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Capítulo 3 - A Oferta de Moeda
Capítulo 3 - A Oferta de Moeda
ECONOMIA MONETÁRIA
– Capítulo 3 _ A Oferta de Moeda: uma Introdução aos Modelos Básicos. LOPES, João do Carmo; ROSSETTI, José
Paschoal. Economia Monetária. 9ª. São Paulo: Atlas, 2011
– Feijó et al. A contabilidade social - O novo sistema de contas nacionais do Brasil. Ed. Campus. 2003. Capítulo 6.
– O sistema monetário. In: Paulani, L.M.; Braga, M.B. A nova contabilidade social. São Paulo: Editora Saraiva. 2007.
– Fortuna, E. Mercado Financeiro. Produtos e Serviços. Ed. Qualitymark, 15a edição, 2002. Capítulos: 3, 4 (até p. 55) e 5.
Internet
– Sistema Financeiro Nacional
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn
https://www3.bcb.gov.br/mec-circulante/?wicket:interface=:0::::
https://www.bcb.gov.br/content/estatisticas/Documents/notas_metodologicas/estatisticas-
fiscais/estatisticasfiscais.pdf
https://www.bcb.gov.br/pre/pef/port/progcidadaniafinanceira.asp?frame=1
https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/copom
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MERCADO MONETÁRIO: MOEDA E TÍTULOS
Sistema Monetário
O sistema financeiro nacional é constituído de dois grupos de instituições: o chamado sistema monetário e o sistema não-
monetário.
O sistema-monetário é constituído pelas instituições financeiras que criam moeda, ou seja, é constituído de apenas o Banco
Central – que emite moeda – e dos bancos comerciais – que recebem depósitos à vista.
Já o sistema não-monetário é constituído de todas as demais instituições financeiras (as que não criam meios de pagamento), aí
compreendidos os bancos de investimento, os bancos de desenvolvimento, as sociedades de crédito, financiamento e
investimento (financeiras), o sistema brasileiro de poupança e empréstimo (cadernetas de poupança), as distribuidoras, as
corretoras e tantas outras.
Definições Mercado Monetário:
• Local onde se realizam as operações de curto-prazo; nele são financiados os desencaixes momentâneos das
instituições financeiras e as necessidades de política monetária e rolagem da dívida do governo; sua liquidez é
regulada pelas autoridades monetárias;
• O produto mais “vendido” nesse mercado é o “dinheiro” ou “quase dinheiro”; são negociados papéis emitidos
pelo Tesouro Nacional, pelo Banco Central e títulos públicos emitidos pelos governos estaduais e municipais,
cujas negociações são controladas e custodiadas pela SELIC ou pela CETIP (Central de Custódia e de Liquidação
Financeira de Títulos Privados);
Papel-moeda
Conceito → documento emitido pelas autoridades monetárias de um país, utilizando na compra e venda de mercadorias.
Evolução certificado de depósito nos bancos comerciais certificado transferível (moeda-papel) certificado inconversível
(papel-moeda sem valor intrínseco).
Moeda escritural
Conceito → ordem de pagamento que se generalizou pelo uso do papel-moeda. Representa os depósitos à vista.
Evolução surgiu com o desenvolvimento dos bancos comerciais.
Sendo assim, atualmente, consideram se meios de pagamento → o papel-moeda em poder do público + os depósitos à vista do
público nos bancos.
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Os meios de pagamento são utilizados há qualquer momento para remuneração dos fatores de produção, pagamento de bens e
serviços ou saldar dívidas passadas.
Os ativos existentes no Brasil, que satisfazem as condições de ativos monetários são: (rendimento zero, custo de manutenção e
estocagem negligenciáveis e máxima liquidez)
a) O papel-moeda e as moedas metálicas em poder do público.
b) Os depósitos à vista do público nos bancos comerciais.
c) Os depósitos à vista do público nos bancos múltiplos
d) Os depósitos à vista do público no Banco do Brasil
e) Os depósitos à vista do público nas caixas econômicas, federais estaduais. (ver nota rodapé p. 128).
Desta forma, o total de oferta monetária no Brasil no conceito restrito de meios de pagamento tem a seguinte expressão:
Moeda em poder do público são considerados como moeda apenas os meios de pagamento possuídos pelos agentes
econômicos não bancários. Neste caso quem mais se encaixa, como o primeiro componente, é a moeda manual, e como
segundo, a moeda bancária o escritural.
