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Economia e G. Alimentosl
Economia e G. Alimentosl
Universidade Pedagógica
Maputo
2021
Arcenia Elisa Ventura
Ester Cumbane
Nilza Heriques Machiça
Veronica Zuquize
Neri Isaias
Universidade Pedagógica
Maputo
2021
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................1
1.2. METODOLOGIA............................................................................................................................1
2. CONTEXTUALIZAÇÃO...................................................................................................................2
11. CONCLUSÃO...............................................................................................................................12
O desenvolvimento económico está em grande parte associado ao padrão comercial dos países. A
presença de desequilíbrio comerciais limita as possibilidades de crescimento de um país assim
como uma situação de superavit comerciais, permite uma maior margem de políticas
macroeconómica. Sendo assim, a política comercial e o padrão de inserção no cenário
internacional são questões fundamentais ao se tratar de desenvolvimento económico.
1.2. METODOLOGIA
Para o alcance dos objectivos esperados, a constituição dos corpora para a investigação passou
por seguintes fases: desenvolvimento de um amplo estudo bibliográfico sobre, o tema no geral.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Pelo fato do comércio ser uma actividade bastante antiga, é normal encontrar um conjunto
bastante amplo de explicações, ideologias ou teorias sobre o comércio internacional. Segundo
Kenen (1998), o estudo sobre o comércio internacional surgiu no século XVI, motivado pelos
europeus em busca de ouro, evoluiu com os surgimentos dos estados-nação modernos e atraiu
pensadores económicos entre os séculos XVIII e XIX. As ideias concebidas por tais pensadores,
como David Hume, Adam Smith, John Stuart Mill e David Ricardo, por exemplo, são ainda hoje
utilizadas para descrever e compreender o comércio internacional. Além de uma visão
liberalizada do comércio, eles deixaram como legado um conjunto de ferramentas de análise de
grande importância utilizadas pela económica moderna.
O estudo da economia internacional apresenta cada vez mais importância, visto que a cada dia a
noção de tempo e distância estão menores, não apenas pelo desenvolvimento da comunicação e
do transporte, mas também devido ao “crescimento do uso dos mercados internacionais para a
compra de bens e serviços e de activos financeiros” (Appleyard et al., 2010, p. 1).Não é apenas o
volume absoluto de bens e serviços comercializados que importam, mas também a razão entre as
exportações e o PIB da economia analisada, o qual mede o grau de dependência internacional.
O comércio internacional não é fruto da globalização, mas sim, fruto das primeiras relações de
trocas, que proporcionaram às economias utilizarem seus recursos da maneira mais eficiente,
elevando assim a sua competitividade e por consequência, a renda. O fácil e rápido acesso às
novas tecnologias elevam a eficiência e a qualidade dos produtos exportados, assim, não se deve
negar que com o passar do tempo, o comércio internacional apresenta “cada vez mais,
importância económica, social e política em todo o mundo” (Morais; Marra 2010:65; Kenen,
1998).
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3. TEORIAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
A teoria liberal do comércio internacional surgiu com o elogio da divisão do trabalho e a crítica
ao proteccionismo feito por Adam Smith, no seu livro “A Riqueza das Nações” editado em 1776.
Adam Smith (1776) argumenta assim contra o mercantilismo, referindo que o proteccionismo
limitaria o processo de desenvolvimento inglês, que o saldo permanente positivo da balança
comercial seria insustentável e que as exportações diminuiriam devido a acções de retaliação dos
outros países. Demonstrou as vantagens da livre troca, em que o ganho seria importante para os
dois intervenientes e para a economia mundial, dada a abertura dos mercados internacionais aos
produtos industriais ingleses. Para esse efeito, os países teriam de se especializar de acordo com
as suas vantagens absolutas, produzindo e exportando os produtos em que tivessem maior
produtividade e eficiência e importando aqueles em que os outros seriam melhores. Na teoria das
vantagens absolutas, a tecnologia era um factor relevante na explicação das trocas. A limitação
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desta teoria prende-se com o facto de um país que fosse ineficiente em termos absolutos em
ambos todos os bens, nunca poderia participar no comércio internacional.
