Texto extraído do livro
expresso.4
INTRODUÇÃO À ARQUITETURA
James C. Snyder e Anthony Catanese
Ed. Campus Ltda - Rio de Janeiro – 1984
CONCEITOS E PROJETO ARQUITETÔNICO
A formulação de conceitos não é uma
atividade automática. É necessário um esforço
concentrado para desenvolver um conceito
que integre apropriadamente coisas que antes
nunca eram postas juntas. Reunir coisas é um
ato criativo, ato que projetistas, arquitetos,
críticos, artistas, músicos e escritores
identificaram como sendo 10% inspiração ou
gênio e 90% trabalho duro. A formulação de
conceito é uma atividade não familiar à
maioria das pessoas, e os estudantes de
arquitetura têm tanta dificuldade em dominá-la
como a outros aspectos do projeto. Três
problemas bloqueiam o desenvolvimento da
habilidade de conceituar. O primeiro bloqueio
tem a ver com problemas de comunicação; o
segundo com a inexperiência; e o terceiro com
problemas de gerar hierarquias.
O primeiro problema que o estudante encontra
é a comunicação. Surpreendentemente, o
problema mais difícil de comunicação não
está em explicar nossos conceitos aos outros,
mas em explicar nossas idéias a nós mesmos.
Os projetistas aprendem a desenvolver um
diálogo com suas próprias mentes como um
prelúdio a explicar idéias aos outros. Outro
problema de comunicação que influencia a
formulação de conceitos é a comunicação
gráfica. Ironicamente, muitos estudantes são
hesitantes em desenhar esquemas como
parte de seu processo de desenvolver
conceitos. Em arquitetura tudo o que tiver que
ser construído tem que ser desenhado, e os
desenhos são metade dos documentos do
contrato de construção. O processo de
esboçar deve começar cedo, de maneira que
a proposta e seu conceito possam ser
continuamente
criticados e melhorados.
Louis Kahn conta uma anedota que sugere
que o problema de comunicação entre o
edifício imaginado e seus primeiros esboços é
um problema universal dos estudantes:
Um jovem arquiteto veio fazer uma pergunta: “Eu sonho
com espaços cheios de maravilhas — de espaços que
sobem e evoluem fluidamente, sem princípio nem fim —
de um material sem emendas, branco e ouro... Por que é
que, quando eu ponho a primeira linha no papel para
capturar o sonho, ele some?... Esta é uma boa pergunta...
É uma pergunta sobre o mensurável e o
incomensurável ... Para se expressar em música ou em
arquitetura, tem-se que ,empregar os meios mensuráveis
da composição ou do projeto. A primeira linha no papel já
é uma medida do que não pode ser plenamente
A segunda área problema da não-
familiarização, é uma extensão da primeira.
Os conceitos são difíceis de inventar se eles
constituem um aspecto não-familiar da
arquitetura. Como muitos edifícios são
construídos sem o benefício de um conceito, e
como a maioria dos críticos e muitos
arquitetos evitam escrever sobre eles, é
relativamente fácil para o projetista iniciante
não ter ambições por conceitos e nenhuma
compreensão para o papel que representam
no projeto de construção.
A terceira área problema pode ser simplificada
como o problema de identificar hierarquias
apropriadas. Isso é um problema
especialmente para o estudante iniciante, que,
por falta de experiência, tem dificuldade de
decidir se uma idéia é um conceito brilhante
ou péssimo. O arquiteto precisa ser capaz de
fazer julgamentos com discernimento. Uma
compreensão do relacionamento entre idéias,
noções e conceitos pode ajudar a resolver
todos os três problemas.
Idéias
Idéias são pensamentos específicos,
concretos, que temos como resultado de uma
compreensão, uma visão interior ou uma
observação. Em arquitetura temos idéias
sobre muitas coisas, inclusive maneiras de
orientar um edifício, a locaIização de uma
cozinha, a melhor maneira de tirar benefícios
da ventilação natural, o valor da conservação
da energia, a importância dos materiais
duráveis, as transições de formas, a melhor
maneira de desenvolver uma seqüência
espacial etc. Os edifícios e o projeto de
construção são compostos de muitas
pequenas decisões, e é importante
desenvolver habilidade em gerar idéias e
conceitos que respondam à ampla variedade
de tópicos que surgem.
Frank Lloyd Wright é um bom exemplo de
arquiteto que teve muitas idéias sobre como
as coisas deveriam ser feitas. Em seu livro
Wright’s Usonian Houses, John Stewart
reproduz um artigo de House and Home (uma
revista basicamente para construtores) que
identificava 35 idéias que Wright teve sobre
projeto e construção de pequenas casas. Do
mesmo modo, Christopher Alexander e seus
colegas em A Pattern Language identificaram
mais de 1.000 idéias, principalmente acerca
do comportamento humano e reações ao
meio ambiente, que eles chamam de padrões.
