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COMEDIA DO FALO' Pierre Naveau" Resumo ‘Trata-se de uma entrevista, intitulada como “A comédia do falo”, transite o que eseapa 20 conceito do falo, causando embarago e nos fi 3 a ee diversas vatiagSes, sendo ele, antes de mais nada, iim semblant ewasise sei: Palavres-chave:Falo, Gozo Filico,Sexuagio. Feminino. THE PHALLUS COMEDY Abstract: It is an interview, entitled “The phallus comedy “, in which Pierre Naveau transmits what escapes from the concept of phallus, causing embarrassment and making us stumble in its several variations, as a semblant, first of all. Keywords: Phallus. Phallic jouissance. Sexuation. Feminine. “Anaelle Lebovits-Quenehen — E possivel dar uma definicio do falo? Pierre Naveau — Digamos de uma s6 vez. O falo que é antes de tudo, um semblante, pode, segundo Lacan, ser definido como significante ou como 6rgio, ou, ainda, c Como significante, Mas ele pode ser, também, um si esteja excluido do lugat do significante e Lacan (1962-1963/2005), no seminério“aangastia”, 0 conside érgio que conhece diferentes vicissitudes: a erect certamente; mas, aps 2 tumescéncia, vem a detumescéncia. Jomo fungio que escreve um goz0. cle pode ser aquele do desejo ou aquele do go70. gnificante sozinho. E isso, mesmo que cle ue ele ni tenha significado. a um ee potealite Membro da ECF/AMP. _teeanalyst ECF/AMP Member. "mail pierre.naveau0018@orange-fr Revista Curinga | EBP-MG | n. 43 | PP 5-95 | abr. 2017 (esl 186) — Pierre Naveau Como funcio, enfim, ele escreve aquele entre 05 goz0s que é fica, ‘Aurélie Pfanwadel — O fal é considerado ora imaginétio, ora simbélico, ora real. Ele pode ser negativado ou positivado, desvalorizady ou valorizado, mortificado ou vivificado, estar ligado a fala ou a escrita, ser abordado na sua dimensio cémica ou tragicomica, etc. Porque a definiczo do conceito de falo apresenta variagdes tao importantes? PIN. —Primeiramente uma nota sobre 0 uso do termo conceit. Quan- do Frege, em um artigo datado de 1892, seinterroga sobre 0 que é uma fungi, cle opde 20 Gegenstand, (ao objeto), 0 Begriff (0 conceito). Ora, Begriff vem do verbo grfen, que quer dizer “aprender”. Lacan (1974-1975) 0 sublinha, em um momento na licdo de 11 de marco de 1975 do semindrio 22 (LACAN, 1975/1976) e naquela de 10 de fevereito de 1976 do semindrio 23 (LACAN, 1976/2007). Existe, assim, uma relagio entre o conceito e aquilo que pode, tal como uma arma, ser agarrada com a mio. Evocando com relacio a isso 0 macaco, Lacan se diverte: “O macaco também se masturba, ¢ é nisso que ele se parece com o homem, No conceito, ha sempre alguma coisa da ordem da macaquice”?. HG, entretanto, no falo, alguma coisa de inapreensivel que, por isso mesmo, escapa ao dominio do conceito,pois, de qualquer forma que se queira apre- ender 0 falo, a ambiguidade é 0 que catactetiza 0 conceito que procuta cernilo, Em Die Bedeutung des Phallus (“A significacio do falo”), Lacan (2007) toma o falo referindo-se ao famoso artigo de Frege igualmente publicado em 1892, intitulado Uber Sinn und Bedeutung. Ele enfatiza, entdo, uma dialética que gira em torno da questio do valor. De um lado, o falo ¢ elevado & categoria de significante pelo vies de uma “positivagio” que constitui o signo de uma valorizaciio: ¢. De outro, 4 significacio félica carregaa marca do vestigio de uma “inegativacio” que CO™ Fesponde, ao contrario, a uma desvalorizagio: -. Com relacio a