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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS


CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA ESTACÃO DE TRATAMENTO DE


ÁGUAS RESIDUAIS DO SONGO

DIRCEU DO ROSÁRIO MIGUEL FEIJÃO

CHIMOIO, 2017
UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS RECURSOS NATURAIS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA ESTACÃO DE TRATAMENTO DE


ÁGUAS RESIDUAIS DO SONGO

DIRCEU DO ROSÁRIO MIGUEL FEIJÃO

Trabalho de Conclusão do Curso (Monografia)


submetida à Faculdade de Engenharia Ambiental e
dos Recursos Naturais da Universidade Zambeze,
Chimoio, em parcial cumprimento dos requisitos
para a obtenção do grau de Licenciatura em
Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais.

Orientador: Engo. Geraldo Luís Charles De Cangela, MSc


Co-orientador: Engo. Júlia Gaspar, MSc

CHIMOIO, 2017
DECLARAÇÃO

Eu Dirceu do Rosário Miguel Feijão, declaro que este Trabalho de Conclusão de


Curso (Monografia) é resultado do meu próprio trabalho e esta a ser submetido para a
obtenção do grau de Licenciatura na Universidade Zambeze, em Chimoio. Ele não foi
submetido antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em nenhuma outra
Universidade.

_____________________________________________________
(Dirceu do Rosário Miguel Feijão)

Chimoio, ________de _________________________de 2017

I
DEDICATÓRIA

Com todo amor que dia após dia


têm me demonstrado, dedico este trabalho:
Ao Senhor meu Deus todo-poderoso;
Aos meus pais Rosário Feijão e Judite Miguel;
Aos meus irmãos Elzo Brito Feijão, Airoso Feijão, Miguel Feijão, Márcio Feijão
e a minha querida irmã Melissa Feijão.

II
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao
longo da minha vida, e não somente nestes anos de universitário, mas que em todos os
momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.
A Universidade Zambeze, em particular a Faculdade de Engenharia Ambiental e
dos Recursos Naturais, direcção e administração que oportunizaram a janela que hoje
vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética
aqui presentes.
Ao meu orientador Engo Geraldo Luís Charles De Cangela, MSc e a minha co-
orientadora Engo. Júlia Gaspar, MSc, agradeço pela dedicação, paciência e incentivo na
orientação, para que se tornasse possível a conclusão deste trabalho. Aos professores da
Faculdade de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais em particular aos do
Departamento de Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais, por me proporcionar
o conhecimento não apenas racional, mas a manifestação do carácter e afectividade da
educação no processo de formação profissional, por tanto que se dedicaram a mim, não
somente por terem me ensinado, mas por terem me ensinado, mas por terem me feito
aprender. A palavra mestre, nunca fará justiça aos professores dedicados aos quais sem
nominar terão os meus eternos agradecimentos.
Aos meus pais Rosário Feijão e Judite Miguel, pelo amor, incentivo e apoio
incondicional, e que apesar de todas dificuldades me fortaleceram. Obrigado aos meus
irmãos Elzo Brito, Airoso, Miguel e Márcio, a minha querida irmã Melissa que nos
momentos de minha ausência dedicados aos estudos, sempre fizeram entender que o
futuro é feito a partir da constante dedicação no presente! Obrigado aos meus tios e
primos pelo apoio e contribuição valiosa.
Aos meus colegas e amigos Leonel Mesa, José Bumbua, Rita Rodrigues, Edna
Carlos, Clerce Mapure, Élson dos Santos, Júlio Andrigo, Leopoldina Pereira, Axel
Conrado, Xarifo Ibrangi, Rodolfo de Carvalho, Edson Gonçalo, Clédio Cuambe,
Antunes Foia, Tiago Aleixo, Ercília Mapure, Enia, Edson Bauque e Cármen Zunguze.

III
“A mudança não virá, se

esperarmos por outra pessoa ou

outros tempos. Nós somos aqueles por quem

estávamos esperando. Nós somos a mudança que procuramos.”

Barack Obama, (2008)

“A Maior desgraça de uma

nação pobre é que em vez de

produzir riqueza, produz ricos.”

Mia Couto, (2009)

IV
SUMÁRIO

DECLARAÇÃO ................................................................................................................ I
DEDICATÓRIA .............................................................................................................. II
AGRADECIMENTOS ................................................................................................... III
SUMÁRIO .......................................................................................................................V
RESUMO ........................................................................................................................ VI
ABSTRACT...................................................................................................................VII
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. VIII
LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................................. IX
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS..................................................................... XI
CAPITULO I – INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1
1.1.Contextualização ......................................................................................................... 1
1.2.Justificativa ................................................................................................................. 2
1.3.Problematização .......................................................................................................... 2
1.4.Hipótese ...................................................................................................................... 3
1.5.Objectivos ................................................................................................................... 3
1.5.1.Objectivo Geral ........................................................................................................ 3
1.5.2.Objectivos Específicos ............................................................................................. 3
CAPITULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................... 4
2.1.Águas Residuais .......................................................................................................... 4
2.1.1.Classificação das águas residuais............................................................................. 4
2.1.2.Características típicas de efluentes domésticos ....................................................... 4
2.2.Tratamento de Águas Residuais.................................................................................. 5
2.2.1.Níveis de tratamento de águas residuais .................................................................. 5
2.2.1.1.Tratamento Preliminar ou Pré-tratamento ............................................................ 5
2.2.1.2.Tratamento Primário ............................................................................................. 6
2.2.1.3.Tratamento Secundário ......................................................................................... 6
2.2.1.4.Tratamento Terciário ............................................................................................ 7
2.2.1.5.Tratamento de Lamas ............................................................................................ 7
2.3.Características do Efluente e Parâmetros .................................................................... 9
2.3.1.Parâmetros químicos ................................................................................................ 9
2.3.1.1.Potencial hidrogeniónico - pH .............................................................................. 9
V
2.3.1.2.Oxigénio Dissolvido – OD.................................................................................. 10
2.3.1.3.Demanda Bioquímica de Oxigénio – DBO ........................................................ 10
2.3.1.4.Demanda Química de Oxigénio – DQO ............................................................. 11
2.3.1.5.Nitrogénio ........................................................................................................... 11
2.3.1.6.Fósforo ................................................................................................................ 11
2.3.2.Parâmetros físicos .................................................................................................. 12
2.3.2.1.Temperatura ........................................................................................................ 12
2.3.2.2.Sólidos ................................................................................................................ 12
2.3.2.3.Turbidez .............................................................................................................. 12
2.3.3.Parâmetros biológicos ............................................................................................ 13
2.3.3.1.Coliformes Totais................................................................................................ 13
2.3.3.2.Escherichia Coli .................................................................................................. 13
2.4.Legislação ................................................................................................................. 13
2.4.1.Legislação Moçambicana....................................................................................... 13
2.4.2.Legislação Portuguesa ........................................................................................... 15
CAPITULO III – METODOLOGIA .............................................................................. 16
3.1.Caracterização da Área de Estudo ............................................................................ 16
3.1.1.Localização da ETAR da vila do Songo ................................................................ 17
3.1.2.Caracterização da Estação de Tratamento de Águas Residuais do Songo............. 17
3.1.2.1.Descrição das componentes da ETAR do Songo – Funcionamento ................... 18
3.2.Classificação e natureza da pesquisa ........................................................................ 23
3.3.Técnicas e Métodos de Pesquisa ............................................................................... 23
3.4.Materiais e procedimentos metodológicos................................................................ 24
3.4.1.Materiais ................................................................................................................ 24
3.4.2.Analise do efluente bruto e tratado ........................................................................ 25
3.4.2.1.Colheita de amostras ........................................................................................... 25
3.4.2.2.Análises das amostras no laboratório .................................................................. 27
3.4.2.3.Tratamento de dados ........................................................................................... 27
3.4.3.Avaliação do cumprimento da legislação moçambicana e portuguesa .................. 28
3.4.3.1.Avaliação da eficiência de remoção da matéria orgânica e microrganismos
patogénicos .................................................................................................................... 28
CAPITULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 30
4.1.Analise do efluente bruto e tratado ........................................................................... 30
4.1.1.Potencial Hidrogeniónico – pH .............................................................................. 30
VI
4.1.2.Oxigénio Dissolvido – OD..................................................................................... 30
4.1.3.Demanda Bioquímica de Oxigénio e Demanda Química de Oxigénio ................. 31
4.1.4.Nitrogénio Total ..................................................................................................... 32
4.1.5.Nitrogénio Amoniacal ............................................................................................ 32
4.1.6.Fósforo Total.......................................................................................................... 33
4.1.7.Temperatura ........................................................................................................... 33
4.1.8.Sólidos Suspensos Totais (SST) e Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) .................. 33
4.1.9.Turbidez ................................................................................................................. 34
4.1.10.Organismos Patogénicos ...................................................................................... 35
4.2.Avaliação do nível de cumprimento da legislação moçambicana e portuguesa ....... 35
4.2.1.Potencial hidrogeniónico - pH ............................................................................... 35
4.2.2.Oxigénio Dissolvido – OD..................................................................................... 36
4.2.3.Demanda Bioquímica de Oxigénio – DBO ........................................................... 36
4.2.4.Demanda Química de Oxigénio – DQO ................................................................ 37
4.2.5.Nitrogénio Total ..................................................................................................... 38
4.2.8.Temperatura ........................................................................................................... 40
4.2.9.Sólidos Suspensos Totais – SST ............................................................................ 41
4.2.10.Sólidos Dissolvidos Totais – SDT ....................................................................... 41
4.2.11.Turbidez ............................................................................................................... 42
4.2.12.Organismos Patogénicos ...................................................................................... 42
4.2.13.Avaliação da eficiência de remoção da matéria orgânica e microrganismos
patogénicos .................................................................................................................... 43
4.2.13.1.Pré-tratamento ................................................................................................... 43
4.2.13.2.Tratamento Secundário ..................................................................................... 43
4.2.13.3.Tratamento Terciário ........................................................................................ 44
4.2.13.4.Tratamento Completo ....................................................................................... 44
4.3.Proposta de Melhorias............................................................................................... 44
CAPITULO V - CONCLUSÃO ..................................................................................... 46
5.Conclusão ....................................................................................................................46
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 48
ANEXO I ........................................................................................................................51
ANEXO II .......................................................................................................................55

VII
RESUMO
O crescimento populacional em centros urbanos gera uma grande procura no uso
da água que, consequentemente, é contaminada e lançada em corpos hídricos,
comprometendo a reutilização da mesma. Tais consequências justificam o tratamento
dos efluentes e a verificação de garantia de eficiência deste tratamento. Este trabalho
busca avaliar a eficiência da Estacão de Tratamento de Águas Residuais do Songo,
através da caracterização do efluente, verificação do cumprimento da legislação
moçambicana (Decreto no 18/2004) e portuguesa (Decreto-Lei no 236/98) e do
desempenho da Estacão de Tratamento de Águas Residuais na remoção de poluentes.
Durante 10 dias do mês de Dezembro de 2016 foram colhidas na Estacão de Tratamento
de Águas Residuais do Songo amostras de agua em 4 pontos e entregues ao laboratório
da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, onde foram realizadas as analises físicas, químicas e
microbiológicas do efluente. Os resultados apresentam valores no efluente bruto abaixo
do tipicamente encontrado em efluentes domésticos, com excepção do nitrogénio total e
amoniacal. O efluente tratado apresenta valores dentro dos padrões recomendado pelo
Decreto no 18/2004 e Decreto-Lei no 236/98. A Estacão de Tratamento de Águas
Residuais do Songo demostra um alto desempenho na remoção de poluentes em todos
os níveis de tratamento assim como a eficiência de remoção de poluente de toda Estacão
de Tratamento de Águas Residuais. A eficiência de remoção de poluentes em toda
Estacão de Tratamento de Águas Residuais foi de 78,14% de Demanda Biológica de
Oxigénio, 52,12% de Demanda Química de Oxigénio, 94,99% de Sólidos Suspensos
Totais, 85,57% de Nitrogénio Total, 98,66% de Nitrogénio Amoniacal, 100% de
Coliformes Totais e 94,83% de Escherichia Coli.

Palavras Chaves: Efluentes Doméstico, Tratamento de Águas Residuais, Eficiência.

VI
ABSTRACT
The population growth in urban centre’s, generates a great demand in the use of
the water that, consequently is contaminated and thrown in water bodies, jeopardizing
the reuse of the same one. These consequences justify the treatment of the effluents and
verification of guarantee of efficiency of this treatment. This work aims to evaluate the
efficiency of the Songo Wastewater Treatment Station through the characterization of
the effluent, verification of compliance with Mozambican legislation (Decree no.
18/2004) and Portuguese legislation (Decree-Law no. 236/98) and the performance of
the WWTP in the removal of pollutants. During 10 days of December 2016, 4-point
water samples were collected at the Songo Wastewater Treatment Station and delivered
to the Hidroeléctrica de Cahora Bassa laboratory, where the effluent analyzes were
performed. The results show values in the gross effluent below that typically found in
domestic effluents, with the exception of total and ammoniacal nitrogen. The treated
effluent presents values within the standards recommended by Decree no. 18/2004 and
Decree-Law no. 236/98. The Songo Wastewater Treatment Station demonstrates a high
performance in the removal of pollutants at all treatment levels as well as the pollutant
removal efficiency of all Wastewater Treatment Station.! The pollutant removal
efficiency at all WWTP was 78.14% Biological Oxygen Demand, 52.12% Chemical
Oxygen Demand, 94.99% Total Suspended Solids, 85.57% Total Nitrogen, 98, 66%
Ammoniacal Nitrogen, 100% Total Coliforms and 94.83% Escherichia Coli.

Keywords: Domestic Effluents, Wastewater Treatment, Efficiency.

VII
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da Vila Songo e da ETAR ........................................................... 17!


Figura 2. Efluente bruto passando pelas grades. ............................................................. 18!
Figura 3. Caixa de areia. ................................................................................................. 19!
Figura 4. Tanque de arejamento...................................................................................... 20!
Figura 5. Tanque de descarga de lamas. ......................................................................... 21!
Figura 6. Decantador ...................................................................................................... 21!
Figura 7. Leitos de secagem............................................................................................ 22!
Figura 8. Tanque de desinfecção e clorómetro. .............................................................. 22!
Figura 9. Estrutura de descarga da água tratada. ............................................................ 23!
Figura 10. Visita guiada a ETAR do Songo. .................................................................. 24!
Figura 11. Colheita de amostras no ponto 1, 2, 3 e 4. ..................................................... 26!
Figura 12. Condicionamento (a) e transporte das amostras (b). ..................................... 27!

