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Título: Espectro de Ruído no Estudo de Sinais Pequenos

Universidade Federal do Rio de Janeiro


Instituto de Física
Relatório de Laboratório Avançada II
Autor: Thiago Marcolino da Silva

Objetivos

Estudo dos espectros de ruído e análise de sinais pequenos, com auxílio de um amplificador.

Introdução

O termo ruído refere-se a flutuações aleatórias do sinal elétrico (usualmente corrente e


voltagem em torno do seu valor médio temporal. Estas flutuações são, em geral, melhor caracterizadas
no domínio das frequências que no domínio temporal.
As fontes de ruído podem ser classificadas como intrínsecas e extrínsecas aos dispositivos. As
fontes intrínsecas são aquelas que resultam diretamente do mecanismo de condução sobre o qual a
operação esta baseada. O ruído causado por este tipo de fonte estará presente mesmo que o
dispositivo não apresente defeitos em sua microestrutura. Os exemplos mais importantes de ruídos
associados a este fenômeno são ruído Johnson (ou térmico) e o ruído shot.
Se tratando de dispositivos reais, é inevitável que sempre seja observado certo grau de
imperfeição. Além disso, a concentração de defeitos tende a aumentar como resultado de algum
mecanismo de degradação. A interação entre estes defeitos w os portadores de cargas resulta numa
fonte extrínseca de ruído, geralmente chamado de ruído de excesso, uma vez que esta componente
aparece somada ao ruído térmico que sempre estará presente em dispositivos operando a
temperatura acima do zero absoluto. Dentre os diferentes tipos de ruídos de excesso, o ruído 1/f é o
mais comumente observado.

Teoria

Ruído torna-se uma importante ferramenta para caracterização de materiais e diversos


dispositivos. Além de ser um ponto a ser considerado, quando estamos trabalhando com sinais muito
baixos e queremos, por exemplo, amplificá-lo. Portanto, temos que levar em consideração os efeitos
de ruídos que serão verificados na análise do material em questão.
A seguir são apresentadas as características mais importantes dos componentes de ruído para
caracterização dos materiais usados neste trabalho. Além de caracterizar as propriedades de
transporte dos elétrons nos materiais através do modelo de Drude, do físico alemão Paul Karl Ludwig
Drude.

Ruído Johnson (ou térmico, Nyquist noise)

Este ruído foi descoberto por John B. Johnson, em 1928, que observou a existência de uma
força eletromotriz (fem) espontânea entre os terminais de um corpo condutor. A origem deste ruído
foi atribuída por ele à agitação térmica dos portadores de carga os quais se encontram em equilíbrio
térmico com os átomos do condutor. Considere-se um detector que é uma fonte de tensão com saída
de impedância RS, ligado a um amplificador com um ganho AO como mostrado na Figura 1. O ruído
Johnson está associado com o movimento aleatório dos elétrons no RS. Seu valor quadrático médio
(em inglês, RMS, root mean square) durante um largura de banda de freqüência Δf ( em Hz) é

(1)

onde k é a constante de Boltzmann e T a temperatura absoluta do sistema

Figura 1: Fonte de tensão vS com saída de impedância RS conectada a um amplificador de ganho AO.

A densidade de espectro de potência (em inglês, PSD, power spectrum desnsity), dada pela
transformada de Fourier da função de autocorrelação do sinal elétrico, para o ruído Johnson na
voltagem, é dada por

(2)

Figura 2: Espectro de ruído típico em freqüência medido com um amplificador. Os picos bem definidos
aparecem por conta da não blindagem do sistema.
Ruído shot

O ruído shot é devido à natureza discreta do transporte de cargas. Esta componente aparece
sempre que uma corrente contínua atravessa o dispositivo, isto é, se não houver corrente DC, não
haverá o ruído shot.
A passagem da corrente elétrica não é um processo contínuo, desde que resulta do movimento
de portadores de cargas os quais são discretos e independentes. Portanto, a carga chegada de um
“pouco” mais ou menos portadores num intervalo de tempo em contraste com um intervalo seguinte
ao atravessar uma barreira, gera flutuações na corrente. É impossível prever o movimento individual
de portadores, mas é possível calcular a velocidade de um conjunto de portadores, ou o número
médio de portadores ao fluir de um ponto a outro num intervalo de tempo fixo. O valor RMS da
corrente de ruído shot, para uma corrente Idc que atravessa o dispositivo é dado por