isso, Lacan utiliza os termos Aufhebunge Ernicdriqung que significam, respectivamente, Set clevado a categoria de” e “ser tebaixado a categoria de”, Trata-se de exaltagio ou de depreciagio, ou mesmo de desprezo, O habito de denegrir ¢ rebaixat, a0 qual o homem politico, Po! exemplo, sempre se curva, visa no adversitio, 0 (-4) ova reducio ao (4). Ness luta de morte por prestigio, trata-se de um, a ieee pie tivalidade impl a intensa pratica de Ermedrigung: ica i i due, claro, ele mesmo seja primeiramente visado por este 8070 mau que o fato de maldizer comporta, Revi q evista Curinga | EBP-MG | n.43 | pp. 85-95 | abr. 2017 CSTE Se et ee a ae ‘A comédia do falo A fantasia “Bate-se numa crianga”, que, segundo Freud, desembo- ca em um gozo masturbatério, mostra que 0 falo pode estar identificado ao mesmo tempo a0 outro em quem se bate ¢ que se inveja e ao instrumento com 0 qual se bate — o bastiio, como em Moliére, ou o chicote, como em Sade ou Sacher-Masoch. Outro exemplo vindo da clinica da neutose obsessi de uma paciente de Maurice Bouvet consistia em querer, segundo um modo blasfematdrio, bater no falo do Cristo, Foi isso que Lacan (1960-1961/1992, p. 244) chamou “insulto a presenga real”. Como podemos observar, o falo pode servir para muitas coisas. : 0 fantasma Carole Dewambrechies-LaSagna—O falo é tio misterioso assim? P.N. — O falo era celebrado em Eléusis como semblante, Tertuliano foi o primeiro a revelar que um mistério rondava esse falo, que, a titulo de simulacro, era guardado em segredo € escondido até que ele fosse desvelado € exibido no momento de uma ceriménia, Entio, um rito de adoragio comegava. O falo reenvia, na verdade, ao véu, pois, diz Lacan (1958/1988, p. 699), “cle s6 pode desempenhar seu papel enquanto velado”. E. por isso — ele precisa — que o Deménio do pudor surge no momento mesmo em que, no mistério antigo, 0 falo € desvelado. Ele evoca, entio, 0 aftesco bem conhecido de Pompeia, no qual uma mulher recua de horror diante do falo desvelado— © horror sendo o avesso da atracio que, como © mostrou Pascal Quignard, provém de uma fascinacio. Assim, hé uma relacio estreita entre o falo,a feminilidade ¢ o pudor. F isso que Freud indicava em seu livro sobre 0 chiste, quando, com relacio 20 chiste dito “obsceno”, ele evocava a relacio da mulher com a nudez e com a Entblossung (desnudamento). Lacan reenvia, assim, a funcio do véu, no momento em que ele da essa indicacio: “Assim é a mulher por tras de seu véu: é a auséncia do pénis que faz dela o falo, objeto do desejo”(LAcaN, 1960/1988, p.840). Essa auséncia mesma 6, diz Lacan(1964/1985, p. 173), aquilo que © rayeursartriano, enquanto olhar escondido, procura surpreender colando seu olho contra o buraco da fechadura. Sophie Simon — Depois que um paciente péde explicar, durante ‘mulher, como compre- uma apresentacao de paciente, viver apenas para ser uma endet a consideragio que Ihe foi feita por Lacan: Voeé se sentin de qualquer forma um bomem, voce é provido de um orgao masculino. E terrivel “sex um homem’, mas & preciso que vocé se vire com isso? Revista Curinga | EBP-MG | n.43 | pp. 85-95 | abr. 2017 ler, ao PpN.