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RESUMO – PRIMEIRO BIMESTRE

Direito Constitucional I

1) Conceito: Constituição, lato sensu, é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar, ou, ainda, o
modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação.
Juridicamente, é um conjunto de normas (regras e princípios) supremos do ordenamento jurídico de um
país.

2) Concepções:

a) Social: a soma dos fatores reais de poder que emanam da população (F. Lassale);

b) Política: uma decisão política fundamental do povo – posição decisionista. (C. Shimitt);

c) Jurídica: a Lei mais importante do ordenamento jurídico – sistema de normas. (H. Kelsen).

Kelsen observa dois planos para a constituição: 1° Plano Abstrato – Norma Hipotética Abstrata
Fundamental; 2° Plano: Norma Positivada (concretização do primeiro plano)

3) Objetivo: A constituição limita o poder, organiza o Estado e define direito e garantias


fundamentais.

4) Relevância: A constituição se faz necessária porque é a partir de sua perspectiva axiológica que o
ordenamento infraconstitucional se sedimenta para disciplinar e resguardar os bens jurídicos. Toda a
extensão da CF engloba as demais leis que com ela devem ser compatíveis, pois se não forem serão
“expulsas” do conjunto de leis como sendo inconstitucionais. A Constituição diz quem é o povo, como
este exerce sua cidadania e nos dá, também, os direitos fundamentais e as diretrizes de como será o
governo do Estado.

5) Informações importantes:

a) Povo: um aglomerado de pessoas quando estas estruturam um Estado;


b) População: um aglomerado de pessoas que vivem em determinadas regiões;
c) Cidadão: aquele que participa da vida política do Estado;
d) Antinomia: conflito entre normas;
e) Formação do Estado: Federado, República, Presidencialista (Art. 1°)
f) Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário (Art. 2°)
6) Mutação da Constituição

A norma hipotética fundamental é mutável enquanto a norma positivada fundamental é permanente.


Porém, deve-se permitir que a Constituição seja atualizada, e isso é feito dentro de uma metodologia
solene através de emendas constituições pelos representantes do povo no Congresso Nacional, sendo
que até mesmo o STF tem sua participação na atualização da CF nas formas comparativas.

7) Classificação das Constituições

7.1 Quanto ao conteúdo:

a) Material: possui apenas matéria constitucional em um ou mais documentos. (estrutura do Estado,


organiza o Estado, direitos e garantias constitucionais, controle de constitucionalidade, etc.)

b) Formal: aquela que além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. (Art. 242, §2°)

7.2 Quanto à forma:

a) Escrita: é um documento solene. (todas as constituições brasileiras foram escritas)

b) Costumeira: fruto dos costumes da sociedade. (Constituição da Inglaterra)

7.3 Quanto ao modo de elaboração:

a) Dogmática: fruto de um trabalho legislativo específico, reflete os dogmas de um momento da história.


(todas as constituições brasileiras foram dogmáticas);

b) Histórica: fruto de uma lenta evolução histórica. (Constituição da Inglaterra)

7.4 Quanto à origem:

a) Promulgada: democrática, feita pelos representantes do povo. (1891 (Const. de Rui Barbosa); 1934
(Getúlio); 1946 (Dutra); 1988 (Cidadã));

b) Outorgada: imposta ao povo pelo governante. (1824 (D. Pedro I); 1937 (Getúlio Vargas); 1967
(Militares));

c) Cesarista: aquela que é feita pelo governante e submetida à apreciação do povo mediante referendo.

d) Pactuada ou Dualista: aquela que é fruto do acordo entre duas forças políticas de um país. (Magna
harta Libertatum de 1215 da Inglaterra – Rei João Sem Terra – John Lackland e os Barões Ingleses);
7.5 Quanto à extensão:

a) Sintética: constituição resumida, concisa. (Constituição dos Estados Unidos - 1777);

b) Analista: extensa, prolixa. (Constituição brasileira);

7.6 Quanto ao conteúdo:

a) Garantia: apenas prevê os direitos fundamentais.

b) Dirigente: além de prever os direitos fundamentais, também fixa as metas estatais. (Art. 3° CF)

7.7 Quanto à estabilidade, mutabilidade, consistência ou alterabilidade:

a) Imutável: não pode ser alterada/modificada;

b) Rígida: possui um procedimento mais rigoroso de alteração, constituição difícil de ser alterada. (Art.
60, § 2°); Além disso, a CF possui um conjunto de matérias que não podem ser suprimidas (Cláusulas
Pétreas – Art 60, § 4°);

c) Flexível: fácil de mudar, aquela que possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras
leis;

d) Semi-rígida ou semi-flexível: aquela em que parte dela é rígida e parte dela é flexível.

