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ÍV BERNARDINO DE S.

^ S É
DA ORDEM HOSP. DE S. JOAO DE DEUS

S SALMOS
E CÂNTICOS
DO BREVIÁRIO
TRADUÇÃO E COMENTÁRIO

(2 .0 e d iç Ao )

LIVRARIA EDITORA
BRA GA

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os SALMOS
E CÂNTICOS
DO BREVIÁRIO

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NIHIL OBSTAT
Bracarae, dle 13 Aprilis, anno 1947
Sa c. Adao Salgado Voz de Faria, Cens. Del.

IMPRIMATUR
Bracarae, dle 14 Aprilis, anno 1947
Canônicas Em manuel Peixoto — Vicarius Generalis

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OFICINAS ORÁnCAS <PAX»
BRAGA

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0 favor de Deus sai esta segunda edição do
nosso m odesto trabalho, — •O s Salm os e Cânti­
cos do B reviário». Ao lançarm os a público, p ela pri­
meira vez, 0 nosso despretencioso estudo, nunca ju lg á ­
mos que viesse a ter a aceitação que, p o r mercê de Deus,
encontrou, sobretudo entre os actuais efuturos sacerdotes.
Quiséramos, nesta segunda edição, ter em conta as
últimas aquisições da ciência bíblica, mas, infelizmente,
as circunstâncias a isso se opuseram.
Quando os editores nos escreveram, propondo lan-
çar-se a público nova edição, havíamos nós em igrado
e estávamos no sertão da África ocupados em lides mis­
sionárias. Foi-n os remetida a carta, mas, retida longos
m eses nos diferentes postos de censura q a e teve d e atra­
vessar p ara nos chegar ás mãos, só multo tarde a rece­
bemos. A nossa im ediata resposta levou outros tantos
m eses a transpor os diferentes obstáculos, próprios do
tempo, encontrados pelo caminho. Entretanto os edi­
tores, julgando-nos morto ou desaparecido, urgidos
p o r novos pedidos da obra esgotada, lançavam no prelo
a nova edição em tudo igual á primeira. Estava j á
qu ase terminada a nova im pressão quando surgimos

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nós outra vez, justam ente â tempo de escrever esie
prefácio.
N ão deve porém deixar-nos grande pena a even­
tual m odernização qa e introduziríamos no nosso traba­
lho. As aquisições da ciência bíblica no capitulo dos
Salm os, após o nosso estudo, reduzem-se á substituição
de umas conjecturas p o r outras, que podem agradar m ais
ou menos, m as que permanecem sempre muito discu­
tíveis.
Trabalho m ais sólido, e de excepcional importân­
cia, é, sem dúvida, o Novo Saltério, traduzido p o r uma
com issão de professores do Instituto B íblico Pontifício,
obra patrocinada pela Santa Sé, e concedida p ara reci­
tação quotidiana, p or enquanto, apenas facultativa.
Seria Imodéstla e Impertinência, da m inha parte^
fazer, eu, aqui, uma análise crítica d a obra dos Ilustres
professores. N o entanto ressalta, à prim eira vista, que
o texto litúrgico melhorou Imensamente quanto à ínte-
legíbílldade. J á os sacerdotes piedosos poderão viver,
os insuperáveis acentos religiosos do R eal Profeta, sob
a inspiração do Espirito Santo, sem se verem detidos e
desorientados a cada p asso p o r descoroçoadores p ara-
loglsmos. Os critérios adoptados na nova íradução
são impecáveis, e a obra saiu, com o era de esperar de
tão sábios e competentes autores.
N o entanto a crítica dos m eios universitários e
litúrgicos do estrangeiro, cujos ecos nos com eçam a
chegar, ainda acha que a realização nem sem pre f o i
bastante feliz , umas vezes por dem asiada timidez ou
dem asiado conservadorismo em adoptar lições, conjectu­
rais sem dúvida, mas acerca de cuja justeza j á se esta­
beleceu uma quase unanim idade entre os técn icos;

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fREPÁCIO VII

outras p o r escusada m odernização do que, sendo tradi­


cional, j á era correcto e cla r o ; algum as, p ela adopção
de fórm ulas de compromisso, de sentido vago, para
agradar a todos, com o é natural num trabalho feito,
não por uma pessoa, m as p o r uma com issão; e em
geral, p or uma dem asiada despreocupação da poética
dos salmos.
P or isso em todos esses m eios estão sendo emiti­
dos votos de um ulterior aperfeiçoam ento, de áltim a
pulidura no Novo Saltério, antes de tornar-se obriga­
tória a sua recitação.
Os próprios tradutores parece terem apelado,
modestamente, p ara esta espécie de plebiscito, e a
Santa Sé ao tornar, não obrigatório desde já , m as
apenas facultativo, o uso do novo texto, parece ter que­
rido d ar tempo à crítica de se m anifestar e apontar os
melhoramentos que deseja ver introduzidos. Em todo o
caso pensam os que esta áltim a dem ão n ão deve tardar.
Propom o-nos então, se D eas o perm itir e nos aju­
dar, quando o texto definitivo aparecer, ou, não sè rea­
lizando esta hipótese, logo que haja oportunidade, apre­
sentar uma tradução, o m ais possível fiel, do texto
litárgico, com epígrafes, notas e breves comentários,
p ara cuja factu ra pedim os, desde já , os conselhos e
sugestões dos am aveis leitores, sobretudo dos muito
venerandos professores de ciências bíblicas dos nossos
Seminários.

C a sa de Saúde do Trapiche, Funchal.

N a Festa de S. Francisco de Sales, do ano


de 1947.

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INTRODUÇÃO

Xo se pode encarecer a excelência dos salmos, e a


N necessidade de lhes darmos um mais amplo lugar
na nossa oração, com mais valiosas e incontestáveis ra=
zões, que as apresentadas na Bula Divino Afflatu pelo
imortal Pio X, de sanfa memória.
I «Os salmos sáo, no dizer de S. Basílio, a voz
inata da Igreja». «Conteem, diz S. Atanásio, o modo e
as próprias palavras com que devemos honrar a Deus,
para o fazermos convenientemente». Ou, como diz S.
Agostinho, expressando mui belamente o mesmo pensa­
mento, «Deus, para com perfeição ser louvado pelos ho­
mens, louvou-se a si mesmo (pela bôca dos autores
sagrados): e assim, neste louvor que a si se dignou
prestar, teem éles o modêlo e a fórmula do seu próprio
louvar».
II «São dotados os salmos duma admirável vir­
tude para excitar os ânimos à prática do bem. «São,
diz de novo S. Atanásio, um jardim de encanto que
contém, em maravilhosa selecção, os mais saborosos
frutos de todos os outros, isto é: dos demais livros da
Escritura*.
Por isso não é de admirar que a Igreja, logo desde
os seus primeiros vagidos, se assim se pode dizer, te­
nha tecido a sua oraçáo com as mais quentes expres­
sões dos salmos, e que nada de terno, de suplicante, de
entusiástico ou laudatório saiba dizer ao Celeste Espôso

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senão nesta linguagem preestabelecida, vasado nestes
divinos moldes.
E não é só a oração pública e oficial da Igreja a
que encontra nos salmos a sua mais adequada expres­
são. Os próprios fiéis, orando em particular e até nos
momentos em que menos convencionalismos podiam
observar, como quando, nos estos da dor, sôbre os
cavaletes e cadafalsos do martírio, ejaculavam para o
céu as suas mais lancinantes súplicas, repetiam como
que naturalmente os mais cortantes gemidos do Profe-
ta-Rei.
Os salmos chegaram até a ser, nos tempos áureos
da Igreja, no século dos Santos Padres, as mais popu­
lares das canções. Temos disso muitos testemunhos
nos escritos da época. Baste-nos citar por todos esta
passagem duma carta de S. Paula á sua amiga Marcela
em que, descrevendo as delicias do seu remanso de
Belém, diz: — «Na quintazinha de Çristo tudo é cam-
pestre, e é tanto o silêncio, que, afora o canto dos sal­
mos, nâo se ouve outra coisa. Mas para qualquer lado
que nos voltemos o lavrador, de mão na rabiça, en­
toa 0 aleluia; o ceifeiro, alagado em suor, distrai-se
com salmos; o vinhateiro, empunhando a curva poda-
deira, canta-nos algo de David. São estas as cantigas
da nossa província, estas, como vulgarmente se diz, as
canções de amor, isto, o que trauteiam, assobiando, os
pastores.
Depois, com o decorrer dos séculos, o decrescer
do fervor religioso, e a incompreensão progressiva do
latim e do grego, o povo, ao mesmo tempo que ia dei­
xando de compreender e apreciar a oração litúrgica, ia

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INTRODUÇÃO - 3

também pondo de parte e esquecendo os salmos, a


ponto de se tornarem um jardim cerrado onde a custo
penetram os eruditos.
Mas não será possível conseguir, não digo já que
0 lavrador, de mão na rabiça, volte de novo a cantar-
-nos algo de David, mas pelo menos que a leitura e
recitação dos salmos torne a ser tão famiiiâr aos fiéis,
que a sua oração se deslize espontaneamente para ês-
ses sulcos divinamente abertos à expansão da mais
ardente e-sólida piedade? — Não fôram êstes os de­
sígnios do Espírito Santo ao inspirá-los?
0 grande Papa do Restaurar tudo em Cristo pa­
rece tê-lo vislumbrado. De resto, a restauração da
piedade litúrgica, em que anda empenhado o escol da
intelectualidade católica, exige que os salmos voltem a
ocupar na oração dos fiéis o lugar de outrora. 0 pre­
sente trabalho é apenas a modesta contribuição com
que 0 autor destas linhas deseja também — mão posta
ajuda é, — colaborar em tão meritória obra.
Como aquelas pessoas de fino tracto e real valor
que não necessitam mais‘que aparecer para logo serem
apreciadas e requestadas, os salmos recomendam-se-
por si-mesmos. Basta conhecê-los.
Mas nisto está precisamente a dificuldade. E’ ne­
cessário, não só uma regular instrução religiosa da
parte dos fiéis para compreendê-los e apreciá-los, mas
também uma tradução em língua vulgar que, sem pre­
juízo da exacta expressão do pensamento do autor, nos
deixe ver, na medida do possível, um pouco da suá arte.
Não abundam entre nós as traduções dos salmos
e as que existem sâo çm geral, por um lado, tão ser-

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vís que, sem serem por isso mais exactas, tornam-se
fastidiosas e peniveis de ler para as melhores boas-
-vontades, e por outro, tão falhas de notas, epígrafes,
divisões e outros meios de facilitar-lhes a inteligência,
que dificilmente se lhes pode seguir o sentido. 0
nosso humilde trabalho tem a pretensão de preencher
esta lacuna. 0 leitor dirá se o conseguimos.

O Texto

sôbre que é feita a traduçáo que apresentamos não é o


da Vulgata mas o texto hebraico vulgarmente chamado
Massorético, embora contrastado com o das versões
antígas, em especiai das mais autorizadas: — a dos
LXX e a de S. Jerónimo. Ainda que não seja êste, a
S. Jerónimo chamava a hebraica veritas, o texto oficial
da Igreja católica de rito latino, nem por isso é menos
autorizado e digno de estima. Por outro lado, tôda a
gente sabe que o texto que lemos no Breviário — *é
obscuro em muitos pontos, muitas vezes não traduz
exactamente o sentido do original, e algumas até nâo
tem sentido algum apreensivel». (1) O Texto He­
braico, sem estar totalmente isento dêstes defeitos,
merece em geral mais estima aos eruditos.
Por isso julgamos melhor remontar-nos às origens
e apresentarmos o que no estado actual dos nossos
conhecimentos, parece reproduzir mais fielmente o que
os autores sagrados escreveram.
Quanto à divisão dos salmos por estrofes, versos,

(1) E itraid o de Crainpon.

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etc., adoptamos em geral a de Mr. Perennés fundada
sôbre os princípios de Zenner, Honthein, Condamin,
por nos parecer a que mais probabilidades tem de se
aproximar da dos próprios autores sagrados.
Viria aqui a propósito falarmos da poética dos sal­
mos, mas tendo resolvido, por conselho de pessoas
amigas, omitir tudo o que, atenta a falta da necessária
iniciação nestes estudos no nosso meio, só poderia ser
apreciado por um pequeno número de leitores, pouco
nos cabe dizer.
0 leitor que olhar para um dos salmos que apre­
sentamos verá logo à primeira vista que tem a aparên­
cia de uma composição em verso. Não se enganará,
porque verso é, embora obedecendo a uma poética
muito diferente daquela a que estamos habituados. O
salmo divide-se pois num certo número de versos que
formam grupos chamados estrofes. No nosso trabalho
encimamos cada uma de uma epígrafe explicando o
assunto tratado. Cada estrofe contém por sua vez um
ou mais grupos de versos em que se desenvolve uma
mesma ideia. Cada verso divide-se ainda em duas
partes, (hemistíquios) algumas vezes três. No nosso
trabalho a primeira é a que começa por maiúscula e
junto à margem da esquerda; a segunda e a terceira
começam um pouco mais adiante e com letra minús­
cula ordináriamente.
Ora 0 principal elemento da poética hebraica con­
siste no chamado Paralelism o, espécie de rima, não de
palavras, mas de ideias e de conceitos, em que ao pri­
meiro membro do verso corresponde o segundo, em
que se repete a mesma ideia, embora por diferente for­

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ma, — (paralelismo sinonímico), ou se completa e
explica, ou ainda se põe em contraste pela expressão
de uma ideia oposta — (paralelismo antitético). Algu­
mas vezes também, esta correspondência dá-se entre
membros de versos contíguos — ( paralelismo alter-
nante). Outras ainda não há sinonímia ou antítese, mas
os vários membros do verso vão-se sucedendo, guar­
dando entre si uma certa proporção e harmonia, de
ideia e de construção, sumamente agradável ao espí­
rito, (paralelismo sintético). Enfim, não é uma poética
que se apreenda pelo ouvido, mas pelas faculdades
intelectuais.
Áufor dos Salmos

Diz-se geralmente David. Na realidade não foi


David 0 autor único dos salmos. Alguns são atribuídos
pelo próprio texto sagrado a Azapli, aos filhos de Coré,
etc. e outros são simplesmente anônimos.
Porém, quer sejam do Santo Rei David, quer de
outro de menos fama ou até desconhecido, o principal
autor dos salmos é o Espírito Santo. Foi o Espírito
Santo que actuou nos autores sagrados e os fêz escre­
ver tudo e só 0 que lhe aprouve, deixando embora a
cada um o seu estilo particular e a urdidura literária
do assunto. Por isso os salmos são verdadeiramente
a palavra de Deus.
Variantes nos Salmos

Algumas há sem dúvida, ou sejam discrepâncias


numa ou noutra frase, sôbre um ou outro pormenor,
entre os vários exemplares, tanto do texto hebraico

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introdução - 7

como das versões, que chegaram até nós. Tendo Deus


deixado ao cuidado do homem o conservar e transmi­
tir á posteridade a sua palavra escrita, e propagando-se
entâo os livros de um modo tão rudimentar como
é por meio de cópia à mão de outro exemplar mais
antigo, era impossível, sem um milagre contínuo, que
outra coisa sucedesse.
A fé, no entanto, e a razão nos dizem que, con­
tendo os Livros Santos a Revelação a transmitir, pura e
exacta, às gerações futuras, devia Deus velar por quç êsse
fim se não frustrasse, apesar das faltas devidas à fragi­
lidade.ou à maldade humanas. De facto, à medida que
avançam os estudos bíblicos, vai-se constatando que as
variantes ou reais discrepâncias são em muito menor
número e de muito menor importância do que à pri­
meira vista parece, e não chegam a alterar o sentido de
tão pouco extensas partes (considerando-as em con­
junto), como são alguns salmos. Assim se verifica que
o testemunho dos Livros Sagrados é absolutamente fiel.

Várias espécies de Salmos

Merecem especial menção os messiânicos. São-no


os que se referem ao futuro Messias, — que nós os cris­
tãos reconhecemos na pessoa de N. S. Jesus Cristo —,
ao seu tempo, ao juízo que viria exercer, etc.
Há-os que são literalmente messiânicos, quer se
refiram directamente ao Messias como os salmos 2 e
109, ou sob uma alegoria, como o 44; outros são típica e
mediatamente messiânicos, porque literal e directamente
se referem a David, Salomão, etc., mas enquanto eram

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um tipo OU figura do Messias vindouro; alguns outros
referem-se a um justo, a um servo de Deus indetermi­
nado, mas só teem cabal aplicação entendidos do Justo,
do Servo de Deus por excelência, — o Messias.
Quanto à forma literária, uns sâo ardentes súplicas
na aflição; outros,entusiásticos hinos de louvor; alguns,
tranqüilas meditações, espécie de elevações sôbre as
perfeições de Deus, a sua Lei, a sua Providência, etc.;
outros ainda cantam a especial benevolência de Deus
para com o seu povo, manifestada através da história de
Israel; e muitos reúnem tôdas ou várias destas quali­
dades. Todos porém, embora em diverso grau, são ver­
dadeiras jóias literárias, em nada inferiores ao que de
mais perfeito nos deixou a antiguidade grega ou romana.

As imprecações nos Salmos

Não podem nem devem entender-se à letra. — « É


necessário, diz o P. Condamin, ter em conta o estilo
poético, hiperbólico, e as formas estereotipadas da lin­
guagem para não as interpretar estritamente, como
quando um sirio dos nossos dias diz ao cavalo que se
encabrita: — Maldito seja o teu pai, a tua mãe, o teu
patriarca, as barbas do teu patriarca. . . — 0 hábito das
ideias concretas nos semitas explica em parte a dificul­
dade que teem em amaldiçoar o crime sem amaldiçoar
0 criminoso ». Náo são pois as imprecações mais que
liberdades poéticas exprimindo apenas a veemente indi­
gnação de que estavam possuídos os que as proferiam,
ao verberar o mal.

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Sentido dos Salmos

Ou seja, — como lê-los e entendê-los com fruto e


verdade ? — 0 melhor, em nosso entender, é recitá-los
com 0 mesmo pensamento, com os mesmos afectos,
com 0 mesmo espírito com que fôram escritos.
A que 0 leitor o possa fazer vão encaminhadas as
introduções, as epígrafes das estrofes, as notas ao fundo
da página, e uma ou outra breve observação em forma
de comentário ascético-Iitúrgico, que apresentamos
quando nos parece necessário, ao fim de cada salmo.
O sentido litúrgico dos salmos, isto é, aquele que a
Igreja lhes aplica, segundo as várias circunstâncias ou
festas em que os emprega, e que multas vezes se funda
sôbre uma interpretação particular de qualquer versí­
culo, sem grande relação com o contexto, merece um
lugar á parte. É o qUe pretendemos indicar sob a epí­
grafe — aplicações litúrgicas.
Além disso, as pessoas piedosas encontrarão na
leitura atenta e reflectida dos salmos infinitas conside­
rações espirituais que fazer, segundo lhas fôr mostrando
0 Espirito Santo, qual mais frutuosa para a sua alma.
Poucos há que não reflitam estados de alma, da
alma de David, — um dos homens que mais diversas e
opostas situações atravessou, das mais prósperas às
mais desgraçadas, — e dos outros santos personagens
que fôram os salmistas, e, o que mais é, da própria
alma de N. S. Jesus Cristo, de que eram figura. Mas
como êsses estados são tão variados, não é só o duma
alma que aí encontramos retratado, mas o de tôdas as
almas e de todos os tempos.

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Aí encontraremos também o nosso, com os nossos
contínuos caíres e levantares, os nossos entusiasmos e
desfalecimentos, as nossas alegrias e tristezas, as nossas
esperanças e temores. Os salmos adaptam-se a tôdas
as circunstâncias espirituais em que possamos encon­
trar-nos, e qualquer que seja o nosso estado de alma
presente, há sempre algum que nos convenha, que nos
ilumine, que nos console e fbrtaleça.
E que belo é contemplar à luz dos salmos a alma
benditissima do nosso adorável Salvador I Como exta­
sia penetrar nesse santuário augustíssimo onde David,
iluminado peló Espírito Santo, penetrou antes de nó s!
Para conhecer o Coração do Nosso Divino Redentor,
sobretudo as suas dores, os seus sofrimentos íntimos,
nâo conhecemos melhor.
Como fórmulas de oração, nada mais se pode dizer
dêles do que isto: — Foram inspirados p elo Espírito
S a n to !— Os salmos, diz o Cardial Wiseman, conteem
tôda a espécie de orações: todos os sentimentos que
podem despertar em nós as nossas relações com Deus,
desde as alegrias mais vivas às mais amargas dores, aí
teem a sua expressão».
E ademais os salmos, além de terem sido inspira­
dos pelo Espírito Santo, foram como que santificados e
consagrados por terem sido a oraçáo dos apóstolos, dos
mártires e de tantas gerações de santos, mas sobretudo
pelo uso que dêles fêz Jesus Cristo recitando-os por si
e por nós, até mesmo pregado na cruz, como vemos no
Evangelho. Teem pois uma virtude que diremos çuds/-
sacram ental, muito diferente das orações compostas

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pelos homens, por mais belas e elegantes que pareçam:
— também êles operam em certo modo ex opere operato.

Nomes de Deus

Diversos são os usados na Bíblia, dos quais os


mais freqüentes nos salmos são YAHWEH, ou, na forma
simplificada, VkW\ — Aquêle que é, o que tem de si
mesmo o ser, e era o Deus da A lian ça; ELOHIM, que
tem uma desinência plural e por isso significa algumas
vêzes os seres sobrenaturais, sem muito lhes precisar a
natureza, mas, muitas outras, não há dúvida de que de­
signa 0 único Deus, o S er Suprem o; ADONAI,— O
S en hor; SABAOTH, que se traduz ordinàriamente por
Deus dos exércitos, — O Supremo Governador. Os LXX
e a Vulgata reduziram todos estes nomes a dois apenas,
— Deus e Senhor. Numa primeira publicação parcial
dêste trabalho, nas colunas da « Opus D e i», tínhamos
adoptado o uso da Vulgata, mas, publicando-se agora
a mesma obra em volume, pareceu-nos melhor,— além
doutras pequenas modificações e aperfeiçoamentos ati­
nentes a pô-la mais em dia— , apresentar os próprios
nomes primitivos, que, sendo nomes próprios, não teem
tradução adequada.
Bibliografia

Não nos podemos blasonar de haver consultado


para a factura dêste modesto trabalho uma rica e nume­
rosa bibliografia. Quem o pode hoje em Portugal?!
Mas, ainda assim, pudemos ter sempre presentes en­
quanto 0 púnhamos por obra, Crampon, Fillion (Les

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Psaumes commentés selon Ia Vulgate et 1’Hébreu), Hu-
gueny (Psaumes et Cantiques du Bréviaire Romain),
Perennés (Les Psaumes traduits et commentés), Vandcr
Heeren (Psalmi et Cantica Explicata.,.), Cculemans
(Introductio et commentarius in Psalmos), Wille (Le
Bréviaire expliqué), Verbum Domini (revista), Ami du
Clergé (Les cantiques du Psautier) et., e outros pudemos
consultar como S. Belarmino, Pannier, Vaccari, etc.

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ORDINÁRIO

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Salmo 94 — Invifarório
IntroduçSo: Entusiástico convite, dirigido ao povo, a
louvar a Deus Criador e Senh or do Universo, pela sua
Grandeza e infinitas perfeições, porque sendo tão gra nd e quere
s e r 0 D eus-Protector e Salvador de Is ra e l; (II) — a adorá-lo
como Senhor e nele confiar como P a sto r; (III) — ouv/r com
docilidade a sua voz, obedecendo à sua Lei, agradecido pelos
contínuos benefícios recebidos.

I — Louvemos ju bilosos a Deus, Criador e Senhor


nosso, com o de todo o Universo.

s por causa do Senhor,


aclamemos o Rochedo nosso Salvador, ( 1 )
Vamos ao seu encontro com louvores ( 2 )
saudemo-lo, jubilosos, com salmos.

Porque é um grande Deus, o Senhor; ( 3 )


um grande Rei, superior a todos os deuses. ( 4 )
N io tem Êle na mão as profundidades da Terra ? !
Não são seus os cumes das montanhas ? !
É dÊle 0 mar porque o fêz,
é dÊle a Terra porque a formaram suas m ãos!

(1) « Rochedo >: - Nome que os «utores sagrados dlo multo frequen­
temente a Dens. Exprime a ideia de fidelidade, de llrmeaa no prometido, -
firme como ama rocha,—t a de refúgio seguro, qnal costumam ser os ro­
chedos escarpados, contra oa assaltos do Inimigo.
(2) «Ao aeu encontroLiteralm ente: Ao encontro da saa face.
(3) 0 salmista, acomodando-se ao modo de falar do melo em qne
vivia, compara a Deus, Yahweh, têrmo qne traduzimos muitas vezes por
Senhoi, à semelhança da Vulgata, com oa lalaoa deuses das naçSea pagas.
(4) No Saltério r .........................................................
acrescenta-se a êste vers.

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II — Prestemos a Deus pú blica homenagem, com o
a nosso Rei, Senhor e Pastor.
s, lancemo-nos por terra,
dobremos o joelho ante o Deus que nos criou, ( 1 )
Porque Êle, o Senhor, é o nosso Deus,
e nós somos as suas ovelhas.

!I I — Sejam os dóceis à voz de Deus, sensíveis aos


seus beneficios, obedientes à sua Lei.
...Rebanho que a sua mão conduz ( 2 )
a h ! oxalá lhe escuteis a sua v o z !
« - Não endureçais o coração como em Meribah,
como no dia de Massah, no Deserto, ( 3 )
em que os vossos pais me tentaram,
em que me experimentaram, tendo visto as minhas obras. (4 )

Quarenta anos foi esta raça um motivo de desgôsto para mim, (5 )


e d isse: - É um povo de coração transviado!
Não conhecem as minhas via s!
De modo que jurei na minha cólera :
— Não entrarão no lugar do meu repouso. > ( 6 )

C o n sid e ra çõ e s e a plicações lilúrgicas.- Nós os


cristãos somos o verdadeiro Israel, o autêntico povo

( t ) •Dobrrmos o joelho >: — Vulgata : choremos ante Deus.


(2) Segundo o parecer dos eruditos, desapareceram do principio
dêste verso uma ou duas palavras, o que no entanto nSo prejodica õ sentido.
(31 «Meribah. Massah Dois logares do Deserto em que os
israelitas murmuraram contra Deus por lalta de água, e Moisés, por ordem
do mesmo Deus, lhes téz brotar do rochedo abundante corrente.
(4) . O b r a s —Todos os prodígios operados a quando da saída do
Efito e travessia do Deserto.
(5) «Quarenta anos» : —Tantos quanto durou a travessia do Deserto.
(«I «Lugar do re p o u s o —A Tetra da PromlsaBo onde Deus, que
se disis marchar á frente do seu povo, devia descansar com Êle das fadigas
d« viagem. Para nós. crIaUos, em seoUdo eapirlinal, e segundo S. Paulo,-
a Pátria Celeste.

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S A LM O 9 4 -IN V IT A T Ó R IO -1 7

escolhido, os herdeiros das promessas messiânicas.


Deus, 0 Omnipotente, o Eterno, o Infinito, é o nosso
D eas, o nosso Pastor, e, o que não diria mui afoita­
mente um israelita da Antiga Lei, — o nosso P ai am o­
rosíssimo.
Exultemos então pela graça da adopção divina que
recebemos no baptismo, e pelos bens de que nos torna
participantes. Vamos ao encontro de Deus com louvo­
res e adorações, porque Êle virá, o Divino Espôso das
nossas almas! Virá de improviso... para julgar-nos no
último dia! V irá ... breve, sempre, para cada um em
particular, no dia da sua morte! Vem hoje, com cer­
teza, à nossa alma, a acrescer-nos a graça santificante,
se, sobretudo os que rezamos o ofício divino, o fizer­
mos digne, attente ac d e v o ie ...
Ei-lo mesmo que já está presente, doutro inefável
modo I . . . Prosirem o-nos em espirito, com profundo
acatamento e amor, na sua presençaI... Procuremos
fazé-lo hoje com um aumento de dociüdade à sua voz,
a voz da sua Lei, a voz dos nossos deveres, a voz dos
nossos superiores, a voz intima das suas luzes c inspi­
rações ! . . .
Não queiramos ser-lhe motivo de desgôsto, nâo
queiramos ser de coração tra n sv iad o !...— ErúÁo entra­
remos no seu repouso, no repouso deliciosamente actívo
do seu gôzo na Pátria Celeste.
Com êste salmo encabeça diàriamente a Santa Igreja
os divinos louvores: é que nele se expressa cabalmente
0 espírito e a intenção com que dêste dever nos deve­
mos desempenhar: — Extasiarmo-nos ante a grandeza
e perfeições de Deus, adorá-lo, louvá-lo, suplicar-lhe...

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e escutar-lhe a voz amorosa que nos chega através dos
salmos, hinos, orações e leituras de que é tecida a ora­
ção litúrgica.
Devemos recitá-lo como quem convida, para louvar
connosco a Deus, tôda a côrte celestial, os nossos com­
panheiros de destêrro, e até os seres inferiores, o Uni­
verso inteiro enfim, de que somos um compêndio e re­
sumo, e que, tendo sido criado para glorificar a Deus,
nâo 0 pode fazer senão por intermédio, nosso e dos
anjos, porque sô nôs temos inteligência para o conhe­
cer e bôca para o louvar.
Êste convite é sobretudo expressivo quando profe­
rido pelo sacerdote, que não sô louva a Deus em nome
de tõdas as criaturas inferiores, mas até de todos os
homens, principalmente os fiéis, como representante seu
e intermediário, que é, para com a Divindade; e, se tem
cura de almas, muito especialissimamente em nome da
porção do rebanho que Hie está confiada.
E a Santa Igreja, de quando em quando, nas suas
festas, vai-nos apontando novos objectos e motivos es­
peciais de louvor: — Vinde adoremos o verdadeiro Deus
Uno na Trindade, e Trindade na U nidade: ( f e s t . s . t r i -
NiT.) a Cristo Dom inador dos povos que dá aos que
dÊ le se alimentam a abundância dos bens espirituais:
( f e s i . CORPUS c h ris ti ) ü Cristo que padeceu p o r nós, —
ao Senhor R ei dos ap ó stolo s. . .
Na Festa da Epifania entra êste salmo na composi­
ção do terceiro nocturno, em memória dos Reis-Magos,
os primeiros dos gentios que de longe acorreram a ado­
rar a Cristo-Rei, e para melhor frisar a realeza de Cristo
comemorada nesse dia.

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CânMco de Zacarias — Para Laudes
Introdução; Zacarias, o pai de S. João Bapiisla, ao reco­
brar, no dia da circuncisão de seu filho, o uso da faia, de que fôra
privado em castigo da sua incredulidade quando o anjo lhe anun­
ciara a conceição do mesmo, insiruido pelo Espirito Sanio de que já
estava no mundo o Messias prometido, e aié talvez do mistério
operado no seio de Maria provàvelmente. ali presente, rompe lou­
vando a Deus num cântico do tedr seguinte: — Primeiramente dá
graças a Deus por ter sido fiel ás promessas feitas aos antigos
patriarcas e profetas; dirigindo-se logo ao filho anuncia que a sua
missão será preparar o povo para a recepção ao Messias e da sua
doulrina; diz depois em que consistirá a salvação trazida pelo
Messias, que não seria um faustoso reino lemporal como esperava
a maioria dos seus contemporâneos, mas uma remissão de pecados,
uma iluminação ou ensino para melhor servir a Deus, e urna direc­
ção para acertar com o caminho da paz, a paz messiânica descriia
pelos profetas.

Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel,


porque visitou e fêz a redenção do seu povo. ( t )
Suscitou-nos um Poderoso Salvador
na casa de David seu servo. ( 2 )
— Assim 0 prometera pela bOca dos seus soiitos,
dos seus profetas dos antigos tempos.

Para nos salvar dos nossos inimigos,


do poder de todos os que nos odeiam;
Para exercer a misericórdia para com os nossos pais, ( 3 )
e ser fiel à sua Santa Aliança;

( 1) Zacarias, segundo o génio da língua hebraica, exprime um pre­


sente, uma acçao começada e em plena cxecuçSo, por um passado - vlst-
toa, remia.
(2) «Na casa de David»: tem aqui o sentido de na familia de David.
(3) Para exercer a misericórdia para com os nossos pais... Porqne
lambém iles aguardavam no Limbo a vinda do Messias para entrarem na
posse da plena felicidade.

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Segundo o juramento que fez a Abraão nosso pai,
de nos conceder que, sem temor.

Libertados do poder dos nossos inimigos,


O sirvamos com santidade e justiça dignas do seu olhar
todos os dias da nossa vida.

E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo,


porque irás adiante do Senhor,
Para lhe preparar os caminhos,
para dar a conhecer ao seu povo a salvação,
Que consiste na remissão dos seus pecados,
efeito da amorosa misericórdia do nosso Deus,
Pela qual nos visitou do alto o Sol Nascente, ( 1 )
para iluminar os que estão sentados nas trevas e nas mortí­
feras sombras,
para dirigir os nossos passos no caminho da paz.

Considerações: Das maravilhas cujo desabrochar


cantava Zacarias estamos nós assistindo ao pleno flores­
cimento : a rem issão de pecados merecida por Cristo
está à nossa disposição; a luz que trouxe ao mundo
ilumina as nossas mentes; pela sua doutrina e pelos
seus exemplos podemos dirigir os nossos p assos no ca­
minho da verdadeira pa z que consiste em viver segundo
a vontade de Deus na tranqüila esperança da felicidade
futura. Cantemos, pois, como Z a c a r ia s louvores ao
Senhor.
Mas muitos povos há ainda sentados nas trevas do
paganismo, nas som bras da ignorância religiosa e no ín-
diferentismo. Esforcemo-nos na medida das nossas pos­
sibilidades por que sôbre êsses povos brilhe também a
luz que veio iluminar todo o homem que vem ao mundo.
(I) «Sol Nisccntc>: - Nome dado pela Sograda BacritMia ao Meulas.

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CânHco Magnifical — Para Vésperas
In trod u ção: Magnificat é o cântico em que Maria Santis-
sima, ao ser saudada, po r sua prima Santa Isabel, como Máe do
Messias Redentor, deixou derramar-se a alegria e conhecimento
que lhe iam na alma po r ter sido escolhida po r Deus para essa
altíssima dignidade, apesar da sua baixeza, como diz, e por haver
chegado o tempo da prometida Redenção da Humanidade. Três
partes a s a b er:

I — Deus operou nela grandes coisas, apesar da


sua baixeza.

A minha alma glorifica o Senhor,


e 0 meu espírito exulta em Deus meu Salvador,
Porque pôs Deus os olhos na baixeza da sua serva;
por isso, eis que de futuro tôdas as gerações me chamarão
bemaventurada,

Porque operou em mim grandes coisas o que é Poderoso,


Aquele cujo nome é Santo,
Cuja misericórdia se estende de geração em geração,
sôbre os que O temem.

II — Deus não fêz nisso mais que seguir o seu


habitual m odo de proceder, — exaltar os humildes, hu­
m ilhar os soberbos.

Ostentou a fôrça do seu braço,


dissipou os que entretinham orgulhossos pensamentos no
seu coração:
Derribou dos seus tronos os potentados,
e elevou os pequenos,

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Cumulou de bens os esfomeados,
e aos ricos despediu-os com as mães vazias.

III — Deus fo i f i e l às prom essas feita s aos ante­


passados.

Tomou a seu cuidado Israel seu servo,


lembrando-se da sua misericórdia,
— Como tinha prometido aos nossos pais, —
para com Abraão e a sua raça para sempre.

C onsiderações; Que admirável a humildade da


Santíssima Virgem! — Revolta-nos a palavra baixeza
aplicada à Imaculada Mãe de Deus, Rainha da Côrte
Celestial. E, no entanto, ela tinha razão (1 ). Que é a
criatura humana ainda a mais excelsa e privilegiada,
comparada com Deus?l — A humildade é a verdade.
Mas quanto mais vil e baixa não é a nossa baixeza
comparada à...(recusa-se-nos a língua a pronunciá-loI)...
à baixeza da Imaculada, da excelsa criatura obra-prima
das mãos do Criador?! — A humildade é o princípio e
a base de tôda a grandeza. — Foí-o para Maria Santís­
sima, como não o terá de ser para nós?
Louvemos com profunda admiração, reconhecimento
e amor a bondade infinita de Deus, que, apesar da nossa
vileza, nos deu, como à da Santíssima Virgem, o seu
Divino Filho Unigénito, e com Êle todos os bens. Tam­
bém em nós opera grandes coisas com a sua graça I

t I ) Ainda que é mais provirei que a SS. Virgem iiBo se reiçria à bai-
leaa no sentido moraf, mas sim i hnmlldade da sua condição de pobre e de­
caída aos olhos dos homens, da antiga grandeza da aua fanflla.

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Canríco de Simeao— Para Completas
In trod u ção: 0 Sanlo Velho Simeão, alma c
que gemia constantemente sôbre os males da pátria e do mundo,
suspirando e suplicando pela vinda do Messias, tinha lido reve­
lação de que não morrerria sem o ver. Quando Je sus Menino foi
apresentado no templo, fo i ali airaido pelo Espirito Sanlo, e em
nova revelação foi-lhe mostrado ser aquele Menino o Salvador
esperado. Foi então que, tendo-o tomado nos braços, entoou êste
belo cântico em que anuncia claramente a universalidade da salva­
ção trazida po r Jesus.

Agora, deixais, Senhor, ir-se em paz o vosso servo, ( I ).


segundo a vossa palavra,
Pois que já meus olhos viram a vossa salvação,
que tendes aparelhada à face dos povos todos, ( 2 )
Luz que deve dissipar as trevas das nações, '
e glória de Israel vosso povo.

Considerações e aplicações litúrgicas: Foi para


Simeão a maior alegria da sua vida ter visto com os
seus oihos a Salvação personificada em Jesus Menino e
tê-lo tocado sensivelmente, tendo-0 por um momento
nos braços, e tanto... que nada mais desejou senão
morrer.
Nós temos a felicidade de experimentar a mesma
Salvação duma forma, se não sensível, pelo menos abso­
lutamente real. Todos os dias, se somos sacerdotes, o

(U .D eUais. Isto é , j i podeis deixar; «ir-se em paz.... para a


ouira vida.
(2) .À lace doa povoa todos.; - diante de todos, destinada a todos.

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tomamos nas mãos, e, sacerdotes ou não, o podemos
tomar, não já nas mãos, mas no próprio coração, pela
santa Comunhão. Imitemos o santo alvorôço e a ter­
nura de Simeão.
Há entre êstes três cânticos, extraídos, do Evan­
gelho, um traço comum, e é que todos cantam a salvação
não já longínqua, como nos salmos, mas presente, per­
sonificada, sensível, a poder tocar-se com as mãos; não
estritamente ligada aos destinos dum povo, mas uni­
versal, patente a todos os povos.
Por isso a Santa Igreja, formada de tôdas as na­
ções, quere que todos os dias terminemos com êles a
hora de Laudes, Vésperas e Completas, para lembrar-
-n o s: 1.0 — Que todo o Antigo Testamento vem dar a
Jesus, e é nele que tem a sua explicação e razão de ser;
2.0 — Que da salvação anunciada de longe pelos pro­
fetas, estamos nós experimentando e palpando os efei­
tos; 3.0 — Que 0 Salvador, longínquo para os Israelitas,
temo-lo nós presente connosco, ao nosso alcance. —
Com que respeito, agradecimento, amor e entusiasmo
os não devemos recitar pois ? I
Além disso, o Cântico de Zacarias canta-se ao fim
da hora de Laudes, liturgicamente àquela hora em que
vai clareando a aurora e já desponta o sol. A Igreja
convida-nos então a subir, com o pensamento e o afecto,
do sol que nasce, ao Divino Sol das nossas almas, ao
Sol-Nascente que vem expelir as trevas do pecado.
Ademais, em breve o vamos ter presente sôbre os nossos
altares na Santa Missa, e até, se o quisermos, no cora­
ção, pela Sagrada Comunhão. Com quanta proprie­
dade, pois, podemos dizer com Zacarias: — Bendito

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C A N T IC O D E S IM E A O - 25

seja 0 Senhor, o Deus de Israel, o Sol-Nascente, a Di­


vina Luz, que veio visitar-nos, remir-nos, dirigir os nos­
sos p assos no caminho da paz, nesse dia que começa.
Depois, ao fim da tarde, ao terminar a hora de
Vésperas, litúrgicamente quando já vem descendo o cre­
púsculo, e a paz e solenidade da hora nos convidam a
lançar sôbre o dia que finda um olhar retrospectivo,
não é natural que nos brotem do coração as palavras
da Santíssima Virgem: — A minha alm a glorifica o S e­
nhor porque operou hoje em mim grandes coisas o que
é Poderoso e S an to?!
Finalmente os mesmos sentimentos de gratidão,
humilde admiração e amor, pela misericórdia do Senhor
para connosco, tão insignificantes e vis criaturas, devem-
-nos acompanhar, após o nosso exame de consciência,
ao leito onde vamos entregar-nos ao sono, imagem da
morte. Por isso com muita razão a essa hora, liturgica-
mente a hora de Completas, a Santa Igreja nos faz
dizer: Agora deixais. Senhor, ir-se em paz a vosso
servo, pois j á meus olhos viram a vossa Salvação.

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DOMINGO

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Domingo — Matinas
/ Nocturno

II L I O 1

Introduçio : 0 salmista põe em paralelo a sorte final do


Justo, é, — na Unguagem da Escritura — do que crê em Deus, reco­
nhece a sua dependência para com Êle, e procura viver segundo a
sua vontade, e a do impio, quere dizer, que não crê em Deus, nem
observa aquela honestidade naiural que a simples razão Impõe.

I — Felicidade do justo.
Feliz de quem não vai pelo conselho do impio,
nem se detém na via dos pecadores, ( 1 )
nem se senta na assemblela dos encarnecedores, ( 2 )
Mas cujo prazer é (cumprir) a Lei de Yahweh
que a murmura, meditando*a, dia e noite, ( 3 )

É como árvore plantada à beira da água corrente,


que dá fruto no tempo próprio,
e cuja folhagem jamais se fana ( 4 ) .

II - infidelidade do impio.
Não sucede assim com os impios, n ão!
São como a moinha que o vento leva!

(1) «Via»: —O modo de proceder.


(2) Vulg.:-«Nem ae senta na cátedra da peatllèncla». Os encarne­
cedores sio aqol os impios que nlo só nio praticam a rellgllo mas atê pro-
cnram demoli-la.
(3) O acto de murmurar a U i de Deus, isto i, de lhe repetir baixinho

cuidado c delicadeza que o justo p6e em cumpri-los com exactldio.


(O A Vulgata acrescenta; - <E sempre lhe Irá bem em tndo quanto
lizer», mas csU última Irase parece ser uma glosa explicativa do texlo que
com o andar dç tempo tol loaerta no meomo.

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Por isso os impios nSo poderão siister-sc no Juizo, ( I )
rtem os pecadores permanecer na sociedade dos justos,
Porque Yahweh interessa-se pela via dos justos, ( 2 )
mas a via dos impios levá-los-à ã ruina.

Considerações e aplicações litúrgicas: Qual outra


Rebeca trazendo no seio filhos de bênção e filhos de
reprovação, ou como aquela rede, de que falava N. S.
Jesus Cristo, que arrasta peixes bons e maus, a Igreja
compreende, no número dos filhos, justos e pecadores.
0 teor de vida — a via — dos justos, ou dos que
se esforçam por sê-lo, consiste em cumprir, cada vez
com mais perfeição, a vontade de Deus. Esse é o
objecto dos seus constantes esforços e das suas preocu­
pações diárias: — cujo prazer é cumprir a lei de Deus,
que a murmura, m editando-a, dia e noite.
A via dos pecadores, ao contrário, consiste em
gozar da vida enquanto dura. Dai aquele afan, aquela
ânsia constante de prazer, e consequentemente de adqui­
rir os meios de fortuna e altas posições sociais que os
proporcionam, sem preocupações com a virtude e ho­
nestidade, e algumas vezes até o apostolado diabólico
contra a doutrina de Cristo e os seus seguidores.
Por isso, enquanto os primeiros, com esfôrço tran­
qüilo, constante e metódico, vão reprimindo as tendên­
cias más da natureza humana e praticando as virtudes

ID o SalDiltla tem presente a cena do Juízo messiânico ou linal.


« NBo poderio suster-se», porque calrBo numa espécie de aniquilamento dc
todo o seu ser. tal o terror, abatimento e angústia qoe déles sc há-de apo­
derar, à vista do Juiz.
(2) Eate Interêsse de Deui pela via dos Justos reierc-se nio só ao
tempo da vida presente cujos passos segue com olhar complacente e amoroso,
mas lambém ã eternidade em qne ae compraz a cnmniã-los de lellcidade.

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contrárias, e, prosseguindo no seu aperfeiçoamento mo­
ral, dão abundantes frutos de santidade e boas obras no
tempo próprio da sua vida, os segundos, apesar de todo
0 brilho, elegância e aparente felicidade do seu viver,
apenas servem, aos olhos de Deus, para conspurcar,
diminuir e ccuitar a beleza moral da sua espôsa, a Igreja,
como a inútil moinha conspurca e oculta a beleza do gráo.
Virá porém pára uns e outros a morte e com ela o
juízo, e, ao passo que os justos comparecerão diante do
Supremo Juiz, erectos, fortes na sua virtude e confiados
nos méritos e infinita misericórdia daquele Senhor a
quem unicamente buscaram servir ná terra, os munda­
nos vividores não se aguentarão vendo-se a contas com
a justiça divina, e, pronunciando à luz do testemunho
irrefragável da própria consciência aquele terrível e de­
sesperado — ergo erravimus — princípio da indizívcl
catástrofe de todo o seu ser, que será o seu eterno suplí­
cio, serão arrastados, qual moínha inútil, pela rajada
irresistível da cólera divina, para o lugar da sua con­
denação.
Fixemos pois bem na memória a lição dêste salmo.
Abrindo com o salmo 1 o Oficio do primeiro dia
da semana, ensina-nos a Santa Igreja que o primeiro
cuidado de tôda a nossa vida deve ser adquirir a san­
tidade, — única fonte da felicidade — , fazendo em tudo
e sempre a vontade de Deus. — F eliz de quem medita
na Lei de Deus!, (antif.) e em cumpri-la põe todo o seu
empenho.
Nas festas, aplica a Santa Igreja êste salmo a
N. Senhor Jesus Cristo, por ser o Justo por excelência,
0 modêlo e a fonte de tôda a santidade, Aquele cujo

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prazer é, duma maneira divinamente superior, fazer a
vontade de seu Eterno Pai.
Interessou-se Deus pela sua via redentora, pondo
nela tôdas as suas complacências: por isso, apesar das
humilhações da sua Paixáo e Morte, foi semelhante à
árvore plan tada à beira da água cuja folh ag em Jam ais
se fa n a porque, quando parecia extinto, e a sua obra
com Êle, reapareceu ao terceiio dia, ressuscitado e glo­
rioso, constituído 0 Juiz Supremo ante quem se tem de
dobrar todo o joelho no céu, na terra e no próprio
inferno, firmando assim em inabalável base a sua divina
obra, Com razão, pois, dÊle canta a Igreja, na festa da
Ressurreição — (Antif. 1 de Mat.): — Eu sou ' Aquele
que é a e 0 meu conselho não é com impios, m as na
Lei do Senhor está todo o meu prazer.
Nas festas da Invenção e Exaltação da Santa Cruz,
(1 Noct. antif. 1), é esta, ou melhor, Jesus que nela mor­
reu, a árvore que no tempo próprio da sua Paixão nos
deu 0 fruto da Redenção; e na festa do Corpus Christi
é ainda a mesma divina árvore a dar-nos todos os dias
0 fruto suavíssimo da sua carne e sangue.
Dos trabalhos, dos sofrimentos e da santidade de
Cristo, da sua fome e sêde de justiça, participaram os
santos, principalmente os mártires, pela constância em
confessá-lo no meio dos tormentos até á morte, e os
confessores, cujo maior empenho durante a. vida foi
investigar a cada momento qual a vontade de Deus e
segui-la. Por tanto a todos aplica a Santa Igreja êste
salmo, na Festa de Todos os Santos, no Comum dum
Mártir e de Muitos Mártires, e no Comum dos Confes­
sores. (1 Noct. antif. 1).

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SALMO 2
Introdução: Salmo messiânico. 0 Salmisla descreve profè-
licamenie a constante mas inútil revolta dos povos e dos seus chefes
contra o Rei-Messias. (\ ) — Deus, começando por nâo dar-lhes
Imporlância, acaba por aterrá-los lembrando-lhes que fo i Ele quem
0 estabeleceu como Rei. ( I I ) — 0 próprio Messias mostra o seu
direito fundado sôbre a sua natureza de Filho Unigénito de Deus.
( I II)— 0 Salmista conclui exorlando-os a qiie se submetam, no seu
próprio interêsse.

I — A revolta constante mas inútil dos povos.

Para que se amotinam as nações, ( 1 )


e segredam os povos vãos projectos?
Revoltam-se os reis da terra,
e nliam-se os principes,
contra Yahweh e contra o seu Ungido.
< — Quebremos as suas amarras,
desembaracemo-nos das suas prisões! >

II — A resposta de Deus.

O que nos céus tem o seu trono sorri,


Adonai ri-se d êles...
No momento próprio falar-ihes-á em sua cólera, ( 2 )
aterrá-los-á com a sua indignação:
« — Fui eu que estabeleci o meu Rei
em Siâo minha montanha santa! ( 3 )
Eu proclamei o decreto! >

(3) Segundo a eeperança israelítica, Slio seria a capital do reino


mcssiinico. Nio lol baldada esla esperança porque Jesus o Rei-Messias
reside, nio na Slio material, a pequena colina de Davld, mas na Sito espi­
ritual que é a Igreja.

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III — 0 M essias expõe os seus drKritos.
! : - T u és meu filho!
eu mesmo te gero hoje! ( 1 )
Pede-me e dar-le-ei,
as naçOes por herança,
os confins da terra por domínio.
Quebrá-las-ás com seetro de ferro,
despedaçá-las-ás como um vaso de barro. ( 2 )

IV — O Salm ista aconseUia-lhes a obediência.


E agora, reis, tende cuidado!
Aproveitai o aviso, governadores da terra!
Servi a Yahweh com temor,
e com tremor prestai-lhe homenagem ao Filho,
para que nio se irrite e pereçais no vosso caminho, (3 )
Porque a sua cólera está prestes a inflaniar-se. ( 4 )

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: — Jestis.


0 Ungido do Senhor, foi apresentado por Deus à huma­
nidade, pela bôca dos Profetas, e ultimamente até de
viva voz, do seio da nuvem luminosa, no alto do Tabor,
como Filho seu Unigénito em quem tem tôdas as com-
placências e a quem deu todo o poder, no céu, na terra,
e nos mesmos infernos, constituiiido-0 Rei do Universo.
Ü mesmo Jesus, durante a sua vida mortal, procla­
mou os seus direitos, e continua proclainando-os até à
( 1) E«Us palavras parecem relcrir-se principalmente à cntroiiizaçâo
d . Rel-Mesalas após « sua Ressurreiçío. como explica S. Paulo. (Act. XII-S3).
(2) «Quebrá-las ãs .. d e s p e d a ç á -la s -á s - Expressão enérgica qiic
não deve entender-se estritamente, para dizer que o Rei-Messias lerã sóbre
todos os povos um poder absoluto.
(3) «Pereçats no vosso caminho —Isto é, seguindo ésse eaniinlio.
(4) Alusão à cena do juizo messiânico. «Está presles*... porque
para Deus o tempo não conta- «Mll anos são como o dia de ontem, que
iá passou».

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consumação dos séculos, por intermédio dos seus após­
tolos e sucessores.
Deus, 0 Pai, autenticou e confirmou esta proclama­
ção com estrondosos milagres, principalmente ressusci-
tando-0 dentre os mortos e sentando-0 à sua direita.
Tem pois êste decreto tôdas as garantias de publicidade
e autenticidade para dever ser acatado.
Cristo é portanto Rei. Governa em Sião, na Sião
espiritual que é a Igreja, e, por intermédio dela, deve
reinar em todos os povos. Deve reinar nos estados, nas
corporações e famílias; deve reinar nos costumes e nas
leis, na vida pública como na particular, na sociedade
como nos indivíduos; deve reinar pela observância em
tudo da sua doutrina e da sua Lei.
Mas os povos e os seus chefes suportam mal o jugo
suave do Rei do Amor, e estão em perpétua conspira­
ção, em constante revolta contra Cristo e contra a sua
Igreja, repelindo-lhe a doutrina, perseguindo-a, e não
querendo reconhecer-lhe autoridade, nenhum direito de
intervir na sua vida. Assim tem sido através dos sécu­
los, e assim será até ao fim do mundo ..
M a s ... baldado i n t e n t o D e ü s deixa fazer até
certa altura, o que lhe dá por vezes uma aparência de
vitória, mas intervém no momento preciso, fazendo com
que a sua igreja saia da crise sempre mais vigorosa e
remoçada, na sua vida interior e na sua acção, ao passo
que as potências contrárias acabam sempre por cair mise-
ràvelmente. E assim vai atravessando impávida atra­
vés dos séculos, cumprindo, lenta mas irresistivelmente,
a missão de fazer reinar Jesus no mundo, como um
fermento que, embora desproporcionado para a massa.

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acaba infalivelmente por convertê-la na sua própria
substância.
Eis. a profecia contida neste salmo e que temos
visto realizar-se sempre em todos os tempos.
Confiemos pois nós os cristãos I — 0 reino de Cristo
avançará I
Implantemos porém duma forma absoluta o seu rei­
nado no nosso coração, e Ele o implantará por meio de
nós no mundo inteiro. Felizes de nós se, quando che­
gar 0 dia do juizo último, em que esmagará as potên­
cias contrárias, despedaçando-as com o um vaso de barro,
nEle houvermos procurado o nosso refúgio por uma
vida sinceramente cristã.
A Santa Igreja aplica êste salmo, — como não podia
deixar de ser—, a N. Senhor Jesus Cristo, chamando-
-nos a atenção, tanto no Ofício dominical como no
festivo, para a sua realeza absoluta.
No Ofício dominical ensina-nos que devemos come­
çar por implantar em pós mesmo o reinado dc Cristo
pela obediência exacta à sua Lei: — 5eruí ao Senhor
com temor e com tremor prestai-lhe homenagem ao
Filho.
Na Festa do N atal, ao contemplar o Deus Menino,
0 Rei do Amor, reclinado nas palhinhas do presépio,
faz incidir a nossa atenção sôbre a sua filiação divina,
pondo na bôca do Pai estas palavras: — Tu és mcii
F ilh o ! Eu te gero h oje!
Nos Ofícios em que se comemora a Paixão dc
Cristo, como são os de S exta-feira Santa, da Santa
Cruz, do Preciosíssim o Sangue, das Dores de N ossa
Senhora, põe-nos ante os olhos a revolta constante dos

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povos e dos seus chefes contra Cristo — Revoltam-se os
reis da terra e aliam -se os príncipes contra Deus e
conira o seu Ungido. (1 Noct.; Antif. 1).
Na Festa da Páscoa, ao contrário, comemorando a
vitória de Cristo sôbre a morte, início da vitória sôbre
tôdas as potências inimigas, que só estará completa no
dia do Juízo Final, põe em destaque a origem e razão
da mesma, que é o poder absoluto que o Pai lhe deu
sôbre todos os seres: Pedi a meu P ai . . a lelu ia! e
e Ele deu-m e. ■ . alelu ia ! as nações da terra p or
herança. . aleluia.
Nas festas dos Santos, a Santa Igreja aplica êste
salmo àqueles que foram particularmente os arautos de
Cristo-Rei e vitimas das revoltas perseguidoras dos seus
inimigos, — os mártires e os confessores.

tiLNOl
InIroduçSo: Oraçüo que proferiu David, ao despertar da
primeira noite que dormiu no deserto, fugindo de Absaldo revol­
tado. (1)

I — Rodeado de inimigos o Salm isia seníe-se toda­


via seguro com a protecção de Deus.

( I) David Idra obrigado a fugir precipitadamente de Jerusalém ■ a


refugiar-se no deserto, sem sequer ter tido tempo, tflo inesperado e fulmi-
nnnte Idra s marcha de Absaiflo sAbre s capllal, de organizar para a resis­
tência o diminuto número de partidários que o acompanhavam, e a pequena
parte do erército que se lhe conservara llel. Ao vC-lo em » o precárias e
:s circunstâncias, como lácil prêsa para os seus inimigos, os nume-
8 traidores que tinha na sua c
0 principal dos quais era'; — agora i que se lhe

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Yahweh, quio numerosos sâo os meus inimigos,
numerosos os que se ievantam contra mim.
Numerosos os que dizem a meu respeito;
- Não há salvação para êie em Deus!

Mas Vós, Yahweh, sois um escudo que me envolve,


sois a minha glória, e quem me faz levantar a cabeça. ( I )
Quando com a minha voz invoco a Yahweh
Ele ouve-me da sua montanha santa. ( 2 )

I I — E spera impávido o socôrro de Deus, que


implora.

e acordei, porque Yahweh é o meu amparo.


Não temo a inumerável multidão
que por todos os lados se enfileira contra mim.

Levantai-vos, Yahweh, salvai-me, ó meu Deus I


Porque Vós haveis de partir os queixos a todos os meus
inimigos, ( 3 )
quebrar os dentes aos impios.
A salvação está nas mãos de Yahweh
Que a vossa bênção actúe sõbre o vosso povo.

(2) «Montanha Santa»;- 0 Monte Sifio onde eatava entlo a Area


da Aliança, sôbre a qual o Salmisla supfie residir Deus.
(3) «Partir os queixos... quebrar os dentes...» ; - Antropomorlismos.
Costumam os autores sagrados e singularmente os salmistas falar de Deus
como se Idsse um homem, alribulndo-lhe figura, sentimentos e atitudes de
homem. É o que se chama anlropomorflsmos. Estes modos de lalar estilo
muito ei

repugnam certas expressAcs, a nosso parecer. Indignas de Deus; mas deve­


mos saber que devem enlender-se em mais elevado e esplrltusl sentida. Os
LXX e lõdas as versões dela dependentes recuaram qiiisi sempre ante os
(, sobretudo os mais ousados, iissndo para 1:

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Co nside raçõ e s e aplicações lilúrgicas: — Magní­
fico salmo, repassado todo êle de encantadora simplici­
dade, confiança e abandôno nas máos de Deusl
Na difícil situação de David, neste passo, podemos
nós ver a situação constante da alma cristã e da Igreja,
sempre rodeada de inimigos apostados em perdê-la.
Também nós podemos dizer com o Santo Rei David : —
Quão numerosos são, Senhor, os meus inim igos!
Mas, como o Real Profeta, podemos ter a absoluta
certeza de que não seremos vencidos, se o nâo quiser­
mos, porque o Senhor é um escudo que nos envolve
com a sua protecção, e sempre nos ouve quando o
invocamos, com as devidas condições.
0 que é necessário é que justifiquemos a nossa
confiança clamando sem cessar: — Levantai-vos, Senhor!
Salvai-m e, ó meu D eus!
A Santa Igreja aplica êste salmo a Nosso Senhor
Jesus Cristo rtas festas em que se comemora a sua
Paixão, como Preciosíssim o Sangue, Santa Cruz, Dores
de N ossa Senhora, porque o que se diz de cada alma
cristã e da Igreja, com mais razão se deve dizer de
Cristo.
Na Festa da Ressurreição, porém, porque Cristo
clamou a seu Eterno Pai, que O ouviu, ressuscitando-0,
depois de ter dormido por um pouco no seio da morte:
— Deitei-me, dormi, e acordei, porque Deus é o meu
am paro. Aleluia, a le lu ia !
Aplica ainda a Santa Igreja êste salmo aos Márti­
res, ( Com. Mart.) porque êstes clamando foram ouvidos
do Senhor que lhes concedeu a vitória sôbre os perse­
guidores da sua fé, e aos Confessores, (Com. Conf.)

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porque, por meio da oração, souberam conciliar aquela
protecção constante e eficaz de Deus, com que derrota­
ram todos os inimigos da sua alma.

II Nocturno

SILMO I
Infrodução: O salmista canta a grandeza de Deus manifes­
tada na obra da criação, com a qual põe em contraste a pequenez
do homem. Mas considerando a dignidade a que Deus elevou este
homem, tão insignificante po r natureza, toma novo alento para
proclamar a grandeza de Deus.

I — Infinita grandeza de Deus e pequenez do


homem.

Yahweh, Deus nosso,


quão magnífico é o vosso nome em tôda a te rra !
( e assim) estabelecestes pela bôca do menino e da crian­
cinha uma fôrça,
Para confundir os vossos adversários,
para reduzir ao silêncio o inimigo e o rebelde,
Pusestes em exposição nos céus o vosso esplendor. ( 1 )

quem os cilou. Esta linguagem é tao clara e evidente que até a criancinha
ainda nos braços da mie, com s alegria que manilesta em seus gcstcs e
bsibiiclos, à vista do céu estrelado, e o menino com suas preguntas e consl-
deraçUes InísnUs, mostram compreendé-Ia, confundindo os soberbos impios
que náo querem reconhecer na obra da cilaçflo a necessidade dum criidor.
Ora êste facto, que poeticamente se pode dizer, - o louvor de Deus
:o dos lábios ds criança, (Vulg.) - é que é a lôrça (T. Hebr.)
o dc Idrça que confunde os inimigos.
N. S. Jesus Cristo aplicou a si mesmo êste versículo iio senlido de
que o esplendor ds sua santidade, do seu poder manifestado em milagres, e da
sua bondade éri tio grande que alé ns criancinhas O proclamavam o Messias
prometido como se esUva vendo para coolusSo dos inimigos fariseus.

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a lua e as estréias que formastes,
(exclam o :) - Que é o mortal, para que vos lembreis dêle,
0 filho do homem, para que dêle cuideis?!

I I — Grandeza da dignidade a que Deus elevou o


homem.

No entanto colocastes-lo apenas abaixo de Elohim, ( I )


coroasles-lo de glória e majestade,
PondeS'lo a presidir à obra das vossas mãos,
pusestes-lhe aos pés tôdas as criaturas.

As ovelhas e os bois sem excepção,


e também os animais do campo,
As aves do céu e os peixes do mar,
e tudo 0 que percorre as veredas do oceano.

Yahweh, Senhor nosso,


quão magnífico é o vosso nome em tôda n terra!