Essas estão coletadas como uma “Biblia de
idéias” para os projetistas de edificações.
Nem as idéias listadas por Wright nem os
padrões de Alexander estão unificados.
Enquanto Wright mostra como suas idéias
podiam ir juntas em seus edifícios completos,
as idéias são oferecidas como palavras
isoladas e não são ligadas umas às outras.
Em cada caso as ligações conceituais são
deixadas ao projetista individual ou construtor.
Noções
Noções são muito semelhantes a idéias,
exceto que há uma conotação de serem
randômicas. Noções são idéias que se
presumem insubstanciais, não-
consubstanciadas ou muitas vezes triviais
quando testadas contra outras idéias.
Contudo, há sempre a possibilidade de haver
uma importante semente de verdade
escondida mesmo numa observação
superficial. Dada essa definição de noção,
pode-se esperar que as noções não tenham
qualquer papel a desempenhar na formulação
de conceitos. Esse não é o caso. Um dos
princípios básicos de resolver problemas
cientificamente, ou sinética, como Gordon o
chama, é a geração randômica de idéias.5
Quando se está lutando com um problema
que esteja escapando à resolução, qualquer
idéia ou noção pode conter o germe da
solução. Sinética, e outras técnicas de
geração de idéias, depende da capacidade de
um pequeno grupo de gerar muitas idéias —
algumas delas aparentemente absurdas,
irrelevantes ou tipo noções — como o passo
inicial e crítico num processo dirigido para
resolver o problema.
Em arquitetura, um conceito apropriado para
um projeto pode resistir permanentemente a
articular, e pode ser necessário inventar
noções como um passo para formular um
conceito apropriado, tanto como uma técnica-
chave para arrombar a muralha conceitual,
como um resultado necessário da
inexperiência no projeto e na formulação de
conceitos. Os estudantes podem esperar que
estejam inventando noções, quando
desejariam estar inventando conceitos.
Conceitos e Idéias
Conceitos são semelhantes a idéias, já que
são pensamentos específicos que temos
como resultado de uma compreensão, exceto
que um conceito tem esta característica
particular: é um pensamento que se refere à
maneira como vários elementos ou
características podem ser combinados numa
coisa única. Em arquitetura, um conceito
também identifica como vários aspectos dos
requisitos de um edifício podem ser reunidos
num pensamento especifico que influencie
diretamente o projeto e sua configuração. Um
conceito em arquitetura é uma coisa
ambiciosa, o resultado de um esforço
concentrado e imaginativo para juntar coisas
aparentemente dissimilares.
Dois arquitetos americanos associados com
conceitos são Eero Saarinen e Edward
Larrabee Barnes. Saarinen alertou:
O caráter ou expressão de qualquer edifício só pode ser
realizado se for em si mesmo uma expressão total. Como
qualquer trabalho de arte, precisa ser dominado por um
conceito forte e simples. Todas as suas partes devem ser
parte ativa de uma atitude dominante. Isso é verdadeiro,
quer os elementos e decisões iniciais sejam grandes,
como planta e sistemas estruturais, ou tardios, como
cores interiores e maçanetas de portas. Esse desafio de
fazer de um edifício uma expressão total me parece o
maior e o mais difícil. Mas é aquele que, penso, mais nos
deve preocupar.’
Barnes sugere uma opinião semelhante:
Há uma unidade essencial em cada trabalho. Nas
melhores soluções há uma forte idéia central envolvendo
atividade. Pode ser estática ou móvel, mas tem que ver
com o ser humano no espaço.7
Cenários Conceituais
Considerando que os requisitos de um edifício
podem chegar às centenas, suplementados
por requisitos adicionais e objetivos que os
próprios arquitetos incorporam, torna-se
evidente que estabelecer um simples conceito
que interligue todos os elementos pode ser
tanto ambicioso quanto fugaz. Os arquitetos,
em seus escritos e suas aulas sobre os
conceitos por trás de seus projetos,
freqüentemente oferecem curtos ensaios ou
cenários que amarram todos os fatores
importantes e idéias que influenciaram sua
solução.
Conquanto o objetivo de desenvolver um
conceito apropriado a um projeto seja integrar
as várias partes num todo unificado, um
projetista espera que o edifício final seja uma
afirmação integrada dos vários conceitos. O
nome dessa estratégia de projeto baseada em
conceitos de partes individuais é
incrementalismo. Uma atitude incremental de
projeto sugere que a arquitetura vem de
resolver pontos individuais de acordo com
suas próprias necessidades, e não da
pesquisa por conceitos globais.
