Professional Documents
Culture Documents
Fontes de Direito e Mais - For Merge
Fontes de Direito e Mais - For Merge
Fontes de Direito consistem nos modos produção e revelação das normas jurídicas
ou do direito.
São também as formas através das quais o Direito é criado e dado a conhecer, ou
seja, evidência a maneira como é criada e se manifesta socialmente a norma
jurídica.
Fontes imediatas ou directas, são as que têm força vinculativa própria, sendo,
portanto, os verdadeiros modos de produção do Direito. O legislador é
obrigado a recorrer às mesma quando pretende produzir leis.
a) Lei
Lei é toda a disposição genérica provinda ou emanada dos órgãos estaduais
competentes e que se impõem a todos os cidadãos.
1
b) Costumes
Costume é uma pratica reiterada que seguida com convicção de
obrigatoriedade, e transmite-se de geração em geração.
O costume como prática reiterada está subdividido em três espécies
designadamente:
Costume segundo a lei – o que não contraria a lei;
Costume praeter legem – o costume vai para alem da lei, mas sem violar a
norma jurídica que é a lei.
Costume contra lei – o costume não está em consonância com a lei.
Acto normativo consiste numa manifestação jurídica que tem em vista a produção
de normas ou regras de actuação e aplicação generalizada no tempo e espaço.
Portanto, o acto normativo pode ser visto como sendo lei.
2
Leis são “todas as disposições genéricas e abstractas emanadas dos órgãos
estaduais competentes e que se impõem a todos os cidadãos”.
Pressupostos da lei:
Cada órgão dotado de competência legislativa tem o seu modo próprio de agir na
feitura das leis. Salientemos a actividade legislativa da AR e do Governo.
3
Inicia-se com a apresentação do texto, a qual pode ser efectuada pelas entidades
abaixo, por força do consagrado no n.º 1 do artigo 183º da CRM:
1. Iniciativa Legislativa
Deputados
Bancadas parlamentares
Comissões da Assembleia da Republica
Presidente da Republica
Governo – vide alínea c) e d) do n.º 1 do artigo 204º CRM
2. Discussão
3. Votação
4. Aprovação
5. Promulgação ( é através deste acto que o PR atesta a solenidade de uma lei,
confirmando que o acto normativo reúne condições de ser aplicado, tendo
como suporte o plasmado no artigo 163 da CRM, para referir que no caso da
mesma lei violar certa norma ou por em causa certos princípios pode não
promulgar ) e,
6. Publicação (previsto no nº 1 parte final do artigo 163 da CRM, acto através
do qual dá-se a conhecer a sociedade da existência de Lei para posterior
aplicação na mesma, depois de observado o vactio legis, que é o lapso
temporal que é fixado pela própria lei para sua entrada em vigor depois de
conhecida pelos destinatários, sendo certo que pode estabelecer que entra em
vigor imediatamente, bem como não fazer referência tempo para o efeito,
obedecendo-se nesta circunstância o regime supletivo que é de 15 dias
depois da publicação, por força do consagrado no nº 1 da Lei nº 6/2003, de
18 de Abril).
4
NB: O ante-projecto de lei ou projecto de lei obedece em primeiro lugar a
discussão e votação na generalidade; votação na especialidade; e, por fim, uma
votação final global.
Por outro lado, a hierarquia das leis resulta da hierarquia das fontes. Assim, há que
distinguir: Leis ou normas constitucionais e Leis ou normas ordinárias.
Leis
Decretos-lei,
Decretos,
Regulamentos,
Despachos,
Posturas camarárias
Avisos
Circulares
5
11.Validade e vigência das leis
Início da Vigência
O legislador baseia-se rigidamente no pressuposto de que a lei é conhecida e nem
sequer admite o seu desconhecimento, conforme se pode depreender do plasmado
no artigo 5 e 6 todos do C.C.
Termo de vigência
6
2. A lei que estabelece para cada Ana o preço do algodão, na altura da
campanha.
Expressa: quando a nova lei declara que revoga uma determinada lei anterior
Parcial: quando só algumas disposições da lei antiga são revogadas pela lei
nova (derrogação)
“A lei especial tem em conta situações particulares que não são valoradas pela
lei geral, presumindo o legislador que a mudança desta não afecte esse regime
particular” (Oliveira Ascensão)
Assim, a lei geral não revoga a lei especial, excepto se outra for a intenção
inequívoca do legislador.