Já no início do século XIX, David Ricardo (1820) alegaria que as relações comerciais entre
nações ocorreriam segundo o princípio das vantagens comparativas e não absolutas: os países
exportariam (importariam) bens produzidos onde o trabalho fosse relativamente mais eficiente,
de modo que o comércio seria favorável mesmo para um país que fosse mais (menos) eficiente
em todas as linhas de produção. Após determinação do padrão de especialização, a troca apenas
se concretizaria se existirem incentivos para tal, em termos de Razão de Troca internacional, que
beneficiaria a respectiva especialização em ambos os países. Para David Ricardo o comércio
internacional é um “jogo” de soma positiva contrariamente ao pensamento mercantilista. David
Ricardo, com o modelo das vantagens comparativas ou relativas, tentou assim demonstrar que
mesmo quando um país era absolutamente menos eficiente a produzir todos os bens, continuaria
a participar no comércio internacional ao produzir e exportar os bens que produzisse de forma
mais eficiente.
De forma simplificada, com recurso a apenas dois factores (terra e trabalho), dois produtos e dois
países, o conjunto de pressupostos para legitimar o livre-comércio tornou-se formalmente mais
rigoroso: a) o modelo é baseado numa estrutura de mercado de concorrência perfeita nos
mercados de bens e de factores de produção; b) as funções de produção são similares entre as
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nações envolvidas no comércio internacional, diferentes entre os sectores produtivos e
apresentam rendimentos constantes de escala; c) existe livre mobilidade dos factores de produção
entre os sectores produtivos, mas entre os países não existe livre mobilidade, com os preços
totalmente flexíveis; d) os produtos e os factores são homogéneos em ambos os países.
Com o incremento das viagens de exploração científica pelo interior do continente africano,
principalmente a partir da primeira metade de século XIX, os países industrializados da Europa e
os Estados Unidos tomaram conhecimento de um grande número de produtos e novas
possibilidades comerciais. Foi, no entanto, na segunda metade do século XIX que estes países
passaram a interessar-se de maneira mais diligente pelas riquezas do continente, atraindo para a
África o efervescente capitalismo, até então dirigido principalmente à América e ao Oriente.
Como resultado do aumento da procura externa por produtos lícitos nas costas moçambicanas,
muitos produtores africanos responderam prontamente às demandas da indústria europeia.
Décadas mais tarde, e já sob a dominação colonial portuguesa no século XX, Moçambique
passaria a produzir e exportar, também, grandes quantidades de algodão, concretizando assim o
desejo de muitos colonialistas em ver a província gerar grandes lucros com a exportação de
produtos agrícolas. Carlos Fortuna, autor de um importante estudo sobre a produção algodoeira
em Moçambique, sugere, contudo, que somente com a consolidação da exportação deste produto
é que Moçambique passou a inserir-se na ―Economia-mundo, e suas relações comerciais se
internacionalizaram (Rita-Ferreia 1961:20).
Os portugueses, apesar de não controlarem o novo capital que começava a instalar-se na costa e
da sua ínfima participação no comércio das oleaginosas, souberam criar as primeiras condições
para favorecer tal comércio e tirar vantagens do mesmo. Foram abertas as alfândegas de Ibo,
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Quelimane, Inhambane e Lourenço Marques; modificaram-se as tarifas alfandegárias com o
intuito de alentar as trocas comerciais; abriram-se oficialmente os portos a outros países em
Outubro de 1853; e, no mesmo ano, assinou-se um tratado comercial com a França, que trouxe
na sequência a instalação nas costas moçambicanas das firmas marselhesas de Fabre et Fils e
Régis Ainé, as duas mais importantes empresas comerciais de oleaginosas que operaram em
Moçambique no século XIX.
Este incipiente comércio ganhou maior importância a partir dos anos 60, com a entrada no
mercado europeu do petróleo dos Estados Unidos, o que fez diminuir a competitividade dos
óleos vegetais da costa ocidental, maior exportadora até aquele momento. Muitas casas
comerciais europeias ali instaladas redirecionaram os seus negócios ao outro lado do continente.
