DESBRAVAR O GERÊS

À descoberta do único parque

nacional do País, entre
caminhadas, gastronomia,
castelos e muitos mergulhos
 Destas serras,
descobre-se o mundo
É de mesas fartas, paisagens
deslumbrantes e de património único
que se fala neste percurso pelo Parque
Nacional da Peneda-Gerês – com os olhos
postos no céu noturno ou no horizonte
recortado das montanhas
O
J O A N A L O U R E I R O jloureiro@visao.pt;
O encontro estava marcado para o final da tarde,
numa daquelas atrações que atualmente pululam
pelos miradouros deste País, o baloiço do Mezio.
Pequenos grupos aproximam-se e aguardam pela
sua vez para tirarem a fotografia da praxe, com as
cores vibrantes do pôr do Sol a recortar as figuras
e a paisagem da serra do Soajo. A poucos metros,
fica a Porta do Mezio, uma das cinco portas do
Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG) – esta,
pertencente ao concelho de Arcos de Valdevez –,
onde, além de se poder recolher informação sobre
o território, se encontra um parque de aventuras
e um museu etnográfico. No nosso caso,
aguardava-nos no centro gastronómico uma mesa
farta de iguarias regionais, como a broa artesanal
dos Arcos, feijão tarrestre, bolo do tacho, queijos,
vinhos e enchidos. Com as mãos na massa, estava
Rosa Silva, numa demonstração da recriação do
tradicional bolo de discos. “Os discos, feitos com
miolo de amêndoa e claras, são levados ao forno
para ficarem crocantes, depois alternam com
camadas de doce de ovos”, explica a doceira.
96 VISÃO 24 JUNHO 2021
MELGAÇO
N13
SISTELO
N10
1
P O R T U G A L E S P A N H A
ARCOS DE
VALDEVEZ
LINDOSO
A3 N203
PONTE PARQUE NACIONAL
A27
DA BARCA PENEDA-GERÊS
A3
N101
LUCÍLIA MONTEIRO
Era já noite escura quando se passou para A vegetação
a observação de estrelas, conduzida pelo abundante da
astrónomo Hugo Palma, usando os vários Ecovia do Vez,
telescópios espalhados pelo relvado exterior no concelho
da Porta do Mezio. “Aqui temos um centro de Arcos de
interpretativo, mas pelo parque existem sete Valdevez; bolo
pontos de observação, extraordinariamente de discos, com
escuros, com condições excecionais, para onde doce de ovos;
podemos levar os telescópios”, explica. “Estamos o baloiço do
a abrir uma terceira dimensão, virtualmente Mezio, uma das
infinita, com muito para oferecer: estrelas, mais recentes
galáxias, planetas...” Todas as observações são atrações; e o
Paço de Giela
diferentes. “Em noites boas, com pouca luz
lunar, conseguem-se ver entre três e cinco mil
estrelas”, diz Hugo. Os telescópios apontam para
os pontos de interesse visíveis: a Ursa Maior; o
triângulo de verão formado pelas estrelas Vega,
Deneb e Altair; a resplandecente Lua. A lembrar-
nos como somos todos feitos de pó de estrelas.
ATRAVESSAR OS ARCOS
A Natureza luxuriante do Minho aguardava-nos
na manhã seguinte. A pé, fizemos um pouco da
última das três etapas da Ecovia do Vez, com um
total de 33 km, a maior parte deles a seguir o rio
Vez, um dos menos poluídos da Europa. Perto das
montanhas, o leito é bem mais afunilado e rochoso
do que quando atravessa o centro de Arcos de
Valdevez. A vegetação é abundante, com salgueiros,
loureiros, amieiros e muitas outras variações de
verde, a proteger do Sol. Os passadiços de madeira
intercalam com os antigos trilhos de transumância,
numa área inserida na Reserva Mundial da Biosfera,
uma classificação atribuída pela Unesco, dada a
importância e raridade das suas fauna e flora. A
quebrar o silêncio, apenas o correr das águas e
um ou outro pássaro – por ali avista-se o melro-
de-água, o pato-real, a garça-real e o guarda-rios.
“Além da beleza natural, temos o Museu da Água,
ao ar livre, com várias janelas ao longo do rio
para observar a Natureza e painéis informativos”,
24 JUNHO 2021 VISÃO 97
 Os socalcos ficou colada à imagem do ‘Tibete português’ e,
de Sistelo, a quando foi considerada uma das sete maravilhas de
que chamam Portugal, houve um boom de visitantes... O impacto
“o Tibete marcou muito estas pessoas, tinham vidas muito
português”, e isoladas”, conta o guia. A ecovia absorve grande
as águas re- parte da procura dos amantes do pedestrianismo,
frescantes do mas a partir da aldeia pode-se seguir para vários
Poço da Gola, trilhos, alguns deles a desbravarem o PNPG.
já no concelho No lugar da igreja, o principal da freguesia,
de Ponte da onde está a igreja matriz, o cruzeiro, o fontanário,
Barca os espigueiros e a eira e o tanque comunitários,
distingue-se também uma construção curiosa
feita por um emigrante do Brasil, na segunda
metade do séc. XIX, a que chamam o Castelo de
Sistelo. Recuperado pela autarquia, terá serviço
de informação turística, loja e restaurante para
degustação de produtos regionais. Das torres
com ameias tem-se uma vista privilegiada da
língua de casas encaixada no vale e da encosta em
socalcos, transformada pelo engenho humano,
para a prática de uma agricultura de subsistência.
Paisagem cultural classificada, em 2018, como
monumento nacional.
Descemos agora das montanhas para conhecer
o Paço da Giela, monumento nacional ligado
a um importante momento da fundação da
nacionalidade, o Recontro de Valdevez, ocorrido
em 1141, e que opôs Afonso Henriques ao seu primo
Afonso VII de Leão e Castela. Este exemplar da
descreve Miguel Rios, da Live Out Life, empresa arquitetura civil privada medieval e moderna estava
vocacionada para as caminhadas. em ruínas quando foi adquirido pelo município
O passeio termina por caminhos medievais e, após reabilitação, abriu ao público em 2015.
de pedra, rasgados pela passagem das rodas dos Na torre, construída em meados do século XIV,
carros de bois, paralelos às propriedades agrícolas. incluiu-se um espaço musealizado, onde se fala
Atingimos então Sistelo, uma típica povoação dessa batalha, da arqueologia e ocupação humana
minhota, com cerca de 300 habitantes, cujo marco do concelho, além da evolução e história do próprio
geodésico marca os 1 360 metros de altura. “A aldeia monumento. “É um arquétipo da casa senhorial

