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MÓDULO 3

HISTÓRICO NACIONAL
DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS
PSICOATIVAS
EXPEDIENTE
GOVERNO FEDERAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS
E GESTÃO DE ATIVOS

SECRETÁRIO NACIONAL
Luiz Roberto Beggiora

DIRETOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS


E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL
Clayton da Silva Bezerra

COORDENADOR-GERAL DE INVESTIMENTOS, PROJETOS,


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Gustavo Camilo Baptista

COORDENADOR DE PLANEJAMENTO, ARTICULAÇÃO,


MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Glauber Vinícius Cunha Gervasio

PLANEJAMENTO
Carlos Timo Brito
Eurides Branquinho da Silva

CONTEUDISTAS
José Luiz da Costa
Luíza Nicolau Brandão Caldas
Mônica Paulo de Souza

REVISÃO DE CONTEÚDO
Fernanda Flávia Rios dos Santos
Maria de Fátima de Moura Barros

APOIO
Kathyn Rebeca Rodrigues Lima
Maria Aparecida Alves Dias

BY NC ND

Todo o conteúdo do Curso TraNSPor – Treinamento sobre Novas Substâncias


Psicoativas, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos
(SENAD), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal -
2022, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não
Comercial- Sem Derivações 4.0 Internacional.

REALIDADE AUMENTADA (RA)


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que dão acesso a conteúdos extras. Para visualizá-los, baixe o aplicativo
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD)

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Luciano Patrício Souza de Castro

labSEAD

COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro

FINANCEIRO
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CONSULTORIA TÉCNICA EAD


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Gabriel de Melo Cardoso
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Luana Pillmann de Barros
Mariane Ronsani Patricio
Vinicius Alves Jacob Simões

REVISÃO TEXTUAL
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PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Thiago Assi

AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade Borges
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Robner Domenici Esprocati

TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5

UNIDADE 1 | NSP ENCONTRADAS EM 6


COMPRIMIDOS DO TIPO ECSTASY

1.1 Comprimidos do tipo ecstasy 6

UNIDADE 2 | NSP ENCONTRADAS EM SELOS 15


DO TIPO LSD E EM CRISTAIS DO TIPO MD

2.1 Selos do tipo LSD 15

2.2 Cristais do tipo MD 21

UNIDADE 3 | O CASO DOS CANABINOIDES 25


SINTÉTICOS E O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO
DAS NSP EM LABORATÓRIOS FORENSES NO
BRASIL

3.1 Canabinoides sintéticos 25

3.2 NSP no Brasil e o processo de identificação em 33


laboratórios forenses

REFERÊNCIAS 36
MÓDULO 3
APRESENTAÇÃO

Olá, cursista!

Seja bem-vindo ao seu terceiro módulo de estudos!

O módulo anterior foi dedicado ao histórico internacional das novas


substâncias psicoativas. Foi possível verificar que se trata de um
fenômeno complexo, dinâmico e global.

Neste módulo, você vai acompanhar o surgimento de novas substân-


cias psicoativas no Brasil e vai poder fazer um paralelo entre episó-
dios envolvendo novas drogas no país com casos que aconteceram
no exterior. Também vai conhecer como essas drogas foram e ainda
são encontradas, o que é muito importante, porque você pode estar
diante de uma NSP e não saber. Por fim, vai entender o importante
papel dos laboratórios de análise forense para a identificação de NSP.

Traçar um histórico nacional das NSP é ainda mais desafiador que

RA um histórico internacional. O Brasil não possui ainda um Sistema de


Alerta sobre novas substâncias psicoativas, sendo difícil obter dados
Enquadre no seu celular nacionais sobre apreensão de novas drogas. Os dados apresentados
ou tablet o código de neste módulo são baseados nos laudos da Polícia Federal produzidos
REALIDADE AUMENTADA
a partir de 2006 e em artigos de autoria de peritos de todo país.
do aplicativo Zappar
para assistir ao vídeo de
apresentação do módulo. Bons estudos!

OBJETIVOS DO MÓDULO

¤ Identificar a evolução das drogas sintéticas no Brasil e a


estrutura química dessas substâncias.

¤ Identificar o aparecimento de novas drogas sintéticas no Brasil


e a importância dos laboratórios forenses nesse processo.

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UNIDADE 1
NSP ENCONTRADAS EM
COMPRIMIDOS DO TIPO ECSTASY

CONTEXTUALIZANDO

Nesta unidade, você vai ver os detalhes da droga conhecida como


ecstasy e também vai conhecer as duas novas substâncias psicoa-
tivas que foram encontradas nos comprimidos de ecstasy: a mCPP e
a mefedrona.

1.1 COMPRIMIDOS DO TIPO ECSTASY

Você já deve ter percebido que, na maioria das vezes, para falar sobre
uma nova substância psicoativa é preciso relacioná-la com alguma
droga mais conhecida. Nos tópicos seguintes, por exemplo, você vai
conhecer algumas NSP que foram apreendidas por se confundirem
visualmente com outras drogas clássicas. Além disso, acompanhará
alguns casos de novas drogas desde a identificação até a proibição
de seu uso no território brasileiro.

Um termo que será amplamente utilizado neste curso é “compri-


mido do tipo ecstasy”. Você já ouviu falar? Conheça os detalhes desta
droga a seguir.

Comprimidos do tipo ecstasy

O termo ecstasy é usado para nomear comprimidos consumidos


abusivamente em festas, que podem apresentar diversas cores,
formatos e imagens.

O uso do ecstasy
O uso de comprimidos do tipo ecstasy, também conhecido no Brasil
como “bala”, ou “balinha”, é tipicamente relacionado ao contexto
de festas, principalmente de música eletrônica. Estima-se que
as primeiras remessas significativas de comprimidos do tipo
ecstasy chegaram a São Paulo em 1994, vindas principalmente de
Amsterdã, Holanda (ALMEIDA; SILVA, 2000).

