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IPPAR (2006), Patriménio[...] Somos Nis. Jornadas Buropeias do Patriménio, 16 pp. Lisboa: Ins- to Portugués do Pat RICHARDS, Greg (1998), «Cult ‘pean Congress about Cultural Itineraries and Thematic Routes, pp. 105-113, Logrofi: Funda- ci6n Caja Rioja SHARPLEY, Richard (2003), «Rural Tourism and Sust ROBERTS, Lesley e MITCHELL, Morag (eds.), New Aldershot: Ashgate. » in HALL, Derek; rons in Rural Tourism, pp. 3853, Recursos electrénicos ‘wwrwtinesco.org (consulta em 28/09/2006). Capitulo 8 TURISMO CULTURAL E PATRIMONIO. UMA REFLEXAO EM TORNO DO TOPICO DA INTERPRETACAO DO PATRIMONIO ENQUANTO INSTRUMENTO DE VALORIZACAO DE BENS CULTURAIS Gilberto Coralejo Moiteiro! Resumo ‘Ao processo de comunicagio que se estabel m uma larga tradico, ela tem vindo a conhecer uma introdugao necessitar de um esforgo de execudo com vista ao cumprimento jal do patriménio cultural. Este trabalho procura ref as finalidades da interpretagéo do patriménio os meios interpreta da sua utilizagio, bem como sensibilizar para a necessidade de aprofundar 0 seu estudo no &mbito «da formagio em Turismo, e emogies através da descoberta e do contacto com os bens culturais, mate- ou imateriais, tem vindo a representar nas tiltimas décadas uma importancia cada vez maior no quadro do fenémeno turfstico internacional. Portugal nao é imune a esta ten- TORSRO TOIAAOL_ Ferrites 6 Tatas lo que o valor atribufdo ao seu patriménio assume um interesse acres- cido, pela centralidade que ele ocupa no leque de objectos culturais procurados pelos turis- tas, embora esse valor nao se esgote, como € dbvio, no ambito econémico’, Josep Ballart Hernéndez lermbra que «o patriménio € uma construcdo cultural», sujeita, portanto, aos diferentes contextos histdricos e socioculturais®. A sociedade contemporanea atribui determinados valores ao patriménio que néo coincidem com os que em outros tempos Ihe foram imputados ou mesmo, se olharmos para o mundo actual, que néo coin- cidem exactamente nos diferentes espacos socioculturais ou nos distintos grupos socias. No entanto, tem-se vindo a verificar um fenémeno de mundializagao dos valores das refe- réncias ocidentais que, segundo Francoise Choay, «contribui para a expansio ecuménica das praticas patrimoniais»*, concretizada no conceito de patriménio mundial fixado pela Organizagio das Nagdes Unidas para a Educacio, Ci A valorizagao do patriménio implica uma cadeia ldgica de acces conduzidas de um modo sistemético, cada uma & sua vez ou desenvolvidas, preferencialmente, de forma conjugada’. tural Tourism in Europe, CAB International, Wallingford, 1996 (dispontvel, desde ror inio de Carvalho Curado, «Cultural tourism in Portugal, ibider, Josep Bellart aponta trés grandes tpos de valores atribufdos na atualidade a0 de uso, 0 valor formal eo valor simbdlco. O primeiro remete para uma ica de um ber, gragas& sua materialidade & por exemplo, a possibilidade de dele retirar conhecimentos que nos poss dades que nos antecederam. desperta nos nosso sentidas, em fungéo do prazer raridade, preciosidade, aparéncia exética ou genial, or todos, que se acumularam outros significado, 0 da nosseprépria socedade, que vé nele Barcelona, 2002, 33), Alegoria do Patriménio, Edigbes 70, Lisboa, 2000, . 183, ta Nabais e Suzana Tavares da Silva, Diveto do Patriménio Cultural - Legistaedo, ina, Coimbra, pp. 60-77. Cf. Aleandro Bermiidez, Joan Vianney M. Arbeloa e Adelina Git Cultural ~ Creacon y Gestion de Proyectos, Eéitoral Sintesis, Ma al Intorvenciéin en el Patrimonio aa A valorizagio dos bens culturais envolve, em primeiro lugar, a investigagao com vista 0 conhecimento tendencialmente exaustivo e aprofundado do patriménio nas suas mail- iplas dimensdes, nfo apenas em torno dos bens em si mesmos, mas também acerca dos impactos a que eles esto sujeitos. Em segundo lugar, é necessério proceder & sua protec- trio, nacional e local), néo apenas no que diz respeito & producao legislativa mas também ra acgdo quotidiana da administragao pdblica do patriménio, nomeadamente no que se refere aos procedimentos de inventariacio e classificacio. Em terceito lugar, a importante questo da conservacio e do restauro dos bens culturais, com vista & sua manutengdo € transmissdo as geragoes futuras. Por ltimo, a difusdo e a didéetica do patriménio cultu- isa0, condizendo com wrocura crescente desses bens ‘no quadro de um turismo cultural em franca expansio nas iltimas décadas, como referia hd pouco. 2. E, pois, no capitulo da difusio que cabe aludir a esse importante instrumento de valo- izagao dos bens culturais, denominado interpretagao do patriménio, De facto, o sentido da interpretacao do patriménio reside exactamente na dimensio social dos bens culturais, na relagio que se estabelece entre a heranga cultural ¢ 0s sujeitos que procuram um con- tacto mais ou menos directo com ela”, termo interpretagdo conta jé com algumas décadas e, apesar de no reunir o consenso dos mais diversos estudiosos da problemtica, teima em impor-se um pouco por todo 0 ido, dada a escasser de alternativas semanticamente mais identificadoras e, mesmo, con- foras!, © termo interpretacio nasceu nos finais do século XIX associado & dupla preocupagao de fruigdo piblica e de conservagdo dos parques naturais