C o n side ra çõ e s e a plicações litúrgicas : — Grande


é na verdade a dignidade natural em que Deus nos
constituiu — apesar do pouco que somos no concêrto
do universo — pelo dom da inteligência e da vontade
que nos torna irmãos dos anjos, podendo conhecer e
amar o nosso Criador, e superiores a todos os demais
seres da terra de que nos assenhoreamos sujeitando-os
ao nosso serviço.
Incomparávelmente maior é a nossa dignidade
sobrenatural pelo dom da graça que nos torna filhos
de Deus, participantes da sua mesma vida, capazes de

( I ) Vulg.: - < Um pouco Interior aos anjoa >.

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0 ver face a face e de entrar no gôzo da sua própria
felicidade.
E, se somos sacerdotes, a nossa dignidade tem algo
de estupendo, porque até ao próprio Deus se estendem
os nossos poderes — o de perdoar pecados que só dEle
é próprio, e o de 0 tornar presente, o Deus-Humanado,
sôbre os nossos altares, no sacrifício da Missa,
Mas é em Jesus Cristo, na sua Humanidade unida
hipostàticamente ao Verbo, que a dignidade humana
atinge tôdá a sua grandeza e elevação, e em que teem
cabal sentido as palavras dêste salmo: — Colocastes-lo
apenas abaixo de Deus, xoroastes-io de giória e
m ajestade.
Saibamos pois estimar a nossa dignidade de homens
e de cristãos não nos deixando tiranizar pelas paixões,
nem manchar pela satisfação dos baixos apetites sen­
suais.
Este salmo entra na composição de grandíssimo
número de ofícios, e é um dos que mais aplicação tem
na Liturgia.
Na composição dos ofícios cujo objecto é Deus,
sem designação de mistério, como o dominicai, e no da
Santíssim a Trindade entra êste salmo, por nele se lou­
var expressamente o Nome ou Glória de Deus manifes­
tada nas obras das suas mãos — os astros e o homem.
Nos ofícios das festas de Jesus Cristo, porque
sendo Ele o homem por excelência, o chefe da humani­
dade regenerada, dEle se deve eminentemente entender
0 que no salmo se diz do homem em geral; e particu­
larmente.

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Na Festa do Santo Nome de Jesu s, por ser êste o
nome admirável e m agnifico por excelência:
Na F esia da invenção da Santa Cruz, porque o
Homem-Deus que nos braços dela morreu, pareceu na
verdade inferior aos anjos (Liç. da Vulg.), mas em
paga dessa humilhação ex alto u -0 Deus coroan d o-0 de
glória e m ajestade e pondo-o a presidir à obra das
suas mãos.
Na Festa da Transfiguração, da magnificência da
cena no Tabor e da apresentação que de Jesus faz
então ao mundo o Eterno Pai são digno comentário as
palavras; — Coroastes-lo de glória e majestade, puses-
tes-lo a presidir à obra das vossas mãos.
Na Fesia da Ascensão, porque entáo a Humanidade
Santíssima de Jesus, revestida de todos os esplendores
da Divindade, foi solenemente entronizada no seu reino,
sentada à direita do Altíssimo, e exposta à contempla­
ção beatifica dos justos: — Pases/es em exposição nos
céus 0 vosso esplendor, ô Deus. Outros traduzindo a an­
tífona tal como sôa dizem: — Elevou-se a vossa magni­
ficência ... t entendem da própria ascensão ou acção de
subir do Senhor.
Entra ainda êste salmo na composição dos ofícios
dos santos, dos anjos, de Nossa Senhora, porque dum
modo geral os santos e anjos, quais outros astros do
firmamento sobrenatural, são, mais do que as estréias, o
esplendor de Deus, e porque nos santos se realiza, mais
do que na restante humanidade, a verdade destas pala­
vras : — Colocastes-lo apenas abaixo de Deus, coroas­
tes-lo de glória e majestade.
Nos ofícios da Santíssima Virgem, em especial.

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porque foi ela a criatura puramente humana que mais se
acercou, pela sua perfeição e santidade, ao trono do
Altíssimo, porque a ela mais do que a outra pode caber
0 nome de esplendor de Deus. e porque, tendo o salmo
a sua mais cabal aplicação a Jesus seu Divino Filho,
tudo 0 que é louvor dEle redunda em louvor seu,

S A LH O B

Inirodu çSo: 0 salmista, na primeira parle dêste salmo, -


primeiras três estrofes, — dá graças a Deus por lhe haver dado
vilória sôbre os inimigos externos, as nações; na segunda — estro­
fes quarta e restantes, — pede que lhe reprima os inimigos internos,
os bandidos que infestavam o pais, e cuja malicia nos pinta.

I — O solm isto louvo o Deus que o tornou vito­


rioso das nações.

Quero louvar-vos, Yahweh, de lodo o meu coração


hei-de narrar tôdas as vossas maravilhas:
Quero regozijar-me e rejubilar em Vós;
vou modular um salmo ao vosso nome, ó Altíssimo.

Porque os meus inimigos voltaram co sta s;


caíram e pereceram ante a vossa fa ce : ( 1 )
Porque tomastes por vossa conta o meu direito e a minha cansa;
ocupastes o vosso trono como justo juiz.

tes as n ações...
fizestes perecer o impio...

(I) 0 Silmlsta parece relerlr-ac a


Deua naa batalhas, em forma de horrenda tempestade, sol
violência e pelos efeitos, como aquela que destruiu outrora c
Qabaon oòa diaa de Josué.

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Apagastes-lhe o nome para todo o sem pre. . .
0 inimigo. . . (ficou aniquilado).

I I — O inimigo fico u destruído: Deus perm anece


para sempre.

As ruinas estao para sempre silenciosas,


e das cidades que arrasastes. . .
Nem sequer há m em ória...
( 1)

Pereceram ! — Mas Yahweh permanece para sempre!


Levantou o seu trono para proceder ao julgamento;
Sim, julga 0 mundo com justiça,
governa os povos com rectidão.

Yahweh ó uma cidadela para o oprimido,


uma cidadela nas horas de angústia.
Em Vós confiam todos os que conhecem o vosso nome,
porque não abandonais os que vos procuram.

III — Os inimigos foram vitimas do m al que pre-


meditavam.

Modulai um salmo a Yahweh que reside em Sião,


publicai entre os povos os seus grandiosos feitos,

com as injúrias do tempo. Tem lacunas, falUm, de certo, palavras, versos e


alé é possível que estrofes, estando noutras partes alterada a ordem primitiva
dos versos, o que é fãcllmente verilicivel porque éste salmo é alfabético.
No entanto, a pesar destas omlssSes que podem até terem sido Inten­
cionais e devidas ao autor sagrado que tivesse adoptado o cântico preexis­
tente às exigências do culto judaico, e que, pouco cuidadoso das regrss da
arte, omltlBBC o que lhe parecera menos necessário ou conveniente, - o reato
forma um sentido continuo e completo.

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Porque, como vingador do sangue, lembrou-se do que fôra der­
ramado ( 1 )
e não esqueceu o clamor dos oprimidos.

Yahweh teve piedade de mim e viu o mal que me faziam,


fèz-me voltar das portas da morte, ( 2 )
Para que narre todos os seus louvores,
e que exulte de alegria às portas da filha dc Sião, ( 3 )
por ter sido livre por Vós.

As nações cairam na cova que tinham aberto,


ficou-lhes prêso o pé no laço que tinham arm ado;
Deus fèz-se conhecer, fêz jusfiça;
0 impio ficou enlaçado na obra das próprias mãos. ( 4 )

Que os ímpios em fuga se vão para a mansão da morte,


(que se vão) os que esquecem a Deus!
f^onde-lhes, Yahweh, diante um objecto que os espante, ( 5 )
e que as nações reconheçam que são mortais!

( I I Deus, recomendando (Qcn. IX, 4-6' a Noc c aos seus (illios que
náo derramassem sangue humano, prometeu-lhes multo soleiienicnie que
pediria coutas do sangue derramado até ás próprias feras. É a essa passa­
gem que alude o salmista quando chama a Deus o vingador do sangue der­
ramado, afirmando que nBo .se esquecera do prometido.
(2) O salmista no transe por que passara e dc que Deus o livrara
estlvera como soi dizer-se, - às portas da morte.
(3) A filha dc SIBo é a cidade de Jerusalém. As portas da cidade
eram o lugar mais público dela. onde ae tratavam os negócios, onde se reu­
niam os desocupados e cavaqueadores, c o sítio que naturalmente buscavam
os que tinham uma grande alegria, a qual é essencialmente comunicativa.
a aqui de metáforas tiradas dos u
iue escapara, as traições do inlmlg
, ra caçar lc ra s ,-a profunda cova
disfarçada com ramagens e verdura, em que elas vBo cair na fuga, os laçoa
e redes em que ficam présas, etc... Deus laz muilas veies com que os maoa
sejam vítimas do mal que procuravam causar, o que sucederá muito espccial-
mcnlc após a grande perseguIçBo que sofreram os justos no fim do mundo.

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Porque nem sempre será esquecido o pob.e,
nem a esperança dos afligidos perecerá para sempre.
Lcvantai-vos, Yahweh! — Que o mortal nio prevaleça!
Que as nações sejam julgadas ante a vossa face!

III Nocturno

IV — Porque permite Deus tanta atiogân cia aos


impios ?

Porque vos conservais de parte, Y ahw eh?!


Porque vos escondels nas horas da tribulaçâo?! ( 1 )
O impio na sua arrogância persegue com sanha o Infeliz,
apanha-o na trama que teceu.

Os vossos juizos estão demasiado allus para êle,


e os adversários... bufa sôbre todos êles. ( 2 )

noso c horrendo, com o que e


convergindo a ceilo ponto em que caem nas ai
pede que Deus lhes envie uma calamidade exemplar que os faça conhecer a
dependência em que eslio para com Êle.
( I) Deus nBo se conserva de parte ou indiferente ãs nossas luUs del-
xando-nos sós a braços com o Inimigo, ainda que multas vezes o pareça,
maa, embora oculto, e aeffl nos dispensar do combate, vai-noa dispensando
as lõrças com que podemos lutar vitoriosamente. — Onde eslavcls a quando
de tais assaltos, preguntava Santa Catarina de Sena ao Espâao da sua alma

c flllal conllança quere Deus que o

deu 0 senlldo, antes se tornou mais harmônico.


Assim, os vossos juizos eaUo, etc. c o t . 5, 2.a parte. Salmo X, segundo
o T. Hehx.,-Aaftrantur jadtela tua...

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Diz no seu coraçSo: — « Nâo me irei a b a ix o !»
Jura: - • Nunca me sucederá mal algum! > ( I )

V — 0 ímpio despreza a Deus.

0 impio despreza a Yahweh (dizendo):


« — Ele não há-de castigar segundo a grandeza da sua có­
lera!» ( 2 )
« - Não há D e u s!*, eis a trama dos seus pensamentos!
. . . e a vida não deixa de lhe correr próspera em todo o
tempo! ( 3 )

............................................................................. ( 4 )
Por isso 0 malvado gloria-se dos seus apetites satisfeitos,
0 bandido felicita-se. ( 5 )

VI — 0 impio persegue traiçoeiramente o pobre e


0 inerme.

A bôca dêle está cheia de falsidade e violência,


debaixo da lingua tem a opressão e a desgraça.
Põe-se de emboscada junto das pequenas povoações,
nos lugares esconsos assassina o inocente. ( 6 )

Os seus olhos espiam o desgraçado:


põe-se de espera nas frondosidades como um leão emboscado.
Põe-se de espera para se apoderar do pobre:
apodera-se do pobre fazendo-o cair na cilada que lhe armara.

(1) t . 6. DIxit tnim in eordc suo...


(2) t . 4, Exottrbovii Dominam ptcealor...
(3) t . 5, Non est Deus...
(4) Ucnna.
(5) f . 3. Quoniam laudalur ptecaior...
(6) O Salmisla parece rcferir-ac aoa bandos dc salteadores que intes-
lavam i Palestina no tempo de governos fracos, qual podia ser o de Saul
durante a sua velhice e doença, bandos em que mnilas veaes tomavam parle
®s grandes, os próprios chefes da naçóo.

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Espia, curva-se, agacha-se,
e os desgraçados caem-lhes nas garras.
Diz no seu coração: — « Deus logo se esqu ece!»
«Ele estava a olhar para outro lado! - Ele não vê nadai» (I)

V II— Prece contra o Impio.


Levantai-vos, Yahweh! — Ó Deus, elevai a mão!
Não esqueçais os afligidos!
Porque há-de o impio desprezar a Deus,
e dizer no seu coração: — «Tu não castig as!?»

No entanto vós vèdes a opressão e a dor,


Vós bem atentais nela para lhes dar a paga.
A Vós se abandona o desgraçado,
sois 0 socôrro do orfãozinho.

V IU '- Deus, que reina eternamente, destruirá os


impios.
Quebrai o braço do ímpio e do malvado!
Que a sua impfedade seja procurada e não seja encontrada! (2)
Yahweh é Rei para todo o sempre!
As nações perecem expulsas do pais que lhe pertence. (3)

Vós atendeis o desejo dos humildes.


Vós bem dais ouvidos às aspirações do seu coração,
Para fazer justiça aos orfãozinhos e aos oprimidos,
e para que o mortal brotado da terra não mais tiranize.

11) Como se vS, Já naqnele tempo nsavam os implos de facidas blas-


fematárlas. A origem de todoe êstes crimes é a falta dc crença em qnem os
pratica.-pelo menos a falta de fé viva e conseqüente,- lalta de crença na
existência de Dens. on simplesmente de qne sc ocnpe das colses hamenas.
(?) O Salmista repete aqui em forma Imprecatürla nm provérbio orien­
tal. A Iniqüidade nfio aerla encontrada porque destrufdo o Infquo aerla ela
lambém destruída, on morreria a peçonha com o bicho, como ae diz vulgar­
mente.
(3) As nsçdee a que o Salmista se refere s8o oe restos doe anUgos
cananeus qne, havendo eecapndo a Joeué, viviam qnásl fora de Mda a ordem
social, e forneciam o maior coutlugente de salteadores..

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C o nside ra çõ e s e a plicações l i l ú r g i c a s Segundo
S. Belarmino que resume a interpretação tradicional, êste
salmo pode entender-se, em sentido místico, de Cristo
e da Igreja, por um lado agradecendo as vitórias alcan­
çadas, e pelo outro queixando-se e implorando o auxílio
do Eterno Pai contra as insídias sempre renascentes do
inimigo, 0 demônio e seus sequazes, que os Santos
Padres viram retratado naquele impio de que tanto se
queixa o Salmista.
Cada alma cristã pode fazer seu êste salmo colo-
çando-se no lugar do Salmista, vendo nas perseguições
de que êle se queixa as suas próprias tentações, e nos
inimigos traiçoeiros e crueis de que fala os inimigos da
sua alma, cujo incitador é o demônio. Encarado sob
êste aspecto, êste salmo oferece-nos esplêndidas fór­
mulas de oração tódas repassadas de encantadora con­
fiança filial.

In trod u çio : 0 Salmista aconselhado pelos amigos a que


fuja cobardemente diante dos perseguidores, reeusa-se a fazê-lo,
afirmando que se refugiou em Deus, abandonando-se à sua San-
lisslma vontade, e Deus, que tudo vê, há-de defendê-lo e fazer-lhe
justiça.

I — Porque fu g ir se estou ao abrigo de D eu s?!


Eu pus-me ao abrigo de Yahweh... (I)
como é que me dizeis:
•Foge para o monte, como um pássaro,
porque ai veem os ímpios...»

0 dama trincheira contra oi

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Ei-los aí, já de arco retezado,
com as flechas pousadas na corda,
Para as disparar na sombra,
contra os de coração recto 1

E quando os fundamentos (da ordem) estão destruídos,


que pode fazer o justo?» (1)

I I — Deus tudo vê. Ê le fa r á Ju stiça.

Yahweh está no seu palácio santo,


Yahweh tem no céu o trono:
Os seus olhos contemplam o mundo,
Os seus olhares consideram os filhos dos homens.

Yahweh observa o Justo e o ímpio,


e a sua alma odeia a quem se compraz em violências.
Fará chover sõbre os maus carvões ardentes e enxofre,
e o copo com que os há-de obsequiar, será um vento abra­
sador, (2)

Porque Yahweh é justo e compraz-se em fazer justiça:


0 homem recto contemplará a sua face (3)

C o n side ra çõ e s e aplicaçõ es lilúrgicas: — O Se­


nhor é justo e com praz-se em faz er justiça. (Antif.) —
Não temamos portanto as perseguições dos maus, não

(I) NBo hBTendo ordem nem govérno Jnsto nam pata é lontil tenlar o
bomcm recto opôr-se ao mal.
({) Provévelmente o Salmista alode ao castigo de Sodoma e Oomona-
«Vento abrasador»:-o terrtvel suBo palestinense qne tudo aeca. A Imagem
ê «rada do ritual da hospitalidade em qne o dono da casa devta de encher
éle mesmo o copo de vinho com que obseqnlava o amigo em sinal de ami­
zade e bom acolhimento.
(S) Em mela profundo aenFdo éates úlHmos versos, sob a imagem dos
carvOes ardentes, do eoxAfre e do vento abrasador indicam as graviaalmas
penas dos condenados, e a cootemplaçlo da lace de Deua, a eterna felicidade

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deixemos de opor à onda do mal, pelo menos o obstá­
culo do nosso exemplar comportamento, preguntando-
-nos desanimadamente: — Que pode fa z e r o ju s to ? —,
nem deixemos por isso de seguir o caminho traçado no
cumprimento dos nossos deveres, porque Deus a todos
fará justiça. Tal é a liçâo dêste salmo que a Igreja põe
em destaque no Ofício dominical.
Deus pode permitir o mal, deixar que os seus fiéis
servos sejam desprezados e perseguidos peia causa da
justiça e da santidade, sua e dos seus semelhantes, mas
do seu trono tudo vê, tudo considera, e a seu tempo
castigará os maus com terríveis penas, e os bons admiti-
-los-á à contemplação da sua face na eterna glótia.
Na F esta da exaltação da Santa Cruz, (II Noct.
Salm. II) aplica-se êste salmo a N. S. Jesus Cristo por­
que, a-pesar de saber que «os maus tinham na sombra»
das suas conspirações disposto contra E le a s flech a s
dos tormentos da sua Paixão, n ão fa g ia , mas abando­
nando-se nas mãos de’ seu Eterno Pai, avançou ao
encontro dos seus perseguidores, deixando-se prender,
condenar à morte e pregar na Cruz.
Na F esta das D ores d a Santíssim a Virgem, porque
foi visada traiçoeiramente, Ela a alma mais perfeitamente
justa e inocente, pelas flechas dos maus, as flec h a s das
suas dores, causadas pelos tormentos que infligiam
a Jesus.
Na F esta da Ascensão, — porque foi então colo­
cado e entronizado Jesus à direita de seu Etemo Pái,
— Deus está no seu p alá cio santo. Deus tem no céu o
sea trono, donde observa o justo e o ímpio, fazendo a
todos justiça.

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Nas Festas dos Mártires (Com um dum M ártir),
porque sendo Deus justo e am igo de fa z e r justiça, viu-
-Ihes a equidade. (III Noct. Antif. I, traduzida tal como
sôa), e por isso os premiou com a glória.
Nas F estas dos Anjos, porque sâo êstes os princi­
pais cortezâos do palácio de Deus, ladeiam-lhe o trono,
e até na expressão da Escritura sáo o próprio trono:—
Deus está no seu p alá cio santo. Deus tem no céu o seu
trono. (I NocL Antif. II).

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Laudes I
S A L M O 92

In trodução: Celebra-se neste salmo o n.


Deus sôbre tôdas as criaturas, vencido o caos primordial, o caos
flslco, com a organlzaçOo da ierra, e o caos moral proveniente do
abuso da Uberdade humana, de que aquele era uma imagem, com o
juizo final. (1)

O m ajestoso reinado de Deus.

0 de subllThidadel
Yahweh está revestido de poder,
está cingldo de (magniticênda). (2)

tário poéUco daqneta pasaagem do Oinesls em qne se deacreve * organl-


zaçlo da tena: «... A terra porém era Informe... e o Eaptrito de Dena pairava
por sAbre aa ágnas... E Deus fír um firmamento qne separasse as ignat

0 salmo 103, 5-9, cm que o salmista traU ci

pelado, a cobriam por tOda a


n trovSes. para que ae contivessem nos teus limites e dcliassem aparece
o sAlldo.
Os Sautos Padres porém sempre viram nesla desordem e resistência do
Is do mundo fisico um sentido místicoSim bolizam a
e aglta^ea do mundo moral, da h
vencendo e do mundo através dos séculos até as extingnir de todo, para
bem da mesma humanidade, com o fulzo linal.
(2) A sublimidade, a grandeza e o poder slo representados como cons­
tituindo 0 vesttdo, o manto do Rei doa Céus.

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(P or isso) a terra ficou firme... nâo cambaleia!
Desde então o vosso trono perhianece estável,
mas Vós... existis desde a eternidade. (1)

As ondas elevaram, Yahweh,


as ondas elevaram a voi,
as ondas lançaram seus mugidos... (2)

(M as) mais que o bramir das imensas águas,


mais que o estrondear das suas vagas,
é Deus magnifico nas alturas (do céu). (3)

Aa vossas determinações são absolutamente inabaláveis...


À vossa casa convém a santidade,
Yahweh, por todo o sempre.

Considerações e apliCações litúrgicas:— 0 poder


e a sabedoria de Deus que do nada tirou tôdas as coi­
sas e dos elementos caóticos da matéria primitiva foi
organizando o mundo, como por etapas, até poder ser­
vir de palácio ao rei da criação, é sem dúvida admirá­
vel. Mas incomparàvelmente maior e mais admirável
nos há-de aparecer no fim do mundo a acção redentora
e santificadora de Deus que do seio da desordem e insu­
bordinação do gênero humano, — êsse nâo menos temí­
vel caos que não cessa de agitar-se e tumultuar através
dos séculos num propósito suicida—, vai fazendo sur­
gir a sua Igreja, a espôsa imaculada do Cordeiro.

( IJ o ulmista repreaenU-no» Deus inauguraudo o seu govérno por


tornar firme e estivei a terra.
(2) Estes ondas sSo os elementos em desordem do caos primitivo, a
matéria ioforme aemelhante a um mar encapelado.
(3) ...Et Spiritua Delterebatur aoper aquaa... A majestade e poder de
Deus é mais lorte que a desordem e a resistência do caos primitivo que vai

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Contra ela, contra Cristo seu chefe, contra o pró­
prio Deus que nela reside como em seu trono, não ces­
sam de levantar-se como vagas dum mar em fúria, as
perseguições dos maus. Mas debalde I — As portas do
inferno nâo prevalecerão I
O reinado de Cristo ir-se-á estendendo e intensifi­
cando até que terminado o tempo de prova para a hu­
manidade, transformados os justos em bem-aventurados,
atingirá o estado de absoluto e perfeito, isto é, sem con­
tradição de criatura alguma.
Antecipemo-nos a celebrar desde já êsse esplêndido
triunfo do nosso Rei Jesus, e de todos os justos com
Êle, — triunfo de que a sua ressurreição foi um prelú­
dio—, e, ao recitar êste salmo, digamos-lhe com grande
ânsia de O ver aparecer vitorioso e cheio de glória à
face de tõda a humanidade: — R eina Deus l
Resume-se no exposto o sentido litúrgico que a
Igreja dá a êste salmo na Festa da Ressurreição e no
Oficio Dominical, em que celebra a como que entroni-
zação de Cristo no seu reino, dizendo Reina Deus, re­
vestido de sublim idade / — ( Da sublimidade do seu
corpo glorioso). (Antif. I ad Laud.)

Introdução: L ouvase a Deus porque i o nosso Criador,


0 nosso Pastor, a suprema Bondade e FideUdade.

I — Que tôda a terra sirva a Deus, o único ver­


dadeiro.
Aclamai a Yahweh, vós todos habitantes da terra,
servi a Yahweh jubilosos,
vinde à sua presença a exultar de alegria.

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Reconhecei que Yahweh é Deus:
foi Ele que nos criou e somos dêle, (1)
somos 0 seu povo, o rebanho das suas pastagens.

I I — D ai-lhe g raças e louvor p ela sua bondade.

Botrai aos portais (do seu templo) com acções de graças (2)
entrai nos átrios seus com cânticos de louvor,
dal-lhe graças, bem-dizei-lhe o nome,

Porque Yahweh é bom,


a sua benevolência é eterna,
e a sua fidelidade permanece para sempre.

C o n side ra çõ e s e a plicações Mtúrgicas;— O amo­


roso convite do Espirito Santo p( a bôca do salmista,
que é êste salmo, foi dirigido nâç já só aos israelistas
mas a todos os habitantes da terfa: portanto também
a nós.
Acorramos pois pressurosos aos nossos templos a
louvar a Deus participando nos actos do culto católico.
Mais: — Instituamos no santuário íntimo do nosso cora­
ção um permanente sacrifício de louvor e acção de gra­
ças ao Deus feito Homem, porque no seu incomensurá­
vel amor para connosco se dignou resgatar-nos do
poder do demônio e constituir-nos em reino e povo seu,
em rebanho d as suas pastagens, rebanho que apascenta
nos prados férteis da sua Igreja com o pábulo da sua
doutrina, da sua graça, e até da sua própria carne e
sangue.

(1 ) Vnlí.: Foi Êle que nos lêz, e nBo nós a nós mesmoa.
(2) Entrai com acções de graças, quere dizer: trazei como oferta,
como presente, acções de graças.

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E, num desejo ardente de fazer participar dos mes­
mos bens a todos os povos, continuemos a anunciar aos
que ainda estão sentados nas trevas do paganismo, —
ou pessoalmente ou por meio dos missionários a quem
para isso ajudemos, — o jubiloso convite: — A clam ai a
Deus, vós todos habitantes da terra . . . Reconhecei que
o Senhor é D eu s. . . Servi a Deus ju b ilo s o s !

SilM O 81

In troduçio t Mavioso canto em que David, fugido de Absa­


lão, exprime o seu amor para com Deus, a saudade que tem do
templo santo, e a confiança de qae o mesmo Deus lhe concederá
vitória sõbre os seus Inimigos.

t — D eseja ardentemente unir-se com Deus.


Elohim, meu Deus, com que ardor vos procuro I
A minha alma tem s èd ed eV ó sl
Até a minha carne deflnha ansiando por Vós,
como terra sedenta, resequida, sem água.

Já asiim vos contemplava no santuário,


vendo o vosso poder e a vbssa glória. (1)

II — Prom ete louvá-lo p ara sempre.


Porque a vossa benevolôncia é melhor do que a vida,
proclamarão os meus lábios o vosso louvor.
Sim, hei-de bem-dlzer-vos durante a vida,
erguer as mãos (invocando) o vosso nome.
Ser-m e-á saciada a alma como do melhor e mais saboroso, (2)
e com exultante lábio Vos glorificará a minha bOca.

( I ) Os sentimentos que DtTid experimenta para com Deus, no deserti


sBo idênticos aos que experimentava quando o podia adorar no templo.
(1) •... do meibor e mala saboroso»: - ... de medula e gordura.

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III— Sente-se seguro com a protecção de Deus.

Até no lelto me lembro de Vós I


Durante as vigílias da n"oite penso em Vós, (1)
Porque sois o meu socOrro,
e exulto à sombra das Vossas asas. (2)

eaV ó s,
e amparou-se à Vossa direita. (3)

IV — Os inimigos serão castigados.

Mas os que procuram tirar-me a vida,


hSo de sumir-se nas profundas da terra, (4)
Serâo entregues ao fio da espada,
tornar-se-ão prêsa dos chacais. (5)

E 0 rei regozijar-se-á em Elohim:


todos os que juram por êle se hâo de felicitar, (6)
enquanto que a bóca dos mentirosos seró cerrada. (7)

C o n side ra çõ e s e apliceções litúrgicas : — Parece


ter-se atendido, na escolha dêste salmo para a hora de
Laudes, ao facto destas se recitarem com os primeiros

(1) A noite estava dividida em qnatro vigillaa.


(2) o salmleta apresenta-nos Deus sob a Imagem da avezinha que
;a 08 filhos sob as asas.
(3) «Segnron-ae a vós, e amparou-se à vossa direita», como a crionga
e segura e ampara & mSo da mie para caminhar.
(4) .Naa profundas da terra»:-Onde oa antigoa colocavam a man­
go dos mortos.
(5) »Tornar-se-So prísa dos chacais», porqne Hcargo Insepultos.
(6) O rei a que equl ae refere é o próprio David, o único rei legítimo’
os qne Juram por tle sao os que lbe eio lléie, os seus partidários.
(7) Os mentirosos, cnja bóca aerá cerrada, pela morte, aSo os parll-

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arrebois da manhã. O primeiro versículo, — Ó Deus,
Deus meu, desde o rom per da aurora que vos procuro,
— como traduzem muitos o texto hebraico, segundo a
lição da Vulgata e não sem probabilidades de acêrto—,
e em geral os sentimentos expressos em todo o salmo,
— um fervoroso desejo de união com Deus, um entu­
siástico propósito de 0 louvar por todo o sempre, uma
admirável confiança na sua protecção contra os inimi­
gos, confiança que vai até à sensação da absoluta segu­
rança, são muito apropriados para uma oração ao rom­
per da alva, tal a de Laudes.
Oh quem nos dera que também nós tivéssemos
sêde de Deus, que bebêssemos a sua graça como a terra
ressequida bebe as chuvas do outono, que com tanto
fervor o procurássemos que até ao despertar p ela noite
nos brotasse logo do coração um ímpeto de amor, que
tivéssemos como o m elhor e m ais saboroso da nossa
vida, pensar nHIe, conversar com Ele, louvá-lo p o r todo
0 sempre, e buscar a cada momento da nossa existência
qual a sua santíssima vontade para a cumprir I Ahl en­
tão sumir-se-iam nas profundas os inimigos da nossa
alma, e desapareceriam muitas das tentações que nos
avassalam na nossa vida tíbia. . .
Apropriemo-nos ao recitar êste salmo dos sentimen­
tos do Santo Rei David, e esforcemo-nos por que cor­
respondam em nós cada vez mais à realidade.

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CAITIOO IBII DIOITB

In troduçio i O Homem, como representante e sacerdote de


tôda a natureza, convida lôdas as criaturas a bem-dizer a Deus
com ile. (1)

Bem-dizei oo Senhor, vós tódas obras do Senhor,


louvai-0 e exaltai-0 para sempre.

I — Que louvem a Deus tôdas as criaturas supra-


-terrestres.

Bem-dizei ao Senhor, anjos do Senhor;


céus, bem-dizei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, águas suspensas nos espaços celestes; (2)
potências do Senhor, bem-dizei tôdas ao Senhor. (3)
Bem-dizei ao Senhor, sol e lua;
estréias do Senhor, bem-dizei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, aguaceiros e chovlscos;
tempestuosos ventos, bem-dizei ao Senhor.

Bem-dizei ao Senhor, ardente estio e tórridos calores;


frígido inverno e gélidas estiagens, bem-dizei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, gelos e neves;
noites e dias, bem-dizei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, luz e trevas;
relâmpagos e sombrias nuvens, bem-dizei ao Senhor.

( I ) Chama-se a êste cântico o oos trés jovens, porque lol cantado


por Ananiaa, Axerias e MIsael. três Jovens que (Srsm lançados num torno
ardente por ordem de Nabucodonosor por nSo qnorerem adorar a estátua que
mandara levantar, mas que, tendo com êles descido ao torno nm anjo e dêlca
expelido as chamas, passeavam Incólumes cantando e louvando a Dena.

