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Simbologia, Crescimento Maçônico e Responsabilidade Social

“Para Jung, arquétipo é uma espécie de imagem arraigada profundamente


no inconsciente coletivo da humanidade, e que se reflete em diversos aspectos da vida
humana. São imagens universais que existem desde os tempos mais remotos da
Humanidade. Diz Jung que as "imagens primordiais" - outro nome para arquétipos - se
originam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas
gerações. Eles são as tendências estruturantes e invisíveis dos símbolos.

Os símbolos tornam possível que acessemos e valorizemos os arquétipos, os


sentimentos que nos interessa trazer para fora. Assim, quando a gente diz que a Ordem
está nos tornando melhores, é a isso que nos referimos. A evolução moral e espiritual
de um Maçom é o produto direto do exercício da ritualística por que é através da
visualização exaustiva de seus símbolos que conseguiremos acessar esses bons
sentimentos (arquétipos) que queremos ver aflorar”.

Para quem quiser ater-se a uma visão mais científica, aí temos Jung. Daí já se
conclui que uma Sessão Maçônica não é um a coleção de superstições medievais ou até
anteriores. Mas lembremo-nos que não somos escolhidos entre ateus. É imprescindível
que acreditemos em um Princípio Criador e na imortalidade da alma. Nosso esoterismo
contemporâneo baseia-se nisso; o esoterismo dos povos antigos expressava-se de outra
forma, mas nem por isso, em sua essência eram superstições, apenas eram a forma que
eles imaginavam de fazer sua re-ligação, sua re-ligião com seu Criador. Lembrem-se de
que Alá, Jehová e Deus significam absolutamente a mesma coisa.

Mas, voltando aos arquétipos, como poderemos acessá-los se não tomarmos


conhecimento deles? Sal, Mercúrio e Enxofre na Câmara de Reflexões são, para o
candidato, apenas Cloreto de Sódio (NaCl), o metal Mercúrio (Hg) e o elemento
químico não-metal Enxofre (S). Eles estão lá por um motivo alquímico, o qual, se o
Aprendiz tiver a curiosidade de ir buscar, descobrirá a Tria Prima alquímica, que
NADA tem a ver com NaCl, Hg e S. Nesse momento compreenderá que o Enxofre
alquímico, a Alma, representa uma força expansiva; o Mercúrio, o Espírito, uma força
compressiva, e o Sal, o Corpo, a cristalização do equilíbrio dessas forças.

Descobrirá Saturno, presente na Câmara na caveira, na ampulheta e outros


símbolos de morte. Mas também descobrirá que Saturno não é apenas o Ceifador, mas
também o Transformador. É aquele que matará o profano transformando-o através da
putrefação e da retificação, que são terminologias alquímicas, sendo que a Retificação
encontra-se na famosa sigla V.’.I.’.T.’.R.’.I.’.O.’.L.’..

Agora visualize: Ocorre uma morte e uma transformação, nos símbolos de


Saturno. Ocorre uma contraposição de opostos e uma cristalização, na interação
Enxofre, Mercúrio e Sal, símbolos alquímicos. Há aqui a formação de um novo Corpo
ou embrião. A própria alegoria da Câmara de Reflexões, internada na Terra, já sugere
um útero e também é chamada de Ovo Filosofal por Oswald Wirth.

Temos, dentro do Templo, as Colunas Zodiacais, que nos dão, na Coluna Norte,
a trajetória desde o Profano até o Aumento de Salário do Aprendiz. Referem-se à lenda
dos Mistérios de Elêusis, pela qual Perséfone é raptada por Hades e isso provoca os
humores de sua mãe, Deméter, dando origem às estações do ano e ao ciclo da vida
vegetal.