98 VISÃO 24 JUNHO 2021

 LIMA E S C APE
C AMPING
R E S TAUR ANT E & GLAMPING
A FLO R E S TA Além de campismo
No centro da vila mi- e caravanismo, o
nhota, com esplanada parque tem tendas
generosa, trabalha os tupi e bungalows.
produtos nobres da Situado numa
região, como a carne península rodeada
cachena. pelos rios Lima,
Froufe e Tamente,
X está vocacionado
Campo do Trasladário, 5, para a prática de
Arcos de Valdevez >
T. 258 515 163 > ter-dom
desportos aquáticos.
12h-15h, 19h-22h
X
R E S TAUR ANT E Lugar de Igreja, Entre
Ambos-os-Rios, Ponte
VAI À FAVA da Barca > T. 258 588
361 > a partir de €45
X (bungalows) e €50
R. Dr. Alberto Cruz, 13, (tendas tipi)
Ponte da Barca > T. 258
027 769 > ter 19h30-22h,
qua-dom 12h30-15h,
HO T E L
19h30-22h FO NT E V E LHA
do Alto Minho, teve várias intervenções ao longo
dos séculos e a nossa filosofia foi consolidar as
O naco à terras
da Nóbrega,
DE LÍC IAS DA Ocupa um palacete
reabilitado no centro
preexistências, respeitar as marcas do tempo e não servido no res- S E R R A AMAR E LA histórico de Ponte
alterar nada, há apenas umas estruturas metálicas taurante Vai à da Barca, com
X
que têm um impacto quase nulo”, explica o Fava, em Ponte Parada, Lindoso, Ponte
jardins colados à
arqueólogo Nuno Santos, chefe da divisão cultural da Barca, con- da Barca > T. 91 266 margem do rio Lima.
celho onde fica 9952 / 93 362 2747
na Câmara de Arcos de Valdevez. O Paço tem sido
aproveitado para concertos e outros encontros, a aldeia de Lin- X
doso, conhecida R. Plácido Vasconcelos,
como a prova feita, após a visita, das especialidades Ponte da Barca > T. 258
da Doçaria Central – os charutos dos Arcos, pelo conjunto 101 699 > a partir de
de cariz conventual, são os mais conhecidos da impressionante
de espigueiros,
Q UINTA €55
casa fundada em 1830 –, com o espumante Vez,
produzido com uvas da casta Loureiro, pela Adega
à sombra do DE S O ALHE IR O
castelo
Cooperativa de Ponte da Barca. Um casamento A produtora de
vinhos Alvarinho tem PO RTA DO ME ZI O
perfeito.
vários pacotes eno- X
turísticos, inclusive Mezio, Arcos de Valdevez
PETISCOS E MERGULHOS EM PONTE DA BARCA > T. 258 510 100 / 258 522
com alojamento, na
Aproveitamos, então, para seguir para o concelho 157 > €2 > observação
Casa das Infusões. astronómica: €15/pessoa
vizinho, onde nos aguardavam outras degustações,
(mínimo 10 pessoas,
no restaurante Vai à Fava (aberto apenas de março duração 4 horas)
X
a outubro). Instalado num palacete com um Alvaredo, Melgaço > T. 251
terraço convidativo sobre o rio Lima, destaca-se 416 769 > soalheiro.com T E R MAS
de uma oferta mais tradicional e predominante
naquelas paragens, desde logo, com uma série de RIBEIRA DE ME LGAÇ O
bons pratos vegetarianos, como caril ou strudel
de vegetais. Além disso, não faltam entradas para
COLLECTION HOTEL X
Parque do Peso, Paderne,
petiscar, como folhadinhos de alheira com maçã Junto ao rio Vez e ao Melgaço > T. 251 460 010
> termasdemelgaço.pt
ou chamuças de bacalhau, assim como sugestões centro histórico de
a valorizar produtos de qualidade, como o naco à Arcos de Valdevez,
terras da Nóbrega, de carne cachena, acompanhado o edifício centenário
de puré de castanhas. “Temos pratos com uma foi reabilitado e tem
apresentação diferente, mas que fazem parte da agora spa e piscina LIV E O UT LIV E
interior.
gastronomia portuguesa”, diz Vera Bettencourt, a X
proprietária. Possuem igualmente uma loja, onde Parque do Peso,
X Paderne, Melgaço >
vendem loiça, vinhos e objetos decorativos “que Lg. dos Milagres, Arcos T. 96 699 8853
fazem lembrar o passado”, descreve. de Valdevez > T. 258 009 > facebook.com/
No dia seguinte, estava marcada visita a 410 > a partir de €89 liveoutlifelol

24 JUNHO 2021 VISÃO 99


Nas Termas um dos locais mais emblemáticos de Ponte da
de Melgaço, Barca, a pequena povoação do Lindoso (com
destaca-se o cerca de 80 habitantes), próxima da barragem
balneário rea- homónima, onde se encontra um conjunto de 67
bilitado, com a espigueiros (52 em torno da eira comunitária),
sua arquitetura o mais antigo de 1710, com os característicos
em ferro, onde telhados em granito de duas águas. Ao lado,
ao centro está sobre o pequeno outeiro rochoso, destaca-se o
a buvete, para castelo construído no reinado de D. Afonso III
a ingestão de (1258), que, desde a fundação da nacionalidade,
águas medici- pela localização estratégica, assumiu um papel
nais e de acesso importante na defesa da fronteira, a quatro
livre quilómetros. Lá dentro, funciona um pequeno
núcleo ecomuseológico, reunindo informações
sobre a história militar da fortaleza e artefactos
encontrados em escavações arqueológicas, a
testemunhar a ocupação do território. Mais
informação está disponível na Porta do Lindoso,
a dois passos, dedicada às temáticas da água e
da geologia, pela qual está responsável o biólogo
Nuno Pousada. É ele, igualmente, o detentor das
chaves do castelo. “Nesta fortificação militar,
que também funcionava como posto de vigia do
porto fluvial, quando o rio Lima era navegável, os
combates eram constantes durante os séculos XIII
a XV, e a população tinha a obrigação de ajudar
o alcaide durante os ataques dos espanhóis”,
conta. Esteve ativo de forma contínua até 1885
e, após a saída dos soldados, o castelo perdeu a
sua dinâmica. Agora, sob a tutela do Instituto da
Conservação da Natureza e das Florestas, voltou-
se a contar a sua história. “Funciona como uma
máquina do tempo”, sublinha Nuno.
A poucos quilómetros, à sombra de outros
espigueiros, já estava preparado um piquenique
na eira comunitária da aldeia da Parada, pela
empresa Delícias da Serra Amarela. Tartes, queijos,
enchidos tradicionais, compotas, rissóis, pataniscas
e saladas acumulavam-se na mesa. “Queremos
proporcionar os sabores autênticos do Lindoso”,
diz Patrícia Santos, uma das responsáveis. O calor
100 VISÃO 24 JUNHO 2021
O Paço da Giela tem sido
aproveitado para concertos e
provas de produtos regionais,
como os charutos dos Arcos,
da Doçaria Central, e o espumante
Vez, da Adega Cooperativa
de Ponte da Barca
apertava e o convite para espreitarmos o Poço da
Gola era irresistível. “A população apropriou-se
deste açude de regadio”, conta Nuno Pousada.
Ao longo da ribeira das Mulas, veem-se pessoas
estendidas entre os penedos ou a mergulharem nas
águas frescas. No nosso caso, só houve tempo para
molhar os pés, porque outro concelho (e outras
águas) nos aguardava.
ÁGUAS MEDICINAIS E VINHOS DE MELGAÇO
As propriedades da água das termas de Melgaço
são conhecidas desde 1884, sobretudo no
tratamento da diabetes e hipercolesterolemia,
mas também com indicações terapêuticas para
problemas respiratórios e musculoesqueléticos.
A envolvente do frondoso Parque do Peso, por
onde passa a ribeira da Bouça Nova, confere a
tranquilidade necessária para os tratamentos.
No complexo termal, destaca-se o balneário
reabilitado (em 2013), com a sua arquitetura em
ferro, onde está a buvete para ingestão das águas
medicinais, de acesso livre. No edifício principal,
além dos habituais tratamentos termais, com
prescrição médica, não faltam os mais específicos
de um spa, desde massagens a esfoliações, além
da piscina interior com circuito de águas, com
amplas janelas para o cenário verdejante.
Em Melgaço, estamos nos domínios
do Alvarinho e uma visita a um dos seus
representantes era inevitável. Na Quinta de
Soalheiro, uma referência para os vinhos desta
casta, existem vários pacotes enoturísticos
para dar a conhecer o terroir, os produtos e a
história da empresa, hoje liderada pelos irmãos
António Luís e Maria João Cerdeira. “Todos os
nossos vinhos têm Alvarinho, exploramos as
características do território e temos vinhas a baixa
altitude, a meia encosta e também em altitude, o
que revela a elasticidade da casta... A diferença nos
perfis dos vinhos é muito interessante”, explica
Carolina Osório, a responsável pelo enoturismo.
Do terraço da casa original, com vista para o vale
do rio Minho, passamos para a Quinta da Folga,
um projeto da família Soalheiro, onde fazem
algumas experiências gastronómicas para grupos.
Ao desfile de vinhos – frutados, minerais, naturais
e espumantes –, junta-se o fumeiro de porco
bísaro, que preparam de acordo com as receitas
tradicionais, e os queijos de cabra da queijaria
Prados de Melgaço. O jantar despretensioso,
preparado pelas cozinheiras da casa, não destoa
neste contexto rural. Abençoado Alto Minho.
 Manifesto
O QUE ANDAMOS A GOSTAR (OU NEM POR ISSO) DE DESCOBRIR POR AÍ