- fi, se eu poss dizer, da politics tacaniana”, 10 sentido gy ‘Alain Millet adefiniu. Eu quero dizer que é uma Consideracig a 3 realismo. N reivindicagao do pacienie ie perceber que um a srrado em direcao a aspiragio de set uma mathe, ; m diregio 4 tentativa de fazer existir aquilo que nao existe, ule somo tal que falkaria a todos 08 homens, Notemos que, em fee dese gy -mulber, Lacan responde 20 paciente que, quando sec um homem, quer m quer nao, é preciso se virar com isso. E pate meditar. Pois, quando las 1 ser um homem”, no € precisamente a0 falo que bee € a0 goz0 fillico? Nao nos esquecamos dest (2016) indicou em sua conferéncia intituladg Jacques dominio €° pricstico pode ser emPY seja, ¢ x0-d- queira, sublinha que “é tertivel fazalusio, quet dizer, & castracio ponto d &Q inconsciente e 0 corpo falante”, filico, enquanto 0 falo em questio € considerado fora do corp 5.5 — Se, na psicose, o falo esta foracluidocomo significante ea 0 filica é vazia, o que acontece ai com diferenca dos sexos? e-vista, que, como Miller 6 gozo da fala diz respeito a um gory significaca P.N. — S6 podemos responder a essa questo se tomarmos um, exemplo particular. Joyce teve uma relagio com sua mulher Nora, ue Lacan (2007, p.81-82) caracterizou nos seguintes termos: “E visivel que apenascom amaior das depreciagdesé que ele faz de Nora uma mulher eleita. Nao apenas caia como uma luva, mas que ela 0 serte como uma luva. é preciso que ela lhe Ela nio serve absolutamente para nada”. O que dizer, na verdade, da diferenga dos sexos quando um homem faz uso de uma mulher como de uma luva, que estaria, como dizemos, 4 sua mao? Quando Lacan diz que “cla no serve absolutamente paranada’, parece-me que ele quer dizer que Nora nfo serve para nada além disso — ser aquela que Joyce tem 4 mao para que ele possa Ihe esctever: “Nenhum set humano esteve to perto da minha alma quanto vocé esta”, €, a0 mesm® tempo, como ele préprio diz, “falar sacanagens para cla”. : A.P. - Lacan (2007, p. 16) disse a respeito de Joyce que sua are © verdadeiro fiador” de seu falo: “Como ele tinha o pau um pouco mole[-|"> = ee arte que suprina sua firmeza fica. fo] O falo a ie i deesse parasita, ou seja, o pedacinho de pau em ct Ac 2 . o Fi com a fungao da fala”. Seria essa observacao passivel de set generalizads? como sinthom’ aarte de PN. papbect et como escabel Essa observacio prioriza a arte como ypléncia, escabelo, Di : eee Digamos a coisa de mancira simples: dessa forms a, de maneira geral, do lado do sintoma, {68 A evista Curings | EBP-MG | n, 43 | pp. 85-95 | abr. 2017 pe Se | I A comédia do falo Que a firmeza filica seja, para um homem, uma questo de tama- nho explica porque o falo é, segundo Lacan, a esséncia do cémico, Exemplo. As cartas que ele endereca a Nora dao o sentimento de que Joyce procura, com toda forea, atingir 0 ponto de excitacao, ou seja, o ponto em que isso que cle esté escrevendo teria um efeito sobre isso que acontece no nivel do que Lacan chamou ironicamente de “seu pedacinho de pau”. No se trata, nisso que ele escrev: de uma forcagem da excitagao? A esse propésito, podemos nos perguntar qual a relagio entre 0 joke joyciano e o witz freudiano? O cémico, diz Lacan, nao tem nada a ver com 0 mitz freudiano, com o chiste. Ele dé como exemplo de cdmico, dese ponto de vista, o de Lisistrata Nessa comédia de Arist6fanes as mulheres decidem fazer a greve do falo. Mas, entio, isso que é a arte de Joyce, 0 joke, o que ele revela de sua parte do cémico? O enigma pode pertencet a esse registro? Jé ocorreu a Lacan (2008, p.51) dizer que, no que Joyce escreve, “o significante vem rechear o significado” tornando-o, dessa forma, ilegivel. © que acontece, como ele observa, quando se comete um lapso. De qualquer forma, no é isso, whoailstonguecoddean, aspaceofdumbis- sil? que faz tit, a partir do momento em que escutamos Oi est toncadeau, espice d imbécile? A.P.