Uma outra estratégia para resolver esse
dilema é o arquiteto ser menos exigente sobre
quanto um conceito deve incluir. Saarinen,
embora conhecido por seu entusiasmo em
usar conceitos, tipicamente gerou apenas
afirmações conceituais muito gerais com seus
edifícios. Ele identificou, por exemplo, a
seguinte imagem conceitual para a sede
mundial da John Deere Company. Conquanto
ofereça algumas informações sobre as
intenções por trás do projeto, não nos ajuda a
responder outras questões arquitetônicas
básicas sobre por que o edifício está dividido
em partes ou por que está a cavaleiro de um
vale.
Deere and Company é uma companhia de maquinaria de
fazenda bem-estabelecida e de sucesso, orgulhosa de
sua localização no cinturão de fazendas do meio-oeste.
Maquinaria de fazenda não é de metal polido e elegante,
mas de ferro forjado e aço em formatos grandes, fortes e
funcionais. O caráter próprio de seu escritório não deve,
semelhantemente, ser um edifício de traços finos,
precisos, de vidros brilhantes, nem de metal polido, mas
sim um edifício ousado e direto, usando metal de uma
maneira básica e forte.8
Saarinen muitas vezes desenvolveu conceitos
para um ou dois pontos de um projeto,
deixando o desenvolvimento de outros
aspectos do projeto para as circunstâncias. A
estratégia de desenvolver apenas afirmações
conceituais mais genéricas pertence também
ao método das Belas-Artes de desenvolver
um parti inicial e achar maneira de levar essa
idéia pelo resto do projeto.
O cenário conceitual expande a afirmação do
conceito, tornando-o um pequeno ensaio que
inclui mais do que um ponto principal e
identifica mais do que um conjunto de
imagens visuais para o projeto. O cenário
conceitual pode ser usado para identificar
como todas as idéias e pontos importantes
que poderiam ser deixados de fora numa
afirmação conceitual mais breve podem ser
incluídos numa declaração mais longa. Os
três seguintes trechos de longos cenários de
arquitetos de diferentes estilos de construção
mostram um interesse comum em conceitos.
A discussão de Wright do Templo da Unidade
é tão inventiva e excitante agora como quando
foi escrita durante a primeira década deste
século (XX). O cenário de Kevin Roche foi
oferecido como parte de uma entrevista
acerca de seu trabalho no Edifício da
Fundação Ford, e a declaração de Barnes é a
respeito de seu projeto do Centro de Artes
Walker, em Minneapolis. Frank Lloyd Wright:
Por que não, então, construir um templo, não para DEUS
dessa maneira —mais sentimental do que de sentido —,
mas construir um templo para o homem, apropriado a seu
uso como ponto de encontro, no qual se estudasse o
próprio homem, pelo amor de seu Deus? Uma casa de
encontros moderna e um lugar de divertimento.
Construa-se uma bela SALA proporcionada para esse fim.
Façam-na bonita, nesse sentido simples. Um edifício
natural para o Homem natural
Aquela SALA: começou a existir naquela mesma noite.
Penetra no domínio das idéias arquitetônicas. A primeira
idéia — manter em mente uma SALA nobre e deixar que
a sala dê forma a todo o edifício, deixar que a sala dentro
seja a arquitetura de fora.’
Kevin Roche:
Estamos procurando criar um sentido de comunidade...
Numa organização o problema do objetivo comum é
crítico. Um grupo de pessoas despende horas de trabalho
dedicadas a algum propósito ... Digamos que são de fato
pessoas preocupadas em dar uma contribuição ao mundo
em que vivem. Dentro da Fundação Ford elas são parte
de um instrumento que tem muito dinheiro que pode, se
bem dirigido, ser uma contribuição bastante substancial a
muitas áreas. Assim, façamos a hipótese de que estamos
lidando com pessoas dedicadas que saíram de seu
caminho para pertencer àquela organização. Não se trata,
para elas, apenas de um outro emprego.
Agora, temos 300 pessoas com esse objetivo comum. E
realmente muito importante, nesse tipo de comunidade,
que cada qual tenha consciência do outro, para que seus
objetivos comum se somem...
Estamos construindo uma casa para eles. Um dos
objetivos principais é estimular o sentido de comunidade,
e começamos com a proposição de que esse não é
apenas um outro edifício de escritórios, mas um animal
inteiramente novo.10
Edward Larrabee Barnes:
Estamos procurando criar uma arquitetura que não
compita com a arte — para colocar as prioridades na
ordem certa. Queremos que o visitante se lembre de
pinturas no espaço, esculturas contra o céu e um sentido
de fluxo contínuo.
É o fluxo, mais do que forma, que nos interessa. A
seqüência de espaços deve ser sedutora. Precisa haver
um senso sutil de ir em alguma direção, como um rio. Ao
mesmo tempo a arquitetura deve ser relativamente sem
acontecimentos e anônima. A idéia geradora por trás do
projetou o pleno helicoidal que dá o fluxo seqüencial da
entrada ao teto, quer subindo ou descendo. Ao mesmo
tempo é possível o acesso direto às galerias individuais
usando o elevador ou as escadas centrais. Esse sistema
de circulação é a armadura do edifício. 11
Um cenário conceitual como os dos excertos
acima é o produto de um processo
evolucionário, e, conquanto os próprios
conceitos sejam muitas vezes o produto de
lampejos de visão interior, os exemplos
citados representam as versões finais de um
processo que passou por uma série de
estágios de desenvolvimento e clarificação.
