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CURSO ONE

Aluno(a): Matrícula:

Data: Turma: Bimestre:

Professor(a): Disciplina: Nota:

Simulado Específico de Linguagens - 01 30/07/2020


LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
INGLÊS
Questão 1 Ing (ENEM PPL) d discussões acerca da legislação para a comercialização de
Monks embrace web to reach recruits telefones.
Stew Milne for The New York Times e dúvidas dos usuários em relação ao manuseio de novos
aparelhos.
The Benedictine monks at the Portsmouth Abbey in Portsmouth
have a problem. They are aging and their numbers have fallen to Questão 3 Ing (ENEM PPL)
12, from a peak of about 24 in 1969. So the monks have taken to Which skin colour are you? The human swatch chart that confronts
the Internet with an elaborate ad campaign featuring videos, a blog racism
and even a Gregorian chant ringtone. “If this is the way the
younger generation are looking things up and are communicating, In 1933, in a book called The Masters and the Slaves, the
then this is the place to be”, said Abbot Caedmon Holmes, who has Brazilian anthropologist Gilberto Freyre wrote: “Every Brazilian,
been in charge of the abbey since 2007. That place is far from the even the light-skinned, fair-haired one, carries about him on his
solitary lives that some may think monks live. In fact, in this age of soul, when not on soul and body alike, the shadow, or at least the
social media, the monks have embraced what may be the most birthmark, of the aborigine or the negro.” This was forefront in the
popular form of public self-expression: a Facebook page, where mind of the French artist Pierre David when he moved to Brazil in
they have uploaded photos and video testimonials. Some monks 2009. “When I was in the streets, I could see so many skin
will even write blogs. colours”, he says. He decided to make a human colour chart, like
MILNE, S. Disponível em: www.nytimes.com. Acesso em: 19 jun. one you would find in the paint section of B&Q shop, but showing
2012 (adaptado). the gradations and shades of our skin colour. The project, called
Nuancier or “swatches”, was first shown at the Museu de Arte
A internet costuma ser um veículo de comunicação associado às Moderna in Salvador – Bahia, and is now on show in his native
camadas mais jovens da população, embora não exclusivamente a France. “Brazil has a better attitude to skin colour than other
elas. Segundo o texto, a razão que levou os religiosos a fazerem developed nations”, he says. “There's no doubt, because the
uma campanha publicitária na internet foi o(a) concept of skin colour difference was recognised very early in their
history. Now, it even appears on identity documents.”
a busca por novos interessados pela vida religiosa de monge.
Yet Nuancier, David says, is still a critique of racism, in Brazil and
b baixo custo e a facilidade de acesso dos monges à rede. around the world. “This work may seem provocative – to classify
c desejo de diminuir a solidão vivida pelos monges na abadia. men by colour, to industrially produce the colour of an individual so
d necessidade dos monges de se expressarem publicamente. it can be store-bought. But this is a demonstration of the
commodification of bodies. It denounces racism anywhere it is
e divulgação de fotos pessoais dos monges no Facebook.
found in the world.”
Questão 2 Ing (ENEM PPL) SEYMOUR, T. Disponível em: www.theguardian.com. Acesso em:
Most people today have a mobile phone. In fact, many people 21 out. 2015 (adaptado).
can't imagine how they ever got along without a portable phone.
However, many people also complain about cell phone users. O artista francês Pierre David, ao evidenciar seu encantamento
People complain about other people loudly discussing personal com a diversidade de cores de peles no Brasil, no projeto
matters in public places. They complain when cell phones ring in Nuancier, também
movie theaters and concert halls. They complain about people a desencadeia um estudo sobre a atitude dos brasileiros com
driving too slow, and not paying attention to where they are going base na análise de características raciais.
because they are talking on a cell phone. And they complain about b denuncia a discriminação social gerada com a distinção de
people walking around talking to people who aren't there. cores na população de Salvador.
Whenever a new communications technology becomes popular, it c destaca a mistura racial como elemento-chave no impedimento
changes the way society is organized. Society has to invent rules para a ascensão social.
for the polite way to use the new devices. Our social etiquette, our
d provoca uma reflexão crítica em relação à classificação e à
rules of politeness for cell phones, is still evolving.
mercantilização das raças.
Disponível em: www.indianchild.com. Acesso em: 28 fev. 2012
(adaptado). e elabora um produto com base na variedade de cores de pele
para uso comercial.
O uso de celulares em lugares públicos tem sido prática corrente. Questão 4 Ing (ENEM LIBRAS)
O texto aponta que essa prática tem gerado Turn Off Your TV!
a anseios por recursos para ampliar os benefícios dos
AUGUST 17, 2011
dispositivos.
b reclamações sobre a falta de normas no comportamento dos By Alice Park
usuários.
c questionamentos a respeito da dependência constante dessa Sitting in front of the television may be relaxing, but spending too
tecnologia. much time in front of the tube may take years off your life.
That’s what Australian researchers found when they collected
TV viewing information from more than 11,000 people older than
25. The study found that people who watched an average six hours Here are some simple tips to help you improve your study
of TV a day lived an average 4.8 years less than those who didn’t habits:
watch any television. Also, every hour of TV that participants Have a routine for where and when you study.
watched after age 25 was associated with a 22-minute reduction in Decide in advance what you’ll study, choosing reasonable and
their life expectancy. specific goals that you can accomplish
PARK, A. Disponível em: www.timeforkids.com. Acesso em: 5 dez. Do things that are harder or require more intense thought earlier
2012. in the day.
Take breaks so that you stay fresh and don’t waste time by
