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Título: A Missão do Espírito Santo na Terra


1a. Edição / Maio 2010
Autor: João A. de Souza Filho
Arte da Capa e diagramação: Nilson Levi
Editora Faith
ISBN: 978-85-98131-18-4

Sumário

1. A Trindade Doando-se ao Homem.................................................03


2. A Pessoa do Espírito Santo............................................................08
3. Uma Pessoa Viva Dentro de Nós...................................................16
4. A Missão do Espírito Santo na Terra..............................................20

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Capítulo 1
A Trindade Doando-se ao Homem

Texto: Êxodo 29.46

Deus doando-se ao homem! Creio que aqui se descortina uma das


maiores revelações espirituais ao ser humano: Deus se revela no ho-
mem e se doa à humanidade! A Trindade decide se manifestar entre
os homens, fato que é visto desde o Gênesis até o Apocalipse. Farei
apenas um breve resumo de alguns desses fatos bíblicos, começando
pelo texto de Gênesis 1.26: “Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança.”

I. Deus decide habitar no homem já na criação. Gosto da palavra


habitar, porque, ao criar o homem Deus colocou de seu ser, de sua
própria essência, na vida do homem. A Trindade decidiu, desde o
início, morar em nós!
O pecado, contudo, nos descaracterizou daquela ação divina e man-
chou o propósito de Deus. No dizer de Paulo, o pecado nos distan-
ciou e nos deixou aquém do propósito de Deus. Ele disse: “Porque
todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Esta glória de Deus é a
sua própria presença, numa interpretação que nos é dada pela nota
de rodapé da Bíblia de Jerusalém. O texto grego nos dá o direito de
interpretar desta forma: “Porque todos pecaram e ficaram aquém da
glória de Deus”, isto é, há um alvo a ser atingido, e o pecado nos
deixou longe dele. Perdemos o alvo!
A Trindade, entretanto, insiste em habitar com o homem, em vi-
ver junto dele, ser parte de sua humanidade e por isso se interessa em
restaurá-lo à imagem antiga. Em Gênesis 6, Deus decide dar um fim
à humanidade que estava totalmente corrompida. E era uma
corrupção da própria raça humana, dos genes humanos, uma
corrupção da semente humana, degenerando toda a raça e criando
uma super-raça. Deus destrói por meio de um dilúvio toda a raça

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humana, recomeçando com Noé seu projeto de habitar entre os ho-
mens! O texto de Gênesis 6.9 diz que Noé andava com Deus. No
meio de toda corrupção humana, Deus o achou íntegro e justo.

A) Uma nação como projeto da habitação de Deus

A partir da história de Abraão o projeto de Deus fica mais eviden-


te. Deus encontra Abraão vivendo envolvido com idolatria, e resolve
se comunicar com ele. “O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão,
quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã” (At 7.2),
disse Estevão aos sábios judeus. Com que propósito? Levantar um
povo para Deus!
E Deus faz aliança com este homem, promete-lhe uma terra, uma
descendência numerosa e lhe diz que todas as nações da terra serão
abençoadas por causa dele! “De ti farei nações”, diz Deus. E que
amizade nasceu entre Deus e Abraão a ponto de Deus não poder
ocultar desse homem os desígnios de seu coração! Ele, pessoalmente,
em forma humana desce a terra e o visita num dia de muito calor.
Abraão estava “assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia”,
diz o relato bíblico.
Deus vem em forma humana conversar com Abraão, repetindo,
assim, seu costume de conversar no fim do dia com Adão e Eva no
jardim do Éden. Deus anela se comunicar todos os dias com seus
filhos, conversar com eles, fazendo-se presente no dia-a-dia do ho-
mem, e, para isso formou uma nação onde ele possa viver entre o seu
povo!
Os três seres angelicais almoçam com Abraão, fazem-lhe promes-
sa quanto ao nascimento de Isaque, e Abraão acompanha-os na jor-
nada a caminho de Sodoma por certo tempo. Não sabemos em que
momento Abraão percebeu que aquele era o Senhor, em carne, con-
versando com ele. Mas Abraão ouve um diálogo entre os três quando
o Senhor pergunta: “Esconderei de Abraão o que estou para fazer?
Abraão será o pai de uma nação grande e poderosa, e por meio dele
todas as nações da terra serão abençoadas” (Gn 18.17-18).

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E Deus nada lhe oculta. Conversa com ele e lhe diz que a iniqüi-
dade de Sodoma e Gomorra é muito grande; que a transgressão e o
pecado são insuportáveis, e que há um clamor que tem subido à sua
presença vindo daquelas cidades. Há muito pecado ali, diz Deus, e
desci para ver “As acusações contra Sodoma e Gomorra são tantas e o
seu pecado é tão grave que descerei para ver se o que eles têm feito
corresponde ao que tenho ouvido. Se não, eu saberei”. Ele assegura a
Abraão que veio à terra a fim de certificar-se de tudo.
Que linda esta cena! Dois deles seguem para Sodoma e Gomorra,
e Abraão “permaneceu ainda na presença do Senhor”. Imagine! Aquele
que comera em sua mesa naquele dia é o próprio Senhor, e os dois
estão face a face! Vale a pena ler o diálogo de Deus com Abraão na
Bíblia.
Foi devido a essa amizade entre Deus e o homem que Ló, o sobri-
nho de Abraão, foi salvo. Abraão, no dia seguinte levantou-se cedo e
foi ao mesmo lugar em que estivera na presença de Deus, e de longe
viu a fumaceira da destruição das cidades da campina. E o relato
bíblico diz que “Quando Deus arrasou as cidades da planície, lem-
brou-se de Abraão e tirou Ló do meio da catástrofe que destruiu as
cidades onde Ló vivia” (Gn 19.29).
A amizade de Deus com Abraão evidencia o anelo divino de que-
rer ter íntima comunhão com o homem que ele criou. Abraão é cita-
do na oração de Josafá como amigo de Deus (2 Cr 20.7). O próprio
Deus afirma que Abraão era seu amigo: “Mas tu, ó Israel, servo meu,
tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo...” (Is
41.8). Tiago, em sua epístola afirma a mesma coisa: Abraão “foi cha-
mado amigo de Deus” (Tg 2.23). Poderemos ser amigos de Deus?