As colunas zodiacais do Aprendiz são, Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e


Virgem. Elas nos dão a trajetória do aprendizado. Áries, de fogo, simboliza a chama
interna, o ardor do candidato, os dias que precedem à iniciação; Touro, de Terra,
simboliza a natureza pronta para a fecundação. É nesse momento que aquele corpo
cristalizado pelo Sal torna-se o embrião fecundo que dará origem ao Iniciado; Gêmeos,
de ar, simboliza os filhos da Terra fecundada pelo fogo e, iniciaticamente, o
recebimento da luz pelo candidato. É o momento em que a semente sai da Terra para o
Ar, que a nova vida respira. É o Neófito; Câncer, de água, é a explosão vegetal da
terra fecundada e simboliza a instrução do iniciado; Leão, de fogo, simboliza o calor
externo, que amadurece os frutos, o emprego da razão a serviço da crítica e, assim, o
juízo crítico e racional feito pelo iniciado sobre os conhecimentos que adquiriu e,
finalmente, Virgem, de Terra, que representa a colheita dos frutos e simbolicamente é
o iniciado, o qual, depois de ter julgado racionalmente os ensinamentos recebidos, se
encontra pronto a dedicar-se ao desbaste da Pedra Bruta e ao consequente
aperfeiçoamento moral e espiritual, tornando-o apto ao receber o seu Aumento de
Salário.

Façamos um apanhado geral. Caveiras, ampulhetas, elementos químicos, signos


astrológicos... Para quem não se instrui corretamente são o quê? Principalmente,
modificam alguém em quê? Atraem a atenção de quem, ao longo dos dias, da
transformação em rotina dos nossos trabalhos?

Porém, com o devido estudo, com a devida tomada de conhecimento de seus


significados, nós temos uma história, a narrativa de como um homem comum sofre sua
morte simbólica e renasce como Iniciado, como um moderno Cavaleiro com um avental
em vez de armadura, para transformar uma Sociedade tão carente de boas obras. Isso
fala também de responsabilidade. Nós temos de nos tornar o que nos propomos a ser.
O direito que temos de sermos chamados Maçons traz a cabresto a obrigação de nos
transformarmos em Maçons verdadeiros, por que é isso o que irá melhorar a Sociedade,
lá fora, para os nossos filhos e netos. E isso só alcançaremos com a instrução.

Para quem quiser se aprofundar mais, mesmo no Grau de Aprendiz, é só


pesquisar mais sobre Alquimia, Hermetismo e outros estudos paralelos que podem – e
devem – ser feitos. Mas só em analisar essa trajetória do exemplo, pode-se ver que é
apenas um preparo para o que virá. Pode-se ver a extensão desse conhecimento e a
importância, o quanto poderemos usufruir e proporcionar disso. A Maçonaria já teve
muitos momentos políticos e provavelmente ainda os terá. Mas isso é apenas uma
consequência da liderança que faz parte do perfil maçônico. Na verdade, a Maçonaria é
individual. Sempre foi essa a intenção. “Conhece-te a ti mesmo”; “Cada Maçom é um
Templo”... O Maçom é uma Luz Social. Devemos modificar a Sociedade para melhor.
Se não podemos disseminar nosso conhecimento, deverá ser apenas pelo nosso
comportamento, pelo nosso exemplo. Mas, se já éramos Livres e de Bons Costumes, e
não nos tornarmos permeáveis a esse conhecimento que nós é oferecido, para que
sermos iniciados? Precisamos sofrer essa transformação.

Aprendizes, pesquisem, estudem, vão atrás. E também nos procurem, aos


Mestres. Nem sempre terão resposta, pois também não sabemos tudo, mas nós também
procuraremos, também pesquisaremos e seremos Aprendizes juntos. Não esqueçam,
um dia serão vocês os Mestres. Uma Loja com Aprendizes que aspiram ao saber é uma
Loja de Mestres sábios.

Or.’. de Uruguaiana, A.’.R.’.L.’.S.’. Heráclio Soares Leães, nº 3223, 02/04/2018,


E.’.V.’.
Ir.’. Hermeto Silva, M.’.M.’.

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