norte-americanos e, no contexto europeu, relacionado com o esforgo de divulgacao levado a cabo pelos museus etnol6gicos regionais escandinavos!2, ia/Conseeria de Cultura, Sev » Ariel, Barcelona, 2001, pp. Turismo Cuttural, Territérios e Identidodes ‘Ao longo da primeira metade do século XX, 0 trabalho efectuado pelos denominados ««guias de naturezay, «naturalistas de parques» ou «intérpretes naturalistas» nos parques nacionais americanos seguiu uma linha pouco sistemética, mas muito apaixonada, preo- cupada em revelar a esséncia de certos lugares, em criar emogbes ¢ em avivar 0 interesse dos visitantes pela Natureza" ‘A publicagdo, em 1957, da obra de Freeman Tilden, Interpreting Our Heritage" cons ju um marco da maior importancia, na medida em que sistematizou pela primeira vez ias mestras desta rea de estudos em seis principios basilares, que constituer ainda hoje a esséncia de toda a teoria da interpretagdo. Por outro lado, a crescente procura dos arques naturais por parte dos visitantes a seguir 4 Segunda Guerra Mundial, dew um impulso significativo as actividades interpretativas e& afirmacao profissional dos intérpr: terpretagio expandia-se pelos patses anglo-saxénicos (EUA, Reino e pela América Latina, ménio cultural, pois entendia-se, desde ent&o, que o espfrito ¢ as atitudes que a ambas est ‘vam subjacentes eram as mesmas!, Na Europa Continental, a introdugéo definitiva da interpretagao deu-se durante os anos noventa, ¢ esteve associada & crise dos modelos museolégicos tradicionais e & celebracac ‘em 1995, na cidade de Barcelona, do IV Congresso Mundial de Ir nio. Afirmou-se, entretanto, como estratégia associada a ir local e regional, especialmente relacionada com o turismo cultu de desenvolvimento rural e ecolégico"®, 3. Mas afinal o que € a interpretagao do patriménio? Néo € fécil apontar uma definica consensual da expresso, tem adoptado a sua propria enunciagdo, embora todas elas acabem por se aproximar nos seus elementos definidores fundamentais. Freeman Tilden, o pai da disciplina, definiu a interpretagéo como «uma actividade edt cativa/recreativa que pretende revelar significados e inter-relagoes através do uso de objec: tos originais, por um contacto directo com o recurso ou por meios ilustrativos, nao se (13) Barry Mackintosh, «Interpretation in the National Park Service: A Historical Perspectives, 1986 {nttps/ew.ctnps gowhistorylonline_books/mackintost2) (14) Obra recentemente publicada em castelhano: Freeman Tilden, La Interpretacién de Nuestro Patrimonio, Asociacién para la Iterpretacin de Patrimonio, Pamplona, 2006. terpretagio ambiental como a The Site Managers Handbook, ICOMOS, Burwood Veto ‘comes org/publications. randa, 08 ct, pp. 39-41 « Joseph Ballart Hernandez e Jordi Juan i Tresseras, tacdo no Reino Unido, entende-a como «a arte de explicar 0 lugar do Homem no seu mel com o fim de incrementar a consciéncia do visitante sobre a importancia dessa interacgao, ce despertar-Ihe o desejo de contribuir para a conservacio do ambiente»'*, Bob Peart com- interpretacdo como «um processo de comunicagao desenhado para revelar ao icados e inter-relagdes do nosso patriménio natural e cultural, através da sua ion"? ‘A Associagio para a Interpretacio do Pat cum processo que pretende comunicar ao piblico o significado e o valor do patriméni natural e cultural, implicando directamente 0 individuo com os fenémenos, para torné- consciente do lugar que ocupa no espago e no tempo», Por fim, a definigao adoptada pela Associagdo {Espanhola] para a Interpretagao do Patriménio € a de que se trata de uma arte” de revelar in situ 0 significado do legado natural e cultural ao publico que visita ‘esses lugares no seu tempo livres’ Estes conceitos” acabam por conter alguns denominadores comuns e componentes fulcrais que nao podem ser ignorados ao encararmos o tema da interpretagao: 0 elemento recreativo, a experiéncia inspiradora e enriquecedora (portanto afectiva e cognitiva), 0 pro- ‘cesso de comunicacio, 0 contacto directo com o patriménio, a sensibilizaggo para a sua protec¢do (um aspecto comportamental)e, por fim, 0 puiblico no seu tempo de écio™. jo do Québec (1980}, concebe-a como 4. Ainterpretacao do patriménio pauta-se por um conjunto de principios -fixados ini cialmente por Freeman Tilden*e reinterpretados mais recentemente por Larry Beck e Tec (17) Apud Forge Morales Miranda, ob. cit, p. 32. (18) Idem, ibider, 9. 33, (19) Idem, idem. (20) Francisca Herndndes Hernéndea, BI Patrimonio Cultural: La Memoria Recuperada, Trea, Gijén 2002, p10. ie Morales Miranda, ob cit, p. 3. (2) Cf outvas defnigdes no site da AIP (Asoctacin para la Interpretacin del Patrimonio), www.in pret 123) Larry Beck e Ted Cable, «The Meaning of Interpretation», Journal of Inderpeta pp. 7-10, ebatem esta questo, destacando trés dimensées do tagdo do pat ‘lo: a interpretagdo como revelago, a interpretagio como arte, a interpretagdo como oferta (nomeads ene uma oferta de esperanga). De facto, os programas e es interpretatvas procuram revelar sig nificados,estabelecendo relagdes, porque eles no so dbvins,embora sempre com a nogio de que dif 2s visitantes entenderao mltiplos sentidos. Por esta mesma raz30, 0s citado ‘como uma forma de arte, uma vez que se tratam de processos cr fram a interpreta ‘0 ¢ execugSo. Por isso mesmo, a interpretagio € também entendida como uma oferta ‘de conhecimento, de comunidade e interacgio ¢, inclusivamente, de esperanga no futuro. (QA) Interpreting Our Heritage, The University of North Carolina Press, Chapel Hill, 1957, nud Jorg Morales Miranda, ob. ci, pp. 48-53. Cable -, e que constituem os fundamentos da di auiado, ou deveria guiar, segundo eles, os intérpretes I programas ¢ actividades interpretativas. Estes e outros estudiosos da questo so undnimes em considerar que, para despertar © interesse dos visitantes, os intérpretes devem conseguir que os contetidos das suas men- sagens se relacionem com a experiéncia dos visitantes. A semelhanga de uma obra de arte, 4 apresentagao interpretativa deverd envolver profundamente o visitante, provocando-lhe ‘uma reacséo afectiva, para que ele amplie os seus horizontes®, A interpretagao no se pode limitar exclusivamente a transmissSo de informacao, devendo antes revelar a esséncia eo significado do lugar que esta a ser visitado. Por isso, 08 intérpretes deverio prestar muita atengdo a quantidade e & qualidade da informagio a apre- sentar, Ela teré de ser bem sintetizada e fundamentada numa boa investigacio, pois «uma boa interpretacdo tem mais poder que um grande discurso»2". Neste sentido, a interpreta- so deverd apresentar um tema global e nao partes isoladas, estas deverdo ser sempre pers- pectivadas em fungio do tépico principal. $6 ass te tera uma percepgao signi- ficativa da mensagem apresentadz”, Por outro lado, os textos interpretativos, orais ou escritos, devem procurar transmitir aquilo que os letores gostariam de conhecer, em refe- réncia as stas expectativas®, , bem como a matriz que tem is na planificagao ¢ execugao de (25) Interpretation for the 21° Century ~ Pie Guiding Princes for Inerpretng Nature and Cul ‘ure, Segamore Pubishime, Campagne, 1998, epud Jorge Morales Miranda, ob pp 5-5, (26) Ct. David Uaze, Heritage interpretation four decades after Tidens, Manual of Heritage “Management, Richard Harrison (e), Butterworth Htinerann, Oxford, 1906, py, 298.200, ‘Veja-se Jorge Morales Miranda, ob, - 28) De facto, para ale de cones sin interprelago deve sentaco dos temas no pod ae perpectvds em tro de um ema cent 8 cis do ities, Encontro terra, ape ola espe sob pa dese tomar demas a dvr prima els spect haan, normalmee us tava lect e exstencilentecom o sets nterpeads Porformaa qe cle agrees os olor dees ecto sapeentagi sree po ta expel signifi e mem. Yeas, a ete ppt, ge Mane ceo cima de ue x inereiags deed er sade Die ga: dec ae ogc serena iterretas, em demontado ewactamete gue 0 err, das mensagens nd cneatronents de in gee nese rat oan ocr a Feira sts) shen, tn de preci 1, Saher ste daprblnsiadopslogacoplnaem conten mlemeeatorenfone see sone os ec, pl ges ans teens el Nesbit aa protien demote pects ds vite ets cm ¥ soo deni Po, re Rech el en flag se mange os oman pecan, ala ron Reseach 12h gp. ‘Toda a interpretagao se estabelece enquanto processo de comunicacéo, Dai que oint prete deva conhecer e dominar as técnicas fundamentais da comunicagio, aliando-as conhecimentos s6lidos que se transfigurardo em mensagens significativas, pelo que dev rio ser atractivas, compreensiveis, relevantes a0 ego, estruturadas segundo um gui légico e em torno de um tema interpretativo central. Néo podemos esquecer que a questo da atractividade das mensagens se fundamen naguilo que a interpretacio do patriménio tem de mais diferenciador relativamente a ou actividades do mesmo género. Ela desencadeia-se em contextos de distraccao e lazer”! neste sentido, a paixio é, sem dtvida, o ingrediente indispensével a uma interpretace poderosa e efectiva,Paixio pelo patriménio mas também por aqueles que procuram insp rar-se nele, 0s visitantes em geral ¢ 0s turistas em particular. (Os autores referem, igualmente, que os intérpretes devem proporcionar uma revisitag do passado, relacionando-o com o presente, para que o futuro adquira maior significad [Neste sentido, a interpretagao desempena um papel importante nos processos de constr ras suas diferentes dime sBes temporais e espaciais, bem como nas suas dimensdes socioculturais, entre rm outros angulos da vivencia humana. A interpretacao deverd estimular, particularmente, as capacidades dos visitantes, inc tindo-Ihes 0 desejo de sentir a beleza do meio ambiente, para que clever o seu espirito se empenhem na conservacio do patriménio, Para isso, os intérpretes deverdo ser capaz de promover boas actividades interpretativas, através de programas e servigos bem conc bidos desenhados de forma intencionada, Este € um dos principais objectivos da inte pretagao do patriménio, o da conservacao dos bens culturais™, Pretende. acces interpretativas, transmitir uma mensagem de protecgao, para que-os vi (80) Sobre a questio da interpretagio enquanto processo de comunicagéo, vea-se o extenso capi ‘de Jorge Morales Miranda, ob. ct, pp. 106-141. {Gl} De facto, ¢ como jéasinalei no ponto 3, éem referéncia a esta caract der a implementagio de programas e actividades interpretativas. Todo o trabalho de planificagfo qu fuera, E exactamente neste ponto que ‘gui a citar apenas alguns: A Historia Tal Qual Se Faz, Edis Ci iversidade de Coimbra, Lisboa, 2003, pp. 143-151; Fernando