Foto: © [portokalis] / Adobe Stock.

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Tradicionalmente, eram encontrados nesses comprimidos alguns
derivados anfetamínicos, tais como as substâncias (PARROTT,
2004; SCHIFANO et al., 2006):

¤ 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA);

¤ 3,4-metilenodioxianfetamina (MDA);

¤ 3,4-metilenodioxietilanfetamina (MDEA).

Conheça a estrutura química dessas substâncias na imagem a seguir:

ESTRUTURA QUÍMICA

H NH2
O N O

O O

MDMA MDA

H
O N

MDEA

Conheça, a seguir, a história do ecstasy e o festival "O verão do amor",


ocorrido em 1987.

Podcast transcrito
No início do verão de 1987, um evento musical, apelidado
de “O verão do amor” (Love Summer, no idioma original),
reuniu milhares de pessoas em Ibiza, na Espanha.
Durante o evento, muitos participantes experimentaram o
que era chamado de ecstasy, ou pílula do amor. Inspirados no
evento, empreendedores ingleses começaram a organizar
festas em armazéns portuários londrinos, recriando a
atmosfera do evento de Ibiza. Centenas de pessoas, ao som
ininterrupto de música eletrônica, dançavam a noite toda
sob efeito de ecstasy e LSD (ALMEIDA, 2005; ABREU, 2005).

Inicialmente, o uso de ecstasy era associado a frequentadores


de festas raves e clubes noturnos, entre outros lugares ou
culturas que reúnem música eletrônica; mas atualmente o
ecstasy está presente em todos os tipos de festas brasileiras.

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1.1.1 A mCPP ENCONTRADA EM COMPRIMIDOS
DO TIPO ECSTASY

Em outubro de 2006, um comprimido rosa com desenho de coração


foi apreendido pela Polícia Federal no Mato Grosso do Sul e encami-
nhado para análises no Serviço de Perícias de Laboratório (SEPLAB)
da Polícia Federal.

MATO GROSSO
DO SUL

Pelas características do comprimido, tudo indicava se tratar do


que se conhecia como ecstasy. No entanto, não foram encontrados
derivados anfetamínicos no material examinado, mas sim a subs-
tância 1-(3-clorofenil)piperazina (metaclorofenilpiperazina,
ou mCPP), uma piperazina sintética também encontrada na Europa
em comprimidos desde 2004 (KOVALEVA et al., 2008; BOSSONG;
VAN DIJK; NIESINK, 2005).

Comprimidos do tipo ecstasy.


Foto: labSEAD, 2021.

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Na época, embora a substância não fosse controlada no país, o caso
não chamou a atenção por se tratar de apenas um comprimido. Veja a
estrutura química da substância mCPP.

ESTRUTURA QUÍMICA

N Cl

HN

mCPP
1-(3-clorofenil)piperazina (metaclorofenilpiperazina)

No entanto, nos próximos dois anos, a mCPP e outras piperazinas foram


encontradas pela PF em diversos comprimidos do tipo ecstasy em oito
estados brasileiros – Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Amazonas,
Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Ceará (MALDANER; SCHMIDT, 2009).

Entre os meses de janeiro e maio de 2008, o Laboratório de Toxicologia


Forense do Núcleo de Perícias Criminalísticas de Campinas – Supe-
rintendência da Polícia Técnico-Científica do estado de São Paulo –
também detectava a mCPP em comprimidos oriundos de apreensões
realizadas em Campinas e cidades adjacentes (LANARO et al., 2010) e
em setembro de 2008 a substância também foi detectada pelos peritos
da Polícia Civil no estado de Minas Gerais (MACHADO et al., 2019).

Após o aumento no número de apreensões, a PF solicitou à ANVISA o


controle da mCPP. Em novembro de 2008, dois anos após a sua pri-
meira detecção na PF, a mCPP se tornou uma substância de uso pros-
crito no país, após a publicação da RDC ANVISA nº 79, de 04/11/2008.

SAIBA MAIS

Conheça mais sobre a RDC ANVISA nº 79, de 04/11/2008,


disponível em: https://www.diariodasleis.com.br/busca/
exibelink.php?numlink=1-9-34-2008-11-04-79.

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Veja a seguir um breve histórico sobre a substância mCPP no Brasil.

Outubro de 2006 Janeiro a maio de 2008

Primeira apreensão de mCPP, Detecção de mCPP, em SP.


no MS.

Setembro de 2008 Novembro de 2008

Detecção de mCPP, em MG. mCPP se tornou uma substância


de uso proscrito no Brasil.

Veja a comparação do caso da mCPP no país com o que ocorreu na Europa:

Podcast transcrito
O primeiro laudo de que se tem conhecimento no Brasil
se refere a uma apreensão de outubro de 2006 no Mato
Grosso do Sul, seguido de uma rápida proliferação em todo
o país nos anos seguintes. As primeiras notificações oficiais
sobre a detecção de mCPP na Europa foram recebidas pelo
Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência e
pelo serviço Europeu de polícia entre fevereiro e março de
2005, seguida por uma rápida expansão da substância na
Europa naquele mesmo ano (EUROPOL–EMCDDA, 2005).

Embora os casos de mCPP no Brasil e na Europa apresentem


aspectos semelhantes, percebe-se uma diferença: não
se tem conhecimento da mCPP sendo comercializada
abertamente (em tabacarias e head shops) como uma

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droga legal no Brasil. Em alguns casos, eram apreendidas,
junto com comprimidos contendo mCPP, outras drogas
clássicas, como maconha ou cocaína, o que leva a crer
que traficantes de drogas mais tradicionais também
comercializavam essa substância.

O que parece ter ocorrido no Brasil foi uma tentativa não só


de burlar a legislação vigente, mas também de ludibriar o
usuário, pois havia uma comercialização de comprimidos
do tipo ecstasy contendo um princípio ativo diferente
daquele que o usuário esperava, e o traficante, quando
preso, não era condenado por não se tratar de substância
proibida no país.