7
ex: 1.A revogação da lei geral sobre o turismo não afectará uma eventual lei
especial sobre o turismo no Tofo;
3. Uma lei sobre transportes não deverá, em princípio, revogar uma lei especial
sobre transportes ferroviários.
Personalidade juridica
Portanto, toda pessoa física ou singular passa a ser designado ou reconhecido como
tal desde o dia do seu nascimento, mesmo que instantes depois morra, sendo
considerado concepturo o que ainda não foi concebido pelos progenitores e
nascituro aquele que ser que está em gestação.
8
Capacidade juridica
Pessoa Juridica
I. O DIREITO DE EMPRESAS
1. A EMPRESA
9
No Direito Positivo moçambicano até aqui não se encontra um conceito de empresas apesar do termo em
si constar de diversos diplomas legais vigentes, com destaque na legislação económica.
Segundo o ilustre Prof. Menezes Cordeiro: “A expressão “ empresa ” apresenta uma utilização
avassaladora, em diversos sectores normativos. A moderna legislação comercial, económica, fiscal, do
Trabalho e processual recorre a ela, de modo contínuo 1.
Também a linguagem corrente usa “ empresa ” em termos de grande amplitude. E fá-lo em detrimento de
outras locuções que vão mesmo caindo em desuso: trabalha-se para uma “ empresa ” e não para uma
sociedade ou as “ empresas ” instalaram-se no centro da Cidade, em vez de se dizer que os comerciantes
abrem, aí, os seus estabelecimentos2.
Entre nós na linguagem comum, se diz: “eu trabalho numa empresa x”, essa afirmação não leva em conta
a natureza jurídica da entidade com que se tem o vínculo contratual. Se sociedade comercial, cooperativa,
empresa em nome individual, organização (não) governamental estrangeira de tipo associativo ou não,
empresa pública. No extremo há até funcionários que dizem o mesmo.
Tentando ordenar este caudaloso uso, podemos adiantar que, quer perante numerosas leis, quer em face
da linguagem corrente, a expressão “ empresa ” traduz conforme o contexto:
- Um sujeito que actue e que, nessa qualidade, é susceptível de direitos e de obrigações; pense-se, por
exemplo, nos “ direitos ou deveres das empresas ”, na “política das empresas” ou nas “ preferências das
empresas ”;
- Uma actividade: levar a cabo uma “ empresa ”; esta última acepção tradicional, tende a cair em
manifesto desuso3.
1
V. MENEZES CORDEIRO,Manual de Direito Comercial, 2a Edição 2007, Almedina, p. 251.
2
Idem, p. 251.
3
Idem, p. 251.
10
Podemos deste modo, assacar três sentidos do termo empresa:
Devemos ainda adiantar que este uso alargado de “ empresa ” pode documentar-se noutros idiomas.
Todavia, ele é mais intenso na lingua portuguesa do que nas suas congéneres, sendo ainda flagrantes que
as nossas leis lhe têm dado uma cobertura sem paralelo. A questão tem vindo a complicar-se com o
recente surto de referências legais à figura do “ empresário”; aparentemente o titular de uma empresa. ” 4
É graças a essa evolução que hoje em dia temos legislações que dedicam capitulos específicos sobre a
empresa, é o caso dos códigos civil brasileiro e italiano.
4
MENEZES CORDEIRO, Manual de Direito Comercial, 2ª Edição, 2007, Almedina, pp, 251,252
5
V. PUPO CORREIRA, Direito Comercial, 12a Edição, revista e aumentada, EDIFORUM, Lisboa, 2011, p. 41.
11
Tratadistas do Direito Comercial, apontam para três fazes do processo evolutivo, primeiro periodo, do Séc
XII ao Séc XIII, denominado de periodo subjectivo corporativista ou periodo subjectivo do comerciante,
tem como núcleo do Direito Comercial a figura do comerciante matriculado na corporação.
O segundo periodo, compreendido entre o Séc XIII e o Séc XX, inicia-se com o Código do Comércio
Napoleonico de 1807 e tem como núcleo os actos de comércio.
O terceiro e actual periodo de evolução histórica do Direito Comercial, inicia-se com o Código Civil
Italiano de 1942 e tem como núcleo a empresa, compreendendo o Séc. XX até aos nossos dias.