Magalhies, Muse Hernandez, EI Patrimonio Historic 68 con e Shirley Payne Low, Interpretation of Historic Sites, 2 ed. revs for State and Local History, Walnut Creek, 1996, pp, 8-21 ————————————= empenhem na conservagao do patriménio, Pretende-se, em suma, provocar nesses recep- tores uma modificacao ou consolidacio de atitudes potenciadoras de boas condutas™ Ultimamente tem-se verificado a tendéncia para a utilizacao das altas tecnologias como ‘meios interpretativos. & certo que elas podem revelar a realidade de formas novas e apaixo- nantes, no entanto, a sua incorporagao nos programas interpretativos devera ser feita com precaucdo, para que a valorizacao dos bens culturais nao se subordine a finalidades exclu- sivamente cénik ulte os seus significados mais profundos e expressivos®. Um outro principio frequentemente abordado postula que a interpretagao dirigida a segmentos infantis, seniores ou de adolescentes devera seguir abordagens apropriadas, de acordo com as caracteristicas préprias de cada grupo. Este ¢,aliés, um elemento da maior importancia e a ter em conta no trabalho de planificagao de qualquer programa ou activi- dade interpretativa™® Um iiltimo principio fundamental sugere que os programas interpretativos, para que prosperem, devam ser capazes de conseguir apoio — politico, administrative e de voluntariado — implicando que, enquanto projectos culturais, eles devam ser dotados de viabilidade™”. 5. 0 interesse da interpretagao do patriménio reside, como jé referi, no papel social da , que se fundamenta, por sua vez, em principios gerais fixados no préprio }énio cultural, como o principio da fruibilidade universal dos bens culturais| 0 princfpio da participagio™. Decorre daqui que as instituigGes patrimonias, que tém & sua uarda bens integrantes do patriménio cultural, tém uma fungao fulcral -e nao menos impor- (2) a ne no tp ) Ea tnie¢ coment, dun modo parle tic, or range Choy. A Alora do Patriménio, Edigbes 70, Lisboa, 2000, pp. 188-189. m woke Goma (6) Jorge Moraes Manso, cto. 4-0, hora tino alsand- queso ms a relative tego ue o pee deer Grao tate roe moreno cdo que eves Colac prea das ees interpreta ere fede gion co a ha ein prota dov meso 1igBes para a sua fruigSom;o pri {que se prende com os procedimentos administrative, reporta-se também 2 ideia mais abrangente de cida- dana eparticipagio civica José Casalta Nabals,Introdudo ao Direito do Patrimnto cultural, Almedina, Coimbra, 2004, pp. 98-112). ante que as demais tarefas de investigagao e conservagio , que se prende com a garantia daacessiblidade publica a esses bens e a um mimero 0 mais alargado possfvel de individuos. ‘no entanto, no significa apenas comunicar informagao inerente a um lugar. Difundir pressupde reflectir, provocar e comprometer. E € para isso que dispomos da fer- ramenta da interpretagao™. ‘A interpretagio do patriménio pode ser vista enguanto instrumento de comunicagao cativa de bens cultura e, simultaneamente, como instrumento de gestao da heranca cultural. Ambos os alcances da disciplina conduzem, no fundo, & valorizagao dos bens com valor patrim Em primeiro lugar, a interpretagao favorece a compreensio do lugar que se visita, per- indo melhores oportunidades de fruigdo. De facto, esta ideia constitui a pedra angular de ‘oda a acgio interpretativa. Daf a ateng3o que as instituig&es patrimoniais devem colocar na planificagao e implementagio dos programas e actividades que oferecer ao piiblico. Essa compreensio deverd pautar-se por uma comunicago atractiva, inspiradora, que estimule ‘0 uso dos sentidos, a participacio e o espfrito crftico; deverd ser provocadora, persuasiva e clara para que se torne motivadora; deverd ser capaz de revelarsignificados e inter-relagoes™. iciativas que retinam estas caracteristicas contribuem fortemente para a redusio jtantes insatisfeitos"”. Este constitui aliés um aspecto marcante para a idade dos projectos de interpretagdo e, consequentemente, para a garantia ges patrimoniais, que se apoiam, cou devero apoiar-se, no uso piblico dos bens que tém a sua guarda®, A interpretagao fun- ciona, assim, como um meio de conquistar grupos até ha algum tempo pouco propensos 2 formas de turismo cultural, para além de fidelizar os grupos tradicionaisS. yuer oafirma & Josep Ballart Herndndez Jordi Juan e Tresserras, ob ge Morales Miranda, 0b. . 0 varios 0s trabalhos que tém destacado este aspecto primordial da interretagio, e que se a, nomeadamente, nos servigs disponiilizados plas instituigbes parimoniais ao pablico vist- , seja em espagos de valor cultura. Vejam-se os textos de Juan MM, Salas Rojas, «La interpretacién en el uso piblico de los Espacios Naturales Protegidos», VJormadas y ‘samblea General Ordinaria de la Asociacién para la Interpretac del Patrimonio, pp. 1-13, (dsponivel interpretaciondelpatrimonio.com); Jonge Morales Miranda e Francisco Guerra Rosado, «Uso ¥ recepcién en Espacios Naturales Protegidas ~ La atenciOn a ls visitantes reales y potenciales, 1.25 tibider}; Eilean Hooper-Greenhill, Las Museos y sus Visitantes, Trea, Gijén, 1998, p. 137- ‘del Carmen Valdés Sagiés, La Difusin Cultural en ef Museo: Servicios Destinados al Grant Trea, Gin, 1999 e Yaniv Pori, Are Reichel e Avital Biran, «Heritage site management: Motiva- 1 and expectations, Annals