VIII
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Relação DBO e DQO no efluente bruto. ...................................................... 31!


Gráfico 2. Relação DBO e DQO no efluente tratado..................................................... 32!
Gráfico 3. Relação Turbidez e SST no efluente bruto. .................................................. 34!
Gráfico 4. Relação Turbidez e SST no efluente tratado. ............................................... 35!
Gráfico 5. Variação do pH. ............................................................................................ 36!
Gráfico 6.Variação de OD. ............................................................................................ 36!
Gráfico 7. Variação da temperatura. .............................................................................. 40!
Gráfico 8. Variação da DBO. ......................................................................................... 37!
Gráfico 9. Variação do DQO. ........................................................................................ 38!
Gráfico 10. Variação de SST. ........................................................................................ 41!
Gráfico 11. Variação de SDT......................................................................................... 41!
Gráfico 12. Variação da turbidez. .................................................................................. 42!
Gráfico 13. Variação de nitrogénio total........................................................................ 38!
Gráfico 14. Variação de nitrogénio amoniacal. ............................................................. 39!
Gráfico 15. Variação de fosforo total. ........................................................................... 40!

IX
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características típicas de efluentes domésticos. ............................................... 5!


Tabela 2. Resumo dos níveis de tratamento que compõem uma ETAR. .......................... 9!
Tabela 3. Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais
(Moçambique). ................................................................................................................ 14!
Tabela 4. Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais (Portugal). 15!
Tabela 5. Níveis de imersão das turbinas........................................................................ 20!
Tabela 6. Parâmetros analisados e os respectivos equipamentos utilizados no
laboratório. ...................................................................................................................... 25!
Tabela 7. Parâmetros analisados e os respectivos métodos e normas usadas no
laboratório. ...................................................................................................................... 27!
Tabela 8. Concentrações médias do efluente gerado nos pontos de colheita. ................ 30!
Tabela 9. Variação de organismos patogénicos. ............................................................. 42!
Tabela 10. Eficiência na remoção de poluentes em cada nível de tratamento e eficiência
global............................................................................................................................... 43!

X
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

% Percentagem
APHA American Public Health Association
Cl2 Cloro gasoso
cm Centímetro
CV Cavalo-vapor
DAL Direcção de Ambiente e Analises Laboratoriais
DAL-GA Direcção de Ambiente e Analises Laboratoriais – Gestão Ambiental
DAL-LA Direcção de Ambiente e Analises Laboratoriais – Laboratório
DBO Demanda Bioquímica de Oxigénio
DEM Direcção de Equipamento Infra-estrutura e Manutenção
Dep Desvio Padrão
DQO Demanda Química de Oxigénio
ETAR Estacão de Tratamento de Águas Residuais
E-Coli Escherichia Coli
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
HCB, S. A Hidroeléctrica de Cahora Bassa, Sociedade Anonima
INE Instituto Nacional de Estatística
Kg/d Quilograma por dia
Kg/h Kg/h – Quilograma por hora
Km Quilómetro
Km2 Quilometro
L Litro
m Metro
m.c.a Metro Coluna de Água
m/h Metro por hora
m2 Metro quadrado
m3 Metro cúbico
m3/d Metro cúbico por dia
Med Média
mg/l Miligrama por litro
ml Mililitro
NKUK NIPPON KOEI UK

XI
NTU Unidades Nefelométricas de Turbidez
O2 Oxigénio
o
C Graus celsius
OD Oxigénio Dissolvido
p.p.m Partes por milhão
P2 O5 Pentóxido de Fósforo
pH Potencial Hidrogeniónico
r.p.m Rotação por minuto
R Coeficiente de Correlação
SDT Sólidos Dissolvidos Totais
SST Sólidos Suspensos Totais
USP Universidade de São Paulo
VLE Valor Limite de Emissão
WWTP Waste Water Treatment Plant
µm Micrómetro

XII
CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1.! Contextualização
De acordo com Malope (2014), a água é um bem natural de grande importância para
os seres humanos, pois apresenta diversas funções em nosso organismo tais como a regulação
da temperatura corporal e a manutenção do funcionamento normal de órgãos e vísceras,
dentre outras.
Para Zangonel (2015), o aumento demográfico e o desenvolvimento industrial geram
contaminação aos recursos hídricos muito acima da sua capacidade de autodepuração. Os
nossos rios são geralmente poluídos, principalmente nas proximidades dos centros urbanos,
onde a contaminação por águas residuais não tratadas geram grandes volumes de resíduos
líquidos que têm contribuído para elevar consideravelmente a concentração de poluentes nos
corpos de água e, consequentemente, causam sérios problemas ambientais e de saúde pública.
Com isso, torna-se essencial o tratamento dos efluentes e o cumprimento da legislação
ambiental que regula o descarte de águas residuais sobre corpos hídrico, limitando a carga
poluidora lançada, de acordo com o tipo de uso estabelecido para a água do corpo receptor.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa, S. A é proprietária da Estacão de Tratamento de
Águas Residuais do Songo e responsável pela sua operacionalização e monitoria do efluente
líquido lançado no corpo receptor (Rio Guto). Compete a HCB através da Direcção de
Equipamento Infra-estruturas e Manutenção garantir a manutenção e o funcionamento da
estacão de tratamento. A monitoria é efectuado pelo Departamento de Gestão Ambiental e o
Laboratório, partes integrantes da Direcção de Gestão Ambiental e Análises Laboratoriais.
Esta actividade é feita mensalmente, em um único ponto (efluente tratado), com vista a
garantir os padrões mínimos de lançamento previstos pela legislação nacional e portuguesa.
A Legislação Ambiental Moçambicana, no seu Decreto no 18/2004 de 2 de Junho,
regula os Padrões de Qualidade Ambiental e Emissões de Efluentes, que pressupõe no seu
Artigo 26 (Anexo IV), a adopção Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos Domésticos.
O objectivo deste trabalho consistiu em avaliar a eficiência da ETAR do Songo, tendo
em conta o despenho da ETAR na remoção de poluentes e o cumprimento da legislação
moçambicana (Decreto no 18/2004) e portuguesa (Decreto-Lei no 236/98).
A ausência de padrões como DBO, nitrogénio amoniacal, coliformes totais e
Escherichia coli na legislação moçambicana (Decreto no 18/2004), obrigou a adopção de
padrões previstos na legislação portuguesa (Decreto-Lei no 236/98).

1
1.2.! Justificativa
Segundo Oliveira et al (2011), as dificuldades relacionadas com a gestão de águas
residuais têm sido preocupação de diferentes intervenientes sociais, devido a perigosidade que
estes representam aos recursos hídricos, ao ambiente como um todo e, posteriormente, à saúde
pública. Estes problemas transcendem o campo técnico e sanitário, envolvendo aspectos
políticos, socioeconómicos e ambientais.
Escolha do tema “Avaliação da eficiência da Estação de Tratamento de Águas
Residuais do Songo” surge devido a falta de estudos frequentes de desempenho de estações de
tratamento de águas residuais, podendo acarretar problemas de funcionamento e
consequentemente comprometer a qualidade do corpo hídrico receptor e a saúde pública.
Para os gestores da HCB esta pesquisa poderá fornecer informação de desempenho da
estação no tratamento de águas residuais, permitindo a identificação de problemas de
funcionamento das unidades de tratamento e reduzir os custos de tratamento de água.
Para a sociedade a pesquisa justifica-se pelo facto da mesma demonstrar o nível de
cumprimento da legislação como forma de garantir a qualidade do recurso hídrico (Rio Guto)
e a saúde pública, torna a reutilização uma prática potencialmente viável. A garantia da
qualidade do recurso hídrico permitirá o controlo da matéria orgânica descarregada no corpo
receptor a fim de auxiliar a autodepuração, além de evitar doenças de vinculação hídrica.
De ponto de vista cientifico, este trabalho contribuirá no fornecimento de
conhecimentos técnicos de tratamento de águas residuais em sistemas de arejamento
prologado e na gestão de estacões de tratamento de águas residuais. Acredita-se também na
relevância desta pesquisa para o desenvolvimento de melhorias dos sistemas de tratamento de
águas residuais.

1.3.! Problematização
O crescimento populacional causa uma demanda muito grande na procura de água de
boa qualidade, grande parte do referido volume será eliminado para corpos receptores com
uma alta carga de matéria orgânica e sólidos.
Neste contexto, o problema surge com a necessidade da reutilização da água, tendo em
conta as actividades praticadas ao longo do corpo hídrico receptor (Rio Guto), tais como a
recreação, agricultura de subsistência e a pastagem. Portanto a reutilização deste recurso pode
ser garantida com o conhecimento da eficiência da ETAR a fim de evitar a degradação do
corpo hídrico e as doenças de veiculação hídrica.
Com os pressupostos apresentados, levanta-se a seguinte questão de partida:
Qual o nível de eficiência da Estacão de Tratamento de Águas Residuais do Songo?

2
1.4.! Hipótese
A avaliação da eficiência de remoção de matéria orgânica e microrganismos patogénicos
na ETAR do Songo vai garantir uma boa qualidade da água ao longo do Rio Guto, corpo
receptor da ETAR da vila do Songo.

1.5.! Objectivos

1.5.1.! Objectivo Geral


•! Avaliar a eficiência da Estação de Tratamento de Águas Residuais da Vila do Songo.

1.5.2.! Objectivos Específicos


•! Analisar o efluente bruto e tratado;
•! Avaliar o cumprimento da legislação moçambicana e portuguesa;
•! Propor melhorias para a estacão de tratamento.

3
CAPITULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.! Águas Residuais


Segundo Kolm (2002), as águas residuais são caracterizadas por efluentes
provenientes das diversas modalidades do uso e de origem, tais como as de uso domésticos,
comercial, industrial e de utilidade pública, de áreas agrícolas, de superfícies, de infiltração,
pluviais e outros. As águas residuais constituem uma mistura complexa de substâncias
orgânicas, inorgânicas, dissolvidas e suspensas.

2.1.1.! Classificação das águas residuais


As águas residuais são classificadas de acordo com a origem do efluente em
domésticas e industriais.
•! Águas residuais industriais
Para Ciesielski (2011), as águas residuais de origem industrial podem ser definidas
como descarga de líquido proveniente de processos industriais, laboratórios, unidades de
saúde, lavandarias, lava-jactos, oficinas mecânicas entre outros. Suas características próprias
são em função das actividades e do processo industrial empregado.
•! Águas residuais domésticas
Ciesielski (2011) e Kolm (2002) referem que as águas residuais de origem doméstica
são geradas principalmente através de residências, estabelecimentos comerciais, instituições,
ou quaisquer edificações que dispõe de instalações hidráulicas para fins domésticos. A vazão
doméstica é em função do consumo de água. Desta forma, uma maior ou menor demanda de
água terá como resultado, de forma proporcional, um maior ou menor volume de águas
residuais.
Tendo em conta o objecto de estudo deste trabalho, somente serão consideradas as
características de águas residuais tipicamente de origem doméstica.

2.1.2.! Características típicas de efluentes domésticos


De acordo com Júnior (2010), as características dos efluentes domésticos em estado
bruto se devem em função do uso da água. Esses usos variam com o clima, situação social e
económica e os hábitos da população. As águas residuais de origem doméstica são composto
basicamente de água, cerca de 99,9%, e o restante, cerca de 0,1%, é composto de matéria
orgânica, sabões, papel, plástico, detergentes, desinfectantes, etc.
Alguns parâmetros importantes e seus respectivos valores típicos encontrados no
efluente doméstico bruto são apresentados na tabela 1.

4
Tabela 1. Características típicas de efluentes domésticos.
Faixa de Valores Típicos
Parâmetros Scotta (2015) Piveli (2004) Ciesielski (2011) Alves (2013)
pH 6,5 – 7,5 – 6,5 – 7,5 –
DBO5, 20 oC (mg/l) 200 - 500 110 - 400 110 - 550 150 - 400
DQO (mg/l) 400 - 1000 500 - 1000 220 - 1000 350 - 1000
SST (mg/l) 200 - 450 100 - 450 100 - 400 100 - 350
SDT (mg/l) – 250 - 850 – –
Nitrogénio amoniacal (mg/l) 20 - 40 12 - 50 10 - 45 25 - 50
Nitrogénio total (mg/l) – 45– 85 50 – 80 50 – 80
Fósforo total (mg/l) 5 - 25 4 - 15 – 5 – 10
Coliformes Totais (/100 mL) – 106 – 108 105 – 108 105 – 107
Escherichia Coli (/100 mL) – – 105 – 107 106 – 107
Fonte: Adaptado pelo Autor, 2017.

2.2.! Tratamento de Águas Residuais


O tratamento de águas residuais é o processo pelo qual altera-se as características,
composição ou propriedades dos resíduos, de maneira a tornar mais aceitável o seu uso, sua
disposição final, considerando se os aspectos ambientais e de saúde (Kolm, 2002).

2.2.1.! Níveis de tratamento de águas residuais


Para Vale (2006), os processos de tratamento de águas residuais podem ser
classificados de acordo com o nível e a eficiência, isto é, em grupos de processos de acordo
com a função que eles executam e a sua complexidade. Os processos de tratamento podem
adoptar diferentes tecnologias para a depuração das águas residuais, mas de modo geral,
segue um fluxo que compreende os seguintes níveis de tratamento

2.2.1.1.! Tratamento Preliminar ou Pré-tratamento


Constituído unicamente por processos físicos, que compreende a remoção de grandes
sólidos e de areia para proteger as demais unidades de tratamento, os dispositivos de
transporte (bombas e tubulações) e os corpos receptores (Silva e Carvalho, 2007).
Segundo Alves (2013), o tratamento preliminar pode ser constituído pelas seguintes
operações unitárias:
•! Gradagem: destina-se à protecção dos equipamentos a jusante (bombas, filtros,
tubagens, difusores, etc.) através da retenção de material sólido flutuante de maiores
dimensões existentes no afluente, contribuindo por esse mesmo motivo, para a eficácia
dos tratamentos a jusante.
•! Desarenação: destina-se à remoção de areias, contribuindo para a protecção dos
equipamentos electromecânicos instalados a jusante, a facilitar o tratamento e evitar
possíveis obstruções nos colectores.
5
•! Homogenização: destina-se à dilaceração de sólidos grosseiros transportados nas
águas residuais, reduzindo a sua granulometria, e dessa forma uniformizar o afluente a
partir desse ponto do sistema de tratamento.
No entanto, as operações referidas podem ser dispensadas, se as características do afluente
o justificarem (Alves, 2013).