A abertura do canal de Suez em 1869 permitiu definitivamente a viabilidade económica do
comércio de sementes da costa de Moçambique com destino ao mercado europeu. A produção
foi então assegurada pelos produtores africanos instalados na costa ― ou não muito distantes dos
portos de embarques do litoral, que ainda dentro de um contexto de produção familiar e de
subsistência passaram a abastecer um número crescente de comerciantes desejosos pela sua
produção. Neste primeiro momento, as mercadorias mais procuradas foram o gergelim e o
amendoim, mas rapidamente outros produtos vegetais entraram na pauta, seja com o objectivo de
exportação para a Europa, seja para a alimentação do crescente contingente de comerciantes e
escravos que passaram a circular pela região (Rita-Ferreia 1961:18-36).
As reformas de políticas e a boa gestão macroeconómica têm sido factores importantes para
estimular o desenvolvimento económico de Moçambique ao longo dos últimos 15 anos,
garantindo uma das taxas de crescimento mais altas para as economias não-petrolíferas africanas,
com o crescimento real anual do PIB durante o período 2002-2012 a registar uma média de 7,5
%. As reformas económicas desde 2000 resultaram na reintegração gradual da economia nos
mercados regional e mundial, com impacto directo na estrutura comercial do país e permitindo
que o comércio desempenhasse um papel importante na facilitação do crescimento económico.
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resultado do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em megaprojectos, e é provável que essa
dinâmica continue num futuro previsível, com o potencial comercial do país a tornar-se uma
realidade, particularmente no sector extractivo.
Esta situação quase certamente reflecte o início da exportação do alumínio no início da década e
a importação de máquinas e equipamentos associados aos investimentos no sector de energia e
recursos minerais, principalmente carvão e gás natural, no fim da década passada e início da
década corrente.
O comércio é uma questão transversal que afecta praticamente todos os sectores e que, por
conseguinte, requer uma abordagem holística e integrada para garantir medidas de orientação
efectivas e eficientes. Além disso, considerando que o sector privado é o actor chave no sector do
comércio, o papel do governo em termos de promoção e facilitação do papel do sector privado
no desenvolvimento económico e na melhoria do ambiente de negócios é crucial para o
crescimento do comércio interno e internacional. O Ministério da Indústria e Comércio (MIC) é
a instituição-chave com o mandato de promover o comércio, melhorar a competitividade e
coordenar esta questão transversal em vários sectores e instituições, de modo a maximizar os
esforços com vista a melhorar o comércio. O estatuto que define as competências do MIC foi
revisto em Abril de 2016 e confere 16 atribuições a este Ministério.
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7. Parceiros Comerciais de Moçambique
Com efeito, Moçambique regista um défice comercial com a maioria dos seus dez principais
parceiros comerciais, à excepção dos Países Baixos e da Índia. Os Países Baixos são um caso
especial devido ao comércio de alumínio e a Índia é o maior destino da exportação do carvão de
Moçambique. A China e a Índia, posicionados em 3º e 4º lugar respectivamente estão a
conquistar uma importância crescente como parceiros comerciais e são os principais destinos de
produtos primários como o carvão e areias pesadas. A importância do Bahrein e dos Emiratos
Arabes Árabes Unidos (EAU) está relacionada com a importação do petróleo. Os parceiros
comerciais tradicionais entre os países desenvolvidos, nomeadamente Portugal, o Reino Unido,
os EUA e o Japão, são fornecedores internacionais de maquinaria, veículos e produtos eléctricos
e electrónicos (MIC 2016:37).
A análise do comércio externo revela a importância deste sector na economia devido ao peso que
possui, sobretudo das importações (bens de consumo final e bens intermédios) e na formação e
evolução do PIB.
A economia nacional possui uma poupança interna muito baixa, o investimento depende
principalmente de capitais externos que se dedicam às produções para exportações integradas em
cadeias de valor verticalizadas e externalizadas, concentrado na extracção de recursos naturais e
na exploração da terra e do factor trabalho para a produção de commodities, aumentando a
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natureza extrovertida da economia com aprofundamento da especialização produtiva no sector
primário, o que constitui característica das economias subdesenvolvidas.
Nas últimas duas décadas, e por consequência do investimento estrangeiro, assiste-se a mudanças
na estrutura económica e do comércio externo, com afunilamento sectorial e espacial do
crescimento, concentração do comércio externo por países de origem e destino dos principais
bens e serviços, gerando mais pobreza e desigualdades sociais e espaciais. Os principais bens
exportados, como o alumínio, carvão, gás e energia destinam-se a um ou dois países por cada
produto.