of Tourism Research, 33, 1, 2006, pp. 162-178, 42) Sobre a tematica do patriménio como factor de desenvolvimento econémico, ef. os trabalhos el borados no dmbito da economia da cultura, pr Xavier Grete, La Valeur Beomorique du Parimoine:L tla Demande de Monuments, nthropos, Paris, 1990 e Idem, La Gestion du Patrimoine Culture, Antheo- es, 99, (43) Veja-se Claude Origen du Cluzeau, Le Tourisme Culture, 3° ed, Presses Universi Paris, 2005, pp. 38-40. A interpretagao promove comportamentos adequados as necessidades dos espagos com. valor patrimonial, pois sensibiliza e consciencializa os visitantes para a importancia da sua protecco, conservacao e valorizagao. Por outro lado, ela permite controlar os movimentos dos visitantes, desviando-os de ‘reas mais vulnerdveis para outras que suportem melhor o im ‘AutilizacZo da interpretacdo do patriménio contribui para a reducio do incumprimeni das normas por parte dos visitantes, evitando ter que recordar e fazer cumprir leis enormas, reduzindo, simultaneamente, a intrusio da administragio nas actividades dos por forma a garantir a sua sensagdo de liberdade, Ela reduz também as possi vandalismo por parte de alguns usuérios e os custos de manutengio, na medida em que reforca outras unidades de gestio do lugar protegido, reduzindo, por sua vez, 0s custos e de proteccdo ¢ conservagao dos bens culturais, a interpretacdo torna compreen: acces ou decisdes impopulares tomadas pela administracéo, nomeadamente em relagdo a do conflitos entre eles", Ainterpretacio 6, muitas vezes, usada para explicar 0 papel eas actividades das ins tuigbes patrimoniais, de forma que o pablico compreenda a sua funcéo. Fortalece, portant a imagem do organismo, como resultado de relagdes publicas positivas. Pode colaborar na promogio de uma érea onde o turismo seja essencial para a econom i se igualmente como factor de diferenciagao de produtos turisticos de q (44) Cf. cam a investigagio levada a cabo por Isabel ‘esolucin de problemas: Impacto producido por los [disponivel em wwrw.interpretaciondelpatrimonio.com) e trabalho de sintese el ‘de demonstrar como a interpretagao constitui um instrument de gestao do patriménio nat Por isso, afirma ela, os intérpretes dever3o, eles mesmos, ser dotados de competéncias de ode enviquecerem a experiéncia do vistantee desenvolverem est (46) Debra L. Griest eG. W. Mullins, «Managing conflict: A process for increasing use as a management tool», Journal of interpretation Research, 9, 1, 1984, pp. 68, ting dos bens cultuais, Carmen Camarero Izquierdo Maa José Garrido Samaniego, Marketing del Pat ‘monio Cultural, PirémidefBSIC, Madrid, 2004 Prangois Colbert e Manvel Cuadrado, Marketing de las Art 0B Por fim, a interpretagio da conhecer as necessidades do lugar ou do bem cul recendo 0 apoio publico, alias um dos aspectos por que passa a viabilidade dos projectos culturais'®, 6. Cabe agora perguntar 0 que € que podemos interpretar ou, se quisermos, quais 03 cespacos passiveis de interpretaglo? Esta & uma questio dificil de responder em poueas pala- ‘ras, uma vez que 0s critérios a que obedece a implementacio de projectos interpretativos se cruzam com varios condicionalismos, que 0s estudiosos da temtica tém inclufdo naquilo ‘aque eles chamam a filosofia da interpretagao™ pois sugerem debates sustentados, nomea- damente, na abordagem dos valores, da moral, da ética € da propria estética, Aesséncia da interpretacio reside no facto de ela se dirigir a um piilico fortuito e volun- portanto, nao integrado em instituicdes educativas -,e na circunstancia de propor- em primeira-mao, ou seja, in situ. Esta tiltima situa 40 acarreta, & primeira vista, implicagbes assaz conflituosas, entre a necessidade de con- servacéo do bem em causa e a sua exposigéo a uma possivel degradacio. Este problema, aids, constitui o dilema a que esté sujeito o patriménio em geral, quando o colocamos na fron- teira entre o seu papel social ea propria exigéncia da sociedade em o proteger e conservar®. Ha quem aponte, por outro lado, o préprio problema da conotacio que certos projectos interpretativos possam ter, no sentido de estimularem a reflexio ¢ 0 posicionamento eri- tico em torno dos aspectos vivenciais mais admiréveis ¢ encantadores da humanidade, bem como sobre os seus Angulos mais desprezfveis e miseraveis, reveladores de violencia, vi gana ou barbérie, nomeadamente quando eles se desenvolvem em antigos campos batalha, campos de concentragao e «limpeza» racial ou em pris6es politicas, por exemple Um outro problema muito abordado pelos investigadores da disciplina é que se refere £ utilizagao do termo interpretagdo em centros destinados a esse efeito, De facto, se é ver- 1 ta Cultura, biel, Barcelona, 2008; Ana Carla Fonseca Reis, Marketing Cultural e Financiamento da rcional Comparado, Thomson, S. Paulo, 2003; 1 the heritage product», Manuel of Heritage Management, Richard Harrison (e), jnemann, Orford, 1996, pp. 381-403. ra uma sintese das vantagens da interpretagio do patriménio,veja-se Jonge Morales pp. 57-73. guns intérpretes procurayam desenhar servigos interpretativs ‘construindo eentros de vistantes dotados de exibigbes fant faltavar os objetos reais da interpreta ia Historica y Arqueotégic: Valor y Us se 0 artigo de Carolyn Strange e Michael