 Por semana 34.8 2 1392
1 Sala pós-parto 5 Por semana 36.5 2 1460
Vidros 5 Por semana 40.7 1 814
Total de consumo mensal -------------- ------ --------- 20425
(L)
Fonte: Autor, 2016

Portanto a quantidade diária da água gasta para limpeza no centro de saúde 7 de


Abril, é de 681 litros. Consequentemente são necessários 20425 litros mensais e 245100
litros por cada ano para a limpeza destes compartimentos.

A menor percentagem de água consumida na limpeza, com cerca de 1%, é usada na


limpeza do armazém, sala de esterilização, estomatologia, sala do directo, laboratório,
farmácia e pediatria. Estes compartimentos necessitam de pouca água para sua limpeza
devido a sua menor área.

O que determina a quantidade de água para limpeza em cada compartimento é a


área do mesmo e a frequência que este é limpo ao longo da semana, este dois parâmetros
são importantes, há casos em que um compartimento é maior mais com uma menor
frequência de limpeza. O gráfico 1 mostra a distribuição da água usada na limpeza.
44
Distribuição da água usada na limpeza Gabinete
Vidros Gabinete PNCTL PAV
4% 3% 4%
Vestuários
Sala pós-parto 4% Salas de Pediatria
8% 1%
consulta
5% Recepção
Sala de parto 2%
7% Farmácia
1%
Laboratório
Lavandaria 1%
Sala de
5%
tratamento
Sala do 3%
director
Cozinha
1%
8% Casas de banho
10% Estomatologia
1%

Armazém Sala de
1% esterilização
1%
Corredores
29%

Gráfico 1: Distribuição da água usada na limpeza do centro de saúde 7 de Abril


Fonte: Autor, 2016

Notou-se que a maior percentagem é usada na limpeza dos corredores com 29%,
isso devido a maior área que eles ocupam e a frequência de limpeza, a segunda maior
percentagem com 10% é usada para limpeza das casas de banho. As casas de banho por
serem locais mais críticos no que se refere a riscos de contaminação, necessitam de maior
dedicação na limpeza, no caso do centro de saúde 7 de Abril, a área total das casas de
banho é inferior a dos corredores o que torna as casas de banho como segundo
compartimento com maior consumo de água na limpeza.

4.2.Condutores de água

Através de visitas ao objecto de estudo, observou-se que actualmente no edifício do


centro de saúde 7 de Abril existe um conjunto de condutores verticais instalados a cada
10 metros ao longo da calha instalada na extremidade da cobertura. A área de
contribuição do centro de saúde 7 de Abril tem-se pela equação 11 do capítulo anterior.
45
Por tratar-se de dois edifícios, os valores adoptados para o comprimento frontal de
meia água (a) e comprimento lateral do telhado (b) foram do edifício que apresenta as
maiores dimensões, garantindo assim que toda água seja contabilizada na estimativa do
caudal do projecto. No entanto as diferenças nas dimensões da cobertura dos dois
edifícios é de 1.5 m. a altura do desnível do telhado (h) é igual nos dois edifícios.

a= 2 x.7,5m

h= 2,5 m

b= 2 x 40 = 80m
2,5
𝐴 = 15 + ∗ 80 = 115m2
2

Para o cálculo da intensidade pluviométrica (I), utilizou-se a equação 12, com d=5
minutos e Tr= 25 anos, conforme as orientações apresentadas na norma NBR 10844
(ABNT,1989).

A intensidade pluviométrica obtida foi de 209,22 mm/h.

Substituindo-se os valores de A=115m² e I= 209,22mm/h, calculou-se o caudal do


projecto através da equação 10:

115 ∗ 209,22
𝑄= = 401,1𝑙/𝑚𝑖𝑛
60

Este resultado indica o luxo de água que ira fluir no sistema. Para permitir a
determinação das dimensões da calha, utilizou-se a fórmula de Manning, equação 13.
Adoptou-se uma calha com largura (a) de 20,0cm, altura (b) de 15,0 cm, inclinação (i) de
0,5%, e de material PVC. O comprimento da calha será de 156m, dos quais 76m nas
extremidades do edifício de menores dimensões de cobertura e os restantes 80m no
segundo edifício.

Segundo a Tabela 5, o coeficiente de rugosidade (n) para material de PVC é de 0,011.


Dessa forma, tem-se como resultado da equação 14:

Q= 2413,907l/min, atendendo ao caudal do projecto calculada anteriormente.

As dimensões para a calha foram arbitradas para que a altura da lâmina de água
atingisse dois terços da altura da calha, como margem de segurança.
46
4.2.1.Condutor horizontal

Com os dados do caudal do projecto Q= 401,1L/min, rugosidade do material n=


0,011, e com inclinação i= 0,5%, por meio da Tabela 4, encontrou-se o diâmetro dos
condutores horizontais de 150mm.

Este valor, significa que a água ao passar pela calha será livremente transportada
pelos condutores horizontais ate aos condutores verticais, sem riscos de transborde nem
ruptura do material devido a pressão da água.

O comprimento total dos condutores horizontais é de 27 metros, 12 metros no


primeiro edifício e os restantes 15 metros no segundo edifício. A função desta tubulação
é de transportar a agua das calhas para o desvio de primeira chuva.

4.2.2.Condutor vertical

Com o caudal do projecto igual a 401,1L/min, e o comprimento do condutor


vertical igual a 2,5 metros, conforme as dimensões obtidas no projecto de construção do
centro de saúde 7 de Abril.