Como se vê, é na terceira fase da evolução do Direito Comercial que aparece com destaque a figura de
Empresa através do Código Civil italiano de 1942, como reconhece o admirável Professor Menezes
Cordeiro ao dizer: “De todo o modo, o Código Civil italiano de 1942, representa o momento mais alto, no
Ocidente da teoria da empresa...”6
2. A TEÓRIA DA EMPRESA
A Teoria da Empresa (Teoria dos Perfis) esboçada por Alberto Asquini inspirada pelo referido Código
Civil italiano de 1942. Defrontando-se com o novo Código Civil, Asquini constatou a inexistência de um
conceito de empresa, e analisando o diploma legal chegou a conclusão que haveria uma diversidade de
perfís no conceito,7 para ele “ o conceito de empresa é o conceito de um fenómeno jurídico poliéndrico, o
qual tem sob o aspecto jurídico não um, mas diversos perfís em relação aos diversos elementos que alí
concorrem ” 8
6
MENEZES CORDEIRO, Manual de Direito Comercial , 2ª Edição, 2007 Almedina, p268
7
Segundo artigo de Marlon Tomazette,( professor de Direito do UniCEUB e da Escola Superior de Advocacia do
Distrito Federal- Brasil, publicado na internet no site Jus Navigandi, com o título A teoria de empresa: o novo
Direito “ Comercial ”
8
Cfr ASQUINI, Alberto, ob, cit, Profile dell împresa. Revista de diritto commerciale, Vol XLI- Parte I p 1-20, 1943,
p1
12
O primeiro perfíl da empresa identificado por Asquini, foi o perfil subjectivo pelo qual a empresa se
identifica com o empresário9, cujo conceito é dado pelo artigo 2.084 do Código Civil italiano, concebendo
a empresa como uma pessoa.
Asquini também identifica na empresa um perfíl funcional, identificando a com a actividade empresarial,
a empresa seria aquela “ particular força em movimento que é a actividade empresarial dirigida a um
determinado escopo produtivo”10, neste caso a empresa representaria um conjunto de actos tendentes a
organizar os factores da produção para a distribuição ou produção de certos bens ou serviços.
Haveria ainda o perfíl objectivo ou patrimonial, que identificaria a empresa como o conjunto de bens
destinados ao exercício da actividade empresarial, distinto do património remanescente nas mãos da
empresa, vale dizer, a empresa seria um património afectado a uma finalidade específica 11
Por fim, haveria o perfíl corporativo, pelo qual a empresa seria a instituição que reune o empresário e seus
colaboradores, seria “ aquela especial organização de pessoas que é formada pelo empresário e por seus
prestadores de serviços, seus colaboradores (...) um núcleo social organizado em função de um fim
económico comum ”12 Este perfíl na verdade não encontra fundamento em todos, mas apenas em
ideologias populistas, demonstrando a influência da concepção facista na elaboração do Código Civil
italiano13
Para dar mais corpo a problemática do conceito de empresa, vamos apreciar mais um estudo de autor
europeu, recente sobre o conceito de empresa.
9
Idem , p 6
10
Idem, p 9
11
ASQUINI, Alberto, ob, cit, Profile dell împresa. Revista de diritto commerciale, Vol XLI- Parte I p 1-20, 1943, p
12
12
Idem, p 16 -17
13
Cfr, COELHO, Fábio Ulhoa, op. cit. Curso de Direito Comercial, Vol 1, p.19
13
Segundo Prof. Menezes Cordeiro, “ A comercialistica de diversos quadrantes aceita hoje que a empresa
não é nem uma pessoa colectiva, nem um mero conjunto de elementos materiais, podemos entende-la
como um conjunto concatenado de meios materiais e humanos, dotados de uma especial organização e
de uma direcção, de modo a desenvolver uma actividade segundo regras de racionalidade económica, os
seus elementos muito variáveis, poderiam assim agrupar-se:
- num elemento humano: ficam abrangidos quantos colaborem na empresa, desde trabalhadores aos
donos, passando por quadros, auxiliares e dirigentes; em concreto, isso poderá representar desde uma
única pessoa, a universos com milhares de intervenientes;
- Num elemento material: falamos de coisas corpóreas, móveis ou imóveis, seja qual for a fórmula do seu
aproveitamento e de bens incorpóreos: saber-fazer, licenças, marcas, insígnias, clientela, aviamento, e
inter-relações com terceiros, normalmente outras empresas.