Relembre agora as principais informações sobre a substância mCPP:

PARA FIXAR

A substância mCPP não constava nas listas de substâncias


controladas pela legislação brasileira, o que significava que
o traficante encontrado com essas novas drogas não poderia
ser preso. Além disso, ela foi rapidamente encontrada em
diferentes estados brasileiros, semelhante ao que ocorreu
na Europa. O mCPP, derivado de piperazina, era vendido
em comprimidos tipo ecstasy, passando a ocupar um
nicho de mercado que até então era ocupado apenas pelos
derivados de anfetaminas. Ficou evidente a necessidade
de comunicação à ANVISA, órgão de vigilância sanitária
brasileiro, sobre as novas substâncias que estavam sendo
detectadas nos laboratórios forenses.

1.1.2 A MEFEDRONA ENCONTRADA EM


RA
COMPRIMIDOS DO TIPO ECSTASY
Enquadre no seu celular
ou tablet o código de
REALIDADE AUMENTADA
De forma similar ao que aconteceu com a substância mCPP, a mefe-
do aplicativo Zappar para
assistir ao vídeo sobre drona também foi detectada no Brasil em comprimidos do tipo ecstasy.
as catinonas sintéticas Acredita-se que essa foi a primeira de várias catinonas sintéticas
em comprimidos do que apareceram e algumas se mantêm presentes no mercado ilícito
tipo ecstasy: o caso da
mefedrona.
de drogas até hoje.

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Mefedrona.
Foto: © [Springfield Gallery] / Adobe Stock.

No entanto, dois aspectos técnicos chamam a atenção sobre a me-


fedrona: a semelhança estrutural dela com outras substâncias já
analisadas em laboratórios forenses e a necessidade de parcerias
entre laboratórios para realização da sua completa identificação.
Conheça os detalhes a seguir!

Em abril de 2010 foram apreendidos, no Rio de Janeiro, resíduos de


um pó que se encontravam no interior de um fundo falso de uma lata
metálica. O homem que foi encontrado com o material era suspeito
de aliciar pessoas para levar cocaína para a Europa e depois trazer
ecstasy para o país.

Os resíduos foram encaminhados para análises no SEPLAB da Polícia


Federal. Ao mesmo tempo que esse material era recebido, peritos do
SEPLAB também auxiliavam em análises de comprimidos do tipo ecs-
tasy provenientes de apreensão da Polícia Civil do Estado de Roraima.

Foto: © [Cozyta] / Adobe Stock.

Nos comprimidos não foram encontradas as substâncias comumente


analisadas no laboratório, mas era nítido que ambos os casos eram
referentes à mesma substância. Foram então reunidos mais compri-
midos apreendidos em Roraima e, com o apoio da Universidade de

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Brasília, foi possível extrair e purificar o princípio ativo, bem como
realizar diversas análises, para finalmente identificar a substância
mefedrona em dezembro do mesmo ano (AMBRÓSIO, 2012).

Foto: © [Springfield Gallery] / Adobe Stock.

Ainda no ano de 2010, o Instituto de Criminalística do estado de Goiás


também solicitou ao SEPLAB auxílio em análises de comprimidos
apreendidos pela Polícia Civil desse estado, sendo este mais um caso
em que foi confirmada a presença de mefedrona em comprimidos do
tipo ecstasy (SOUZA et al., 2016).

Foto: © [ShutterDivision] / Adobe Stock.

Mas qual era a dificuldade dos laboratórios forenses na identificação da


mefedrona? Muitas análises, para a identificação de uma substância,
são baseadas em comparações dos dados obtidos com aqueles exis-
tentes principalmente em bancos de dados ou bibliotecas eletrônicas.
Nos primeiros casos em que foram analisados comprimidos contendo
mefedrona, a principal técnica utilizada pelos peritos indicava tra-
tar-se da metanfetamina, uma vez que essa era a substância presente
na biblioteca eletrônica dos equipamentos utilizados que apresentava
maior similaridade estrutural com a mefedrona.

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No entanto, análises realizadas por outras técnicas geravam resultados
inconsistentes com os obtidos pela primeira técnica, indicando tratar-se
de outra substância. Por essa razão, há diversas recomendações para
que os laboratórios forenses utilizem mais de uma técnica analítica
na identificação de uma substância.

Observe abaixo a comparação entre as estruturas químicas da


mefedrona e da metanfetamina, em que podem ser observadas
diversas semelhanças.

ESTRUTURA QUÍMICA

O
H
H N
N

Mefedrona Metanfetamina

Em 2011, após a realização de diversas análises e de revisão biblio-


gráfica, a PF notificou à ANVISA o surgimento de uma nova droga
no mercado, recomendando o seu controle. Em agosto de 2011,
a mefedrona se tornou uma substância de uso proscrito no Brasil e
em 2015 foi controlada internacionalmente.

PARA FIXAR

A mefedrona rapidamente substituiu os derivados de


piperazina, entre elas o mCPP, semelhante ao que ocorreu
na Europa. Inicialmente, foi difícil a identificação inequívoca
da mefedrona por ser estruturalmente muito semelhante a
outras substâncias comumente analisadas em laboratórios
forenses e devido à ausência de dados dessa substância
nas bibliotecas eletrônicas utilizadas na época. Para a
identificação da nova droga, foram necessárias parcerias
entre laboratórios forenses e universidades.

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UNIDADE 2
NSP ENCONTRADAS EM SELOS DO TIPO
LSD E EM CRISTAIS DO TIPO MD

CONTEXTUALIZANDO

Nesta unidade, você vai conhecer a NBOMe e a NBOH, duas novas


substâncias psicoativas encontradas em selos do tipo LSD, e também
vai conhecer a n-etilpentilona, uma substância psicoativa encontrada
em cristais do tipo MD.