A televisão faz parte da vida diária de boa parte das pessoas em looking at material but not absorbing it.
todo o mundo. Make use of “dead” time right before and after class and during
breaks between other activities.
O texto, cujo título traz um conselho ao leitor, centra-se em Disponível em: www.education.com. Acesso em: 27 jun. 2012.
a promover um grupo de pesquisadores que desenvolvem novas
TVs. Desenvolver as próprias estratégias de estudo pode ajudar
estudantes a obter melhores resultados.
b apresentar estatística do número de TVs nos lares
australianos.
Com o propósito de auxiliá-los nessa tarefa, o texto lista dicas de
c recomendar a TV como forma de relaxamento para maiores de hábitos de estudo que compreendem
25.
a evitar estudar matérias difíceis no início do dia.
d divulgar pesquisa que associa o uso da televisão à
longevidade. b estudar para provas com bastante antecedência.
e informar que assistir TV causa mais prejuízos em jovens c rever conteúdos várias vezes até a sua apreensão.
adultos. d definir o que estudar com metas possíveis de alcançar.
Questão 5 Ing (ENEM LIBRAS) e aprender a separar os momentos de estudo dos de lazer.
Develop Good Study Habits Early On
ESPANHOL
Questão 1 Esp (ENEM PPL) cubana en su territorio y me despido de ti, de los compañeros, de
Con una chacra de Portezuelo como escenario, algunos tu pueblo que ya es mío.
dirigentes frentistas se reunieron para evaluar el estado de la CHE GUEVARA. Disponível em: www.centroche.co.cu. Acesso
coalición de gobierno y discutir estrategias para las elecciones del em: 21 fev. 2012.
año próximo. Ministros de Estado, legisladores y sindicalistas
departieron allí sobre alineamientos electorales dentro del Frente No fragmento da carta que escreveu a Fidel Castro antes de
Amplio. Los acompañó en la ocasión el rector de la Universidad de deixar Cuba, Che Guevara
la República, Rodrigo Arocena, un funcionario que por su a associa sua aceitação da morte a um convite que recebeu de
investidura debería mostrar menos la hilacha y cuidarse de Fidel Castro.
aparecer vinculado a confabulaciones y maniobras de política b questiona se o triunfo de um processo revolucionário exige
partidaria. conflito armado.
Disponível em: http://historico.elpais.com.uy. Acesso em: 20 nov. c comenta o abalo que os dois sentiram diante da possibilidade
2013. de morrer em combate.
d destaca que os conflitos dramáticos são esquecidos com o
No texto do jornal uruguaio, o autor utiliza a expressão idiomática
passar do tempo.
mostrar menos la hilacha para sugerir que o reitor da universidade
deve e salienta as imprudências que resultaram na morte de muitos
companheiros.
a ser menos ingênuo. b evitar se perder em ilações.
c agir de modo menos prepotente. Questão 4 Esp (ENEM LIBRAS)
d ter mais zelo com os arranjos políticos. Familia de constructores y mecenas
e privar-se de expor suas tendências ideológicas. La inauguración del Museo Universidad de Navarra, que desde
Questão 2 Esp (ENEM PPL) hoy y durante un mes mantendrá una política de puertas abiertas,
Eduardo Galeano se enmarca de forma indisoluble en el recuerdo de una de las
1976 manifestaciones que, hace 42 años, cambiaron la relación de
Libertad España con el arte moderno y las vanguardias: los Encuentros de
Pájaros prohibidos Pamplona de 1972. Auspiciados (y costeados) por los Huarte, la
misma familia de constructores y coleccionistas de arte que ahora
Los presos políticos uruguayos no pueden hablar sin permiso, han impulsado el nuevo museo por medio de María Josefa Huarte,
silbar, sonreír, cantar, caminar rápido ni saludar a otro preso. los Encuentros llevaron a la España franquista del 72 — y en
Tampoco pueden dibujar ni recibir dibujos de mujeres concreto a la Pamplona gris y adormecida del 72 — cosas como la
embarazadas, parejas, mariposas, estrellas ni pájaros. música de John Cage, el nuevo Arte Vasco, las locuras del Equipo
Didaskó Pérez, maestro de escuela, torturado y preso por tener Crónica o directamente la ignominia de unas carpas hinchables de
ideas ideológicas, recibe un domingo la visita de su hija Milay, de colores frente a la fachada del mismísimo Gobierno Militar.
cinco años. La hija le trae un dibujo de pájaros. Los censores se lo Casi nadie daba crédito de lo que allí ocurría: en pleno
rompen en la entrada a la cárcel. tardofranquismo, melenudos sedientos de caña cultural alternaban
El domingo siguiente, Milay le trae un dibujo de árboles. Los con señoronas del régimen en los espectáculos y exposiciones.
árboles no están prohibidos, y el domingo pasa. Didashkó le elogia Estallaron dos bombas. El Partido Conmunista trató de evitar que
la obra y le pregunta por los circulitos de colores que aparecen en los Encuentros se celebrasen porque justificaban, de algún modo,
la celebración de la cultura en un país que no la permitía. Los
la copa de los árboles, muchos pequeños círculos entre las ramas:
Huarte, empresarios navarros de la construcción, coleccionistas,
— ¿Son naranjas? ¿qué frutas son?
La niña lo hace callar: mecenas y productores de cine de vanguardia, se convirtieron en
eso, en vanguardistas y propiciaron una de las manifestaciones
— Ssssshhhh.
más estrafalarias, necesarias y, a la postre, decisivas de cara al
Y en secreto le explica:
— Bobo, ¿no ves que son ojos? Los ojos de los pájaros que te futuro cultural de un país.
Disponível em: http://cultura.elpais.com. Acesso em: 23 jan. 2015.
traje a escondidas.
GALEANO, E. Memoria del fuego III. El siglo del viento. Madrid:
Siglo Veintiuno de España, 1986. De acordo com o texto, a inauguração do Museo Universidad de
Navarra rememora um momento significativo da história da
Espanha, quando
A narrativa desse conto, que tem como pano de fundo a ditadura
militar uruguaia, revela a a reuniões comunistas movimentaram um espaço artístico.
a desvinculação social dos presos políticos. b encontros artísticos construíram um espaço democrático.
b condição precária dos presídios uruguaios. c acontecimentos políticos permitiram uma mudança social.
c perspicácia da criança ao burlar a censura. d celebrações culturais questionaram um governo autoritário.
d falta de sensibilidade no trato com as crianças. e manifestações vanguardistas propiciaram um futuro cultural.
e dificuldade de comunicação entre os presos políticos. Questão 5 Esp (ENEM LIBRAS)
Questão 3 Esp (ENEM LIBRAS)
Carta de despedida a Fidel (abril de 1965)

