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Afirmar que um dado regime era absolutista é o mesmo que dizer que se
tratava de uma monarquia em que o rei detinha poderes ilimitados, absolutos.
Contudo, não se deve confundir absolutismo com despotismo. Embora o
conteúdo político de ambos seja o mesmo (isso é, o governante tem poderes
ilimitados), apenas o absolutismo possui justificativas teóricas, formuladas à
época de sua emergência, que o legitimam política e historicamente.
Desde a Roma Antiga já existiam governantes com poderes absolutos.
São conhecidas as duas assertivas quanto à relação entre a lei e o príncipe: o
príncipe está isento da lei e o que apraz ao príncipe vigora como lei. Embora,
na prática, tivessem poderes realmente ilimitados, ainda existia no Império
Romano um arcabouço jurídico que, de certa forma, impunha restrições ao
exercício absoluto do poder político. Pelo menos em tese, o governante era o
primeiro cidadão, mas a res publica estava acima dele.
Essa tradição chegou ao período medieval, quando sofreu uma inflexão
que permitiu a emergência do absolutismo. Aos poucos, foi se consolidando
uma versão que advogava pela superioridade (inclusive temporal) do
governante, associando-o ao poder divino e, assim, eliminando quaisquer
outros contra-poderes que limitassem seus desejos. Eis, então, o absolutismo,
que se difere do simples despotismo pela sua historicidade, pelas ligações que
mantém com um período específico da história ocidental - e da história
europeia, em particular.
Teóricos do absolutismo