Embora partes de cada cenário possam ter
sido claramente estabelecidas desde o início,
o cenário usa as visões interiores ganhas
durante o processo de projeto para amarrá-las
juntas.
Um exemplo prático de um processo de
projeto baseado no desenvolvimento
incremental de um cenário é o processo
charette de projeto. Uma charette (nas
escolas de arquitetura) é um empurrão de
último minuto durante um projeto para ter tudo
feito a tempo. Deriva da palavra francesa para
carro, como aqueles nos quais os estudantes
de arquitetura do século dezenove
carregavam seus projetos a um ponto central
para avaliação, muitas vezes terminando-os
durante a viagem. É também uma técnica
usada por profissionais para envolver vários
indivíduos e organizações duma comunidade
diretamente no planejamento, programação
ou projeto de um empreendimento. Um
projeto comunitário charette implica uma
sessão maratona de trabalho que comprime
as tomadas de decisão em poucos dias.
Vários grupos de interesses, freqüentemente
competidores, participam da formulação da
idéia e do conceito. O papel do projetista
profissional é coordenar e estimular a
participação e a apresentação de sugestões
pelos participantes. Durante uma sessão
maratona, o profissional encoraja um jorro de
idéias inicial de todos os grupos interessados
e a seguir dirige a discussão de maneira que
os pontos importantes sejam identificados.
Finalmente dirige a discussão para
estabelecer prioridades. Um chefe ajuda a
resolver conflitos aparentes e dirige o grupo
para tomar decisões ou compromissos.
HIERARQUIA DE CONCEITOS
Uma compreensão da relação hierárquica
entre noção, idéia, conceito e cenário
conceitual torna-se a fundação para
desenvolver um processo de gerar conceitos
apropriados para a construção. A seqüência é
ordenada assim: noção, idéia, conceito e
cenário. Isso é baseado num padrão de
crescente complexidade, propriedade, e
profundidade de pensamento. Nos primeiros
estágios de um projeto, as idéias têm uma boa
chance de se tornarem noções, especialmente
se as mentes estiverem abertas aos
pensamentos inovadores, fora do comum e
imaginativos que possam ajudar a resolver
requisitos programáticos e de projeto único ou
difícil. A partir de algum ponto os arquitetos se
tornam mais informados e familiarizados com
o projeto e começam a identificar algumas
noções como mais importantes e mais
apropriadas do que outras. Finalmente
similaridades, interações potenciais e os
agrupamentos de idéias se tornam aparentes.
Essas observações criam a base a partir da
qual se desenvolve um argumento sustentado
para fazer coisas.
Propriedade e Autocrítica
O problema de escolher uma forma
apropriada de conceito — sejam metáforas,
analogias ou cenários — é menos importante
do que uma autocrítica aplicada a esses
conceitos enquanto estão sendo formulados.
A pergunta-chave no diálogo crítico ainda é
“Essa idéia é apropriada para O projeto?”
Tanto o conceito quanto a solução devem, no
fim, ser apropriados e integrados com os
problemas e atividades do edifício. Uma outra
variação interessante da questão de
propriedade é se os conceitos são
necessários e apropriados ou não para todos
os tipos de edifícios. Serão eles apropriados
para alguns tipos de edifícios e não para
outros? Tanto os arquitetos como os críticos
têm argüido que nem todos os edifícios são
“esculturalmente” importantes ou edifícios de
“frente”, que alguns edifícios merecem ser
edifícios “de fundos”. George Baird, um
arquiteto de Toronto, responde que os
conceitos são tão importantes para os
edifícios de fundos como o são para os
edifícios de frente. Ele trabalhou em projetos
modestos em que a busca de conceitos era
crítica para trazer intensidade e ordem
bastantes ao prédio para torná-lo de boa
arquitetura. Seu conceito para um acréscimo
a uma casa muito pequena, por exemplo, foi
manter a intimidade e o sentido de lar para a
casa existente enquanto se lhe duplicava o
tamanho, reforçando o sentido de lar na
proposta.
CINCO TIPOS DE CONCEITOS
Há cinco tipos de conceitos: analogias
(olhando para outras coisas), metáforas
(olhando para abstrações), essências
(olhando para além das necessidades
programáticas), conceitos programáticos
(olhando para os requisitos declarados) e
ideais (olhando para valores universais).