Me recuerdo en esta hora de muchas cosas, de cuando te


conocí en casa de María Antonia, de cuando me propusiste venir,
de toda la tensión de los preparativos. Un día pasaron
preguntando a quien se debía avisar en caso de muerte y la
posibilidad real del hecho nos golpeó a todos. Después supimos
que era cierto, que en una revolución se triunfa o se muere (si es
verdadera). Muchos compañeros quedaron a lo largo del camino
hacia la victoria. Hoy todo tiene un tono menos dramático porque
somos más maduros, pero el hecho se repite. Siento que he
cumplido la parte de mi deber que me ataba a la Revolución
A imagem da televisão, aliada ao conteúdo verbal no anúncio, tem
a função de
a promover a venda de aparelhos de LCD e o descarte de
televisores considerados obsoletos.
b incentivar a compra de um produto sem o qual o aparelho de
LCD será subutilizado.
c contrastar as características de aparelhos de televisão novos e
antigos.
d destacar a alta tecnologia empregada nos aparelhos de LCD.
e demonstrar a superioridade dos aparelhos de LCD sobre os
televisores convencionais.
ARTE
Questão 6 (ENEM PPL)
Em suas produções, nem o olho nem o ouvido são capazes de
encontrar um ponto fixo no qual se concentrarem. O espectador
das peças de Foreman é bombardeado por uma multiplicidade de
eventos visuais e auditivos. No nível visual, há contínuas
mudanças da forma geométrica do palco, mesmo dentro de um
ato. A iluminação também muda continuamente; suas
transformações podem ocorrer com lentidão ou rapidez e podem
afetar o palco e a plateia: os espectadores podem de súbito se ver
banhados de luz quando os canhões são voltados para eles sem
aviso. Quanto ao som, tudo é gravado: buzinas de carros, sirenes,
apitos, trechos de jazz, bem como o próprio diálogo. O roteiro é
fragmentado, composto de frases curtas, aforísticas,
desconectadas.
DURAND, R. In: CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às
teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1992 (adaptado).

A descrição, que referencia o Teatro Ontológico-Histérico do


dramaturgo estadunidense Richard Foreman, representa uma
forma de fazer teatro marcada pela
a subversão aos elementos tradicionais da narrativa teatral.
b visão idealizada do mundo na construção de uma narrativa
onírica.
c representação da vida real, aproximando-se de uma verdade
histórica.
d adaptação aos novos valores da burguesia frequentadora de
espaços teatrais.
Uma das funções da obra de arte é representar o contexto
e valorização espetacular do ideal humano, retomando o
sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade
princípio do Classicismo grego.
do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o
Questão 7 (ENEM PPL) processo de modernização pela
Para que a passagem da produção ininterrupta de novidade a a verticalização do espaço. b desconstrução da forma.
seu consumo seja feita continuamente, há necessidade de c sobreposição de elementos. d valorização da natureza.
mecanismos, de engrenagens.
e abstração do tema.
Uma espécie de grande máquina industrial, incitante, tentacular,
entra em ação. Mas bem depressa a simples lei da oferta e da Questão 9 (ENEM PPL)
procura segundo as necessidades não vale mais: é preciso excitar TEXTO
a demanda, excitar o acontecimento, provocá-lo, espicaçá-lo,
fabricá-lo, pois a modernidade se alimenta disso.
CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo:
Martins Fontes, 2005 (adaptado).

No contexto da arte contemporânea, o texto da autora Anne


Cauquelin reflete ações que explicitam
a métodos utilizados pelo mercado de arte.
b investimentos realizados por mecenas.
c interesses do consumidor de arte.
d práticas cotidianas do artista. e fomentos públicos à cultura.

Questão 8 (ENEM PPL)

TEXTO
Os artistas, liberados do peso da história, ficavam livres para
fazer arte da maneira que desejassem ou mesmo sem nenhuma
finalidade. Essa é a marca da arte contemporânea, e não é para
menos que, em contraste com o Modernismo, não existe essa
coisa de estilo contemporâneo.
DANTO, A. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites
da história. São Paulo: Odysseus, 2006.

A obra de Ernesto Neto revela a liberdade de criação abordada no


texto ao
a destacar o papel da arte na valorização da sustentabilidade.
b romper com a estrutura dos referenciais estéticos
contemporâneos.
c envolver o espectador ao promover sua interação com a obra.
d reproduzir no espaço da galeria um fragmento da realidade.
e utilizar a linearidade de estilos artísticos anteriores.
Questão 10 (ENEM PPL) a fotografia é realista na captação da sensação do movimento.
TEXTO I
b pintura explora os sentimentos do artista e não tem um caráter
científico.
c fotógrafo faz um estudo sobre os movimentos e consegue
captar a essência da sua representação.
d pintor representa de forma equivocada as patas dos cavalos,
confundindo nossa noção de realidade.
e pintura inverte a lógica comumente aceita de que a fotografia
faz um registro objetivo e fidedigno da realidade.

TEXTO II

TEXTO III
A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a
ciência para captar o devir e a fluidez do mundo, pois o artista não
quer manipular, mas sim “habitar” as coisas. O famoso artista
francês Rodin, no seu livro L’Art (A Arte, 1911), comenta que a
técnica de fotografia em série, mostrando todos os momentos do
galope de um cavalo em diversos quadros, apesar de seu grande
realismo, não é capaz de capturar o movimento. O corpo do
animal é fotografado em diferentes posições, mas ele não parece
estar galopando: “na imagem científica [fotográfica], o tempo é
suspenso bruscamente”.
Para Rodin, um pintor é capaz, em única cena, de nos transmitir
a experiência de ver um cavalo de corrida, e isso porque ele
representa o animal em um movimento ambíguo, em que os
membros traseiros e dianteiros parecem estar em instantes
diferentes. Rodin diz que essa exposição talvez seja logicamente
inconcebível, mas é paradoxalmente muito mais adequada à
maneira como o movimento se dá: “o artista é verdadeiro e a
fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para”.
FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2004.

Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado


por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de
perceber a relação entre a arte e a técnica, porque o(a)
LITERATURA
Questão 11 (ENEM PPL) Canindé, em São Paulo, com seus três filhos
O farrista Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no
exterior — você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem
Quando o almirante Cabral amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo sido
Pôs as patas no Brasil escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu a sua
O anjo da guarda dos índios atualidade.
Estava passeando em Paris. JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São
Quando ele voltou de viagem Paulo: Ática, 2007.
O holandês já está aqui.
O anjo respira alegre: Identifica-se como objetivo do fragmento extraído da quarta capa
“Não faz mal, isto é boa gente, do livro Quarto de despejo
Vou arejar outra vez.” a retomar trechos da obra. b resumir o enredo da obra.
O anjo transpôs a barra, c destacar a biografia da autora.
Diz adeus a Pernambuco, d analisar a linguagem da autora.
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim e convencer o interlocutor a ler a obra.
Mas deu um vento no anjo,
Questão 14 (ENEM PPL)
Ele perdeu a memória...
Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de
E não voltou nunca mais.
Guaraciaba, e lhe ressoavam n'alma como um hino celestial. Ela
MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir aquele
1992.
altivo e indômito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais
submisso e mavioso amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: -
A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo,
ltajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os favos da
cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu
jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o
lírico que
coração como a flor que estremece ao bafejo perfumado das
a configura um ideal de nacionalidade pela integração regional. brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que te
b remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta. consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus
c repercute as manifestações do sincretismo religioso. lábios não o tenham revelado. Aflor, mesmo nas trevas, se trai
pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os
d descreve a gênese da formação do povo brasileiro.
rochedos, se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso.
e promove inovações no repertório linguístico. Desde os primeiros momentos tu viste meu coração abrir-se para
ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol.
Questão 12 (ENEM PPL) GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em:
O mundo revivido www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
Sobre esta casa e as árvores que o tempo O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética
esqueceu de levar. Sobre o curral romântica. Entre as marcas textuais que evidenciam a filiação a
de pedra e paz e de outras vacas tristes esse movimento literário está em destaque a
chorando a lua e a noite sem bezerros.
a referência a elementos da natureza local.
Sobre a parede larga deste açude b exaltação de Itajiba como nobre guerreiro.
onde outras cobras verdes se arrastavam, c cumplicidade entre o narrador e a paisagem.
e pondo o sol nos seus olhos parados d representação idealizada do cenário descrito.
iam colhendo sua safra de sapos.
e expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.
Sob as constelações do sul que a noite
Questão 15 (ENEM PPL)
armava e desarmava: as Três Marias,
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o
o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo.
firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de
repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor?
Sobre este mundo revivido em vão,
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na
a lembrança de primos, de cavalos,
sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez
de silêncio perdido para sempre.
informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita
DOBAL, H. A província deserta. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.
coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a
verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os
No processo de reconstituição do tempo vivido, o eu lírico projeta
noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha
um conjunto de imagens cujo lirismo se fundamenta no
parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a
a inventário das memórias evocadas afetivamente. acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de
b reflexo da saudade no desejo de voltar à infância. mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da
c sentimento de inadequação com o presente vivido. sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda
certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as
d ressentimento com as perdas materiais e humanas.
deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do
e lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos à cena. firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como
entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas
Questão 13 (ENEM LIBRAS) essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila,
Quarto de despejo não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha
Carolina Maria de Jesus parenta.
ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006
Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875.
este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarentas
cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem como " parenta " de Aurélia Camargo assimila práticas e
simples, mas contundente e original, a autora comove o leitor pelo convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois
realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu
e sentiu durante os anos em que morou na comunidade do
a o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao d o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da
retratar a condição feminina na sociedade brasileira da época. mulher, financeiramente independente
b o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no e o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados
enredo de seu romance. para a sociedade daquele período histórico.
c as características da sociedade em que Aurélia vivia são
remodeladas na imaginação do narrador romântico.
PORTUGUÊS
Questão 16 (ENEM PPL) macaco e quatro cabritos? E duzentos e vinte pombas? E um boi?
Como a percepção do tempo muda de acordo com a língua E vaca? E rinoceronte? — Rinoceronte não pode. — Tá bem, mas
cavalo pode, não pode? O sítio é apenas um terreno no estado do
Línguas diferentes descrevem o tempo de maneiras distintas — Rio sem maiores perspectivas imediatas. Mas o garoto precisa
e as palavras usadas para falar sobre ele moldam nossa acreditar no sítio como outras pessoas precisam acreditar no céu.
percepção de sua passagem. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a bicharada toda e
O estudo “Distorção temporal whorfiana: representando duração ele, que nasceu no Rio e vive nesta cidade sem animais.
por meio da ampulheta da língua”, publicado no jornal da APA CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas. São Paulo: Ática,
(Associação Americana de Psicologia), mostra que conceitos 1988.
abstratos, como a percepção da duração do tempo, não são
universais. Nessa crônica, a repetição de estruturas sintáticas, além de fazer
Os autores não só verificaram uma mudança da percepção o texto progredir, ainda contribui para a construção de seu sentido,
temporal conforme a língua falada como observaram que a a demarcando o diálogo desenvolvido entre o pai e o menino
transição de uma língua para outra por um mesmo indivíduo criado na cidade.
modificava sua estimativa de uma duração de tempo. Isso implica b opondo a cidade sem animais a um sítio habitado por várias
que visões diferentes de tempo convivem no cérebro de um espécies diferentes.
indivíduo bilíngue. c revelando a ansiedade do menino em relação aos bichos que
“O fato de que pessoas bilíngues transitam entre essas poderia ter em seu sítio.
diferentes formas de estimar o tempo sem esforço e
d pondo em foco os animais como temática central da história
inconscientemente se encaixa nas evidências crescentes que
narrada nessa prosa ficcional.
demonstram a facilidade com que a linguagem se entremeia
furtivamente em nossos sentidos mais básicos, incluindo nossas e indicando a falta de ânimo do pai, sem maiores perspectivas
emoções, percepção visual e, agora, ao que parece, nossa futuras em relação ao terreno.
sensação de tempo”, disse o pesquisador ao site Quartz. Questão 19 (ENEM PPL)
LIMA, J. D. Disponível em: www.nexojornal.com.br. Acesso em: 24
O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos
ago. 2017. buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As
pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e
O texto relata experiências e resultados de um estudo que
estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o
reconhece a importância tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os
a da compreensão do tempo pelo cérebro. macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme
b das pesquisas científicas sobre a cognição. todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as
c da teoria whorfiana para a área da linguagem. mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão
rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá.
d das linguagens e seus usos na vida das pessoas. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece
e do bilinguismo para o desenvolvimento intelectual. as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o
gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por
Questão 17 (ENEM PPL) socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-
19-11-1959 rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-
Eu a conheci da primeira vez em que estive aqui. Parece-me pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás,
que é esquizofrênica, caso crônico, doente há mais de vinte anos encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam
— não estou bem certa. Foi transferida para a Colônia Juliano dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com
Moreira e nunca mais a vi. [...] À tarde, quando ia lá, pedia-lhe pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no
para cantar a ária da Bohème, “Valsa da Musetta”. Dona corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um
Georgiana, recortada no meio do pátio, cantava — e era de doer o colchão velho. R
coração. As dementes, descalças e rasgadas, paravam em ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova
surpresa, rindo bonito em silêncio, os rostos transformados. Fronteira, 2016.
Outras, sentadas no chão úmido, avançavam as faces inundadas
de presença — elas que eram tão distantes. Os rostos fulgiam por Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no
instantes, irisados e indestrutíveis. Me deixava imóvel, as lágrimas contorno da paisagem dos sertões mineiros.
cegando-me. Dona Georgiana cantava: cheia de graça, os olhos
azuis sorrindo, aquele passado tão presente, ela que fora, ela que Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade
era, se elevando na limpidez das notas, minhas lágrimas descendo apoiada na
caladas, o pátio de mulheres existindo em dor e beleza. A beleza
a plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.
terrífica que Puccini não alcançou: uma mulher descalça, suja,
gasta, louca, e as notas saindo-lhe em tragicidade difícil e bela b dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.
demais — para existir fora de um hospício. c religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus
CANÇADO, M. L. Hospício é Deus. Belo Horizonte: Autêntica, costumes.
2015. d correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do
campo.
O diário da autora, como interna de hospital psiquiátrico, configura
e humanização da presa em contraste com o desdém e a
um registro singular, fundamentado por uma percepção que
ferocidade do homem.
a atenua a realidade do sofrimento por meio da música.
b redimensiona a essência humana tocada pela sensibilidade Questão 20 (ENEM PPL)
c evidencia os efeitos dos maus-tratos sobre a imagem feminina.
d transfigura o cotidiano da internação pelo poder de se
emocionar.
e aponta para a recuperação da saúde mental graças à atividade
artística.
Questão 18 (ENEM PPL)
Menino de cidade — Papai, você deixa eu ter um cachorro no
meu sítio? — Deixo. — E um porquinhoda-índia? E ariranha? E
No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes
linguagens, o cartum produz humor brincando com a
a caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de
comunicação específica.
b deterioração do conhecimento científico na sociedade
contemporânea.
c impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.
d dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.
e complexidade da reflexão presente no diálogo.