Com ajuda do ábaco da Figura 8, encontrou-se o diâmetro para o condutor vertical


igual a 60mm.

Porque já existem condutores verticais de diâmetro de 100mm instalados no centro


de saúde. Com objectivo de economizar o custo do sistema, foi usado os condutores já
existentes. Esta alteração não afecta a eficiência de descida da água.

Para que a água ao sair dos condutores horizontais flua livremente em queda livre
ate ao reservatório, é necessário que a tubulação tenha o diâmetro de 60mm. Tubo com
esse diâmetro atende com folga a descida da água evitando ruptura do material devido a
pressão da água.

O comprimento total dos condutores vertical é de 10 metros. Destes 5 metros no


primeiro edifício e os restantes 5 metros no segundo edifício. A função desta tubulação é
de transportar água dos condutores horizontais para o desvio de primeira chuva e do
desvio para o reservatório. Eles serão posicionados de maneira a garantir que a água flua
rapidamente pela acção da gravidade, para evitar o transborde nas calhas colectoras.

47
4.2.3.Filtros

O sistema de filtros é constituído de uma rede metálica com espaçamento entre as


barras de 0.5cm, igual a ilustrada na figura 6.

Cada rede metálica tem comprimento 40m e largura de 0.15m, o que corresponde a
6 m2 de área. Porque a rede metálicas estará instaladas sobre as calhas junto a cobertura,
implica a existência de 4 redes. Uma em cada extremidade dos dois edifícios, para evitar
a entrada de materiais grosseiros como ramos de árvores e folhas.

Multiplicou-se o número de redes filtrantes pela área de cada rede e obteve-se 24


2
m de área total do equipamento para filtro.

A escolha deste tipo de filtro foi devido o objectivo de uso da água captada. Por
tratar-se de água para limpeza dos compartimentos, não há grandes exigências sobre a
qualidade da água. Basta apenas estar livre de materiais grosseiros, que podem em alguns
casos degradar-se e condicionar a existência de microrganismos ou ainda servir de habitat
para microrganismos.

Outra vantagem deste sistema é por ser simples, de fácil acesso e instalação, e a
limpeza pode ser feita manualmente por qualquer funcionário, a manutenção também é
simples. A função do filtro é de melhorar a qualidade da água á armazenar.

4.2.4.Descarte de primeira chuva

Aplicando a técnica DesviUFPE, desenvolvida pelo laboratório de engenharia


ambiental da Universidade Federal de Pernambuco, para desvio da primeira chuva.

Obteve-se 528 litros de água desviada, o que corresponde a 1 litro por metro
quadrado de área de cobertura.

Consequentemente o comprimento de tubo para o desvio de primeira chuva de 72


m com diâmetro de 100mm. As dimensões foram obtidas a partir da área de captação do
centro de saúde, que é de 528m2.

Os tubos usados no desvio são de PVC, devido a facilidade de aquisição e baixo


custo dos mesmos. A grande vantagem está na simplicidade de instalação e de custo
baixo, comparando com outros sistemas de desvio de primeira chuva
48
Na instalação do sistema DesviUFPE no centro de saúde 7 de Abril, o comprimento
do tubo calculado a cima foi dividido em dois, isso porque a área de captação é resultado
da adição da área de dois edifícios. Fixou-se 30m de tubo para o primeiro edifício e outro
42m para o segundo edifício, e depois da limpeza automática a água é canalizada para o
reservatório. A figura 12 ilustra o desvio de primeira chuva do sistema.

Figura 12: DesviUFPE do sistema


Fonte: Autor, 2016

Foram necessários 24 acessórios de conexão de diâmetro 100mm (16 Tês e 8


Cotovelos), para interligar os tubos, e uma torneira de passagem para esvaziar o desvio.
A água desviada é reaproveitada para rega.

4.3.Área de captação da chuva

A partir da planta de cobertura obtida na própria instituição, apresentada na Figura


13, obteve-se a área de projecção da cobertura passível de captação de água da chuva.

Por tratar-se de dois edifícios (bloco 1 e bloco 2) com dimensões quase iguais
variando apenas em 1.5 metros. Calculou-se a área de cobertura do primeiro edifício e do
segundo, e fez-se a adição das duas áreas.
49
Na figura abaixo estão as dimensões dos dois edifícios.

38 m Calha de PVC

BLOCO 1
6m

I= 0.5%

BLOCO 2
7.5m

I= 0.5%

40m

Figura 13: Planta de cobertura do centro de saúde 7 de Abril


Fonte: Modificado pelo autor, 2016

Na figura estão as dimensões dos dois edifícios que servem de área de captação do
sistema. A área é fundamental para dimensionar outros elementos do sistema.

A seguir é apresentado o valor da área total correspondente:

Área de bloco 1 = 38m x 6m = 228m2

Área de bloco 2 = 40m x 7.5m = 300m2

Área total de captação = 228m2 + 300m2 = 528m².

50
4.4.Dimensionamento do reservatório

Aplicando o método de Rippl para o dimensionamento do reservatório do sistema


de abastecimento de água de chuva da unidade sanitária do 7 de Abril, obteve-se os
resultados apresentados na tabela 15. Mensurou-se a produção mensal de chuva nos itens
4.4.2., a condição necessária para essa estimativa é as médias pluviométricas mensais.

