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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

Departamento de Ciências Humanas e Letras – DCHL


Curso de Letras – Campus de Jequié
Língua Portuguesa III – 2020.2

JÔNATAS BATISTA &


TALINE ANDRADE

SÍNTESE DO FILME MY FAIR LADY

My Fair Lady (Minha Bela Dama, 1964), filme dirigido por George Cukor e baseado na peça
teatral “Pigmalião”, de George Bernard Shaw, conta a história de Eliza Doolittle, uma
vendedora de flores oriunda de uma classe menos abastada e, por isso, falante de dialeto do
Inglês que é reflexo do meio social no qual está inserida. Já Henry Higgins é um estudioso
de Fonética, coberto de preconceitos linguísticos. Higgins faz uma aposta com Hugh
Pickering, seu amigo especialista em dialetos indianos, e essa aposta consiste em
“transformar” Eliza numa “dama”, fazendo-a falar de acordo com a variante-padrão inglesa
da época.
My Fair Lady pode ser considerado um clássico dos estudos linguísticos. O filme demonstra,
com muita qualidade, parte do que constitui os estudos fonéticos. A forma como o professor
Higgins analisa e estuda os modos de falar, os sotaques, as formas como as outras pessoas
produzem os sons da fala, exemplifica muito bem o foco principal da fonética: estudar os
sons das palavras em sua realização concreta, diferentemente da fonologia, que por sua vez,
estuda os fonemas das palavras.
O filme também apresenta a questão da variação linguística (fenômeno natural que ocorre
pela diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de
seus elementos) de maneira muito prática. Já nas primeiras cenas vários modos de falar são
expostos, e o professor Higgins analisa e categoriza cada um deles. Com um pouco de
atenção as análises de Higgins, também é possível perceber os tipos de variação linguística:
sociais (diastráticas), regionais (diatópicas), históricas (diacrônicas) e estilísticas (diafásicas),
visto que é a partir da análise desses grupos (ou de alguns deles) que ele categoriza a fala de
cada personagem.
O longa aborda de maneira muito direta o preconceito linguístico. Ainda que muito bem
instruído e qualificado, o professor Higgins não deixa de cultivar a ignorância de pensar que
existe uma “maneira correta” do falante nativo executar sua própria língua, ele não
compreende as variações linguísticas de menor prestigio como o que são: formas diferentes
da execução da fala, ele as interpreta como erros, visto que fogem a norma padrão e a norma
culta gramatical, e em certa parte do filme, chega a afirmar que estas variações não são
inglês: “Por que diabos não se fala mais inglês?”.
Esse preconceito não pode e não deve ser admitido, é papel do letrólogo, do linguista e do
professor, educar e instruir a sociedade sobre esse tipo equívoco. Propagar o princípio da
adequação linguística é fundamental para o fim do preconceito linguístico. A adequação
linguística seria o princípio segundo o qual não se fala mais em “certo” ou “errado” na
avaliação de uma determinada variedade linguística. Ao invés disso, o ideal seria pensar se a
variedade em questão é adequada ou não à situação comunicativa (contexto) em que ela se
manifesta. Isso significa que, em um contexto formal ou solene, seria adequado o uso da
linguagem formal (padrão, culta) e inadequado o uso de uma variedade informal (coloquial).
Da mesma forma, em situações informais, deve-se usar uma variante informal (coloquial) em
detrimento da linguagem formal (padrão, culta).

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