2.2.1.2.! Tratamento Primário


O tratamento primário é constituído unicamente por processos físico-químicos. Nesta
etapa procede-se a equalização e neutralização da carga do efluente a partir de um tanque de
equalização e adição de produtos químicos. Seguidamente, ocorre a separação de partículas
líquidas ou sólidas através de processos de floculação e sedimentação, utilizando floculadores
e decantador (sedimentador) primário (Silva e Carvalho, 2007).
Segundo Alves (2013), através deste tratamento é possível obter percentagens de
remoção de sólidos suspensos na ordem dos 50 a 70% e de 25 a 40% de matéria orgânica.
Durante esta fase, embora menos frequente, pode também incluir-se a adição de químicos,
nomeadamente reagentes e coagulantes, de modo a acelerar a sedimentação das partículas. O
tratamento primário actua como um precursor para o tratamento secundário, produzindo um
efluente líquido mais clarificado e adequado ao tratamento biológico e separando os sólidos
como a lama, denominada de lama primária, de modo a que esta seja convenientemente
tratada antes de ser enviada ao destino final.

2.2.1.3.! Tratamento Secundário


Etapa na qual ocorre a remoção da matéria orgânica biodegradável, por meio de
reacções bioquímicas. Os processos podem ser aeróbios ou anaeróbicos. Os processos
Aeróbios simulam o processo natural de decomposição, com eficiência no tratamento de
partículas finas em suspensão. O oxigénio é obtido por arejamento mecânica (agitação) ou por
insuflação de ar. Já os Anaeróbios consistem na estabilização de resíduos que é feita pela
acção de microrganismos, na ausência de ar ou oxigénio elementar. O tratamento pode ser
referido como fermentação mecânica. O tratamento secundário é a etapa que compreende
geralmente as seguintes componentes: tanque de arejamento, decantação secundária - retorno
da lama e elevatória da lama excedente - descarte da lama (Silva e Carvalho, 2007).
•! Tanque de arejamento: tem a função de expor o efluente a oxigénio e acelerar a
decomposição da carga biológica e desta forma reduzir a carga de resíduos no mesmo
ao produzir lamas que são posteriormente retiradas, transformando matéria solúvel em
sedimentavel. A remoção da matéria orgânica é efectuada por reacções bioquímicas,
realizadas por microrganismos aeróbios (bactérias, protozoários, fungos). A base de
6
todo o processo biológico é o contacto efectivo entre esses organismos e o material
orgânico contido nos efluentes, de tal forma que esse possa ser utilizado como
alimento pelos microrganismos. Os microrganismos convertem a matéria orgânica em
gás carbónico, água e material celular (crescimento e reprodução dos microrganismos)
(Jordão, 2015).
•! Decantador secundário: tem como principais objectivos a clarificação do afluente
proveniente do processo biológico (tanque de arejamento). Através da separação da
biomassa mineralizada e floculada realizada no reactor biológico, devido à acção
microbiana, posteriormente no processo de decantação, ocorre a sedimentação e
espessamento gravítico dos sólidos, sendo uma fracção das lamas produzidas,
recirculadas para o reactor biológico de modo a manter a concentração de lamas
activadas necessárias para manter a eficiência do reactor no tratamento das águas
residuais (Alves, 2013).

2.2.1.4.! Tratamento Terciário


Compreende actividades complementares ao tratamento secundário, como remoção de
poluentes tóxicos ou não biodegradáveis ou eliminação adicional de poluentes não
degradados na fase secundária, e eliminação de microrganismos patogénicos. São previstos
em estações que necessitem um alto grau de qualidade no efluente final. Nesta fase realiza-se
as desinfecção com o uso de cloro e ozonizadores, processos de remoção de nutrientes,
osmose inversa, troca iónica e filtração final. Existe também a classificação dos processos de
tratamento em físicos, químicos e biológicos. Processos onde há predominância de
actividades de decantação, gradeamento, filtração e incineração podem ser classificados como
processos físicos (Vale, 2006).
Para a remoção de nutrientes (nitrogénio e/ou fósforo) pode ser utilizada a precipitação
química ou tratamento biológico. No que se refere à remoção ou inactivação de organismos
patogénicos é usada a desinfecção, normalmente através do uso de cloro, ozono ou radiação
ultravioleta (Alves, 2013).

2.2.1.5.! Tratamento de Lamas


A fase de tratamento de lamas tem por objectivo tornar o seu manuseamento mais fácil
e mais seguro, assim como reduzir os custos do seu transporte a destino final (Alves, 2013).
a)! Adensamento da lama
Etapa em que acontece a redução do volume da lama. Como a lama contém uma
quantidade muito grande de água, deve-se realizar a redução do seu volume. O adensamento é
o processo para aumentar o teor de sólidos do lodo e, consequentemente, reduzir o seu
7
volume. Desta forma, as unidades subsequentes, tais como a digestão, desidratação e
secagem, beneficiam-se desta redução. Dentre os métodos mais comuns, temos o
adensamento por gravidade e por flotação. O adensamento por gravidade da lama tem como
princípio de funcionamento a sedimentação por zona, sistema similar aos decantadores
convencionais. A lama adensada é retirada do fundo do tanque (Silva e Carvalho, 2007).
b)! Digestão anaeróbia
Etapa na qual ocorre a estabilização de substâncias instáveis e da matéria orgânica
presente na lama fresca. A digestão é realizada com as seguintes finalidades: destruir ou
reduzir os microrganismos patogénicos; estabilizar total ou parcialmente as substâncias
instáveis e matéria orgânica presentes na lama fresca; reduzir o volume da lama através dos
fenómenos de liquefacção, gaseificação e adensamento; dotar a lama de características
favoráveis à redução de humidade e permitir a sua utilização, quando estabilizada
convenientemente, como fonte de húmus ou condicionador de solo para fins agrícolas. A
estabilização de substâncias instáveis e da matéria orgânica presente na lama fresca também
pode ser realizada através da adição de produtos químicos. Esse processo é denominado
estabilização química da lama (Alves, 2013).
c)! Condicionamento químico da lama
Consiste na adição de compostos químicos com objectivo de facilitar a operação de
remoção de humidade. É utilizado com maior frequência à montante das operações de
secagem mecânica e espessamento, especialmente quando se usa o adensamento por flotação
a ar dissolvido ou centrifugação (Jordão, 2015).
d)! Desidratação da lama
O principal objectivo desta etapa é a redução do teor de humidade das lamas, a
redução do seu volume, a redução dos custos com o transporte das lamas para o destino final,
a melhoria da movimentação e armazenamento das lamas, a viabilização de processos de
compostagem de lamas ou a viabilização da deposição de lamas em aterro. A selecção do
sistema de desidratação de lamas depende de uma série de factores, tais como a característica
da lama a ser desidratada, o espaço disponível e qual o destino final das lamas (Alves, 2013).
e)! Secagem da lama
Etapa na qual é feita a secagem da lama. A secagem da lama é um processo de redução
de humidade através de evaporação de água para a atmosfera com a aplicação de energia
térmica, podendo-se obter teores de sólidos da ordem de 90 a 95%. Com isso, o volume final
da lama é reduzida significativamente (Moura, 2012).
Na tabela 2 são descritos os níveis de tratamento e respectivos processos e operações
unitárias frequentemente utilizadas nas ETAR’s.
8
Tabela 2. Resumo dos níveis de tratamento que compõem uma ETAR.
Nível de Descrição Operações e Processos
Tratamento
Remoção de sólidos grosseiros para evitar " Gradeamento;
Preliminar danificar os equipamentos, bem como os " Desarenação;
órgão a jusante. " Homogenização e armazenamento;
" Separação de óleos e gorduras
Remoção de sólidos suspensos e matéria " Químico: neutralização (adição de
orgânica, normalmente através de decantação. reagentes químicos e coagulantes);
Primário - Físico: Flotação, Decantação,
Filtração.
Remoção da maioria da matéria orgânica por " Filtração;
processos biológicos seguidos de processos " Lamas Activadas;
físico-químicos. No processo biológico podem " Leitos Percoladores;
ser utilizados dois tipos diferentes de " Discos Biológicos;
tratamento: aeróbio e anaeróbio. O processo " Lagoas Anaeróbias;
Secundário físico-químico é constituído por um ou mais " Lagoas Aeróbias;
decantadores secundários. " Lagoas de estabilização;
" Tanque de arejamento;
- Digestão anaeróbia;
" Decantação.
Aumenta a eficiência da remoção de sólidos " Decantação;
suspensos dissolvidos, de nutrientes ou " Filtração;
Terciária compostos tóxicos específicos. " Adsorção sobre carvão;
" Troca iónica;
" Osmose inversa;
" Desinfecção
Estabiliza as lamas removidas da água " Desinfecção;
residual durante o tratamento, inactiva os " Espessamento/Adensamento;
Tratamento organismos patogénicos e reduz o volume das " Digestão Anaeróbia;
da Lama lamas. " Desidratação;
" Higienização.
Fonte: Alves, (2013) citando Tchobanoglous et al., (2004)

2.3.! Características do Efluente e Parâmetros


Para se caracterizar e determinar a qualidade da água, deve-se ter em conta os seus
parâmetros químicos, físicos e biológicos (Júnior, 2010).

2.3.1.! Parâmetros químicos


A composição química das diversas substancias presentes nas águas residuais de
origem doméstica é extremamente variável, pois depende de diversos factores que incluem os
hábitos da população (SENAI, 2008).

2.3.1.1.! Potencial hidrogeniónico - pH


O termo pH refere-se ao potencial hidrogeniónico, uma escala logarítmica que mede o
grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução. Essa escala
compreende valores entre 0 e 14, sendo que 7 é considerado valor neutro, 0 acidez máxima e
9
14 alcalinidade máxima. O controlo do pH é determinante no tratamento biológico dos
efluentes, pois, a depender da faixa em que ele se encontra, serão permitidas ou não a acção
de bactérias (Scottà, 2015).
De acordo com Júnior (2010), o controle do pH no tratamento das águas residuais é de
fundamental importância para o desenvolvimento das reacções químicas e bioquímicas do
processo. O pH das soluções aquosas exerce influência directa nas principais características
desta solução, como qual substância se dissolve em determinado efluente. Além disso, o pH
influencia no potencial corrosivo do efluente.

2.3.1.2.! Oxigénio Dissolvido – OD


O oxigénio dissolvido é o parâmetro que melhor caracteriza a qualidade de um corpo
hídrico. É fundamental em processos aeróbios na respiração dos microrganismos que realizam
a degradação da matéria orgânica e está associado directamente com a capacidade de
autodepuração dos corpos hídricos. Além de depender da temperatura e da pressão, ele é
profundamente afectado por poluentes orgânicos biodegradáveis. Quando um efluente contém
compostos orgânicos, como o efluente doméstico, e é descartado em um rio, as bactérias
presentes na água degradam a matéria orgânica biodegradável, consumindo o oxigénio que
está dissolvido na água (Scottà, 2015).
Para Piveli (2015), em águas naturais, o oxigénio e indispensável para as espécies
aquáticas, onde a maioria das espécies não resiste a concentrações de oxigénio dissolvido na
água inferiores a 4 mg/l. Sendo, portanto, um parâmetro de extrema relevância na
classificação das águas naturais, bem como na composição de índices de qualidade de água.
Um rio é considerado limpo, em condições normais, quando apresenta normalmente
valores de OD que variam entre 8 a 10 mg/L. A determinação do teor de OD é importante na
avaliação das condições de poluição por matéria orgânica em águas naturais e na detecção de
impactos ambientais como eutrofização. A diminuição do oxigénio dissolvido ocorre por
decomposição de matéria orgânica (oxidação), pelas perdas para a atmosfera, pela respiração
de organismos aquáticos e pela oxidação de ião metálico, como o ferro e o manganês. O OD
será consumido por bactérias aeróbias durante o processo metabólico de conversão da matéria
orgânica em compostos simples e inertes, como água e gás carbónico (Araújo et al., 2008).

2.3.1.3.! Demanda Bioquímica de Oxigénio – DBO


A demanda bioquímica de oxigénio é a quantidade de oxigénio requerida pelos
microrganismos, predominantemente bactérias, para estabilizar a matéria orgânica
biodegradável presente na água. É um indicador da concentração da matéria orgânica e é
importante para se conhecer o grau de poluição dos líquidos. Não há um consenso entre
10
autores sobre os valores típicos de DBO para o esgoto doméstico, os valores varias vezes
encontrados variam entre 100 e 500 mg/L (Scottà, 2015).
Em águas residuais domésticas, a concentração de matéria orgânica é muitas vezes
medida pela DBO5, isto é, a DBO após 5 dias de degradação da matéria orgânica (Araújo et
al., 2008).

2.3.1.4.! Demanda Química de Oxigénio – DQO


Demanda Química de Oxigénio é a quantidade de oxigénio necessária para a oxidação
da matéria orgânica de um agente químico. Em termos analíticos, esse parâmetro tem grandes
vantagens sobre a DBO, no que se refere ao tempo de obtenção de resultados, pois permite
respostas em tempo muito menor (2 ou 3 horas) (Malope, 2014).
DQO é muito útil quando utilizada conjuntamente com a DBO para observar a
biodegradabilidade de despejos. O aumento da concentração de DQO num corpo de água se
deve principalmente a despejos de origem industrial. Os valores da DQO são, normalmente,
maiores que os da DBO (Araújo et al., 2008).

2.3.1.5.! Nitrogénio
O nitrogénio está presente em águas residuais sob a forma de nitrogénio orgânico,
amónia, nitrito e nitrato. Através dele é possível estimar o grau de estabilização da matéria
orgânica pela forma em que se encontra. No esgoto bruto pode ser encontrado na forma de
nitrogénio orgânico ou amónia (Jordão e Pessoa, 2014).
O nitrogénio é um parâmetro muito importante em termos de controlo da poluição das
águas. Ele é um elemento essencial para o crescimento de algas, por isso, em excesso, pode
conduzir a fenómenos de eutrofização de lagos e represas (Scottà, 2015).