2.1 SELOS DO TIPO LSD

Antes de abordar o surgimento das NSP encontradas em selos do


tipo LSD no Brasil, é necessário falar sobre esta droga clássica:
a dietilamida do ácido lisérgico, ou LSD (sigla em inglês para lysergic
acid diethylamide).

O LSD é um conhecido alucinógeno, comercializado no mercado


ilícito de drogas em papéis absorventes e, em alguns casos, em so-
luções diluídas.

Selos do tipo LSD.


Foto: labSEAD, 2021.

Os selos são consumidos pela via sublingual, por ser uma via de rápida
absorção, uma vez que a simples ingestão de selos contendo essas
drogas não produz os efeitos psicoativos esperados, de acordo com
relatos de usuários.

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Foto: © [LIGHTFIELD STUDIOS] / Adobe Stock.

Atualmente, novas substâncias têm sido encontradas nesses selos do


tipo LSD, como as da família NBOMe e NBOH. Essas são substâncias
derivadas das feniletilaminas e, assim como o LSD, também apre-
sentam efeitos alucinógenos.

2.1.1 NBOMe ENCONTRADAS EM


SELOS DO TIPO LSD

Entre as substâncias da família NBOMe, o 25C-NBOMe foi o primeiro


a ser notificado ao Observatório Europeu da Droga e da Toxicode-
pendência, no ano de 2011 (KING, 2013).

No Brasil, os primeiros relatos de detecção da substância na Polícia


Federal ocorreram em 2012, nos estados de São Paulo e Santa Catarina
(WAYHS et al., 2016). Diversas outras substâncias da família rapida-
mente foram encontradas em selos do tipo LSD nos anos seguintes.
Em alguns casos, a quantidade de apreensões de NBOMes superou a
de LSD (MEIRA et al., 2021; BOFF et al., 2020).

Selos do tipo LSD com a substância NBOMe.


Foto: labSEAD, 2021.

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No entanto, o que despertou a atenção nas áreas de saúde, segu-
rança pública e políticas públicas foram os casos de intoxicação por
substâncias da família NBOMe, seguidos ou não de morte (PAGNAN;
TUROLLO JUNIOR, 2014).

Em fevereiro de 2014, muitas substâncias da família NBOMe se


tornaram de uso proscrito no Brasil e, em 2015, o 25I-NBOMe, o
25C-NBOMe e o 25B-NBOMe foram controlados internacionalmente.
Veja as estruturas químicas de alguns compostos das famílias NBOMe.

ESTRUTURA QUÍMICA

O O

H H
N N

O O
Br Cl

O
25B - NBOMe O
25C-NBOMe

H
N

O
I 25I-NBOMe

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2.1.2 NBOH ENCONTRADAS EM SELOS DO TIPO LSD
RA
Enquadre no seu celular À medida que diversos países estabeleciam o controle das substâncias
ou tablet o código de da família NBOMe, outro grupo de compostos aparecia no mercado:
REALIDADE AUMENTADA
a família NBOH.
do aplicativo Zappar para
assistir ao vídeo sobre a
detecção e a identificação Veja as estruturas químicas de alguns compostos das famílias NBOH.
da família NBOH.

ESTRUTURA QUÍMICA

O O

H H
N N

OH OH
Br

O
25B - NBOH O
25E-NBOH

H
N

OH
I

O 25I-NBOH

Embora sejam estruturalmente semelhantes aos NBOMes, uma impor-


tante característica os diferencia: quando submetidos a aquecimento,
os compostos da família NBOH tendem a degradar, o que dificulta
a análise pela principal técnica utilizada por laboratórios forenses.

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Para resolver esse desafio analítico, peritos e pesquisadores brasi-
leiros desenvolveram novas metodologias, incluíram etapas a mais
nas análises e utilizaram outros equipamentos para a identificação
dessas substâncias (COELHO NETO et al., 2017; ARANTES et al., 2017;
ANDRADE et al., 2020; MACHADO et al., 2020; CUSTÓDIO et al. ,2021).

As primeiras notificações oficiais sobre a detecção de NBOHs na


Europa foram recebidas pelo Observatório Europeu da Droga e da
Toxicodependência e pelo Serviço Europeu de Polícia em 2016:
25C-NBOH em janeiro de 2016, na Alemanha, 25I-NBOH em fe-
vereiro de 2016, na Eslovênia, e 25B-NBOH em junho de 2016,
na Finlândia (EMCDDA–EUROPOL, 2017).

| PRIMEIRAS NOTIFICAÇÕES OFICIAIS


SOBRE A DETECÇÃO DE NBOHS NA EUROPA

2016
Janeiro
Alemanha
Fevereiro
Eslovênia

Junho
Finlândia

No Brasil, de acordo com publicações nacionais, a substância


25I-NBOH foi detectada em diversos selos do tipo LSD apreendidos
por forças policiais do Distrito Federal, de Goiânia e de Minas Ge-
rais entre 2014 e 2016 (ARANTES et al., 2017), o que indica que esse
composto já estava em circulação no país antes mesmo do primeiro
alerta europeu.

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| APREENSÕES DE 25I-NBOH NO BRASIL

2014

Entre 2014 e 2016:


Distrito Federal
Goiânia
Minas Gerais

2016

Apesar da substância ter sido apreendida entre 2014 e 2016, foi em


agosto de 2015, no estado de Minas Gerais, que a 25I-NBOH foi real-
mente identificada, sendo provavelmente a primeira identificação da
substância no mundo (MACHADO et al., 2019).

Assim como outros laboratórios forenses, em 2016 a Polícia Federal


também identificou pela primeira vez a substância no SEPLAB,
com apoio de análises complementares realizadas na Universidade
de Brasília.

Nessa época, já fazia parte da rotina do SEPLAB a elaboração de infor-


mações para notificar novas drogas à Coordenação-Geral de Polícia
de Repressão a Drogas e Facções Criminosas (CGPRE/PF) e à ANVISA.