4.4.1.Dados de precipitação

Com base nos dados meteorológicos fornecidos pelo Instituto Nacional de


Meteorologia (INAM), delegação de Manica, a partir da Estação Meteorológica,
localizada no aeroporto de Chimoio (ver anexo A), obteve-se as médias pluviométricas
mensais apresentadas no gráfico 2.

Média mensal pluviométrica dos anos de 1990 a 2015


300

250 239.76
Precipitação (mm)

200
162.45
150
118.65
100 85.69
69.97
59.06
50 38.96
10.83 14.45 10.9 16.42
5.13
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGS SET OUT NOV DEZ
meses do ano

Gráfico 2: Medias pluviométricas mensais do município de Chimoio


Fonte: INAM, 2016

Observa-se no gráfico que os meses entre Abril á Outubro são os meses que
apresentam os menores índices pluviométricos, e o mês de Janeiro é o que apresenta
maior índice pluviométrico e o mês de Agosto, o menor. Estas médias são usadas como
dado de entrada para o cálculo da produção volumétrica de chuva no sistema de
aproveitamento de água de chuva do centro de saúde 7 de Abril.

51
4.4.2.Produção mensal de Chuva

Utilizando a equação proposta por DE LIMA, et al. (2011), equação 14 ao calcular-


se os volumes mensais possíveis de captar no sistema. Obteve-se os valores da tabela 12.

As variáveis adoptadas para atenção dos valores da tabela foram o coeficiente de


escoamento superficial igual a 0.81, área de captação igual a 528m2 e as médias mensais
de precipitação dos anos de 1990 á 2015 apresentadas no gráfico 2.

Tabela 12: Produção mensal de chuva em m3


Meses Volume de chuva (m3)
Janeiro 103
Fevereiro 69
Março 51
Abril 25
Maio 2
Junho 5
Julho 6
Agosto 5
Setembro 7
Outubro 16
Novembro 30
Dezembro 37
Fonte: Autor, 2016

O mês de Janeiro apresenta maior produção devido a elevada quantidade de


precipitação registada nesse período. O inverso acontece no mês de Maio. As diferenças
na produção de chuva, é devido a variação da precipitação durante o ano.

4.4.3.Metodo de Rippl

Os dados de entrada usados no dimensionamento do reservatório são:

 Média anual de chuva = 69.355 mm (Chimoio)

 Demanda de água para limpeza = 20.425 m³/mês

 Área de captação de chuva = 528 m²

Depois da inserção dos dados mencionados, na coluna 7 (C7) é onde se teve valores
para a determinação do volume do reservatório, o maior valor deve ser adoptado como o
volume do reservatório do sistema. Conforme os resultados da tabela 13.
52
Tabela 13: Dimensionamento do reservatório pelo método de Rippl
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7
Meses Chuva Demanda Área de Produção Demanda – Somatório
média constante captação mensal de Produção dos valores
mensal mensal chuva positivos da
coluna 6

(mm) (m3) (m2) (m3) (m3)


Janeiro 239.76 20.425 528 103 -82.575 0
Fevereiro 162.45 20.425 528 69 -48.575 0
Março 118.65 20.425 528 51 -30.575 0
Abril 59.06 20.425 528 25 -4.575 0
Maio 5.13 20.425 528 2 18.425 18.42
Junho 10.83 20.425 528 5 15.425 33.845
Julho 14.45 20.425 528 6 14.425 48.27
Agosto 10.9 20.425 528 5 15.425 63.695
Setembro 16.42 20.425 528 7 13.425 77.12
Outubro 38.96 20.425 528 16 4.425 81.545
Novembro 69.97 20.425 528 30 -9.575 71.975
Dezembro 85.69 20.425 528 37 -16.575 55.4
3
Volume do reservatório (m ) 81.5

Fonte: Adaptado de ANNECCHINI, 2005

Com referência a coluna 3 (C3), a demanda de 20.4m³/mês foi adoptada pelo


consumo real de água para limpeza do centro de saúde, conforme verificações e cálculos
já realizados no item 4.1. O volume total da demanda em um ano deve ser menor ou igual
ao volume total de chuva da coluna 5 (C5), que é em média 27 m³/mês. Como já visto
acima, a quantidade total de chuva a ser aproveitada é conseguida pelo resultado da
equação: Precipitação x Área de captação x Coeficiente de escoamento dividido por
1000.

Na coluna 4 (C4), temos a área de 528m², referente aos dois edifícios do centro de
saúde já existentes, conforme figura 13.

Na coluna 6 (C6), estão as diferenças entre os volumes da demanda e os volumes


de chuva mensais (coluna 3 menos coluna 5). Sinal negativo indica que houve excesso de
água jogada fora pelo transbordo, e o sinal positivo indica que a demanda foi maior que a
água disponível. O volume máximo projectado é de 81.5m³, no mês de Outubro. Portanto
53
para regularizar uma demanda constante de 20.4m³/mês e para que não falte água de
chuva disponível para limpeza, o reservatório deve ter 81.5m³ de capacidade.

Constata-se ainda, que a maior parte dos volumes resultantes desse


dimensionamento não é preenchidos totalmente com água de chuva. Visto que esse
sistema capta, em média, 30m³ de chuva por mês, tendo a sua produção máxima em
Janeiro, quando esse volume passa a ser de, aproximadamente, 103m³. Implicando que
em media 51.5m3 não são preenchidos.