B) Habitar no meio do seu povo

Depois dessa amizade com Abraão demorou ainda quatrocentos e


trinta anos para que a nação fosse forjada no Egito e ficasse pronta
para se tornar povo de Deus! “Eu os farei meu povo e serei o Deus de
vocês... vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações.

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Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de
sacerdotes e uma nação santa... e habitarei no meio dos israelitas e
serei o seu Deus” (Ex 6.7; 19.5-6; 29.45).
Este conceito de Deus querer formar um povo fica claro em todo
o Antigo Testamento quando se lê um grande número de passagens
bíblicas. Talvez não percebamos a profundidade do que Deus queria
dizer. Mas a idéia de haver um tabernáculo erguido no deserto, com
todas as tribos acampando-se ao redor, com a nuvem sobre ele du-
rante o dia e o fogo durante a noite, mostra que Deus reservou a si
mesmo o direito de habitar entre o povo. “O Senhor ia adiante deles
durante o dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho;
durante a noite numa coluna de fogo, para os alumiar (...) nunca se
apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de
fogo durante a noite” (Ex 13.21-22).
Se isto acontecia durante a viagem, por certo, quando o povo fica-
va acampado e o tabernáculo já estava erguido, acontecia o mesmo.
Em Números 9 o texto afirma que a nuvem o cobria durante o dia, e
em forma de fogo sobre o tabernáculo durante a noite.
Por que divaguei um pouco sobre o assunto? Porque aqui está a
razão de Deus distribuir dons ao seu povo: Deus quer habitar no
meio da igreja! Ele quer se manter em íntima comunhão com os seus
filhos. Observe que não se trata de uma presença teórica de Deus; ele
realmente queria estar com o povo! A habitação era tão real que
Moisés, os anciãos de Israel e seu sogro estiveram com Deus e come-
ram diante dele! (Ex 18.12). E dizer que Moisés ficou quarenta dias
e depois outro tanto na presença do Senhor! Que comunhão!
O propósito de Deus, então, consiste em ter uma nação onde ele
se torne o Senhor. Ele almeja habitar com os homens, fazendo-os
santos e justos em sua presença! Essa foi a fórmula simples encontra-
da por Deus!
Apesar de a nação de Israel não corresponder àquilo que Deus se
propunha fazer, ele não desistiu de seu propósito e resolveu habitar
no meio do seu povo de uma forma bem simples: da mesma maneira
como pensara em fazer no Éden. Tão simples, que a idéia de que ele

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quer residir dentro de cada um de nós passa despercebida!
Assim, para que você veja o assunto de forma ampla e total, é
necessário conhecer a missão do Espírito Santo na terra.

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Capítulo 2
A Pessoa do Espírito Santo

Texto: João 14.26

I. Quem é o Espírito Santo?

Se quisermos aprender sobre Pessoa do Espírito Santo é preciso


ver como ele operou na vida do povo de Israel e como age na terra e
na igreja.

1. O Espírito é mencionado no início da Bíblia, no relato da cri-


ação, movendo-se “sobre a face das águas” (Gn 1.2), quando o mun-
do era ainda um caos. Esta afirmativa indica que no meio do caos de
nossas vidas, o Espírito Santo de Deus está ali, cuidando de tudo.

2. Jó e Salmos falam do “sopro de Deus”, uma alusão à presença


do Espírito de Deus na criação. “Com seu sopro os céus ficaram
límpidos”, diz Jó (Jó 26.13), e os corpos celestes foram feitos “pelo
sopro de sua boca” (Sl 33.6).
3. Todas as pessoas e todas as coisas subsistem pelo Espírito de
Deus, disse Paulo. “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’,
como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descen-
dência dele” (At 17.28).

II. As manifestações do Espírito Santo no Antigo Testamento

1. O Espírito Santo operava no Antigo Testamento, na vida de


uma pessoa, por tempo determinado, com um propósito específico,
sobre uma ou mais pessoas e não sobre toda uma nação, ou grupo de
pessoas como a igreja.

2. No Novo Testamento o Espírito Santo habita nas pessoas (as-

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sunto que veremos mais adiante).

Vejamos um breve resumo da operação do Espírito Santo em al-


guns homens do Antigo Testamento.

# José era cheio do Espírito de Deus. Ao ouvir os conselhos de


José, Faraó percebe que ele era um homem no qual o Espírito de
Deus habitava. Por isso o faraó lhes perguntou: “Será que vamos
achar alguém como este homem, em quem está o espírito divino?”
(Gn 41.38).
Moisés suspirou por ver o dia em que toda a nação de Israel profe-
tizasse. Quando Deus capacitou aqueles setenta anciãos para ajuda-
rem a Moisés, dois deles que estavam citados na lista não vieram até
a tenda da congregação, contudo, lá onde estavam, longe da tenda o
Espírito veio sobre eles e profetizaram. Ao ser informado do que
ocorrera, Josué, ajudante de Moisés pediu ao chefe que proibisse aque-
les dois de profetizar, ao que Moisés responder: “Quem dera todo o
povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espíri-
to” (Nm 11.29). Deus tirou do Espírito que estava sobre Moisés e o
distribuiu aos seus senta auxiliares (Nm 11.16-17).
# Ele estava sobre Josué, que é mencionado como um homem
cheio do Espírito Santo. Deus disse a Moisés: “Chame Josué, filho
de Num, homem em quem está o Espírito, e imponha as mãos sobre
ele” (Nm 27.18).
# Os construtores do tabernáculo foram capacitados pelo Espírito
de Deus. Quando Deus quis construir o tabernáculo no deserto, pre-
cisava contar com homens habilidosos para a tarefa. Numa nação
predominantemente pastoril durante mais de quatrocentos anos, cer-
tamente não havia pessoas com talentos para tal empreendimento, e
Deus decidiu capacitar algumas pessoas para executar a tarefa que
tinha em mente. Deus tomou a Bezalel, encheu-o do Espírito, habi-
litando-o a executar toda sorte de trabalho, tornando-o um artista
(Ex 35.30-34). Transformou homens rudes em habilidosos artistas!
# O Espírito veio sobre Otoniel: “O Espírito do Senhor veio so-

