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Tributação e Organizações

Sociais

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG


Bacharelado em Ciências do Estado
6º Período – DIP 217

Paulo Adyr Dias do Amaral


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UNIDADE II
Parâmetros da
Tributação

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Três momentos na
história da tributação

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1) Arbítrio dos particulares
Nos primórdios, a prestação
tributária ficava ao arbítrio dos
particulares, como favor ou
auxílio destes à comunidade;

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2) Arbítrio do soberano
numa nova fase, essa requisição
foi passando para o arbítrio do
soberano – que ia exigindo sem
critérios, apenas dentro da relação
de força ou poder, e

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3) Relação Jurídica
Relação jurídica em virtude da
lei, na medida prevista pela lei e
fixada pela lei, com a possibilidade
de a lei ser interpretada e
aplicada, conclusivamente, pelo
Poder Judiciário.

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Parâmetros

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1) Indivíduo ou classe

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2) Patrimônio
Diferença entre capital e seu
produto
Produtividade
Passivo

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3) Despesa
Maior arrecadação
Atingir classes privilegiadas
Só atinge a renda gasta
Regressivo

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4) Produção
Custos de produção diferenciados
Lucratividade

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5) Renda

Capacidade econômica ou
contributiva

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Art. 145, § 1º, da CR

Sempre que possível, os impostos


terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte (...).

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Art. 202 da CR 1946
Os tributos terão caráter pessoal
sempre que isso for possível, e
serão graduados conforme a
capacidade econômica do
contribuinte.

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Constituição do Império do
Brasil, de 1824. Art. 179:
15o) Ninguém será isento de
contribuir para as despesas do
Estado, em proporção dos seus
haveres.

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CAPACIDADE CONTRIBUTIVA
Conceito de GRIZIOTTI
Capacidade de pagar tributos,
depois de satisfeitas as
necessidades elementares da
existência, que pode ser absorvida
pelo Estado, sem reduzir o padrão
de vida do contribuinte e sem
prejudicar as atividades
econômicas.
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Reforma Tributária

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Receita Fiscal X
Desempenho Administrativo

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A carga tributária brasileira é a mais
alta entre os países emergentes

Argentina .............................. 21% PIB


México ............................... 18,5% PIB
Chile ..................................... 18% PIB
Índia, China e Rússia ........... 16% PIB

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Tabela 1- Brasil – Distribuição da Carga Tributária Bruta segundo faixa de salário mínimo

Fonte: IPEA, 2009.


Xxxxxxx
Xxxxxxxx

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Figura 1- Indicadores de Iniquidade no Sistema Tributário Nacional - 2009

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Carga
Tributária

Empresas
Assalariados
Profissionais
Liberais
Incidência Tributária sobre
Serviços e Tarifas Públicas

Serviços e Tarifas Públicas 1995 2003 2004


Energia Elétrica 33,03 45,68 45,81
Transporte Coletivo 24,94 33,25 33,25
Telecomunicações 33,59 46,65 46,65
Água 23,26 29,83 29,83
Gás 38,07 50,76 50,76
Combustíveis 40,09 52,91 53,03
Fonte: IBPT - 13/05/04
Tributos Incidentes sobre Serviços
de Comunicações (em %)
35

28,93
Total = 46,65
30

25

20

15

10
5,22
4,09
5 2,89 2,13
0,86 1,28 1,25
0
Total = 46,65

S
S

J
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IN
FI

P
IC

C
C
O

U
C

O
Tributos Incidentes sobre
Serviços de Transportes (em %)

OUTROS 2,27 Total = 35,10


CSLL 1,21

IRPJ 2,16

INSS 3,75

CPMF 1,18

COFINS 5,74

PIS 0,79
ICMS 18,00

0 5 10 15 20
A barafunda tributária no Brasil
É o sistema tributário mais complexo do mundo 85
tributos.
Cf. dados do IBPT, em média, cada empresa no Brasil tem
que respeitar 249.124 normas tributárias, entre leis,
medidas provisórias, decretos, portarias e instruções (em
1.988, eram 29.713). A maior parte (137.017) são regras
municipais.
A cada dia útil são criadas 56 normas tributárias
A cada hora, 5 novas regras tributárias chegam à
Contabilidade das empresas brasileiras.
A maratona para ficar em ordem com o Fisco corrói 1,16%
do faturamento da empresa no período.
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Empresas gastam 19,7 bilhões só com a burocracia
tributária.
O custo equivale ao que a indústria de transformação
desembolsa por ano com a folha de pagamento e
supera em 58% o investimento em pesquisa e
desenvolvimento.
Carga tributária da indústria: 40,3% dos preços dos
produtos.
Até chegar ao consumidor final, considerando a
cumulatividade da cadeia produtiva, os gastos com o
sistema podem chegar a 2,6% do preço dos produtos
industriais.
10 empregados para realizar cada atividade: folha de
pagamento, escrituração fiscal e contabilidade
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Ex: Grupo Amazonas 15 pessoas na Contabilidade
30 % do tempo de trabalho preenchendo papéis...
em razão da constante mudança de regra, há
outros 6 empregados para auditar o trabalho da
Contabilidade 1 prédio só para o arquivo morto e 2
empregados para organizar toda a papelada...
1/3 do tempo de um profissional de TI é dedicado a
encargos e tributos
Multas 1,41 bilhão por ano
Em média, nos EUA, apenas 2 pessoas são
responsáveis pela área tributária
Fonte: FIESP (estudo: CARGA EXTRA DA
INDÚSTRIA BRASILEIRA)