0 dos corpoe celestee.

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C A N T IC O B E N E D IC IT E -6 3

n — Que louvem a Deus tôdas a s criaturas ter­


restres.

Que a terra bem-diga ao Senhor;


que o louve e exalte para sempre.
Bem-dizei ao Senhor, montes e outeiros;
plantas que cresceis na terra, bem-dlzei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, fontes do Senhor;
mares e rios, bem-dizei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, peixes e tudo o que vive nas águas;
aves do céu, bem-dizei ao Senhor.
Bem-dizei ao Senhor, animais selvagens e domésticos;
filhos dos homens, bem-dizei ao Senhor.

III— Que Israei e as várias classes em que se divi­


dia louvem ao Senhor.

Que Israel bem-diga ao Senhor;


que 0 louve e exalte para sempre.
Bem-dizei ao Senhor, sacerdotes do Senhor;
servos do Senhor, bem-dlzei ao Senhor. (I)
Bem-dizei ao Senhor, espíritos e almas de justos;
santos e humildes de coração, bem-dizei ao Senhor,
Bem-dlzei ao Senhor, Ananias, Azarias, Misael;
louvai-0 e exaItai-0 para sempre.
Bcmdigamos ao Pai, ao Filho e ao Espírito S an to;
louvemo-10 e exaltemo-10 para sempre. (2)
Bem-dito sois Senhor no firmamento dos céus;
sois louvável, glorioso e exaltado por todos os séculos.

(I) Servos do Senbor iSo todos os qne nlo olo sscerdotee, teto k, o
povo llel. 0 Antor Segredo pirece dividir o conjunto de Israel em trts claa-
ses: Jastos, os qne observam simplesmente a lel de Dens; tantos, oa qne
se notabilizam nesta abaeiranda - os piedosos j hamiláts de eoraçõo, os
perscgDidos e atribnlados.
(3) Êste verso é acrescentado ao cónttco pcls Santa Ipcja.

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D O M IN G O -L A U D E S I

t l L i e 148

Infroduçfio: O tema dêste salmo é idêntico ao do Cântico


ledlclte.

I — Louvai a Deus criaturas celestes.


(Criaturas) do céu, louvai a Yahweh;
louvai-0 nas alturas.
Louvai-0, vós todos anjos seus;
Iouvai-0, vós todos seus exércitos. (1)

L ou vai-0, sol e lua;


Iouvai-0 vós tôdas estréias brilhantes.
Louval-0, céup dos céu s;
e vós águas que estais por sôbre os céus (2)

Que louvem o nome de Yahweh


porque mandou e foram criadas;
Estabeleceu-as para sempre, para a eternidade,
deu-lhes leis que nSo serSo transgredidas.

II — Louvai a D eus criaturas terrestres.


(Criaturas) da terra, louvai a Yahweh:
Louvai-0 monstros e vós todos oceanos;
Louval-0 fogo, granizo, neve, nevoeiros,
e ventos das tempestades que lhe obedeceis á voz.

L ouvai-0 montanhas, e vós tódas colinas,


árvores de fruto, e vós todos ó cedros;
Louvai-0 animais silvestres, e vós todos animais domésticos,
reptis e aves aladas.

( H A palavra altaras i sinónlme de eias. Os esércitoa de Droa aSo


o conjunto de tódas as criaturas, sobretudo os astros, em que por soa dla-
poslçlo na abóbada celeste os anUgos encontravam uma semelhança de
eiérdto.
(3) Vid. Nota I, • pig. Sa.

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Louvai-0 reis da terra e povos todos,
príncipes, e todos os chefes da terra;
Louvai-0 jóvens e donzelas,
velhos e crianças.

III - Louvemo-lO porque nos suscitou um salvador.

Louve-se o nome de Yahweh,


porque só Êle é grande,
e a sua majestade abrange os céus e a terra.
Suscitará um poderoso chefe ao seu povo. (I)
Que ressoe entre os seus justos o hino de louvor,
entre os filhos de Israel, o povo que Ihé está dedicado.

C o n side ra çõ e s e a plicações litúrgicas : — Deus


tudo criou para a sua glória, mas emprestou ao homem
as demais criaturas: — os anjos para seus defensores e
guardas, os astros para lhe darem luz e calor, a terra
para sua morada, os animais para seus auxiliares, as
plantas para seu alimento, tudo enfim pura seu serviço.
Porém ao próprio homem, à humanidade unida
com Cristo e formando com Êle um só corpo místico,
reservou para si directamente, e quere que lhe renda
glória e louvor não só em seu nome senão de todos os
seres que pôs ao seu serviço, e dos quais se aproveita.
É 0 que se faz no Cântico dos Três Jovens e no
salmo 148, que exprime o mesmo pensamento com pe­
quenas variantes de expressão, convidando poèticamente
todos os seres a louvar a Deus, embora muitos dêles,
as criaturas materiais, sejam essencialmente incapazes
de 0 fazer, e depondo, com Cristo e na sua pessoa, ante

( 1 ) 0 Measlis.

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0 trono do Pai, as homenagens e louvores que pòr
todos lhe são devidas.
A santa Igreja põe estes cânticos nos lábios do
sacerdote no Oficio dom inicai em memória de ter sido
ao domingo começada a obra da criação. Também
quere que o mesmo sacerdote ao descer os degraus do
altar após o Santo Sacrifício da Missa venha recitando
0 Cântico dos Três Jovens, porque acabando de ofere­
cer a Cristo, — ou antes de servir de instrumento a
Jesus Cristo que por seu intermédio se ofereceu ao Pai,
— deve oferecer com Êle as homenagens de tõdas essas
criaturas.
A semelhança entre os três jovens que, iançados
num forn o ardente não temeram as chamas, mas delas
sairam ilesos bem-dizendo a Deus, e Nosso Senhor
Jesus Cristo, que se entregou aos tormentos e à morte,
mas que dêsse transe saiu ressuscitado e glorioso, faz
com que a Santa Igreja lhe atribua também êste cântico
na Festa da Ressurreição.

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Laudes II
Nota — As Laudes II esquema apenas tem de estrictamente
próprio 0 cântico, porque os salmos, ou são de Laudes I esquema,
ou de outros dias e horas, e dêles trataremos nos seus lugares
próprios.
CAITIOO DOS TRtS J0TBN8 (I)
s es)
Introdução: Louva-se neste cântico a Deus, aclamando-o de
várias formas, as quais tôdas põem em destaque a sua infinita
grandeza e majestade.

Bem -dito seja Deus sempre e em tôda a parte.


Bem-dito sois, Senhor, Deus dos nossos pais I
Digno de ser louvado, glorificado e exaltado para sempre.
Bem-dito é o vosso glorioso e santo nome!
Sumamente digno de ser louvado e exaltado para sempre.

Bem-dito sois no vosso glorioso e santo templo!


Sumamente digno de ser louvado e exalUdo para sempre.
Bem-dito sois no trono da vossa realeza I
Sumamente digno de ser louvado e exaltado para sempre.

5, vós cujo olhar penetra nos abismos.


que estais sentado sôbre os querubins!
Sumamente digno de ser louvado e exaltado para sempre.
Bem-dito sois no firmamento do céu !
Digno de louvor e glória para sempre.

Bem-dizei o Senhor, vós tôdas obras do Senhor!


Louvai-0 e exaltai-0 por todos os séculos.

(I) Êste cântico e o Benediclle de Laudes I esq. forinam no Livro


de Daniel, donde sfio extraídos, um só hino, sendo o Benedlctus es uma
espécie de prelúdio do Benedlcite. A Santa Igreja porém ao Inseri-los no
Brcvlárlo separadamente nâo suprimiu no Benedlctus es. como o léz no Bene-
dtette, o estribilho que repeüdo em cadt Verso lhe dá uma torma de ladainha.

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Prima

In trodução: Parece tratar-se dum canto de acção de graças


por uma insigne vitória entoado processionalmenie peio povo.
Salmo messiânico. Jesus Cristo aplicou a si-mesmo o t. 21. A tra­
dição católica vi neste salmo o canto de acção de graças de N . Se­
nhor Jesus Cristo na sua ressurreição e entrada triunfante no ciu,
após 0 seu martírio. Também a Igreja ou qualquer fiel que se
salva pode aplicar a si êste salmo (I).

Convite às várias classes da nação a que louvem


a Deus.
Dai graças a Yahweh pela sua bondade:
- S im , a sua benevolência é eternaI

Diga pois a casa de Israel:


Sim, a sua benevolêpcia é etern a!

Diga a casa de A arão:


— Sim, a suá benevolência é eterna I

Digam os que temem a D eus:


— Sim, a sua benevolência é etern a! (2)

Israel após o cativeiro dc Babilônia. É a oplnlflo da maior parte. Segundo


outros Irsta-se de alguma das numerosas vitórias de Judá anteriores ao cati­
veiro. No primeiro caso o herol do salmo, o que fala na primeira pessoa,
seria o próprio povo. No segundo seria o rei que fazia a sua entrada no
templo para dar gragas após a vitória. Como quer que seja, «ste salmo tem
uma estrutura poética diversa dbs outros salmos, e parece ter sido bm diá­
logo cantado processlonalmente a coros, ou a coros e solos.
(2) Convida-se a louvar a Deus, primeiro Israel em geral; depois a
casa de Aarâo, Isto é, a classe sacerdotal; por último também todos os que
temem s Deús, Isto é, os proséiitos que prestavam culto ao verdadeiro Deus
sem pertencerem ao povo «acolhido.

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/— O heroi do salm o salvo p o r Deus.
Do seio da minha angústia invoquei a Yahweh:
Yahweh ouviu-me e tirou-me do apèrto.
Yahweh é por mim! nada tem o!
Que mal me pode fazer o homem ? I
Yahweh é o meu grande socôrro,
e por isso quero ver o que fazem os que me odeiam.

Vale mais abrigarmo-nos em Yahweh,

Vale mais abrigarmo-nos em Yahweh,


do que confiarmo-nos aos príncipes.

I I — Vitorioso das nações com o auxilio de De

Cercavam-me todos os povos...


— Mas eu, em nome de Yahweh, esmago-os!
Cercavam-me, sim... cercavam...
— Mas eu, em nome de Yahweh, esmago-os I
Cercavam-me como abelhas... com a sanha dum fogo de mato

Empurraram-me para me fazer cair...


— Mas Yahweh veio em meu auxílio I
A minha fôrça e o objecto de meu louvor, é Yahweh I
— Foi a minha salvaçao!

II I — Convite à alegria e regozijo.


Ressoem gritos de triunfo e alegria,
nas moradas dos justos.
A dextra de Yahweh obrou proezas,
a dextra de Yaf
a dextra de Yahewh obrou proezas.

(1) Esta passagem indica que os ii


niçados. TInliam a sanha dum fogo de maio, que arde e envolve com li

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Já não morrerei mas hei-de viver,
e hei-de narrar as obras de Yahweh. . -r -
Yahweh cash'gou-me duramente,
mas não me entregou à morte,

IV — D iálogo à porta do templo.


Abri-me as portas da justiça;
por elas entrarei e darei graças a Yahweh. (1)

— Esta é a porta de Yahweh.


só aos justos pertence entrar por ela. (2)

— Dou-vos graças porque me ouvistes,


e fostes a minha salvação. (3)

— A pedra que rejeitaram os edificadores.


tornou-se a pedra angular. (4)

— Foi por Yahweh que isto se fêz,


e é uma maravilha a nossos olhos. (5)

— Eis 0 dia que Yahweh fêzl


passemo-lo em júbilo e alegria.

(1 ) Chegada do cortejo Is porta» do templo. Palavras do povo aos


sacerdotes.
(2 ) Resposta dos sacerdotes.
(3) Palavras do povo. Estes e os seguintes versiculos até ao fim do
salmo serlain cantados alternativamente pelo povo e sacerdotes.
(4) A pedra que os edificadores rejeitaram seria o povo de Israel
desprezado das naçSes, que se tornou a pedra angular, porque eegundo a
esperança messiânica devia ser o fundamento da sociedade futura. Segando
üutros seria David que rejeitado por Saúl e pelos magnates de Israel se
tornara rei. Isto é. o fundamento e a pedra angular da naçBo.
Com multa mais razBn N. Senhor Jesus Cristo se tornou s pedra angu­
lar, apesar de rejeitado pelo Sanedrim e pelo povo, porque nEle todos se
unem e formam um só corpo místico, e nfio há noutro ssIvaçBo.
(5) A restauração de Israel, nas circunstfinclas em que foi levada a
cabo, ou ainda a elevaçBo de David, a vHórla comemorada, enlim, neste
salmo, só poderia ser obra de Deus. A lundaçBo e estabelecimento da Igreja
a aiia conservaçBo até hoje, só podem ser obra de Deus, e sfio um argumento
vivo que prova a sua divindade.

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— O h ! Yahweh dá então a salvação!
Yahweh dá então a prosperidade!

— Bem-dito seja o que vem em nome de Yahw eh!


Nós vos abençoamos da casa de Yahwehl (1)

-Y a h w e h é O e u s!
Foi Ele que nos iluminou !

— Avançai dançando com frondosas ramagens,


até aos ângulos do altar. (2)

— Sois 0 meu Deus, e quero dar-vos graças I


Sois 0 meu Deus, e quero exaltar-vos 1

— Dai pois graças a Yahweh pela sua bondade!


— Sim, a sua benevolência é eterna! (3)

Co nside raçõ e s e aplicações l i t ú r g i c a s Neste


salmo, além do sentido típico-messiánico, cujo cumpri­
mento bem visível ficou na entrada triunfal de Jesus em
Jerusalém no domingo de Ramos, descortinaram os San­
tos Padres, como já fica dito, um sentido místico, — o
canto triunfal de Jesus e do seu séquito de justos na
sua entrada solene e gloriosa no Paraíso. Mas as almas
piedosas gostam de pormenorizar e de ver corresponder
pormenor a pormenor, e então, considerando-o tanto

sua entrada (riuniante em Jerusalém, no dia de Ramos, o aclamavai


pilavras déste versículo. É provável que tivessem até cantado o
Inteiro.
(2) Nas procissões usava-se a dança lltúrglca, e algumas v<
s Festas dos Tabernáculos os d
sacerdotes ordenam pola ao povo que avance sempre dançando at
do altar, limite litúrgico que nSo era permitido aos leigos ullrsi
a expllcaçfio déste versículo, algo obscuro, que no estado actu
parece mais plausível.
(3 ) Todoe em côro.

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nas palavras como nos personagens e na enscenação,
delineia-se-nos no espírito como que um esbôço do que
seria essa grandiosa e indiscritível scena.
Parece-nos estar vendo apresentar-se Jesus ressus­
citado, glorioso e triunfante, às portas do céu, à frente
da imensa multidão de escolhidos que libertara do seio
de Abraão, e, que — ao recordar o grande apêrto e an­
gústia que fôra a sua vida mortal por ver-se carregado
com os pecados de todos os homens, e aqueles nume­
rosos inimigos que 0 rodearam e atacaram com encar­
niçada sanha até dar-lhe morte, e os assaltos em que o
demónu), em tentações as mais violentas que jamais se
puderam suportar, O empurrou para fa z ê-lo cair, — nâo
pode conter o imenso júbilo que lhe inunda a alma, e
deixa-o expandir-se num canto magnífico: — Deus cas-
tigou-me duramente, vingando em mim os pecados dos
homens, m as nâo me entregou à morte, não permitiu
que ela me detivesse por muito tempo I — Já nâo mor­
rerei mas hei-de viver I — Ressoem p ois gritos de ale­
gria nas m oradas dos Justos, porque eu venci a morte
e 0 inferno. — Abri-me as portas da justiça porque vou
entrar e vou tomar posse do reino que adquiri com o
meu sangue. . . E a estas efusões do Coração jubiloso
de Jesus responde o trovão imenso das aclamações dos
Patriarcas, dos profetas, dos reis e de todos os santos
do seu séquito glorioso.
Acorrem os anjos a abrir, espantados dum espec­
táculo tão novo, — apresentar-se a triste humanidade a
tomar posse do palácio de Oeus e a sentar-se no seu
mesmo trono, — e, estupefactos de tão inaudita ousadia,
dizem: — E sta é a porta de D eu s; Só aos justos é

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dado entrar p or ela. Mas !ogo reserenados rompem
em aclamações: — Bem -dito seja o que vem em nome
do Senhor!
E por sua vez os justos, entrando após Jesus, como
que julgando sonhar ainda, tantos séculos durara o seu
destêrro, não sabem como exprimir a sua felicidade: —
O h ! Deus dá então a salvação. Deus dá então a Feli­
cidade! lAas logo certos da realidade, avançam dan­
çando em místicos transportes, cantando jubilosos; —
Sois 0 meu Deus e quero louvar-vos! Sois o meu Deus
e quero exaltar-vos!
— Sonho ? I — Sonho, sim, vago e pálido sonho,
porque a realidade excedeu tudo o que é imaginável.
E 0 que será a nossa própria entrada no céu ?l

0 pensamento do céu, do triunfo de Jesus ressus­


citado, 0 triunfo dos justos que subiram com Ele, o
nosso triunfo mais tarde, eis o pensamento que a Santa
Igreja quere que tenhamos ao recitar êste salmo no Ofí­
cio do Domingo, dia da Ressurreição de Jesus e dia em
que especialmente nos devemos reunir no templo do
Senhor, na casa do nosso Pai na terra, enquanto não
nos reunirmos, como esperamos, na casa do nosso Pai
no céu.

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Prima, Tércia, Sexía e Noa
SUMO lU
Inlrodução: Este longo mas muito poético salmo, é, todo
êle, 0 elogio da Lei de Deus tomada no sentido lato de doutrina ou
revelaçdo, entremeado de orações jaculatórias em que o Salmista
pede a graça de bem a observar. (1)

I — F elizes os que são fiéis ao cumprimento da


Lei de Deus. Oxalá seja eu do número dêsses.
Felizes aqueles cuja vida é perfeita, (2)
que andam segundo a Lei de Yahweh.
Felizes os que observam as suas promulgações,
que de todo o coração o procuram,
Que não procuram a iniqüidade,
que lhe trilham as vias. (3)
Destes os vossos preceitos,
para que sejam deligentemente observados.
Que sejam direitas as minhas vias,
para que observe os vossos decretos.
Não terei então de que me envergonhar,
com respeito a todos os vossos preceitos.
Louvar-vos-ei na rectidão do meu coração.
ao tomar conhecimento das vossas justas prescrições.
Observarei as vossas leis:
não me abandoneis para sempre.

Vulg.: TesU m onlO -Prteello,-M andam ento,-Prescrição, (o conjunto de


dIoposiçOes leglslntlvas que constituíam o código moral e religioso. Vulg.:
Judicia) — Decretos ou leis, ( dlsposlçScs fundamentais próprias para serem
gravadas em mármore. Vulg.; Justlfleatlones). —Palavra, Ensinamento.
Todos estes tármos designam a doutrina revelada embora sob diversos
aspectos.
(2) «Cuja vla>, isto é; cujo modo de proceder.
(3) Que lhe trilham as vias, Isto ó, que seguem o csmlnlio por Ele
traçado.

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I I — O cumprimento da vossa Lei é o meu prazer
e os meus cuidados.

Como manterá o jovem pura a sua senda ?


Atendendo à vossa palavra.
De todo o coração vos procuro,
não me deixeis desviar dos vossos preceitos.
Guardo no coração o vosso ensinamento,
para não pecar contra vós.
Bem-dito sejais, Yahwehl
mostrai-me os vossos decretos.
Ando constantemente a pronunciar
as prescrições dos vossos lábios.
Encontro prazer na via das vossas promulgações
mais do que em tôdas as riquezas.
Medito os vossos mandamentos,
considero as vossas vias.
Nas vossas leis ponho as minhas delícias,
jamais esquecerei a vossa palavra.

I I I — D ai-m e luz e fôrça p ara contem plar a vossa


Lei e resistir às m ofas e perseguições dos inimigos.

Sêde bondoso para com o vosso servo para que viva,


e observarei a vossa palavra.
Abri os meus olhos e fazei que contemple,
os encantos da vossa Lei.
Sou um estrangeiro no pais
não me oculteis os vossos mandamentos, ( l)
A minha alma estuda apaixonadamente
as vossas prescrições a cada instante.
Ameaçais os orgulhosos: são malditos
os que se desviam (do cumprimento) dos vossos preceitos.

(I) «Nlo me oculteis...»:-dai-me cada vez mais abundante s

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Afastai de mim a vergonha e a confusão, (1)
porque observo as vossas promulgações.
Bem se podem reunir os príncipes e falar contra mim,
o vosso servo medita as vossas leis.
Sim, as vossas promulgações são as minhas delicias,
são os meus conselheiros.

IV — Erguei-me o espirito e desapertai-m e o cora­


ção para que possa servir-vos com áiacre e constante

A minha alma está prostrada por terra:


dai-me a vida segundo a vossa palavra.
Tenho-vos contado a minha vida e tendes-me dado ouvidos:
Ensinai-me as vossas leis,
Mostrai-me o caminho dos vossos preceitos,
e meditarei nas vossas maravilhas.
Está desfeita em lágrimas de mágoa a minha alma: (2)
erguei-me segundo a vossa palavra.
Afastai de mim a via da mentira (3)
e concedei-me a graça de ser fiel à vossa Lei.
Escolhi a via da verdade,
preferi as vossas prescrições.

Senhor não permitais que seja confundido.


Corro na via dos vossos mandamentos,
quando me desapertais o coração.

( 1) Os inimigos escarnecendo da fé do salmista cobriam-no de ver­


gonha e confuaao.
(2 ) 0 salmista alude a qualquer lacto ou sltuaçSo da sua vida, impos­
sível hoje de conhecer, sobretndo nfio sabendo quem lol, nem onde, nem
quando viveu, mas que era um desgAsto forte, uma angústia grande qne o
prostara num grande abatimento. SltuaçAes destas sfio porém freqüentes na
vida de cada um de nós, e nesses momentos é oportuna como sempre a
prece do salmIsU.
(3) «Vida da mentira» - o culto dos falsos deuses, lodo o viver nfio
conforme com a vontade de Dena.

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Tércia
V — Tornai-me bem instruido e firm e no cumpri­
mento da vossa Lei.
Mostrai-me, Yahweh, a via das vossas leis,
para que sempre as observe.
Dai-me inteligência para que observe a vossa lei,
e a guarde de todo o coração.
Conduzi-me pela vereda dos vossos mandamentos,
porque nela encontro sumo prazer.
Tornai-me o coração inclinado às vossas promulgações,
e não ao ganho.
Desviai-me os olhos do espectáculo da vaidade,
fazei que viva na vossa senda.
Mantende para com o vosso servo a vossa promessa,
a que fizestes aos que vos temem.
Afastai de mim o opróbrio que temo,
porque as vossas prescrições são boas.
Vêde como amo ardentemente os vossos preceitos,
pela vossa justiça fazei que viva.

V I — D ai-m e a graça de p rofessar sempre aberta


e corajosam ente a minha fé .

bem como o vosso socôrro, segundo a vossa pron


E poderei responder ao que me ultraja,
porque confio na vossa palavra.
Não retireis da minha bôca a palavra de verdade, (1)
porque espero nos vossos juizos.
Quero observar constantemente a vossa Lei,
sempre, perpètuamente.

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Andarei à larga, (I)
porquê investigo os vossos preceitos,
Falarei das vossas promulgações diante dos reis,
e nSo me envergonharei.
Ponho as minhas delicias nos vossos mandamentos,
am o-os!
Elevo as mãos para vossos mandamentos,
e medito nas vossas leis.

ÍIa. - VII — a vossa lei é a m inha fôrça e consolação.

Lembrai-vos da palavra dada ao vosso servo,


na qual dais base firme à minha esperança.
A minha consolação em meio dos sofrimentos,
é pensar que a vossa palavra me conserva a vida.
Os orgulhosos cobrem-me de mofas,
(mas) não me desviei do cumprimento da vossa lei.
Lembro-me das vossas prescrições promulgadas outrora,
6 Yahweh, e fico consolado.
Invadiu-me a indignação por causa dos ímpios,
que abandonam a vossa lei.
As vossas leis são o assunto dos mesmos salmos,
na casa onde estou hospedado. (2)
De noite lembro-me, ó Yahweh, do vosso nome,
e observo a vossa lel.
A parte que me toca (na vida)
é observar as vossas leis.

(I) «...à larga»; - ialo ê; aem angúsila. porque a boa e tranqüila


consciência, a que Investiga a cada moménlo qual a vontade de Deus para a
p«r por obra, dá a paz e a lelicidade na via angusla e de morilleras sombras
que ê a vida, pelos constantes perigos dc morte cspirltoal que nela se en-

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V II I— o meu quinhão na partilha da vida é fazer
a vossa vontade.

Sim, Yahweh, torno a dizer: o meu quinhão,


é atender à vossa palavra.
De todo 0 coração vos suplico,
tende piedade de mim segundo o vosso ensinamento.
Peso as minhas acções,
e dirijo os meus passos ao cumprimento das vossas promul­
gações.
Apresso-m e, sem hesitar,
a observar os vossos mandamentos.
Envolvem-me as redes dos ímpios,
(m as) não esqueci a vossa lei.
Pelo meio da noite levanto-me para vos louvar,
pelas vossas justas prescrições.
Sou amigo de todos os que vos temem,
e de todos os que observam os vossos preceitos.
Da vossa bondade, Yahweh, está cheia a terra,
ensinai-me as vossas leis.

I X — F oi bom ter sofrido porque o sofrimento me


reconduziu ao cam inho do bem.

Sempre tendes tido bondade para com o vosso servo, Yahweh,


segundo a vossa palavra.
Dai-me o gôsto e a inteligência do bem,
porque tenho fé nos vossos mandamentos.
Antes da minha infelicidade desgarrava-me.
mas agora tomo cuidado com o vosso ensinamento.
Sois bom e bem-fazejo,
ensinai-me as vossas leis.
Os orgulhosos inventam mentiras contra mim,
mas eu observo de todo o coração os vossos mandamentos.

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Eles teem a inteligência embotada pela gordura;
quanto a mim, as minhas delícias são a vossa lei.
Bom foi para mim ter sofrido,
para aprender as vossas leis.
Para mim, vale mais a lei proferida pela vossa bôca,
do que montões de ouro e prata.

X — Q ae me console e conforte a vossa misericór­


dia, e sejam confundidos os inimigos, para que bem
p ossa cumprir a vossa lei.

As vossas mãos deram-me o ser e a forma:


dai-me pois inteligência para aprender os vossos manda­
mentos.
Os que vos temem alegram-se de ver-me,
porque esperei na vossa palavra.
Reconheço, Yahweh, que os vossos juizos são justos,
e que com razão me afligistes.
Mas que me console agora a vossa bondade,
segundo a palavra dada ao vosso servo.
Que venham sôbre mim as vossas misericórdias para que viva,
porque a vossa lei constitui as minhas delícias.
Que sejam confundidos os soberbos que me maltratam injusta­
mente ;
quanto a mim medito nos vossos preceitos.
Que se voltem para mim os que vos temem,
para que conheçam as vossas promulgações.
Que possa o meu coração observar sem mancha as vossas leis,
para que não seja confundido.

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SexIa
X I — Senhor, apressai-vos em socorrer-me, porque
me põem em grande aperto os inimigos, p o r cumprir a
vossa lei.

0 pelo vosso socôrro,


(m a s) espero a vossa palavra.
Cansam-se-me os olhos de olhar pelo cumprimento da vossa
prom essa:
êles dizem: Quando vireis consoIar-m e?l ( 1 )
Porque estou como um odre exposto à geada,
apesar de não ter esquecido as vossas leis.
O que são os dias do vosso servo ?!
Quando fareis então justiça sôbre os que me perseguem ?!
Abriram-me fossos õs orgulhosos, (2)
08 que não obedecem à vossa lei.
Todos os vossos mandamentos são a própria fidelidade; (3)
perseguem-me sem motivo! Socorrei-me!
Pouco faltou que me não extirpassem da terra,
mas não abandonei os vossos preceitos.
Fazei que viva pela vossa misericórdia,
para que observe os vossos ensinamentos.

X I I — O salm ista consola-se com a reflexão de


que a palavra de Deus é imutável e fidelíssima.

A vossa palavra, Yahweh, é eterna:


dura, firme como os céus.

(1) «Eles...»; os meus olhos.


(2) Abriram-me fossos para netes me apanharem como se faz às feras.
O salmista refere-se a ciladas que lhe armavam os seus Inimigos.
(3) «A própria fidelidade»;-A todo o mandamento de Dens anda
anexa uma promessa de bem ou de mal para quem a observe ou deixe de
observar. Dens cumprirá Infalível e exactamente as suas promessas, e é
neste sentido que os seus mandamentos sBo absolutamente fIéIs.

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0 permanece de geração em geração,
como a terra que estabelecestes e continua firme.
Ainda hoje as vossas prescrições permanecem firmes,
porque todos os seres estão às vossas ordens.
Se a vossa lei não fôsse as minhas delícias,
já teria perecido na minha miséria.
Não esquecerei jámais os vossos mandamentos,
porque é por meio deles que me tendes conservado a vida.
Sou vosso; salvai-me,
porque procuro cumprir os vossos preceitos.
Os maus esperam-me para matar-me,
mas estou atento às vossas promulgações.
Tenho visto limites a tôda a perfeição:
Só a vossa lei não tem limites.

X I I I — A vossa lei deleita-m e é torna-me mais


prudente que os inimigos.

Quanto amo a vossa lei I


É ela, todo o dia, o objecto da minha meditação.
Os vossos mandamentos tornam-me mais ajuizado que os meus
inimigos,
porque os trago sempre comigo.
Sou mais sapiente que todos os meus mestres,
porque as vossas promulgações são o objecto da minha me­
ditação.
Tenho mais saber que os velhos,
porque observo as vossas leis.
Retenho os pés longe do mau caminho,
para guardar a vossa palavra.
Não me afasto das vossas prescrições,
porque fôs'tes vós que me instruistes.
Quão doces são ao meu paladar os vossos ensinamentos l
Mais doces que o mel à minha bôca.
Teem-me esclarecido os vossos preceitos,
por isso detesto tôdas as sendas da mentira. .

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X I V — Em m eio dos perigos e aflições constantes
a vossa lei é a m inha luz.

A vossa palavra é um facho ante os meus passos,


uma luz no meu caminho.
Jurei, e serei fiel,
observar as vossas justas prescrições.
, Estou numa aflição extrema, Yahweh,
fazei que viva segundo a vossa palavra.
Aceitai, Yahweh, a oferta que de bom grado vos fazem os meus
lábios,
e ensinai-me as vossas prescrições.
Ando sempre com a vida nas mãos,
mas não esqueço as vossas leis. (1)
■Os maus armam-me ciladas,
mas não me aparto do cumprimento dos vossos preceitos.
As vossas promulgações são a minha herança para sempre,
porque são a alegria do meu coração.
Dediquei o meu coração a observar as vossas leis,
perpetuamente por todo o sempre.

X V — D esejo distanciar-m e dos inimigos pelo cum­


primento da vossa lei.

Odeio os que andam tergiversando, (2)


e amo a vossa lei.
Sois 0 meu refúgio e o meu escudo,
espero na vossa palavra.
Retirai-vos de mim, impios,
e observarei os mandamentos do meu Deus.

( () «Trago a vida nas mBos>: —Isto é ; estou sempre em perigo.