Questão 21 (ENEM PPL)


Eu gostaria de comentar brevemente as afinidades existentes
entre comunidade, comunicação e comunhão. Essas afinidades
começam no próprio radical das palavras em questão. Assim, se
nosso alvo são os atos de interação comunicativa, temos que
incluir em nosso objeto de estudo a ecologia dos atos de interação
comunicativa, que se dão no contexto da ecologia da interação
comunicativa. No entanto, não basta a proximidade espacial para
que a comunicação se dê, é necessário que os potenciais
interlocutores entrem em comunhão. Por fim, sem trocadilhos, a
comunicação ideal se dá no interior de uma comunidade, entre
indivíduos que entram em comunhão. TEXTO
COUTO, H. H. O Tao da linguagem. Campinas: Pontes, 2012.

O trecho integra um livro sobre os aspectos ecológicos envolvidos


na interação comunicativa.

Para convencer o leitor das afinidades entre comunidade,


comunicação e comunhão, o autor
a nega a força das comunidades interioranas.
b joga com a ambiguidade das palavras.
c parte de uma informação gramatical.
d recorre a argumentos emotivos. e apela para a religiosidade.

Questão 22 (ENEM PPL)


A máquina extraviada

Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e


finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre
sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, que está
entusiasmando todo o mundo. Desde que ela chegou — não me
lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas — quase
não temos falado em outra coisa; e da maneira que o povo aqui se
apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que O instrumento feito de lâminas metálicas e cabaça é comum a
ninguém tenha brigado ainda por causa dela, a não ser os manifestações musicais na África e no Brasil.
políticos. [...]
Já existe aqui um movimento para declarar a máquina Nos textos, apesar de figurarem em contextos geográficos
monumento municipal. [...] Dizem que a máquina já tem feito até separados pelo Oceano Atlântico e terem cerca de um século de
milagre, mas isso — aqui para nós — eu acho que é exagero de distanciamento temporal, a semelhança do instrumento demonstra
gente supersticiosa, e prefiro não ficar falando no assunto. Eu — e a
creio que também a grande maioria dos munícipes — não espero a vinculação desses instrumentos com a cultura dos negros
dela nada em particular; para mim basta que ela fique onde está, escravizados.
nos alegrando, nos inspirando, nos consolando.
VEIGA, J. J. A máquina extraviada: contos. Rio de Janeiro: b influência da cultura africana na construção da musicalidade
Civilização Brasileira, 1974. brasileira.
c condição de colônia europeia comum ao Brasil e grande parte
Qual procedimento composicional caracteriza a construção do da África.
texto? d escassez de variedade de instrumentos musicais relacionados
a As intervenções explicativas do narrador. à cultura africana.
b A descrição de uma situação hipotética. e importância de registros artísticos na difusão e manutenção de
uma tradição musical.
c As referências à crendice popular.
d A objetividade irônica do relato e As marcas de interlocução. Questão 24 (ENEM PPL)
Lembro, a propósito, uma cerimônia religiosa a que assisti na
Questão 23 (ENEM PPL) noite de Santo Antônio de 1975 quando presente a uma festa em
TEXTO honra do padroeiro. Ia a coisa assim bonita e simples, até que,
recitadas as cinco dezenas de ave-marias e os seus padre-
nossos, chegou a hora do remate com o canto da salve-rainha. O
capelão começou a entoar nesse instante hino à Virgem, em latim
“Salve Regina, mater misericordiae”, e, o que eu estranhei, foi
seguido de pronto sem qualquer hesitação pelos presentes.
Depois veio o espantoso para mim: a reza, também entoada, de
toda a extensa ladainha de Nossa Senhora igualmente em latim.
Eu olhava e não acabava de crer: aqueles caboclos que eu via
mourejando de serventes nas obras do bairro estavam agora ali
acaipirando lindamente a poesia medieval do responso.
BOSI, A. Dialética da colonização. São Paulo: Cia. das Letras,
1992.

O estranhamento do autor diante da cerimônia relaciona-se ao


encontro de temporalidades que
a questionam ritos católicos.
b evidenciam práticas ecumênicas.
c elitizam manifestações populares.
d valorizam conhecimentos escolares.
e revelam permanências culturais.