- Numa organização: todos os elementos, humanos ou materiais, não estão meramente reunidos ou
justapostos; eles apresentam-se numa articulação consequente, que permite depois, desenvolver uma
actividade produtiva;
- Numa direcção: trata-se do factor aglutinador dos meios envolvidos e da própria organização; a empresa
é algo que funciona, o que só é pensável, mediante uma estrutura, que determine o contributo de cada
uma das parcelas envolvidas ”14
Embora recente, preferimos adoptar a construção doutrinária do Prof. Menezes Cordeiro, por se nos
afigurar mais clara e concisa. A teoria dos perfís de Alberto Asquini, tem o grande mérito de ter sido a
primeira reconhecida sistemática sobre a empresa, porém, ao que nos parece, não oferece brilho quando
cotejados os perfís subjectivo e corporativo que no fundo apresentam como substracto o elemento
humano que podia ser incorporado num só.
De qualquer modo, as duas teorias não são deveras incompatíveis, há mútua subsunção na maior parte dos
seus traços.
14
Cfr, Menezes Cordeiro, Manual de DIREITO COMERCIAL, 2ª Edição, 2007, Almedina, pp, 280,282
14
Chegados a este ponto, ficamos com uma clara ideia de que o conceito de empresa não é de fácil fixação,
visto que apresenta diferentes sentidos, daí a ideia de conceito quadro proposta pelo Prof. Menezes
Cordeiro, tendo como grandes linhas da sua concretização as seguintes:
- O Direito da Empresa;
O Direito das empresas, usado em sentido amplo, abrange o Direito das Sociedade e, ainda, todos os
sectores normativos que se aplicam às sociedades: Direito mobiliário, da concorrência, dos grupos, do
trabalho, fiscal, da economia e da propriedade industrial. Ingovernável, tal “ Direito ” constitui, todavia,
um ponto de encontro, e de síntese entre disciplinas condenadas a entender-se. Em sentido estrito, o
Direito das empresas, não tem consistência, mercê das dificuldades acima apontadas.” 17
15
Idem, p, 284
16
MENEZES CORDEIRO, Manual de Direito Comercial, 2ª Edição, 2007, Almedina, p, 284
17
Idem, pp, 283 a 284
18
Idem, p, 284
15
A capacidade produtiva articula-se com a ideia de organização: um filão integrador da empresa, hoje
clássico, mas sempre útil.
Quanto a ideologia do mercado: uma linguagem empresarial dá um toque de modernidade. Nesse sentido,
ela acentua a propriedade privada, a lívre iniciativa e a contenção do Estado. Permite construções
vocabulares, a evitar. Mas é útil: toma lugar entre os elementos relevantes da interpretação,
designadamente na vertente teleológica, caso a caso se verificará se a mensagem sublimar tem alcance e
qual. A prevalência das realidades económicas recorda que as sociedades são, no fundo, uma forma
jurídica sobre a qual algo se pode obrigar. Faz-se como que um apelo ao substaracto e ao que ele
representa. 19
Finalmente, a empresa tem sido reconstruída com base na dialética hegeliana. Temos presente o
O Direito de empresas será assim, um conjunto de normas jurídicas heterogêneas que regulam matérias
aplicaveis à empresa.
Conjunto de normas jurídicas porque do Direito, da ordem normativa jurídica, criadas pelo Estado.
Heterogêneas, porque essas normas vem de diversas especialidades do Direito, como se pode ver, as
normas do Direito do trabalho, são nítidamente distintas das do Direito fiscal e mesmo das da propriedade
industrial, contudo, elas corporizam o Direito de Empresas e estão no dizer do Prof. Menezes Cordeiro
condenadas a entender-se.
Que regulam matérias aplicáveis a empresa, na medida em que, o conteúdo de cada um desses sectores do
Direito objectivo, são relevantes, necessárias e imprescindíveis a empresa, a vida da empresa não pode
dissocia-se dessas normas.
19
Idem , pp, 284, 285
20
Menezes Cordeiro, Manual de DIREITO COMERCIAL, 2ª Edição, 2007, Almedina, p,285
16
No plano teórico, o Direito de empresas é o estudo dessas normas, ao passo que no plano prático, é o
conjunto de normas jurídicas heterogêneas aplicáveis a actividade empresarial.
O Direito de empresas é emergente, porque como vimos, é fruto da evolução histórica do Direito
Comercial, localizando-se na sua mais recente etapa, do Séc XX aos nossos dias, por isso, há quem lhe
chame de o “ novo ” Direito Comercial.
Heterogêneo, na medida em que as suas normas vem de diversas especialidades do Direito, especialidade
digamos, economicistas.
17