Kerpa, «Shades of dark t Annals of Tourism Research, 30, 2, 2003, p. 386-405. Encontramos \o da UNESCO, que optou por cassificar © Antigo Campo de ‘Birkenau come Patriménio da Humanidade. Turismo Cultural, Ternitérios ¢ Identidades dade que os servigos disponibilizados nesses centros sao de carécter interpretativo, e ainda no se tenha encontrado — em virtude da sua amplitude semantica -, um vocdbulo mais preciso; t é certo que o publica nao esté obrigado a entendé-lo como se desejaria. Por isso, tem-se consolidado a tendéncia para se utilizar cada vez. mais, em parques natu: rais ou estagdes arqueol6gicas, por exemplo, a denominagdo «centro de visitantes», em vex terpretacto é vista, simultaneamente, como uma actividade fundada na objectividade do conhecimento cientifico e como uma arte; o que coloca o intérprete na fron- teira entre o estudo sistematicamente conduzido e a criatividade inerentes as tarefas de « avaliacao dos projectos interpretativos em que se envolve™. da no inicio deste ponto: o que € passivel de inter: pretacio? Respondendo de um modo breve, so susceptiveis de interpretagdo os valores naturais e culturais dos espacos patri isto 6, 0s seus significados e caracteristicas naturais (ecossistemas, formagbes geoldgicas, flora ¢ fauna) e humanas. Esses tragos di tintivos dos territérios ou dos locais correspondem aos aspectos mais representativos das respectivas areas e coneretizam-se, no que diz respeito ao potencial interpretativo, nos ‘temas em torno dos quais se desenvolvem os projectos interpretativos™. Aparentemente, todos os sitios podem ser interpretados. No entanto, para que se just a implementacao de um projecto de interpretacio € necesséria uma andlise prévia € minuciosa das caracteristicas dos lugares. Jorge Morales Miranda afirma que «um trago com potencial interpretativo é todo 0 objecto, processo ou fendmeno que merece ser inter- pretado ou que tem importancia interpretativan,e s6 se pode sabé-lo através do estudo apro- fundado desses sitios, objects, fendmenos ou processos.O potencialinterpretativodefine- -se, pois, nas primeiras etapas do trabalho de planificacao™. ‘Anecessidade de interpretagao pode ser ditada por interesses bastante diversificados e, muitas vezes, decorre das préprias necessidades de conservacao dos bens culturais, pela Uurgéncia em controlar ou ordenar 0 seu uso piiblico ou, enfim, surgir da prépria vontade dos valorizar, Mas sio exactamente as exigéncias de conservaco que podem, nalguns casos, Regressemos, pi (62) Jonge Morales Miranda, «{Centros de Interpretacién?», Carpeta Informatioa del Centro Nacionat de Educacién Ambiental - CENEAM, 1994, pp. 1-2 (disponivel em wwrwinterpretaciondelpateimonio.cor). (53) Ags este no € um problema exclusiva da interpetacdo do patriméni, pois esta implicito na pré pria natureza do conhecimento cientifico, como bem aflora Boaventura Sousa Santos, Lin Discurso Sobre 1s Cigncias, 1 ed, Baigdes Afrontamento, Porto, 2003, pp. 60-55. Cf. nota 22 (54) Jorge Morales Miranda, ob. cit, pp, 68-70, Veja-se Carta de Ename Para 2 Interpretagio de Sitios 23 de Agosto de 2004, nacional do ICOMOS para a Interpretacio e Ap pretagao, a Carta referese& explcagao ou an: c sar pertencente 20 pari ‘ménio cultural, explorando todo o seu significado e os seus miltiplos valores (Esta carta encontra-se dis ponivel em wwwicip.comos.org e em wivw.enamecharter org). (65) Jorge Morales Miranda, ob et, p. 6, ————————a justificar a inexisténcia de interpretagdo, nomeadamente para aqueles objectos ou meios demasiado frégeis e em alto risco de degradagdo, ou agueles em que seria, de todo, estu- pidificante interpretar o Gbvio e o ininterpretével, como certos elementos estéticos que lam por si e requerem percepgdes, tao-s6, subjectivas™. 'A questao da elaboracio de projectos interpretativos, quando a consideramos em rela- io ao objecto sobre o qual incide, depende directamente do préprio conceito de patrims- hio cultural. A Lei de Bases do Patriménio Cultural entende-o como 0 conjunto dos «bens que, sendo testemunhos com valor de civilizagdo ou de cultura portadores de interesse cultural relevante, devam ser objecto de especial protecgao e valorizacion®*. ‘Acautelado o contexto legislativo em que se integra esta definicao, dado o carécter Ii tativo proprio de toda a proteccao legal integram o patriménio cultural, segundo aquela ‘mesma Lei, os bens materiais ~ méveis e iméveis (monumentos, conjuntos ¢ sitios) ~ ¢ os bens imateriais, independentemente de se corporalizarem ou no em objectos palpaveis®, ‘A interpretagao poder, assim, ser desenvolvida em monumentos, sejam de caracter religioso, militar ou civil; em sitios arqueol6gicos; em museus; em lugares de producio artesanal e de oficios tradicionais; em jardins hist6ricos; nos centros hist6ricos ou em deter- rminadas localidades, independentemente da sua dimensao; em roteiros temiéticos, em fes~ tivais e outro tipo de eventos de caracter hist6rico-cultural; em parques naturais, areas naturais protegidas ou paisagens humanizadas, onde a natureza e a cultura se cruzam fre- quentemente, no fundo, em lugares de meméria, no sentido mais amplo do termo. Josep Ballart Hernéndez e Jordi Juan i Tresserras® distinguem quatro tipos de espagos destinados & apresentacdo do patriménio: os centros culturais especializados, os centros destinados & apresentaco do patriménio in situ, os centros de interpretagao € os territ6- rios-museu. f Dentro do primeira tipo, encontram-se os museus, instituigdes que reiinem um con- junto de bens méveis sobre um ou varios temas, com o objectivo de os conservar, estudar ‘e difundir junto dos visitantes. No segundo tipo, incluem-se os bens patrimoniais contex- 36) Idem, ibidem, pp. 67-68. (67) Mais correctamente denominada Let de Bases da Politica edo Regime de Protecedoe Valorizagdo do Patriménio Cultural (Lei n° 107/2001, de 8 de Setembro), in José Casalta Nabais e Suzana Tavares da Silva, Direito do Patriménio Cultural ~Legislagdo, Almedina, Coimbra, 2003, pp. 189-246. (68) Idem, at. 2°, p. 189. 