Uma colsa que se traz na mSo está sempre em perigo de cair, perder-ae ou
deterlorar-se. Tal a vida do salmista.
(2) «Queandam tergiversando.;-Que ora cumprem, ora náo cum­
prem a lel do Senhor.

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e segundo a vossa promessa para que viva,
e poupai-me a confusão de iludirdes a minha esperança.
Amparai-me para que seja salvo,
e que tenha eu sempre os olhos postos ná vossa lei.
Rejeitais todos os que se afastam das vossas leis,
porque o seu pensar não é senão mentira. (()
Rejeitais como escórias todos os maus da te rrá ;
eis porque amo os vossos decretos.
A minha carne treme de terror na vossa presença,
e temo os vossos juizos.

X V I — Socorrei-m e porque tenho praticado a


vossa l e i

Tenho praticado o que é justo e recto,


não me abandoneis aos meus opressores.
Constitui-vos vós o segurador dô bem do vosso servo, (2)
e que me não oprimam os orgulhosos.
Vai-se-me esgotando a vista a olhar pelo vosso socôrro,
e pela vossa justa promessa.
Tratai o vosso servo segundo a vossa bondade,
e ensinai-me as vossas leis.

para que conheça as vi


É tempo de intervir, Yahweh!
eles violaram a vossa lei.
Eis porque amo os vossos mandamentos,
mais que ouro, que ouro puro.
Por isso me guio pelas vossas leis,
e detesto a via mentirosa.

(1) «o seu pensar nSo i senSo mentira»: porque serSo desiludidou


das suas vís esperanças, ou porque só maquinam embustes e ciladas no ses
cérebro.
(2) Quando nos entregamos ou abandonamos a Deus confiando na sua
DIvIna Providência, qualquer que seja o perigo ou angústia que atravessamos
pomos 0 nosso bem no seguro das suas maos.

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Noa

X V I I — Sêde benevolente p ara com igo e cumprirei


a vossa lei.

As vossas promulgações são admiráveis,


e por isso a minha alma as observa.
A explicação da vossa palavra ilumina,
e dá aos levianos a ciência de bem-viver.
Abro a bÔca ansioso,
porque sou ávido dos vossos mandamentos.
Volvei a mim a vossa face e tende piedade,
como é devido a quem ama o vpsso nome.
Tornai firmes os meus passos nos vossos ensinamentos,
e não permitais que me domine a iniqüidade.
Livrai-me da opressão dos homens,
e observarei os vossos preceitos.
Fazei resplandecer a vossa face sôbre o vosso servo (I)
e ensinai-me as vossas leis.
Os meus olhos derramam torrentes de lágrimas,
porque não se observa a vossa lei.

X V I I I — E tão ju sta e razoável, santa e consola-


dora a vossa lei, que me indigna haver quem a n ão
cumpra.

Justo sois, Yahweh,


e justas são as vossas prescrições.

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Estabelecestes as vossas promulgações com justiça,
e com absoluta fidelidade.
Sinto-me consumir de indignaç2o,
porque os meus inimigos esquecem as vossas palavras.
O vosso ensinamento é perfeitamente puro,
e o vosso servo ama-o.
Sou de humilde condição e tido em pouca conta,
mas não esqueço os vossos preceitos.
A vossa justiça é um direito eterno,
e a vossa lei é verdade.
Fui atingido pela miséria e angústia,
mas os vossòs ensinamentos são as minhas delícias.
As vossas promulgações constituem um direito eterno;
dai-me inteligência para que viva.

X I X — Que 0 meu constante cuidado em m editar


a vossa lei me m ereça ser livre dos inimigos.

Invoco-vos de todo o coração, ouvl-me, Yahweh,


e eu observarei as vossas leis.
Invoco-vos... salvai-me,
para que guarde os vossos decretos.
Ponho-me à espreita da aurora, de madrugada, para clamar
por vós.
porque espero na vossa palavra.
Põem-se à espreita os meus olhos, das vigílias da noite,
para meditar o vosso ensinamento. ( 1 )
Escutai, Yahweh, a minha voz, segundo a vossa palavra,
tornai a minha vida conforme com as vossas prescrições.

a aurora t as vigílias da nollt. A au-


anteclpam-se e veem surpreender os
mortais no seu sôno porque chegam junto dêles sem que o advirtam, mas
quando se nfio dorme com o cuidado de qualquer coisa, como por exemplo
neste caso de louvar a Deus e de lhe suplicar, como que ae está à espreita
delas, e sfio elas portanto as surpreendidas. (Cof. Salm. 76 II estrote).

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Acercam-se a mim, com suas traças criminosas, os que me
perseguem.
e afastaram -se da vossa lei.
Mas vós, Yahweh, estais comigo,
e tôdas as vossas proih essas são a própria verdade.
Acêrca dos vossos decretos sei desde há. muito
que os estabelecestes para sempre.

X X — Libertai-m e desta a fliçã o porque guardo a


vossa lei.

Vêde a minha aflição e livrai-me,


porque não esqueci a vossa lei.
Defendei a minha causa e libertai-me;
fazei que viva, segundo o vosso ensinamento.
Longe está dos maus a salvação,
. porque não querem saber das vossas lejs.
A vossa misericórdia é grande, Yahweh:
tornai a minha vida conforme com as vossas prescrições.
Muitos são os que me perseguem e afligem,
mas nâo me afasto dos vossos decretos.
Ao ver os infiéis senti horror,
porque não observam o vosso ensinamento.
Considerai que amo os vossos preceitos;
fazei que viva. Senhor, pela vossa bondade.
A essência da vossa palavra é a verdadè,
e tõdas as vossas prescrições são etemas.

X X I — Alegro-me, Senhor, porque sem pre tenho


cumprido a vossa lei.

Principes perseguem-me sem motivo,


mas 0 meu coração só teme a vossa palavra.

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Abomino a mentira,
mas amo a vossa lei.
Sete vezes ao dia celebro os vossos louvores,
pelas vossas justas prescrições.
Há grande paz para os que amam a vossa lei,
e nada lhes será ocasião de tropeçar.
Espero, Senhor, no vosso socôrro,
porque tenho praticado os vossos n
A minha alma observa as vossas promulgações,
am a-as desmedidamente.
Observo os vossos decretos e preceitos,
porque tôdas as minhas vias estão na vossa presença.

X X I I — Senhor, ouvi a m inha prece, buscai esta


ovelha desgarrada e salvai-me.

Que chegue até à vossa presença a minha súplica;


Senhor, conservai-me a vida, segundo a vossa palavra.
Que penetre até à vossa presença a minha prece,
libertai-me segundo o vosso ensinamento.
Dos meus lábios brotará o vosso louvor,
porque me ensinastes a vossa lei.
A minha língua cantará os vossos ensinamentos,
porque todos os vossos mandamentos são justos.
Que venha em meu auxilio a vossa mão,
porque escolhi para meu quinhão os vossos preceitos. ( I)
Anseio pelo vosso auxílio, ó meu Deus,
e a vossa lei constitui as minhas delícias.
Que viva a minha alma, para vos louvar,
e venham em meu auxilio as vossas prescrições. .
Ando errante como uma ovelha desgarrada;
procurai o vosso servo,
porque não esqueça os vossos mandamentos.

( I) o salmista escolhera para seu qulnhso na partilhad a vida o


cumprir a lel de Deus, enquanto outros escolhem os bens terrenos e os
prazeres.

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Aplicaçõ e s lilúrgica s : — Destinou a Igreja êste
longo salmo, — dividido eth perícopas de duas estrofes
cada uma, no fim das quais se repete o Glória Patri, —
para as chamadas horas menores do ofício dominical e
das festas mais solenes do ano.
As horas menores, — Prima, Tércia, Sexta e Noa,
— destinam-se, na intenção da Igreja, a santificar pela
oração cada uma das quatro partes ou quartéis em que
os activos monges dos antigos tempos, como ainda hoje
os nossos trabalhadores rurais, dividiam o dia solar, ou
0 dia do trabalho.
Em Prima, que. sempre na intenção da Santa
Igreja, é, — e devia sê-lo efectivamente para nós, —
a oração da manhã, pede-se a Deus as graças neces­
sárias para bem passar o nascente dia, tendo em vista
os deveres que nele temos a cumprir, e os prováveis
obstáculos que iremos encontrar, e sobretudo a graça
de evitar o pecado,— í// in diurnis actibus—N cs servet
a nocentibus,— (1) o que se consegue pela guarda dos
sentidos, — Linguam refrenans tem peret,— Visum f o -
vendo contegat, — (2) e pela repressão dos apetites
corrompidos da carne e afectos desordenados do cora­
ção, — Sint pura cordis intima, — Carnis terat super-
biam. (3)
Em Tércia destinada a santificar o início do segund»
quartel, ai pelas nove horas, à hora que começa a sen­
tir-se 0 calor do sol — símbolo da caridade — ; em que

( 1) Que nas acçOes dêste dia nos livre de tudo o que é nocivo.
(2) Que nos refreie e governe a lingua, e por favor nos guarde os olhos
(3) Que nos sejam puros os afectos íntimos do coraçSo, e eamagad»
a soberha da carne...

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Jesus Cristo sofreu por nosso amor o tormento dos
açoutes, da coroação dos espinhos, e foi condenado à
morte, em que o Espírito Santo, o Espírito de amor
desceu a vez primeira sõbre os Apóstolos:. pede-se de
uma forma especial a caridade, o ardente amor. para
com Deus e para com o próximo. — Flam m escat igne
caritas, — Accendat ardor proximos, (1) — uma caridade
que se transfunda em obras.
Em Sexta, destinada a santificar o início do ter­
ceiro quartel ai pelo meio dia, hora a que aperta o calor
e a fadiga, — pondas diei et aestus, — fadiga e calor
que muitas vezes nos enervam e põem de mau humor,
dando-nos para implicar com tudo e com todos, hora
propícia ao desânimo, à impaciência, às tentações da
carne que o Demônio, aproveitando-se da ocasião, não
deixa de atiçar, lembra-nos a Santá Igreja que a essa
mesma hora foi crucificado Jesus Cristo, cheio de pa­
ciência e mansidão, aceitando plenamente a vontade do
Pai e rogando pelos que O atormentavam, e faz-nos pe­
dir a boa disposição do corpo e da alma tão necessária
para o cumprimento dos nossos deveres, — Extingue
flam m as litium,—Aufer calorem noxium,— C onfer saiu-
tem corporum, — Veramque pacem cordium (2).
Finalmente em Noa, no início do último quartel,
pela meia tarde, quando já o sol declina ràpídamente
para o horizonte, e se aproxima a noite, imagem da
morte, lembra-nos a Santa Igreja o declinar constahte

(1) Que em nós arda em labareda o logo da caridade, e que o s


calor vá aquecer o próximo.
(2) ExtInguI o logo das discórdias, llral-nos o calor nocivo, dal a
^corpos saúde, e verdadeira paz aos coraçOes.

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da nossa própria vida; a necessidade de perdurarmos
no esfôrço até aò fim; e, apontando-nos para Jesus
Cristo que à mesma hora exalava o último suspiro, —
mais do que nunca abraçado à sua Cruz —, faz-nos
pedir luz que nos guie os passos no entardecer da
nossa vida, para que não vá terminar ná escuridão do
pecado, a perseverança final e uma boa morte, sem a
qiial não poderemos obter a coroa da glória eterna. —
Largire lumen vespere, — Quo vitam nusquam decidat,
— sed proem iam mortis sacrae, — Perennis instet g lo ­
ria (1).
Ora 0 Salmo 118 harmoniza-se admiràvelmente
com estas intenções da Santa Igreja, porque é uma
série de sentenças em que das mais variadas formas e
maneiras se afirma a excelência da Lei de Oeus, entre­
meadas de jaculatórias, ora exprimindo um profundo
amor e dedicação ao cumprimento da sua santíssima
vontade, ora suplicando ardentemente a graça de ser-
-Ihe fiel.
Entremos no pensamento da Santa Igreja e êste
longo salmo, que para os irreflectidos e dissipados é
causa de fadiga pela aparente, falta de ligação entre os
pensamentos e enfadonha repetição da mesma ideia,
tornar-se-á para nós uma fonte de reflexões e de afec­
tos com que entreter a nossa devoção ao longo do dia.

( I ) D«l-nos luz ao entardecer (da t


vida (da graça), mas como prémio de uma
glória.

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Vésperas
SALMO 100

InfroduçSo: Neste salmo, que é literal e directamente


messiânico, celebra-se a realeza e sacerdócio eternos de Jesu s
Cristo em que é investido pelo Próprio Pai.

I — O R ei-M essias e o seu exército.

Eis 0 oráculo de Yahweh ao meu Senhor:


— « Senta-te à minha direita,
Enquanto ponho os teus inimigos
a servir-te de escabelo para os p és». ( 1 )
O cetro do vosso podet,
estendê-lo-à Yahweh ao longe a partir de Siâo. ( 2 )
Dominai sôbre os vossos inimigos I

Jesus Cristo que se senta no trono de Deus, à direita de Deus, t pois Igual
a Deus, é Deus tambím. Demais David dá-lhe o nome de Senhor,-nome
próprio de Deus; Senhor seu, a-pesar de seu descendente, o que nBo faz
sentido se David o náo reconhece por um ente superior a sl e seu Deus.
Jesus Cristo serviu-se dgste argumento para provar a sua divindade aos
fariseus. (Conf. Math.XXII-41, Marc. XII-35, Luc. XX-4t eseg.).
• Oráculo* slgnlllca aqui uma alIrmaçBo solene e peremptória, uma
resoluçBo definitivamente assente. Os reis do Oriente pousavam ás vezes os
pés sóbre um escabelo sustldo pelas cabeças dos prisioneiros de guerra como
ae yé pintado em Thebas no Egipto. Pór uma coisa a servir de escabelo aos
pés de alguém é dar-lhe domfnio sóbre essa coisa. A palavra enquanto
designa o tempo que medeia entre a RessuireIçBo de Jesus e a sua vitória
definitiva no llm do mundo.
(2) 0 seetro do poder slgnlllca o próprio poder segundo o génio da
lingua hebraica. SIBo é a capital do Rel-Mesalas e o ponto donde irradiará
o seu domínio. E’ uma (Igura da Igreja.

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A vossa gente acorre, tôda generosidade,
no dia da formação do vosso exército,
nas montanhas santas. ( 1 )
Oo sei da aurora vem. a vós
0 orvalho dos vossos moços guerreiros. ( 2 )

I I — O. triunfo do M essias Sacerdote e Rei.

Yahweh jurou e não se arrependerá:


— «Tu és sacerdote para sempre,
à maneira de Melquisedec >. ( 3 )

O senhor está à vossa direita: ( 4 )


esmaga os reis no dia da sua cólera.
Ei-lo que julga as n açõ e s!...
0 campo fica juncado de cadáveres I

( 1) As montanhas santas slo ainda as de SIfio, Isto £ a Igreja, ponto


em que se Irá concentrando o exército do Messias-Jeans, aonde acorrerSo
generosas a allstar-se e a combater tddas as almas de boa vontade até ao
Hm do mundo.
(2) Sob a Imagem poética do orvalbo fllbo da aurora, designa-se o
guerreiro, a generosidade, e o grande número dos soldados do Messias,
sobretudo dos que exercem o apostoiado. SerBo generosos e entusiastas
como os jovens, e numerosos como as gotas do orvalbo, Vulg.; Contigo ou
em tl residira o principado ao dia em qae se manifestar a vossa fôrça nos
esplendores dos sanios; ea le gerei do meu selo anies da aurora. Esta
liçao porém poucos partidários conta hoje entre os que se dedicam a estudos
bíblicos.
(3) 0 Messias é rei e sacerdote. Está revestido dum sacerdócio
como 0 de Melquisedec, um sacerdócio eterno e duma ordem à parte, em qoe
se sacrillca com pBo e vinho, e que nada tem com o sacerdócio de Aarfio e
seus descendentes. 0 próprio Deus o constituiu .sacerdote (Conf. Hebr.
VI-20, VIM e aeg. )
(4) O senhor estará à sua direita para lhe servir de .'escudo e
defensor.

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Esmaga os cabeÇas por tóda a terra,
até às longínquas paragens. ( I )
Bebe da torrente na beira do caminho,
e por isso alteia a cabeça. ( 2 )

C o n side ra çõ e s e aplicaçõ es litúrgicas.- Jesus


Cristo, 0 nosso adorável Salvador, é-nos apresentado
neste salmo como retinindo na sua única Pessoa as
supremas qualidades de Deus, Homem, Sacerdote e Rei.
Porque é Deus, senta-se no próprio trono do Pai.
— Senta-te à minha direita — exercendo em perfeita
unidade com Ele o supremo domínio sôbre tôdas as
coisas. E porque, sendo Deus, é também a mais per­
feita e autêntica 'vergõntea do velho tronco da raça
humano, tendo um corpo formado do mais puro san­
gue duma Virgem filha de Adão e Eva, e uma alma
perfeitamente humana, foi constituído pelo Pai e Chefe,
0 Rei da Humanidade, — O scetro do vosso poder esten­
dê-lo-á Deus ao longe, dom inai sôbre os vossos inimi­
g o s ,— t 0 seu Sacerdote e Mediador único para com

gem duma batalha vitoriosa anuncia o salmista o que se realizará nò fim do


mundo em que oa que náo quiaeram submeter-se ao Jugo suave de Jesus seu
Redentor, sobretudo os chetes, os promotores da Impiedade e das heresias,
08 que náo cessaram de fazer-lhe guerra, e à Igreja seu reino, seráo por Ele
como juiz, definitivamente vencidos. Inteiramente prostadoa, e castigados
com a morte eterna.
(2 ) O Rel-Messias é um guerreiro tao valoroso que nem se retira dó
a sede, mas bebe do primeiro regato que encontra na
do 08 inimigos fugitivos, e é em
paga dCste valor qne alteia a cabeça obtendo completa vilória. Esta é a
Interpretação mais geral dêsté verafculo.

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a Divindade — Tu és Sacerdote para sempre à maneira
de Melquisedec.
Como Sacerdote ofereceu a Deus o único sacri­
fício cabalmente digno dEle, pela dignidade tanto do
oferente como da vítima— a sua própria Pessoa Divino-
-Humana.
Este sacrifício é perpétuo. A todos os momentos
Jesus 0 está renovando, e renovará até ao fim dos sécu­
los, sôbre os altares da terra, por meio dos seus minis­
tro s:— és sacerdote para sempre. Ainda, quando
houver cessado o tempo, na terra se haja feito perpétuo
silêncio, e pela amplidão dos céus reboe o eterno ale­
luia da Humanidade bemaventurada, Jesus continuará
de algum modo oferecendo-se ao Pai, porque, segundo
a grandiosa visão do apóstolo S. João, o Cordeiro dç
Deus permanecerá sôbre o altar do Altissimo na quali­
dade de vítima: — tamquam occisum.
E foi até por êste sacrifício, foi bebendo a pleno
hausto na profunda torrente dos tormentos da sua pai­
xão e morte dolorosíssima, que Ele venceu os seus
inimigos, e adquiriu direito de conquista sôbre tôda a
humanidade:— B ebe da torrente na beira do caminho,
e p or isso alteia a cabeça.
Desde a cruz que os seus inimigos ficaram virtual­
mente vencidos e o homem virtualmente pertença sua,
mas no entanto quis que o seu dominio se implantasse
suavemente e fôsse aceite com amor. E’ para esta con­
quista pacífica que Ele forma e concentra nas monta­
nhas do Sião, isto é, na Igreja, o seu glorioso exército,
a alistar-se no qual acorrem, inumeráveis e tôdas gene­
rosidade, as almas apóstolas e as almas reparadoras:

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— Do seio da aurora vem a Vós o orvalho dos vossos
m oços guerreiros.
Esta amorosa conquista ir-se-á acentuando através
dos séculos até que no fim dos tempos, completado o
número dos escolhidos, os inimigos, já vencidos na
cruz, serão definitivamente submetidos e esmagados:
— O cam po fica juncado de cadáveres.
Felizes de nós, sc também nos houvermos alistado
no vencedor exército de Cristo, e combatido o bom
combate.
Salmo cristológico por excelência, êste, — e sendo
0 ofício vespertino uma hora caracterizadamente euca-
rística, pois tem por fim render culto de louvor e agra­
decimento a adorável Pessoa de Jesus Cristo, por todos
os benefícios que nos trouxe com a sua Incarnação e
Redenção, e em especial pela Eucaristia, compêndio e
memorial de todos êles, — entra, como é natural, na
composição de muitas e das mais festivas Vésperas.
Assim, além das do Ofício dominical, tôdas as das
festas de Jesus Cristo, da Virgem, dos Anjos, e, do san-
toral, as das festas chamadas clássicas, que tomam
como suas as Vésperas do Domingo, o incluem logo
em primeiro lugar.
Embora em todos estes Ofícios se deva conside­
rá-lo no seu sentido geral, contudo, segundo a pessoa
ou mistério celebrado, assim o podemos encarar ora
mais num, ora mais noutro aspecto. As próprias antí­
fonas nos servem nisto muitas vezes de guia.
No Ofício dominical, por exemplo, comemorativo
da Ressurreição e Glorificação de Jesus Cristo, a antí­
fona é 0 primeiro verso, em que essa glorificação estava

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anunciada: — o oráculo de Deus ao meu S en hor:
-S e n t a - t e à minha direita. (Antif. I ad Vesp.).
Mas já na festa do Corpus Christi, a chamar-nos a
atenção para o sacerdócio único e eterno de Jesus, que
exerce constantemente sôbre os nossos altares por meio
dos seus ministros, a antífona é : — Sacerdote p ara sem ­
p te à m aneira de M elqulsedec que ofereceu p ã o e vinho.
Tendo-se presente o sentido geral do salmo e o
pensamento litúrgico do Ofício de cujas Vésperas faz
parte, as aplicações particulares são facílimas.

SALHO 110

Introdução: Cântico de louvor a D eus p o r vários benefí­


cios que fez a Israel em cumprimento da sua Aliança. (1)

I— G raças a D eus p elos seus benefícios em geral.

Dai graças a Yahweh de todo o meu coração,


na reunião dos justos e na de tôda a comunidade.

Grandes são as obras de Yahweh!


São bem dignas de estima peias deiícias que encerram. (2)

A, sua obra é, tôda ela, esplendor e magnificência,


e a sua justiça permanece para sempre.

Assegurou a memória das suas maravilhas.


Yahweh é compassivo e misericordioso.

( 1) Este salmo é allabético, correapondendo a cada letra do alfabeto


um verso. Como em geral nas composIçSts alfabéUcas nBo há multa llgaçBo
entre as ideiaa.
(2) Outros traduzem: — Sdo mallo procuradas pelos seus amadores.

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II — G raças a Deus p or alguns benefícios em que
particularmente mostrou a sua fidelidade.

Deu um alimento aos que o temem, (1)


nâo se esquecerá jamais da sua Aliança.

Manifestou ao seu povo a fôrça das suas obras.


Deu-lhe a herança das nações. (2)

As obras das suas mãos são fidelidade e justiça.


Os seus preceitos são dignos de fé.

Estão estabelecidos para todo o sempre,


São feitos de fidelidade e rectidão.

I I I — Devemos temer a Deus em vista das suas


obras.

Enviou o libertamento ao seu povo.


Estabeleceu para sempre a sua Aliança.
O seu nome é santo e digno de temor.

O temor de Yahweh é o principal da sapiência.


É dado um bom entendimento aos que o praticam.
0 louvor de Yahweh permanece para sempre.

C o n s id e ra ç õ e s : Mais e maiores do que os mara­


vilhosos benefícios feitos outrora aos israelitas são os
que Deus nos faz dando-nos o seu próprio Filho Jesus

( 1 ) 0 alimento a que se refere o salmista era o Maná. O Maná ê a


figura da Eucaristia.
' (3) A herança das naçOes era a Palestina que pertencia como herança
ao povo cananeu, a quem Dens expulsou e exterminou, para nela estabelecer
os Israelitas.

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Cristo, e nEle todos os inapreciáveis bens da graça, de
que aqueles outros eram apenas uma fígura.
0 cristão piedoso saberá rememorá-los ao recitar
êste salmo, cujas expressões de louvor e agradeci­
mento, referidas agora a mais nobre objecto, mais ade­
quadas e cheias de sentido são ainda.
Como é de supor nâo esquecerá o inefável bene­
fício da Redenção. — O libertamento que Deus enviou
00 seu povo, a nova aliança qüe com êle estabeleceu
p ara sempre, e o estupendo favor da Eucaristia, figu­
rado pcio Maná depositado outrora na Arca da Aliança
no qual o nosso Divino Redentor, muito mais cabal­
mente, — nos assegurou a memória das suas maravi­
lhas e deu um alim ento aos que o temem.
0 caráter tão eminentemente eucaristico dêste salmo
torna-o admirávelmente apropriado para a hora de Vés­
peras.
SALNO 111

Inlrodução: Celebra-se neste salmo a felicidade do justo,


isto é, do que cumpre a Lei de D eus, e sobretudo que pratica a
caridade com o próximo, enum erando-se vários bens com que
será premiado (I).

/ — P rosperidade de quem observa a lei de Deus.

Feliz de quem teme a Yahweh,


de quem gostosamente lhe cumpre os n

(I) Este salmo é alfabético como o precedente. Os bens que nele


sao prometidos aos Justos sSo todos de ordem temporal e material. A um
povo de tao eiosaelra mentalidade como no-lo retrata a Sagrada Escritura

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a posteridade do homem recto será abençoada. (1)

Há em sua casa riqueza e opulência,


e a sua justa prosperidade durará por todo o sempre. (2)

Brilha (como) uma luz nas trevas para os homens rectos,


por ser compassivo, misericordioso e justo. (3)

U — F eliz sobretudo de quem é compassivo com o


próximo.

Feliz do homem compassivo e prestável:


em juizo, fará prevalecer a sua causa.

Não, nunca o justo sofrerá ab alo:


a memória do justo é imperecível.

nfio podia Deus prometer bens de natureza superior, porque nSo os com­
preenderia nem os seria capaz de apreciar. Mas nós podemos e devemos ver
nestes bens temporais, entendendo-os em sentido místico, os bens espirituais
e eternos. Este sentido lol querido lambém, e até principalmente pelo Espi­
rito Santo, porque, se nfio, como crer qne tanto Insistisse nos preceitos da
jusUça e santidade! sòmente para ae ter uma forte e numerosa posteri­
dade, uma casa rica e opulenta, vencer os adversários em juizo, e ver seca-
rem-ae os contrários de Impotente inveja 71 - Francamente que... nfio mere­
ceria a pena... sobretudo vendo-se todos os dias qne os maus, procedendo
exactamente ao contrário, também e até com mais facilidade, conseguem o
mesmo Hm.
(1) Por descendência e posteridade entende-se misticamente, nfio só
os entes gerados, segundo a carne, mas também os gerados segundo o espi­
rito : — os que se houver ilustrado, convertido, tornado melhores, etc., e até
as boas obras e InstitulçOes que se tiver deixado, todo o bem que se tiver
feito enilm.
(2) Por casa entende-se nfio só a material, senfio também, mistica­
mente, a vida, a alma, etc.
(3) Segundo a ll«Bo que adoptamos, o justo é uma luz para os ho­
mens rectos, pelo bom exemplo que dé.

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NSo tem que temer novas sinistras;
o seu coração está firme confiando em Yahweh. (1)

O seu coração está firme e nada teme,,


até que veja os inimigos vencidos.

H I — Prosperidade do justo, raiva do ímpio.

Faz liberalidades, dá aos pobres:


a sua justa prosperidade permanece para sempre,
e 0 seu poder será gloriosamente exaltado.

O impio vê-o e enraivece (2)


range os dentes e seca-se de inveja,
<mas) 0 desejo dos ímpios perecerá.

C o n sid e ra ç õ e s ; Nosso Senhor Jesus Cristo é o


Justo por excelência. DEle se deve dizer pois, por
antonomásia, que — É a luz que brilha nas trevas para
0 homem recto, para as almas de boa vontade, pela sua
doutrina e pelo seu exemplo: que é o Homem com pas-
sido, misericordioso e justo, o Homem prestável, em
cuja casa, isto é, em cujo coração, há inexcediveis
riquezas e opulência, e que dessas riquezas infinitas
faz inenarráveis liberalidades, dá aos pobres, que somos
todos nós, a ponto de dar-nos a sua própria carne e
sangue em alimento.

(1) Segundo alguns Intérpreies e em sentido mísilco as novas sinis­


tras afio as surpresas da última hora, as que terflo no dia de juizo as cons­
ciências que a si próprias se enganaram e obsecaram desculpando as próprias
faltas.
(2) . 0 ímpio vê-o e e n r a iv e c e is to dá-sc algumas vezes neste
mundo, mas dar-se-i sobretudo no juizo iinal.

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Por isso, porque deu a própria vida pela redenção
da pobre humanidade, o seu poder f o i gloriosam ente
exaltado, obtendo vitória sôbre todos os seus inimigos
e domínio sôbre o Universo, e a sua obra, a sua p os­
teridade, a Igreja, será também poderosa não só no
p a ís dêste mundo, mas sobretudo na verdadeira Terra
da Promissão que é o céu, — apesar da raiva impotente
dos seus inimigos.
0 que se diz de Jesus Cristo pode dizer-se, na
sua medida, dos santos seus imitadores.

SALIO 112

Introdução; Este m agnifico salmo é um hino á benigni-


dade e m isericórdia d e Deus, que, estando tão elevado acima
do homem, se digna exaltar e socorrer os afligidos.

1 — Louvado seja o nome de Deus em todos os


lugares e tempos.

Louvai servos de Yahweh,


louvai 0 nome de Yahweh,

Que seja bem-dito o nome de Yahweh


agora e por todos os séculos.

Que do poente ao nascente


seja louvado o nome i e Yahweh.

I I — Grandeza incomparável de Deus.

Yahweh está elevado acima de todos os povos:


a sua glória é superior aos próprios céus.

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Quem há como Yahweh nosso Deus,
Que habita nos altos c é u s?l

Inclina-se para ver


os céus e a terra. (I)

111 — Admirável m isericórdia de Deus p ara com


os humildes e desprezados.

Levanta o desamparado do pó,


e exalta o pobre da monturelra. (2)

Para o sentar com os nobres,


com os nobres do seu povo.

A estéril da casa, fá-la sentar-se,


tornada mãe, feliz, rodeada de filhos. (3)

(1) Maneira poética de dizer que Deus está superior a tudo. A nada
tem de elevar olhos, mas para ver, qualquer que seja a coisa ou pessoa, tem
de Inclinar-se.
(2 ) A’ entrada das pequenas povoaçSes do Oriente havia quási sem­
pre, entao como hoje, um montão de lixo e detritoa de tOda a espécie, qne
os moradores all Iam lançando e a qne deitavam o fogo de quando em quando,
deixando arder lentamente. Era a monturelra pública e (ambém o lugar favo­
rito dos pobres, dos d
IS ascorosas, qui
dia, e o morno cnlor das cinzas contra o Irlo cortante durante a noite. Eram
a escória da sociedade, o que demais abjecto se podia conceber entSo. Eis
onde o salmista tol buscar a imagem para pór em contraste a baixeza natural
do homem, e a grandeza do sen destino sobrenatural.
(3 ) A mulher estéril vlvla numa condlçSo multo bumllhaute no seio da
família, onde qnásl sempre havia outras mulheres que sendo fecundas eram
as preferidas. Estava sujeita a cada momento a ser expulsa pelo marido por
Inútil, visto nao corresponder á sua missSo de mBe. Em sentido místico, a
estéril da casa era a gentllidade, que o foi durante multoa séculos uBo pres­
tando culto a Deus, mas que depois, convertida em grande parte à relIglBo
crista, se transformou na Igreja, a mae feliz rodeada de filhos.