Em consequência desta evolução estrutural, a economia está assente numa base social muito
restrita, isto é, o crescimento não é inclusivo, gera mais pobreza, produz crescentes
desigualdades sociais e espaciais, e é atrofiador das pequenas e médias empresas.
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equilíbrio entre as prioridades nacionais e o bem colectivo”, destacando a importância de uma
abordagem integrada da segurança alimentar.
O relatório explica que embora a abertura ao comércio possa resolver alguns dos problemas
relacionados com a disponibilidade de alimentos e possa levar à redução da pressão sobre os
preços de produtos alimentares também tem riscos, potencialmente deixando os países expostos
a choques dos mercados a curto prazo e a aumentos das importações, que podem efectivamente
prejudicar a produção alimentar interna nascente.
Além disso, a natureza cada vez mais globalizada dos mercados de produtos agrícolas significa
que as acções de um país ou grupo comercial podem ter efeitos em cadeia sobre o resto do
mundo. As mudanças na produção, a estabilidade dos mercados e a política comercial num
importador ou exportador importante podem ter grandes implicações para os mercados mundiais,
que terão impacto sobre a oferta e preços globais e, potencialmente, sobre a segurança alimentar.
O relatório também indica que a mudança nos padrões comerciais pode afectar a produção e o
consumo interno de alimentos em todas as fases da cadeia de valor. O aumento das importações
de alimentos pode prejudicar a produção interna e causar uma perturbação económica que reduz
as receitas, aumenta o desemprego e afecta o bem-estar e a segurança alimentar de alguns grupos
populacionais (FAO 2015:22-30).
Além disso, os países individuais são muitas vezes mais vulneráveis do que os que são membros
de blocos comerciais regionais, que podem facilitar a partilha de riscos associados à globalização
e às perturbações a curto prazo da produção interna. As implicações e o impacto da política
comercial e da política de segurança alimentar estão interligados, enfatizando a importância da
coordenação entre os principais ministérios e instituições da agricultura e do comércio.
Todavia, o relatório indica que muitos países não estão a coordenar cabalmente e a priorizar as
questões de comércio e segurança alimentar de forma integrada. Uma maior coerência entre a
política comercial e de produção interna reveste-se da maior importância para estabilizar a
segurança alimentar e reduzir a vulnerabilidade dos países em desenvolvimento aos choques
externos.
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10. Os principais produtos exportados e importados em Moçambique
Alumínio
Carvão
Gaz natural
Exportação Crustáceos
Eletrecidade
Areias Pesadas
Pedras preciosas
Madeiras
Petróleo
Alumínio bruto Trigo
Eletrecidade Açúcar Milho
Importação
Maquinarias Arroz
Material de construção Peixe congelado
Veículo Animais vivos e carne
Produtos farmacêuticos
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11. CONCLUSÃO
Fim do trabalho conclui-se que, o comércio internacional pode ser definido como a troca de bens
e serviços entre países, que resulta da especialização da divisão do trabalho e das vantagens
comparativas dos países, assentando em dois principais interesses, o político e o comercial.
A economia nacional possui uma poupança interna muito baixa, o investimento depende
principalmente de capitais externos que se dedicam às produções para exportações integradas em
cadeias de valor verticalizadas e externalizadas, concentrado na extracção de recursos naturais e
na exploração da terra.
Nas últimas duas décadas, e por consequência do investimento estrangeiro, assiste-se a mudanças
na estrutura económica e do comércio externo, com afunilamento sectorial e espacial do
crescimento, concentração do comércio externo por países de origem e destino dos principais
bens e serviços, gerando mais pobreza e desigualdades sociais e espaciais.
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12. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APPLEYARD, D. R; FIELF JÚNIOR, A. J.; COBB, S. L. Economia internacional. 6 ed. Porto
Alegre: AMGH, 2010.
FAO (2015) “The State of Agricultural Commodity Markets 2015-2016,” FAO: Rome.
REZENDO FILHO, C. de B. História Econômica Geral. 9.ed. São Paulo: Contexto, 2008
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