S A N D R A P I N T O spinto@visao.pt

> muitíssimo bom > bom

BARBIES MAIS “VERDES” UMA DÉCADA DE WOOL
Para inspirar as crianças A partir deste sábado, 26, e até
4 de julho, a arte urbana volta
a cuidar e a respeitar o a ocupar o centro histórico da
Covilhã. O festival Wool, que celebra
planeta, a Mattel acaba 10 anos, conta com mais de 40
iniciativas, entre elas pintura mural,
de lançar a coleção residências artísticas, exposições,
visitas guiadas e um roteiro sonoro
“Barbie Loves the Ocean”,
a primeira produzida com
90% de plástico reciclado > bonzinho
dos oceanos, proveniente
de zonas sem sistemas ESPLANADA NO MONSANTO
de recolha de lixo. A nova O recém-aberto Kiosk Keil do
Amaral, na Alameda Keil do Amaral,
linha é composta por três no Monsanto, tem nova ementa
de comida e de cocktails para
bonecas e um conjunto de ssaborear na esplanada agora mais
ampla. Em julho, contará ainda com
am
brinquedos e acessórios programação musical ao fim da tarde
pr
também em plástico
reciclado
> assim-assim
VENCER OBSTÁCULOS
No novo Lynrace Park, no Parque de
Outeiro de Polima, em São Domingos
de Rana, Cascais, há 11 obstáculos
para ultrapassar e vencer. Trata-se
do primeiro circuito de corridas de
obstáculos em Portugal, pensado
para duelos entre atletas ou para
pura diversão em família

> para esquecer

MAIS UM ADIAMENTO
O festival de Vilar de Mouros foi
novamente adiado, desta vez para os
dias 25, 26 e 27 de agosto de 2022.
Mas nem tudo são más notícias.
Em breve, será anunciado o cartaz

24 JUNHO 2021 VISÃO 101

 VIN HO S

Kompassus Reserva
Bairrada DOC Branco 2018
Elaborado com uvas
das castas Arinto e
Bical, sob orientação
dos enólogos Magda
Costa e Anselmo
POR Mendes. Tem
MANUEL cor citrina-limão
G O N ÇA LV E S
brilhante; aroma
D A S I LVA
muito fino e fresco
comer&beber@visao.pt com boas notas de
fruta e de flores;
paladar elegante
com volume, frescura
e sabor, tudo em
harmonia perfeita,
que é sublinhada no
longo final. €13

Manoella Douro Rosé 2020

Qualidade versus artifício Só de uvas da casta
Touriga-Nacional.
Tudo é delicadeza,
desde a cor rosada

É o vinho que nos diz se é bom suave até ao aroma

delicado com
apontamentos
Convém ouvir falar e ler sobre vinho, mas é ainda melhor de frutos e de
flores silvestres,
saboreá-lo e atentar no que dizem sobre ele os nossos sentidos e ao paladar bem
estruturado e cheio
de fruta, de sabor
Anda pelas ruas da amargura a cotação dos chamados e de frescura,
“designativos de qualidade” apostos nos nossos vinhos: prolongando-se
Reserva, Grande Reserva, Reserva Especial, Colheita num final muito
Selecionada, Premium, Garrafeira, Seleção do Enólogo, convincente e
Private Selection, Winemakers Collection, Coleção de agradável. É, sem
Família e outros – uma caterva deles que podem fazer dúvida, gastronómico.
algum sentido, mas carecem de rigor. Uns estão previstos na lei, €11,50
outros são meras criações de quem produz ou comercializa os vinhos.
A enumeração foi feita a esmo, propositadamente, pela singela razão
de que a previsão da lei assenta em requisitos que têm que ver com Quinta do Monte d’Oiro
“características organoléticas destacadas” ou com o teor alcoólico Regional de Lisboa Rosé
acima do limite mínimo da respetiva região; e se, para o Garrafeira,
Exclusivamente da
é exigido o envelhecimento mínimo de 30 meses, já nada semelhante
casta Syrah, cultivada
se impõe, por exemplo, ao Reserva ou Grande Reserva; quer dizer:
em modo de produção
para o consumidor, na prática, os designativos previstos na lei valem biológico com gestão
mais ou o mesmo que os outros, que é nada. parcelar, que vigora,
Eis um tema raramente abordado, mas rico de implicações, aliás, em toda a vinha.
sobretudo para o consumidor, que anda mais avisado se ignorar tais Bela cor rosada leve
designativos do que se lhes der crédito. Em vez disso, opte por prestar e luminosa; aroma
atenção a quem faz vinhos com preocupações de qualidade e tem elegantemente frutado
provas dadas. É o caso dos produtores dos três vinhos desta edição: com leve toque
Kompassus Reserva Bairrada Branco 2018, de João Póvoa; Manoella floral; paladar fresco,
Douro Rosé 2020, do casal Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio seco, texturado,
Borges; e Quinta do Monte d’Oiro Regional de Lisboa Rosé 2010, de com muito boa
José e Francisco Bento dos Santos, pai e filho. Curiosamente, estes não fruta, mineralidade,
são os seus vinhos emblemáticos, mas, porventura, os mais simples. salinidade e frescura.
E reparem como são bem-feitos, como são bons, como engrandecem Versátil e, obviamente,
quem os faz. gastronómico.
€8