2.3.1.6.! Fósforo
O fósforo total em águas residuais apresenta-se na forma de fosfatos orgânicos e
inorgânicos. A fracção orgânica tem origem fisiológica e a inorgânica em detergentes e
produtos químicos utilizados na limpeza doméstica. Pode também estar associado à
decomposição da matéria orgânica e a dissolução de compostos do solo. Usualmente os
efluentes domésticos possuem teor suficiente de fósforo, que é um nutriente importante para o
desenvolvimento de processos biológicos aeróbios e também para o desenvolvimento de
algas. Porém, se lançado nos corpos hídricos em excesso, causa a eutrofização (Piveli, 2015).

11
2.3.2.! Parâmetros físicos

2.3.2.1.! Temperatura
A temperatura é de grande importância no tratamento de esgoto doméstico e está
directamente ligada a concentração de oxigénio dissolvido (OD) nos corpos de água, quanto
maior a temperatura, menor a solubilidade do OD em água. Também é especialmente
importante em sistemas biológicos de tratamento, pois a actividade microbiana e as reacções
químicas aumentam com sua elevação, aumentando também a velocidade de decomposição
da matéria orgânica e a viscosidade do líquido (Scottà, 2015).
Segundo Chernicharo (2007), a faixa óptima para actividade microbiana mesofílica
fica entre 25ºC e 35ºC. Em temperaturas abaixo de 15ºC praticamente não ocorre digestão
anaeróbia. Em efluentes domésticos, a temperatura é superior à das águas de abastecimento, e
os valores variam de acordo com as estações do ano. E é normalmente maior que a
temperatura do ar, excepto nos meses mais quentes do verão.

2.3.2.2.! Sólidos
Os sólidos são matérias que permanecem como resíduo após a temperatura ser elevada
entre 103 e 105º C. Todos os poluentes, com excepção dos gases, contribuem para a carga de
sólidos na água e podem ser classificados, de acordo com o tamanho e o estado em que se
encontram (Júnior, 2010).
Para Cangela (2014) citando Metcalf e Eddy (2003), os sólidos podem ser
classificados em:
•! Sólidos Suspensos Totais (SST): quando membrana de porosidade determinada puder
retê-los ou, seja, é a matéria que fica retida após passagem de um volume conhecido
por um filtro com poros de tamanho aproximado a 1,2 µm (1,2 x 10-6 m).
•! Sólidos Dissolvidos Totais (SDT): quando forem oriundos de moléculas orgânicas e
inorgânicas que não podem ser retidos em membrana de porosidade determinada ou,
seja, é a matéria que passa pelo filtro com poros de tamanho aproximado a 1,2 µm (1,2
x 10-6 m) ou a soma de teores de todos os constituintes minerais presentes na água. O
líquido que passou pelo filtro é evaporado a temperatura de 103oC a 105oC.

2.3.2.3.! Turbidez
Segundo Scottà (2015), a turbidez se deve a presença de sólidos em suspensão,
microrganismos microscópicos e algas, de diversos tamanhos, que conferem nebulosidade ao
líquido. Efluentes mais frescos ou mais concentrados geralmente tem maior valor de turbidez.
A turbidez é um parâmetro importante no metabolismo dos organismos produtores de

12
oxigénio no meio, por ser responsável pela redução da penetração da luz nos diversos
compartimentos de um ecossistema aquático.
Este parâmetro se refere principalmente ao aspecto estético do esgoto, mas assumem
importância significativa quando o objectivo é a reutilização ou quando o efluente é lançado
em corpos de água em que a aparência da água é importante (Jordão e Pessoa, 2014).

2.3.3.! Parâmetros biológicos


São usualmente empregados como indicadores de contaminação microbiológica por
agentes patogénicos. A sua presença na água indica que poderão existir microrganismos
causadores ou transmissores de doenças patogénicas. Sendo assim indicadores de eventuais
perigos a saúde pública (Cangela, 2014).
A origem dos agentes patogénicos no esgoto é predominantemente humana ou de
animais de sangue quente. E a quantidade presente varia de acordo com as condições
socioeconómicas da população, condições sanitárias, região geográfica e o tipo de tratamento
a que o esgoto é submetido. A indicação mais usual de contaminação dos esgotos é feita
através de coliformes termo-tolerantes, sendo o principal representante dessa classe a
Escherichia coli, encontrada nos excretas de animais de sangue quente (Scotta, 2015).

2.3.3.1.! Coliformes Totais


Este grupo é composto por bactérias da família Enterobacteriaceae, fermentam a
lactose com produção de ácido e gás, quando incubado a 35 – 37oC, por 48 horas. São
bastonetes gram-negativo, não formadores de esporos, aeróbios ou anaeróbios facultativos.
Pertencem a estes grupos predominantemente, bactérias dos géneros Escherichia,
Enterobacter, Citrobater e Klebsiella (Cangela, 2014 citando Ray, 1996).

2.3.3.2.! Escherichia Coli


Pertencem a este subgrupo, os microrganismos que estão presentes no tracto intestinal.
A E-Coli é a espécie predominante entre diversos microrganismos anaeróbios facultativos que
fazem parte da micróbiota intestinal do homem e de animais. O estudo da E-Coli fornece com
maior segurança, informações sobre eventual presença de enteropatogenos, como as bactérias,
os vírus causadores de hepatite, poliomielite e gastroenterites e os protozoários (Cangela,
2014 citando Alves, 2007).

2.4.! Legislação

2.4.1.! Legislação Moçambicana


A Constituição da República de Moçambique estabelece no seu artigo 90 que:
13
1.! “Todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente equilibrado e o dever de o
defender.
2.! O Estado e as autarquias locais, com a colaboração das associações de defesa do
ambiente, adoptam políticas de defesa do ambiente e velam pela utilização racional
de todos os recursos naturais.”
Nessa perspectiva a Lei de Águas (Lei nº 18/91) no seu Capitulo IV, Secção I, artigo
51, estabelece que a contaminação da água, consiste na acção e no efeito de introduzir
matérias, formas de energia ou na criação de condições que, directa ou indirectamente,
impliquem uma alteração prejudicial da sua qualidade em relação aos usos posteriores ou a
sua função ecológica. Por outro lado, o artigo 52 do mesmo capítulo e secção, nos seus
números 1 e 2 referentes a prevenção e controlo, estabelece que:
1.! Toda a actividade susceptíve1 de provocar a contaminação ou degradação do domínio
público hídrico e em particular o despejo de águas residuais, dejectos de outras
substâncias nas águas do domínio público fica dependente de autorização especial a
conceder pelas administrações regionais de águas e do pagamento de uma taxa.
2.! Por regulamento serão estabelecidos padrões de qualidade de efluentes, dos corpos
hídricos receptores, sistemas tecnológicos e métodos para tratamentos conjuntos e
individuais de águas, podendo ser suspensas as actividades contaminadoras ou
encerrados estabelecimentos enquanto não forem implementadas essas medidas.
Nesse contexto, a legislação moçambicana, no seu Decreto no 18/2004, de 2 de Junho,
regula os padrões de qualidade ambiental e de emissões de efluentes, como o objectivo de
controlar os níveis admissíveis de concentração de poluentes nas componentes ambientais. O
regulamento aplica se a todas actividade públicas ou privadas que directa ou indirectamente
possam influir nas componentes ambientais. O presente Decreto, no seu Artigo 26, Anexo IV,
apresenta os padrões de emissões de efluentes domésticos que podem ser visualizados na
tabela 3.

Tabela 3. Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais (Moçambique).


Parâmetro VLE
pH 6,0 – 9,0
Temperatura 35 oC
DQO (Demanda Química de Oxigénio) 150 mg/l
SST (Sólidos Suspensos Totais) 60 mg/l
Fósforo Total 10 mg/l
Nitrogénio total 15mg/l
Fonte: Adaptado do Decreto no 18/2004.

14
A legislação moçambicana não apresenta alguns padrões de emissão importantes para
a monitoria de descarga de aguas residuais em corpos hídricos receptores, tais como DBO,
nitrogénio amoniacal, coliformes totais, escherichia coli entre outros, o que levou a adopção
da legislação portuguesa como alternativa.

2.4.2.! Legislação Portuguesa


Na perspectiva de protecção da saúde pública, de gestão integrada dos recursos
hídricos e de preservação do ambiente o Decreto-Lei no 236/98 de 1 de Agosto, estabelece
normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e
melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos.
O Capitulo VI, Artigo 82, Anexo XVIII, do Decreto acima citado apresenta os Valores
Limite de Emissão (VLE) na descarga de águas residuais, como pode se observar na tabela 4.

Tabela 4. Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais (Portugal).


Parâmetros VLE
pH 6,0 - 9,0
Temperatura 35oC
DBO5, 20 oC 40 mg/l
DQO 150 mg/l
SST 60 mg/l
10 mg/l
Fósforo total 3 mg/l (em águas que alimentem lagoas ou albufeiras)
0,5 mg/l (em lagoas ou albufeiras)
Óleos e gorduras 15 mg/l
Sulfatos 2000 mg/l
Nitrogénio amoniacal 10 mg/l
Nitrogénio total 15 mg/l
Escherichia Coli 5000/100 ml de amostra
Coliformes Totais 5000/100 ml de amostra
Estreptococos 1000/100 ml de amostra
Fonte: Adaptado do Decreto-Lei no 236/98.

15
CAPITULO III – METODOLOGIA

3.1.! Caracterização da Área de Estudo


A vila do Songo localiza-se no Planalto da Serra do Songo estando rodeada por
montes no distrito de Cahora Bassa na província de Tete. Chitima é a actual sede do distrito
de Cahora Bassa (HCB e NKUK, 2012).
A vila do Songo faz limite a norte com o distrito de Marávia, a oeste e sul com posto
administrativo de Chitima, a leste com o distrito de Marara e a nordeste com distrito de
Chiuta como pode se observar na figura 1. A vila do Songo tem uma superfície de 2.382 km2
e uma população de 40.492 habitantes segundo o censo de 2007 (INE, 2007).
O distrito apresenta um clima predominantemente “Seco de Estepe com inverno seco”,
com duas estacões distintas, a estacão chuvosa (muito curta) e a seca (muito longa). O relevo
é pouco uniforme distinguindo-se uma zona central de relevo mais desenvolvido com
afloramentos rochosos frequentes, e uma zona de relevo irregularmente ondulado, com
afloramentos rochosos mais localizados (MAE, 2005).
Segundo o mesmo autor, os solos do planalto do Songo seguem, na sua formação, a lei
geral dos solos tropicais em “catena”, diferenciando-se pela cor e textura segundo a topografia
a partir do mesmo material originário. Assim, localizam-se nas baixas solos cinzentos com
horizontes “grey” ricos em matéria orgânica, húmidos, de textura ligeira e fraca estrutura,
seguindo-se com o aumento de declive solos amarelos, laranja ou alaranjados e finalmente
vermelhos, progressivamente com melhor textura e melhor estruturados.
A vila do Songo alberga a sede da empresa Hidroeléctrica de Cahora Bassa e todas
infra-estruturas de apoio para a produção, transporte e comercialização de Energia, incluindo
infra-estruturas sociais, visto que a cerca de uma dezena de quilómetros da vila se situa a
barragem, e no seu “ventre” a central com os cincos potentes geradores. Trata se de uma vila
que em tudo se confunde com a própria historia do gigantesco empreendimento.

16
Figura 1. Localização da Vila Songo e da ETAR
Fonte: Autor, 2017.

3.1.1.! Localização da ETAR da vila do Songo


A ETAR em estudo situa-se na vila do Songo, a margem da Avenida Armando Emílio
Guebuza, entre as coordenadas 15o36'18.6552" a sul, 32o44'56.526" a leste e 15o36'19.1448" a
sul, 32o45'0.1548"a leste. A ETAR do Songo recebe águas residuais de origem domesticas,
vindas de residências, infra-estruturas sociais e de serviços pertencentes a HCB. A estacão de
tratamento em causa serve cinco mil (5.000) habitantes, sendo seu funcionamento e
manutenção responsabilidade da DEM. A ETAR do Songo despeja o efluente tratado no Rio
Guto (corpo receptor).
O Rio Guto é uma rede de drenagem natural, cuja água corre no sentido este para oeste
e desagua na albufeira de Cahora Bassa. Nas margens do rio desenvolvem-se actividades
agrícolas de subsistência familiar (MAE, 2005).

3.1.2.! Caracterização da Estação de Tratamento de Águas Residuais do Songo


Segundo o que foi possível apurar junto dos técnicos da HCB pertencentes a DEM,
responsáveis pela ETAR do Songo, o funcionamento da ETAR é contínuo, e tem as seguintes
capacidades:
Caudal máximo diário: 2.065 m3/d

17
Caudal médio diário: 1.375 m3/d
Caudal mínimo diário: 687,5 m3/d
Carga biológica em DBO: 270 Kg/d
População a servir: 5.000 habitantes.
A ETAR do Songo é destinada ao tratamento exclusivo de águas residuais de origem
doméstica. A ETAR do Songo tem uma rede colectora que liga um parque habitacional com
605 casas, infra-estruturas sociais (piscinas, escolas, instalações desportivas, centro social
entre outros) e instalações de serviço pertencentes a HCB. Maior parte das casas encontram se
sobre responsabilidades dos trabalhadores da empresa e suas respectivas famílias.

3.1.2.1.! Descrição das componentes da ETAR do Songo – Funcionamento


Os componentes da ETAR do Songo foram descritos com base no diagrama
apresentado no Anexo II.
a)! Grades de entrada
A ETAR é composta por duas grades manuais de entrada, que destinam se a reter os
corpos de maiores dimensões. Os corpos retidos pela grade são retirados e acumulados em
local próprio ou enterrados.

Figura 2. Efluente bruto passando pelas grades.