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bre ele, de modo que liderou Israel e foi à guerra” (Jz 3.10). Isto não
quer dizer, contudo, que Otoniel era um homem cheio do Espírito
como entendemos hoje. O Espírito vinha sobre ele ou sobre os de-
mais para realizar alguma façanha ou ganhar uma guerra.
# Gideão. Diz a Escritura que “o Espírito do Senhor apoderou-se
de Gideão, e ele, com toque de trombeta, convocou os abiezritas
para segui-lo” para a batalha (Jz 6.34).
# Sansão foi capacitado pelo Espírito de Deus que o usou como
libertador de Israel durante muitos anos. A Bíblia diz que “o Espírito
do Senhor passou a incitá-lo”. Certo dia deparou-se com um leão no
caminho e o Espírito do Senhor se apossou dele, e ele rasgou o leão
“como quem rasga um cabrito, sem nada ter na mão” (Jz 13.25 e
14.6). O Espírito de Deus vinha sobre Sansão dando-lhe força
incomum a ponto de rasgar um leão ao meio! Ele não possuía o Es-
pírito habitando nele como hoje habita em nós, mas vinha sobre ele
sempre que a nação precisasse de libertação. O mesmo aconteceu
com outro juiz. “Então o Espírito do Senhor se apossou de Jefté” e
ele convocou o povo para a guerra (Jz 11.29).
# Saul. Durante boa parte de sua vida comportou-se com digni-
dade real e caráter, e teve sua vida totalmente transformada pelo Es-
pírito Santo. Saul dançou e profetizou juntamente com os demais
profetas de Israel (1 Sm 10.6). Depois que pecou, abandonado pelo
Senhor e perseguindo a Davi, Saul enviou uma escolta de soldados
para prender a Davi que estava na casa de Samuel em Ramá. A escol-
ta foi “tomada pelo Espírito” e profetizou engrandecendo a Deus.
Avisado do que acontecera aos soldados, enviou uma segunda escol-
ta, e depois uma terceira cujos soldados ficaram profetizando e en-
grandecendo a Deus diante da casa de Samuel. Por fim, ele mesmo,
em pessoa foi prender a Davi, mas o Espírito de Deus o tomou de tal
maneira que Saul ficou todo aquele dia e toda aquela noite deitado
por terra, profetizando a Deus. Uma versão da Bíblia diz que ele
ficou seminu profetizando e louvando a Deus (1 Sm 19.22-24).

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A) Profetas cheios do Espírito Santo no Antigo Testamento
Davi tinha noção dessa presença divina quando afirmou: “Não
me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito” (Sl
51.11).
As manifestações do Espírito eram muito fortes, repentinas e so-
brenaturais sobre alguns profetas. Ezequiel, na terra da Babilônia
estava reunido com alguns anciãos do povo quando foi arrebatado
em espírito. Seu corpo ficou ali, diante dos boquiabertos anciãos, e
ele foi levado pelo Espírito de Deus à cidade de Jerusalém. No capí-
tulo 8 de seu livro ele descreve como foi conduzido a cada cômodo
do templo, viu o que faziam as pessoas, as imagens que adoravam, e
como queimavam incenso aos astros dos céus. Foi levado em espírito
e viu tudo em tempo real! Depois contou tudo o que viu, citando
inclusive nomes de pessoas conhecidas daqueles anciãos (Ez 8.1 ss).

B) A transição

Creio que Ezequiel percebeu profeticamente essa transição da ação


do Espírito de Deus. Se antes, como vimos, o Espírito de Deus agia
numa pessoa de fora para dentro, em momentos específicos, agora,
diz Ezequiel, chegará o dia em que ele virá morar dentro de cada um
de nós. Ele profetiza, afirmando: “Darei a vocês um coração novo e
porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra
e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês...”
(Ez 36.26-27).
É ainda Ezequiel que profetiza um novo tempo para a nação de
Israel. Na visão do vale de ossos secos ele recebe ordens para profeti-
zar sobre os ossos, e cada osso se ajunta ao seu osso, tomando forma,
tendões e carne. O que marcou a vida do profeta foi que, à uma
palavra de autoridade sua o Espírito veio sobre aqueles ossos e lhes
trouxe vida (Ez 37.1-14). Até então a nação de Israel desconhecia o
fato de que Deus poderia viver dentro do homem. Tudo o que a
história registrara até aquela época era a respeito de homens e mu-
lheres que foram capacitados pelo Espírito por um determinado pe-

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ríodo de tempo, para uma obra específica.
Joel profetizou a respeito desse novo enchimento de poder que
viria sobre toda a carne. Ele afirmou que o derramamento do Espíri-
to Santo viria sobre todos, sem acepção de pessoas, raças ou classes
sociais; até os escravos seriam cheios do Espírito e iriam profetizar!
(Joel 2.28). Tanto Ezequiel como Joel viram essa transição da ação
do Espírito Santo. Eles perceberam que no futuro o Espírito moraria
dentro das pessoas, transformando-as completamente!
João Batista faz a ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele
foi a primeira pessoa a experimentar o Espírito Santo morando em
seu interior, isso desde o ventre materno! Podemos afirmar, sem medo
de errar, que ele foi a pessoa-chave na transição entre a lei e a graça,
vivendo na terra “cheio do Espírito Santo desde antes do seu nasci-
mento” (Lc 1.15).
A Maria o anjo disse: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder
do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra” (Lc 1.35), e a concepção
de Jesus no ventre de Maria se tornou um dos pilares da fé cristã.
Muitos de nós não temos quaisquer dificuldades para crer nessa ver-
dade, pois a fé em Cristo dá a cada um uma dimensão de certeza de
que isso foi assim mesmo! Alguns não conseguem aceitar a afirmati-
va de que a divindade vem morar no homem, que habita nele, que
faz parte de seu ser desde o momento em que o Espírito de Deus
entra nele.
Ora, é no Novo Testamento que um dos aspectos do propósito de
Deus finalmente começa a ser executado. Deus passa a morar dentro
de cada um de nós! Jesus mesmo tratou de abordar esse tema em seus
ensinamentos. Finalmente aquele propósito de habitar no homem,
manifestado na criação, desejado por Moisés e anunciado pelos pro-
fetas, está próximo de ser concretizado.