102 VISÃO 24 JUNHO 2021

 VIAJAR CO M O CH E F K I K O

De volta a Moçambique
Memórias do país africano, numa receita
simples e saborosa

FRANGO À ZAMBEZIANA COM ARROZ PILAF

INGREDIENTES PREPARAÇÃO
• 8 pernas de frango Comece por marinar o
com coxa (partidas frango numa mistura de
em pedaços) azeite, sumo de lima, sal
• Azeite fino e pimenta, durante
• Sumo de 1 lima duas horas. A seguir,
num grelhador, marque
• Sal fino a gosto
o frango sem cozinhá-lo
• Pimenta-branca totalmente. Reserve. Leve
a gosto um tacho com azeite ao
• 1 cebola branca, lume e refogue a cebola
picada e o alho. Quando a cebola
• 3 dentes de alho, estiver translúcida, junte
laminados o cebolete e a malagueta
• 40 gr de cebolete, e deixe cozinhar por 10
às rodelas minutos. Adicione, então,
• 2 malaguetas o leite de coco e o
vermelhas, amendoim. Deixe cozinhar
laminadas durante 15 minutos e, com
• 500 ml de leite a ajuda de uma varinha
de coco mágica, triture o molho até
• 2 c. de sopa de obter uma textura uniforme.
amendoim torrado A seguir, junte os pedaços
• 500 gr de arroz- de frango ao molho e deixar
-agulha a cozinhar por 10 minutos.
• Sal a gosto Aproveite para preparar o
• 3 folhas de louro arroz pilaf: coloque azeite
LUÍS BARRA

• 600 ml de água num tacho, leve-o ao lume

quente e frite ligeiramente o arroz.
A seguir, junte o sal e as
folhas de louro. Adicione,
então, a água quente, tape
o tacho e deixe-o cozinhar
em lume brando, durante
10 minutos. Desligue o
lume e mantenha o arroz
tapado, por mais 5 minutos,
mexendo-o depois com
a ajuda de um garfo.
CHEF KIKO
A GALINHA É UM DOS ALIMENTOS MAIS
IMPORTANTES DE UMA A FESTA MOÇAMBICANA. Sem
ela, o acontecimento perde
rde parte do valor. As festas
não acontecem todos oss dias
nem sequer todos os anos.
nos. Não
por falta de datas especiais
iais no
calendário, mas porque as pessoas
não podem. Não há dinheiro.
heiro. Por isso,
a preparação é feita comm cuidado,
o dia é sonhado ao pormenor
menor e
todos não se cansam de falar do
mesmo, uma e outra vez. z. Nesses dias,
a refeição é sagrada. A receita
eceita aqui
apresentada é simples, mas é por trazer
esta lembrança ainda tão o presente na minha
cabeça que ela me faz regressar
egressar a Moçambique
– uma e outra vez.