0) Vea-se, 2 este propésito, José Casalta Nabas, Introducdo ao Direito do Patriménio Cultural, ‘Aimedina, Coimbra, 2004, p. 23.0 autor resalvaa impossbildade, para efeitos de protecgio administra tiv e da inerente classificagio dos bens eulturais, de protegermos legalmente todo 0 patriménio, José CCaslta Nabais dito nos seguntes termos: «Na verdade, uma pretensa proteccio superiativa dos bens cul turas pode, afinal de contas, redundar numa protecsio bem menor ou mesmo numa desprotecgde total esses mesmos hens». (6) Lei de Bases do Patrimdnio Cultural, arts. 4° € 15 (61) Gesién del Patrimonio Cultural, Avie, Barcelona, 2001, pp. 180-191, Os autores chamam a atengo idade de espagos, com recurso a exemplos concretos, descrevendo-os summariament. Turismo Cultural, Terrténos ¢ Identidades todos eles se poderio disponibilizar condigies hasicas de visita, que poderao ser complemen- tadas com exposigdes permanentes ou, eventualmente, serem musealizados pelo recurso a técnicas interpretativas, Os centros de interpretagao utilizam diferentes meios interpreta- tivos no sentido de proporcionar ao visitante a compreensao do significado e valores ine- rentes aos bens de caracter patrimonial, recorrendo ou nao aos objectos originais™. Por imo, os territ6rios-museu - situados no centro de regides delimitadas por vinculos his- éricos e geograficos -, que procuram apresentar os seus tragos mais sig 60 caso dos eco-museus. 10s, como 7. Uma outra questo colocada quando se aborda o tema da interpretacao do patrimé- izados para a sua execucio ou, dito de outra forma, como se inter- pois a interpretacio, como jé referi noutros pontos deste texto, é também uma arte, pelo que tem de processo criativo, aliés um aspecto que assume foros de grande expressividade exactamente neste ponto™, 0 tépico dos meios interpretativos pode ser focado através de duas abordagens distin- tas, uma prende-se com atipologia dos meios interpretativos, a outra diz respeit &selee- ‘¢30 dos meios mais adequados a utilizar em determinados projectos de interpretacio. Os diversos cultores da temética' tém distinguido dois tipos de meios interpretativos: ‘os meios no pessoais ¢ os meios pessoais. (62) Em Portugal, tem sido 0 Instituto Portugués do Patriménio Arquitecténico (IPPAR) a (2) a IPPAR) ai 8, nor exemplo, os centros integrados no program ode Acolhimentoe Interpretacao de Mi taco da Ermida de Nossa 138-143. Também algumas cémaras municip como, por exemplo, o Centro de Interpret construgio do Centro de Interpretacao da Batalha de (63) Jorge Morales Miranda, 06. iejam-se Idem, ibider, po. ‘Standard — Distilling the Essence, De tem winwsdoc ot Harrison (ed), juhoun (ed), interpretation Handbook and Conservation, Wellington, 2005, pp. 47-94 (dispontvel cd interpretation, Manual of Heritage Management, Richard es Velarde, «Design Turismo culturol e patriménio Entre os primeiros contam-se a sinalética, os diferentes tipos de publicagdes (folhetos, gaias, mapas), os proprios meios de comunicagio de massas (com destaque para a Interne (0s percursos autoguiados, os audiovisuas e todo o tipo de exposigoes e exibigbes. ‘Quanto aos meios atendidos por pessoal, incluem-se neles os roteiros ¢ percursos assis- acompanhados por intérpretes, as demons- tragdes, conferéncias e outras actividades que impliquem a participagso activa dos visitan- » Jeserwolvidas com o apoio de pessoal especializado; a animagao activa ou passiva'® €@ spretacdo levada a cabo em servigos casuals nas recepgdes, em informagbes fortuitas © izada por outros servigos de aten¢ao ao visitante que no assisténcia espontanea dispor 0s propriamente interpretativos. Uma outra questio mais complexa é aquela que se prende com a escolhia dos meios & xpretagio, O desenho de servigos e equipamentos interpretativos decorre de certos condicionalismos que dependem tanto da entidade que os implementa (como a sua imagem, as suas possibilidades financeiras ¢ interesses), do vi tante (do tempo de que dispbe, dos seus interesses e do dinheiro que pode gastar), co do proprio recurso que € objecto de interpretagdo (suas caracterfsticas, capacidade de carga, fontes de energia disponiveis, autenticidade e razdes estéticas). Devemos, portanto, atender a um conjunto de critérios de base para proceder a essa Jonam com as caracteristicas dos receptores das mensagens inter erpretacao se desenvola, 0s implementar em cada projecto de seleccio, e que se re pretativas ou da tipologia das mensagens, 0 meio em que a seus objectivos ou as caracteristicas do pr6prio bem cultural, entre outros. [Apesar de o intérprete dispor de uma enorme diversidade de meios interpretativos, os estuiosos da problematica tendem a prvilegiar os meios pessoais™. 