Em outubro de 2016, três meses após o recebimento do material para


análises no SEPLAB, o 25I-NBOH se tornou uma substância de uso
proscrito no Brasil. Posteriormente, mais precisamente em dezembro
de 2018, outros NBOHs foram incluídos na lista de substâncias de
uso proscrito no país, e, em dezembro de 2019, foram criadas as
classes estruturais das feniletilaminas, visando ampliar o controle
dessa classe de substâncias, na qual se enquadram, entre outros,
os NBOHs e NBOMes.

Já com relação ao panorama mundial, até o presente momento, ne-


nhuma substância da família NBOH foi controlada internacionalmente.

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20
Relembre as principais informações sobre as substâncias das famílias
NBOH e NBOMe:

PARA FIXAR

Com relação às substâncias da família NBOMe, houve


casos relevantes de intoxicações, o que demonstrou que
as NSP representam um risco à saúde pública. Além disso,
a identificação de substâncias da família NBOH representou
um desafio para laboratórios forenses em todo o mundo.
Um outro destaque importante é que o grande número
de publicações brasileiras em torno do tema demonstrou
a capacidade de detecção e versatilidade de laboratórios
forenses no país, havendo indícios de que a primeira
identificação de 25I-NBOH tenha ocorrido no Brasil.

A comunicação entre laboratórios forenses e a ANVISA


se tornou mais ágil, promovendo uma redução no lapso
temporal existente entre o momento da notificação e o
controle da substância.

2.2 CRISTAIS DO TIPO MD

Nos últimos anos, uma “nova forma” de ecstasy, conhecida como


MD, emergiu no mercado de drogas. Trata-se de cristais ou pós
vendidos como MDMA ou MDA de alta pureza, uma suposta versão
sofisticada do ecstasy.

Os usuários se sentiam mais seguros com essa forma de apresentação


por acreditarem não haver adulteração na droga (SMITH; MOORE;
MEASHAM, 2009).

Cristais do tipo MD.


Foto: labSEAD, 2021.

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Assim como o que ocorreu com os comprimidos do tipo ecstasy, os cristais
do tipo MD também podiam conter outras substâncias diferentes das
esperadas, principalmente catinonas sintéticas. Diversas substâncias
desse grupo já foram detectadas no país, como a etilona, a eutilona e a
n-etilpentilona. Esta última merece destaque em virtude dos diversos
casos de intoxicação.

2.2.1 N-ETILPENTILONA ENCONTRADA EM


CRISTAIS DO TIPO MD

A n-etilpentilona, ou n-etilnorpentilona, é uma catinona sintética.


Conheça a história da identificação da n-etilpentilona.

A
A primeira
primeira identificação
identificação da
da substância
substância em
em casos
casos forenses
forenses foi
foi
comunicada em janeiro de 2016 pela Eslovênia ao Observatório
Europeu da
Europeu da Droga
Droga ee da
da Toxicodependência
Toxicodependência
(EMCDDA–EUROPOL, 2017).
(EMCDDA–EUROPOL, 2017).

Já o primeiro laudo produzido na Polícia Federal identificando


a n-etilpentilona no Brasil foi emitido em outubro
de 2016,
de 2016, referente
referente a
a uma
uma apreensão
apreensão de de cristais
cristais realizada
realizada
em
em agosto
agosto do
do mesmo
mesmo ano.
ano.

Ainda em
Ainda em 2016,
2016, comprimidos
comprimidos de ecstasy e
de ecstasy e cristais
cristais contendo
contendo
essa substância
essa substância foram
foram apreendidos
apreendidos pelas
pelas forças
forças policiais
policiais
de
de Minas
Minas Gerais,
Gerais, Sergipe
Sergipe e
e Bahia (MACHADO et
Bahia (MACHADO et al.,
al., 2019;
2019;
CUNHA; SANTANA; OLIVEIRA, 2017; CUNHA, 2021).

Essa
Essa droga
droga foi
foi amplamente
amplamente distribuída
distribuída no
no Brasil,
Brasil, entre
entre 2016
2016
e 2019, quando foram relatados casos de intoxicações graves.

O primeiro relato de intoxicação fatal pelo uso de


n-etilpentilona
n-etilpentilona no
no Brasil
Brasil ocorreu
ocorreu em
em Aracaju,
Aracaju, em
em julho
julho de
de
2017, após a realização da análise toxicológica no Centro de
Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da UNICAMP
em
em uma
uma amostra
amostra de sangue post-mortem
de sangue post-mortem dede um
um homem
homem
de 32 anos que fez uso dessa substância em uma festa rave.

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22
O primeiro relato de intoxicação fatal pelo uso de
n-etilpentilona no Brasil ocorreu em Aracaju, em julho de
2017, após a realização da análise toxicológica no Centro de
Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da UNICAMP
em uma amostra de sangue post-mortem de um homem
de 32 anos que fez uso dessa substância em uma festa rave.

Outros casos de intoxicações graves pelo uso dessa droga, com


perda da visão e complicações neurológicas, foram relatados no
interior de São Paulo no mesmo ano (COSTA, CUNHA, et al., 2019).

Conheça a estrutura química da catinona sintética n-etilpentilona e


dos derivados anfetamínicos MDMA e MDA.
H NH 2
O N O

O O
ESTRUTURA QUÍMICA
MDMA MDA

O
H
O N

n-etilpentilona

H NH 2
O N O

O O

MDMA MDA

O
H
O N

n-etilpentilona

Curso TraNSPor
MÓDULO 3 - HISTÓRICO NACIONAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
23
Vamos relembrar as principais informações sobre a catinona sintética
n-etilpentilona?