Isto se deve ao fato das suas disponibilidades monetárias imediatas.
CONTROVÉRSIAS
O conceito convencional, citado acima, de moeda como o meio de pagamento ressalta a função de instrumento de troca, mas
se levarmos em consideração a função reserva de valor e seu alto grau de liquidez (quase-moeda) esse conceito é possível de
críticas _ os títulos do BACEN e do Tesouro Nacional
Os autores Gurley e Shaw sugerem que o conceito de oferta de moeda monetária deveria incluir os ativos financeiros
conhecidos como quase-moeda.
Deste caso eles estão levando em consideração a função reserva de valor.
A partir de argumentos como esses, foram desenvolvidos outros conceitos mais abrangentes e menos convencionais.
M1 = MM + DVBC moeda manual e moeda bancária
M2 = M1 + DP DP → depósitos a prazo. Adotado por Friedman-Schwartz (1963).
M3 = M2 + 0,88 MS + 0,615 SL MS → Depósito de poupança, SL → quotas de associações de
poupança e empréstimos. Adotado por V. Karuppan Chetty (1969)
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Operações compromissadas são vendas de títulos de renda fixa realizadas por instituições financeiras ao investidor. Ao vendê-
las, os bancos definem um prazo de recompra e os investidores se comprometem a vender o título na data acordada.
A taxa Selic é conhecida por ser a taxa de básica de juros para a economia do Brasil e utilizada como referencial para as
operações financeiras. Essa taxa vem do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia do Banco Central. Este sistema funciona
de maneira informatizada e se destina às operações de registro, custódia e liquidação dos títulos públicos federais.
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Ver tabela 3.1, p.133.
Atualizados 9ª Edição
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1. Agregados Monetários
Os agregados monetários são variáveis macroeconômicas que servem como indicadores de liquidez e de captação de recursos –
por parte do sistema emissor, para multiplicação de crédito no país, e como instrumentos alternativos para acompanhar os
efeitos da taxa de juros, por exemplo. É o valor de mercado de uma soma de ativos líquidos.
2. Meios de Pagamento
MP são volume da oferta de moeda em circulação na economia (excluídos os montantes mantidos em caixa pelas autoridades
monetárias e pelos bancos comerciais) mais a moeda escritural (depósitos à vista do público nos bancos).
Em setembro de 2001 o BACEN modificou pela última vez à composição dessas variáveis. Deixou-se de seguir a ordenação pelo
grau de liquidez, e passou-se para a separação a partir dos sistemas emissores. Na prática, os custos da conversão da
organização dos agregados são quase nulos.
M1 Papel-moeda em poder do público +depósitos à vista no setor bancário. incluindo Cooperativas de Crédito.
M2 M1 + depósitos de poupança + títulos privados emitidos pelas instituições financeiras depositárias, incluindo
cooperativas.
M4 M3 + títulos públicos emitidos pelo Governo Federal, adquiridos em operações definitivas (Títulos Públicos de
alta liquidez)
M5 Entre março de 1990, com o lançamento do Plano Collor, e julho de 1992, as retenções efetuadas nas
aplicações financeiras e nas cadernetas de poupança criaram os chamados Valores à Ordem do Banco Central
(Vobc). Para contemplar este novo e transitório estoque de moeda, foi instituído o M-5, composto de M-4
mais os Vobc.
*Fonte: BOLETIM BANCO CENTRAL DO BRASIL. Revisão Metodológica das Estatísticas de Meios de Pagamento. Nota Técnica do
Banco Central do Brasil nº 48, nov. 2018, Brasília, p. 1 -14.
CONCLUSÃO
❑ A moeda é um dado institucional que dependa da organização e do desenvolvimento do sistema financeiro do país;
❑ A moeda, se levando em consideração o meio de pagamento, a função intermediária de trocas é privilegiada e o conceito
M1 é o mais preciso da oferta monetária.
❑ A moeda, se levando em consideração o meio de pagamento e reserva de valor, não há consenso em um conceito preciso
da oferta de moeda.
O mecanismo de criação de moeda pelos bancos comerciais se dar através do efeito multiplicador.
(Multiplicando o dinheiro de forma artificial) Sistema Bancário de Reservas Fracionárias.
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Como os bancos comerciais criam os passivos monetários?
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Como ocorre esse efeito multiplicador: ver figura 3.2.