24 JUNHO 2021 VISÃO 103

 C OMP RA R
Slowing Ethical Closet
Da Índia, com muita pinta
Estas camisas e quimonos são feitos de fibras orgânicas, de rosa, cânhamo ou
de bambu, e tingidas de forma natural. É a moda sustentável, pensada para durar
A sustentabilidade não é
um tema novo para Tatiana
Terreiro, no entanto, a questão
da moda tinha ficado um
pouco para trás. “Estava mais
desperta para outras áreas,
embora a indústria da moda seja uma das
mais poluentes”, assume esta portuguesa
de 36 anos, a viver há um ano e meio na
Suíça, onde criou, em plena pandemia, a
Slowing Ethical Closet. “Queria que fosse
um projeto genuinamente sustentável,
que fizesse parte da solução e da criação
de novos hábitos de consumo e, ao
mesmo tempo, uma marca divertida”,
conta à VISÃO, pelo telefone. Aliás, tem
sido à distância que Tatiana tem
contactado com fornecedores e pequenas
empresas familiares que asseguram,
a partir da Índia, todo o processo de
fabrico, estampagem e tingimento
natural das peças, “pequenas dificuldades
ultrapassadas tão organicamente como
a natureza da marca”.
A primeira coleção é composta
por camisas (variam os colarinhos)
X R. Coelho da Rocha, 104, Lisboa >
slowing.shop
104 VISÃO 24 JUNHO 2021
D.R.
e quimonos (em versão curta ou
comprida), de estilo descontraído e que
servem tanto para mulheres como para
homens. Confecionados com tecidos
certificados e naturais, como as fibras
de aloé vera, pétalas de rosa, cânhamo,
banana ou bambu, todos com estruturas
e toques diferentes, são estampados
segundo várias técnicas manuais, como
a block printing (feita com um desenho
esculpido num bloco de madeira) ou
a color brush, “que cria um efeito de
risca muito interessante”, diz Tatiana.
Os restos de tecidos são transformados
em papel, utilizado nas instruções de
lavagem e nas embalagens. Já as etiquetas
contêm sementes e podem ser plantadas.
A marca, lançada a 10 de junho, e por
agora apenas online, segue o princípio
do comércio justo e da moda sustentável.
Há apenas 30 peças de cada padrão, 20
versões de camisas e seis de quimonos,
número suficiente para cumprir um
dos objetivos de Tatiana: “criar o maior
número possível de guarda-roupas
ecológicos”. Susana Lopes Faustino
FIBRAS NATURAIS
OUTRAS MARCAS
PORTUGUESAS
S U S T E N TÁV E I S
Dream Catchers
Os conjuntos de calção e
camisa estampados em fibra
de lótus ou o blazer de fibra
de casca de laranja, um dos
materiais preferidos de Maria
Ochoa Pires, são algumas das
novidades de verão da Dream
Catchers, marca portuguesa
sustentável fundada em 2012
e inspirada nos tecidos, cores
e tradições da Índia. As peças
têm padrões originais e são
feitas de tecidos naturais e
orgânicos, tingidas e estampa-
das segundo técnicas indianas.
O vestido Malai também se
destaca pelo trabalho minu-
cioso de tingimento segundo
a técnica ikat e é feito fio a fio,
antes de ir para o tear manual.
X
Lx Factory > R. Rodrigues Faria,
013, G6, Lisboa > T. 91 784 6086 >
seg-dom 12h-19h
Otherwise
As camisas da Otherwise são
pensadas para homens e mu-
lheres que gostam de peças
únicas, originais e amigas do
ambiente. Com padrões exclu-
sivos e coloridos, as camisas
desta marca portuguesa são
feitas em edições limitadas
de 30 unidades, com corte
manual, estampagem block
print (feita com um desenho
esculpido num bloco de ma-
deira), tecidos como o algodão
orgânico, fibra de bananeira
ou modal e botões de casca
de coco. À loja, em Campo de
Ourique, chegam novidades já
na próxima semana.
X
Mercado de Campo de Ourique >
T. 91 779 5097 > seg-sex 12h-20h,
sáb-dom 11h-19h
 VE R
Lisboa Mistura Lisboa
Uma festa de todos e para todos
Depois de um ano de ausência, o festival volta a celebrar a diversidade
musical da capital desta vez nos jardins do Museu de Lisboa – Palácio
Pimenta, com um cartaz à altura da sua história
Criado em 2006, à imagem
de uma nova Lisboa,
contemporânea, diversa e
cosmopolita, este festival
tem-se assumido como um
vibrante espaço de encontro
e descoberta das novas tendências da
denominada “música do mundo”,
especialmente da que gravita à volta da
cidade. “Costumo chamar este festival
de Lisnave, porque é como se fosse
uma nave que sobrevoa Lisboa, sempre
atenta ao que está a acontecer em cada
momento”, diz à VISÃO o músico e
programador Carlos Martins, que é
também o presidente da Associação
Sons da Lusofonia, a entidade
responsável pelo Lisboa Mistura.
Devido às restrições impostas pela
pandemia, o festival realiza-se este ano
num novo local, os jardins do Museu de
Lisboa – Palácio Pimenta.
O cartaz tem também um formato
ligeiramente diferente do habitual.
Em vez de vários artistas, conta
com dois cabeças de cartaz, os quais
convidaram diversos músicos para
os acompanharem em palco. Nesta
sexta, 25, cabe a Selma Uamusse dar
o pontapé de saída, com um concerto
que contará com o Gospel Collective, de
Rodrigo Leão, Sara Tavares e Tó Trips.
X
Museu de Lisboa – Palácio Pimenta (jardins) > Campo Grande, 245, Lisboa > T. 21 751 3200 > 25-27
jun, sex 20h30, sáb 17h, 20h30, dom 15h30 > grátis > bilhetes disponíveis no próprio dia do espetáculo
Artes à Vila Batalha
O Mosteiro da Batalha volta
a receber mais uma edição
com público do festival
Artes à Vila, que tem como
palco a zona das Capelas
Imperfeitas, assim chamadas
LUÍS S. TAVARES
por permanecerem
inacabadas. Nesta sexta,
25, à tarde, atuam Moçoilas
e Remexido e, à noite, Ovo
Mau, LaBaq e Yosune e Telmo
Pires, enquanto no sábado,
26, é a vez de Filipe Sambado
e Benjamim, à tarde, e Não
Simão, JP Simões e Dulce
Pontes, à noite. Para adquirir
o bilhete, é necessária uma
inscrição prévia no site do
festival (www.artesavila.pt).
X
Mosteiro da Batalha > Lg. Infante
Dom Henrique, Batalha > T. 244 765
497 > 25-26 jun, sex-sáb 17h e 20h
> grátis
No sábado, 26, é a vez de Stereossauro
apresentar o álbum Bairro da Ponte, que
teve a colaboração de Camané, Capicua,
Carlão, Chullage, NBC e Ricardo Gordo,
Festival Lusco-Fusco Lisboa
todos presentes neste espetáculo. “Esta
Com um programa a cheirar
versão com convidados foi a solução a verão, perfeito para os
encontrada para evitar ter vários cálidos fins de tarde que
grupos em palco, com tudo o que isso se avizinham, o Festival
implicava em termos de higienização”, Lusco-Fusco leva até ao
explica Carlos Martins, que também terraço do Capitólio alguns
atua, no sábado à tarde, com o projeto pesos-pesados da música
D’Improviso – Ritmo e Improvisação nacional, num cartaz
(além do próprio no saxofone, inclui distribuído ao longo de um
ainda Mário Delgado, na guitarra, mês, com dois concertos
Carlos Barretto, no contrabaixo, Hugo sempre ao fim de semana.
Menezes, na percussão, e Alexandre Os primeiros a subirem ao
Frazão, na bateria). “Acabámos por palco são António Zambujo,
ser uma solução de recurso, devido a neste sábado, 26, e Matay,
uma falha de última hora, mas ainda no domingo, 27, seguindo-se
bem que estamos presentes, porque no Gisela João (3 jul), Tiago
jazz a originalidade e a diferença são Nacarato (4 jul), D.A.M.A (10
aceites com naturalidade e é importante jul), Elisa Rodrigues (11 jul),
mostrar isso neste contexto”, defende. Agir (17 jul), Irma (18 jul),
Carolina Deslandes (24 jul) e
O programa inclui ainda a Oficina
Rita Redshoes (25 jul).
Portátil das Artes e a tradicional Festa
Intercultural, na tarde de domingo, 27,
X
numa versão reduzida, mas certamente Cineteatro Capitólio > Pq. Mayer,
animada, com a presença de Jhalak Lisboa > T. 21 138 5340 > 26 jun-25
(Índia), Cheong Li (Macau), José Galissá jul, sáb-dom 20h > €10 a €25
e Canango (Guiné-Bissau), Fado Bicha
(Portugal) e Baque Mulher (Brasil).
Miguel Judas
24 JUNHO 2021 VISÃO 105
 VER
Hamster Clown Lisboa
Entre o “nonsense” e o sentido da vida
Um espetáculo sem texto, primeira colaboração entre o encenador Ricardo
Neves-Neves e o ator-clown Rui Paixão, que nos fala de sonhos e de pesadelos
A sensação é a mesma de
quando vemos uma tira
de banda desenhada com
bonequinhos fofos e
aparentemente inocentes,
que nos são familiares
dos livros infantis, com histórias de
animais falantes, nas suas tocas com
mobiliário de humanos, mas que
descamba num estalo de volta
à realidade adulta – mordaz e
impiedosa. É assim Hamster Clown,
com encenação de Ricardo Neves-
-Neves e interpretação de Rui Paixão,
um hamster cuja expressividade
dispensa a palavra, de tão bem que nos
vai contando a história com o corpo.
No palco, está um hamster, de
vestido vitoriano verde, sapatos de salto
amarelos e um chapéu pomposo. A sua
pele é roxa, a roubar aos universos
de ficção científica, BD e manga.
“O Ricardo [Neves-Neves] apresentou-
-me a ideia desta forma: ‘isto é um
hamster, que vive dentro de uma gaiola,
e o espetáculo começa no momento
X Covelo > Rivoli Teatro Municipal
São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7640 > até 4 jul,
qua-sáb 20h, dom 17h30 > €12 a €15
106 VISÃO 24 JUNHO 2021
Trengo Porto
Na sexta edição, o Festival
de Circo do Porto volta a
ocupar o espaço público, mais
concretamente os Jardins
do Parque do Covelo. A única
exceção é para o espetáculo
Pour le Meilleur et Pour le
Pire (Na Alegria e na Tristeza),
da companhia francesa
Cirque Aïtal, que se refugia
no palco do Rivoli (dia 30,
qua, €12, transmissão online
2-3 jul). Victor Cathala e Kati
Pikkarainen partilham a vida
do casal e o estilo de vida do
circo, enquanto executam
acrobacias surpreendentes,
proezas aéreas e números
de equilibrismo. A explorar
a arquitetura e a paisagem
dos jardins do Covelo estará
Recantos, que abre o cartaz
do Trengo (dias 28 e 29, seg
e ter), uma criação de Daniel
Seabra e Vasco Gomes. De
ESTELLE VALENTE
Espanha, chegam quatro
espetáculos: La Madeja,
de Irene de Paz (dias 29 e
30, ter e qua); Espera, da
autoria de Francesca Lissia
e Celso Pereira/Compañia
em que ele consegue escapar’”, diz Rui
de Circo EIA (3 jul); Distans,
Paixão. “O que nos interessou, e por
da Vol’e Temps (4 jul); e Só,
isso é que o processo foi tão longo de Xampatito Pato (4 jul).
e tão experimental, foi traduzir esta Destaque ainda para L’Autre
imagem muito concreta em algo mais (1-2 jul), da companhia
complexo. A personagem do hamster franco-portuguesa O Último
passa a ser um homem, que pensa Momento, que junta o
que é um hamster; pegamos nesta português João Paulo Santos
personagem e pomo-la num planeta, e o bailarino de hip-hop
porque começámos a ouvir coisas do Lliasse Mjouti. Ao contigente
Elon Musk, viagens intergaláticas e nacional pertence O2, de Pia,
turismo espacial.” E se esta personagem a questionar “a desenfreada
vivesse num planeta estranho (a gaiola modernização nesse futuro
dela) e quisesse fazer turismo espacial sempre frágil e incerto” (1-2
em Lisboa? “A história passa-se num jul), e ainda Vinil, uma estreia
jardim barroco e a narrativa é, por si só, da companhia Quando Sais
um labirinto”, explica Paixão. “O início à Rua, uma metáfora sobre
do espetáculo trata disso mesmo: é uma o disco riscado e a repetição
personagem em fuga que vem sempre do erro (3-4 jul). Haverá
parar ao mesmo sítio. Ela não consegue ainda uma proposta luso-
americana, da companhia
sair dali. O espetáculo começa quando,
Oliveira & Bachtler, que
não sabendo sair, aceita que fica. E é ali
apresenta Otus Extracts (3
que vai viver.” Em cena no Teatro São jul), a cruzar técnicas de circo,
Luiz até 4 de julho, a peça seguirá em teatro físico, movimento,
digressão para Loulé, Ovar, Odivelas, palhaço e cenografia. J.L.
Braga e Ílhavo. Cláudia Marques Santos
X
Parque do Covelo > Quinta do
> Pç. D. João I, Porto > T. 22 339
2201 > 28 jun-4 jul > grátis
Colectiv – Um Caso de Corrupção
A culpa é do sistema Playlist
O grande escândalo de corrupção no sistema nacional de saúde da Roménia A banda desenhada
visto de perto, num documentário prodigioso francesa já deu um ex-
celente argumento de
Imagine-se um realizador com a de investigação, isso provocou a queda cinema, com A Vida de
Adèle, adaptado por
oportunidade de filmar o caso do governo e a gestão por uma equipa
Abdellatif Kechiche.
Watergate, em tempo real, com de tecnocratas, que procurou, em tempo
Playlist, a primeira
uma câmara no gabinete de Nixon recorde, fazer as mudanças estruturais que longa-metragem da
e outra na redação do Washington permitissem limpar a corrupção transversal autora da BD Nine
Post? À devida escala, tal é o que das unidades hospitalares e seus gestores. Antico, não vai pelo
se passa em Colectiv, o filme de Alexander O realizador, com um sentido de mesmo caminho
Nanau, que foi nomeado para Melhor Filme oportunidade impressionante, documenta estilístico. É um objeto
Estrangeiro e Melhor Documentário nos tudo isto – desde a investigação jornalística bem conseguido, mas
Oscars deste ano, sem ter ganho nenhuma ao trabalho do ministro da Saúde mais simples e menos
das estatuetas. É uma obra notável de provisório, com presença em reuniões, ambicioso, num estilo
perspicácia documentarista e sentido de mostrando-nos cenas privadas, momentos que nos aproxima
oportunidade. Não é um filme de fazer marcantes, de forma tão completa que até do universo urbano,
acontecer, como por vezes acontece nos nos faz perguntar se estamos perante um íntimo e feminino
documentários de Michael Moore, mas antes documentário ou uma obra de ficção. de Frances Ha, de
de saber estar no sítio certo à hora certa. Embora o registo seja significativamente Noah Baumbach,
Em foco, um dos mais decisivos diferente, é inevitável encontrar uma com fotografia a
momentos da História da Roménia recente afinidade temática com A Morte do Sr. preto-e-branco e uma
(e com este “recente”, deixamos para trás Lazarescu, de Cristi Puiu, uma das obras anti-heroína em busca
a queda de Ceausescu, que já foi há 22 maiores do novo cinema romeno. Nanau vai de si própria.
anos). Um incêndio numa discoteca em por outro caminho, sem grande espaço para Num registo de auto-
ficção que nos prende
Bucareste, sem as condições legais de a autoironia, mas faz um filme prodigioso
pelo maravilhoso
segurança, provocou dezenas de mortos e que, apesar de se centrar numa questão
sentido autoirónico,
muitos outros feridos. O cuidar dos feridos local, nos convida a um debate sobre a Playlist desenha-se
acabou por revelar um sistema nacional de corrupção como o grande mal endógeno como uma comédia,
saúde corrupto e inoperante, incapaz de que corrói os sistemas democráticos. retratando, sem pre-
salvar vidas. Denunciado por um jornalista Manuel Halpern conceitos, as desven-
turas de Sophie – uma
rapariga de 26 anos
que ambiciona ser de-
senhadora e encontrar
um amor sincero, mas
tudo à sua volta roda
em sentido contrário.
Inevitavelmente, den-
tro da sua aparente
leveza, Playlist acaba
por se transformar
num grito feminista, de
uma geração à beira
do desespero, mas
que insiste em cobrar
a promessa social de
que devemos lutar
pelos nossos sonhos.
M.H.