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Considerações: Quem se não sentirá impelido a
louvar a inefável Benevolência de Deus, considerando
como, sendo Ele infinitamente santo, e possuindo em si
mesmo no seio da sua Trindade de Pessoas uma felici­
dade igualmente infinita, que nenhum acréscimo pode
receber das criaturas, se digna incIinar-se para a mon-
tureira infecta em que se tornou o mundo após a queda
original, para dêle nos extrair e nos fa z e r sentar com
os seus nobres, com os seus anjos, no gózo da sua pró­
pria felicidade, na Pátria celeste ?
Sobretudo lembrando-nos que as Vésperas são, em
especial, louvor a Jesus, e especialissimamente a Jesus
Sacramentado, quem não admirará e louvará com terno
reconhecimento o inefável amor com que, apesar da
montureira de defeitos, pecados e fraquezas em que
todos mais ou menos vivemos, nos senta à sua mesa
dando-nos em alimento a sua própria carne e sangue ?
E se somos sacerdotes, com que humilde gratidão
não devemos recitar o versículo — que para nós tem
tão particular sentido: Exalta o pobre da estrumeira
p ara o sentar com os nobres, com os nobres do sea povo?

SALHO I13-I

In trod u çã o : Hino ao Poder de Deus manifestado nos prodi­


gios operados na saida de Israel do Egito e travessia do Deserto.

I — M aravilhas operadas na saida. de Israel do


E giio . .

Quando Israel saiu do Egito,


a casa de Jacob do Estrangeiro,

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Tornou-se Judá o santuário dEle, (I)
Israei o Seu domínio.

O mar viu -0 e fugiu,


0 Jordão voltou atrás.
As montanhas saltaram como cabritos.
As colinas pularam como cordeiros.

II— . . . M aravilhas que proclam am a M ajestade


de Deus.

Que tinhas tu mar para fugir,


e tu Jordão para voltar atrás ? !
Que tinheis vós montanhas para saltar como cabritos,
e vós colinas para pular como cordeiros?!

Treme, terra, ante a face do Senhor,


ante a face do Deus de Jacob,
Que transforma o rochedo em lago,
que transforma a rocha em fonte! (2)

Introdução > Oração pedindo a Deus que mostre a sua exis­


tência e poder, protegendo o povo, visto preguntarem as nações
escarninhamente onde está o Deus de Israel. Descrlçõo irônica da
inanidade dos Idolos. O salmista com o povo de Israel confia
em Deus.
(1) Este satmo era um canto titúrgico, que fazia seqüência a outras
cerimônias e cantos em honra de Deus. O salmista supBe pois que este Ele
era bem conhecido c eslava na mente de todos, — Dens, a quem estavam
prestando culto.
( 2 ) Os prodiglos que tao poéticamente descreve o salmista sSo a
passagem dos israelitas pelo Mar Veri
do Sinal quando Deus proclamou, a
em que Moisés bateu, etc.

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I — Que Deus intervenha, dando assim giória t
seu Nome.

Não a nós, Yahweh, não a nós,


mas ao vosso Nome dai glória,
por causa da vossa bondade, da vossa fidelidade.

Porque hão-de as nações dizer:


- Onde está o Deus dêles ? !
— O nosso Deus está nos céus,
e faz tudo o que quere:
(Ao passo que) os deuses dêles são de prata e oiro,
são obra das mãos do homem.

I I —A inanidadè dos idoios.

Eles teem bôca e não falam,


teem olhos e não vêem,
Teem ouvidos e não ouvem,
teem nariz e não cheiram,
Teem mãos e não palpam,
teem pés e não andam,
não emitem som algum da laringe.

Que se lhes tornem semelhantes os que os fazem,


e todos os que neles confiam I

III — O povo escolhido, porém , confia sòmente em


Deus.

A Casa de Israel pôs em Yahweh a sua confiança:


Ele é o seu socôrro e escudo.
A Casá de Aarão pôs em Yahweh a sua confiança:
Ele é 0 seu socôrro e escudo.

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Os que temem a Yahweh ponham nEle a sua confiança
Ele é 0 seu socôrro e escudo. (1)

IV — P or isso Deus o cubrirá de bênçãos.


Yahweh não se esquece de nós...
Ele abençoará...

Abençoará a Casa de Israel,


abençoará a Casa de Aarão,
Abençoará os que temem a Yahweh,
grandes e pequenos.

Que Yahweh acrescente a vossa descendência,


a vossa e a de vossos filhos.

V — Bem -dito seja Deus que mora nos céus e deu


a terra ao homem.
Abençoados sejais de Yahweh,
que fêz o céu e a terra.

Os céus são a morada de Yahweh


mas a terra deu-a aos filhos dos homens.
Não são os mortos que vos louvam, Yahweh,
nem os que descem à mansão do silêncio,

Mas nós que vivemos bei


hoje e por todo o sempre. (2)

(2) —Os antigos Judeus sabiam que as almas dos mortos, nSo podendo
entrar no céu, desciam a um lugar chamado o shtol, a mansSo dos mortos,
a esperar a sua ressurreição, mas supunham que essas almas viviam aí numa
espécie de inconsciência, nnma mela vida em que era Impossível louvar a
Deus.

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Considerbções: Assim como Deus retirou outrora
os israelistas do cativeiro do Egito, fazendo-os passar
tão maravilhosamente através do Mar Vermelho e do
Jordão, e conduzindo-os por entre muitos outros pro­
dígios, até os estabelecer na Terra de Promissão, para
fazer dêles o povo seu por excelência, assim nos retira
do cativeiro do demônio fazendo-nos passar pelas águas
do baptismo, constitui-nos em povo seu, e vai-nos con­
duzindo com não menores prodígios de graça até à
verdadeira Terra da Promissão que é o céu.
E' pois com sentimentos de intensa e agradecida
admiração que o devemos recitar.
0 nosso Deus está no céu e f a z tudo o que quere.
Resolveu tornar-nos participantes da sua própria felici­
dade, e consegui-lo-á, ainda que seja necessário nâo
pou par 0 seu próprio Filho Unigénito, m as entregá-lo
p o r todos nós à m orte; cpnsegui-lo-á, se nós mesmos
0 quisermos, se não lhe opusermos pela frente os ídolos
vãos das nossas paixões, dos nossos interêsses materiais,
ou dos nossos prazeres inconfessáveis.

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Complefas

A hora de Completas, que é uma verdadeira joia


litúrgica,— compõe-se de;
1. — Uma espécie de exame de consciência em que,
supondo-se discretamente conhecidas já as faltas,— pec-
caium meum contra me est semper, — t tomadas ja
também as resoluções práticas atinentes à emenda, se
dá largas à expressão do arrependimento e à súplica do
perdão.
2 .— Oração da noite propriamente dita consistindo
em actos de fé, de esperança, caridade, contrição, aban-
dôno nas mãos de Deus e confiança na sua misericórdia.
Porém, em vez de actos de feitura humana, muito bem
arquitectados embora, temos três salmos que nos expri­
mem todos aqueles afectos por uma forma bem mais na­
tural ao espírito humano, ainda que não tão explícitos,
classificados e etiquetados à maneira moderna.
3.— Prece para obter uma boa noite, à qual se so­
brepõe, encobrindo-a quási, a prece para obter uma boa
morte:— Nocfcm quietam et finem perfectum.
A noite e o sono são imagens da m o rte... morte
que nessa mesma noite nos pode assaltar.. . morte que
0 cristão deve sempre ter presente, e para que deve es­
tar preparado. . .
A’ ideia do descanso nocturno vem pois associar-se
como que naturalmente o descanso eterno, e a Igreja,
aproveitando a oportunidade, faz-nos pedir, não tanto
uma boa noite como uma boa morte.

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Mas a oração litúrgica é uma oração social. 0 cris­
tão que reza a hora de Completas não pede só para si
uma boa noite e uma boa morte, mas para tôda a comu­
nidade cristã, para muitos que nessa mesmq hora estão
agonizando, para todos os que nessa mesma noite te­
nham de comparecer ante o Divino Juiz. A sua oração
torna-se pois a oração da Igreja encomendando a Deus
a alma dos seus filhos que a tôda a hora estão partindo
dêste mundo.
Que responsabilidade não temos os que estamos
obrigados a recitar esta hora, e com que cuidado o não
devemos fazer.
Eis 0 que é necessário ter presente para aprender
devidamente o sentido litúrgico dos salmos de Completas.

SALMO 4

Introdução: Depgis de invocar, em breve prece, o auxiiio


divino, David dirige aos seus partidários descontentes e sem fé no
no bom êxito da campanha em que andavam empenhados uma
exortação a que se desapeguem m ab dos bens terrenos, confiem
no Senhor e na justiça da causa que defendiam apresentando-lhes
como exemplo a sua própria resignaçáo e abandôno nas mãos de
Deus. (1)

( 1 ) 0 sentido místico dêste salmo é fácil de eitrair do literal. Tra-


ta-se duma amorosa exortação que N. Senhor Jesus Cristb faz aos homens,
a que nlo ultragem a sua glória pecando, nBo busquem de preferência e com
afan os perecíveis bens do mundo, mas que confiem em Deus que a todos
s que fizeram para lhe agradar.

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I — Cessai, descontentes, de me desonrar.

Quando vos invoco, ouvi-me, Deus da minha justiça!


Vós que na minha angústia me pondes à larga,
compadecei-vos de mim c ouvi a minha oraçSo. (1)

Filhos dos homens, até quando uitrajareis a minha glória,


amareis o nada, e correreis após ilusões?! (2)

I I — Reflecti, confiai em D eu s...

Ficai sabendo que Yahweh faz prodígios eni favor do seu servo:
Yahweh ouve-me quando O invoco. (3)

Tremei e n lo pequeis mais, reflecti em vossos corações,


estai sossegados cm vossos leitos,
oferecei justos sacrifícios, e esperai em Yahweh. (4)

(1) «Deus da minha justiça»:- Isto é : -D eus a quem pertenceiazer-


-nos justiça. «Pôr i l a r g a —ExpressSo muito usada no .«almo ; .algnlfica
tirar do apêrto, da atliçlo, da angústia, socorrendo, libertondo, etc.
(2) «Fillios dos homens» sSo aqui os homens importantes, os prin-
cipes, as classes dirigentes, c o <nada e as ilusões» que buscavam, seriam
os lavores e os benesses do rcl, o bem-estar e a prosperidade que nSo podia

SC fõssem fieis ao seu dever.


(3) Davld aludia de certo á eleiçio que déie fizera Deus para chefe
do seu povo. e1evando-o dc pastor a rei, e i maravilhosa maneira como sem­
pre o salvara de tantos perigos como correra no tempo de Saul, etc.
(4) «Tremei», de irdes contra a vontade de Deus com as vossas
miirrauraçOcs e descontentamentos; «refleti», para verdes a acçto de Díu*
nos humanos acontecimentos e terdes confiança; «estai sossegados em vossos

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U I— Porque Deus é que dá a alegria e a felicidade.

Muitos sSo os que me dizem:— «Quem nos fará gozar da felicidade?!


Faze brilhar sôbre nós a luz da tua face»: (I)

Yatfweh, derramastes em meu coração mais alegria.


do que em tempo de abundância de trigo c vinho novo.

Em pax me deito e logo adormeço,


porque vós, Yahweh, e vós só nic fazeis eslar em segurança. (2)

Considerações e aplicações litúrgicas: Que


apropriado não é êsti salino â situação da alma que
acaba de fazer o seu exame dc consciência I
Em primeiro lugar tomará para si a sentida mas
amorosa repreensão do Pai Celeste, misticamente repre­
sentado por, David: Aié quando ultraja/ás tu a minha
glória, preferindo, a mim que sou o Sumo e Eterno Bem,
as passageiras ilusões do mundo, o nada dos prazeres
efêmeros?! Teme sim, treme atê de ofender,., refle-
c t e ... rcsolve-te a fazer tudo o que possas para tua
emenda, mas pondo em mim, nó meu poder, no meu
amor, na minha acção salvadora, uma confiança ilimi­
tada, dorme tranqüilo para recomeçares amanhã o bom
combate».

( I ) « Qoeni nos taiã gozar, elc. >; - palavras que o salmista pSe na
bóea dos qoe estavam hesitantes sôbre por quem tomar partido e dos sens
próprios partidários descontentes, que duvidavam da vitória, ou a quem laK-
gava a duraçlo da campanha, e que o tornavam responsável dos perigos qne
corriam, etc. A «luz da tua lace», é aqui a prosperidade de que David
estava despojado e que portanto nBo podia dar aos seus súbditos.
(3) David contrapOe aos Insofrlmentos dos seus partidários a sua
própria alegria, segurança, presença de espirito, etc., dons estes que slrlbne
uolramenle s Deus.

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E se a alma, num movimento, bem natural a quem
acaba de constatar mais uma vez, a milionéssima vez
quiçá, as suas faltas sempre renascentes e a sua misé­
ria sempre mais profunda, se sente tentada a dizer, com
os fatigados israelitas doulrora: — «Quando se acabará
Senhor esta canseira ? I Quando nos fa r e is gozar da
felicidade?!*, no mesmo salmo encontra a resposta e
0 remédio: — 0 abandôno confiante nas máos de Deus:
— Em paz me deito e logo adormeço, porque Vós, Se­
nhor, me fazeis estar em segurança; - a consolação da
esperança certa dos bens futuros, os não sonhados
prazeres da vida eterna: - á í í j í s alegria do que em
iempo de. abundância. . , ; - a omnipotência da oração,
finalmente, à qual se comprometeu Deus a atender,
sempre que lhe peçamos, coin as devidas condições, o
que é necessário à santificação da nossa alma, —
Quando vos invoco Deus da minha Justiça, etc.
Além disso, êste salmo entra na composição de
numerosos ofícios festivos. Nos ofícios de Sábado
Sanio (I Noct. I Salm.), da Invenção e da Exaltação
da Santa Cruz (II Noct. 1 Salm.) chama-nos a Igreja a
atenção para a confiança e absoluta paz com que Jesus
Cristo se entregou aos tormentos c à morte, aquela
confiança com que descansou na paz do sepulcro
seguro da sua Ressurreição; na festa do Corpus
Christi (I Noct. I Salm.) lembra as alegrias e as delí­
cias que 0 Augusto Sacramento derrama no coração
dos fiéis qu2 o recebem com as devidas disposições;
no Comum dos Confessores (II Noct. I Salm.) põe em
destaque sobretudo o grande uso que estes fizeram da
oração, e o partido que dela tiraram para a santificação

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da sua alma; no Comum dos Márlires (I Noct. II Salm.)
faz-nos ver que realmente Deus operou prodígios em
favor dos seus servos, ou, se se prefere a interpretação
tradicional, os sublimou na glória, após os sofrimentos
e trabalhos da vida; e o mesmo na festa de Todos os
Santos (I Noct. II Salm.).

SALNO 00

Inlrodução: Delicioso cântico, verdadeiro idllio, sôbre a


segurança e felicidade de quem sc entrega dc lodo a Deus. (1)

/ — Deus é a minha segurança.

Salmisia — Quem se pôs ao abrigo do Allissinio,


(juem se inst.i»oii á sombra do Omnipolcnte,
diz a Yahweh:
fusto - «Sois o meu refúgio e a minha cidadela,
o iiicu Deus em quem confio,
Forque me livrais do laço do caçador,
e da perniciosa peste.»

//— 6Vwi, quem confia cm Deus nada tem a temer.

Um profeta — B e cobre-tc com as asas,


e 80b as suas penas tens um refugio:
a sua fidelidade é um escudo e uma couraça.

(I) Eslesilmo c uma espécie de diálogo, cm que além do aalmista


que fèz a Introdução entram tría Inlcrloculorea; - o Justo, um profeta suposto
e Deqs.

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S A L M O 9Ô - tl?

N3o lerás a temer, nem os perigos nocturnos,


nem a flecha que voa de dia,
Nem a peste que caminha nas trevas,
nem o flagelo que devasta, por alto dia.

Poderão cair mil à tua esquerda


e dez mil à tua direita,
que tu n io serás atingido.
Sòmente contemplarás com os teus olhos,
e verás a paga dada aos impios.

I I I — Sim, Deus livrará de todos os perigos os


que nEle se refugiam.

Pois que disseste: — «Yahweh é o meu refúgio»


e fizeste do Altíssimo o teu asilo,
Não te surpreenderá a desgraça,
nem se aproximará da tua tenda o flagelo.

Porque Ele encarrega de cuidar de li os seus anjos,


para que te guardem em todas as tuas vias.

Eles te levarão nas mãos,


para que não se te magoem os pés nas pedras,
Poderás caminhar até por sôbrè o leão e a víbora,
e pisar (impunemente) o leãozinho e a serpéhte,

IV — Sim, confirm a Deus, Eu o defenderei e tor­


narei feliz.

Deus— Visto que se entregou amorosamente a mim, salva-


-lo-ei.
pô-lo-ei onde lhe não chegue o mal, pois me
conhece o nome.

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Quando me invocar liei-de ouví-lo,
estarei com êle na tribulaçâo,
hei-de livrá-lo e glorificá-lo.
Hei-de saciá-lo de dias de vida,
hei-de fazer-ihe ver o que é a minha salvaçáo.

C onsiderações: Nâo precisa de comentários êste


salmo. Basta-nos lê-lo com atençáo para logo sentir­
mos distender-se-nos o coração e invadir-nos uma doce
confiança que nos impele ao abandôno total e sem
reservas, de nós e dos nossos descabidos cuidados,
nas mSos dc Deus, ficando-nos o espírito perfeitamente
livre para, sem ansiedade nem contenções, se entregar
em paz, — o mais precioso dos bens de que podemos
gozar na terra, — ao suave esfôrço de agradar-lhe sem­
pre, fazendo o que pudermos, e não mais, por cumprir
em tudo a sua Santíssima Vontade.
Sobretudo que confiança nos náo dará êste salmo
à hora da morte?!
«Se tens medo de Deus, lança-te nos braços de
Deus», diz S. Agostinho. Lançar-nos-emos então, lan-
cemo-nos desde já nesses amorosos braços, seguros,
quanto ao passado, no abrigo da sua misericórdia;
seguros, quanto ao presente, no abrigo da sua Bon­
dade; seguros, quanto ao futuro, no abrigo da sua
Providência e Fidelidade: Pois que fizeste do Altís­
simo 0 ieu asilo, não te surpreendérá a desgiaça. —
Visio que se entregou amorosamente a mim, salvá-lo-ei...
saciá-lo-ei de dias dc vida...

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SALMO 133 - liy

SALNO 133

In trod u ção: Esle salmo é um convite do póvo, que saia do


templo após o sacrificio da tarde, aos sacerdotes que nele ficavam,
a bem desempenharem o serviço religioso diiranie a noite. O úlllmo
versículo é a binçóo que os mesmos sacerdotes davam ao povo à
saida.

Bem -dizei a Deus durante a n oite!

Agora bem-dlzei a Yahweh,


vós todos servos de Yahweh,
que estais de serviço na casa de Yahweh.

Durante a noite erguei as mãos para o santuário,


e bem-dizei a Yahweh.

— Que Yahweh vos abençoe da sua morada em Sião,


Ele que fez o céu e a terra.

C o n side ra çõ e s: Misticamente, os que ficam de.


serviço na casa de Deus durante a noite, enquanto
vamos descansar, s3o em primeiro lugar os nossos
irmSos da terra que noutros países e latitudes conti­
nuam 0 eterno lausperene que a Igreja dirige constan­
temente ao céu, — aqueles sacerdotes e fiéis que à
mesma hora estão oferecendo o Cordeiro Divino sôbre
os altares; aqueles que estão entoando os louvores
de Deus còm os cânticos sagrados ou orando no
segredo do seu coração; aqueles que estão penando
a sua vida em obediência ao mesmo Deus— que lou­

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vor é também —; e são ainda os anjos e santos do céu
que constantemente entoam o lausperene da glória.
A alma forçada a interromper por sua parte êste
concerto universal, para tomar o indispensável des,
canso, une-sc aos louvores de todos os outros, e fá-Ios
seus, depondo assim, num acto de amor suavíssimo-
um louvor perpétuo ante o trono de Deus,

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SEGUNDA-FEIRA

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MdHnas
I Nocturno

SAUIO 13'62

Introdução: O salmista faz-nos uma descrição viva da cor­


rução do seu tempo, a qual diz ser universal e ter por origem a
descrença. Anuncia que esta situação há-de ter fim com o castigo
dos maus e salvação dos Justos, e suspira por essa hora. A cor­
rução do tempo de David, — que S. Paulo atribui a lodo o mundo
precrlstão, - é a de iodos os tempos, e só terminará, terminada a
restauração de Israel, isto é completado o número dos escolhidos,
no fim do mundo. Os Santos Padres entenderam geralmente êste
salmo da corrução do pecado original. >

/ — Corrução universal.

0 insensato diz no seu coração;


«Não há Deus»!
São perversos e abomináveis os actos dêles. (1)
Não há um que pratique o bem.

Yahweh contempla do alto dos céus


os filhos dos homens,
Para ver se há algum sensato,
que procure a Elohim.

Todos apostataram,
Estão pervertidos.. . Todos!

(1) 0 insensato é o que nSo sabe viver, porque despreza os seus


verdadeiros inierêsses que sfio os eternos para só pensar nas perecíveis coisas
do mundo. Fla-se em que «nSo.hà Deus».« Díles» quere dizer—dos implni.

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Nao há uin que pratique o bem,
nem sequer um! (1)

II — Os maus serão castigados e uma nova ordem


de coisas estabelecida.
/
Enlouqueceram porventura
todos êsses fabricantes de iniqüidade
que devoram o meu povo?!
Comem o pão de Yahweh,
e não lhe invocam o nome. (2)

Na altura determinada serão cheios de espanto,


porque Yahweh habita em meio duma geração santa. (3)

( 1 ) 0 salmista usa de hipérbole. «Todos» nio quere dizer absolu­


tamente todos. Há excepções, as quais formam a geraçSo santa no meio da
qual Deus habita. A Vulgata a iste versículo acrescenta : A bõea dlles é um
sepulcro a b e r to ,- a sua lingua só trata de velhacaria, —os seus lábios des­
tilam veneno,-Teem a bõea cheia de maldição e am argura,-T eem os pés
ágeis para derramar sangue. — Deixam, após de si, ao passar, a devas­
tação e a infelleldade, —nõo acertaram com o caminho da paz —para éles,
náo há temor de Deus. Eates versículos nSo slo do texto primitivo. Encon­
tram-se porém em S. Paulo (Rom. III, 11-13) que os transcreve de várias
passagens da escrltnra. Algum copista os haverá transcrito de S. Paulo,
pensando que, citando-os o Apóstolo em seguida a um versículo dêsle salmo
sem outra explicação, pertenceriam primitivamente ao mesmo salmo. A lição
assim errônea prevaleceu por tal forma que se tornou a da Bíblia oficial.
(2) Comer o pão de alguém, é estar ao serviço désse alguém vislo aer
por êle alimentado. Tais os Israelitas que, sendo alimentados por Deus com
especiais favores, estavam ao seu aerviçj; e no entanto" não 0 Invocavam,
não correspondiam á especial benevolência de Deus com especial piedade e

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SALMO 13-52 -125

Serlio confundidos por causa dos seus maus desígnios contra o


oprimido,
porque a êste serve Yabweh de abrigo. (I)

Oh! Que venha pois de Sião


a salvação de Israel!
Quando Yahweh completar a restauraçllio do seu povo;
Jacob há-de rejubilar,
Israel há-de exultar.

Considerações: Três afectos, principalmente, deve


despertar em nós a recitaçao deste salmo: I.G- Con­
doida reparação a Deus, pelo mal correspondido que é
no seu amor, da principal e m a i s beneficiada' das suas
criaturas terrestres- o homem; 2."- Zélo pela con­
versao de tantos pecadores - a maioria do gé nero
humano- que O ofendem sem rebuço; 3. o- Temor
de oao estarmos, nós-mesnlos, incluidos no pequeno
nUmero, na guação santo, no meio da qual Deus
habi,ta com a sua graça, por cuidarmos pouco:...... nós
também - de corresponder ao seu amor.
Todos estes afectos. dev.::m desabrochar e frules­
cer numa santa emulação de Lhe agrádarmos cada vez
mais, por uma cada vez mais inteira submissao à sua
Santissima Vontade; num esfôrço constante, por todos
os meios ao nosso alcance -- ao menos pela oraçlio -
para que todos os pecadores, herejes scismálicos e
paglios O conheçam e sirvam; num desejo ardente de

( 1) O oprimid o i 11 pov11, a quem os grandu, 08 cbelu; 111 mlgls­


trados devoramc11mtrlb 11.to8 e e1:Bcçtl u mas que porllm llcorR11 venced11ru
pOICJD� Dtas Jhu nrve lle obriJII,

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que se complete depressa a restauração de Israel, ou o
número dos escolhidos.

N o ta :— Do salm o 14 tratar-se-á quando do


salm o 23.

0 salmisla, em a/liiiva situaçáo, perseguido de perto, e côns­


cio da sua inocência, pede a Deus que lhe faça Justiça contra os
seus Inimigos que sôo também os de Deus. (I)

I — Escutai a minha súplica porque estou inocente.

Ouvi. Yaliweh, a iiiiiilia justiça,


acolhei a minha queixa.
escutai a minha prece proferida por lábios que não mentem.

Que da vossa face saia o meu direito. (2)


que os vossos olhüs considerem
o que é justo.

Haveis sondado o meu coracão.


haveis-me visitado durante a noite,
provastes-me pelo fogo sem me achar iniqüidade.

A minha boca não falou de mais,


sôbre a vossa obra tenho-me calado,
sôbre as palavras da minha boca tenho velado.

(1) Trata-se, segundo tòda a probabilidRde, de David fugindo dlanle


dc Saúl e dos seus satêllles. Este salmo é difícil. Os intérpretes estlo longe
de se porem de acordo sdbre muitos versículos. Os próprios LXX já nSo os
entenderam c traduziram como puderam. De aí muitos versículos da V. Inin-
telegivels. Na nossa traduçgo seguimos bastante dc perto a Hugueny.
• (2) ...q u e um sorriso vosso, um gesto, um sinal dc benevolência
proclamem o meu dirello, e me deem a certeza da justiça.

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Por vias duras tem sido o meu caminho,
seguindo as vossas regras de vida
não me tem vacilado os pés.

II - Salvai-m e dos inimigos que me ieem em


grande apêrlo.

Fnvoco-Vos, Yahweh, porque sei que me ouvis.


Inclinai para mim o ouvido,
escutai a minha prece.

Assinalai as vossas bondades,


Vós que salvais dos inimigos,
daqueles que se levantam contra a vossa direita.

Guardai-me como a pupila,


como a menina dos olhos,
à sombra das vossas asas escondei-me.

(Escondei-me) longe da vista dos ímpios,


dos que me assaltam,
dos mortais inimigos que me cercam.

O coração dêles está inchado,


está sepultado em gordura,
falam orgulhosamente meneando a cabeça.

U l — Sim, castigareis o impio, e prem iar-m e-eis


com o gôzo da vossa presença.

Agora estão-me cercando,


fitam em mim os olhos.
Querem proslrar-me. a mim, vosso servo,

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Arremetem como um IcSo,
como um leão esfaimado,
como um leSosinho das cavernas.

Levantai-Vos, Yahweh,
ide ao encontro dêlc,
prostrai-o por terra:

Livrai, com a vossa espada, n iniiiha alma, dos ímpios,


(livrai-a), Yahweh, com a vossa ni5o, dos mundanos,
dêsses que só nos bens do mundo põem a felicidade.

Dos vossos tesouros lhes enchcreis o ventre,


dèles lhes saciareis os filhos,
c ficará ainda um resto para os netos. (I)

Eu poróin em justiça contemplarei a vossa face,


ao despertar, serei saciado,
dc ver a vossa glória. (2)

Considerações e aplicações litúrgicas: A Igreja


põe na bôca de Jesus (iristo muitas queixas e preces
dèste salmo (Vid. Intr. de 3 f. p. Dom. III Quaresm.;
Intr. de 6 f. p. Dom. II; Grad. de 5 f. p. Dom. I. etc.)
e ninguém, efectivamente, melhor dó que Jesus, perse­
guido na sua pessoa e na Igreja, seu corpo místico,
podia fazer seus os comovidos acentos dêstc salmo.
Também cada um de nós, na sua situaçao de tôda
a hora, de perseguidos pelos inimigos da nossa alma,
encontrará nele rico manancial de jaculatórias, aspira­
ções e preces com que atrair o auxílio divino.

( 1) Estes tesouros de Deus são, aqui, os tesouros dos seus castigos,


como se vé pelos versiculos seguinles.
(2) Alusão clara ã ressurreição que o salmisla esperava após e morle.
Ao passo que os impios serão saciados da cólera do Altíssimo, cólera que
se prolongará por multas gerações, o Justo, adormecido no entanto no sono
da morte, despertará e será saciado com a visão de Deus.

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Introdução: Este magnifico salmo é uma espécie de ode
guerreira em que David, reinando finalmente em paz sôbre os
seus vaslos estados, e lançando um olliar reirospeciivo sôbre a sua
vida e lutas passadas, ao recordar os perigos extremos que correra
e a form a maravilhosa como Deus o libertara, as vitórias que lhe
concedera e a grandeza a que o elevara, agradecido, conta os lou­
vores do Divino Libertador.
David era porém uma figura de Jesus Cristo a quem mais
cabalmente se aplica êste salmo em sentido tlpico-messiánico.
São palavras que o Espirito Santo põe na bôca de Jesus vitorioso
de iodos os seus inimigos. ( 1 )

I — David, nos perigos, invocava a Deus, c Deus


inte, vinha salvando-o.

Amo-vos Yahweh, minha Fôrça,


Yahweh, minha Rocha, minha Fortaleza, meu refúgio,
O meu Deus, Rochedo onde me abrigo, (2)
meu Escudo, minha Fôrça libertadora, minha Cidadela,
meu Asilo, o meu salvador que me salva da violência.

Eu proclamo a Yahweh digno de todo o louvor,


ao Deus que me livra dos meus inimigos I

( I) o momento dêste canto deve ser o têrino do juizo final, pois só


cntao eslará completa c será definitiva a vitória de Jesus. Até ésse momento,
o demônio e seus scquazes, ainda que vlrtunlmenle vencidos com o sacrificio
da Cruz. continuarão a disputar-Lhe o domínio das .ilmas. Cada crisUo que
se salva pode também lazer seu êste cântico, como membro do corpo místico
dc Jesu», c com Jesus, que nele pelejou.
(21 VId. nota I ao salmo 94.

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Rodeavam-me as vagas da morte,
e as torrentes de Belial
ndiam-me os laços da mansSo dos mortos,
Estavam armadas diante de mim as redes da morte. (1)

pelo meu Deus damava,


E Ele, desde a sua morada santa, ouvia a minha voz,
e chegava-lhe aos ouvidos o meu grito.

// - Descrição ideal e poética da intervenção de


Deus.