III. O Espírito Santo: Uma Pessoa

Jesus apresentou o Espírito Santo como uma Pessoa. Ele fala em


“outro Consolador”, ou Conselheiro ao anunciar: “E eu pedirei ao

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Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro, para estará com vocês para
sempre” (Jo 14.16 NVI). Jesus está afirmando que o Espírito Santo
nos será concedido para ocupar na terra o lugar de Jesus Cristo. Ele é
o CONSOLADOR, que vem da palavra grega Parakletos (alguém
que fica ao lado; uma pessoa que vem substituir a outra). A palavra
Parakleto carrega o conceito de aconselhador, de exortador, intercessor,
estimulador, consolador e fortalecedor.
O Espírito Santo é uma Pessoa da Trindade ao lado de Jesus e do
Pai. A Trindade trabalha em mútua coordenação. Ao anunciar a
vinda do Espírito Santo, Jesus indicou que chegara o momento dele
subir para o Pai e do Consolador descer à terra. “Mas o Conselheiro,
o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome (Jo 14.26). De-
pois afirma: “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da
parte do Pai” (Jo 15.26 NVI).
Conforme o registro de João 13 uma grande tristeza se apoderara
de todos os discípulos. O registro de Mateus diz que, “... tendo can-
tado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras”. É nesse cenário
de indefinições quanto ao futuro que Jesus conversa com seus discí-
pulos. Deixam o cenáculo onde participaram da última ceia, cami-
nham pelas escuras ruas de Jerusalém, saem por uma das portas da
cidade, descem até o Vale Cedrom e dali sobem para o Monte das
Oliveiras, para o costumeiro lugar de oração, um jardim conhecido
como Getsêmane. Os capítulos 14,15,16 e 17 de João são um relato
de tudo o que aconteceu nesse período. “Vocês não devem ficar tris-
tes, eu vou pedir ao Pai e ele enviará o Consolador para que esteja
com vocês”, afirmou Jesus.
Jesus estava limitado fisicamente, mas o Espírito Santo ocuparia
seu lugar sem limitação física, e estaria com eles, em todos os luga-
res, em todas as épocas, ao mesmo tempo! “Se eu não for, o Conse-
lheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu o enviarei (Jo 16.7). E
Jesus lhes traz uma revelação ainda maior: Ele “lhes ensinará todas as
coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse” (Jo 14.26). Os
discípulos sempre se reportavam a algo que o Senhor lhes dissera.
Sempre tinham em mente as palavras de Jesus! Sem dúvida alguma

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foi o que aconteceu.
E para ficarem pensando que seriam enganados, Jesus foi logo
afirmando: “...o Espírito da verdade que dele (do Pai) procede, esse
dará testemunho de mim” (Jo 14.26). É ele que irá guiar os discípu-
los a toda a verdade, pois existe uma harmonia, e ele “Não falará de
si mesmo, falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por
vir” (Jo 16.13).
E como isso marcou seus corações! O livro de Atos mostra um
quadro vivo da ação do Espírito Santo na vida dos discípulos, na
igreja e no mundo. Paulo enfatizou insistentemente em suas cartas
que ele não pregava o evangelho usando linguagem persuasiva, “mas
sobretudo em poder no Espírito Santo” (1 Ts 1.5), e diz aos irmãos
de Roma que pregou entre eles “por força de sinais e prodígios, pelo
poder do Espírito Santo” (Rm 15.19). E para os irmãos de Corinto
ele afirmou: “a minha palavra e a minha pregação não consistiram
em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do
Espírito e de poder” (1 Co 2.4).
Paulo descobriu que a Pessoa do Espírito Santo vivia dentro dele e
não hesita em fazer constantes afirmações a respeito.
O Espírito Santo veio para morar em nós! Ele não faz visitas. Ele
vem para ficar. Muitos de nossos cânticos transmitem a idéia de que
ele nos visita, soprando sobre nós, no entanto ele vem para ficar.
Como afirmou Jesus, o Espírito Santo vem para residir, para habitar,
para morar em nós!
Mais tarde os apóstolos ensinaram detalhadamente sobre a Pes-
soa do Espírito Santo. Paulo dedica uma boa parte da carta aos Ro-
manos para falar sobre o Espírito de Deus. Em determinado mo-
mento, comparando o viver na carne com o viver no Espírito, ele
diz: “Entretanto, vocês não estão sob o domínio da carne, mas do
Espírito, se fato o Espírito de Deus habita em vocês. E, se alguém
não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo (Rm 8.9). A
ênfase apostólica é que o Espírito habita em nós! E a doutrina está
baseada na conseguinte consideração: “Se o Espírito daquele que res-
suscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês”, diz Paulo, terá o

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seu corpo ressuscitado em glória “por meio do seu Espírito que habi-
ta em vocês” (Rm 8.11). Mais adiante veremos como é importante
essa presença divina em nós nas horas de tribulação e de dificulda-
des. O capítulo 8 da epístola aos Romanos é bastante esclarecedor
quanto a essa verdade.

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Capítulo 3
Uma Pessoa Viva Dentro de Nós!

Texto: João 14.17

I. O Espírito Santo revela para cada um de nós a pessoa de Jesus


Cristo.

“... esse dará testemunho de mim”, disse Jesus (Jo 15.26). Quer
dizer, o Espírito Santo testemunha e revela em nós tudo o que diz
respeito a Jesus Cristo. Sem o Espírito Santo somos racionais e não
temos revelação de Jesus, como Salvador e Senhor. E nos torna teste-
munhas de Cristo: “E vós também testemunhares...” (Jo 15.27). (as-
sunto que veremos mais adiante)
“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos fi-
lhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros e
coerdeiros de com Cristo...” (Rm 8.16-17).

II. Características do Espírito Santo que o identifica como Pessoa

O Espírito Santo não é um fluído, uma coisa que se sente no ar. É


uma Pessoa da Trindade. Como entender que ele é uma Pessoa?