(3)
onde e é a carga elementar do elétron e Δf a largura de banda. O PSD do ruído shot é dado por

(4)
Ruído 1/f

Este tipo de ruído é também conhecido como ruído flicker e domina o espectro de potência
para baixas freqüências. Flutuações com lei de potências 1/f têm sido observadas em praticamente
todos os materiais e dispositivos eletrônicos. Apesar de ainda não se saber ao certo sua origem, há
consenso geral a respeito do fato de que este ruído depende da concentração de defeitos e impurezas
na rede cristalina do material. Esses defeitos agem como armadilhas, aprisionando e libertando
portadores de cargas, cada defeito caracterizado por uma constante de tempo própria.
Para quantificar a soma de ruído 1/f, usamos a formula de Hooge

(5)
As duas primeiras igualdades são válidas, em geral, para amostras ôhmicas. Onde f é a
freqüência, γ é uma constante (entre 0,7 e 1,3), N é o número total de portadores e α é um parâmetro
que depende da concentração de defeitos na amostra.

Ruído de fundo

Um ponto importante a ser considerado, antes se de realizar qualquer medida de ruído, é


conhecer os limites do instrumento de medida. Logo, quando todas as fontes de entrada estão
desconectadas (sem dispositivo), o sinal que ainda aparece na saída é chamado de ruído de fundo
(noise floor, em inglês) e determina o menor sinal que poderá ser medido com o instrumento em
questão. O ruído de fundo é basicamente o sinal gerado pelo circuito interno do instrumento de
medida. A melhor maneira para se quantificar este ruído é tomar seu PSD, como de usual. Para isto as
entradas devem estar propriamente “terminadas”. No caso de um instrumento que mede voltagem
como entrada, deve ser dado um curto nos terminais de entrada, para o caso de uma corrente como
entrada, deve se deixar os terminais em aberto.
O recomendado para se obter uma medida confiável é que o sinal da amostra seja duas ordens
de grandeza maior que o sinal do fundo. Quando isto não é possível, o sinal deve ser amplificado, com
um circuito pré-amplificador antes de o sinal passar pelo instrumento de medida. Ainda assim faz-se
necessário conhecer o fundo do próprio amplificado, utilizado.

Interferência de sinais eletromagnéticos externos

Sinais de interferência também constituem uma forma de ruído. Um exemplo são os


"chuviscos" na imagem da TV quando um liquidificador é ligado; neste caso, as utuações que aparecem
na rede elétrica são geradas pelas vibrações do motor do aparelho. Da mesma maneira, o sinal AC de
60 Hz da rede elétrica e detectado no espectro de potência da medida de ruído (ver Figura 2). Esta
componente possui um espectro estreito e amplitude relativamente constante. Há ainda os sinais que
não necessitam de um meio material para se propagar como as ondas eletromagnéticas vindas das
estações de TV e rádio (AM e FM), rede Wi-Fi etc. Uma vez que estes ruídos indesejáveis mascaram o
sinal do dispositivo, logo devem ser eliminados ou atenuados. Uma maneira eficaz de se fazer isto
consiste em blindar o dispositivo, realizando a medida dentro de uma caixa metálica (gaiola de
Faraday). Além disso, instrumentos de medida com alimentação DC devem ser preferivelmente
alimentados com baterias, quando possível. Isto permite eliminar os ruídos oriundos da rede elétrica.

Modelo Drude

O modelo Drude de condução elétrica foi proposto em 1900, por Paul Drude, para explicar as
propriedades de transporte dos elétrons em materiais (especialmente em metais). O modelo, que é
uma aplicação da teoria cinética dos gases ao metal, assume que o comportamento microscópico dos
elétrons em um sólido pode ser tratado classicamente como um gás de elétrons livres, que se movem
através de uma rede de íons positivos relativamente fixos. O modelo do elétron livre, como é
conhecido, prediz com bastante sucesso a lei de Ohm.
Figura 3: Os elétrons modelo de Drude (pequenos círculos) saltam constantemente entre uns íons de cristal
mais pesados, estacionários (círculos maiores).