Isso ocorre porque o método de Rippl determina o limite máximo do reservatório,


para que não haja transborde durante o período de maior chuva e garantindo a existência
de água no período de maior estiagem.

O gráfico 3 apresenta o balanço hídrico do sistema. Mostra a demanda constante de


água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril e a produção de chuva do sistema
dimensionado pelo Método de Rippl.

Balanço hídrico do sistema


120

100

80
volume (m3)

Demanda constante
60 mensal (m3)
Produção mensal de
40 chuva (m3)

20

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 3: Balanço hídrico do sistema dimensionado pelo método de Rippl, para a demanda calculada do
centro de saúde

Fonte: Autor, 2016


54
Neste gráfico ficam claros os períodos em que a demanda é suprida na sua
totalidade pela água da chuva, e os períodos em que não é suprida a demanda. No gráfico
nota-se que do mês de Maio a Outubro a demanda não é suprida, isso implica que a
metade do ano a produção de chuva não atende as necessidades. Em contrapartida a outra
metade do ano de Novembro a Abril, a produção excede a quantidade demandada.
Implica mais reserva para o período em que a produção é menor.

O maior período do ano o reservatório de 81.5 m3 não estará preenchido, isso


devido a baixa produção de chuva em alguns meses. O método de Rippl determina 81.5
m3 com limite máximo, mais na realidade apenas no mês de Janeiro que a produção de
chuva preenche na totalidade o reservatório.

Visando a redução do custo de implantação do sistema, reduziu-se a metade o


volume total do reservatório, em vês de 81.5 m3 adoptou-se um reservatório de 40 m3.

Com um reservatório de 81.5 m3 o custo do sistema é de 423.477,46 meticais. Por


outro lado adoptando um volume de 40 m3 para o reservatório, economiza-se 175.894,73
meticais no custo total do sistema, passando a ser de 247.582,73 meticais.

Fica claro que com a redução do volume do reservatório os custos de implantação


do sistema reduzem consideravelmente. No sistema de aproveitamento de água de chuva
o reservatório é o item mais dispendioso. O factor economia é um dos mais importantes a
se ter em conta no sistema.

Além dos motivos mencionados a cima, a estética e ocupação de menos espaço


favorecem a adopção do reservatório de 40 m3, porque esse ocupa menos espaço, e
necessita de menos material para assenta-lo.

O volume não aproveitável da água de chuva, será lançado na rede de irrigação do


jardim, desde que não haja perigo de contaminação do aquífero. A descarga de fundo do
reservatório será feita por gravidade.

A água reservada será protegida contra a incidência directa da luz solar, bem como
de animais que possam entrar no reservatório através da tubulação de recalque para evitar
contaminação.

O gráfico 4, ilustra os períodos em que o reservatório de 40 m3 estará preenchido.


55
Balanço do Reservatório de 40 m3
120
Volume do Reservatorio (m3)

100

80 Volume do
reservatorio
60 (m3)
40 Produção
mensal de
20 chuva (m3)

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gráfico 4: Balanço do reservatório de 40m3

Fonte: Autor, 2016

Ao adoptar-se um reservatório de 40 m3, aumenta-se para quatro o número de


meses que o reservatório funciona com a capacidade máxima. Esses meses são Janeiro,
Fevereiro, Março e Dezembro, implicando água suficiente para suprir as necessidades
mensais de limpeza, e mais 20 m3 extras para serem usados nos meses de Maio, Junho,
Julho, Agosto e Setembro. Meses em que a produção de chuva é inferior a demanda.

4.5.Análise económica

Com o actual sistema de abastecimento de água do centro de saúde 7 de Abril, os


gastos para suprir as necessidades de uso da água são descritos a seguir:

O sistema de abastecimento funciona na base de uma bomba submersível que esta


ligada a corrente eléctrica. A bomba tem 1.1 Kw de potência, e gasta perto de 1.1 KWh
em cada hora de funcionamento. De acordo com a tarifa cobrada pela EDM, implica um
gasto de 4,10 meticais por hora.

A electrobomba funciona em média 11 horas diárias para abastecer o tanque de 10


000 litros. Em um dia gasta-se 45,01 meticais para satisfazer as necessidades de água no
hospital.
56
Em um mês o custo de funcionamento da electrobomba, chega a 1.353,00 meticais,
e num ano aproximadamente igual a 16.236,00 meticais. Dos 10 000 litros diários
demandados no centro de saúde, apenas 681 litros são usados para a limpeza. Numa
abordagem mensal, a bomba funciona aproximadamente 330 horas para produzir 300000
litros de água, dos quais 20425 litros são necessários para suprir a demanda para limpeza
da unidade sanitária.

Para atender a demanda mensal de água para limpeza, a electrobomba funciona 23


horas por mês, gerando um consumo de 25.03 KWh e um custo mensal de 94,03
meticais. Em um ano 1.131,06 meticais são gastos para ter água de limpeza.

A tabela 14, ilustra o custo para atender a demanda mensal de água para limpeza
com o sistema de abastecimento actual.

Tabela 14: Custo para suprimento da demanda mensal de água para limpeza
Tempo de operação Volume de água Consumo de corrente Custo de operação
da bomba (h) produzido (L) eléctrica (KWh) (MZM)
23 20425 25.03 94,03
Fonte: Autor, 2016

1.353,99 meticais por mês são gastos quando a electrobomba produz 300 000 litros,
incluindo a água para limpeza.