Primeiro, ele é um ser dotado de inteligência. O apóstolo Paulo o


apresenta como um ser inteligente, afirmando que, “o Espírito a to-
das as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus... Assim
também as cousas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de
Deus” (1 Co 2.10-11). Rm Romanos 8.27 Paulo afirma que Deus
sabe “qual é a mente do Espírito”. A inteligência é atributo de um ser
vivo, e não de um elemento da natureza como água ou óleo.

Segundo, ele é dotado de vontade. Na hora de distribuir os dons,


diz o apóstolo, o Espírito faz essa tarefa como ele quer, distribuindo

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os dons “a cada um individualmente” (1 Co 12.11).

Terceiro, ele é um ser cheio de amor tanto quanto o Pai e o Filho.


Neemias, o sábio restaurador da cidade de Jerusalém visualizou-o
com essa característica de bondade. Quando ficou diante de Deus
intercedendo a favor da nação, lembra a Deus a respeito de como ele
foi gracioso para a nação de Israel. “E lhes concedeste o teu bom
Espírito”, disse ele, “para os ensinar; não lhes negaste para a boca o
teu maná; e água lhes deste na sua sede” (Ne 9.20). Para Neemias o
Espírito Santo foi algo bom, concedido por Deus para guiar a nação
de Israel. Aquele que ensina tem de ser tomado pelo amor de Deus.
E é Paulo, outra vez, que atribui ao Espírito Santo a capacidade de
amar, suplicando, “pelo amor do Espírito” lutem comigo em oração!
(Rm 15.30).

Quarto, ele fala. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas”, anunciou Jesus (Ap 2.7). “Hoje, se vocês ouvirem a sua
voz”, diz o escritor aos Hebreus (Hb 3.7). E Filipe em obediência foi
pregar ao eunuco que regressava de Jerusalém para a Etiópia. “O
Espírito disse a Filipe: aproxima-te deste carro, e acompanha-o” (At
8.29). O livro de Atos está repleto de episódios onde o Espírito fala
aos discípulos. Pedro meditava na visão que acabara de receber, e já o
Espírito lhe falou a respeito de alguns homens que o procuravam. O
Espírito Santo falou, enviando os apóstolos em Atos 13, orientando
a Paulo em Atos 16; somente para citar alguns exemplos.
E hoje ainda fala à igreja!

Quinto, tem habilidade de ensinar. Um dos dons que veremos


mais adiante é o de mestre, o dom de ensinar. E que nos capacita? O
Espírito Santo! Jesus afirmou que ele nos ensinará todas as cousas.
João, o apóstolo, falando aos irmãos, disse: “Quanto a vocês, a un-
ção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que
alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira
e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele

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como ele os ensinou” (1 Jo 2.27).
Muitas pessoas, especialmente as que se julgam mais espirituais
(geralmente as mais rebeldes), interpretam esse texto afirmando que
não precisam aprender de ninguém porque já têm o Espírito Santo.
Mas não é isso o que João está afirmando. Se não houvesse necessi-
dade de aprendermos de outros irmãos, o Espírito Santo não conce-
deria os dons para a edificação da igreja, como o de mestre. O que
João quer dizer é que o Espírito que haviam recebido lhes ensinaria a
distinguir a verdade do erro. Jesus o orientara logo após a última ceia
de que o Espírito da verdade “guiará a toda a verdade” e é isso o que
João tinha em mente (Jo 16.13).

Sexto, ele é o agente da santificação, pois é ele que nos santifica


para o Pai. Paulo fala da oferta santificada pelo Espírito (Rm 15.16),
da escolha feita na eternidade em santificação no Espírito (2 Ts 2.13),
ensino que Pedro também enfatizava (1 Pe 1.2). Louvamos a Deus
porque a nossa santificação não depende de nosso esforço nem de
seguirmos leis humanas. Não depende de nosso visual, da aparência,
do que vestimos ou comemos; nossa santificação é uma ação do Es-
pírito em cada crente!

Finalmente, ele nos guia! Jesus afirmou que ele nos guiará a toda
verdade. Paulo fala que “todos os que são guiados pelo Espírito de
Deus são filhos de Deus” (Rm 8.4 e Gl 5.18). Davi orou: “...guie-me
o teu bom Espírito por terreno plano” (Sl 143.10). Com todas essas
características, não temos dúvidas de que o Espírito Santo age como
uma Pessoa em cada um de nós.
Além dessas características pessoais, o Espírito Santo possui ou-
tras reações próprias de uma Pessoa, de um Ser.

Ele se entristece. Por ser uma Pessoa o Espírito Santo pode se


entristecer. Elementos como vento ou azeite não se entristecem, mas
um ser dotado de características pessoais pode se entristecer. Isaías
falou que os filhos de Israel “foram rebeldes, e contristaram o seu

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Espírito Santo” (Is 63.10). E novamente Paulo, conhecendo intima-
mente a Pessoa do Espírito Santo, recomenda que não devemos
entristecê-lo. “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual
vocês foram selados para o dia da redenção” (Ef 4.30).

Ele se ofende. Essa reação à mentira é outra característica de uma


pessoa, própria do ser humano. E não é diferente quanto ao Espírito
Santo. Ele não somente se entristece, mas se ofende com nossas ati-
tudes e mentiras. Sua reação, própria de um Ser santo, consumiu
com Ananias e Safira, que mentiram na hora de trazer sua oferta a
Deus. Pedro lhes pergunta: “Por que encheu Satanás teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo? Não mentiste aos homens,
mas a Deus” (At 5.3-4).

Ele se sente resistido. A idéia de resistência ao Espírito Santo está


presente no Antigo e no Novo Testamento. Estevão acusou os líderes
de Israel nesses termos: “Vocês são iguais aos seus antepassados: sem-
pre resistem ao Espírito Santo!” (At 7.51). Em Hebreus, o autor do
livro faz um apelo: “Assim, como diz o Espírito Santo: “Hoje, se
vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração (...) pondo-me à
prova...” (Hb 3.7-9).