Analogias
Das cinco categorias, as analogias são
provavelmente os dispositivos mais
freqüentemente usados para formular
conceitos. As analogias identificam relações
possíveis e literais entre coisas. Uma coisa é
identificada como tendo todas as
características desejadas e assim se torna um
modelo para o projeto em mãos. Até o
surgimento do movimento moderno, na
primeira metade do século vinte, tanto os
clientes quanto os arquitetos supunham que
todas as grandes arquiteturas do mundo já
haviam sido construídas. A tarefa do arquiteto
era reconhecer qual edifício existente era o
modelo apropriado para o prédio novo que
estava sendo projetado. Num certo momento
julgou-se que o gótico era o modelo
apropriado para igrejas e universidades; o
dórico grego era o modelo apropriado para os
bancos; e a Basílica de S. Pedro era o modelo
apropriado para os Capitólios, desde
Washington, D.C., até Madison, Wisconsin.
Algumas analogias parecem ocorrer mais do
que outras. Uma das mais freqüentes é a rua
da aldeia, ou uma rua de comércio coberta,
como a Galleria de Milão. Um exemplo
recente foi o uso por Diamond e Meyers de
uma rua de aldeia com a Galleria como uma
analogia para o projeto de um edifício para a
Universidade de Alberta, em Edmonton, que
combina uma república de estudantes com
casas para estudantes casados. Os
apartamentos são localizados ao longo de
uma rua interior com um domo curvo e luz do
dia similares aos da Galleria de Milão. Ao
desenvolver esse projeto, os arquitetos
estavam preocupados com a validade básica
e como desenvolver e levar a analogia avante.
Um exemplo de refinamento da analogia
original está no desenvolvimento de janelas
de painéis que abrem para a rua. Os
arquitetos notaram que a vista de perspectiva
da rua, num projeto anterior, não se
comparava com a vitalidade e o colorido de
outras ruas que já tinham visto. Lembravam
pitorescas imagens de cordas de roupas nas
janelas, mas esse esquema particular não
tinha aquela agitação amiga. Para introduzir
aquela vitalidade visual projetaram e
desenvolveram janelas especiais para os
quartos que abriam para a rua. As janelas
eram painéis sólidos de cores vivas, e não de
vidro, e ficavam abertas para prover melhor
ventilação e vista das atividades da rua
embaixo. As cores de. painéis e os. posters
nelas. fixados. derem e vitalidade visual que
os arquitetos procuravam.
Um outro exemplo do uso de analogia direta
em que um edifício parece uma imagem
apropriada para um outro projeto é Treetops,
David Glasser, de Marquis, Stoller e Glasser,
na ilha de Hilton Head, Carolina do Sul. Nesse
exemplo, o sistema de circulação de corredor
e ponte na área de armazéns de Savannah,
Georgia, foi identificado como tendo
características que resolveriam uma variedade
de problemas de localização e circulação. O
sistema de corredor parecia aplicável ao novo
projeto, embora o projeto Treetops fosse um
lugar plano e a atividade fosse residencial, e
não de armazéns.
As analogias não têm que se relacionar com
outros edifícios específicos. Kahn, discutindo
o conceito por trás do Edifício Richards de
Pesquisas Médicas da Universidade da
Pennsylvania, fez várias analogias. Falou
sobre a necessidade de os pesquisadores se
comunicarem e compartilhar suas idéias.
Assim, ele desenvolveu uma analogia entre
um edifício de pesquisas e uma comunidade
onde as pessoas pudessem se ver e
tomassem consciência das atividades dentro
do edifício. Esse conceito é muito similar ao
de Roche para o Edifício da Fundação Ford.
Kahn observou que os pesquisadores
médicos no campus da Universidade da
Pennsylvania ficavam inadequadamente
espalhados por todo o campus da escola de
medicina. Sua segunda analogia e conceito se
desenvolveram em torno de uma auto-
imagem apropriada para os pesquisadores.
Kahn assemelhou as atividades e o
pensamento imaginativo dos pesquisadores
em seus laboratórios às dos artistas em seus
estúdios. A imagem conceitual de Kahn para
as instalações de pesquisas médicas era uma
comunidade de estúdios de artistas cheia de
pesquisadores criativos.
Meu Edifício de Pesquisa Médica na Universidade da
Pensylvania incorpora esta percepção de que os
laboratórios científicos são, em essência, estúdios... Este
projeto, resultado da consideração da unicidade a ser
feita de seus espaços e de seus requisitos de serviços,
expressa o caráter do laboratório de pesquisas. 12
Kahn talvez tenha desenvolvido uma analogia
inspirada e apropriada para o seu conceito de
edifício, mas, de acordo com alguns relatórios,
o edifício — conquanto apregoado por alguns
como a estrutura mais importante dos anos 60
— é de uso difícil para os pesquisadores. Os
pesquisadores não parecem enamorar-se do
conceito de uma comunidade de cientistas, ou
de sua acessibilidade visual um para o outro;
muitos preferiram correr as cortinas por
privacidade e para controlar o calor recebido
do sol. Também não parecem inspirar-se com
a idéia de que seus espaços de pesquisa são
estúdios de artistas com duas paredes de
janela para entrar claridade. Eles precisam de
paredes nas quais pendurar seus
equipamentos experimentais e não precisam
do tipo da luz de que precisa o artista.