Procedimentos experimentais

Equipamentos

Resistores diversos
Potenciômetro
Fios de conexão
Osciloscópio
Protoboard Figura 4: Pinagem do
Amplificador operacional modelo 351 Amplificador operacional 351
Multímetro digital

Procedimento

Para análise de baixos sinais, foi montado o circuito da Figura 5, utilizando um amplificador
operacional de modelo 351.

Figura 5: Circuito com amplificador amplificar operacional 351 de ganho A=101


O sinal de saída Vout do circuito é dado por

(6)

onde R2=10kΩ e R1=100Ω e Vin é o sinal de entrada.

Para conhecimento do ruído de fundo do amplificador, foi dado um curto nas entradas (Figura
6) e ruído de fundo foi observado no osciloscópio (ou no multímetro digital).

Figura 6: Circuito com curto nas entradas

Para “zerar” o ruído de fundo, foi feito o ajuste com um potenciômetro ligados em suas
extremidades no offset (pinos 1 e 5 da Figura 4) e o fio central conectado na entrada do amplificador.
Com o ruído de fundo ajustado substituiu-se o curto por diversos resistores e observado o sinal no
osciloscópio.

Figura 7: Substituição do curto por um resistor

Resultados

Com a substituição do curto nas entradas por um resistor, o resultado esperado seria observar
ruído Johnson de resistores de diversas resistências, onde flutuações da tensão são amplificadas. Com
isso, seria computada a elevação do ruído na troca de um resistor por outro de maior resistência. Na
Figura 8 podemos observar o PSD para voltagem de medidas utilizando o circuito com amplificar de
baixo ruído.

Figura 8: PSD de voltagem para 3 elementos diferentes, um resistor de 10kΩ, um resistor de 1kΩ e um curto.

Análise dos Resultados e Conclusões

Na prática, o amplificador e todos os artigos restantes no circuito igualmente gerarão algum


ruído. Porem, após o ajuste do offset com o potenciômetro, podemos supor que a quantidade de ruído
produzida por um resistor de resistência R é grande bastante inundar todas as outras fontes de
flutuações aleatórias. Observa-se que o ruído do material é proporcional a sua resistência, o que esta
de acordo com a equação 2 que mostra o PSD para o ruído térmico.

(7)

Relação se encontra de acordo com o modelo de Drude, que descreve, em detalhe, o processo
da condução elétrica nos materiais, dando conta da relação estabelecida pela lei de Ohm, aplicando a
teoria cinética dos gases em um resistor, assumiu que seu comportamento microscópico (clássico), é
tratado como um gás de elétrons que se movem através de uma rede de íons positivos relativamente
fixos, portanto a mobilidade elétrica é afetada (diminui) com o aumento da resistência do material.
Pelo modelo é consistente falar que a frequência de colisões elétrons-íons e elétrons-elétrons é
incrementada, por conseguinte o aumento de ruído Johnson, pois existe um acréscimo no grau de
agitação térmica do material.
Bibliografia

O modelo do elétron livre de Drude completa 100 anos.


Carlos Ariel Samundio Pérez
Departamento de Física - Universidade de Passo Fundo
http://www.fsc.ufsc.br/cbef/port/17-3/artpdf/a7.pdf

Dissertação de Mestrado
Construção de um sistema para medidas de transporte in situ em uma câmara de irradiação iônica
Sérgio Luís de Abreu Mello
Instituto de Física – Universidade Federal do Rio de Janeiro

University of St. Andrews


http://www.st-andrews.ac.uk/~jcgl/Scots_Guide/iandm/part3/page2.html

Apostila de Laboratório de Eletrônica Moderna


Manuel Rothier

Building Scientific Apparatus


John H. Moore, F Christopher C. Davis, F Michael A. Coplan

Colaboradores

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