Por último há a blasfêmia contra o Espírito Santo. Foi o próprio


Jesus que alertou quanto a possibilidade de se blasfemar contra o
Espírito Santo. Ele afirma que todos os pecados serão perdoados,
menos a blasfêmia contra o Espírito Santo. “...a blasfêmia contra o
Espírito Santo não será perdoada”, diz Jesus (Mt 12.31). A propósito
desse texto, quero esclarecer que o Diabo costuma trazer muita con-
fusão na mente dos fiéis, acusando-os de haverem blasfemado contra
o Espírito. O que Jesus quis dizer é que não devemos atribuir um
feito de Deus, uma obra sobrenatural de Deus, a Satanás. Jesus foi
acusado de fazer milagres em nome de Belzebu, “o maioral dos de-
mônios” (Mt 12.24). Jesus, contudo, afirmou que ele expulsava os
demônios “pelo Espírito de Deus” (Mt 12.28).

19
Capítulo 4
A Missão do Espírito Santo na Terra

Texto João 16.7-13

I. O Espírito Santo veio a terra para nos trazer convicção de


pecados.

Jesus indicou que esta é uma das missões do Espírito Santo.


“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do
juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou
para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste
mundo já está julgado”.
# Pecado. As pessoas dizem: Eu não machuco ninguém, ajudo os
pobres, não tenho pecado. O que as Escrituras dizem?

“Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23).

“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos


comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos
purifica de todo pecado.Se dissermos que não temos pecado nenhum,
a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se con-
fessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não te-
mos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está
em nós” (1 Jo 1.7-10).

II. O Espírito Santo leva-nos a entender o padrão de justiça de


Deus.

Aqui se trata do padrão de justiça de Deus. Daqui vem os termos


justificação. A justiça de Deus exigia que alguém morresse pelos pe-
cados da humanidade. E seu Filho cumpriu este propósito. Daí vem

20
o termo justificação: Justificar significa alinhar, ajustar o homem com
Deus. Eles estavam separados. Agora, “justificados, pois, mediante a
fé, temos paz com Deus por intermédio de nosso Senhor Jesus Cris-
to” (Rm 5.8).

# Mediante o padrão de justiça de Deus somos “alinhados” nova-


mente com Deus mediante a fé: “... e, por meio dele, todo o que crê
(que tem fé) é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes
ser justificados pela lei de Moisés (At 13.39 – acréscimos do autor).
# É uma justificação ou alinhamento gratuito. Não precisamos
pagar taxas nem realizar obras: “Sendo justificados gratuitamente,
por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.24).
# É um alinhamento ou justificação que nos traz paz interior e
nos livra da ira vindoura de Deus. “Justificados, pois, mediante a fé,
temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo... Logo,
muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por
ele salvos da ira” (Rm 5.1,9).
# O Espírito Santo coopera com nossa salvação e nossa justifica-
ção “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santi-
ficados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e
no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11).
Cristo é pessoalmente a justiça de Deus e esta verdade o Espírito
Santo traz ao coração do pecador. A evidência disso reside no fato
histórico de que “ele subiu para o Pai e não mais foi visto pelos ho-
mens”. Se a ressurreição de Jesus fosse uma mentira, como o Pai que
é um Deus zeloso ressuscitaria um blasfemo da morte exaltando-o e
colocando-o à sua mão direita? Mas, Jesus era a fiel e verdadeira tes-
temunha; o servo fiel de Deus, eleito e precioso. Assim, o Espírito
Santo convence o homem dessa verdade; de que Jesus é de fato o
eleito de Deus. Assim, quem pode acusar os que creem em Jesus?
(Rm 8.33-34).
# É uma justificação feita por Jesus. “Sabendo, contudo, que o
homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em
Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôsse-

21
mos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por
obras da lei, ninguém será justificado” (Gl 2.16).
# Somos justificados em Cristo: “Mas se, procurando ser justifi-
cados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores,
dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não!”
(Gl 2.17).
# “A fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdei-
ros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.7).
III. O Espírito Santo nos leva ao arrependimento de obras mor-
tas.

O que são obras mortas? Um dos fundamentos da fé é o arrepen-


dimento de obras mortas (Hb 6.1). São as coisas que praticamos
achando que elas nos darão direitos à salvação e acesso a Deus.

# Nenhuma obra boa, antes de sermos salvos por Jesus nos salva
(Rm 4.1-8).
# E nenhuma obra que fazemos depois que nos convertemos nos
dá privilégios diante de Deus. Você pode trabalhar para Deus e fazer
o que quiser, mas suas obras não lhe dão acesso ao Pai. Nosso acesso
é unicamente pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Veja Hebreus
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos,
pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consa-
grou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre
a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena
certeza de fé, tendo o coração purificado {purificado: aspergido} de
má consciência e lavado o corpo com água pura” (Hb 10.19-22).
As obras que praticamos depois de sermos salvos servem de
galardão, mas não como condição de salvação ou como um direito
de acesso a Deus!
A) Tudo o que obtemos da parte de Deus é pela graça.

As obras que praticamos são para nos justificar perante o mundo.


Ler o texto de Tiago 2.14-26

22
Até a época da Reforma da Igreja (ano de 1531) a igreja pregava
que a salvação era pelas obras. Lutero teve uma revelação do texto de
Romanos 5.1 e passou a discordar do ensino do Papa. A Igreja, en-
tão, deu uma guinada para a justificação pela fé e até hoje precisa
aprender a viver a fé e as obras sem cair nos extremos!

B) Eis o que devemos saber:

1. A justificação é pela fé (Rm 5.1; Gl 2.16).


2. A salvação é pela graça (Tito 2.11).
3. O homem entra com a fé; Deus entra com a graça! (Ef 2.8-9).
4. Antes de nos convertermos as obras não têm valor algum para a
eternidade. São obras mortas, mas depois de convertidos as obras
contam para o galardão (Ef 2.8-10).

C) As obras em relação à eternidade:

Se por um lado as obras não têm poder de nos salvar, existe um


caminho preparado por Deus – feito de boas obras – para todos nós
(Ef 2.10).