A terra tremeu e cambaleou, (2)


a s bases do céu tremeram,
e ante o ardor da sua cólera estremeceram.
Das narinas saía-lhe fumo,
da bôca um fogo devorador;
jorravam dela carvões ardentes!
Baixou os céus e desceu:
vinha sôbre uma escura nuvem. (3)

s da morte,
le ia angúeUas
da ana vida mortal, sobretudo às da Peix&o e Morte, em especial o tempo
qae eaieve no aepnicro, em qoe, à letra, esUvt aos laços da Mansão dos
mortos, —e ia qae vai sofrendo através dos séculos no seu corpo mistico.
(2) Começa a descriçlo da intervenção de Deua sob a iorma de ter-
rivel tempestade, sobrenatural pelo modo e pelos efeitos, semelhante a tantas
outras pelas quais Deus se faavia maniieslado a lavor dos israelitas, aobre-
tndo na saída do Egito e conquista da PalesHna. No caso presente parece
nao se traUr dnm real, mas apenas dnm aitiifcio lileririo do shimisla, a qnem
aprenve exprimtr por estas loioas patéticas a maneira inesperada e mara­
vilhosa como Deua o aalvara nos perigos e protegera nas empresas.
As bases dos céus, sSo os montes que parecem susti-los.
(3 ) Estas e outras meUtoras nsadas pelo salmisti neste salmo,-poro
artlUclo llttrirto para indicar a Hiça e a malratade das intarvençSe* divinas.

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Voava montado nos querubins, (1)
pairava nas asas do vento.
Fizera das trevas um esconderijo,
envolvia-se ria escuridão como num manto.

Da negra massa das nuvens fizera uma tenda,


(fizera uma tenda) das caliginosas nuvens do céu.
Diante dêle avançavam nuvens, i
prenhes de granizo e carvões ardentes. (2) ,

III — Efeitos da intervenção divina. 0 liberta-


menio do salmista.

E Yahweh trovejou dos céus,


0 Altíssimo fez ouvir a voz.
Arremessou flechas para tôdas as partes,
Faiscaram relâmpagos em todos os sentidos. (3)

respiram um anlropomordsmo tio ousado que rcpugna a oossa sensibilidade


educada, e à Idela elevada que formamos da Divindade. Mas riio devemos
aquilatar dos salmos pelo sentir de hoje, mas pelas Ideias e sentimentos do
tempo em que lôram escritos.
«Baixou os céus»; —A tempestade apnrece no horizonte parecendo
que as nuvens, - os céus, —tocam a terra.
(1) «Voava montado nos querubins»Deus residia por uma farma
especial sõbre a Arca da Aliança encimada de querubins. Além disso dava-
-se o nome dc qiTetubins a seres sobrenaturais, que se representavam sob a
forma de animais alados. Na Assíria representavam-se sob a forma dum
loiiro com osas. SSo estes sobrenaturais que sé representam aqui como sendo
a montada de Deus.
(2) O salmista finge, sempre com artitício literário, que (/entro da
nuvem qne avançava temerosa estava o próprio Deus, e que oa fenômenos
da tempestade, como a neblina que a acompanha, os relâmpagos, os ralos,
os IrovOes, sSo fumo das narinas de Deus, o fogo que lhe saiu da bóca
carvões que expele, flexas que arremessa, o som da sua voz, etc.
(3) 0 salmista parece Indicar o aproximar, a plena fúria, e o declinar
da tempestade. No último grapo de versos da eslrafe anterior, a tempestade.
Idealizada aproxima-se: neste desencadeia-se com fôrça; no grupo seguinte
a tempestade, que se supõe vinda de leste, cal sóbre o mar. As vagas cavam
abismos, deixando ver o fundo, onde os antigos imaginavam estar os alicer­
ces da terra, edificada sóbre as águas.

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EntSo apareceu o leito do mar,
fôram postos a nú os alicerces da terra,
Ante a vossa reprimenda, Yahweh,
pelo sApro impetuoso da vossa respiração.

Do alto estendeu a mão e segurou-me,


tirou-me do seio das profundas águas,
Livrou-me do meu terrível inimigo,
e dos que me odiavam, que eram mais fortes.

Tinhain-se enfrentado comigo no dia da minha desgraça,


más Yahweh tomou-se o meu amparo.
Fez-me sair para o largo,
salvou-mc, porque se comprazia em mim.

IV — O libertam enio do salm ista f o i devido à sua


inocência.

Yahweh tratou-m e como merecia,


procedeu comigo segundo a pureza das minhas m ãos:
Porque tenho seguido as vias de Deiis,
e não abandonei, como um impio, o meu Deus;
Porque tinha sempre presentes as suas determinações,
e nâo atirei com as suas leis fora.

Aos olhos de Deus, cu era perfeito;


abstinha-me de cometer a iniqüidade.
Yahweh tratou-m e pois como merecia,
segundo a pureza de mãos que tinha a seus olhos. (I)

(I) Eate belo testemunho que o salmisia dá da sua inocência nBo se


pode entender com inteira verdade de David —que de tacto pecou e grave-
meote, e náo o ignorava nem pretendia qne os que o rodeavam fingissem
ignorá-lo—mas de Jesus Cristo de qneui David era lígiira, o que nos mostra
:n descendente.

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V — Deus procede p ara com os homens segundo
estes procedem para com Ele.

Para quem vos 6 dedicado sois dedicado,


para com o perfeito sois perfeito,
Pará com o puro sois puro,
e ao perverso. . . pagais na mesma moeda;
Porque salvais a multidão dos humildes,
e obrigais os soberbos a baixar os olhos.

Sim, Yahweh, vós sois a minha luz,


O meu Deus que ilumina as minhas trevas ;
Com o vosso auxilio assalto a fortaleza,
com a ajuda do meu Deus escalo as muralhas.

V I— David reconhece que Deus è fiel às suas


prom essas e que a E le tudo deve.
As vias de Deus são perfeitas,
a palavra de Yahweh é uma palavra experimentada; ( I)
é um escudo para quem nele se refugia.

Porque, quem 6 Deus senão Yahweh?


Não é porventura o nosso Deus o único rochedo ?

Deus é quem me cinge de fôrça, (2)


quem torna perfeita a minha via.

Torna-me ágeis os pés como os das corças,


restabelece-me nas alturas. (3)

Adextra-me as mãos para o combate,


e por isso os meus braços manejam o arco de cobre.

(1) «Experimentada», como um metal pastado ao cadinho em qae nlo


hã mescla de impareza ou imperlel^Bo.
(2) AIiisSo ao ciiilo cm que os guerreiros siiapendiam a espada.
(3 . A agilldnde era uma das indispensáveis qualidades de guerreiro.
As alturas s3o as partes montanhosas, os Cimos doa montes, que estavam

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VII — Rememorando os triunfos devido à assis­
tência de Deus.
Destes-rae por escudo o vosso socorro,
e a vossa direita me amparou:
a minha docilidade para convosco me fêz subir. (1)
Alargastes-me o caminho sob os passos,
e não me resvalaram os pés.

Persegui os meus inimigos e alingi-os,


não voltei sem os ter aniquilado.
Esmaguei-os! Não puderam aguentar-se 1
Caíram-me aos pés!

Porque me cíngistes de fôrça para o combate,


e vergastes debaixo de mim os adversários.
Fizestes fugir diante de mim os meus inimigos,
e os que me odiavam, para os exterminar.

Gritavam e ninguém vinha socorrê-los,


clamavam por Yahweh e não lhes respondeu.
Eu esmagava-os como o pó,
pisava-os como a lama das ruas. (2)

VIII — D avid bem -diz a Deus pela grandeza a


que 0 elevou.
Livrastes-me das refregas dos povos,
estabelecestes-me por chefe das n ações;
servem-me povas que não conhecia.
Adulam-me os filhos do estrangeiro,
obedecem-me à primeira palavra.

( 1) üaviü atribui a sua elevação dc pastor a rei e a um do.s mais


poderosos cliefe.« do seu tempo, :1 s:ia docilidade e humildade para com [)rus
segundo o principio dc qne Deus linmilhk os soberbos, qne exalta c da n suo
graça aos humildes.
(2) Embora David tenha por vezes tratado os seus Inimigos vencidos
com uma crueldade que nos espanta, mas que estava perfeitamente dentro do4
usos guerreiros de entlo, é provável que estas expressOes sejam aqui meta-
órlcas e Indiquem aòmente uma vitória completa.

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SALMO 1?

Oa filhos do estrangeiro sucumbem,


saem a tremer das suas fortalezas.
Viva Yahweh I Bem-dito seja o meu Rochedo!
Seja exaltado o Deus meu socorro!

É Ele 0 Deus que me dá as minhas vitórias (1)


que me submete aos povos,
Que me arranca das mãos do inimigo,
que me eleva acima dos adversários,
que me livra do homem violento. (2)

Eis porque vos hei-de louvar sempre. Senhor, entre as r


e modular um salmo ao vosso Nome.
Ele dá magníficos socorros ao seu rei,
testemunha a sua benevolência ao seu Ungido,
a David e à sua posteridade para sempre.

C o n side ra çõ ô s: Ao recitar êste salmo subamos


com 0 pensamento aonde Jesus reina à direita do Pai
com todos os seus escolhidos; reportemo-nos sobretudo
àquele momento em' que, proferida a sentença final,
imobilizados definitivamente os inimigos, estará termi­
nada a Redenção do Gênero Humano; e, tomando desde
já parte no seu e nosso triunfo, como membros do seu
corpo místico c comparticipantes das mesmas lutas,
associemo-nos ao seu exuberante e agradecido amor, e
à sua alegria cheia de paz, dizendo com E le : Amo-vos
ó Deus minha fô r ç a ! Bem-dito seja o meu R ochedo, a
minha única segurança!

(I) «As minhas vilórias» - literalmente, at minhas vinganta».

Iodos 08 sens Inimigos. TaWez Saúl cm partlcnlar. Bm sentido misllco, o

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E nas tentações e perigos, nas mais desesperadas
situações da nossa vida espiritual, não deixemos jàmais
de confiar. Ainda que se enfrentem connosco inimigos
mais fortes do qae nós, ainda que nos rodeiem as vagas
da morte espiritual, ainda que nos assaltem as torrentes
de B elial ou do irremediável, se invocarmos a Deus, se
por Ele clamarmos, fará tremer e cam balear a própria
ierra, antes que abandonar-nos.
Ainda que envolto na escuridão do mistério dos
seus desígnios sôbre cada um de nós, Ele estender-
-nos-á a m ão e nos segurará, Ele nos retirará do seio
das profundas águas da perdição.
Não esqueçamos, porém, que Deus é dedicado para
quem lhe é dedicado. Procederá para connosco segundo
a nossa generosidade em sacrificarmo-nos para Lhe
agradar. Ele é o Deus que salva os humildes. Só a
nossa docilidade à sua SS."'" Vontade, qualquer que seja
a pessoa ou coisa de que se sirva para no-la dar a
conhecer, é que nos fará subir até reinar com Ele.
Por fim, só a Ele devemos atribuir as nossas vitó­
rias porque só Ele nos adextra as m ãosrpara o com­
bate e nos arranca das m ãos do inimigo, e só a Ele
devemos dar a devida glória.

III Nocturno

SALIHO 19

In trod u ção: Esle salmo c uma espécie de votos e angúrios


pelo êxiio de uma empresa guerreira dum rei dc israei. Parece
um canto de despedida antes da partida para a guerra. Estes votos

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e angúrios podemos dirigi-los a N. S. Jesus Cristo pelo cada vez
melhor êxito na sua emprêsa, — a salvaçüo das almas.

/— Votos de felicidade.

Qne Yahweh te ouça no dia da angústia,


que 0 nome do Oeus de Jocob seja para ti uma fortaleza.
Que do seu santuário te envie o socorro,
que de Siúo te apoie sempre.

Que se lembre de tôdas as tuas ofertas,


que encontre pingues os teus holocaustos. (1)
Que te dê o que o teu coraçSo deseja,
que realize todos os teus projectos.

Nós exultaremos de que sejas salvo.


e glorificaremos o nome do nosso Deus.
Que Yahweh satisfaça todos os teus pedidos.

II — Augúrios de vitória

Desde já sei que Yahweh,


salva 0 seu Ungido.
Ouve-o do alto dos santos céus,
salvando-o pelos salutares feitos da sua dêxtera.

Enquanto êles se fiam em carros, se fiam em cavalos,


nós fiamo-nos no Nome do nosso Deus.
Eles vão-se abaixo e caem,
nós ficamos de pé, direitos c inabaláveis.

le que quanio inals gordas ou pingues

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Yahweh, salvai o rei,
e ouvi-nos no dia em que v

Considerações: O Dia da Angústia de Jesus, eni


certo modo, n3o findou no Calvário. Alongar-se-á até
ao fim dos tempos, até ao perfeito acabamento da obra
de Redenção, pela luta constante que Ele sustenta no
seu corpo mistico, — em cada um de nós individual­
mente, e na Igreja em geral.
Nesta luta, não é questão de carros ou de cavalos,
não é nos meios naturais, não é com violências e bravu-
ras que devemos fiar-nos, nem nas artes da prudência
humana, mas no Nome do nosso Deus, no seu poder,
na sua providência paternal, na sua fidelidade, sobre­
tudo que prometeu jàmais abandonar-nos ou à sua
Igreja. E ’ uma questão de orar e sofrer, certos como
estamos de que Deus salva o seu Ungido.
Boa parte dessa luta peleja-a Jesus por meio dos
seus sacerdotes, êsses outros ungidos do Senhor, êsses
outros cristos, por cujas mãos se continua oferecendo
em sacrificio ao Pai.
Peçamos, pois, ao recitar êste salmo, qúc Jesus
realize todos os seus projectos e desígnios salvadores a
nosso respeito, obtendo uma completa vitória. Peça­
mos em especial pelos sacerdotes, para que, santifican-
do-se cada vez mais, tornem mais pingue e aceitável o
divino holocausto que por suas mãos se oferece, e mais
certeiros os seus golpes no combate de Jesus.

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In irod u çio: Este salmo, segundo a opinião mais provável e
eomum, é directamente messiânico, e celebra sob uma form a leve­
mente alegórica a vitória de Crislo sôbre iodos os seus inimigos. (1)

I — Acção de graças pelos favores concedidos ao rei.

Yahweh, o rei rejubila com o vosso poder.


Como exulta de ter sido salvo por vós!
Destes-lhe o que o seu coração desejava,
não lhe recusastes o que pediam seus lábios.

Não 0 viestes Vós visitar com escolhidas b ênçãos?!


Não lhe haveis colocado na cabeça uma coroa de ouro
p u ro ?! (2)
Pedia-vos a vida: — destes-lha,
e dias que hão de durar para sempre.

É grande a %ua glória, graças ao vosso socorro,


cobriste-lo de esplendor e majestade,
Sim, lançastes-lhe bênçãos eternas,
enchestes-lo de alegria achegando-o à vossa face.

Sim, 0 rei confia em Yahweh,


e pela bondade do Altíssimo será inabalável.

( 1) Outros pensam que cstc s.ilmo ae relere direclanienle a David


Vilorio.so dos .Amonilas, e só tipicamente ao Messias.
(2) Parecí que a expressSo coroa de ouro, é sinônima dc magníficas
licnfãas, uu significa uma bínçSo thuito especial. Os que sustentam que éste
salmo se refere a David, Julgam ver aqui uma alusBo á coroa do rei dos Amo-
nltas que David colocou na cabeça, segundo ae refere no Livro dos Rela.

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// — Esperanças de vitórias futuras.

A vossa máo atingirá todos os vossos inimigos,


a vossa direita atingirá os que vos odeiam.
Haveis de colocá-los como num forno ardente,
no tempo em que aparecer a vossa face. (1)

A cólera de Yahweh há-de.consumi-los,


e um fogo os há-de devorar.
Fareis desaparecer-lhe da terra a posteridade,
e a raça de entre os filhos dos homens.

Que projectem fazer-vos m al!


Que tramem ardis I
Não prevalecerão!
Porque os fareis voltar costas em fuga:
haveis de alvejá-los na face com as vossas flechas.

e cantaremos, e celebraremos com um salmo o vosso valor.

Considerações e aplicações litúrgicas: - Este


salmo, seqüência do antecedente, é a acção de graças
pelos favores nele pedidos e obtidos — o triunfo de
Jesus SÔbre todos os seus inimigos, e de todos os que
lutaram e triunfaram com Jesus — os santos.
Este é também o sentido litúrgico, tanto no Oficio
Feriai com o no das festas da Ascensão (U Noct. Salm. 1)
e Exaltação da Santa Cruz (III Noct. Salm. 3 ), Com.
Unis Mart. e Com C onf.; e cnm êste espírito o devemos
recitar.

18 tormentOB do Inferno.

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SALHO 20

Introdução: 0 salmista, a quem Deus acaba de curar duma


grave doença, agradece-Lhe louvando-0 e convidando os fiéis a
louv&Lo com êle. Constata que é loucura Julgar-se alguém como
êle se julgara, inabalável na prosperidade, e que, desde que Deus
retire a mão, tôda a prosperidade, ainda a espiritual, se esvai^
devendo portanto alribuir-se-Lhe e agradecer se-Lhe todo o bem que
há em nós. Em sentido mistico esta doença é a do pecado em que
muitas vezes Deus deixa cair o homem pata o curar da presunçáo
de se Julgar forte e poder dispensar o seu auxilio atribuindo a si
0 pouco bem que faz.

I — Louvor e acção de graças por uma cura.

Quero exaltar-vos, Yahweh, porque me tirastes da cova.


e não regozijastes os meus inimigos à minha custa.

Yahweh, meu Deus, clamei por vós,


e vós curastes-me,
Yahweh, fizestes'j.voltar a minha alma da mansão dos mortos
reconduzistes-me à vida quando já baixava ao abismo. (1)

H — O salm ista convida os Ja sio s a associarem -se


ao seu louvor.

Entoai Uin salmo a Y«hweh, vós, fiéis seus.


e celcbfai a sua santa memória.

(1) Estas expressões aplicadas ao salmisla sSo decerto um exagero


de expressão, pois nSo estava na coVa, nem a soa alma na mansSo doa mor­
tos, mas sòmente. como soe dizer-se, ás portas da morte. De N, S. Jesus
Cristo podem porém entender-se A letra, porque o corpo do Salvador eiteve
realmente no sepulcro, e ■ sua alma no Limbo.

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Porque a sua cólera dura um momento,
e 0 seu favor tôda uma vida.
À noite envia, como hóspedes, os choros,
mas logo de manha, os arrebatamentos de alegria.

/// — Presunção castigada.

Quanto a mim dizia na n


— Serei inabalável para sempre!

Yahweh, com o vosso favor,


tinheis-me estabelecido em montanhas fortes, (1)

Mas ocultastes a vossa face,


e fiquei assombrado.

IV — Apêlo à piedade de Deus.

Por vós, Yahweh, clamava,


a Adonai dirigia a miniia súplica:

— Que lucrais no meu sangue ? I


— Em fazer-me baixar à cova ? !
Louvar-vos-á o p ó ?!
Publicará êle a vossa fidelidade?!

(1) «Montanhas fortes»: Metáfora para indicar a


rança em que o salmista se julgava. As monfanh
cados por natureza, pela facilidade com que s
rclugiava. eram um simbolo de segurança. David juIgava-se em segurança,
pela elevada prosperidade a que Deus o tinlia ergnido e que lhe gerara o
orgulho. Maa Dens retirou por um pouco h mao. aquela mBo que o snsHnha
sem que «le a visse on lhe prestasse atençAo, e David ficou aterrado ao cons­
tatar o seu nada e miséria. Bsle pequenino drama repete-ae ainda hoje
mullo frequentemente na vida espiritaal de cada nm de nós.

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V — Outra vez acção de graças p ela cara.

Yahweh ouviu e teve piedade de mim,


Yahweh velo em meu auxilio.

Mudastes-me as lamentações em gõzo,


desembaraçastes-me do cilicio,
cingistés-me de alegria.
Para que a minha alma vos module salmos sem descanso.
Yahweh meu Deus, hei-de louvar-vos por todo o sempre.

Co n sid e ra çõ e s e a plicações liiú rgica s . - Este


salmo, pôsto nos lábios de Jesus Cristo, no sentido cm
que 0 entenderam os Santos Padres em geral, e em que
ainda hoje parece entendê-lo a Igreja nos vários OHcios
de festas do Senhor cm que o ussl — Sábado Santo,
Ascensão, S. Coração, Precioso Sangue — , isto é, como
canto de acção de graças ao Pai pela sua ressurreição,
tem expressões dum realismo verdadeiramente impres­
sionante : — Tirasies-me da c o v a . . . N ão regozijasies os
meus inimigos à minha c u sta. . . Fizestes voltar a minha
alm a da m ansão dos m orto s... Reconduzistes-me à
v id a ... etc.
Porém não urge nem convém fazer uma aplicação
tão' literal de tôdas as passagens do mesmo salmo à
.Pessoa de Jesus Cristo.
i Aplicado antes a cada um de nós, como parece
^aze-lo a Santa Igreja no Oficio Feriai, — mediante uma
leve e muito plausivel alegorização — é eminentemente
‘apropriado à nossa situação de pecadores perdoados e
Testituldos à vida da graça.
: Optimo para a nossa acção de graças após a con­
fissão.. As aplicações ao por menor são facllimas.

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Laudes I
SALHO 46
(Dêste Salmo tratar-se-á quando do Salmo 45).

SALMO 6
Introdução t Oração em que o salmista pede a Deus que o
guie em conformidade com a sua justiça e santidade, e o defenda
dos seus inimigos. Em sentido mistico esta oração convém à Igreja
e à alma cristã pedindo a Deus que a guie, a livre dos escolhos
espirituais, e lhe reprima os inimigos.

I — Senhor atendei, como confio, à minha oração


da manhã.

Escutai, Yahweh, as minhas palavras,


vêde OS meus suspiros:
Prestai atenção aos requebros da minha voz,
ó meu Rei e meu Deus.

Porque é a vós, Yahweh, que Imploro:


logo de madrugada ouvis a minha voz,
logo de madrugada vos exponho a minha prece e aguardo. (1)

II — Porque sois bom, justo e santo.

Porque não sois um Deus que se compraza no mal:


o mau não tem junto de vós guarida.

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Nem os fanfarrões o direito de permanecer (1)
ante a vossa face.

Odiais os fabricantes de iniquidades,


exterminais os mentirosos.

III — Que a minha piedade p ara convosco me con­


cilie a vossa protecção.

O homem ardiloso e sanguinário,


é abominado de Yahweh.
Eu, porém, graças à vossa muita benevolência,
posso entrar na vossa casa.

Prosto-me no vosso santo templo,


com 0 temor que vos é devido, Yahweh.
Guiai-me pela vossa justiça por causa dos que me espiam,
aplanai o caminho diante de mim. (2)

IV — Reprimi os meus in im ig os.. .

Nao há na bÔca dêles sinceridade,


no seu interior só há ruindade.
As fauces dêles são um sepulcro aberto, (3)
ainda que façam língua acariciante...
Condenai-os, Elohim I

( l ; Todo • homem que se atreve a ofender a Dens é um fanfarrBo,'


atento o nada que somos e podemos e a sua Infinita grandeza e poder.
O têrmo usado no texto original exprime ao mesmo tempo valentia e ridículo.
Trata-se de quem hiasona Implamente de valeote contra Deus. Ora nSo
encontramos na língua portuguesa têrmo que tBo exactamente exptima esta
ideia como o adoptado.
(2) «Aplanai o caminho». Isto é, llvrai-me dos escolhos e perigos
que possa encontrar no caminho da vida.
(3) «Um sepulcro aherto», porque assim como um sepulcro só contém
podrldBo, e só de lá saem odores fétidos e pestilenclals, assim da hdca do
ímpio saem palavras e propósitos que difundem a corrupçBo moral.

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Que caiam por causa das suas tramas,
destruí-os por causa dos seus muitos crimes,
porque se revoltaram contra vós. (1)

V— . ■.e em VÓS se hão-de regozijar todos os fiéis.

Mas em vós se hSo-de regozijar todos aqueles de quem sois abrigo:


hão-de exultar eternamente.

Cobrís com a vossa protecção e hão-de rejubilar em vós,


os que amam o vosso nome.

Porque abençoais, Yahweh, o justo.


rodeai-lo do vosso favor como dum escudo.

Aplicações litúrgicas: Foi escolhido êste salmo


desde muito remotas eras para a oração da manhã, por
causa do terceiro verso da primeira estrofe.
Desde tôda a antiguidade a Igreja faz-nos pedir a
Deus, logo de manhã, que nos guie os passos no cami­
nho do cumprimento dos seus preceitos, e nos reprima
os inimigos, seus e nossos. Ao mesmo tempo vai-nos
recordando, logo de manhã, verdades elementares, mas
que tanta vez esquecemos pràticamente: — Deus não
pode comprazer-se no mal. Deus abomina e odeia os
que 0 praticam, e só ao s justos cobre com a sua bênção.
Aplicado aos Mártires e Confessores (Com. Unius
Mart., Com. Conf. I Noct. Antif. et Salm. 2), a Igreja
chama sobretudo a nossa atenção para a protecção
com que Deus cobre neste mundo os justos, aqueles

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que verdadeiramente O amam sôbre tôdas as coisas, e
para os gozos e bênçãos eternas de que inundará a sua
alma na glória, o que muito claramente nos é permitido
na última estrofe deste salmo.
No Oficio de Defuntos (I Noct. Antif. e Salm. I),
faz-nos pedir a Deus que guie a alma e lhe aplane o
caminho nas regiões de terrível incerteza e mistério
onde se entra após a morte e a faça chegar segura à
sua presença beatífica.

SALHO 28
Introd u ção: Canta-se a majestade de Deus manifestada
numa tempestade. (I)

I — Convidam -se os anjos a dar glória a Deus


pelo espectáculo d a tempestade.

Dai a Yahweh, filhos de Deus.


dai a Yahweh glória e poder;
Dai a Yahweh a glória devida ao seu nome,
prostrai-vos ante Yahweh revestidos de sacros ornamentos.

(I) o salmista descreve a tempestade de um modo muito poético e


dramático.
Primeiro os anjos rodeiam o trono de Deus revestidos de festivas ves­
tes, como oa sacerdotes da terra, para assistir a um acontecimento solene e
majestoso. A tempestade aparece entBo ao norte’, sõbre o LIbano.
Pesadas nuvens se amontoam no horizonte, e por cima delas ouve-se
o trovBo, a voz de Dens. 0 céu Incendela-se de relâmpagos, as árvores sBo
quebradas pelo vento e pelo ralo, as lloreslas sBo despidas da folhagem, a
terra treme, um dilúvio de águas escoa-se rugindo por tõdas as quebradas...
...e enquanto tudo se abala e desfaz. Deus está impassível e majestosa
no seu trono. E quando os últimos trovões ressoam longínquos ao sul no
deserto de Cadés, os anjos, até aí atônitos, rompem numa ezcIamaçBo:-Glória'

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II— A m ajestade de Deus na tem pestade e seus

A voz de Yahweh ressoa por sobre as águas, (I)


0 Deus da glória faz ribombar o trovão,
Yahweh troveja sobre as grandes águas.
A voz de Yahweh retumba com fôrça,
a voz de Yahweh ecoa com majestade.

A voz de Yahweh quebra os cedros,


Yahweh parte os cedros do Líbano.
Faz saltar o Líbano como um vitelo,
e o Sirion como um bufalozinho.

A voz de Yahweh fende as nuvens.


Yahweh faz jorrar delas espadanadas de fogo.
A voz de Yahweh abala o Deserto,
Yahweh abala o Deserto de Cadés.

A voz de Yahweh faz rodopiar os carvalhos, (2)


Yahweh despoja de folhagem a floresta.
Tôda a terra treme ante a sua face,
e no seu tempo tudo diz: Glória!

(1) Os hebrens davam ao trov3o o nome de voz de Deus, como ainda


hoje dizem aa mBea ás crianças nas nossas aldeias. A voz de Deus relumba
por sobre as águas. Isto é, as nuvens carregadas de água, ou as águas supe­
riores qne os antigos colocavam para além daa nnvens.
A Vulgata 4 ) z T r a z e i a Deus filhos de Deus, trazei a Deus filhos
de carneiros, etc. Filhos de carneiros parece ser uma segunda versBo do
primeiro hemistíquio, mas versBo defeituosa, escrita á margem que teoha
escorregado para dentro do texto.
(2) As grandes árvores rodopiavam com o vento que sempre acompa­
nha as tempestades.

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III— O iaçõo p elo povo.

Yahweh ostenta-se no seu trono por sobre o dilúvio das águas


Yahweh ostenta-se no seu trono como Rei para sempre.

Dê Yahweh então poder ao seu povo,


Abençoe Yahweh o seu povo na paz.

Considerações e aplicações lit ú r g ic a s A s tem­


pestades físicas s3o imagens das tempestades sociais.
Às vezes a marcha dos acontecimentos humanos per­
turba-se: ruem os tronos, caem os impérios, desapare­
cem nações, sistemas, instituições humanas: mas Deus,
em cujos planos providenciais entravam estes aconteci-
mentas, permanece firme e sereno no trono inabalável
da Igreja, contra a qual não prevalecerão as portas do
inferno. Confiemos, pois, pedindo no entanto ao Senhor
qae abençoe o seu povo na paz.
Devemos aprender também neste salmo a apro­
veitar os grandiosos e impressionáveis espectáculos da
natureza para louvar e bendizer ao Criador.
Empregando êste salmo nos ofícios das festas da
Epifania — comemorativo também do baptismo de
Cristo, e da Transfiguração —, alude a Igreja à voz
que do seio da nuvem luminosa proclamou Jesus, à
face de tôda a Humanidade, — representada no Jordão
por S. João Baptista e no Tabor pelos três apóstolos
Pedro, Tiago e João como o seu Filho Unigénito
em quem tem tôdas as suas complacências.

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GAinOO DE DAYID
(I PARALIP. XXlX, 10-14)

Introdução: Simples hino de louvor em que o mais pode­


roso e glorioso dos reis de Israel, atribui a Deus iodo o poder,
ídda a riqueza e iôda a glória.

/ — Louvor a Deus a quem tudo pertence.

Bemdito sois, Senhor, de eternidade a eternidade,


Yahweh, Deus de Israel nosso pai.

A Vós, Yahweh, a grandeza e o poder,


a magniricência, o esplendor e a glória,
porque tudo quanto há na terra vos pertence.
A Vós, Yahweh, a realeza:
Vós sois soberanamente superior a tudo.

II — Louvor a Deus de quem tudo vem.

É de vós que vem a riqueza,


é de vós que vem a glória.
Sois vós o Dominador de tu do:
na vossa mão está a fôrça e o poder,
na vossa mão está tudo engrandecer e estabilizar.

Agora portanto, ó Deus nosso, nós vos louvamos,


e celebramos o vosso nome glorioso.

C o n s id e ra ç õ e s : A simplicidade, o amor, a gra­


tidão, 0 entusiasmo e a humildade combinam-se tôdas
neste salmozinho para fazer dêle uma joia de oração.
Saibamos recitá-lo com êste espírito, e na intenção de

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agradecer e louvar a Deus pelas imensas riquezas,
favores e dons espirituais de que nos tem cumulado.

In trodução: Este salmozinho não é dos menos li


porque, convidando-se nele todos os povos sem distinção a prestar
culto ao verdadeiro Deus, — o que segundo a esperança antiga só
no reino do Messias se devia realizar, — anuncia-se o estabeleci­
mento do reino de Deus ou da Igreja.