Moeda injetada transforma-se em depósitos bancários uma dada parcela, transforma-se em empréstimo concedido pelos
bancos os quais retornam ao sistema bancário como novos depósitos.
Esse processo tende a se renovar infinitamente, já que os bancos não mantêm em caixa a totalidade dos depósitos captados,
mas apenas uma parcela deles.
MATEMATICAMENTE.
Como se vê (tabela 3.2), um depósito de R$ 200.000,00 gera R$ 800.000,00 de empréstimos (o que só seria conseguido com um
depósito de R$ 1.000.000,00). O ciclo se encerra quando o encaixe se igualar ao depósito inicial.
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3.3.2 Restrições ao modelo tradicional (Tobin e outros autores)
QUESTÕES levantadas:
1. as políticas operacionais dos bancos, sob o objetivo de maximização de seus lucros ou expansão de suas taxas de
penetração no mercado em que atuam, são de fato tão simples como as assumidas no mercado?
2. os bancos limitam-se a expandir os empréstimos ou procuram modificar a composição do seu ativo total, no sentido de
otimizar os seus objetivos?
3. de que forma reagirão os homens de negócios quanto ao desejo de sistema bancário de manter determinado nível de
encaixe, variando o montante dos seus empréstimos?
4. o desejo dos bancos de emprestar mais é condição suficiente para que os demais agentes econômicos desejam tomar
mais empréstimos?
5. e a taxa de juros como se comportará durante esse processo?
6. se ela se modificar, como se comportarão os agentes bancários e não bancários, relativamente à composição de suas
reservas sob a forma de moeda e títulos?
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visam a maximização dos lucros, e isto significa que elas expandiram seus empréstimos no ponto onde o Cmg = Rmg
proporcionada pelos empréstimos.
3) no modelo tradicional a expansão dos empréstimos bancários se dar a penas em taxas de juros decrescentes. Mas na
realidade a variação das taxas de juros dos empréstimos bancários deverá ter efeitos sobre todas as taxas de juros de
economia.
4) este modelo tradicional falha ao apresentar os bancos comerciais como simples realizadores de depósitos e
empréstimos. Não mostra a complexa composição estrutural do ativo e passivo.
5) o modelo admite, de forma implícita, a concorrência perfeita entre os bancos comerciais. Mas na realidade este setor é
oligopolizado, o que afeta, significativamente, a direção das suas políticas e a sua reação às medidas das autoridades
monetárias.
6) versão tradicional tende a enfatizar as diferenças entre os bancos comerciais e as instituições financeiras não bancárias,
e a moeda e outros ativos. Isto só é possível se se define a moeda de modo restrito, ignorando o passivo dos
intermediários financeiros não bancários e o seu papel no direcionamento dos fluxos de poupança.
O CASO BRASILEIRO
O trabalho desenvolvido por Montora Filho, em 1977, mostra que a crença do multiplicador começaria a ser abalada a partir da
década de 1960 – 70, quando houve completa reorganização do sistema de intermediação financeira no país. Da qual
emergiram diversos ativos financeiros substitutos próximos da moeda, enquanto os intermediários não bancários passaram a
oferecer novas alternativas de crédito ao público.
Segundo Montora Filho os bancos podem alterar sua carteira de aplicações se existirem mudanças na rentabilidade das diversas
atividades de aplicações de seus recursos. O que ocorreu depois da década de 50.
O modelo proposto por Montora, dado um balancete consolidado (tabela 3.4) implica a hipótese de que:
Os bancos escolhem a proporção de cada ativo no total de suas aplicações, no sentido de otimizar as taxas esperadas de
retorno. Sendo assim, o retorno esperado
R* → das reservas R* / W = f1 (r1, r2, r3, x) W → alocação ótima de volume dos
G* → dos títulos governamentais G* / W = f2 (r1, r2, r3, x) recursos.
E* → dos empréstimos E* / W = f3 (r1, r2, r3, x) r → taxa de retorno
Apesar do modelo alternativo mostrarem alguns resultados úteis e interessantes, os testes revelam que o mesmo não apresenta
ainda a confiança desejada para sua utilização na condução da política monetária.
O objetivo desta seção é destacar as principais variáveis consideradas em um modelo de derivação do multiplicador dos
meios de pagamento. Sem levar em consideração as divergências conceituais e dos complexos embasamentos contábeis.