Fonte: Autor, 2017.

b)! Caixa de areia


A caixa de areia destina-se a retenção de areia vindas do esgoto, caso haver um
acumulo de areia, procede-se a remoção da mesma para a caixa anexa.
Dimensão: 1,8 m x 1,3 m, x 0,8 m
Volume: 1,872 m3

18
Figura 3. Caixa de areia.
Fonte: Autor, 2017.

c)! Triturador (avariado)


O triturador é um tambor rotativo sobre um eixo vertical, que é composto por barras
circulares de bordos cortantes e tem no seu interior pentes cortantes finos.
O triturador destina-se dilaceração dos sólidos grosseiros de forma a homogeneizar o
afluente. Triturador é da marca “JONES & ATTWOOD”, modelo “LOR” com lubrificação
automática.
d)! Tanque de arejamento
O tanque de arejamento é rectangular com as seguintes características:
•! Dimensões: 24 m x 12 m x 4 m
•! Volume útil: 1.152 m3
•! Tem duas turbinas “SIMCAR”, sendo que cada uma delas tem o diâmetro e uma
velocidade de rotação de 2.030 mm e 40,5 r.p.m, respectivamente.
Segundo TDA (1977), as turbinas “SIMCAR” trabalhão continuamente, dia e noite,
caso contrário as bactérias não receberam oxigénio necessário, entrando em decomposição
anaeróbia, e consequente, liberta mau cheiro, devido à formação de compostos resultantes do
processo anaeróbio. Por tratar-se de um processo de tratamento de sistema de arejamento
prolongado, deve-se manter as seguintes condições na bacia arejamento:
•! Sólidos em suspensão (secos a 110 oC, 3500 a 7000 mg/l)
•! Índice de Mohlman: 40 a 200

19
Figura 4. Tanque de arejamento
Fonte: Autor, 2017.

Para manter a concentração dos sólidos em suspensão (lamas activadas) nos valores
anteriores, há recirculação continua de lamas activadas do tanque de decantação para o tanque
de arejamento.
e)! Descarregadores e regulador de nível no tanque de arejamento
Segundo TDA (1977), responsável pelo projecto de dimensionamento da ETAR do
Songo, os descarregadores permitem regular a imersão das turbinas de modo a introduzir mais
ou menos oxigénio no tanque de arejamento. Os descarregadores devem permitir regular o
nível de líquido entre o nível mínimo e o máximo. Os três (3) níveis mais importantes:

Tabela 5. Níveis de imersão das turbinas.


Nível médio Potencia absorvida: 10 CV
(Nível de água tangente a base da turbina) Transferência de oxigénio: 17 Kg O2/hora
Nível mínimo Potencia absorvida ao veio: 6,5 CV
(A lamina máxima da turbina fora da água não deve Transferência de oxigénio: 11 Kg O2/hora
ser superior a 70 mm)
Nível máximo Potencia absorvida ao veio: 13 CV
(O máximo de imersão em relação ao nível médio Transferência de oxigénio: 22 Kg O2/hora
deverá ser de 70 mm)

Fonte: TDA, 1977.

Nível de funcionamento
Em princípio a instalação fica regulada no nível médio, se necessário o nível é
corrigido de acordo com a necessidade de introduzir mais ou menos oxigénio no efluente a
arejar. Os descarregadores de nível são accionados electricamente por meio de um sistema
automático, em que é de referir os seguintes componentes:
•! Três (3) redutores: OLIMAR
•! Tipo: V3, velocidade 37 r.p.m
•! Motor: 1 CV, 1.500 r.p.m
20
Figura 5. Tanque de descarga de lamas.
Fonte: Autor, 2017.

f)! Decantador
O decantador tem as seguintes características:
•! Diâmetro: 13 m
•! Área: 132 m2
•! Velocidade de decantação: 1,4 m/h
O decantador encontra-se equipado com uma ponte raspadora que é accionada por
motorização junto a periferia. A ponte raspadora deve estar em funcionamento sempre que a
instalação estar em funcionamento.

Figura 6. Decantador
Fonte: Autor, 2017.

g)! Bombagem de lamas


A bombagem de lamas para o sector de recirculação é feita por 3 grupos de
electrobombas da marca “FLYGT”, tipo 3082 MT, com a capacidade de caudal unitário de 36
m3/h a 6 m.c.a (TDA, 1977).
h)! Recirculação de lamas activadas para o sector de arejamento
A recirculação de lamas activadas para o sector de arejamento é feita continuamente,
21
por meio de um ou dois grupos electrobombas conforme o caudal de chegada à instalação.
Até cerca de 800 m3/dia deve encontra-se em funcionamento apenas um grupo de
electrobombas, e superior a este valor deve estar em funcionamento dois grupos
electrobombas. A terceira bomba constitui uma reserva.
i)! Descarga de lamas excedentes par os leitos de secagem
Quando o sistema tiver lamas em excessos deverão as mesmas ser removidas por meio
de grupos electrobombas para os leitos de secagem. Deverão para o efeito ser feitas as
manobras de válvulas. A ETAR possui 10 leitos de secagem com uma área de 50 m2 para
cada e 500 m2 de área total. Cada leito de secagem deverá ser cheio de lamas com cerca de
25-30 cm de altura. Depois de secas, as lamas deverão ser removidas à pá, para local
adequado, ficando os leitos preparados para receber novas descargas.

Figura 7. Leitos de secagem.


Fonte: Autor, 2017.

j)! Tanque de Desinfecção


A desinfecção do efluente é feita por adição de cloro gasoso, na falta deste implica o
uso de cloro granular que é primeiramente diluído em água e colocado no tanque. A função da
adição do cloro é a inactivação de microrganismos patogénicos, que encontram se presente no
efluente.

Figura 8. Tanque de desinfecção e clorómetro.


22
Fonte: Autor, 2017.

k)! Estrutura de Descarga da Água Tratada


É uma sequencia de 4 tanques em degraus, chamada de cascata pelos operadores da
ETAR, é uma espécie de decantador, cujo a função é reter a maior concentração possível de
sólidos suspensos que não tenham sido retidos nos níveis de tratamento anteriores. Depois
desta etapa o efluente é descarregado no Rio Guto (meio receptor).

Figura 9. Estrutura de descarga da água tratada.


Fonte: Autor, 2017.

3.2.! Classificação e natureza da pesquisa


Quanto a natureza da pesquisa, o trabalho é quantitativo e qualitativo. A pesquisa
quantitativa apresenta predominância de métodos estatísticos, com variáveis bem definidas e
cálculos, utilizando estatística descritiva. Enquanto que as pesquisas qualitativas apesentam
predominância de classificações, de análises mais dissertativas, de menos cálculos
(UNIZAMBEZE, 2012).
No que diz respeito a classificação da pesquisa quanto o objectivo, ela é explicativa.
Segundo Silva e Menezes (2005), as pesquisas explicativas visam identificar os factores que
determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenómenos, aprofunda o conhecimento da
realidade porque explica a razão, o “porquê” das coisas.

3.3.! Técnicas e Métodos de Pesquisa


Para a realização do trabalho foram usadas as seguintes técnicas e métodos de pesquisa:
•! Entrevista (não estruturada)
•! Análises laboratoriais
•! Documental e Bibliográfico
•! Estatístico

23
No decorrer das visitas à ETAR do Songo foram entrevistados 4 colaboradores da
HCB, dentre eles dois operadores e dois técnicos superiores responsáveis pela gestão da
ETAR, incluindo o Director da DEM.
Na análise documental, foram consultados documentos pertencentes a HCB,
nomeadamente o projecto de concepção da ETAR do Songo, a planta da ETAR, politica de
gestão ambiental entre outros, com o objectivo de recolher informações úteis para a realização
do estudo. Fez-se também a revisão de materiais bibliográficos publicados por autores que se
dedicam ao estudo de conceitos relacionados e relevantes para o desenvolvimento do
trabalho.

Figura 10. Visita guiada a ETAR do Songo.


Fonte: Autor, 2017.

3.4.! Materiais e procedimentos metodológicos

3.4.1.! Materiais
Para a colheita e condicionamento das amostras foram utilizados os seguintes
materiais:
•! Quatro (4) garrafas de vidro de 2L, uma para cada ponto de colheita (analises físicas e
químicas: pH, DBO, DQO, OD, SST, SDT, nitrogénio total, nitrogénio amoniacal,
fósforo total, temperatura e turbidez);
•! Quatro (4) garrafas de vidro de 500 ml, uma para cada ponto de colheita (analises
microbiológicas: coliformes totais e escherichia coli);
•! Um copo de colheita;
•! Dois (2) recipientes térmicos, um para as amostras destinadas a analises físico-
químicas e outra para amostras destinada a analises microbiológicas; e
•! Um marcador, para identificação das garrafas;
A tabela 6 apresenta os equipamentos utilizados no laboratório para realização das
analises físicas, químicas e microbiológicas.

24
Tabela 6. Parâmetros analisados e os respectivos equipamentos utilizados no laboratório.
Parâmetros Equipamentos / Materiais Metodologia
Analítica
pH Hanna Instrument (pH-EC-TDS Electrométrico /
METER) Instrumental
DBO (mg/l) Refrigerated incubator DC Incubação (5 dias)
DQO (mg/l) Espectrofotómetro PROCYON-SC 90. Refluxo fechado
Químicos
OD (mg/l)
Nitrogénio Total (mg/l) Espectrometria de
Nitrogénio Amoniacal (mg/l) Espectrofotómetro DR-500 Ultravioleta
Fósforo Total (mg/l)
Temperatura (°C) Termómetro Checktemp Instrumental
SST (mg/l) Vácuo e balança Gravimetria
Físicos
SDT (mg/l) Vácuo, forno (103 a 105)oC e balança Gravimetria
Turbidez (NTU) Lamotte 2020 Instrumental
Escherichia Coli Colilert / 18h de
Quanty-Tray incubação (35±0,5)oC
Biológicos Coliformes Totais / 100 ml de amostra -
NMP
Fonte: Autor, 2017.

Os procedimentos metodológicos encontram-se organizados e sequenciados de acordo


com os objectivos específicos.

3.4.2.! Analise do efluente bruto e tratado

3.4.2.1.! Colheita de amostras


Foram identificados 4 pontos distintos para colheita de amostras, nomeadamente:
•! Ponto 1 (P1): Ponto de chegada do efluente bruto na estação de tratamento;
•! Ponto 2 (P2): Ponto localizado entre o tratamento preliminar e o secundário;
•! Ponto 3 (P3): Ponto localizado entre o tratamento secundário e terciário; e
•! Ponto 4 (P4): Ponto localizado na saída do efluente da ETAR em direcção ao corpo
receptor, ou seja, em direcção ao Rio Guto.
Os pontos de colheita das amostras são ilustrados na figura 11.

25
P1 ) P2 )

P3 ) P4 )
Figura 11. Colheita de amostras no ponto 1, 2, 3 e 4.
Fonte: Autor, 2017.

A metodologia de colheita das amostras foi baseada no Manual de análises de água,


metodologia proposta pela Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater,
e publicada pela American Public Health Association (APHA) e no Manual de procedimentos
e técnicas laboratoriais voltado para análises de águas, esgoto doméstico e industrial
publicada pela Universidade de São Paulo (USP).
As amostras de água foram colhidas com o auxílio de um “copo de colheita” e
colocadas em duas garrafas de vidro previamente esterilizadas (uma de 2L para análises físico
e químicas e outra de 500 ml para analises microbiológicas) e devidamente identificadas com
um marcador, em seguida acondicionadas em dois recipientes térmicos, não havendo
necessidade de conservação com gelo, pois foram transportadas em uma viatura ao
laboratório num percurso de 4 Km em menos de 10 minutos.
As amostras foram colhidas no intervalo de 9 a 30 de Dezembro de 2016, em todas
segundas, quartas e sextas feira, totalizando dez dias. A colheita das amostras foram feitas no
período da manha entre as 8h:00min as 9h:00min nos pontos P1, P2, P3 e P4. A escolha destes
dias deveu-se a questões logísticas e financeiras, tais como disponibilidade do laboratório,
custo das análises entre outras.

26
a) b)
Figura 12. Condicionamento (a) e transporte das amostras (b).
Fonte: Autor, 2017.

3.4.2.2.! Análises das amostras no laboratório


As amostras foram entregues a DAL-LA, departamento da HCB, responsável pelas
análises laboratoriais. No laboratório foram feitas análises químicas (pH, DBO, DQO, OD,
fosforo total, nitrogénio total e amoniacal), físicas (temperatura, SST, SDT e turbidez) e
microbiológicas (escherichia coli e coliformes totais) baseando-se no Manual de análises de
água proposta pela Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, e
publicada pela American Public Health Association (APHA).

Tabela 7. Parâmetros analisados e os respectivos métodos e normas usadas no laboratório.

Parâmetros Metodologia Analítica Norma/Referencia


pH Electrométrico Standard Methods; 20ª Ed - APHA
DBO (mg/l) Incubação (5 dias) Standard Methods; 20ª Ed - APHA
DQO (mg/l) Refluxo fechado Standard Methods; 20ª Ed - APHA
Químicos OD (mg/l)
Nitrogénio Total (mg/l) Espectrometria de
Standard Methods; 20ª Ed - APHA
Nitrogénio Amoniacal (mg/l) Ultravioleta
Fósforo Total (mg/l)
Temperatura (°C) Instrumental Standard Methods; 20ª Ed - APHA
SST (mg/l) Gravimetria Standard Methods; 20ª Ed - APHA
Físicos
SDT (mg/l) Gravimetria Standard Methods; 20ª Ed - APHA
Turbidez (NTU) Instrumental Standard Methods; 20ª Ed - APHA
Escherichia Coli Colilert /18h de
incubação a 35±0,5oC /
Standard Methods; 20ª Ed - APHA
Biológicos Coliformes Totais 100 ml de amostra -
NMP
Fonte: Autor, 2017.

3.4.2.3.! Tratamento de dados


A etapa de tratamento dos dados consistiu na análise estatística básica (estatística
descritiva) com vistas à obtenção da medida de tendência central (Média - Med) e da medida

27
de dispersão (Desvios padrões – Dep) com ajuda do Software Microsoft Excel (Scottà, 2015).
Com base na folha de cálculo do Microsoft Excel, foram inseridos os resultados das
análises laboratoriais dos 10 dias, para cada ponto. De seguida foram calculadas as medias
(Med) e o desvio padrão (Dep) referentes a cada parâmetro no seu respectivo ponto, como
pode se verificar no Anexo I.
Segundo Júnior (2010), o desvio padrão (Dep) permite demonstrar a variação entre os
resultados obtidos em laboratório e consequentemente a confiabilidade entre eles, enquanto a
determinação da média das concentrações permitiu obter um valor homogéneo de cada
parâmetro.