8) Fenômenos: mutação constitucional

Uma nova constituição muda totalmente o Estado. No Brasil é permitido apenas o aproveitamento
ideológico da constituição anterior.

a)Desconstitucionalização: as normas continuam válidas, porém sob o status de legislação


infraconstitucional. (Fenômeno não aceito pelo direito brasileiro).

b) Repristinação Constitucional: Lei que revoga lei revogadora restaura os efeitos da lei revogada. (só é
admitida ser for de forma expressa)

c) Recepção Constitucional: A constituição recebe normas infraconstitucionais pertencentes ao


ordenamento anterior. (Exemplos: CLT, Código Penal, etc);
9) Normas Constitucionais de Eficácia

Eficácia é o poder que tem as normas e atos jurídicos para consequente produção de seus efeitos
jurídicos próprios. No sábio entendimento do professor José Afonso da Silva “a eficácia jurídica da
norma designa a qualidade de produzir, em maior ou menor grau, efeitos jurídicos ao regular, desde
logo, as situações, relações e comportamentos nela indicados”.

a) Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: São Intangíveis. Concentram um poder paralisante na


Constituição. Cláusulas Pétreas (Art. 60, § 4°).

b) Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Produzem a plenitude de seus efeitos, independentemente


de complementação infraconstitucional. Prozem efeito jurídico desde a entrada em vigor da
Constituição (Art. 2°, Art. 4°, Art. 17, Art. 19, Art. 20, etc.)

c) Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Tem a plenitude dos efeitos mas alcance restrito, isto é,
produzem imediatamente os efeitos, mas preveem meios normativos que as integram e as limitam
(Exemplos: Art. 5°, LVII, que determina que ninguém será culpado até o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória);

c) Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: aquelas que não produzem com simples entrada em
vigor da Constituição, todos os seus efeitos. Programática: veiculam programas implementados pelo
Estado (Art. 196; Art. 205; Art. 215); Institutivas: possuem esquemas gerais de estruturação de
instituições (Art. 18 § 2°; Art. 22, parágrafo único; Art. 25, § 3°).

10) Princípios Constitucionais

São ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de normas.

a) Princípio da Unidade: A Constituição deve ser interpretada de forma integrada.

b) Princípio da Conformidade Constitucional: o STF não pode alterar a repartição de funções


constitucionalmente estabelecida pelo constituinte originário, como é o caso da separação dos poderes,
no sentido da preservação do Estado de Direito.

c) Princípio da Concordância Prática: Ponderação, para a aplicação simultânea e compatibilizada de


normas. (Na prática observa-se a atenuação de uma delas) ;

d) Princípio da Interpretação da Constituição sem redução de texto: é a adequação da norma à princípio


incompatível com a Constituição reduzindo o alcance valorativo.

e) Princípio da Interpretação da Constituição com redução de texto: é a adequação da norma à princípio


incompatível com a Constituição a partir da exclusão do texto que está incompatível.

e) Princípio da Igualdade: Todos os cidadãos tem direito de tratamento idêntico pela lei.
e) Princípio da Legalidade: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei. (Art. 5°, II)

f) Princípio da Reserva Legal: mais restrito que o da Legalidade, estabelece que não haverá crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, estamos diante de uma matéria reservada
à lei formal. (Art. 5°, XXXIX)

11) Poder Constituinte

Poder que elabora as normas constitucionais. A assembleia nacional constituinte é que elaborou a atual
constituição. Este poder pode ser:

a) Originário: é o poder capaz de estabelecer uma nova ordem constitucional: inicial, autônomo e
incondicionado;

b) Derivado: é o poder que deriva do poder originário: derivado, subordinado e condicionado. Este
poder é dividido em três: Reformador (reforma a constituição através de emendas); Decorrente (poder
dado aos estados membros elaborarem suas constituições – autogoverno, autoadministração e auto
avaliação); e Revisor (revisa a CF adequando-a a realidade da sociedade). Possui limites expressos:
formais (consagram o procedimento especial para realização de reformas constitucionais),
circunstanciais (impedem reformas em períodos conturbados), materiais (visam impedir reformas
contrárias ao conteúdo de determinados assuntos). Além disso, há os limites implícitos.

12) Preâmbulo Constitucional

Conjunto de enunciados formulados pelo constituinte originário (promulgação, origem, justificativa,


objetos, valores e ideais).

13) Fundamentos da República

Estão dispostos no Art. 1° da CF e são os seguintes: soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana,
os valores sociais e livre iniciativa e o pluralismo político.
14) Objetivos da República

Estão dispostos no Art. 3° da CF e são os seguintes: Sociedade livre, justa e solidária; Garantir o
desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalidade e promover o bem de todos.

15) Princípios Constitucionais internacionais da República

Estão dispostos no Art. 4° da CF e são os seguintes: Independência, autodeterminação dos povos, não
intervenção, repúdio ao terrorismo e ao racismo e asilo político.

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