— O fato de que o falo possa designar o que falta amie ¢ consti- tuir, assim, o significante de seu desejo nfo explica o fato de que as mulheres possam encontrar dificuldades no que concerned sexualidade feminina? PN. — Pode haver ai, em um sujeito feminino, uma maneira de in- sistir que se manifesta sob a forma de uma demanda forgada, repetitiva, obstinada € que tem raizes nisso que Freud chamou um Néid, ou seja, de fato, nisso que Lacan atribuiu ao incessante despertar da fetida dolorosa de uma privagao. Lacan (1969-1970/1992, p.69), a esse respeito, € pessimista. Ele se coloca do ponto de vista do homem, Este descobre que sua parceira se aflige com essa privacio e se revela inconsolivel. “O portador do dito cujo [falo] [.-] diz ele, se empenha em fazer sua parceira aceitar essa privacio”. Mas, qual- quer que seja a forca do seu amor, seus esforcos sao vaos. “[A] ferida, precisa ele, é [.. reavivada [...] pela presenca daquilo cuja nostalgia causa essa ferida” (Lacan, 1969-1970/1992, p.69). Nao se pode dizer melhor. A.P. — Como passamos do falo como significante de uma falta ao falo como escrita de uma fun¢io que faz supléncia 4 nao relacio sexual? Revista Curinga | EBP-MG | n. 43 | pp. 85-5 | abr. 2017 feo! Pee ciincac falta, efetivamente, se opdem. A questio 6, por. .N. - : nee . Bla designava até hé poueo ee ificagao diz respeito a letra 9. jy sutil, A modificaga ie exemplo, ao intervalo que existe entre buraco. Ela reenviava, > - tempo on tes, a0 enigma e ao mistério de uma falha que existe na lingua. os significantes, ao enigm: ra alguma coisa que faz supléncia a um buraco. Nao se ememeniere azoraaigy da ponte langada por cima de um precipicio, trata mais de um precipicio, mas da pont A fungio do falo ¢ se define entao segubda-e meee pelo qual a varivel x é 0 argumento. Esse é 0 ponto de partida da invengao, por Lacan, do que ele chamou “as formulas da sexuagao”, que repartem o sexo do lado homem e do lado mulher. A.P.—Qual a relacio entre 0 falo como semblante € 0 g0z0 filico como real? PN. ~ A énfase é colocada sobre 0 falo, diz Lacan (1975/1976) no semindrio 22, no sentido em que o goz0 ex-siste a ele como real. O real, na verdade, ex-siste. A-P.—O falo é, segundo Lacan, inttinsecamente ligado a linguagem, Scja no nivel do significante félico, da significagio falica, ou mesmo do gozo falico. Que podemos dizer, a partir de entio, da relacio entre o falo ¢ 0 sentido? BN. — Nao podemos responder a essa pergunta com apenas uma Palavra? Que o conceito de falo ¢ itil a psicandlise é um fato. Mas nem porisso psicandlise é uma teligio do falo. Trata-se, antes, de abandonar as pretensdes sobre o sentido filico. O chiste, sobre o qual se conclui a anilise, rebelde & dialética do valor ¢ se orienta efetivamente em ditecio a0 fora-de-sentido, Angéle Terrier —No capitulo VIF do semindnin 23, Lacan (1976/2007) €voca 0 erotismo feminino em questio no filme de Nagisa Oshima, O impénio dos sentides. O erotismo feminino, nesse filme, € algado, diz Lacan, ao seu extremo, quer dizer, a fantasia de castrar o homem. Como entender, entio, 0 180] A comédia do falo E surpreendente, a esse respeito, que Lacan associe a funcio da fonagio ao homempor meiodisso que ele chama a esstncia do grande phi (9). K efetivamente disso que