Contudo, o edifício tem algumas realizações
importantes.
Jonas Salk visitou edifícios de pesquisas
pelos Estados Unidos como parte do processo
de selecionar um arquiteto para o seu novo
edifício de pesquisas. Estudou o Edifício
Richards, observou-o em uso, falou com seus
usuários e estudou seus problemas. A
despeito de suas desvantagens, esse edifício
foi a única instalação das que ele visitou que
procurou incluir o ponto filosófico da
criatividade, e ele escolheu Kahn para fazer o
Instituto Salk de San Diego.
Metáforas e Símiles
Como as analogias, as metáforas identificam
correlações entre coisas. Contudo, as
relações são mais abstratas do que literais.
Símiles são metáforas que usam as palavras
“como” ou “ao modo de” para exprimir uma
correlação. Metáforas e símiles identificam
possíveis padrões de relacionamento paralelo,
enquanto as analogias identificam possíveis
relações literais.
Charles Moore, numa discussão de seus
interesses, sugeriu que gosta que os edifícios
sejam como geodos. Ele desenvolveu essa
metáfora num breve cenário:
Na Ilha de São Simão, na Georgia, os condomínios
praianos fazem algo em resposta a essa (como um
geodo) imagem. É aparentemente uma velha plantação
da Georgia, mas imensa, por fora; por dentro, é uma orgia
de paredes de cores vivas e decorativas, cercando um
espaço interior.’3
O geodo é uma metáfora conceitual que
sugere como o edifício pode ter duas imagens
simultâneas. Quando visto de fora o edifício
pode ter uma imagem que se combinaria com
a da vizinhança. Poderia ter uma imagem
interna diferente, como um ambiente de
entretenimento, de teatro e dramático, como
convém a um balneário. Outros exemplos de
metáforas incluem a provocativa lista de
definições e explicações de vários aspectos
da arquitetura de Gio Ponti; Sua definição de
arquitetura é um símile:“A arquitetura é como
um cristal”. Outras metáforas incluídas em seu
livro In Praise of Architecture incluem: “O
obelisco é um enigma”, “A fonte é•uma voz”,
“O quarto é um mundo”, “A porta é um
convite”, “A colunata é um coro”, “A casa é um
sonho
Essências
Essências destilam e concentram aspectos de
pontos mais complexos em declarações
tersas e explícitas. A essência faz conotações
de visões interiores dos aspectos mais críticos
e intrínsecos daquilo que está sendo
analisado. Uma declaração da essência de
alguma coisa pode também ser o resultado de
descobrir e identificar as raízes de um ponto.
Stanford Anderson escreveu a respeitQ e
citou os interesses de Kahn nas essências e
seu uso de metáforas.
Kahn se preocupe com a forma, o que são as coisas, com
essências, com elementos e suas articulações. “Eu penso
na natureza de alguma coisa, vejo a emergência de qual
espécie de instituição seria.., cada edifício... respondendo
a uma inspiração a que ele serve, e o ambiente de
espaços que expressam O lugar de um homem e o de
outro. É quase o primeiro dever de um arquiteto, poder-
se-ia dizer, tomar um programa e traduzir suas áreas
programas em espaços, de maneira que o lobby se torne
uma área de entrada, o corredor se transforme numa
galeria e o orçamento se torne uma economia.”15
Os projetistas desenvolveram vários métodos
de pesquisar a essência de um projeto e para
transformá-lo em declarações de conceitos. A
pesquisa é para identificar idéias que
amarrem juntas as várias partes de um prédio
e, como Kahn sugeriu, que permita ao
projetista dominar as circunstâncias de cada
projeto e realizar o que for realmente
importante realizar. Um método pragmático de
identificar a essência de um projeto é analisar
o programe e identificar uma hierarquia de
pontos para o projeto. A hipótese é que as
coisas mais importantes sejam as mais
essenciais. Essa busca pode ser uma análise
do programa ou pode ser uma análise gráfica,
na qual o projeto é diagramado de diferentes
maneiras.
Dando ênfase às essências e raízes vai-se
contra o outro maior enfoque filosófico da
criatividade e arquitetura popular deste século
(XX). Essa filosofia se baseia na idéia de que
cada arquiteto individual tem uma contribuição
inovativa única a fazer. Arquitetos desde
Frank Lloyd Wright e Eero Saarinen
valorizaram essa crença, como o fez Walter
Gropius, um dos fundadores da Bauhaus.