X
D.R.

De Nine Antico,
com Sara Forestier,
X
Laetitia Dosch, Bertrand
De Alexander Nanau > 109 minutos
Belin > 86 minutos

24 JUNHO 2021 VISÃO 107

 LIVR O S E DI S CO S

O Belo Verão Cesare Pavese

A idade da inocência
Uma novela intemporal sobre a descoberta da vida adulta,
isto é, do corpo, do amor, das primeiras desilusões
Terra Prometida
Jónatas Pires
Mais ou menos ali pela
viragem da primeira
década desde século,
uma banda chamada
Pontos Negros entrou de
rompante no panorama
musical português, dando
corpo, à escala nacional,
àquele lugar-comum da
recorrente e falsa morte do
rock. Mas, como também
cada vez mais acontece, foi
uma ressurreição efémera,
materializada em dois
álbuns que marcaram uma
época, parecendo não ter
deixado descendência. Até
agora, quando o principal
D.R.

compositor da banda,
Jónatas Pires, depois
Grande literatura foi dedicada aos rituais de dez anos como figura
de passagem para a vida adulta, em que uma de proa do ensemble de
iniciação, uma perda operam uma mudança Samuel Úria, arriscou
transformadora, um “bonjour, tristesse”. Cesare lançar-se em nome próprio
Pavese (1908-1950) explora, aqui, essa epifania com este Terra Prometida,
existencial com subtileza, uma escrita feita de um trabalho no qual se
elegância seca e implacabilidade de entomologista. E usando revela (ou, antes, confirma)
a metáfora transparente da pintura: o quadro acabado nunca um exímio escritor de
refletirá a decadência do seu modelo (uma das personagens, canções, autor de letras
figura habitual nos ateliers de artistas, há de contrair sífilis...), atentas ao dia a dia, mas
os corpos vigorosos cedem lugar às naturezas-mortas… O Belo Verão igualmente plenas de espi-
Este verão italiano, de colinas a perder de vista, viagens (Livros do ritualidade e de metáforas
de elétrico e idas ao cinema, de escapadelas à vigilância Brasil, 112 págs., que acrescentam diversas
dos que trabalham, é também o verão mítico, o verão da €14,40), escrito camadas de leitura a uma
juventude eterna. “Nesse tempo, era sempre uma festa. na primavera de música orelhuda, por
Bastava sair de casa e atravessar a rua, para ficarmos como 1940 e premiado vezes épica, sempre muito
doidas, e tudo era tão bonito, especialmente de noite, que com o Prémio bem construída. Com um
ao voltarmos mortas de cansaço esperávamos ainda que Strega em arranque que agarra logo
1950, o mesmo o ouvinte, através do folk
acontecesse alguma coisa, que se desencadeasse algum
ano em que rock de Primavera e depois
incêndio, que em casa nascesse uma criança, ou talvez que
Cesare Pavese vai por ali afora com uma
o dia viesse de repente e que toda a gente saísse para a rua sequência imbatível (Quan-
escolherá
e se pudesse continuar a andar, andar até aos campos e até suicidar-se do o Vendaval Vier, Terra
para lá das colinas” – eis as primeiras linhas desta novela. Prometida, Rosto Negro e
Ginia é uma rapariguinha de 16 anos, desconhecedora dos Eu só Preciso), Terra Pro-
mistérios adultos. A sua inocência é posta à prova quando, metida é também um disco
simbolicamente, deixa os horizontes largos da paisagem e à antiga, com duas partes
entra no interior dos ateliers dos artistas para quem posa distintas, uma mais direta
a sua nova amiga, Amélia – mais velha, mais sofisticada. e outra mais intimista, qua-
Aí, começam os jogos do amor, do sexo, do ciúme, da se como se de um lado A e
liberdade. Um mundo novo. “Vamos onde tu quiseres”, B se tratasse, em que tudo
dirá Ginia. “Guia-me tu.” Sílvia Souto Cunha faz sentido, do princípio ao
fim. M.J.