3.4.3.! Avaliação do cumprimento da legislação moçambicana e portuguesa


Para avaliar o comprimento da legislação comparou-se os valores médios encontrados
no efluente tratado (ponto 4) com os padrões de lançamento de efluentes em corpos hídricos
estabelecidos na legislação moçambicana (Decreto no 18/2004).
Na ausência de alguns padrões de lançamento de efluentes em corpos hídricos na
legislação moçambicana (Decreto no 18/2004), tais como DBO, nitrogénio amoniacal,
coliformes totais e escherichia coli entre outros, recorreu-se a legislação portuguesa (Decreto-
Lei no 236/98). A escolha da legislação portuguesa deveu-se ao uso da mesma pela HCB,
como alternativa em casos similares, no processo de monitoria no lançamento do efluente no
Rio Guto.

3.4.3.1.! Avaliação da eficiência de remoção da matéria orgânica e microrganismos


patogénicos
Para Vale (2006) e Júnior (2010), a avaliação de qualquer processo de tratamento de
agua é baseada na análise dos parâmetros físico-químicos e biológicos do início e do final do
tratamento, calculando o percentual de eficiência de remoção do poluente. Uma estação de
tratamento pode atingir níveis de eficiência de acordo com os níveis de tratamento
Com base nas médias das concentrações dos paramentos de cada ponto, procedeu-se a
determinação da eficiência de remoção de poluentes de cada nível de tratamento e a eficiência
de remoção de poluentes de toda ETAR de acordo com equação 1, proposta por Scottà
(2015), Júnior (2010) e Vale (2006):

#$ %#&
!= ×100% Equação 1
#$

28
Onde:
E = eficiência de remoção de poluente (%)
Co = concentração de entrada
Ce = concentração saída

•! Nível de tratamento preliminar ou pré-tratamento: foram consideradas


concentrações do ponto 1 como sendo as concentrações de entrada e as do ponto 2
concentrações de saída.
•! Nível de tratamento secundário: as concentrações do ponto 2 foram consideradas
concentrações de entrada e as do ponto 3 concentrações de saída.
•! Nível de tratamento terciário: foram consideradas concentrações de entradas as
concentrações do ponto 3 e as concentrações de saída as do ponto 4.
•! Toda ETAR: as concentrações do ponto 1 foram consideradas como sendo as
concentrações de entrada e as do ponto 4 concentrações de saída.

29
CAPITULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.! Analise do efluente bruto e tratado


A caracterização do efluente foi feita pela análise das amostras colhidas nos pontos 1,
2, 3 e 4. A tabela 8, apresenta os valores obtidos nas análises laboratoriais. A tabela é
resultado das médias das concentrações obtidas nos pontos 1, 2, 3 e 4 (Anexo I).

Tabela 8. Concentrações médias do efluente gerado nos pontos de colheita.


Parâmetros Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4
pH 7,14 6,93 7,01 6,72
OD (mg/l) 1,12 0,967 2,03 2,04
DBO (mg/l) 85,78 77,80 20,24 18,75
Químicos DQO(mg/l) 182,23 162,80 88,72 87,25
Nitrogénio Total (mg/l) 53,00 53,75 8,04 7,65
Nitrogénio Amoniacal (mg/l) 16,87 16,40 0,19 0,23
Fósforo Total (mg/l) 0,00 0,00 0,80 0,20
Temperatura (°C) 32,00 31,70 26,85 26,73
SST (mg/l) 80,30 72,10 1,02 4,02
Físicos
SDT(mg/l) 154,10 163,10 1156,10 174,10
Turbidez (NTU) 46,92 40,41 5,52 6,11
Coliformes Totais >2419,6 >2419,6 >2419,6 0
Biológicos
Escherichia Coli >400,5 >400,5 >400,5 20,72
Fonte: Autor, 2017.

4.1.1.! Potencial Hidrogeniónico – pH


O efluente bruto (ponto 1) apresentou pH de 7,14, que esta de dentro da faixa típica de
um efluente doméstico (6,5 a 7,5). Os valores encontrados estão próximos da alcalinidade
(Scottà, 2015).
Para Grassi (2014), os microrganismos se desenvolvem melhor em condições
levemente alcalinas. O efluente tratado (ponto 4) apresentou pH de 6,72, demonstrando um
pequeno decréscimo em relação ao efluente bruto (ponto1).
O decaimento do pH pode ter ocorrido devido à actuação de bactérias saprófitas
formadoras de ácidos que fraccionam a matéria orgânica e produzem ácidos voláteis. Este
valor de pH no efluente tratado (ponto 4), também pode reflectir o desempenho de remoção
biológica de fósforo, por se encontrar na faixa de 6,4 a 7, segundo o estudo conduzido por
(Scottà, 2015 e Grassi, 2014).

4.1.2.! Oxigénio Dissolvido – OD


A concentração de OD variou de 1,12 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 2,04 mg/l no
efluente tratado (ponto 4). Essa variação demostra um ligeiro aumento da concentração de
matéria orgânica ao longo do trajecto da ETAR, o que leva a um aumento da decomposição,

30
processo que consome oxigénio, reduzindo-o na água. A baixa concentração de OD no
efluente bruto (ponto 1) pode estar relacionada com a deposição de matéria orgânica presente
no efluente. As aguas naturais as concentrações de oxigénio são superiores a 4 mg/l (Piveli,
2015).

4.1.3.! Demanda Bioquímica de Oxigénio e Demanda Química de Oxigénio


Demanda bioquímica de oxigénio variou de 85,78 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a
18,75 mg/l no efluente tratado (ponto 4). A concentração de DBO no efluente bruto (ponto 1)
encontrou-se a baixo da faixa de valores típicos (110 mg/l a 500 mg/l) de um efluente
doméstico. As concentrações de DBO no efluente bruto abaixo em relação a os reportados na
literatura foram encontrados no estudo de Araújo et al., (2013).
Segundo o mesmo autor, algumas possibilidades para justificar as concentrações de
DBO5 abaixo dos valores usuais seriam a abaixa quantidades de matéria orgânica
biodegradável de origem doméstica no efluente.
A DQO variou de 182,23 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 87,25 mg/l no efluente
tratado (ponto 4). Os valores de DQO em efluentes domésticos são sempre maiores que a
DBO, e variam de 220 a 1000 mg/L (Ciesielski, 2011).
A concentração do DQO no efluente bruto (ponto 1) encontrou-se abaixo da faixa
típica das concentrações de DQO de um efluente doméstico. O gráfico 1 e 2 demostraram a
relação DBO e DQO das amostras em 10 dias do efluente bruto e tratado, respectivamente.

Gráfico 1. Relação DBO e DQO no efluente bruto.


Fonte: Autor, 2017.

31
Gráfico 2. Relação DBO e DQO no efluente tratado.
Fonte: Autor, 2017.

No efluente bruto e tratado, os coeficientes de correlação (R) foram de 0,777 e 0,871,


respectivamente. O que significa que no efluente bruto e tratado as variáveis DQO e DBO
tendem a variar no mesmo sentido (positivo), o aumento da variável DBO provoca um
aumento da variável DQO. Coeficientes de correlação (R) próximos a estes foram
encontrados em estudo anterior, onde o efluente bruto apresentava 0,787 e o efluente tratado
0,864 (Scalize et al., 2005).

4.1.4.! Nitrogénio Total


O nitrogénio variou de 53 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 7,65 mg/l no efluente
tratado (ponto 4). A concentração de nitrogénio no efluente bruto (53 mg/l) encontrou-se
dentro da faixa de valores típicos (50 a 80 mg/l) encontrados em efluentes domésticos (Alves,
2013).
O alto valore da concentração de nitrogénio no efluente bruto (ponto 1), deveu-se ao
excesso de nutrientes. Os compostos de nitrogénio são nutrientes para processos biológicos,
ou seja, são tidos como macronutrientes pois, depois do carbono o nitrogénio é o elemento
exigido em maior quantidade palas células vivas (Grassi, 2014).

4.1.5.! Nitrogénio Amoniacal


O nitrogénio amoniacal variou de 16,87 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 0,23 mg/l
no efluente tratao (ponto 4). A concentração do efluente bruto (16,87 mg/l) encontrou-se
dentro da faixa típica (12 a 50 mg/l) das concentrações encontrada em efluentes domésticos
(Piveli, 2004).
O material nitrogenado em águas residuais é formado principalmente de nitrogénio
amoniacal, ião amónio NH4+ (forma pouco tóxica) e a amónia NH3 (forma tóxica). Em

32
concertações elevadas a amónia pode causar morte em algumas espécies aquáticas, sendo que
muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L. Além disso, a amónia provoca
consumo de oxigénio dissolvido ao ser oxidada biologicamente, a chamada DBO de segundo
estágio. Por estes motivos, a concentração de nitrogénio amoniacal é importante parâmetro de
classificação das águas naturais e normalmente é utilizada na composição de índices de
qualidade das águas (Scottà, 2015 e Grassi, 2014).

4.1.6.! Fósforo Total


O fósforo total variou de zero mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 0,20 mg/l no efluente
tratado. Este aumento de concertação do fósforo provavelmente deveu-se a incorporação de
lamas activadas ao longo do processo de tratamento, visto que as lamas são compostas por
fósforo que constitui um dos principais nutrientes para os processos biológicos que ocorrem
no tanque de arejamento (Piveli, 2015).
Quanto a redução da concertação do fósforo do ponto 3 para o ponto 4 pode ter sido
causada pela remoção de sólidos suspensos na cascata (uma espécie de decantador). A
remoção da concentração do fosforo das águas residuais envolve a incorporação do mesmo
em uma forma particulada (sólidos suspensos) nos quais os fosfatos que podem ser
incorporados são biológicos (microrganismos) ou químicos (fosfatos de metal precipitado,
pouco solúveis) (Grassi, 2014).

4.1.7.! Temperatura
Desde a entrada do efluente na estação de tratamento até o seu lançamento no corpo
receptor (Rio Guto), a temperatura variou de 32oC no efluente bruto (ponto 1) a 26,73oC no
efluente tratado (ponto 4).
Segundo Chernicharo (2007), a faixa óptima para actividade microbiana mesófilica é
de 25ºC a 35ºC. As temperaturas das águas residuais de origem domesticas relacionam-se
directamente com a concentração do OD.
Para Scottá (2015), quanto maior a temperatura, menor a solubilidade do OD em água,
como pode se verificar na tabela 8, quando comparado os valores de temperatura e OD. A
actividade microbiana e as reacções químicas aumentam com sua elevação, aumentando
também a velocidade de decomposição da matéria orgânica e a viscosidade do líquido.

4.1.8.! Sólidos Suspensos Totais (SST) e Sólidos Dissolvidos Totais (SDT)


Os SST variaram de 80,30 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 4,02 mg/l no efluente
tratado (ponto 4), enquanto que os SDT variaram de 154,10 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a
174,10 mg/l no efluente tratado (ponto 4).

33
Os valores das concentrações de SST e SDT no efluente bruto (ponto 1) encontram-se
abaixo dos valores tipicamente encontrados nos efluentes domésticos. Os valores típicos de
um efluente doméstico variam de 100 a 450 mg/l para os SST e de 250 a 850 mg/l para os
SDT (Piveli, 2004).
Segundo Scottà (2015), estes valores abaixo do tipicamente encontrado em efluentes
domésticos, é possivelmente justificado devido o horário de colheita das amostras ou pela
capacidade da tubulação reter sólidos ao longo de sua trajectória. Quanto o aumento das
concentrações de SDT de 154,10 mg/l no efluente bruto a 174,10 mg/l no efluente tratado, e
possivelmente ocasionado por falta de um sistema te retenção, capaz de reduzir as
quantidades de sólidos dissolvidos produzidas no tratamento secundário (1156, 10 mg/l).

4.1.9.! Turbidez
A turbidez variou significativamente de 40,41 NTU no efluente bruto (ponto1) a 6,11
NTU no efluente tratado (ponto 4), devidos aos vários processos físicos ligados a retenção de
sólidos suspensos ao longo do tratamento, tais como gradeamento; desarenação e
sedimentação. O parâmetro da turbidez está ligado a concentração de partículas suspensas
presentes no efluente (Scottà, 2015).
O gráfico 3 e 4 demonstra a relação turbidez e SST no efluente bruto e tratado
respectivamente.

Gráfico 3. Relação Turbidez e SST no efluente bruto.


Fonte: Autor, 2017.

34
Gráfico 4. Relação Turbidez e SST no efluente tratado.
Fonte: Autor, 2017.

Observou-se nos gráficos 3 (efluente bruto) e 4 (efluente tratado) que houve uma boa
correlação, obtendo-se altos coeficientes de correlação R=0,996 no efluente bruto e R=0,993
no efluente tratado. Logo, pode-se dizer que nos dois casos a variáveis SST e turbidez tendem
a varia em sentido positivo, o aumento da variável SST provoca aumento da variável turbidez.

4.1.10.!Organismos Patogénicos
O grupo de bactérias coliformes, é óptimo indicador de contaminação fecal e mostram
o potencial de contaminação da água através de organismos patogénicos (Vale, 2006).
A ETAR apresentou quantidades de Coliformes Totais maiores que 2419,6 /100 ml de
amostra do ponto 1 ao ponto 3. Enquanto que as quantidades de Escherichia Coli são maiores
que 400,5/100 ml de amostra do ponto 1 ao ponto 3. Estas quantidades apresentadas nos 3
primeiros pontos reflectem o nível de acções antropogénicas ao longo da ETAR e a
complexidade do efluente. Com a adição do cloro (Cl2) observa se uma remoção quase
completa deste organismo no efluente tratado.

4.2.! Avaliação do nível de cumprimento da legislação moçambicana e portuguesa

4.2.1.! Potencial hidrogeniónico - pH


O pH variou de 7,14 no efluente bruto (ponto 1) a 6,72 no efluente tratado (ponto 4).
A legislação moçambicana (Decreto no 18/2004), estabelece o valor de pH na faixa de
6 a 9, para a descarga de águas residuais de origem doméstica em corpos hídricos receptores.
De acordo com o instrumento legal acima citado, que aborda sobre os padrões de emissão de
efluentes líquidos domésticos, o valor de pH (6,72) encontrado no ponto 4 (efluente tratado)
estava dentro do parâmetro.