se trata, por exemplo, na pritica da ae io de Joyce em Finnegans Wake, O joke joyciano, que joga com os fonemas € ae da ortografia, encontra s ; a inspitacio, seu fo BE es do dnp no cin vr wanterastarnaer 2 oo , a nuance da entonacio ea leiura em vor ala que se situa no limite do Sprechgesang (canto faladc). O essencial 6 0 que esté em jogo entre a orelha, ¢ nio o olho, e a letra, Eu remeto, sobre isso, as paginas 54 ¢ 55 do livro de Laurent (2016) Lenvers de la biopolitique. Laura Sokolowski —Lacan evoca, a propésito da posi¢io do minis- tro em A Carta ronbada de Edgar Poe, 0 contraste que aparece assim entre a ambiciosa virilidade que ousa ¢ a feminizacio que resulta disso. Fa virilidade uma questo de linguagem? P.N. — Dezoito meses separam 0 momento em que, sob os olhos da rainha, o ministro roubou a carta que um homem Ihe enderecou, € © momento em que cla Ihe é retomada sem que ele veja. Foi preciso audécia para que ele se apoderasse dela, A rainha sabe, portanto, quem ¢ 0 ladrio. O ministro é apresentado como um intrigante que ousa tudo, tanto o que é indigno quanto 0 que é digno de um bomen. ‘A policia procura a carta em seu domicilio, Nao ¢ possivel encontré-l. Que a carta roubada tenha se tornado a carta escondida, isso se deve ao fato de que o ministro modificou-thea aparéncia. Pois ela esta 1a, em cima do pano da chaminé, oferecida ao olhar. De uma carta que um homem enderegaauma mulher, ela foi transformada por cle em uma carta que uma mulher endereca aum homem. Ela parece ser, diz Lacan, uma carta de amor que o ministro entio, na posigio que foi a da rainha. enviou a si mesmo. Ele se encontra, ta. Ble es- Lacan deduz dai que ele se feminizou com a posse da ca quece a carta, no fala disso e se perde — ele, to enérgico — em uma es Eo que faz Lacan (1955/1998, p. 39) dizer que “tudo m marcado por todos os seus ditos 1, o mais singular odor difemina”. a que decide de que lado nos Ia em sua posse feminiza, pois pécie de inagio e de tédio. parece arranjado para que o personage! com os tracos da virilidade exale, ao aparece! De fato, é a posigao com relagio 4 car situamos. Tomé-la, apreendé-la, viriliza; mas té- € ela que possui aquele que a detém. is 3 Guy Briole — Em seus “Propos sur Physterie”, que proferiu em Bruxelas em 29 de fevereito de 1977, Lacan (1977/2007, p.10) afirmou que © Revista Curinga | EBP-MG | n. 43 | pp. 85-95 | abr. 2017 Iau} Pierre Naveau bre 0 qual nfo nos enganamos”®, Ss Entag, 0 ia um blefe? , - O que surpreende é que Lacan nao diz que 0 falo ¢ « que nao engana’, como cle F Quando, durante essa CO castracao, ele ol to do falo eda a, a castracao m0 aesse respeito, © a. B se existe um obj ate o objeto @. Porg Quando nos ¢ ou seja, nfo sem disse que a anguistia € 1m aft nao sone my nferéncia, ele responde a uma rote unta a pserva que nao podemos dizer a cast aio, objeto existe. Porque existem, diz ele, castrags, z 0es, respi ‘alo ao objeto a. Efetiv: f i a. Efetivamente acontece Desse ponto de vist Ele poe, o sujeito se engan: alienta, € justame jizamento. ia custa, eto sobre 0 qual o sujeito se engan, jeidenim chien aaaeeeam snganamos dessa maneira, afirma que se perca af alguma coisa que ele si produzit um des! Lacan, sempre € 4 prOpti de substancial. O falo, por outro o qual nao nos engan Quer ele dizer que ana partida que se joga, entre Ganho ou perda, na Indo, é um objeto — privilgiad ele sublinka — amos. nio podemos cometer erro