Questão 25 (ENEM PPL)


Você vende uma casa, depois de ter morado nela durante anos;
você a conhece necessariamente melhor do que qualquer
comprador possível. Mas a justiça é, então, informar o eventual
comprador acerca de qualquer defeito, aparente ou não, que A cadeirinha do tipo Isofix não é presa no cinto, mas em dois
possa existir nela, e mesmo, embora a lei não obrigue a tanto, pontos de apoio soldados à estrutura do carro. Há ainda um
acerca de algum problema com a vizinhança. E, sem dúvida, nem terceiro ponto, que pode ser de fixação superior (top tether), atrás
todos nós fazemos isso, nem sempre, nem completamente. do encosto. Cada garra de engate se encaixa num ponto de
Mas quem não vê que seria justo fazê-lo e que somos injustos fixação. Depois, é só apertar o botão para soltá-lo.
não o fazendo? A lei pode ordenar essa informação ou ignorar o CARVALHO, C. Disponível em: http://quatrorodas.abril.com.br.
problema, conforme os casos; mas a justiça sempre manda fazê- Acesso em: 22 ago. 2017 (adaptado).
lo.
Dir-se-á que seria difícil, com tais exigências, ou pouco Segundo o texto, a cadeira infantil do tipo Isofix tem por
vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde se viu a justiça ser característica
fácil ou vantajosa? Só o é para quem a recebe ou dela se a apresentar um esquema de fixação superior ao top tether
beneficia, e melhor para ele; mas só é uma virtude em quem a presente em projetos de carros no Brasil.
pratica ou a faz. b ficar presa no cinto e em mais dois pontos da estrutura de
Devemos então renunciar nosso próprio interesse? Claro que automóveis fabricados no Brasil.
não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e não o contrário. Senão? c ser mais segura e mais simples de usar que outros modelos
Senão, contente-se com ser rico e não tente ainda por cima ser disponíveis no Brasil.
justo.
COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes virtudes. d estar presente em todos os modelos de carros à venda no
São Paulo: Martins Fontes, 1995 Brasil.
e ser capaz de reduzir os acidentes em 23% no Brasil.
No processo de convencimento do leitor, o autor desse texto
defende a ideia de que Questão 27 (ENEM PPL)
As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das outras,
a o interesse do outro deve se sobrepor ao interesse pessoal. hostis e espectrais, desertas de vontades novas que as
b a atividade comercial lucrativa é incompatível com a justiça. humanizem, esquecidas já dos antigos homens lendários que as
c a criação de leis se pauta por princípios de justiça. povoaram e dominaram.
Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas cidades
d o impulso para a justiça é inerente ao homem.
decadentes, como uma doença aviltante e tenaz, que se aninhou
e a prática da justiça pressupõe o bem comum. para sempre em suas dobras. Não podendo matá-las de todo ou
arrancá-las de si e vencer, elas resignam-se e as ocultam com sua
Questão 26 (ENEM PPL) vegetação escura e densa, que lhes serve de coberta, e
A partir de 2018, a Resolução n. 518 do Contran obriga todo resguardam o seu sonho imperial de ferro e ouro.
novo projeto de automóvel, SUV e picape dupla a ter pontos de PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001.
ancoragem para cadeirinhas infantis. Em 2020, a regra passa a
valer para todos os modelos à venda no Brasil. As soluções de linguagem encontradas pelo narrador projetam
uma perspectiva lírica da paisagem contemplada.
Esse tipo de fixação possui travas na cadeirinha no formato de
garras que são encaixadas em um ponto fixo na estrutura do Essa projeção alinha-se ao poético na medida em que
veículo. O Isofix reduz o deslocamento do pescoço, ombros e
coluna cervical. a explora a identidade entre o homem e a natureza.
b reveste o inanimado de vitalidade e ressentimento.
Desde 2008, a Lei da Cadeirinha estabelece que bebês e c congela no tempo a prosperidade de antigas cidades.
crianças só podem ser transportados em assentos infantis
d destaca a estética das formas e das cores da paisagem.
indicados segundo a faixa etária e o peso. Como reflexo, as
mortes de menores de 10 anos caíram 23% no Brasil. e captura o sentido da ruína causada pela extração mineral.

Questão 28 (ENEM PPL)


O craque crespo

Desde que Neymar despontou no futebol, uma de suas marcas


registradas é o cabelo. Sempre com um visual novo a cada
campeonato. Mas nesses anos de carreira ainda faltava o ídolo
fazer uma aparição nos gramados com seu cabelo crespo natural,
que ele assumiu recentemente para a alegria e a autoestima dos
meninos cacheados que sonham ser craques um dia.