108 VISÃO 24 JUNHO 2021

 TV

No Corredor da Morte AMC

Manhãs de Setembro Amazon Prime Video Há 27 anos que Pablo

Quando ela é o pai

Ibar tem a sua morte
anunciada. No verão de
1994, este espanhol,
um delinquente menor
e sobrinho do famoso
A cantora trans Liniker, fenómeno recente da música brasileira, estreia-se pugilista José Manuel
como atriz numa minissérie com muitas semelhanças com a sua vida Urtain, a morar na
Flórida, nos EUA, foi
detido, acusado e julgado
A cantora Vanusa (1947-2020), uma referência musical dos anos 70
pelo triplo homicídio
no Brasil, é o grande ídolo de Cassandra, uma mulher que nasceu do empresário da noite
homem, deixou a terra onde cresceu e agora é estafeta na caótica Casimir Sucharski e
metrópole de São Paulo. As entregas de mota são mal pagas e a das bailarinas Sharan
cantora de covers de Vanusa precisa de ganhar mais dinheiro. Anderson e Marie Rogers.
A solução passa pelos shows noturnos, num ambiente pautado por Há dois anos, no seu
alguma decadência, sem o glamour esperado, em que tantas vezes interpreta quarto julgamento, Pablo
Manhãs de Setembro, grande hit da sua referência musical. Aos 30 anos, Ibar voltou a ser declarado
Cassandra conseguiu ter uma casa própria e sente que está a conquistar culpado dos Crimes de
a independência pela primeira vez. Mas essa emancipação vai sofrer um revés Miramar, como ficou
quando à porta lhe aparece Leide (Karine Telles) e lhe apresenta Gerson (Gustavo conhecido o caso, sempre
Coelho), o seu filho de 10 anos. “Você é muito bonita pai”, ouve Cassandra. com base numa imagem
Ambos passam tempo juntos, vão ganhando a confiança um do outro, desfocada do rosto de um
mas são sempre relações frágeis. homem, que surgiu num
Em cinco episódios (de 30 minutos cada), Manhãs de Setembro, uma ideia vídeo de uma câmara de
original de Miguel de Almeida, realizada por Luis Pinheiro, explora como vigilância, sem uma única
a cantar Cassandra supera as provações a que é sujeita. prova física, como ADN,
O aspeto andrógeno de Liniker e todas as ambiguidades que pode suscitar pegadas ou sangue.
adequam-se na perfeição na estreia da cantora e compositora de 25 anos na Não é a primeira vez que a
ficção. Há dois anos, a revista Marie Claire escrevia que esta mulher trans era história deste condenado
a prisão perpétua surge
uma das maiores revelações da música brasileira. Até 2015, poucos conheciam
no pequeno ecrã. Também
Liniker e Os Caramelows, mas fizeram o EP Cru e alcançaram mais de cinco
o canal HBO já produziu
milhões de visualizações. Assim começou a carreira musical de quem se descreve e exibiu O Estado contra
como cantora “negra, pobre e periférica”, aplaudida pela crítica que a apelidou de Pablo Ibar, no final de
“o novo Tim Maia”, pela sua voz grave, por vezes rouca, e intensa. Sónia Calheiros 2020. Agora, em No
Corredor da Morte,
minissérie de quatro
episódios (de 50 minutos
cada), coube a Miguel
Ángel Silvestre, ator de
Sky Rojo, 30 Monedas e
Narcos, protagonizar a
luta deste homem para
provar a sua inocência.
À história de Pablo, junta-
-se a de toda a sua família,
empenhada em libertá-lo.
Esta é uma ficção criada
por Ramón Campos, Gema
R. Neira e Diego Sotelo,
baseada no livro de Nacho
Carretero, com quem já
tinham trabalhado na
série Fariña (2018), sobre
o narcotráfico na Galiza
dos anos 70 e 80, também
uma história verdadeira.
S.C.
D.R.

X X
Estreia 25 jun, sex 25-26 jun, sex-sáb 22h10, 23h
(dois episódios por dia)

24 JUNHO 2021 VISÃO 109

 E SC A PA R
Casa Antiga Porto
Pequena e cheia de charme
No bairro mais criativo da cidade, abriu uma guesthouse com sete quartos que lembram
os ofícios antigos. O jardim, onde as amoras estão quase no ponto, é um segredo bem guardado
A mais recente placa do número 382
da Rua Miguel Bombarda, no Porto,
poderá passar ao lado dos mais
distraídos, pois o belíssimo edifício
que ali tem morada mantém a fachada
de pedra, em tons suaves de verde,
as varandas em ferro e as portadas de madeira,
tal como o mural da ilustradora Tina Siuda.
É preciso entrar para ver o que mudou.
Ocupado, outrora, pelo hotel Mercador,
o edifício do século XIX reabriu como Casa
Antiga, uma guesthouse com sete quartos.
Mantiveram-se os tetos de madeira e os
estuques originais, os móveis restaurados
e as boiseries (molduras) que adornam as
paredes – e, claro, a belíssima escadaria
em madeira, iluminada por uma claraboia,
que dá acesso aos quatro pisos.
Nesta reabertura, pensada e executada por
três mulheres da mesma família, “aproveitou-se
o restauro anterior” e, inspirada na casa, criou-
-se outra temática, de “homenagem aos antigos
ofícios”, conta-nos Ana Macau. A arquiteta
abraçou a ideia da mãe, Teresa Ferreira, e das
tias, Cristina e Eduarda, proprietárias da casa.
X
R. Miguel Bombarda, 382, Porto > T. 96 024 0910 > guesthouse@casa-antiga.pt > a partir de €70
110 VISÃO 24 JUNHO 2021
LUCÍLIA MONTEIRO
“Procurámos manter o espírito da época”, Para a
continua Ana, e “dar destino às peças reunidas decoração
pelos avós durante anos”. Na verdade, tudo na dos quartos,
Casa Antiga procura aliar o passado ao conforto aproveitaram-se
de um hotel. peças da família
No primeiro andar, abre-se a porta do proprietária
quarto Oleiro, com varanda e vista de jardim, do edifício do
onde “voam” os pássaros em estuque do mestre século XIX
Domingos Enes Baganha. Em frente, fica a
sala de estar com uma área de leitura, cujos
móveis podem ser adquiridos pelos hóspedes.
No segundo piso, fica o Marceneiro, com tetos
em madeira, e o quarto da Modista, onde se vê
o vestido de baile de Basília, a avó das irmãs
Ferreira. No terceiro piso, entre antigos frascos,
seguimos os conselhos do Boticário para,
depois, espreitar a arte do Fundidor. No último
andar, as rendas de bilros decoram o quarto da
Rendilheira, e as mantas coloridas, o do Tecelão.
Ao jardim de acesso público, onde funciona
o Tartine, o bar de tapas, soma-se agora outro
mais pequeno, só para os hóspedes, onde cheira
a ervas aromáticas e as amoras estão quase no
ponto. Será que podemos pedir para guardar
segredo? Susana Silva Oliveira
 O gosto dos outros