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M conceito convencional; totalidade dos ativos usados pelo público como MP
SP→ Moedas em espécies (ouro e prata)
DPBC→ Depósitos à vista público nos BCs
DPAM→ Depósitos à vista público junto às AMs
PMP→ Papel-moeda e moeda metálicas divisionárias em poder do público.
R reserva do sistema bancário
SBC→ Moeda em espécie, em encaixe pelos BCs
DBCAM→ Depósitos dos BCs junto às AMs. Depósitos voluntários ou compulsórios.
PMBC→ Caixas dos BCs em papel-moeda e moedas metálicas divisionárias.
SAM→ Moeda em espécie, em encaixe pelos AMs
RED→ Débitos dos BCs junto às AMs.
Padrão-ouro (gold standard). Sistema monetário no qual o valor de uma moeda nacional é legalmente definido como uma
quantidade fixa de ouro, em termos internacionais, e a nível interno o meio circulante tem a forma de moedas de ouro ou
papel-moeda conversíveis a qualquer momento em ouro, de acordo com as taxas de conversão fixadas legalmente. (Sandrodi,
1994:250).
CONSIDERAÇÕES:
❑ O sistema monetário é formado por peças de ouro (valor intrínseco);
❑ As casas de custódia casas bancárias;
❑ Certificado de depósitos
❑ Certificados em poder do público usados como meio de pagamento.
Meios de pagamento MP = SP + RP
Reservas RES = SBC
Base monetária = S = SP = SBC
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RELAÇÕES DE COMPORTAMENTO
Apresenta condições para mostrar de que forma se realiza nessa economia o mecanismo de multiplicação dos meios de pagamento
1ª SP = RP ; ou = = SP / RP → quanto menor ,maior será a utilização dos certificados dos depósitos pelo público.
2ª RES = SBC = r RP ; ou r = SBC / RP → quanto menor r, maior será a emissão de certificados de depósito sem o lastro metálico correspondente.
TABELA 3.8 Tipos de moedas e seus principais detentores em um sistema integralmente fiduciário.
Detentores
Tipos de moedas Totais
Público Bancos Comerciais
Depósitos DPBC - D
Papel-moeda PMP PMBC B
Totais MP RES -
RELAÇÕES DE COMPORTAMENTO:
PMP = MP ; ou
PM P
𝛽=
𝑀𝑃
Quanto menor for , a proporção de moeda escritural.
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2a participação da moeda escritural nos MP
DPBC = (1 - ) MP ; ou
𝐷𝑃 BC
(1 − 𝛽) =
𝑀𝑃
Quanto menor for , a proporção de moeda manual.
3a comportamento dos bancos comercias quanto à taxa de encaixe que será mantido
PMBC = r DPBC ; ou
𝑃𝑀𝐵𝐶
= 𝑟(1 − 𝛽) ou substituindo DPBC , na relação 2a:
𝑀𝑃
𝑃𝑀𝐵𝐶 𝑃𝑀𝐵𝐶
𝑟= ; 𝑜𝑢 𝑟=
(1 − 𝛽)𝑀𝑃 𝐷𝑃 𝐵𝐶
Quanto menor for r, menores serão as reservas mantidas em caixa pelo sistema bancário.
𝑃𝑀𝑃 + 𝐷𝑃 𝐵𝐶 𝑃𝑀𝑃 𝐷𝑃 𝐵𝐶 𝛽 + (1 − 𝛽) 1 𝟏
+ 𝑘= = 𝒌=
𝑘= 𝑀𝑃 𝑘 = 𝑀𝑃𝑃 𝑀𝑃 𝛽 + 𝑟(1 − 𝛽) 𝛽 + 𝑟 − 𝑟𝛽 𝒓 + 𝜷(𝟏 − 𝒓)
𝑃𝑀𝑃 + 𝑃𝑀𝐵𝐶 𝑃𝑀 𝑃𝑀𝐵𝐶
+
𝑀𝑃 𝑀𝑃 𝑀𝑃
Logo, uma certa expansão da base monetária, B, a expansão total dos meios de pagamento, MP, será dada por:
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𝛥𝑀𝑃 = 𝑟+𝛽(1−𝑟) × 𝛥𝐵 O
O Banco do Brasil agia como banco executor da política monetária e de crédito do governo e também como banco comercial.
TABELA 3.10 Meios de Pagamento e seus principais detentores na economia brasileira, as das reformas de 1986.