35
Gráfico 5. Variação do pH.
Fonte: Autor, 2017.

4.2.2.! Oxigénio Dissolvido – OD


A concentração de oxigénio dissolvido variou de 1,12 mg/l no efluente bruto (ponto 1)
a 2,04 mg/l no efluente tratado (ponto 4), segundo o demostrado no gráfico 6.
A legislação moçambicana, assim como a portuguesa não apresenta padrões de OD
para descarga de efluentes domésticos em corpos receptores. Contudo, a nível da literatura se
recomenda concentrações de OD maiores ou iguais a 5 mg/l como condição para a descarga
de efluentes domésticos em corpos hídricos receptores (Malope, 2014).

Gráfico 6.Variação de OD.


Fonte: Autor, 2017.

4.2.3.! Demanda Bioquímica de Oxigénio – DBO


Para Malope (2014), a Demanda Bioquímica de Oxigénio (DBO) expressa a presença
de matéria orgânica, sendo um indicador de grande importância da qualidade das águas.
A demanda bioquímica de oxigénio na ETAR do Songo variou de 85,78 mg/l no
efluente bruto (ponto 1) a 18,75 mg/l no efluente tratado (ponto 4), como pode-se observar no
36
gráfico 7.
A legislação moçambicana não prevê padrões de DBO para emissão de efluentes
domésticos em corpos receptores. Nesses casos recorreu-se a legislação portuguesa (Decreto-
Lei no 236/98), como foi explicado anteriormente nas metodologias. A legislação portuguesa
prevê 40 mg/l como o VLE, demostrando que o efluente lançado ao corpo receptor, efluente
tratado (ponto 4) com a concentração media de 18,75 mg/l, encontra-se dentro do padrão.

Gráfico 7. Variação da DBO.


Fonte: Autor, 2017.

4.2.4.! Demanda Química de Oxigénio – DQO


De acordo com Júnior (2010) a DQO mede o oxigénio equivalente ao conteúdo de
matéria orgânica de uma amostra que pode ser oxidada por um forte oxidante químico em
meio ácido. O gráfico 9 apresenta a variação de DQO de 182,23 mg/l no efluente bruto (ponto
1) a 87,25 mg/l no efluente tratado (ponto 4).
A legislação moçambicana (Decreto no 18/2004) recomenda 150 mg/l como sendo o
VLE. Contudo, pode-se afirmar que a concentração de 87,25 mg/l apresentada no efluente
tratado (ponto 4) encontrava-se dentro do estabelecido pelo dispositivo legal.

37
Gráfico 8. Variação do DQO.
Fonte: Autor, 2017.

4.2.5.! Nitrogénio Total


O nitrogénio de forma geral, voltado a efluentes, podem fornecer informações sobre o
nível de degradação. Na ETAR do Songo o nitrogénio total variou de 53 mg/l no efluente
bruto (ponto 1) a 7,65 mg/l no efluente tratado (ponto 4).
As concertações de nitrogénio total descarregadas no corpo receptor (Rio Guto) foi de
7,65 mg/l, como pode-se verificar no gráfico 9. Quanto a este parâmetro a ETAR do Songo
satisfaz a exigência normativa moçambicana (Decreto no 18/2004).

Gráfico 9. Variação de nitrogénio total.


Fonte: Autor, 2017.

4.2.6.! Nitrogénio amoniacal


Segundo Piveli (2015), o nitrogénio amoniacal na água apresenta-se sob as formas de
amónia gasoso (NH3) ou do ião amónio (NH4+), sedo o resultado da decomposição de animais

38
e vegetais e, principalmente, as transformações sofridas pelos compostos orgânicos presentes
nos esgotos.
O efluente bruto (ponto 1) e o efluente tratado (ponto 4) apresentaram concentrações
de Nitrogénio amoniacal que variaram de 16,87 mg/l a 0,23 mg/l respectivamente. A
legislação portuguesa (Decreto-Lei no236/98), estabelece concertações não superiores de 10
mg/l de nitrogénio amoniacal para o lançamento de efluentes domésticos. O efluente tratado
(ponto 4) descarrega no corpo receptor 0,23 mg/l de nitrogénio amoniacal, satisfazendo a
exigência descrita acima.

Gráfico 10. Variação de nitrogénio amoniacal.


Fonte: Autor, 2017.

4.2.7.! Fósforo Total


Segundo Piveli (2015), o fósforo aparece em águas naturais devido principalmente às
descargas de aguas residuais. Nestes, os detergentes superfosfatados empregados em larga
escala em actividades domesticas cotidianas constituem a principal fonte (15,5% de P2O5),
além da própria matéria fecal, que é rica em proteínas.
O gráfico 11 apresenta a variação das concentrações de fósforo de 0 (zero) mg/l no
efluente bruto (ponto 1) a 0,2 mg/l no efluente tratado (ponto 4). A legislação moçambicana
(Decreto no 18/2004) prevê 10 mg/l de fósforo total como VLE. Contudo, a HCB adopta o
VLE de 3 mg/l segundo a legislação portuguesa (Decreto-Lei no236/98), por se tratar de um
corpo receptor que alimenta uma albufeira (albufeira de Cahora Bassa).

39
Gráfico 11. Variação de fosforo total.
Fonte: Autor, 2017.

4.2.8.! Temperatura
A temperatura e um parâmetro extremamente importante devido a sua relevância no
desenvolvimento de microrganismos presentes no determinado efluente (Junior, 2010).
O gráfico 12 demonstra que temperatura variou de 32oC no efluente bruto (ponto 1) a
26,73oC no efluente tratado (ponto 4). A legislação moçambicana estabelece 35oC como o
valor de emissão limite para a descarga de efluentes domésticos em corpos receptores. Logo,
pode-se afirmar que o efluente tratado (ponto 4) encontrava-se dentro do recomendado pelo
instrumento legal (Decreto no 18/2004).

Gráfico 12. Variação da temperatura.


Fonte: Autor, 2017.

40
4.2.9.! Sólidos Suspensos Totais – SST
O gráfico 13, apresenta a variação de sólidos suspensos totais (SST) de 80,30 mg/l no
efluente bruto (ponto 1) a 4,02 mg/l no efluente tratado (ponto 4).
A legislação moçambicana (Decreto no 18/2004), prevê que a concentração de SST
não deve exceder os 60 mg/l. O efluente tratado (ponto 4) descarregou 4,02 mg/l de SST,
valor este considerado dentro dos padrões de emissão de efluentes domésticos.

Gráfico 13. Variação de SST.


Fonte: Autor, 2017.

4.2.10.!Sólidos Dissolvidos Totais – SDT


A concentração de SDT variou de 154,1 mg/l no efluente bruto (ponto 1) a 174,1 mg/l
no efluente tratado (ponto 4), como pode se observar no gráfico 14.
A legislação moçambicana (Decreto no 18/2004) e portuguesa (Decreto-Lei no
236/98), não prevê padrões de emissão de concentrações de SDT. A nível da literatura não se
faz menção das contracções de SDT a serem descarregadas em corpos hídricos receptores.

Gráfico 14. Variação de SDT.


Fonte: Autor, 2017.

41
4.2.11.!Turbidez
Na ETAR do Songo a turbidez variou de 46,92 NTU no efluente bruto (ponto 1) a
6,11 NTU no efluente tratado (ponto 4).
A legislação moçambicana e portuguesa não prevê padrão de turbidez para o emissão
de efluentes de origem doméstica. Contudo, a nível da literatura, prevê-se 100 NTU como
VLE (Scottá, 2015 e CONAMA, 2011).

Gráfico 15. Variação da turbidez.


Fonte: Autor, 2017.

4.2.12.!Organismos Patogénicos
A tabela 8 apresenta a variação de Coliformes Totais e Escherichia Coli em 4 pontos
de amostragem.

Tabela 9. Variação de organismos patogénicos.

Parâmetros Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 VLE


Coliformes Totais (NMP/100 ml) >2419,6 >2419,6 >2419,6 0 5000/100 ml
Escherichia Coli (NMP/100 ml) >400,5 >400,5 >400,5 20,72 5000/100 ml
Fonte: Autor, 2015.

O efluente da ETAR do Songo apresentou quantidades de Coliformes Totais maiores


que 2419,6/100ml de amostra no efluente bruto (ponto1) e 0/100ml de amostra no efluente
tratado (ponto 4). Enquanto a Escherichia Coli apresentou quantidades maiores que 400,5/100
ml de amostra no efluente bruto (ponto 1) e 20,72/100 ml de amostra no efluente tratado
(ponto 4).
A legislação portuguesa (Decreto-Lei no236/98), prevê 5000/100 ml de amostra como
o VLE, demostrando que o efluente lançado ao corpo receptor efluente tratado (ponto 4),
encontra-se dentro do padrão recomendado.

42
4.2.13.!Avaliação da eficiência de remoção da matéria orgânica e microrganismos
patogénicos
Segundo Scottá (2015), a eficiência de remoção de poluentes dos níveis de tratamento
está intimamente ligada aos recursos humanos e materiais dos seus usuários. A tabela 10
apresenta a eficiência de remoção DBO, DQO, SST, nitrogénio total, nitrogénio amoniacal,
fosforo total, turbidez, coliformes totais e escherichia coli em cada nível de tratamento e do
tratamento completo (toda ETAR).

Tabela 10. Eficiência na remoção de poluentes em cada nível de tratamento e eficiência global.
Parâmetros Pré-tratamento Tratamento Tratamento Tratamento
Secundário Terciário Completo
DBO 9,30% 73,98% 7,36% 78,14%
DQO 10,66% 45,50% 1,66% 52,12%
Nitrogénio Total -1,42% 85,04% 4,85% 85,57%
Nitrogénio Amoniacal 2,79% 98,84% -18,95% 98,66%
Fosforo Total - - 74,88% -
SST 10,21% 98,58% -292,9% 94,99%
Coliformes Totais - - 100% 100%
Escherichia Coli - - 94,83% 94,83%
Fonte: Autor, 2017.

4.2.13.1.! Pré-tratamento
A eficiência remoção de DBO, DQO e SST neste nível de tratamento foi de 9,3% e
10,66%, 10,21% respectivamente.
Segundo Júnior (2010), no pre-tratamento a DBO e DQO podem apresentar uma
eficiência de remoção de 5 a 25%, enquanto os sólidos suspensos podem apresentar eficiência
de remoção de 10 a 35%. A remoção de sólidos suspensos esta relaciona do com a turbidez,
quanto maior for eficiência de remoção de sólidos suspensos menor será a turvação.

4.2.13.2.! Tratamento Secundário


Neste nível de tratamento a eficiência de remoção de poluentes foi de 73,98% para
DBO, 45,5% para DQO, 85,4% para nitrogénio total, 98% para nitrogénio amoniacal e
98,58% para SST.
Para Alvel (2013), com o tratamento secundário é possível obter uma eficiência de
remoção de DBO e DQO de 40 a 90% e sólido suspensos e de 70 a 99%. A eficiência de
remoção de DBO e DQO, pode justificar-se devido o uso de processos biológicos de
tratamento de efluentes (lama activada), permitindo a conversão da matéria orgânica
biodegradável do efluente em gás, sólidos inorgânicos (sulfatos, hidróxidos, etc..) e material
biológico sedimentável, que podem ser separados do efluente por sedimentação. Enquanto a
eficiência dos SST deve-se a alta capacidade de sedimentação da ETAR. A acção de
43
depuração da matéria orgânica por parte dos microrganismos vai levar à formação de formas
de nitrogénio reduzidas (NH4+) e oxidadas (NO3-) e à formação de biomassa, pelo que é
necessário separar os sólidos da água.

4.2.13.3.! Tratamento Terciário


O tratamento terciário apresentou eficiências de remoção de DBO, DQO e nitrogénio
total baixas (7,36%, 1,66% e 4,85%). Por se tratar do nível de tratamento terciário, que neste
caso dedicasse exclusivamente a desinfecção do efluente, justificam-se os valores
apresentados acima. Por outro lado, o fósforo total, os coliformes totais e escherichia coli
apresentaram apresenta níveis de remoção altos (73,88%, 100% e 94,83%).
Segundo Alves (2013), para a remoção de nutrientes como o fosforo pode ser utilizada
a precipitação química ou tratamento biológico. No que se refere à remoção ou inactivação de
organismos patogénicos é usada a desinfecção, normalmente através do uso de cloro, ozono
ou radiação ultravioleta. O uso do cloro para desinfecção na ETAR do Songo justifica as altas
eficiências encontrados.

4.2.13.4.! Tratamento Completo


A ETAR apresentou uma eficiência de remoção global de DBO, DQO e SST de
78,14%, 52,12% e 94,99% respectivamente. Por outro lado, o nitrogénio tonal, nitrogénio
amoniacal, coliformes totais e escherichia coli demostraram uma eficiência de 85,57%,
98,66%, 94,83% e 100% respectivamente.
Sistemas de arejamento prolongado com lamas activadas, como é o caso da ETAR do
Songo podem atingir uma eficiência de remoção maior que 60% para DBO e DQO e maior
que 90% na remoção de SST (Jordão, 2015).
Para Junior (2010), a eficiência de remoção de organismo patogénico varia de 60 a
99% para este tipo de sistema de tratamento. Quanto ao nitrogénio, não foram encontradas
indicações na literatura da sua eficiência remoção em sistemas de arejamento prolongado .

4.3.! Propostas de Melhorias


Perante os resultados encontrados e discutidos anteriormente algumas mediadas de
melhoria são propostas:
•! Propõe-se a realização de estudos de eficiência na ETAR do Songo, usando um
histórico de dados mais alargado, para observar o comportamento desta ao longo das
duas estações do ano, assim como medição do oxigénio dissolvido e da temperatura
“in situ”, permitindo uma caracterização, mas completa e detalhada.

44
•! Realizar o monitoramento quinzenal do efluente bruto e tratado, considerando todos os
parâmetros com excepção do pH, turbidez, sólidos suspensos e oxigénio dissolvido.
Cujo a verificação deve ser diária devido aos impactos imediatos que estes podem
causar ao corpo hídrico receptor.
•! Planear e garantir a manutenção e limpeza das estruturas físicas do sistema de
tratamento. A realização destes procedimentos permitirá o prolongamento da vida útil
da ETAR e manterá a eficiência da mesma.
•! Com o aumento do numero da população e do parque habitacional na vila do Songo
propõe-se a reabilitação e ampliação da ETAR ou Construção de uma nova ETAR.
Estas medidas poderão garantir a manutenção da qualidade do Rio Guto (corpo hídrico
receptor).