É difícil assumir os cachos e abandonar a ditadura do


alisamento em um mundo onde o cabelo liso é tido como o padrão
de beleza ideal. Quando conseguimos fazer a transição capilar,
esse gesto nos aproxima da nossa real identidade e nos mira a vantagem comum, quer de todos, quer dos melhores ou
empodera. Falo por experiência própria. Passei 30 anos usando daqueles que detêm o poder ou algo desse gênero; de modo que,
cabelos lisos e já nem me lembrava de como eram meus fios em certo sentido, chamamos justos aqueles atos que tendem a
naturais. Recuperar a textura crespa, para além do cuidado produzir e a preservar, para a sociedade política, a felicidade e os
estético, foi um ato político, de aceitação, de autorreconhecimento elementos que a compõem.
e de redescoberta da minha negritude. ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010
(adaptado).
O discurso dos fios naturais tem ganhado uma representação
cada vez mais positiva, valorizando a volta dos cachos sem cair no De acordo com o texto de Aristóteles, o legislador deve agir
estereótipo do “exótico”, muito comum no Brasil. O cabelo crespo, conforme a
definitivamente, não é uma moda passageira. Torço que para a moral e a vida privada. b virtude e os interesses públicos.
Neymar também não seja.
c utilidade e os critérios pragmáticos.
Alexandra Loras é ex-consulesa da França em São Paulo, d lógica e os princípios metafísicos.
empresária, consultora de empresas e autora de livros. e razão e as verdades transcendentes.
LORAS, A. O craque crespo. Disponível em:
http://diplomatique.org.br. Acesso em: 1 set. 2017. Questão 31 (ENEM PPL)
Cores do Brasil
Considerando os procedimentos argumentativos presentes nesse
texto, infere-se que o objetivo da autora é Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988
a valorizar a atitude do jogador ao aderir à moda dos cabelos pelo galerista Jacques Ardies, cuja proposta é ser publicação
crespos. informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como
define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na
b problematizar percepções identitárias sobre padrões de
arte brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi adotado
beleza. por designar internacionalmente a produção que no Brasil é
c apresentar as novas tendências da moda para os cabelos. chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O
d relatar sua experiência de redescoberta de suas origens. organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser
e evidenciar a influência dos ídolos sobre as crianças. um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A
nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas
Questão 29 (ENEM PPL) há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e
10 anos de “hashtag”: a ferramenta que mobiliza a internet veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no
Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.
A “hashtag”, ícone das redes sociais, celebrou em 2017 seus WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).
primeiros 10 anos de uso no acompanhamento dos grandes
eventos mundiais com um efeito de mobilização e expressão de O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro
emoção e humor. sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho predomina
A palavra-chave precedida pelo símbolo do jogo da velha foi o uso da sequência
popularizada pelo Twitter antes de ser incorporada por outras a injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador
redes sociais. A invenção foi de Chris Messina, designer do livro.
americano especialista em redes sociais. Em 23 de agosto de b argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o
2007, o usuário intensivo do Twitter propôs em um tuíte usar o livro.
jogo da velha para reagrupar mensagens sobre um mesmo
c narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
assunto. Ele lançou, então, a primeira “hashtag” #barcamp sobre
oficinas participativas dedicadas à inovação na web. d descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
O compartilhamento das palavras-chaves — que já são citadas e expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.
125 milhões de vezes por dia no mundo — já serviu de trampolim
para mobilizações em massa. Questão 32 (ENEM PPL)
Alguns slogans que tiveram grande efeito mobilizador foram o Filha do compositor Paulo Leminski lança disco com suas canções
#BlackLivesMatter (Vidas negras importam), após a morte de “Leminskanções” dá novos arranjos a 24 composições do poeta
vários cidadãos americanos negros pela polícia, e
#OccupyWallStreet (Ocupem Wall Street), referente ao movimento Frequentemente, a cantora e compositora Estrela Ruiz é
que acampou no coração de Manhattan para denunciar os abusos questionada sobre a influência da poesia de seu pai, Paulo
do capitalismo. Leminski, na música que ela produz. “A minha infância foi música,
AFP. Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 24 ago. música, música”, responde veementemente, lembrando que, antes
2017 (adaptado). de poeta, Leminski era compositor.
Estrela frisa a faceta musical do pai em Leminskanções. Duplo, o
Ao descrever a história e os exemplos de utilização da hashtag, o álbum soma Essa noite vai ter sol, com 13 composições assinadas
texto evidencia que apenas por Leminski, e Se nem for terra, se transformar, que tem
a a incorporação desse recurso expressivo pela sociedade 11 parcerias com nomes como sua mulher, Alice Ruiz, com quem
impossibilita a manutenção de seu uso original compôs uma única faixa, Itamar Assumpção e Moraes Moreira.
BOMFIM, M. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br. Acesso
b a incorporação desse recurso expressivo pela sociedade o em: 22 ago. 2014 (adaptado).
flexibilizou e o potencializou.
c a incorporação pela sociedade caracterizou esse recurso Os gêneros textuais são caracterizados por meio de seus recursos
expressivo de forma definitiva. expressivos e suas intenções comunicativas. Esse texto enquadra-
d esse recurso expressivo se tornou o principal meio de se no gênero
mobilização social pela internet. a biografia, por fazer referência à vida da artista.
e esse recurso expressivo precisou de uma década para ganhar b relato, por trazer o depoimento da filha do artista.
notabilidade social.
c notícia, por informar ao leitor sobre o lançamento do disco.
Questão 30 (ENEM PPL) d resenha, por apresentar as características do disco.
Vimos que o homem sem lei é injusto e o respeitador da lei é e reportagem, por abordar peculiaridades sobre a vida da artista.
justo; evidentemente todos os atos legítimos são, em certo
sentido, atos justos, porque os atos prescritos pela arte do Questão 33 (ENEM PPL)
legislador são legítimos e cada um deles é justo. Ora, nas Glossário diferenciado
disposições que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em
Outro dia vi um anúncio de alguma coisa que não lembro o que Apesar dos avanços, a história da leitura não pode restringir seu
era (como vocês podem deduzir, o anúncio era péssimo). Lembro interesse ao livro, tendo de considerar outras formas de impresso
apenas que o produto era diferenciado, funcional e sustentável. de ampla circulação e suportes de textos não impressos. Isso é
Pensando nisso, fiz um glossário de termos diferenciados e suas particularmente relevante no Brasil, onde a imprensa aportou
respectivas funcionalidades. tardiamente e o letramento custou a se espalhar pela sociedade.
Diferenciado: um adjetivo que define um substantivo mas SCHAPOCHNIK, N. Cultura letrada: objetos e práticas – uma
também o sujeito que o está usando. Quem fala “diferenciado” introdução. In: ABREU, M.; SCHAPOCHNIK, N. (Org.). Cultura
poderia falar “diferente”. Mas escolheu uma palavra diferenciada. letrada no Brasil: objetos e práticas. Campinas: Mercado das
Porque ele quer mostrar que ele próprio é “diferenciado”. Essa é a Letras, 2005 (adaptado).
função da palavra “diferenciado”: diferenciar-se. Por diferençado,
entenda: “mais caro”. Estudos indicam que a palavra “diferenciado” Nesse texto, ao abordar o desenvolvimento da cultura letrada no
representa um aumento de 50% no valor do produto. É uma país, o autor defende a ideia de que
palavra que faz a diferença. a livros eletrônicos revolucionam ações de letramento.
DUVIVIER, G. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em:
b veículos midiáticos interferem na formação de leitores.
17 nov. 2014 (adaptado).
c tecnologias de leitura novas desconsideram as anteriores.
Os gêneros são definidos, entre outros fatores, por sua função d aparatos tecnológicos prejudicam hábitos culturais.
social. Nesse texto, um verbete foi criado pelo autor para e práticas distintas constroem a história da leitura.
a atribuir novo sentido a uma palavra.
b apresentar as características de um produto. Questão 36 (ENEM PPL)
Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo
c mostrar um posicionamento crítico. involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela
d registrar o surgimento de um novo termo. não fugisse e falou:
e contar um fato do cotidiano. — Repita o que você disse, Lóri.
— Não sei mais.
Questão 34 (ENEM PPL) — Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um
esse cão que me segue dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a
é minha família, minha vida minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só.
ele tem frio mas não late nem pede — Sim.
ele sabe que o que eu tenho Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade.
divido com ele, o que eu não tenho De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era
também divido com ele felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me
ele é meu irmão transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente,
ele é que é meu dono aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que
bicho se é por destino sina ou sorte faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me
só faltando saber se bicho decente doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A
quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar
bicho de casa, bicho de carro, bicho um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a
no trânsito, se bicho sem norte na fila mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo
se bicho no mangue, se bicho na brecha menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida
se bicho na mira, se bicho no sangue que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu
de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.
catar papel é profissão, catar papel LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio
revela o segredo das coisas, tem de Janeiro: Francisco Alves, 1990.
muita coisa sendo jogada fora
muita pessoa sendo jogada fora A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão
OLIVEIRA, V. L. O músculo amargo do mundo. São Paulo: de determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo
Escrituras, 2014. que leva a essa expressividade fundamenta-se no
a desencontro estabelecido no diálogo do par amoroso.
No poema, os elementos presentes do campo de percepção do eu
b exercício de análise filosófica conduzido pelo narrador.
lírico evocam um realinhamento de significados, uma vez que
a emerge a consciência do humano como matéria de descarte. c registro do processo de autoconhecimento da personagem.
b reside na eventualidade do acaso a condição do indivíduo. d discurso fragmentado como reflexo de traumas psicológicos.