Detentores
Meios de Pagamentos Público Bancos Autoridades Totais
Comerciais monetárias
Depósitos juntos aos BCs DPBC - RED D
Depósitos juntos às Ams DPAM DBCAM - DAM
Papel-moeda em circulação PMP PMBC - PM
TOTAIS MP RES RED -
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RELAÇÕES DE COMPORTAMENTO
1ª participação da moeda manual nos MP
PM P
PM = MP; ou
P =
MP
2ª participação dos depósitos do público nos bancos comerciais em relação ao total dos MP
D P BC
DPBC = MP; ou =
MP
3ª participação dos depósitos do público às autoridades monetárias (BB) ao total dos MP
D P AM
DPAM = MP; ou =
MP
+ = preferência do público pelo uso da moeda escritural
++ = 1,0
4ª indica a proporção das reservas totais, voluntárias e compulsórias, mantidas pelos bancos comerciais.
RES = DBCAM + PMBC = r DPBC
DPBC = MP
Substituindo, temos: DBCAM + PMBC = r MP
A partir desse conjunto de definições e relações, deduz-se o conceito do efeito de multiplicador dos MP antes de 1986.
MP 1
K= k=
B 1 + (r − 1)
Conceito tradicional de multiplicador para o caso brasileiro, anteriormente às reformas de 1986. Com r e positivos e menores
que 1, deduz-se que o multiplicador também é positivo e menor que 1.
Expansão da Base Monetária, B, o crescimento dos MP, MP, será dado por:
MP = 1 x B
1+ (r - 1)
Esta expressão indica que variáveis as autoridades monetárias podem tentar executar a política monetária. Base Monetária ou
os parâmetros que definem o multiplicador.
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QUADRO 3.2 Operações ativas e passivas do Banco Central do Brasil.
Operações ativas Operações passivas
❑ Créditos a instituições financeiras: ❑ Base monetária:
✓ A bancos criadores de moeda ✓ Papel-moeda emitido.
✓ A outras instituições financeiras bancárias e ✓ Reservas bancárias: de bancos oficiais e
não bancarias. privados.
❑ A aquisição de títulos e valores mobiliários: ❑ Títulos de emissão própria:
✓ De emissão de Tesouro Nacional. ✓ Letras do Banco Central, LBC.
✓ Outros títulos. ✓ Bônus do Banco Central, BBC.
❑ Saldo líquido das operações de mercado aberto. ✓ Notas do Banco Central, NBC.
❑ Haveres externos: ❑ Depósitos:
✓ Moeda estrangeira. ✓ Registrados em moeda estrangeira.
✓ Ações e quotas de organismos ✓ Do Sistema Brasileiro de Poupança e
internacionais. Empréstimo, SBPE.
✓ Ouro. ✓ Do Fundo de Investimento Financeiro, FIF.
✓ Direitos especiais de saque (FMI). ✓ De depósitos a prazo.
❑ Operações de fundos e programas: ❑ Recursos de fundos e programas.
✓ Reserva para promoção da estabilidade da ❑ Operações do Tesouro Nacional.
moeda e do uso do cheque. ❑ Obrigações externas:
✓ Fundo de garantia dos depósitos e letras ✓ Depósitos vinculados à dívida externa.
imobiliárias. ✓ Obrigações decorrentes de convênios.
✓ Programas de garantia da atividade ✓ Organismos internacionais.
agropecuária ❑ Recursos próprios.
Banco do Governo
Como e quem cria Moeda?
Banco dos Bancos
Balancete do Banco Central Banco de Divisas (reservas internacionais)
Monopólio da emissão de moeda
• papel-moeda emitido (pme): produzido pela casa da moeda dada a autorização do Banco Central;
• papel moeda em circulação (pmc): parte do pme fica no caixa do Banco Central (cBacen)
pmc = pme – cBacen
• papel-moeda em poder do público (pmpp): os bancos detêm parte dos recursos em caixa, ou seja, existe a caixa em moeda
corrente dos bancos comerciais (cbc). Os bancos comerciais não fazem parte do conceito de público (por definição).
pmpp = pmc – cbc
• moeda escritural: depósitos à vista (dv);
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CONCEITOS ATUAIS ADOTADOS PARA A BASE MONETÁRIA SÃO:
• Conceito de Base Monetária (B): são os recursos monetários das autoridades monetárias
A Base Monetária é um agregado monetário de extrema importância para o funcionamento do sistema, uma vez que é
sobre ela que funciona o multiplicador bancário.