1. O galardão na eternidade virá pelas obras praticadas (2 Co 5.10).


2. Elas são importantes porque Jesus as menciona para a igreja
(Ap 3.8,15).
3. As obras do crente permanecem depois que ele morre (Ap
14.13).
4. O julgamento dos mortos (ímpios) será feito segundo suas obras
(Ap 20.12-13).
5. Nós os crentes seremos julgados e galardoados por nossas obras
(1 Co 3.10-17).
6. Como entender o que Tiago diz sem contradizer o que Paulo
afirma? Paulo diz que somos justificados pela fé e não por obras (Gl
2.16) e Tiago diz que Abraão não foi justificado por fé, apenas, mas

23
também por obras (Tg 2.21).
Como explicar esse texto? Como entendê-lo? A resposta está no v
22: “Foi pelas obras que a fé se consumou”. Isto é, Abraão agiu!
“Quando Paulo afirma que a pessoa é justificada pela fé, sem as
obras da lei, (Rm 3.28), refere-se a outro tipo de obras e não a que
Tiago se refere, mas ao mesmo tipo de fé. Paulo fala de obras feitas
em obediência à lei de Moisés, antes da pessoa abraçar a fé do evan-
gelho. Ele estava tratando com aqueles que valorizavam tanto as obras
praticadas na lei a ponto de desprezar o evangelho. (Como diz Ro-
manos 10). Tiago fala de obras feitas em obediência ao evangelho.
Ambos engrandecem a fé do Evangelho, mas Paulo mostra a inefici-
ência das obras antes da chegada da fé.”
Tiago está falando de uma fé com obediência! Abraão teve fé, mas
obedeceu! Saiu de sua terra, andou conforme Deus queria!
Paulo fala de uma justificação diferente de Tiago. Paulo fala de
sermos justificados diante de Deus, e Tiago fala que nossa fé precisa
ser justificada diante dos homens pelas obras. “Mostra-me essa tua
fé pelas obras”, diz Tiago. “Deixe que a fé o justifique aos olhos da-
queles que só acreditam vendo!”. Paulo fala da justificação aos olhos
de Deus, pela fé em Jesus. Tiago fala da fé que precisa ser justificada
diante dos homens! Veja Gálatas 5.6; 1 Ts 1.3 e Tito 3;8. (Comentá-
rio de Mathew Henry).

IV. O Espírito Santo opera em nós a santificação.

O Espírito Santo nos habilita para viver uma vida de santificação.


“Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos
amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio
para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade” (2 Ts
2.13).
Pedro afirma que fomos “eleitos, segundo a presciência de Deus
Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do
sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas” (1 Pe
1.2).

24
# Os membros de nosso corpo devem ser oferecidos a Deus e não
à prática da imoralidade “Falo como homem, por causa da fraqueza
da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a
escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei,
agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação”
(Rm 6.19).
# Tudo que fazemos deve redundar em santificação: “Agora, po-
rém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes
o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm 6.22).
Deus quer que nos santifiquemos. Santificação tem a ver com saú-
de. A raiz da palavra grega é a mesma. “Pois esta é a vontade de
Deus: A vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que
cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e hon-
ra (...) porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para
a santificação (1 Ts 4.3,4,7).

V. O Espírito Santo produz em nós o verdadeiro louvor.

“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas


enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e
louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dan-
do sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cris-
to” (Ef 5.18-21).
# Não devemos apagar ou abafar o Espírito (1 Ts 5.19).
# Devemos avivar ou reacender o Espírito em nós (2 Tm 1.6).

VI. O Espírito Santo nos capacita concedendo-nos poder.

Três coisas precisam ser entendidas aqui:

# Ele nos concede poder para testemunhar. Esta foi a promessa


de Jesus em Atos 1.8: “Sereis minhas testemunhas”. A palavra tes-
temunho tem o sentido de martírio, de dar a vida em favor de Cris-

25
to. O Espírito Santo nos capacita e nos dá coragem para falar de
Cristo mesmo que para tanto tenhamos que dar nossas vidas. A pala-
vra martus no grego tem o sentido de testemunha legal, a ponto de se
tornar um mártir de Cristo.
# O Espírito Santo coloca em nossos lábios a resposta correta quan-
do somos levados aos tribunais ou a julgamentos na terra (Mt 10.19;
At 4.20; 6.10).

# Concede-nos poder para curar, libertar e ajudar as pessoas. O


mesmo poder que havia em Jesus, como em Atos 10.38. Quando
estamos cheios do Espírito Santo ficamos ousados, agressivos na fé, e
determinados em nossa missão de anunciar a Cristo (Mc 16.15-18;
At 4.29-31). Essa ousadia e agressividade foram características na
vida de Pedro e de Paulo (Ver Atos 4.19-20; 5.1-11, 28-32; 13.4-12;
16.16-26. Etc.).

VII. Romanos capítulo 8 e a vida no Espírito.

# O Espírito Santo nos capacita para dominar os desejos de nossa


carne: “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamen-
te vivereis” (Rm 8.13).
# O Espírito Santo nos dá a certeza de que somos filhos de Deus,
quando nos deixamos ser por ele guiados: “Pois todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8.14). Pode-
mos falar com Deus como paizinho: “Aba, Pai” (Rm 8.15).
# O Espírito Santo nos torna herdeiros de Deus e coerdeiros com
Cristo (Rm 8.17).
# O Espírito Santo leva-nos a anelar e a aguardar com expectativa
o dia de nossa redenção final. “Mas também nós, os que temos as
primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguar-
dando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo” (Tm 8.23).
# O Espírito Santo nos ajuda a orar quando nem sabemos o que
dizer a Deus. “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em
nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mes-