A preferência geral por usar precedentes —
sejam históricos, sejam recentes — em vez de
fontes vernáculas só tornou a ganhar
respeitabilidade depois do surgimento de
Kahn como um criador de formas nos anos
60. Kahn identificou sem embaraços a
arquitetura da Roma antiga e o trabalho de Le
Corbusier como suas maiores inspirações.
Embora nem sempre cândido sobre suas
fontes contemporâneas, Kahn sugeriu
modestamente, no meio do projeto da
biblioteca para a Academia Philips Exeter, que
a Biblíoteca da Escola de Medicina de
Harvard, por Hugh Stubbins, era uma ‘‘ótima
biblioteca”. Uma comparação entre os planos
e os espaços interiores mostram uma notável
semelhança.
O trabalho de John Portman de Atlanta ilustra
uma outra versão da busca das essências. Os
edifícios mais famosos de Portman são os
hotéis, com espaços interiores dramáticos e
inovativos. Como conceitos, eles integram
imagem, interesse, função e, sempre que
possível, plano para projeto urbano da cidade
em que se situam. A prova de que eles
captam a essência de um hotel é sua
popularidade. Os saguões principais de
múltiplos andares, especialmente em San
Francisco, são essencialmente lugares
públicos que tanto pertencem à cidade como
ao hotel. A compreensão de Portman daquilo
que interessa e provoca as pessoas
desenvolveu-se em seu detalhamento,
especialmente em
seus elevadores que são decorados com
pequenas lâmpadas e rasgados em janelas
para uma vista do espaço dramático. Uma
outra compreensão foi sua preferência por
construir arquitetura que inclua decoração,
coisa que tem faltado a quase todas as
estruturas do século vinte. Julgando pelo
papel que representam no sucesso desses
edifícios, a decoração é um elemento
essencial numa arquitetura admirada pelo
público em geral.
Uma outra espécie de essência que os
arquitetos buscam é aquela que podem
exprimir no projeto de seus edifícios. Eero
Saarinen interpretou o desafio conceitual no
Terminal da TINA, no Aeroporto Internacional
Kennedy, como sendo a expressão de
movimento e viagem i idéia básica que
poderia unir o projeto inteiro. De acordo com
Saarinen:
O desafio do Terminal da Trans World Airways era duplo.
Um, criar dentro do complexo de terminais que constitui
Idlewild (hoje Kennedy Internacional) um edifício para a
TWA que fosse distinto e memorável ... Dois, projetar um
edifício em que a própria arquitetura exprimisse o drama,
o caráter especial e a emoção de viajar. Assim, quisemos
que a arquitetura revelasse o terminal, não como um local
estático e fechado, mas como um lugar de movimento e
transição ... O fato de que para alguns parecesse um
pássaro em vôo foi realmente coincidência. Essa foi a
última coisa em que jamais pensamos. Agora isso não
quer dizer que uma pessoa não possa vê-lo dessa
maneira ou explicá-lo ao leigo com esses termos,
principalmente porque os leigos são em geral mais
propensos ao literal do que ao visual.16
Em contraste com esses pensamentos
filosóficos sobre essências e expressão, outro
método pragmático e diagramático de
descobrir essências foi sugerido por Lars
Lerup. Sua técnica combina analogias e
essências. Dado um certo problema de projeto
para resolver, ele começava por identificar
lugares famosos que tivessem aspectos
característicos combinantes com os do seu
problema de projeto. Retratos de vários
lugares famosos eram escolhidos e cada um
deveria ter pelo menos algum aspecto que
fosse altamente desejável para sua própria
solução. Em seguida Lerup analisava cada
retrato em uma série de passos. Primeiro, ele
redesenhava a imagem. Em seguida, fazia-lhe
um trabalho de edição para ressaltar as
características mais salientes. As
características eram depois abstraídas numa
hipótese sobre a importante lição de projeto a
ser obtida do conjunto original. Essa hipótese
era combinada com outras, destiladas de
outras fotografias. A coleção de hipóteses era
então utilizada para focalizar e dirigir a síntese
e o projeto da proposta real.
Símbolos são um subconjunto da categoria
das essências. Os símbolos implicam que as
essências podem ser caracterizadas em
formas e imagens específicas que o público
pode entender. Por que, afinal, haveria de
alguém procurar manipular o projeto de um
edifício para simbolizar aquilo que não fosse
importante, crítico ou essencial? Em
arquitetura, símbolos são imagens que
evocam respostas automáticas a um jogo de
estímulos, comumente visuais. Assim, os
símbolos têm que ver com as expectativas.
Muitos tipos de edifícios podem ser projetados
para satisfazer expectativas. O edifício pode
ser tanto o lugar para uma atividade como a
imagem que simboliza aquela atividade.