Com a implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva, a produção


mensal da electrobomba, reduz para 279 575 litros, consequentemente reduzindo para
1.261,81 meticais por mês os gastos com pagamento de energia.

Portanto com o sistema economizou-se 20425 litros de água por mês, que
corresponde a 94,03 meticais a menos na conta de energia.

Este valor é resultado da subtracção do custo por operação mensal da bomba para
atender os 300 000 litros, com o custo de operação quando a bomba funciona para
atender as necessidades mensais excluindo a quantidade de água usada para limpeza.

O sistema de aproveitamento de água de chuva do centro de saúde 7 de Abril, reduz


em 7 % os gastos mensais em pagamento de corrente eléctrica para funcionamento da
electrobomba.

57
4.5.1.Período de retorno

Os dados de entrada da função NPER do Microsoft Excel, foram:

O valor total gasto com o sistema de aproveitamento de água de chuva foi de


247.582,73 meticais. É importante lembrar que não foi considerado o valor de mão-de-
obra.

No sistema não existem bombas de sucção de água, os tanques estão posicionados


de forma que a água, ao descer pelo condutor vertical entre por gravidade. A saída
também é pela acção de gravidade, uma torneira embutida no fundo do tanque será o
canal de saída. A ausência de fontes de energia para o funcionamento do sistema, garante
que não hajam gastos operacionais.

O valor da economia mensal com o sistema é de 94,03 meticais, este é o valor de


amortização mensal. O valor disponível é de 1.353,99 meticais, correspondentes ao
pagamento mensal de água no centro de saúde 7 de Abril. A taxa de juros que foi
estabelecida como sendo um valor igual ao da poupança, foi de 0.5% ao mês. O tipo será
de pagamento no inicio do período.

A tabela 15 mostra os dados de entrada da função NPER do Microsoft Excel,


utilizados no cálculo do período de retorno do investimento do sistema.

Tabela 15: Dados de entrada da função NPER do Microsoft Excel


Dados de entrada Valores
Taxa de juro 0.50%
Pagamento em cada período 94.03
Valor actual disponível 1353.99
Valor futuro 247582.78
Tipo Pagamento no início do período
Fonte: Autor, 2016

Com a aplicação da função, o programa determinou um período de retorno de 517


meses, o que totaliza 43 anos. Este período foi determinado quando o valor gasto com o
sistema foi completamente sanado com a economia que se tem somando a energia
eléctrica gasta, ou seja, quando o valor futuro foi zero, considerando a taxa de 0,5% ao
mês.

58
O período de retorno de ponto de vista económico, tende a parecer muito longo.
Este tempo para o retorno do investimento é devido o inferior valor de amortização
mensal. A amortização é apenas o valor economizado com o sistema. Com o sistema
economiza-se 1.128,36 meticais por cada cano. Há quem pode achar que esse valor seja
pouco, mais na verdade os benefícios ambientais que são ganhos com a implantação de
um sistema de aproveitamento de chuva são inúmeros.

De ponto de vista ambientalista, o sistema é super viável, uma vez que serão
poupados 20 425 litros de água por mês no aquífero. Os projectos com causas ambientais
geralmente, tem períodos de retorno longo. Com o sistema implementado, não corremos
o risco de possíveis problemas de abastecimento de água para limpeza, caso a quantidade
ou qualidade de água do aquífero baixe. Este risco também é evitado quando a
electrobomba avaria.

A parte económica é para despertar a atenção dos gestores das organizações, que é
possível implementar projectos ambientalistas sem implicar prejuízos económicos.

4.6.Esquema do sistema
O esquema do sistema de aproveitamento de água de chuva do centro de saúde 7 de
Abril, está representado nas figuras abaixo.

Figura 14: Esquema do sistema, vista frontal


Fonte: Autor, 2016
59
Na figura 14, esta representada nas paredes laterais do centro de saúde, o sistema de
calha, condutores horizontais e verticais, o desvio de primeira chuva e os dois
reservatórios de 20 m3 cada.

Figura 15: Esquema do sistema, vista da lateral


Fonte: Autor, 2016

Na figura 15, esta ilustrada a vista do sistema pela lateral, é possível ver a calha,
condutores, conduta de descarte da primeira chuva, desta posição é possível observar
apenas um reservatório.

60
CAPÍTULO V - CONCLUSÃO E SUGESTÕES

5.1. Conclusão

Com a elaboração do trabalho, constatou-se que a água da chuva tem importante


papel na sociedade actual, visto que ela pode ser aproveitada para fins que não
necessitam de água potável, reduzindo assim o custo na água tarifada.

Este trabalho alcançou o objectivo proposto de dimensionar um sistema de


aproveitamento de água de chuva no Centro de Saúde 7 de Abril para minimizar os
custos com energia fornecida a electrobomba, no qual foi estimado o consumo médio
mensal de água para limpeza, dimensionados os condutores de água, as calhas, a área de
captação e o volume do reservatório, também foi feita a analisar da viabilidade
económica do sistema e por fim o esquema do sistema. Tendo em conta os objectivos
traçados conclui-se que:

A demanda de água para limpeza no centro de saúde 7 de Abril, é de 20 425 litros


por mês, isso devido a elevada frequência de limpeza ao longo da semana, e a maior área
de alguns compartimentos.