26
mo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis” (Rm 8.26).
# O Espírito Santo intercede por cada um de nós. “Porque segun-
do a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” e “aquele que
sonda os corações (Deus) sabe qual é a mente do Espírito” (Rm 8.27).
Observe que coloquei o texto em ordem inversa para um melhor
entendimento do assunto.
Nestes textos Paulo apresenta o Espírito Santo como um ser vivo,
dinâmico e inteligente habitando em nós. Ele nos assiste nos mo-
mentos de fraqueza ou de enfermidade. Torna nossa oração compre-
ensível e expressa o que se passa em nós, em termos que o Pai enten-
de. Já que não sabemos orar direito, o Espírito, usando sua própria
linguagem, leva ao Pai o sentido de nosso clamor. E faz isso com
gemidos inexprimíveis. Um gemido não é palavra articulada, não
existe coordenação de sílabas; é uma frase inarticulada! Quantas ve-
zes nossa oração não passa de um gemido, e quantas vezes é o pró-
prio Espírito que geme por nós!
Como há uma comunicação tão perfeita entre o Espírito e o Pai,
que nem mesmo entendemos, somos socorridos por essa ação de
misericórdia do Espírito. Acima de tudo, porém, o texto mostra que
existe um ser vivo, dinâmico, e residente em nós a cada momento.
É aqui, portanto que se cumpre o grande propósito de Deus de
habitar com o homem. Através do seu Espírito, ele habita em nós.
Compreenda que existe um ser vivo dentro de você, que não é você
mesmo, mas o Espírito do próprio Deus!
Alguns pregadores transmitem a idéia do Espírito Santo sendo
um fluído, ou uma manifestação espiritual apenas. Esse conceito er-
rôneo é fácil de ser transmitido e recebido quando utilizamos símbo-
los para falar do Espírito. Ele é como água, como fogo, óleo ou ven-
to, e o próprio Jesus disse algo a esse respeito, daí que nossa tendên-
cia é a de confundi-lo com essas manifestações. Ele opera se manifes-
tando em forma desses elementos, mas não podemos afirmar que ele
é água, fogo, óleo ou vento. Ele é uma Pessoa.
Os discípulos não tiveram problemas com esse assunto. Para eles,

27
o Espírito Santo é uma Pessoa que foi enviada pelo Pai a pedido de
Jesus Cristo, e veio morar em nós! E eles deixaram registradas algu-
mas verdades sobre o Espírito Santo como pessoa.

VIII. O Espírito Santo nos concede dons espirituais capaci-


tando-nos para realizar a obra de Deus.

Paulo trata das manifestações espirituais ou dons espirituais em 1


Coríntios 12.4-11. “A respeito dos dons espirituais, não quero, ir-
mãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1). A palavra dons aqui é
pneumatikos, como se disséssemos “A respeito do que é espiritual...”.
É o adjetivo de pneuma (vento, espírito). Mas também tem uma ou-
tra palavra para dons que é charismata, e aparece em 1 Co 12.4:
“Ora os dons são diversos...”.
A outra palavra que é preciso examinar antes de se falar dos dons
é “realizações”. “E há diversidade nas realizações”, ou atuações, diz
Paulo. Algumas versões usam a palavra operações. A palavra no ori-
ginal é energema e aparece nesse capítulo também no versículo 10
onde fala de “operação de milagres”. Paulo está dizendo que “é Deus
quem opera”, ou energiza! Perdoe-me a ousadia. Mas temos que nos
utilizar do sentido de energia para entendermos o que Paulo quer
dizer aqui. É a energia de Deus diversificada no meio do seu povo.
Paulo fala de dons, ou carismas; serviços, ou diaconia; operações
ou energema. Deus dá a energia para operar, o senhor nos capacita a
servir e o Espírito nos concede carismas! Temos aqui, portanto, os
carismas, no Espírito; diaconia, ou serviços do Senhor e energéia, ou
energia do próprio Deus. Dons, serviços e operações.
No final do versículo seis Paulo fala “tudo em todos”. Com isso
ele quer dizer: todos os dons em todos os membros. Essa é a grande
realidade disponível a cada membro do corpo de Cristo.

# Ele nos capacita com os dons de falar:


Falar línguas, profetizar e interpretar. Quando falamos línguas
nos comunicamos numa linguagem especial com Deus (1 Co 14.2).

28
Quando profetizamos falamos aos homens consolando, exortando e
edificando (1 Co 14.3). A interpretação de línguas é para não deixar
a mente das pessoas infrutíferas (1 Co 14.14 etc.).
# Ele nos capacita com os dons de poder: Realização de milagres,
curas e dom de fé. Muitas vezes é preciso um milagre, uma interfe-
rência nas forças da natureza, uma cura milagrosa, etc. O dom de fé
é uma capacitação especial para grandes empreendimentos.
# Ele nos capacita com os dons de revelação: Palavra de conheci-
mento; palavra de sabedoria e discernimento de espíritos. O conhe-
cimento revela; a sabedoria aconselha. O discernimento de espíritos
permite-nos perceber a presença de anjos, demônios e espíritos de
incredulidade ou de fé.
# Ele nos capacita com poder para viver uma vida plena. A pala-
vra energemata é utilizada na escritura para expressar o poder de Deus
na ressurreição de Cristo. Paulo diz: “...e qual a suprema grandeza
do seu poder, segundo a eficácia...” (Ef 1.19). E aqui a palavra “eficá-
cia” é energéia. Imagine o versículo assim: “...e qual a suprema gran-
deza do seu poder segundo a energia...”.
E ao falar de ressurreição dos crentes em Cristo, “e com ele foram
ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou den-
tre os mortos” (Cl 2.12). A palavra traduzida aqui como poder é
“energia”. Esse poder atuante na vida dos cristãos, essa energia, capa-
cita o crente para uma vida frutífera. Não está errado, portanto, orar
para que a energia de Deus domine nosso corpo, nossa alma e nosso
espírito. Apesar de ser um termo usado pelos místicos, bruxos e
ocultistas, ele é legítimo para o povo de Deus. O exegeta Vine afirma
que energema é uma palavra que se refere a tudo o que é sobre-huma-
no, e que só existem duas fontes de energia: energia de Deus ou do
Diabo.
Tudo o que é produzido na vida cristã que edifica a igreja é fruto
dessa energia divina. Paulo, portanto fala neste versículo a respeito
da diversidade das operações de Deus ou da energia de Deus.

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VIII. O Espírito Santo está na terra preparando a igreja para seu
encontro com Cristo.

Efésios 1.13-14: “Em quem também vós, depois que ouvistes a


palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele tam-
bém crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é
o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor
da sua glória”.
É o Espírito Santo que opera a salvação em nós. Um selo indicava
posse e segurança, e a presença do Espírito Santo em nós garante
nossa salvação. O Espírito habitando em nós é o penhor ou a garan-
tia de nossa salvação. Você quer saber se está salvo? Basta ter o Espí-
rito de Deus! Ele é a nossa garantia. Ele nos apresentará salvos nos
céus. Podemos inferir que isso acontecerá conforme Apocalipse
21.2,9; 22.17.

Pentecostes! Um novo tempo para a igreja!

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Contatos com o autor:

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