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Custo de conformidade
Empresas brasileiras gastam 2.600 horas com obrigações
tributárias
SÃO PAULO – O Brasil é o local onde se gastam mais horas
para o cumprimento das obrigações tributárias. Um
levantamento realizado pela Pricewaterhousecoopers
revelou que, no Brasil, são gastas 2.600 horas. Por isso, o
País ocupa o primeiro lugar em um ranking do tempo que se
gasta com os tributos e formado por 183 países.
Em segundo lugar, está Camarões, com 1.400 horas, e em
terceiro aparece a Bolívia, com 1.080 horas. Entre os países
onde se gastam menos horas com as obrigações tributárias,
estão a República das Maldivas, Emirados Árabes e Catar,
nesta ordem.
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No caso do Brasil, a pesquisa afirma que o
governo já mostrou que tem interesse em
reduzir o tempo que os empresários brasileiros
gastam, por meio da reforma tributária que
tramita no Congresso Nacional.
Além disso, o relatório cita a utilização do SPED
Contábil (Sistema Público de Escrituração
Digital) pelas empresas, que visa integrar os
órgãos fiscais federais, estaduais e municipais,
por meio de informações digitais, unificando
recebimento, validação, armazenamento e
autenticação de documentos.
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Outros países
Na análise de outros países da América Latina, os
dados revelam que, na Argentina, são gastas 453
horas, resultado que leva o país a ocupar a 162ª
posição, enquanto no Chile são 316 horas (130ª) e,
no Peru, são 380 horas (153ª).
Já na Europa, a situação dos empresários não é
muito diferente. Para ter uma idéia, na Espanha e na
Itália, os empresários gastam 213 horas e 334 horas,
respectivamente. Em Portugal, são 328 horas.
Os dados revelam ainda que, nos Estados Unidos, o
gasto chega a 187 horas, enquanto na Canadá são
119 horas.
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Arrecadação concentrada
em Contribuições e outros

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Tributação Injusta:
A difícil busca da Justiça Fiscal
Não há seletividade proporcional à CC

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Negação do Princípio
Federativo

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Motivo da "Grita" dos
Estados

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Princípios para reforma tributária
manter descentralização de competências e
receitas;
preservar o ajuste fiscal do setor público;
desonerar exportações, investimentos e
emprego;
minimizar danos sobre eficiência e
competitividade;
harmonizar mercado interno e abrir economia;
promover a justiça fiscal;
simplificar o sistema tributário.
consenso sobre princípios x dissenso sobre
caminhos
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Universo de Contribuintes

Pessoas Físicas
114,3 milhões

Pessoas Jurídicas
15,7 milhões

567 Unidades

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Receita Federal
Um país inviável...

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É inviável um país que:
Perde para a corrupção 85 bilhões de reais por ano;
Tem uma máquina burocrática que cresce mais que o PIB;
Cobra 40% do PIB em tributos, mas não consegue zerar o déficit
público;
Tem 120 milhões de indivíduos vivendo diretamente de
vencimentos auferidos do Estado (das três Pessoas Políticas da
Federação);
Gasta mais com aposentados que com crianças e jovens;
Gera energia elétrica pelo método mais barato do mundo e a
entrega ao consumidor por um dos mais altos preços do planeta;
Tem um sistema em que, para cada real efetivamente pago de
salário, o empregador despende 1 real em encargos e tributos;
Tem a legislação tributária mais confusa e injusta do mundo
civilizado.

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Mais alguns dados
tenebrosos...

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Arrecadação total (2012) R$1,3 trilhão 38%
PIB
Índice de investimento público (capital fixo novo)
(saúde, educação, infraestrutura etc) não passa
de 3,8% PIB
No entanto, o país precisa de índice de investimento
de 23% PIB para crescer a 5% ao ano (ainda assim
menos que China, Índia, Rússia, Turquia e África do
Sul). Ou seja: é o setor privado que precisa arcar
com 20% do PIB para fazer o país crescer.
Entretanto, o ambiente de negócios do Brasil é hostil
ao setor privado: burocracia, encargos trabalhistas,
crédito deficiente e caro, infraestrutura péssima,
tributação escorchante...
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O desemprego está em 8% da
população economicamente ativa,
e subindo...
Exigências descabidas para o
agronegócio e das grandes
empresas (juridicamente
duvidosas)...

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Bibliografia Específica
SELIGMAN, Edwin Robert Anderson.
Essays in taxation. 9ª ed. New York: Mac-
Millan, 1923.
IMPOSTO SOBRE A RENDA –
FUNDAMENTOS E CONTRADIÇÕES.
Paulo Adyr Dias do Amaral e Leonel Martins
Bispo. Prefácio de Sacha Calmon Navarro
Coêlho. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2012.

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Paulo Adyr Dias do Amaral
Professor Adjunto (Direito Financeiro e Finanças
Públicas) da Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG. Professor Adjunto I (Direito Tributário) do
Ibmec. Pós-Doutor em Direito Público pela Università
degli Studi di Messina (Itália). Pós-Doutor em Direito
Penal Tributário pela Universidad Nacional de La
Matanza – UNLaM. Bacharel, Mestre e Doutor em
Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG. Diretor da Associação Brasileira de Direito
Tributário – ABRADT. Presidente do Conselho
Editorial da D’PLÁCIDO EDITORA. Consultor na
MGTM PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO.
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