PARA FIXAR

Acompanhando a tendência do mercado ilícito de MDMA,


as catinonas sintéticas apareceram no país também
na forma de cristais ou pós, além dos tradicionais
comprimidos do tipo ecstasy. Além disso, casos relevantes
de intoxicações por n-etilpentilona demonstraram que
as NSP representam um grande risco à saúde pública e
reforçaram a necessidade de parcerias entre laboratórios
para a realização de exames toxicológicos.

Curso TraNSPor
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24
UNIDADE 3
O CASO DOS CANABINOIDES SINTÉTICOS E
O PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DAS NSP
EM LABORATÓRIOS FORENSES NO BRASIL

CONTEXTUALIZANDO

Nesta unidade, você vai entender como se deu a identificação dos ca-
nabinoides sintéticos em duas formas de distribuição: através da erva
Spice e em papéis. Em seguida, você vai ter uma breve reflexão sobre o
processo de identificação de NSP nos laboratórios forenses no Brasil.

3.1 CANABINOIDES SINTÉTICOS

Na Europa, desde 2004, sabe-se sobre a comercialização legal de


produtos intitulados como ‘misturas de ervas’, normalmente ven-
didos sob a marca Spice.

Embalagem do produto Spice Silver apreendido


pela Polícia Federal. Entre os ingredientes,
era descrita a planta maconha brava.
Estes produtos eram fumados e rapidamente se tornaram populares
Foto: labSEAD, 2021 entre os jovens. Somente em dezembro de 2008, grupos de peritos e
pesquisadores detectaram canabinoides sintéticos entre os princípios
ativos dessas misturas.

Neste tópico, você compreenderá o que se sabe sobre as ervas do


tipo Spice. Para isso, serão reunidas informações contidas em laudos
periciais produzidos pela Polícia Federal.

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MÓDULO 3 - HISTÓRICO NACIONAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
25
3.1.1 CANABINOIDE SINTÉTICO EM MISTURA DE
ERVAS – SPICE

Conheça a história do Spice no Brasil:

Os setores e unidades técnico-científicos da Polícia Federal


receberam, entre os anos de 2008 e 2016, diversos materiais
para serem examinados que, supostamente, continham uma
“mistura de ervas”.

De acordo com a descrição contida nas embalagens,


tratava-se de uma combinação de plantas e extratos
aromáticos que, quando queimada, produzia uma rica
fragrância, levando a crer que seria algum tipo de incenso.

Inicialmente esse material era apreendido por conter na


descrição de sua composição a planta “maconha brava”.

Nos primeiros materiais recebidos, os peritos criminais


T federais procuraram exaustivamente por tetrahidrocanabinol
(THC) ou outro canabinoide presente na planta Cannabis sativa
H C (maconha), o que não foi encontrado.

A primeira identificação do canabinoide sintético feita pela Polícia


Federal ocorreu só em maio de 2009. Foi a substância JWH-018,
apreendida em São Paulo, em uma operação realizada em março
de 2009, que ocorreu três meses depois da publicação na litera-
tura internacional da primeira identificação da substância em ervas
(AUWARTER et al., 2009).

Curso TraNSPor
MÓDULO 3 - HISTÓRICO NACIONAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
26
Conforme citado, as apreensões das ervas do tipo Spice tinham relação
com a suposta presença da planta Zornia latifolia, também conhecida
como maconha brava. Veja a seguir a história dessa planta:

Podcast transcrito
A Zornia latifolia, ou maconha brava, é uma planta nativa da
América do Sul encontrada na restinga do Brasil. A planta é
comumente conhecida como maconha brava.

A história dos supostos efeitos alucinógenos da maconha


brava provavelmente remonta aos nativos americanos.
Na verdade, essa planta foi incluída na famosa obra
étnica “Plantas dos Deuses”, de Schultes e Hoffman.
Por outro lado, deve-se observar que nenhum constituinte
psicoativo dessa planta jamais foi isolado e, de modo geral,
seus estudos fitoquímicos são escassos. Além disso,
cabe relatar que estudos realizados internacionalmente
em diversas ervas do tipo Spice indicaram que elas não
continham a planta maconha brava.

Durante o período de 2008 a 2016, muitos outros canabinoides sinté-


ticos foram detectados em ervas e, em casos raros, em alguns com-
O
primidos. Além disso, era comum encontrar maisOde umNH canabinoide
num mesmo material.

Veja a estrutura química de alguns destes canabinoides


N sintéticos:
N
N

ESTRUTURA QUÍMICA
JWH-018 APINACA (AKB-48)

O O
O O
O NH

N N
N N
N

JWH-018 APINACA (AKB-48) JWH-250 UR-144

Curso TraNSPor O O

MÓDULOO3 - HISTÓRICO NACIONAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS


27
RA Nos últimos anos, surgiram canabinoides sintéticos com uma diversi-
dade estrutural ainda maior, possivelmente para burlar as legislações
Enquadre no seu celular de vários países que são baseadas em classes estruturais de gerações
ou tablet o código de iniciais de canabinoides sintéticos.
REALIDADE AUMENTADA
do aplicativo Zappar
para assistir ao vídeo Aparentemente, o caso dos canabinoides sintéticos no Brasil foi
sobre o surgimento de diferente do que ocorreu com as substâncias mCPP e mefedrona.
canabinoides sintéticos no
Brasil.
¤ mCPP e mefedrona

As duas substâncias eram encontradas em comprimidos


do tipo ecstasy e, provavelmente, o usuário pensava que
estava usando MDMA.

¤ Spice

No caso das ervas do tipo Spice, acredita-se que eram


comercializadas para usuários que estavam habituados a fumar a
planta Cannabis, mas se sabia que não era maconha. Além disso,
há fortes indícios de que canabinoides sintéticos em ervas foram
comercializados legalmente no país em lojas de produtos de
tabacaria, assim como ocorreu na Europa (FENAPEF, 2009).

Só em junho de 2010 o primeiro canabinoide sintético (JWH-018)


passou a ser de uso proscrito no país, após a publicação da RDC ANVISA
nº 21 de 17/06/2010, e, em 2015, tornou-se controlado internacio-
nalmente (UNODC, 2015).