Mónica
Paixão“Tenho uma grande
pancada pelas peças de madeira
esculpidas por Paulo Veiga, do
projeto Handsmadelove. São
lindas, ergonómicas, funcionais,
Guerreiro
duradouras... Não é possível,
mas queria tê-las todas”
Natural de Cascais, Festivais de verão
aceitou o desafio de Marcar as férias coincidindo com
presidir o Coliseu a data dos festivais era um hábito
de juventude que a pandemia lhe
do Porto já em plena estragou – e de que tem saudades:
pandemia. A maior “Percorrer o País entre Montemor-o-
sala de espetáculos da -Velho (Citemor), Almada (Festival de
Teatro), Covilhã (Y), Évora (Escrita na
g
Região Norte celebra Paisagem), Vila do Conde (Circular)…”
Paisage
80 anos em dezembro ro
F L O R B E L A A L V E S falves@vis
falves@visao.pt
sao.pt
Género
Ponta da Ferraria São Miguel
guel e Transgressão
Os banhos na Ponta da Ferraria,ia, na Destaca a recente
ilha açoriana de São Miguel – “o ponto edição de Género e
mais ocidental onde já pus o pé”, diz Transgressão – Des/
–, são os mais memoráveis. “Volto
Volto fazendo o Masculino e o
sempre que posso àquelas águas uas Feminino, da socióloga
quentes. Quem me conhece sabe abe Sara Merlini, como
que não abdico de estar junto ao mar, um contributo “muito
seja a trabalhar seja em férias.”
s.” relevante
rele para dois dos graves
problemas
problem sociais que temos por
resolver:
resolve a desigualdade e o machismo”.

Vícios da Mesa Porto

Privilegia a comida vegetariana e diz ter Um disco para a vida
Ouve
“a sorte de ter restaurantes ótimos”
mos” na mui
muitas vezes o disco, lançado
vizinhança do coliseu, que preside
ide desde há 21 anos, com duas palestras
março de 2020. É o caso de Víciosios da Nick Cave: The Secret Life of
de Ni
Mesa, no Maus Hábitos, e do Lado
ado B. The Love Song, escrita para o
Ambos “servem comida excelente, nte, têm Festival de Poesia de Viena, e The
Festiv
uma ligação forte à cultura e praticam
raticam Flesh Made Word, para o serviço
horários simpáticos para quandodo se vai religioso da rádio BBC3. “São
relig
a correr para os espetáculos”. incrivelmente inspiradoras”
inc

24 JUNHO 2021 VISÃO 111

 J OGO S

Palavras cruzadas
>> H O R IZONTAIS >> 1. Cobiçar. Uma das designações de Deus,
no Antigo Testamento. // 2. Usado na loc. adv. ... por ...: com todos
os pormenores. Esguelha. // 3. Encher até às bordas uma vasilha ou
medida. Variedade de porco doméstico. // 4. Nome da letra N. Caldo
com alguma substância sólida e que ordinariamente constitui o
primeiro prato de uma refeição. // 5. Perceber ou conhecer por meio
dos olhos. Dissuadir. // 6. Grito agudo das aves, quando embravecidas.
Pessoa doida. // 7. Rir sem fazer ruído. // 8. Transferira para outro dia.
// 9. Pessoa servil por tudo o que está em voga. Alguma. // 10. Depois
de, a seguir a. Bajular. // 11. Rosado. Terceiro ventrículo do estômago
dos ruminantes. >> VERT ICAIS >> 1. Escuridão completa. Pessoa
que dança, em relação àquela com quem dança. // 2. Sal, derivado
do ácido cianídrico. Conjunto de partículas muito ténues que andam
suspensas no ar ou se depositam sobre os corpos. // 3. Introduzir
de modo que fique adaptado e seguro. Isolados. // 4. Aperta e dá nó
em. Estado de êxtase. // 5. Gracejar. Que ou pessoa que perdeu o
uso da razão, que não tem sanidade mental. // 6. Símbolo de sueste.
Ribanceira. // 7. Volume que faz parte de uma obra impressa ou
manuscrita. Cantor ambulante. // 8. Reduzir-se um líquido ao estado
de vapor. O primeiro (o menor) dos números naturais. // 9. Estrofe de
oito versos. Sala em que se recebe a lição. // 10. Tecido transparente
com que as senhoras cobrem o rosto. Sétima letra do alfabeto grego
correspondente ao E longo dos latinos. Senão, dificuldade. // 11. No
ténis e no voleibol, ponto direto obtido por bola de serviço que não
foi batida pelo adversário. Unidade de medida agrária equivalente ao
decâmetro quadrado. Que não é abundante.

> > Q U I Z > > 1. C. // 2. A // 3. A // 4. C // 5. B // 6. C // 7. C // 8. A // 9. C // 10. B

SOLUÇÕES

// 4. Ata, Transe. // 5. Rir, Doido. // 6. SE, Riba. // 7. Tomo, Aedo. // 8. Evaporar, Um. // 9. Oitava, Aula. // 10. Véu, Eta, Mas. // 11. Ás, Are, Raro
// 8. Adiara. // 9. Snobe, Uma. // 10. Após, Adular. // 11. Róseo, Omaso. > > V E RT I CA I S >> 1. Trevas, Par. // 2. Cianeto, Pó. // 3. Inserir, Sós.
>> H O R I ZO N TA I S >> 1. Ciar, Jeová. // 2. Tintim, Viés. // 3. Rasar, Tatu. // 4. Ene, Sopa. // 5. Ver, Demover. // 6. Atito, Orate. // 7. Sorrir.

Sudoku MÉDIO Quiz

POR PEDRO DIAS DE ALMEIDA

1. Como se chama a empresa de 6. Como se chamava o molho

Jeff Bezos dedicada à exploração de peixe comercializado a partir
espacial? de Troia na época romana?
A. Blue Planet A. Godum
B. Blue Shadow B. Gatim
C. Blue Origin C. Garum
2. Onde aconteceram, em 1896, 7. Max Richter notabilizou-se
os primeiros Jogos Olímpicos como...
da era moderna? A. Arquiteto
A. Atenas B. Realizador
B. Paris C. Compositor
C. Berlim
8. Em que ano surgiu, numa tirinha
3. Qual o título da biografia de banda desenhada, a personagem
do escritor José Cardoso Pires Popeye, o Marinheiro?
escrita por Bruno Vieira Amaral? A. 1929
A. Integrado Marginal B. 1938
B. Infinito Privado C. 1951
C. Invisível Público
9. Quantas praias fluviais
4. Qual destes álbuns portuguesas foram distinguidas
não é dos Rolling Stones? com uma Bandeira Azul em 2021?
A. Let It Bleed A. 22
B. A Bigger Bang B. 34
C. Shine On C. 42
5. Onde nasceu, em 1937, 10. A Ampola Miraculosa foi
o ator Rui Mendes? o primeiro livro publicado de...
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112 VISÃO 24 JUNHO 2021