c ocorre uma inversão de papéis entre o dono e seu cão. e afastamento da voz narrativa em relação aos dramas
existenciais.
d se instaura um ambiente de caos no mosaico urbano.
e se atribui aos rejeitos uma valorização imprevista. Questão 37 (ENEM PPL)

Questão 35 (ENEM PPL)


A ascensão das novas tecnologias de comunicação causou
alvoroço, quando não gerou discursos apocalípticos acerca da
finitude dos objetos nos quais se ancorava a cultura letrada. As
atenções voltaram-se, sobretudo, para o mais difundido de todos
esses objetos: o livro impresso. A crer nesses diagnósticos
sombrios, os livros e a noção romântica de autoria estavam
fadados ao desaparecimento. O triunfo do hipertexto e a difusão
dos e-books inscreveriam um marco na linha do tempo, Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo
semelhante aos daqueles suscitados pelo advento da escrita e da à estratégia argumentativa de
“revolução do impresso”. Decerto porque as mudanças no padrão a mostrar que um bom trabalho como pai implica a valorização
tecnológico de comunicação alteram práticas e representações por parte do filho.
culturais. Contudo, os investigadores insistem que uma b apelar para a necessidade que o pai demonstra de ser bem-
perspectiva evolutiva e progressiva acaba por obscurecer o fato de visto pela família.
que as normas, as funções e os usos da cultura letrada não são
c explorar a preocupação do pai com a própria imagem e
compartilhados de maneira igual, como também não anulam as
popularidade.
formas precedentes.
d atribuir seu ponto de vista a terceiros para respaldar suas
intenções. Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria
e gerar um conflito entre a solicitação da mãe e os interesses do estrutura composicional, que pode apresentar um ou mais tipos
pai. textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse fragmento, a
sequência textual que caracteriza o gênero conto é a
Questão 38 (ENEM PPL) a expositiva, em que se apresentam as razões da atitude
O processo de leitura da informação vinda do companheiro e do provocativa da aluna.
adversário é fundamental nos esportes coletivos. O participante de b injuntiva, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo
modalidades com essas características deverá, a todo momento, professor à aluna.
ler e interpretar as informações gestuais de seu companheiro e
c descritiva, em que se constrói a imagem do professor com
adversário que, por outra via, também é portador de informações.
base nos sentidos da narradora.
Estas deverão ser claras e legíveis para seu companheiro e
totalmente obscuras para o adversário. Na interpretação d argumentativa, em que se defende a opinião da enunciadora
praxiológica, seria aquele jogador que consegue ler as sobre o personagem-professor.
informações do adversário e posicionar-se da melhor forma e narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e
possível, antecipando-se a seus adversários e ocupando os a aluna em certo tempo e lugar.
melhores espaços.
RIBAS, J. F. M. Praxiologia motriz: construção de um novo olhar Questão 40 (ENEM PPL)
dos esportes e jogos na escola. Motriz, n. 2, 2005 (adaptado). A orquestra atacou o tema que tantas vezes ouvi na vitrola de
Matilde. Le maxixe!, exclamou o francês [...] e nos pediu que
De acordo com a ideia de processamento de informação nas dançássemos para ele ver. Mas eu só sabia dançar a valsa, e
modalidades esportivas coletivas, para ser bem-sucedido em suas respondi que ele me honraria tirando minha mulher. No meio do
ações no jogo, o jogador deve salão os dois se abraçaram e assim permaneceram, a se encarar.
Súbito ele a girou em meia-volta, depois recuou o pé esquerdo,
a identificar as informações produzidas por todos os jogadores, enquanto com o direito Matilde dava um longo passo adiante, e os
posicionando-se de forma fixa no espaço de jogo. dois estacaram mais um tempo, ela arqueada sobre o corpo dele.
b refletir sobre as informações fornecidas por todos os jogadores Era uma coreografia precisa, e me admirou que minha mulher
e executar os gestos técnicos com precisão no jogo. conhecesse aqueles passos. O casal se entendia à perfeição, mas
c analisar as informações dos adversários e, com base nelas, logo distingui o que nele foi ensinado do que era nela natural. O
realizar individualmente suas ações, com o fim de tirar francês, muito alto, era um boneco de varas, jogando com uma
vantagem tática. boneca de pano. Talvez pelo contraste, ela brilhava entre dezenas
d fornecer informações precisas para os adversários e interpretar de dançarinos, e notei que todo o cabaré se extasiava com a sua
as dos companheiros, para facilitar sua tomada de decisão. exibição. Todavia, olhando bem, eram pessoas vestidas, ornadas,
pintadas com deselegância, e foi me parecendo que também em
e interpretar informações de companheiros e adversários, agindo
objetivamente com os primeiros e imprecisamente com os Matilde, em seus movimentos de ombros e quadris, havia excesso.
adversários. A orquestra não dava pausa, a música era repetitiva, a dança se
revelou vulgar, pela primeira vez julguei meio vulgar a mulher com
Questão 39 (ENEM PPL) quem eu tinha me casado. Depois de meia hora eles voltaram se
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abanando, e escorria suor pelo colo de Matilde decote abaixo.
abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a Bravô, eu gritei, bravô, e ainda os estimulei a dançar o próximo
ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. tango, mas Dubosc disse que já era tarde, e que eu tinha um ar
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros fatigado.
contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. CHICO BUARQUE. Leite derramado. São Paulo: Cia. das Letras,
Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro 2009.
encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não
amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência Os recursos expressivos de um texto literário fornecem pistas aos
que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. leitores sobre a percepção dos personagens em relação aos
Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com eventos da narrativa. No fragmento, constitui um aspecto relevante
os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, para a compreensão das intenções do narrador a
vermelho: a inveja disfarçada em relação ao estrangeiro, sugerida pela
— Cale-se ou expulso a senhora da sala. descrição de seu talento como dançarino.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele b demonstração de ciúmes, expressa pela desqualificação dos
não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o participantes da cena narrada.
exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do
c postura aristocrática, assinalada pela crítica à orquestra e ao
ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava
gênero musical executado.
como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança
que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de d manifestação de desprezo pela dança, indicada pela crítica ao
quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão exibicionismo da mulher.
curvos. e atitude interesseira, pressuposta no elogio final e no estímulo à
LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. continuação da dança.
São Paulo: Ática, 1997.

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