SAIBA MAIS

Conheça mais sobre a RDC ANVISA nº 21 de 17/06/2010,


disponível em: https://www.normasbrasil.com.br/norma/
resolucao-21-2010_113176.html.

No ano de 2012, a diversidade de canabinoides sintéticos identifi-


cados pela Polícia Federal era tão grande que em uma das informa-
ções geradas para comunicar à ANVISA sobre novas drogas havia
21 novos canabinoides.

Após algumas inclusões nominais de canabinoides sintéticos na lista


de substâncias de uso proscrito, em 2016 foi estabelecido no país
o controle de classes de substâncias canabimiméticas, que foram
baseadas em dez estruturas químicas.

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28
PARA FIXAR

Embora exista pouca informação a respeito dos canabinoides


sintéticos encontrados no Brasil até 2016, temos três pontos
importantes sobre esse assunto: o primeiro são os indícios
de que produtos contendo canabinoides sintéticos eram
vendidos legalmente no Brasil, como ocorreu na Europa.
O segundo ponto diz respeito às embalagens do produto,
que omitiam a informação de que uma substância ativa
teria sido adicionada à erva. O terceiro ponto importante foi
a grande dificuldade na detecção da substância psicoativa
impregnada no material. A detecção dos canabinoides
sintéticos no Brasil, que aconteceu quase simultaneamente
à identificação dessa substância na Europa, assim como a
grande diversidade de estruturas químicas que compõem os
canabinoides sintéticos, impulsionou a criação do controle
por classes de substâncias canabimiméticas, as quais foram
baseadas em dez estruturas químicas.

3.1.2 CANABINOIDE SINTÉTICO EM PAPEL

Originalmente os canabinoides sintéticos eram encontrados princi-


palmente em misturas de ervas, sendo adicionados ao material vegetal
por imersão ou pulverização, ou, ainda, em alguns casos, sua forma
sólida (pó cristalino) era jogada diretamente sobre a erva, levando a
uma mistura não homogênea. Em raros casos, também eram encon-
trados em comprimidos.

Mas, a partir de 2016, uma nova forma do material foi apreendida


pela Polícia Federal: foram os canabinoides sintéticos impreg-
nados em papéis.

Inicialmente, apareciam em selos do tipo LSD. Hoje, o mais


comum é encontrá-los em papéis simples ou de maior gramatura,
como cartolinas (SÃO PAULO, 2019a), principalmente quando a
apreensão foi feita em presídios.

Foto: Jornal Hoje em Dia.

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MÓDULO 3 - HISTÓRICO NACIONAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
29
Dados sobre o uso de canabinoides sintéticos em papel no Brasil
são raros na literatura especializada. A Polícia Federal tem feito
alertas sobre a detecção de canabinoides sintéticos em papel em
seus relatórios sobre drogas sintéticas referentes aos anos de 2017
e 2018 (MJSP-PF, 2018; MJSP-PF, 2019).

Exemplo de papéis contendo canabinoides


sintéticos encontrados em presídios.
Conheça a alguns casos de identificação de canabinoides sintéticos
em papel.

Há relatos de terem sido encontrados os canabinoides


sintéticos AMB-FUBINACA e ADB-FUBINACA em Santa
Catarina, no ano de 2017, exclusivamente em selos
do tipo LSD (BOFF et al., 2020).

Em presídios, essa nova forma de apresentação foi batizada


de “K4” e de “maconha sintética” pela mídia. Um artigo,
ainda em fase de publicação, apresenta informações sobre
apreensões de papéis contendo canabinoides sintéticos,
em sua maioria apreendidos em presídios paulistas
(RODRIGUES et al., 2021).

Há outros relatos na literatura de que canabinoides sintéticos


$ impregnados em papéis têm sido contrabandeados em
presídios na Europa (Escócia, Inglaterra, País de Gales e
Alemanha) e nos Estados Unidos (Flórida) (NORMAN et al.,
2020; RALPHS et al., 2017; HVOZDOVICH et al., 2020;
NORMAN et al., 2021).

Dados coletados pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxi-


codependência sugerem que os problemas atribuídos aos cana-
binoides sintéticos estão em crescimento. O custo relativamente
baixo, a fácil disponibilidade e a alta potência dos canabinoides
sintéticos parecem ter resultado em maior uso na Europa entre
grupos marginalizados, como os sem-teto e as populações pri-
sionais (EMCDDA-EUROPOL, 2019).

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30
Fácil disponibilidade e alta potência

Custo relativamente baixo

Devido à sua alta potência, os canabinoides sintéticos podem re-


presentar um alto risco de grave envenenamento que, em alguns
casos, pode ser fatal (EMCDDA, 2018).

Pequenas doses podem causar os efeitos esperados pelo usuário,


facilitando o contrabando dessas substâncias para os presídios,
uma vez que a unidade de dosagem pode ser um pedaço de 1 cm²
(como o selo tipo LSD), permitindo a administração da droga por
outras vias, como sublingual e até mesmo pelo olho, mas aparente-
mente fumar o papel é a principal forma de uso (NORMAN et al., 2021).

É importante destacar que, embora a existência de


canabinoides sintéticos no mercado ilícito de drogas se
justifique pelo fato de muitos deles não serem controlados
internacionalmente, no Brasil a grande maioria já é de
uso proscrito, sendo controlados nominalmente ou pelo
enquadramento em uma das dez classes estruturais
genéricas da Lista F2 da Portaria n° 344/1998-SVS/MS
(Lista de substâncias psicotrópicas de uso proscrito).

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MÓDULO 3 - HISTÓRICO NACIONAL DAS NOVAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
31
Relembre as principais informações sobre canabinoides sintéticos
em papel.