• A Base Monetária indica:
– a quantidade de meios de pagamentos sob responsabilidade do Banco Central,
Base Monetária
❑ Papel-moeda emitido =
Mais
❑ Reservas bancárias (voluntários e compulsórios)
❑ Base monetária. A base monetária, conceito restrito, B, é dada pelo passivo monetário das autoridades monetárias. Este
conceito, após as reformas introduzidas no sistema monetário brasileiro em 1986 e em 1994, é constituído por três
parcelas. A primeira é o papel-moeda em poder do público, PMP; a segunda, o papel-moeda em caixa das instituições
identificadas como bancos criadores de moeda, PM BC; a terceira são as reservas desses bancos junto ao Banco Central.
Temos, assim:
B = PMP + PMBC + DBCAM
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❑ Segunda. Participação dos depósitos à vista do público no conjunto de instituições simplificadamente identificado como
bancos comerciais em relação ao total dos meios de pagamento.
𝑃
DPBC = d MP ; ou 𝐷𝐵𝐶
𝑑=
𝑀𝑃
Cabe assinalar que a soma dessas duas proporções é necessariamente igual a um. Assim:
c+d=1
❑ Terceira. Significa a parcela dos depósitos à vista mantida em caixa. É dada por:
PMBC = r1 DPBC ; ou 𝑃𝑀 𝐵𝐶
𝑟1 = 𝑃
𝐷𝐵𝐶
A maior ou menor magnitude de r1 é função de decisões do sistema bancário. Taxas mais elevadas significam políticas
operacionais mais cautelosas, no que se refere à manutenção de encaixes técnicos.
❑ Quarta. Proporção das reservas bancárias junto ao Banco Central. Estas são preponderantemente dadas pelos
recolhimentos compulsórios sobre depósitos a vista, mas também incluem, embora em proporção menor, depósitos
voluntários dos bancos comerciais. É expressa por:
𝐵𝐶 𝑃 𝐵𝐶
𝐷𝐴𝑀 = 𝑟2 𝐷𝐵𝐶 ; ou 𝐷𝐴𝑀
𝑟2 = 𝑃
𝐷𝐵𝐶
Quando o Banco Central eleva as exigências de depósitos compulsórios, as reservas expressas por r2 tendem a expandir-se.
Trata-se, em geral, de uma das mais significativas variáveis determinantes do multiplicador dos meios de pagamento. Reduções
nas taxas dos depósitos compulsórios tendem a ampliar o efeito multiplicador da moeda escritural, ampliando-se, para uma
mesma base monetária, a oferta convencional de moeda.
Partindo das definições e das relações de comportamento dadas, podemos então deduzir a expressão do multiplicador dos
meios de pagamento no Brasil, K, posterior às reformas introduzidas no sistema monetário em 1986 e em 1994. Por definição, K
é expresso por:
K = MP = M1
B B
Substituindo pelas definições atuais, temos:
K = PMP + DPBC______________
PMP + PMBC + DBCAM
Procedendo à substituição de cada uma das categorias incluídas nas definições de meios de pagamento e de base monetária
pelas correspondentes relações de comportamento, temos:
K= PMP + DPBC
CMP + r1 DPBC + r2DPBC
K = c MP + d MP
c MP + r1 d MP + r2 d MP
𝟏 𝑀1
𝒌= =
𝒄 + 𝒅 (𝒓𝟏 + 𝒓𝟐 ) 𝐵
Esta é a expressão que se encontra no Boletim do Banco Central do Brasil, editado mensalmente, e que indica o multiplicador
dos meios de pagamento do Brasil, para os conceitos restritos de oferta monetária (M1) e de base monetária (B).
A expressão indica que, quanto maiores forem as reservas bancárias (encaixes técnicos mantidos pelos bancos criadores de
moeda e seus depósitos compulsórios e voluntários do Banco Central), menor deverá ser, para iguais relações de
comportamento referente à composição dos meios de pagamento, o multiplicador da moeda escritural. Quanto às relações de
comportamento, cabe notar que maiores parcelas dos meios de pagamento mantidas em poder do público sob a forma de
papel-moeda implicam, mantidas inalteradas as demais variáveis, menor magnitude do efeito multiplicador.
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