Respostas Diretas e Soluções de Problema
Nem todos os conceitos capturam a essência
de um projeto, nem simbolizam as funções de
todas as atividades do edifício. Os conceitos
podem ser desenvolvidos em torno de
assuntos mais pragmáticos muitas vezes
explicitamente identificados no programa de
construção. Conquanto muitos arquitetos se
orgulhem de sua capacidade de resolver os
problemas do cliente, somente uns poucos
realmente conseguem fazer com que um
enfoque pragmático pareça inspirado, e
muitos projetistas inadvertidamente evitam
trabalhar no problema que têm em mãos,
enquanto procuram ser criativos.
Gio Obata, discutindo sua proposta para o
Museu do Ar e do Espaço em Washington,
D.C., identificou a importância de saber que
tipos de problemas atacar em grandes
projetos. Isso é especialmente importante
quando o aspecto econômico for crucial e os
aumentos de custos somente por causa da
inflação podem matar um programa se não for
projetado rapidamente. A maior área
problema que foi identificada no Museu do Ar
e do Espaço era circulação e orientação para
um número muito grande de visitantes. O
conceito que se desenvolveu em resposta foi
uma rua em dois níveis que ligasse uma série
de salas fechadas para exposição de temas.
Três saguões abertos de múltiplos andares
foram localizados a intervalos ao longo da rua,
tanto para mostrar as atrações principais
como para entreter o visitante que se move de
uma sala de exposição de tema para outra.
Os visitantes do edifício escolhem a ordem de
ver as mostras, pois a coleção é muito grande
para poder ser vista de uma só vez. O
conceito de um padrão de circulação de dois
níveis em forma de rua e que dispersaria o
público para todas as várias salas de temas
foi testado nos poucos primeiros meses de
uso. De fato, mais do dobro do número
projetado de pessoas visitou o museu em seu
primeiro ano. Sem um conceito claro de
circulação como ponto de partida, todo o
edifício teria sido menos útil e teria criado
desnecessária frustração aos milhões de
usuários.
Ideais
Em contraste com as categorias de conceito
anteriores, que sugerem que o arquiteto olhe
para dentro do problema ou para um
problema similar para descobrir conceitos
apropriados, os conceitos ideais são aqueles Há cinco tipos de conceitos: analogias ou
que os arquitetos trazem aos problemas. Se relações literais, metáforas e relações
os arquitetos trouxerem o conceito certo para abstratas, essências ou aspectos intrínsecos,
o projeto, são elogiados como gênios. Se sua respostas pragmáticas ou programáticas, e
escolha for inadequada, torna-se um ideais ou valores externos.
preconceito e sua competência básica é posta Mais importante, a busca pelos conceitos
em dúvida. Conceitos ideais representam a adequados e sua aplicação projeto
maior aspiração e objetivos do arquiteto. arquitetônico ajudam a fazer boa arquitetura.
Um arquiteto pode trazer, por exemplo, a cada
projeto uma série de conceitos ideais sobre
como conservar energia em prédios. Esses
conceitos podem incluir compartimentalização,
zoneamento de acordo com a necessidade de
calor, desenvolvendo fundos de edifícios sem
janelas e que possam ser virados para o lado
dos ventos frios, usando paredes em ângulo
para funcionarem como coletores de calor e
projetando o sistema para ser todo auto-
suficiente.
Um outro exemplo de potencial de ideais para
influenciar conceitos é ilustrado pelo trabalho
de Mies Van der Rohe. Mies desenvolveu o
conceito de um edifício ideal baseado em
largos espaços, abertos, sem divisórias, que
chamou de “espaço universal”. Mies os
considerou basicamente apropriados para
cada projeto seu. Repúblicas de estudantes,
bibliotecas, escolas e escritórios foram
considerados como funcionando melhor em
versões do espaço universal.
Os ideais podem ter efeitos positivos, e se os
arquitetos não os tiverem como referências e
para usar ao formular o conceito e
desenvolver seus projetos, sua tarefa ficaria
mais difícil. Suas experiências anteriores e
seus conhecimentos seriam inúteis e cada
projeto teria que começar do princípio. Isso
não ajudaria nem ao cliente nem ao arquiteto.
Os arquitetos que são flexíveis e que se
sintam à vontade para enfatizar diferentes
ideais ira projetos diferentes levam vantagem
ao oferecer serviços a seus clientes.

SUMÁRIO

Noções, idéias, conceitos e cenários formam

um continuum (de crescentes complexidade,
adequação e profundidade de pensamento)
que se pode tornar numa base importante
para o projeto arquitetônico. Os conceitos
integram os vários elementos de um projeto
em um todo coerente e permitem que o
arquiteto dirija seus recursos para os aspectos
mais importantes do projeto. Os cenários
conceituais integram um número de conceitos
aplicáveis e são usados para comunicar as
idéias a si mesmo e aos entes.
Evidentemente, a adequação do conceito ou
do cenário é crucial provém de um processo
de autocrítica.