PARA FIXAR

Os canabinoides sintéticos encontrados em papel representam


o mais novo desafio no enfrentamento às novas drogas.
O uso dessa forma de apresentação parece estar relacionado
a grupos marginalizados, como as populações prisionais.
Por serem substâncias potentes, pequenas quantidades são
suficientes para produzirem efeitos psicotrópicos. Portanto,
são mais fáceis de serem escondidas e transportadas,
mas também apresentam um risco de intoxicações bem
mais alto.

Vimos, nas primeiras unidades, importantes aspectos históricos


das novas substâncias psicoativas no Brasil. Para auxiliar na fi-
xação da sua aprendizagem, sintetizamos alguns destes aspectos
numa linha do tempo, indicando a primeira apreensão conhecida
no país. Confira a seguir.

Canabinoides NBOMe em N-etilpentilona


sintéticos em selos do como cristais
mistura de ervas tipo LSD do tipo MD

2006 2008 2010 2012 2015 2016

mCPP em Mefedrona em NBOH em Canabinoide


comprimidos comprimidos do selos do sintético
do tipo ecstasy tipo ecstasy tipo LSD em papel

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32
3.2 NSP NO BRASIL E O PROCESSO DE
IDENTIFICAÇÃO EM LABORATÓRIOS
FORENSES

Como você deve lembrar, de um modo geral, as novas drogas aparecem


no Brasil normalmente se passando por outra droga mais tradicional.
Veja quais são os casos mais encontrados no país na atualidade:

¤ Em comprimidos do tipo ecstasy, as novas substâncias


mais encontradas são dos grupos das catinonas sintéticas,
feniletilaminas e das piperazinas.

¤ Também é comum encontrar catinonas sintéticas na forma de


pó ou cristais do tipo MD.

¤ Em selos do tipo LSD, são frequentemente encontrados


feniletilaminas, alguns canabinoides sintéticos e, em casos
raros, análogos do fentanil.

¤ Os canabinoides sintéticos podem ser encontrados sem a


intenção de se passar por outra droga tradicional, pois têm
aparecido no mercado ilícito impregnados em papéis e em
misturas de ervas.

Imagem ilustrativa de formas de apresentação de


novas substâncias psicoativas.
Foto: © [BUSLIQ] / Adobe Stock.

É importante destacar que a identificação de todas essas novas drogas,


independente da forma de apresentação (cristais, selos, comprimidos,
etc.) só foi possível após análises dos materiais em laboratórios forenses.

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33
Veja a importância dos laboratórios forenses e da ciência na análise
e identificação das NSP no Brasil:

Podcast transcrito
Normalmente, o primeiro a detectar uma nova droga é o
perito oficial. Os laboratórios forenses são a principal fonte
de informações e dados científicos confiáveis e sólidos sobre
novas substâncias psicoativas, os quais são indispensáveis
no sistema Judiciário para lidar com crimes relacionados às
drogas e contribuir com as atividades de redução da oferta.

Além disso, os conhecimentos científicos dos especialistas


em análises de drogas têm se tornado cada vez mais
pertinentes e relevantes para um público muito mais
amplo. Com o objetivo de continuar a fornecer informações
baseadas em evidências precisas e indispensáveis na
concepção de intervenções políticas eficazes, a ciência
forense precisará evoluir e se adaptar ao mercado de drogas
altamente dinâmico de hoje, caracterizado pelo surgimento
global de NSP, com um número sem precedentes de
substâncias presentes nesse mercado.

No contexto de uma situação tão dinâmica, as informações


geradas pelos laboratórios forenses são extremamente
relevantes para respaldar a formulação de políticas e a
tomada de decisões com base em evidências, bem como
para proteger a saúde pública. Os sistemas de alerta rápido
são soluções práticas para garantir que tais informações
sejam geradas continuamente e compartilhadas em tempo
hábil (UNODC, 2020).

Retome a seguir os principais pontos deste módulo:

A mCPP (metaclorofenilpiperazina) foi uma nova


substância psicoativa encontrada em comprimidos que,
até certo momento, acreditava-se serem comprimidos do
tipo ecstasy. A piperazina sintética também foi encontrada
na Europa em comprimidos desde 2004.

De forma similar, a mefedrona também foi detectada no


Brasil em comprimidos do tipo ecstasy. Acredita-se que essa
foi a primeira de várias catinonas sintéticas que apareceram
e algumas se mantêm presente no mercado ilícito de
drogas até hoje.

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34
Os primeiros relatos de detecção de substâncias da
família NBOMe ocorreram em 2012, nos estados de São
Paulo e Santa Catarina. Diversas substâncias da família
rapidamente foram encontradas em selos do tipo LSD nos
anos seguintes.

A substância NBOH, embora seja estruturalmente


semelhante aos NBOMes, tem uma importante
característica: quando submetidos a aquecimento,
os compostos da família NBOH tendem a degradar,
o que dificulta a análise pela principal técnica utilizada
por laboratórios forenses.

A n-etilpentilona é uma catinona sintética encontrada


em cristais de MD. O primeiro laudo produzido pela Polícia
Federal identificando a n-etilpentilona no Brasil foi emitido
em outubro de 2016, referente a uma apreensão de cristais.

Os canabinoides foram substâncias encontradas


nos produtos intitulados como ‘misturas de ervas’,
normalmente vendidos sob a marca Spice. Esta mistura
de ervas foi criada para ser fumada e, de acordo com a
descrição contida nas embalagens, tratava-se de uma
combinação de plantas e extratos aromáticos que,
quando queimada, produzia uma rica fragrância,
levando a crer que seria algum tipo de incenso.

Também são encontrados canabinoides sintéticos em


papéis simples, que são utilizados neste formato para
facilitar o uso e o contrabando dentro dos presídios.

Cursista, chegamos ao final de mais um módulo do curso “Novas Substân-


cias Psicoativas”. Continue seus estudos e siga para novos aprendizados!

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35
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REALIZAÇÃO

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