Com o caudal do projecto de 401,1L/min, as dimensões para a calha foram


arbitradas para que a altura da lâmina de água atingisse dois terços da altura da calha,
como margem de segurança, o comprimento da calha foi de 156m.o condutor vertical
teve um diâmetro de 60mm com o comprimento total de 10 metros. Adoptou-se 100mm
para o condutor vertical, porque no centro de saúde já existiam condutores deste
diâmetro, a adopção destes condutores não interfere na eficiência do sistema. Pelo
método da tabela, o condutor horizontal teve um diâmetro de 150mm com o comprimento
total de 27 metros.

A área total do telhado de captação de água de chuva é de 528 m2, esse valor é
resultante do somatório das áreas dos dois edifícios existentes no centro de saúde.

O volume do reservatório aplicando o método de Rippl foi de 81.5 m3, visando a


redução do custo do sistema, adoptou-se um reservatório de 40 m3. O reservatório de 81.5
m3 não estaria com a sua capacidade preenchida durante a maior parte do ano, isso
porque o método usado para dimensionar o reservatório, fornece o limite máximo de
61
volume do reservatório de acordo com o mês de maior produção de chuva. Adoptando o
reservatório de 40 m3, reduz-se a metade os gastos com o reservatório, alem do mais,
garante que a sua capacidade máxima seja preenchida em pelo menos quatro meses do
ano. Esta alteração no volume do reservatório condicionara transborde nos meses de
Janeiro e Fevereiro, mais esses danos são considerados menores uma vez que a água será
usada para recarga do aquífero. O reservatório de 40 m3 atende com folga a demanda
mensal de água para limpeza no centro de saúde.

O valor mensal economizado pela implementação do sistema é de 94,03 meticais,


resultante de uma economia de corrente eléctrica de 25.03 KWh. Para instalar o sistema
foram necessários 247 582.78 meticais. E com base no custo de implementação do
sistema, valor economizado mensal com operação do sistema, aplicando uma taxa de
0.5%, usando a função NPER, foi possível saber período de retorno do investimento, o
que correspondeu a 517 meses, totalizando perto de 43 anos.

Com o sistema, 7 % dos gastos mensais em pagamento de corrente eléctrica para


funcionamento da bomba que fornece água são reduzidos.

Este trabalho mostrou ser viável tecnicamente a implantação de um sistema de


aproveitamento da água da chuva no centro de saúde 7 de Abril, porém deixa dúvidas em
relação à sua viabilidade económica, devido ao tempo de retorno do investimento para a
implantação do sistema ser de 43 anos, o que pode ser caracterizado como um período
relativamente longo.

O período de retorno se deve em maior parte ao custo do reservatório. Portanto,


sugere-se para futuros trabalhos académicos, um estudo que permita a elaboração de um
sistema que se torne mais viável financeiramente, utilizando diferentes métodos para
obtenção do volume do reservatório, ao invés do método de Rippl. Alem da questão
económica, a utilização de sistemas de aproveitamento de água de chuva, para o centro de
saúde 7 de Abril, deve ser encarada no âmbito, da nova tendência de crescimento
impulsionada pela abordagem ambientalista, que visa incutir a sustentabilidade ambiental
em praticamente todas as actividades exercidas pelo homem. Neste sentido, os benefícios
ambientais do sistema é que devem estar em destaque.

62
5.2. Sugestões

Com base nos resultados obtidos, no dimensionamento do sistema de aproveitamento


de água de chuva do centro de saúde 7 de Abril, sugere-se:

Aos académica, a realizar estudo de dimensionamento de reservatórios para


aproveitamento de água de chuva, usando outros métodos, para chegar-se a um método
mais próximo a realidade Moçambicana; realizar estudos para estimar o consumo de água
não potável de uma forma mais precisa; e aplicar o métodos descritos neste trabalho em
outras cidades.

Ao Centro de saúde 7 de Abril, que se crie um plano de gestão da água existente,


visando a redução do desperdício.

63
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABNT NBR 10844. Instalações prediais de águas pluviais, 1989.

2. AGÊNCIA Nacional de Águas - ANA. Conservação e reuso da água em


edificações. São Paulo, 2005.

3. ANNECCHINI, K. P. V. Aproveitamento da Água da Chuva Para Fins Não


Potáveis na Cidade de Vitória (ES). Vitória, 2005.

4. DE PAULA, H. M. Sistema de aproveitamento de água de chuva na cidade de


Goiânia: avaliação da qualidade da água em função do tempo de detenção no
reservatório. Goiás, 2005.

5. DYER, R. Promotion of rainwater catchment in southern Africa: conferência


internacional sobre sistemas de captação de água de chuva. Embrapa, 1999.

6. DORNELLES, F. Aproveitamento de água de chuva no meio urbano e seu efeito


na drenagem pluvial. Porto Alegre, 2012.

7. FENDRICH, R.; OLIYNIK, R. Manual de Utilização das Águas Pluviais: Livraria


do CHAIN Editora. Curitiba – Paraná, 2002.

8. FEWKES, A. The use of rainwater for WC flushing: the field testing of a


collection

system. Building and Environment, 1999.

9. GNADLINGER, J. Colheita de água de chuva em área rurais. IRPAA. Juazeiro.


Palestra proferida no 2º Fórum Mundial da Água. Holanda, 2000.