clamento, com o desejo € 0 go20? Seria isso que “‘nio seria sobre quanto ao seu papel véu € desvi io sao a mesma Cosa. blefe”? can visa, portanto,ao falo como Ogio, quet Se a observacio de La: stragiio, nenbumta piedade? H4 um ponto em que dizer que, com telacio a «as com palavras ocas, que nada engajam. “rio 20, Lacan (1972-1973/2008; p10?) iando-o.O permite ele nao podemos maisnos contentar Helene Bonnaud — No semi apresentao go70 fico relacionando-o coma masturbasao & depreci que 0 € gozo filico? B “o goz0 do idiota”, ele responde, Uma analise cacontrar uma saida com relagioa esse gozo Um? BN, ~ Isso depende. No ambito do desejo sexual, €umi questio Bae O desejo, diz Lacan efetivamente no seminario 20, se inscreve pe ae Oo modo segundo 9 qual se escrevea fungi falica acon que, assim, surge, muito precisamente, NO instante em qve" inserisio do desco se efeta. O falo cess, e190, de nfo se escrevers secls afupy dae ase ra val emn um dize! Uma C0060 Ea ue ‘mento, que deixa, para o sujeito assim surpreendido, a marca ie 10 tipo de erotismo feminine é que impede 0 encontro. {92 fi & evista Curinga | EBP-MG | n.43 | pp. 05-95 | abr. 2017 ‘ A.comédia do falo Além disso, de um lado, Lacan péde dizer aquele que abre, para uma mulher, o caminho eg, a. €0 gozo dela — aquele do qual essa mu apenas é um homem £m direcio a outro gozo, que Ther nio sabe nada, do qual ela nio fala e que a deixa s6 com ela mesma, 7), € que, em suma, falamos [..] sozinhos”, Venhamos ao idioéa, Podemos nos interrogar sobre esse temo. E uma alusio & solidio e a ingenuidade do principe M lychkine? Mas nao € necessario compreender 0 uso desse termo no sentido em que o idiota 6 aquele que goza sozinho, uma ver que, na realidade, é o drgio que goza enquanto separado do corpo, como fora do corpo, € que, por consequéncia, apenas faz do jeito que quer, nao pergunta sua opiniao? Lacan péde dizer, no Seminério 22, que o homem é atranancado pelo falo ou que ele € aphligé por ele. O falo seria, assim, um atravancamento ou mesmo uma afli¢ao. De toda maneira, o falo faz objeeac. Aquele que tem um corpo de homem, ele barra 0 caminho que o levaria, se a coisa fosse possivel, em di- reco ao gozo do corpo do Outro. Freud dizia, lembra Lacan, que 0 falo é feliz. Entretanto, ele criaria para o pariéire mais um embaraco do que qualquer outra coisa, ele o tornaria mais precisamente um infeliz, E justamente sobre a barra, que esse embarago coloca em jogo, que vem tropecar a comédia do falo. Tradugao: Bruna Simoes de Albuquerque e Pedro Braccini Pereira Reviso: Marcia Mezéncio Notas 2 du Désir, que ende- Entrevista realizada pela equipe de redacfo de La Cais 0” oe cn j a tecou suas questdes a Pierre Naveau pot e-mail e concot = Pee ean anline, para a tubrica “o que €2”, cujo objetivo € colocar ceitos da psicanilise. 5! abr. 2017 evista Curinga | EBP-MG | 0.43 | pp. 86-5 | 1931 "Pierre Naveau 10 nossa. NT. Na vyerdade, €s (LACAN, 1976/2007). NTA palava “fonagio", em francés, escreve-se phonation, 5 Traducio n0ssa- © Tradugio noss4. > NIT Neologismo di sé no capitulo VILL p- 122-123, da traducio bra ‘Cita le Lacan em que afligido é escrito com ph de phallus, Referéncias FREGE, Gottlob. Uber Sinn und Bedeutung. Zeitscrififir Philosophie und pi. doophiste Kritit, N. F., Bd. 100/1,1892. LACAN J. Le séminaire: livre 22: RSI. Legon du 11 mars 1975. Ornicar?, Paris, | 1.5, 1976. LACAN J. 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