45
CAPITULO V - CONCLUSÃO

5.! Conclusão
Através da análise e discussão dos resultados alcançados neste trabalho, tendo em os
objectivos traçados conclui-se que:
A ETAR do Songo foi caracterizada por um efluente bruto, com valores médios
abaixo do tipicamente encontrado em efluentes brutos de origem doméstica, com excepção
das concentrações de nitrogénio total (53 mg/l) e nitrogénio amoniacal (16,87 mg/l). O
efluente bruto apresentou valores médios de pH (7,14), temperatura (32oC) e concentrações
médias de OD (1,12 mg/l), DBO (85,78 mg/l), DQO (182,23 mg/l), SST (80,30 mg/l), SDT
(154,1 mg/l), turbidez (46,92 NTU) e fósforo total (0 mg/l). O efluente tratado caracterizou-se
por valores médios de pH (6,72), temperatura (26, 73oC) e concentrações medias de OD (2,04
mg/l), DBO (18,75 mg/l), DQO (87,25 mg/l), SST (4,2 mg/l), SDT (174,1 mg/l), turbidez
(6,11 NTU), fósforo total (0,2 mg/l), nitrogénio total (7,65 mg/l) e nitrogénio amoniacal (0,23
mg/l). Quanto aos microrganismos patogénicos as quantidades de Escherichia Coli no
efluente bruto foram maiores que 400,5/100 ml de amostra e 20,72/100 ml de amostra no
efluente tratado. O efluente bruto apresentou quantidades de coliformes totais maiores que
2419,6/100 ml de amostra, enquanto que o efluente tratado não apresentou coliformes totais.
Comparados os valores do efluente tratado com os valores limites de emissão
previstos na legislação moçambicana (Decreto no 18/2004) assim como na portuguesa
(Decreto-Lei no 236/98) pode se afirmar que a Estação de Tratamento de Aguas Residuais do
Songo é eficiente, pois cumpre com os padrões de lançamento de águas residuais
estabelecidos nos dois instrumentos legais acima citados.
Calculadas as eficiências de remoção de poluentes em cada nível de tratamento assim
como de toda ETAR, concluiu-se que:
•! No nível de pré-tratamento foram obtidas eficiência de remoção de DBO (9,30%),
DQO (10,66%), SST (10,21%) e nitrogénio amoniacal (2,79%).
•! No nível de tratamento secundário foram obtidas eficiências de remoção de DBO
(73,98%), DQO (45,5%), SST (98,58%), nitrogénio total (85,04%) e nitrogénio
amoniacal (98,84%).
•! No nível de tratamento terciário foram obtidas eficiência de remoção de DBO
(7,36%), DQO (1,66%), nitrogénio total (4,85%), fosforo total (74,88%), coliformes
totais (100%) e escherichia coli (94,83%)

46
•! Em toda a ETAR foram obtidas eficiência de remoção de DBO (78,14%), DQO
(52,12%), SST (94,99%) nitrogénio total (85,57%), nitrogénio amoniacal (98,66),
coliformes totais (100%) e escherichia coli (94,83%).
De forma geral, pode se dizer que os altos níveis de desempenho das unidades de
tratamento na remoção de poluentes apresentado anteriormente, justificaram e garantiram o
cumprimento dos padrões de lançamento de águas residuais previstos na legislação
moçambicana (Decreto no 18/2004) e portuguesa (Decreto-Lei no 236/98), demostrando assim
efectividade da ETAR do Songo no tratamento de efluentes de origem domestica.
Diante dos resultados expostos foram propostas algumas melhorias: estudos de
eficiência mas completos e detalhados, manutenção e limpeza das estruturas físicas,
reabilitação e ampliação da ETAR ou construção de uma nova ETAR.

47
6.! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CENTURION, Stanley. Biodigestão Anaeróbia de Efluente de Abatedouro
Avícola. Revista Ceres, Viçosa, 2011.
22.!PIVELI, Roque Passos. Qualidade das Águas de Poluição: Aspectos Físico-
Químicos. Brasil, 2015.
23.!PIVELI, Roque Passos. Tratamento de Esgotos Sanitários. Brasil, 2004.
24.!SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI.
Tratamento de Esgoto. Revista Gramatical e Editorial-CEDAE, 2a Edição. Rio de
Janeiro. 2008.
25.!SCALIZE, Paulo Sérgio; LEITE, Wellington Cyro de Almeida; RODRIGUES, José
49
Manoel; CORREA, Murilo de Souza; VENUZO, Stefano Benedito; LOMBARDI,
Renata; OLIVEIRA, Simione Cristina; DOS SANTOS, Michele Félix. Correlação
entre os Valores de DBO e DQO no Afluente de duas ETE’s da Cidade de
Araraquara. IMED, São Paulo, 2005.
26.!SCOTTÁ, Jéssica. Avaliação e Optimização de uma Estação de Tratamento de
Esgoto com Sistema Fossa e Filtro de um Município da Serra Gaúcha. Trabalho
de Conclusão do Curso de Engenharia Ambiental, Centro de Ciências Exactas e
Tecnologias, Centro Universitário Univates, Lajeado, 2015.
27.!SILVA, Diego de Oliveira; CARVALHO, António. R. P,. Soluções em Engenharia
de tratamento de agua: Etapas de Tratamento de Efluentes. Brasil, 2007.
28.!SILVA, Edna Lúcia; MENEZES, Estera Muszkat,. Metodologia da Pesquisa e
Elaboração de Dissertação. Departamento de Ciencias de Informacao, Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC, 4o Edição, Florianópolis, 2005.
29.!TRATAMENTO DE ÁGUA - TDA. Manual de Instrução de Condução e
Conservação do Equipamento: Central de Tratamento de Águas Residuais do
Centro Urbano de Cahora Bassa. Lisboa, 1977.
30.!UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP. Manual de Procedimentos e Técnicas
Laboratoriais Voltado para Analises de Águas e Esgotos Domésticos e
Industriais. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária – Laboratório de
Saneamento, São Paulo, 2004.
31.!UNIVERSIDADE ZAMBEZE. Norma para Preparação e Apresentação de
Trabalhos Científicos. Beira, 2012.
32.!VALE, Milton Bezerra. Avaliação da Eficiência da Remoção de Matéria Orgânica
e Microbiológica de Três Sistemas de Lagoas de Estabilização em Serie na
Grande Natal-RN: Beira Rio, Jardim Lola I e Jardim Lola II. Dissertação do
Programa de Pós-graduação em Engenharia Sanitária, Centro Tecnológico,
Universidade Federal do Rio Grande Do Norte – UFRN, Natal/Rio Grande do Norte,
2006.
33.!ZANGONEL, Jéssica Talita. Avaliação da Eficiência da Estação de Tratamento de
Águas Residuais de uma Lavanderia de Jeans. Revista de Engenharia Civil, IMED,
Brasil, 2015.

50
ANEXO I
Resultados laboratoriais das amostras colhidas em 4 pontos no período de 10 dias.

Ponto 1 : efluente bruto


Número de dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Data 09/12/2016 12/12/2016 14/12/2016 16/12/2016 19/12/2016 21/12/2016 23/12/2016 26/12/2016 28/12/2016 30/12/2016 Med Dep
pH 7,10 7,30 7,20 7,00 7,20 7,10 7,20 7,10 7,30 6,90 7,14 0,13
OD (mg/l) 1,12 1,13 1,1 1,11 1,13 1,12 1,1,3 1,12 1,12 1,1 1,12 0,01
Temperatura (°C) 30,00 32,00 34,00 30,00 29,00 33,00 32,00 33,00 34,00 33,00 32,00 1,76
DBO (mg/l) 82,30 80,40 89,30 80,27 96,10 97,30 89,80 72,30 88,00 82,00 85,78 7,35
DQO (mg/l) 180,30 168,00 172,00 185,00 209,00 200,00 180,00 168,00 190,00 170,00 182,23 13,30
SST (mg/l) 80,00 82,00 81,00 80,00 80,00 82,00 79,00 80,00 80,00 79,00 80,30 1,06
SDT (mg/l) 155,00 154,00 156,00 152,00 153,00 153,00 155,00 156,00 154,00 153,00 154,10 1,37
Turbidez (NTU) 46,60 45,10 46,30 46,90 47,90 46,80 46,70 47,20 47,90 47,80 46,92 0,86
N-Total (mg/l) 52,50 55,10 50,00 56,30 53,10 56,00 52,00 50,20 50,60 54,20 53,00 2,35
N-Amoniacal(mg/l) 16,90 16,00 17,10 16,90 16,00 17,10 17,60 17,60 16,50 16,10 16,87 0,58
Fósforo Total (mg/l) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Coliformes Totais >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 *
Escherichia Coli >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 *

51
Ponto 2 : afluente do tratamento secundário
Número de dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Med Dep
Data 09/12/2016 12/12/2016 14/12/2016 16/12/2016 19/12/2016 21/12/2016 23/12/2016 26/12/2016 28/12/2016 30/12/2016
pH 6,90 7,00 6,80 7,10 6,90 7,00 6,90 7,10 6,60 7,00 6,93 0,15
OD (mg/l) 0,96 0,98 0,96 0,97 0,97 0,96 0,97 0,96 0,97 0,97 0,97 0,01
Temperatura (°C) 29,00 31,00 30,00 30,00 38,00 32,00 32,00 31,00 32,00 32,00 31,70 2,45
DBO (mg/l) 78,20 76,40 75,30 77,20 81,10 76,30 76,90 74,30 83,20 79,10 77,80 2,70
DQO (mg/l) 134,00 198,00 171,00 182,00 199,00 180,00 205,00 168,00 12,00 179,00 162,80 56,69
SST (mg/l) 74,00 72,00 70,00 71,00 73,00 74,00 71,00 71,00 73,00 72,00 72,10 1,37
SDT (mg/l) 156,00 150,00 161,00 162,00 173,00 163,00 165,00 167,00 171,00 163,00 163,10 6,72
Turbidez (NTU) 39,60 41,40 40,30 40,90 41,90 39,80 41,20 40,20 38,90 39,90 40,41 0,92
N-Total (mg/l) 53,50 51,10 53,80 51,30 53,80 59,40 52,00 55,90 52,50 54,20 53,75 2,46
N-Amoniacal(mg/l) 16,50 16,10 15,10 16,70 15,10 16,60 17,80 16,80 16,90 16,40 0,86
Fósforo Total (mg/l) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Coliformes Totais >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 *
Escherichia Coli >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 *

52
Ponto 3: afluente do tratamento terciário
Número de dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Med Dep
Data 09/12/2016 12/12/2016 14/12/2016 16/12/2016 19/12/2016 21/12/2016 23/12/2016 26/12/2016 28/12/2016 30/12/2016
pH 6,80 7,30 7,40 7,50 6,90 6,60 7,30 6,70 6,80 6,80 7,01 0,33
OD (mg/l) 2,03 2,03 2,04 2,02 2,02 2,03 2,03 2,04 2,03 2,03 2,03 0,01
Temperatura (°C) 26,40 27,10 27,40 26,50 26,10 27,80 26,50 27,60 26,90 26,20 26,85 0,60
DBO (mg/l) 19,80 20,00 21,30 20,10 19,50 19,70 20,30 21,50 19,90 20,30 20,24 0,66
DQO (mg/l) 88,90 89,10 89,30 86,80 88,80 89,90 89,90 85,70 89,90 88,90 88,72 1,40
SST (mg/l) 0,99 1,10 0,99 1,00 1,10 0,98 1,10 0,99 1,00 0,98 1,02 0,05
SDT (mg/l) 1159,00 1154,00 1154,00 1153,00 1163,00 1158,00 1160,00 1151,00 1157,00 1152,00 1156,10 3,90
Turbidez (NTU) 5,60 5,55 5,65 5,38 5,61 5,90 5,31 5,38 5,50 5,31 5,52 0,18
N-Total (mg/l) 7,60 7,80 7,50 7,90 7,30 8,00 7,90 8,60 8,90 8,90 8,04 0,57
N-Amoniacal(mg/l) 0,18 0,20 0,20 0,19 0,18 0,19 0,20 0,19 0,20 0,17 0,19 0,01
Fósforo Total (mg/l) 0,70 0,80 0,80 0,90 0,70 0,90 0,80 0,70 0,90 0,80 0,80 0,08
Coliformes Totais >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 >2419,6 *
Escherichia Coli >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 >400,5 *

53
Ponto 4 : efluente final ou tratado
Número de dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Med Dep
Data 09/12/2016 12/12/2016 14/12/2016 16/12/2016 19/12/2016 21/12/2016 23/12/2016 26/12/2016 28/12/2016 30/12/2016
pH 6,90 6,40 6,50 6,90 6,70 7,00 6,80 6,70 6,60 6,70 6,72 0,19
OD (mg/l) 2,04 2,03 2,04 2,04 2,04 2,04 2,05 2,03 2,04 2,04 2,04 0,01
Temperatura (°C) 26,40 27,20 27,10 26,30 27,80 27,10 26,50 26,60 26,10 26,20 26,73 0,55
DBO (mg/l) 18,80 18,10 19,80 19,90 17,80 19,20 19,40 16,30 19,10 19,10 18,75 1,03
DQO (mg/l) 86,90 87,10 87,30 88,80 86,50 88,00 87,90 85,40 86,90 87,70 87,25 0,89
SST (mg/l) 3,90 3,80 4,00 4,10 4,00 4,00 4,20 3,90 4,00 4,30 4,02 0,15
SDT (mg/l) 172,00 173,00 176,00 173,00 178,00 173,00 176,00 178,00 172,00 170,00 174,10 2,73
Turbidez (NTU) 6,00 6,10 6,30 6,00 6,00 6,10 6,10 6,00 6,30 6,20 6,11 0,12
N-Total (mg/l) 7,80 7,50 7,60 7,90 7,40 7,20 7,80 7,60 7,90 7,80 7,65 0,23
N-Amoniacal(mg/l) 0,23 0,22 0,24 0,20 0,23 0,23 0,24 0,22 0,21 0,24 0,23 0,01
Fósforo Total (mg/l) 0,20 0,19 0,21 0,21 0,19 0,23 0,19 0,20 0,20 0,19 0,20 0,01
Coliformes Totais 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Escherichia Coli 20,50 20,80 20,70 20,50 20,80 20,80 20,90 20,90 20,70 20,60 20,72 0,15

54
ANEXO II

55

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