10. GAVAZZA, S. desviUFPE: Laboratório de Engenharia Ambiental. Brasil, 2015.

11. HEYWORTH, J.S.; Maynard, E.J.; Cunliffe, D. Who consumes what: potable
water consumption in South Australia. Australia, 1998.

12. LOPES, F. H. Y. Estudo comparativo entre equações de chuvas para o município


de Joinville. Joinville, 2006.

13. MAY, S. Estudo de Viabilidade do aproveitamento de água da chuva para


consumo não potável em edificações. São Paulo, 2004
64
14. NBR 15527: Água de chuva -Aproveitamento de em coberturas em áreas
urbanas para fins não potáveis -Requisitos. 2007.

15. NÓBREGA, R. L. B. Projecto de sistemas de aproveitamento de água de chuva.


Campina Grande, 2009

16. NOSÉ, D. Aproveitamento de águas pluviais e reúso de águas cinzas em


condomínios residenciais. São Paulo, 2008.

17. OLIVEIRA, L. H.; ILHA, M. S. O.; GONÇALVES, O. M.; YWASHIMA, L.; REIS,
R. P. A. Levantamento do Estado da Arte: Água. Projecto Tecnologia para Construção
Habitacional Mais Sustentável. São Paulo, 2007.

18. PALMIER, L. R. Perspectivas da aplicação de técnicas de aproveitamento de


água em regiões de escassez. Iguaçu. 2001

19. PORTO, V. C.; NEGREIROS, M. Z. de; BEZERRA NETO, F.; NOGUEIRA, I. C. C.


Fontes e doses de matéria orgânica na produção de alface. 1999.

20. SEARNET. Southern an Eastern Africa Rainwater harvesting network – About


Searnet. Disponível em: http://www.searnet.org/about.asp. Acesso em 13/11/2015.

21. SEMPRESUSTENTAVEL. Aproveitamento de água de chuva de baixo custo


para residências urbanas. Brasil, 2013.

22. SILVA, D. F. R. Aproveitamento de água de chuva através de um sistema de


colecta com cobertura verde. Rio de Janeiro, 2014.

23. TESTON, A. Aproveitamento de água da chuva: um estudo qualitativo entre os


principais sistemas. Curitiba, 2012

24. THOMAS, T. Domestic roof water harvesting in the tropics. Mexico, 2003

25. TOMAZ, P. Água de Chuva. 4. Ed. Navegar Editora: São Paulo, 2011.

26. TOMAZ, P. Aproveitamento de água de chuva para áreas urbanas e fins não
potáveis. São Paulo: Navegar Editora, 2003.

27. TOMAZ, P. Previsão de consumo de água. São Paulo: Navegar Editora, 2000.

65
28. UNIVERSIDADE ZAMBEZE. Normas para apresentação de trabalho
Científicos, Beira, Moçambique, 2012.

29. VERDADE J. H. Aproveitamento de água das chuvas e reutilização de águas


cinzentas. Brasil, 2008

30. WERNECK, G. A. M. Sistemas de utilização da água da chuva nas edificações.


Rio de Janeiro, 2006.

66
APÊNDICES

APÊNDICE I

CARTA DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) Senhor(a)

Sou Manuel Mário Nazaré estudante finalista da Universidade Zambeze, Faculdade de


Engenharia Ambiental e de Recursos Natural, sedeada no município de Chimoio,
pretendo realizar uma pesquisa relacionada a matéria de gestão de recursos hídricos,
voltada ao aproveitamento de água de chuva, o objectivo da pesquisa é projectar um
sistema de aproveitamento de chuva no centro de saúde 7 de Abril, de modo a reduzir os
custos gastos com uso da água potável para fins que não necessitam exactamente água
potável.

Conto com a sua colaboração para a efectiva realização desta pesquisa respondendo a
este questionário. Nesse sentido, quero expressar aqui, que eu me responsabilizo em lhe
informar sobre os resultados da pesquisa. Reforço ainda que a identidade do participante
da pesquisa será preservada e as informações obtidas terão destinação unicamente
científica.

Portanto, solicito o seu aceite em participar dessa actividade, bem com a sua
concordância na divulgação dos resultados e das conclusões da pesquisa.

Nesse sentido, antecipadamente agradeço.

Atenciosamente,

Manuel Mário Nazaré

Aceito participar desta pesquisa, como também

Concordo com a divulgação dos seus resultados.

Assinatura do(a) participante da pesquisa

Chimoio, aos____de ______________ de 2016

67
APÊNDICE II

QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS FUNCIONÁRIOS DO CENTRO DE SAÚDE 7


DE ABRIL

A finalidade do questionário é de recolher dados que auxiliaram na realização do


trabalho que tem como tema Sistema de Aproveitamento de Agua de Chuva - estudo
de caso Centro de Saúde 7 de Abril.

A participação é do consentimento livre, anónima e é garantido a confidencialidade


dos dados fornecidos.

Atenção: Marque X os espaços entre parentes e escreva as respostas nas


reticências

1.Quais são os dias que se verifica enchentes no hospital?