8. A interpretagao do patriménio tem vindo a afir auténoma, como um campo de estudos especifico que defi ‘embora, como qualquer rea cientifica, dependa do cont buto de diversas outras disciplinas. Podemos, portanto, integré-la no campo das Ciéncias do Patriménio, mais propriamente no ambito das tematicas relacionadas com a difusio da heranga cultural, logo, na relagio do patriménio com a sociedade. 5-9 5) De acordo o grau de partic ge Morales Mirands, ob c.,pP- ‘como intuit de avalir a eect idade da transmissio e compreensto dos sig -oporcionado aos visitantes tem confirmado cesquesamos que os meios Jementagio de projectos que utilizem intérpel permite uma maior zpacidade de adaptabilidade aos Torismo Cultural, Teritrios e Identdades ‘Sko vrios 05 aspectos investigados pela interpretacio do patriménio, de acordo com diferentes etapas de concepgo e implementacao de programas interpretativos. As p miticas passam essencialmente pelo estudo das técnicas e estratégias de comunicagao com o piblico, ao nivel da: ddamente, as aportagbes da nificagao interpretativa, da implementagio de programas e a pretativos e da avaliacao de todas as etapas da cadeia logica da uma economia da cultura, a possibilidade de perceber a sua efi ‘econémicos; no campo da psicologia e da sociologia da cull nder os seus pai recorrendo as técnicas e métodos avancados pelos estudos de visitantes, no sentido de co preender, por exemplo, niveis de atengio, de retengGo das mensagens, motivagdes, expec- tativas, aitudes, comportamentos e niveis de satisfagéo". (Os diferentes tipos de estudos que se podem empreender em torno da interpretacdo tém também a finalidade de melhorar os programas interpretativos, para além de constituirem rmatéria de base & sua planificacdo e execucao. Por todas estas razées, torna-se extremamente ctil a integragao da disciplina nos curricula daqueles que actuarem futuramente nas éreas do turismo cultural - e ambien- tal -, por exemplo, e necessitarem dessa ferramenta, como os guias intérpretes™ e os guias icular, € 05 técnicos de turismo" em geral. i¢do de planos de estudo em Interpretacio do Patriménio assume toda a relevanncia, seja em contexto de formacao em programas formacio avancada” contribuindo, assim, para a implement ia ou os seus impactos ‘cao de um turismo cultural de qualidade, que responda a crescente procura de produtos alternativos e, simultaneamente, para a valorizagao do patriménio cultural ferpretacén, 6, 2002, pp. e Jacinto Lerata, La interpretacién como herramienta en un curso para gus de turismo, bide , 2002, pp. CL Sari Nadina Alntaa, «Como y porque relaciona a iterpretacién con as emorests tri cas», ibidem, 8, 2008, p. 22:23, sa proposta de formagio avangada por Jorge Morales Miranda, «Bases paa la capacitacién cen interpretacin del patrimonio», idem, 12, 2005, pp. 24-27 eee REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS” ALDERSON, William 7 Shirley Payne Low (1996), Interpretation of Historic Sites, 2 ed., Nova Torque: Altamira. 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Qual a relacao entre patriménio «turismo? Qual a importincia que o turismo cultural tem como fonte de renda e sobrevivéncia para os habitantes de uma cidade? ‘Ancorado em sélida bibliografia © nas mais recentes discussbes tebricas, o presente trabalho bjetiva analisar quai as representagies construidas pelas camadas populares da cidade de Olinda (Pernambuco ~ Brasil) sobre patriménio hist6rico, cultura e turismo, buscando perceber o lugar ‘que a heranga histricae cultural da cidade ocupa na meméria desses grupos socials. 0 trabalho busca, ainda, discutir a construgo no Brasil ao longo do século XX da ideia de patriménio, ana- lisando as concepgdes vigentes nesse perfodo acerca do seu conceito e de como o mesmo deve- ria ser tratado pelo governo e Griios piblicos, Analisa as discussGes a partir dos anps 1920 e 30 ‘envolvendo intelectuais como Mario de Andrade, Rodrigo Melo Franco ¢ outros, que iniciaram ‘os debates sobre patriménio que resultaram na criagio em 1937 do Servigo do Patrimdnio Histé- rico e Artistico Nacional, SPHAN, érgio oficial responsével pela politica de preservaco no Brasil Declarada pela UNESCO, em 1982, «Pa 7 2006, primeira «Capital Brasileira da Cultura, de venda as atividades ligadas ao turismo, sendo famosa mundialmente pelo conjunto arquiteto- nico que data do periodo colonial e pelo seu carnaval Esta pesquisa tern como foco as populagées de baixa renda que trabalham ou moram na drea do sitio histérico da cidade, buscando investigar, a partir da realizagdo e andlise de entrevista, a8 diferentes visdes que esses grupos tém a respeito de questdes ligadas a0 patriménio. Ao analiser- mos as falas de vendedores de artesanato, de comerciantes de comida tipicas, de diversos tipos de trabalhadores informais e de moradores do sitio hist6rico, buseamos compreender as dife- Instituto de Pesquisas Sociais, Fundagio Joaquim Nabuco ~ Recife ~ Brasil {@) Faculdade UNIVERSO, Universo Salgado de Oliveira ~ Recife ~ Brasil =

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