………………………………………………………………………………………….
2.Quais são os tipos de enfermidades mais frequentes?
………………………………………………………………………………………….
3.O hospital tem capacidade de internamento?
………………………………………………………………………………………….
4.Existe algum programa de gestão da água no hospital?
………………………………………………………………………………………….
5.Quais são as fontes de abastecimento de água no hospital?
………………………………………………………………………………………….
6. A água fornecida ao hospital satisfaz as necessidades diárias? Sim ( ) Não ( )
7. Existem sectores prioritários no uso da água? Sim ( ) Não ( )
8. A água fornecida serve para todos os fins? Sim ( ) Não ( )
9. Existe outras fontes alternativas de fornecimento de água? Sim ( ) Não ( )
10. Faz-se a reutilização da água no hospital? Sim ( ) Não ( )
11. Quais os sectores que dependem da água para o seu funcionamento?
………………………………………………………………………………………………
12. Quais os sectores que não necessitam exactamente de água potável para o seu
funcionamento?
………………………………………………………………………………………………
13. Quantas casas de banho existem no hospital?
………………………………………………………………………………………………
14. As casas de banhos existentes têm vasos sanitários com sistema de autoclismo ou são
latrinas melhoradas?
68
………………………………………………………………………………………………
15. Quantos utentes usam as casas de banho diariamente?
…………………………………………………………………………………………….
16. Quantos funcionários (enfermeiros, assistentes, técnicos, CTA, etc.) existem no
centro de saúde?
………………………………………………………………………………………………
17. Qual a quantidade de água gasta na limpeza?
…………………………………………………………………………………………….
18. O sistema de abastecimento de água actual tem funcionado sem avarias?
………………………………………………………………………………………………
19. Qual a frequência de limpeza do centro sanitário?
………………………………………………………………………………………………
20. Qual o custo em electricidade por metros cúbicos de água consumida?
………………………………………………………………………………………………
21. Qual a frequência de limpeza das casas de banhos?
………………………………………………………………………………………………
22. Qual a quantidade de água gasta na limpeza das casas de banhos?
………………………………………………………………………………………………
23. Quantos compartimentos existem do hospital?
………………………………………………………………………………………………
24. Como é feita a limpeza no hospital?
………………………………………………………………………………………………
25. Quem são as pessoas responsáveis pela limpeza no hospital?
………………………………………………………………………………………………
26. Qual a frequência de limpeza e quantidade de água gasta por compartimento?
………………………………………………………………………………………………

Muito obrigado pela colaboração

Chimoio, aos ……./………/…………

69
Anexo I

Dados de precipitação do município de Chimoio de 1990 á 2015

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1990 358.4 167.2 69.3 57.6 25.2 7 13.3 27.8 30.2 13.6 58.9 107.1
1991 19.7 130 151.1 23.7 6.2 1.8 0.8 11.5 13.6 9.9 161.7 70.5
1992 97.1 9.9 54.2 32.2 4.2 25.6 6.5 13 0.6 1.7 74 243.5
1993 290.5 271.2 48 54.3 2 7.1 38.8 17.7 30.5 9.4 99.5 195.5
1994 201.7 77.8 74.9 31.5 16.9 4.1 0.1 1.4 31.3 118 8 246.1
1995 195.2 55.6 75.5 31.3 33.7 2.2 28.6 23.5 ----- 26 31.9 280.9
1996 437.9 214.8 53.6 83.2 70.1 24.3 22 13 4.7 6.5 134.8 92.4
1997 547.4 388.6 161.3 120.9 0.5 0.1 25.1 0.1 114.8 93.4 106.4 165.4
1998 255.1 115.1 127.4 18.8 0.3 12.5 27.4 9.3 24 120.5 108.2 237.1
1999 331 346.1 174.1 74.2 12.1 4.4 25.3 48.9 7.1 14 113.4 39.3
2000 276.6 247.4 194.8 63.4 16.1 47.5 22.8 19.9 10.4 50 112 221.3
2001 185.9 380.5 379.3 58.6 16 21.5 33.4 5.2 3.1 47.8 117.6 27.1
2002 160.1 66.9 61.2 81.3 9.2 21.9 4.9 25 24.4 81.9 97.8 53.5
2003 72.7 89.7 229.2 21.7 39.5 35 4.5 2.1 26.4 49.9 58.6 42.8
2004 347.9 171.7 173.6 63.2 4 4 12.5 7.5 1.5 67.2 23.8 93.2
2005 218.5 194.5 35.5 61.1 32.4 13.1 3.5 0 0.2 19 80.5 378.2
2006 180.8 29.3 199.4 28.1 9.2 0.2 10.1 13.3 0 13.6 24.1 38.5
2007 276.4 12.2 13.6 23 0.3 6.6 1 11.5 12.7 18.1 119.8 456.6
2008 314.7 68.2 58.8 5.6 5 0.6 2.4 12.6 7.4 9.7 46 409.7
2009 234.4 137.4 125.1 52.9 3 33.3 39.5 4.6 11.8 38.8 51.4 108.2
2010 52.4 377.7 129.4 91.9 19.3 3.8 19 0 16.8 1.5 78.6 239.8
2011 304.7 48.3 56.2 164 1.1 1.1 7.1 0.5 18.3 86.9 66 246
2012 83 130.2 258.4 22.5 14.4 1.9 0 0.7 10.3 61.9 ------ 78.7
2013 447.2 96.1 95.2 67.1 36.9 0 21.3 12 3.9 44.8 35.2 284.4
2014 209.3 207.6 39.6 173.2 14.4 ----- 5.8 2.3 5.8 8.6 11.2 472.2
2015 135.4 189.9 46.2 30.4 1.4 2.2 ----- 0 17.2 0.4

70
1

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