Qne todos Io u t o b a Dens


Nações, louvai tôdas a Yahweh,
povos todos celebrai-0,
Porque a sua Benevolência actúa fortemente sobre nós,
e a fidelidade de Yahweh permanece para sempre.

C o nside ra çõ e s e a plicações lifúrgicas: Este salmo


é um dos de maior uso e aplicação na liturgia — quase
todos os ofícios do Senhor e dos santos — , e até na
oração não propriamente litiírgica. Com êle, ora supli­
camos a Deus que se digne estender o seu reinado a
todos os povos, nações e línguas, ora lhe damos graças
por todos os benefícios de ordem espiritual e temporal
de que constantemente nos cpmula — a sua Benevo­
lência a actuar permanentemente sobre nós.

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Laudes II

CAITICO DB I8AIA8
(CONFITEBOR TIBI...)

Inlrodução: Hinos de louvor que o profeta põe na bôca dos


resgatados de Babilônia, após o seu regresso do exlllo. (1)
Os resgatados de Babilônia eram uma figura dos resgatados
do pecado, que somos nós os filhos da Igreja: isto mesmo devemos
ter presente ao recitar êste cântico.

/ — Louvo-vos porque passou o tempo da vossa


cólera.

Louvo-vos, Yahweh, porque estáveis irritado,


mas afastou-se a vossa cólera e agora com

Tenho confiança e não temo:


Porque a minha fôrca e q meu louvor é Yahweh:
Deus foi a minha salvação.

Palestina do povo libertado, e dlrige-se directamente a Deua: Louvo-vos,

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Haurireis com alegria água das fontes da salvação, e direis
nesse d ia: (1)

I I — Louvai a Deus porque nos saivou.

Louvai a Yahweh, invocai-lhe o nome,


publicai entre os povos as suas grandiosas obras,
proclamai que o seu nome é grande.
Cantai a Yahweh porque operou magníficos feitos:
que isto se torne conhecido em tôda a terra.

Grita, exulta, gente de Sião,


porque é grande em ti o Santo de Israel.

Considerações: Nunca apreciaremos bastante o


imenso benefício da nossa Redenção I Jàmais acabare­
mos de aprofundar as insondáveis riquezas de amor
e misericórdia do Coração Divino do nosso Redentor!
— Se conhecesseis o Dom de D eus. . . — pode Ele
repetir-nos sem cessar 1
E essas riquezas inefáveis - a sua graça — que
recebemos sobretudo pelo canal dos sacramentos, essa
água viva que brota impetuosa até à vida eterna, é tão
inexgotável como a de abundante nascente, a qual,
quanto mais se explora, mais se fortalece; e está-nos
tão patente como a da fonte pública, que é só chegar
e tirar quanta se quere.

( I) 0 período Haurireis água, etc., é prosa e é uma espécie de Intro-


duçSo ao segundo cAntlco. Hanrlr água da lonte, é gozar plena e perene­
mente .de nm beneficio, o qual, neste caso, é a própria salvaçSo; em sentido
místico, as fontes da salvaçlo aSo os sacramentos.

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Aí temos a fonte do Baptismo que nos dá, como
em gérmen, a graça santificante, os dons do Espírito
Santo e as virtudes sobrenaturais, tornando-nos filhos
de Deus; aí temos a Confirmação que nos desenvolvo
e fortalece êsse gérmen, tornando-nos mais fortes e
abundantes aqueles dons e virtudes; ai temos a Peni­
tência ou Confissão qué no-lo restaura, quando extinto,
e faz reverdecer, quando definhado, combatendo ao
mesmo tempo as doenças que o atacam; aí temos a
Comunhão em que recebemos o próprio Autor da graça
que no-lo alimenta, faz crescer e desabrochar em florem
e frutos, até ao seu completo desenvolvimento na vida
eterna : aí temos, numa palavra o manancial inexgo-
tável do amor imenso do Coração do nosso Deus jor­
rando nestas fontes, brotando por fora delas, por tôda
a parte nos envolvendo e deificando.
Compreende-se então o entusiasmo do profeta
dizendo: — Grita, clama sem cessar os louvores de
Deusl Exulta, salta de amor e entusiasmo, gente de
Sião, gente da Igreja, porque é grande em ti o Santo
de Israel! — Grande por tudo, mas principalmente pelo
seu amor misericordioso.

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Prima

SALHO 23

In íroduçêo: Cântico processtonal celebrando a volta ao tem­


plo, após uma vitória, da Arca da Aliança, que dêle havia saido
para acompanhar o exército, e sobre a qual residia Deus duma
form a especial. A tradiçüo católica tem sido unânime eni entender
êste salmo, em sentido místico, da entrada triunfante de N. S. Jesus
Cristo no céu após a sua ressurrelçóo gloriosa e a de todos os que
0 imitam.

1 — Q u m será digno de ser adm itido diante de


Deus Senhor do Universo ?

A Yahweh pertence a terra e tudo o que ela contém,


0 Orbe e todos os que o habitam,
Porque foi êle que a edificou sobre os mares,
que a alicerçou sobre as ondas. (1)

Quem será digno de subir ao Monte de Yahweh,


quem será digno de estar no seu Lugar Santo?!

13 idelas cientificas do tempo em que fôram eacritos oa


10 inferior, espécie de mar
s alicerêcs. Deus nBo costnma intervir nos
s deixa á inteligência humana o
cuidado de adqnirí-Ios com o próprio esfdrço.
Qoando pois o escritor sagrado faz afirmações de ordem científica, é
sempre para exprimir uma verdade de ordem moral e religiosa, que é a
única Intentada peto Espirito Sánto, e sobre clénela apenas afirma o que se
julgava ser exacto no seu tempo.

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II — 0 inocente e fiel a Deus.
O de mãos inocentes e coração puro,
' que não é dado a fraudes,
nem jura falso.
Esse obterá a bênção de Yahweh.
e a justiça do Deus sua salvação.

Tal é a raça dos que o procuram.


dos que procuram a face de Deus de Jacob. (1) /

III — O R ei da Glória entra em S iã o sua morada.


Elevai, portas, as vossas cimeiras,
levantai-vos, portas imemoriais,
que vai entrar o Rei da Glória. (2)

Quem é êsse Rei da G lória?!


— Yahweh, o forte, o herói...
Yahweh, o heroi da guerra!

Elevai, portas, as vossas cimeiras,


levantai-vos, portas imemoriais,
que vai entrar o Rei da Glória 1

Quem é então êsse Rei da G lória?!


-Y a h w e h Sabaoth!
Ele é que é o Rei da Glória!

(1) As duas primeiras estroles seriam cantadas ao subir para SiSo e


ao aproximar-se o corlejo do templo. Serviam para chamar a atençlo dos
tlêls para a grande honesUdade de vida que se requeria para entrar no tem­
plo e prestar a Deus um culto aceite.
Em sentido místico o lugar santo e o céu.
(2) Algumas vezes, nas cidades antigas, as portas nlo se abriam ou
fechavam como hoje, mas elevavam-se ou balxavsm-se deslizando em ranhu­
ras abertas nas pedras dos portais.
Tôda esta eatroíe é ura dl&logo entre oa que vinham de fora e oa que
acorriam de dentro a abrir, e destinava-sè a avivar a lé Cl
de todos para Quem sobre a Arca visível entrava invisiveli

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SALMO 14
( de MATí H. I NOCT.)

I V — Quem será digno de residir na m orada de


Deus (I).

Yahweh, quem será digno de hospedar-se na vossa tenda?!


Quem será digno de residir no vosso Monte S an to ?! (2)

O que é perfeito em sua via, que pratica a justiça,


e diz a verdade com tôda a sinceridade:
O que refreia a lingua,
não causa mal ao próximo,
nem lança opróbrio sobre o seu amigo.

V — Sobretudo o teai e justo.

O que olha o réprobo com desprêzo, (3)


e honra os que temem a Yahw eh:
O que nâo se desdiz, ainda que tenha jurado em seu prejuizo,
o que nâo empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para prejudicar o inocente.

O que assim procede,


jamais trepidará. (4)

(1) Quásl onánlmeniente se tem hoje o salmo U por ser as dnas


úlümas estroiea do salmo 23, separadas primitivamente por nm motivo litúr-

e pureza de vida qne é neces-

(3) Réprobo é aqui sinônimo de impio.


(4) O salmista aponta os principais vícios do seu tempo ci
os impedimentos para ae prestar culto agradável a Deus.

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Considerações e aplicações litúrgicas: Quem
será digno de subir ao Monte de Deus?
— Quem será digno de hospedar-se na sua tenda ?
0 Monte de Deus, a Tenda de Deus, é a Igreja
Católica, — a militante dêste mundo e a bem-aventu­
rada do outro; — são os templos onde lhe prestamos
culto, onde Ele está presente e nos ouve, mais do que
outrora em Sião, onde nos hospeda servindo-nos o deí-
fíco pábulo dos seus sacramentos, em especial a sua
própria carne e sangue; é, finalmente, o céu onde nos
será dado fruir perenemente dEle e de todos os seus
bens.
Quem, pois, será digno? - Quem será bom cató­
lico, digno fiel que preste a Deus um culto aceitável?
— Quem será digno ministro seu, que ofereça digna­
mente a Hóstia Sacrossanta? Quem entrará após os
trabalhos desta vida, no gôzo do seu Senhor?
Atentemos bem na divina resposta : — 0 de m ãos
inocentes, o de coração puro, o perfeito em sua vida, o
que pratica a ju stiça. , .
. Santidade nas obras, pureza nos pensamentos e
intenções, suma honestidade em todo o viver, a maior
perfeição possível em todos os actos e, cobrindo e
informando tudo isto, uma ardente caridade, eis as
qualidades que deve possuir o que, se proponha subir
ao Monte de Deus e morar no seu Lugar Santo. Dêstes
é que é a verdadeira raça dos que procuram a fa c e do
Deus de Ja c o b e que obterão a bênção do Senhor, êstes
os que jàmais trepidarão ante a face do Supremo Juiz.
Este salmo é dos que mais largo uso e aplicação
teem na Sagrada Liturgia. No Oficio Feriai^ ou apli­

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cado à Santíssima Virgem e aos Santos, nos seus res­
pectivos ofícios, parece mais consentâneo entendê-lo
no sentido em que acabamos de o considerar.
Aplicado a Jesu s Cristo, entende-se particularmente
da sua entrada majestosa, ora no Templo (Circuncisão),
ora no Limbo (S ábado Santo), ora no céu (A scensão);
da sua realeza gloriosa (Cristo-Rei), etc.; da posse
que toma dos templos (Of. da D edicação) t das pes­
soas (R ito da im posição da prim a tonsura) especial­
mente consagradas ao seu culto e serviço, etc.
Aos Anjos nos ofícios das suas festas, aplica-se
como aos príncipes e guardas das portas celestiais (Lic.
da Vulg.)
SALMO 18

Introdução: Na primeira parte desie salmo celebra-se o poder


e majestade de Deus manifestados na obra da criação, cuja parte
mais bela e imponente são os astros, especialmente o sol o mais belo
de iodos. Na segunda, celebra-se este mesmo poder, majestade e
sabedoria, porém manifestado na Lei com o sentido de Revelação.

1— As obros de Deus m anifestam a sua existência


e grandeza.

Os céus divulgam a glória de Deus,


e 0 firmamento publica a obra das suas mãos.

Um dia ao outro clama a noticia,


uma noite à seguinte dá conhecimento. (1)

(I) Os céus sao a abóbada cclestc eom as estréias. O salmista para


exprimir a constância e perpetuldade do testemunho que a obra da criaçSo
dó da existência e magnlllcéncia de Deus, personlllca os dias e as noites, e
linge que à medida que vüo passando vSo comunicando essa noticia aos que
se lhe seguem.

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Não é uma noticia, não são palavras.
cujo som se não possa ouvir:
O som delas espraia-se por toda a terra. (1)

I I — Particularmente o sol'com a sua m ajestosa


carreira.

neles armou uma tenda para o sol, (2)


O qual, como, um noivo ao sair da alcova nupcial,
como um herói, surge jubiloso para percorrer o seu curso.

Sai dum extremo dos céus,


e não pára ná sua órbita até chegar ao outro.

e nada escapa ao seu calor, (3)

III — Excelência da lei de Deus n as suas quali­


dades e efeitos. (4)

A Lei de Yahweh é perfeita,


e restaura a alma.

(I) Esta estrote tem uma InterpretaçSo miatica, cuja autenticidade,


I, nao pddemos pôr em dúvida, porque lol

confins da terra, i a prèiaçao do Evangelho. «


(2) .Neles»: Nos céus. Segundo os eríiditos, eslrole faliam
dois hemistíquios, no primeiro dos quais devia encontrarVs^ta palavra eéas à
qual se relere o .neles» ào hemlstlqulo seguinte. Assim traduz S. Jerônimo.
(3) Segundo a tradiçBo católica o sol é Jesus Cristo que sai da lenda
que é a Virgem Maria, e que do exirimo do presépio ao outro exirimo que
é a cmz, percorre uma grandiosa carreira, derramando sôbre toda a humani­
dade 0 calor da graça devida aos seus méillos. - Outros desenvolvem a ale-
goiia dum modo levemente distinto. Veja-se: Considerações.
(4) Segundo algnns Intérpretes, esta segunda parte do salmo, tao dis­
tinta da primeira pelo assunto e pela contextura poética, sèrla um salmo com­
pleto. uma espécie de resumo do salmo 118 unido, por motivos lllúrgicos, ao
ontro lormado pela primeira parte, e inserto na colecçBo sob o mesmo número.

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o temor de Yahweh é santo,
e para sempre estável. (I)
Os decretos de Yahweh são verdade,
e inteiramente conformes com a justiça.

IV — A Lei de Deus é amável, e por isso o salmista


a observa.

(I) 0 temor dc Dcu.s ensinado e incutido pcla Lei parece ser aqui
tomado como sinônimo da mesma Lei. É estável para sempre, porque náo
contém em si mesma nada que a faça caducar, ou porque venha a necessitar
de
te reforma. ' .
(2) Reflexão
keiiex dolorosa provocada p c k i palavijís anlerioresl Sjíndo a
Lei de dIus U9 (So perfeita, ninguém a óbservrf pírfeitairienfe. )0 sal­
__ e. ,,..............,
Uo boa
ta súplica ardenie,
mista, niinla ap#lA
náa n arla a nana nariiBn H
pede aaaaa (aUae inarluarlS#4ae
e devidas á Iraqueza

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V — Que Deus me livre de todo o pecado e das
ocasiões do mesmo.

Conservai também o vosso servo afastado dos soberbos: (1)


que eles me não dominem.
Então serei perfeito e puro,
duma multidão de pecados.

Que vos sejam agradáveis as palavras da minha bôca,


e 0 murmúrio do meu coração.
Ante a vossa face, sempre, Yahweh,
meu Rochedo e meu Vingador.

C o n sid e ra çõ e s e a plicações lifú rgica s : Abun­


dante pábulo pòde encontrar na consideração deste
salmo a nossa piedade.
Em primeiro lugar podemos considerá-lo no sen­
tido literal, não perdendo de vista o nosso estado e
qualidade de cristãos, e admirar simplesmente a gran­
deza e magnificência de Deus na obra da Criação, ou
a sua inefável bondade e sabedoria na Salvação dos
homens: — Os céus divulgam a glória de Deus, a Lei
de Deus é perfeita.
Julgamos que seja este o sentido de mais natural
e frutuosa consideração no Ofício feriai.
Podemos então agradecer a Deus o inapreciável
beneficio de nos ter ensinado a viver segundo a sua
santíssima vontade manifestando-nos a sua doutrina,
— que restaura q alm a, que regozija o coração, que é
m ais preciosa que muito ouro fino — , e impondo-nos o
(I) Que Deus nos livre das más companhias e assim ficaremos livres

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suave jugo da sua Lei, mais doce que o mei, que o
puro mel dos favos.
Se 0 preferirmos, podemos antes insistir na inter­
pretação mística e alegórica, tão do gosto dos nossos
pais na fé, e admirar a maravilha da prègação e pro­
pagação da fé através dos tempos e dos espaços, essa
fôrça irresistível com que vai lenta mas seguramente
avassalando os povos e levedando a massa da huma­
nidade até a transformar no bom pão de Cristo. Admi­
raremos então esses astros de primeira grandeza que
vão pelo mundo difundindo a luz da fé — os apósto­
los. (Fest. Apost.)
Semelhantemente se aplica aos anjos considerados
como luzeiros do firmamento dos céus. (Fest. Angel.)
Temos ainda a explorar o rico filão da alegoria
solar, — o Verbo Divino que, vindo do extremo que é
o seio da Divindade e surgindo-nos dessa tenda magní­
fica que é a Virgem sua mãe, — tenda ricamente ornada
de todos os dons da natureza e da graça onde Ele rea­
lizou 0 seu noivado místico com a natureza humana,—
aparece no mundo em carne mortal, e, radiante de amor
e entusiasmo pela glória de seu Pai e pela salvação dos
homens, derramando sobre todos eies o calor benéfico
da sua graça, avança como um heroi para o sacrifício
da própria vida na Cruz, — o zenite da profundidade,
— para logo subir gloriosamente a sentar-se à Direita
do Altíssimo. Neste último sentido aplica-se a Jesus
Cristo, à Santíssima Virgem sua mãe e às virgens e
não virgens suas espôsas, nas suas respectivas festas
em geral: — Como um noivo ao sair da alcova nupcial
com o um heroi, surge jubiloso para percorrer o seu curso.

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Tércia

SILNO 26
Introdução: O salmisia, ao pedir a Deus socorro conira os
inimigos, começa po r agradecer os triunfos j á obtidos, — os quais
atribui à intima uniáo em que se mantém com Ele, e por fazer um
acto de confiança de que será, mais uma vez, atendido. (1)

/ — Acto de absoluta confiança em Deus.

Yahweh é a minha luz...


— quem hei de eu tem er?!
Yahweh é a muralha que me defende a vida...
— quem me fará trem er?!

Sempre que de mim se aproximam os malfeitores


para devorar-me a carne, (2)
São eles, — os meus adversários, os meus inimigos, —
os que fraquejam e caem.

Que se ponha um exército em campo contra mim,


o meu coração não teme.
Que contra mim se trave combate,
ainda nesse caso tenho confiança.

(1) A uniao do salmista com Deus é significada pelo acto de habitar


na essa de Deus, gozsr do encanto ds sus presença, cuidar do seu templo,
—o qpe lhe trsz s vantagem de ser por Ele escondido no mesmo templo nos
diss' maus, nss ocssiOes de perigo. Estas expressOes, a ser David o autor
do salme, devem cntender-se, em senlido metafórico, da presença de Dens,
que o salmista procurava constantemente pela orsçao, pois o8o consta que
David habitasse permanentemente na casa de Deus, nem é suficiente para

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II — Vantagens da fam iliaridade com Deus.

Uma só coisa peço eu a Yahweh,


mas essa não a dispenso;
— É habitar na casa de Yahweh,
todos os dias da minha vida.
Para gozar do encanto de Yahweh,
para cuidar do seu santuário.

Porque Ele oculta-me na sua morada,


nos dias m aus; (1)
Esconde-me no mais recôndito da sua tenda,
põe-me sobre um rochedo.

E agora levanta-me a cabeça,


acima dos inimigos que me cercam.
Oferecerei no seu santuário sacrifícios de triunfo,
cantarei e modularei salmos a Yahweh.

III — Senhor, não me abandoneis.

Escutai, Yahweh, a minha voz suplicante,


tende piedade de mim e ouvi-me:
O meu coração invoca o que dissestes: — «Procura a minha face!»
Pois a vossa face, Yahweh, hei de sempre procurar.

Não me oculteis a vossa face,


não rejeiteis encolerlzado o vosso servo.
Sede o meu socorro, não me repilais,
não me abandoneis, ó Deus meu Salvador.

Ainda quando o meu pai e a minha mãe me enjeitassem,


Yahweh, esse, havia de recoIher-me.

(I) «Na siia morada»: literalmente,- «na sua cabana».

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IV — Salvai-m e dos inimigos.

Mostrai-me, Yahweh a vossa via,


dirigi-me por um caminho plano,
por causa dos que estSo de emboscada contra mim.

Nâo me entregueis, Yahweh,


à sanha dos meus adversários.
Porque se levantam contra mim testemunhas falsas,
bem como o que respira violência. (1)

Creio! - Hei de ver o bem de Yahweh


na terra dos vivos! (2)
Espera em Yahweh! Sê forte! Reveste de firmeza o coração!
Sim, espera em Yahweh!

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: Este sal­


mo tem para nós, os que somos sacerdotes ou religio­
sos, um sentido muito particular, — Também nós uma
só coisa pedimos e com anseio buscamos, — habitar na
c asa de D eas todos os dias da nossa vida para cuidar
do seu santuário, — do santuário material, como espe­
cialmente dedicado ao culto divino, mas sobretudo do
santuário místico das almas . . .
Temos pois direito a crer que Deus nos rodeia da
sua mais especial protecçSo contra os inimigos, e a
dizer com particular confiança: — Se Deus é a minha
luz, se Ele é o muro de defesa da minha vida, quem
hei de eu temer ?

(1) o principal Inimigo do salmista, em sentido místico,-


Vulg.: - c a Iniqoldade menUu a sl mesma.
(2) A terra dos tIvos é eale mundo, por oposIçBo à i
mortos. Em sentido místico, é o céu, onde se nSo morre.

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No entanto, imitando o santo rei David, não dei­
xemos de acompanhar a nossa confiança de generosos
esforços e de muita oração. — N ão me abandoneis, ô
Deus meu Salvador, não me oculteis a vossa face, mos­
trai-me, Senhor, a vossa via, dirigi-me pelo caminho
plano, por causa dos que estão de em boscada contra
mim, e não me entregueis á sanha dos meus inim igos!...
«Áquele que faz o que pode não nega Deus a sua
graça!»
Do mesmo direito não é excluído o simples fiel,
porque, se não habita, tão pròpriamente, na casa de
Deus todos os dias da sua vida, nem por isso deixa de
cuidar do seu santuário, do seu santuário predilecto, —
que é a própria alma. — Cuidar da nossa alma, puri­
ficá-la cada vez mais, é também cuidar do santuário de
Deus. . .
Confiança, pois I — Se há pais que enjeitem os
filhos, Ele não nos enjeitará. Ele o diz: Sejamos pois
fortes e revistamos de firm eza o coraçã o!
Nas tentações, nas contradições, nos fracassos da
nossa pobre vida. . . quando o pêso dela nos acabru-
nhar, quando o tédio nos invadir... digamos cheios de
confiança: — Creio-o ! — Hei-de ver o bem de Deüs na
terra dos vivos !
A Santa Igreja canta este saimo nas Matinas de
Sexta-feira Santa (I Noct. Salm. 3 ), sobretudo pelos
versículos 3 e 4 da 4.» estrofe, tradução da Vulgata,
que toma para antífona e que aplica ao que Jesus teve
a sofrer dos falsos testemunhos contra si proferidos
nos diversos tribunais em que foi julgado e que mu­
tuamente se destruíam.

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Canta-O ainda no ofício de Sábado Santo, tomando
para antífona o penúltimo verso desta mesma estrofe:
— Creio-o, etc., que pOe na boca de Jesus como um
brado de esperança na sua ressurreição.
No mesmo sentido o aplica aos fiéis defuntos no
seu respectivo ofício.

SiUIO 27
In lrod u ção: Prece pedindo socorro contra os inimigos,
seguida de acçõo de graças por ter sido atendida. (1)

I — Senhor, ouvi a minha oração.

Eu apelo para Vós, ó Yahweh!


Ó meu Rochedo,'não fiqueis mudo a meu respeito,
Não seja o caso que, se vos conservais afastado e silencioso,
seja contado no número dos que baixam ao abismo.

Ouvi a minha voz suplicante,


quando clamo por Vós,
Quando elevo, Yahweh, as mãos,
para o vosso sagrado santuário.

I I — N ão me trateis com o aos impios, m as a eles


tratai-os com o merecem.

Não me arrebateis de envolta com os maus, (2)


com os fabricantes de iniquidades,
Que falam de paz ao próximo,
mas têm o coracão cheio de malicia.

(t) Era sentido misllco, este prece pode pôr-se na bôca dc N. Senhos
Jesus Cristo on de qnalquer ilel atribulado.
(2) NSo me envolvais no castigo dos impios-matando-me com eles...

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T ratai-os segundo as suas obras,
segundo a malicia do seu proceder.
Tratai-os segundo as obras das suas mãos,
dai-lhes a paga que merecem.

III — Sim, os ím pios serão castigados.

Visto que nâo lhes importam as obras de Yahweh,


nem o trabalho das suas mãos,
Yahweh há-de arruiná-los e jamais reedificá-los...
0)

IV — Bendito seja Deus que ouviu a minha prece.

Bendito seja Yahweh,


que ouviu a minha voz suplicante I

Deus é a minha fôrça e o meu escudo,


nele confia o meu coraçSo.
Fui socorrido, o meu coração exulta,
e por isso 0 louvo com o meu cântico.

V - Salvai 0 vosso povo e o vosso Ungido.

Yahweh é uma fôrça para o seu povo,


um escudo salvador para o seu Ungido.

Balvai 0 vosso povo,


abençoai a vossa herança:
Sede o seu pastor, e levai-o aos ombros, (2)
por todo o sempre.

(1) Parece haver lacuna no texto, estando Incompleta a estrofe inler-


onedlárla, o qne no entanto nSo prejudica o senlido.
(2) «Aos ombros»: - Como fazem os pastores às ovelhas faUgadas.

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C o nside ra çõ e s e a plicações lilúrgicas ; Neste
salmo encontramos ainda uma bela oração, toda repas­
sada de filial confiança, a que podemos recorrer nos
transes aflitivos da nossa vida, e mesmo nas circuns­
tâncias normais, contra os inimigos da nossa alma.
A ela recorre a Santa Igreja, no Ofício dos Fiéis
Defuntos, (ad Prim.) intercedendo ante o Divino Esposo
por aqueles filhos queridos, e dizendo em nome deles:
— P ara Vós a p e lo . . . Não fiqueis afastado e silencioso
para que não seja contado no número dos que baixam
00 ab is m o . . .

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Sexta
SIUNIO

In trod u ção: Prece ardente duma alma em grande tributa­


ção, que, perseguida de muitos, abandonada e desprezada de iodos,
cansada de sofrer, se abandona nas mãos de Deus sem deixar no
entanio de suplicar até ser atendida. Obtido o socorro, começa a
acção de graças. As queixas deste salmo em sentido ilpico-messià-
nico, são as de N. S. Jesus Cristo na sua Paixão. O sexto verso
da primeira estrofe foram as últimas palavras que pronunciou na
Cruz. Toda a alma atribulada á semelhança de Jesus Cristo pode
também aplicar a si mesma este salmo.

I — Valei-me Senhor! 'Nas vossas m ãos me aban ­


don o!

Em vós busquei refúgio:


que jamais seja confundido!
LIbertai-me pela vossa justiça I
Inclinai para mim o ouvido,
apressai-vos a libertar-me.
Sêde-m e um rochedo inexpugnável,
uma cidadela onde encontre salvação.

Porque o meu rochedo e a minha salvação sois v ó s:


e por causa do vosso nome,
haveis de levar-me e trazer-me (são e salvo) (1)
Haveis de fazer que evite o laço que me armaram,
porque sois a minha fortaleza.

(I) «Haveis de levar-me e trazer-me>. —Imagem tirada da vida pas­


toril. Como um pastor que tira as ovelhaa do redil, as leva ao pasto e as
traz de novo s9s e salvas, assim Deus guarda e defende constantemente a
quem se entrega completamente ao seu cuidado.

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Nas vossas mãos ponho a minha vida:
haveis de salvar-me, Yahweh.
Sendo o Deus da verdade, odiais
todos os que se entregam a mentirc

Eu porém entrego-me a Yahweh;


hei-de regozijar-me e exultar na vossa benevolência,
Porque vós estais vendo a minha aflição,
conheceis a angústia da minha alma,
E não haveis de entregar-me nas mãos do inimigo,
mas pôr-me os pés à larga. (1)

II — Eis, Senhor, a m inha angustiosa situação.

Tem piedade de mim, Yahweh, porque estou em angústia:


Tenho os olhos consumidos de mágoa,
consumidos a alma e o corpo.
Sim, a vida vai-se-me consumindo em dores,
e os anos em suspiros.
As fôrças vergaram-me ao pêso da aflição,
e tenho os ossos desfeitos.

Tantos inimigos... tornaram-me um opróbrio público,


um objecto comprometedor para os vizinhos,
um susto para os conhecidos.
Os que me vêm em público fogem de mim:

e no coraçao de Dens
a aoa própria piedade e confiança, pois que muito ao contrário dos idólatras
s idoios vlos ou nos homens de
as, —ele entrega-se, abandona-se
: confiado de que nlo será por Ele abando-

al de euMo. 0 guerreiro que tem os pés à larga pode recuar,


pode Inclinar-se para a direita ou para a esquerda e furtar-se assim aos gol­
pes do Inimigo, o que nfio sucede quando por todos os lados é atacado,-
a Imagem da snprema angúsila.

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sou esquecido como um morto de que já se perdeu a lem­
brança,
como um vaso quebrado. (1)

s da multidão que dizia:


« — Terror a ele por todos os lados 1» (2)
Quando conspiravam contra mim,
quando se conjuravam para me tirar a vida.

Eu porém entrego-m e a vós, Yahweh,


e digo: — O meu Deus sois vós...
Os meus destinos estão na vossa m ão...
livrai-me da mão dos inimigos,
e dos perseguidores!
Fazei resplandecer a vossa face sobre o vosso servo, (3)
salvai-me pela vossa benevolência!

I I I — Sim, salvai-m e, e que os meus inimigos


sejam confundidos.
Yahweh, que não seja confundido,
porque vos invoquei,
Que sejam confundidos, sim, os ímpios...
que, reduzidos a silêncio, se vão para a mansão dos mortos! (4)

- t a l a situaçao de Davld, em multas circunstanclaa da sua vida, aobretudo


nos tempos de Saúl e da revolta de Absaiao. Também N. Senhor Jesus
Cristo, na sua paIxBo, foi abandonado de todos, tomou-se um susto para os
seus mais íntimos discípulos que temiam aer perseguidos por ci

os tribunais e até
vaias e insultos.
(2) «Terror a ele por todos os lados!» Frase da II
tória. Que seja espantado e acossado por todos os lados como ferá que se
quere exterminar.
(3) O rcsplendor da face de Deus é um olhar de simpatia porladof

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Que se tornem silenciosos
os lábios mentirosos,
Que vomitam insultos contra o justo,
com orgulho e com desprezo.

Quão grande é, Yahweh, a bondade


que guardais para os que vos temem,
Que atestais á face dos filhos dos homens,
para com os que em vós procuram asilo!

Ocultai-los no esconderijo da vossa presença


contra a malignidade dos homens:
Escondei-los na vossa tenda,
longe dos ataques da lingua. (1)

I V — Graças, Senhor, porque me ouvistes.

Bem-dito seja Yahweh,


que usou para comigo de admirável benevolência,
no mais forte da minha angústia I

No entanto eu dizia no meu susto:


Fui rejeitado de diante dos vossos oihos I
Mas vós ouvistes a minha voz suplicante,
no momento em que a vós clamava.

V— Amai pois a Deus que vos reprime os inimigos.

Amai a Yahweh,
vós todos, devotos seusl

na sua presença ou na sua face. É porém provável que o salmista empregue


esta frase no sentido alegórico e fale das consolaçOes espirituais que
encontrava no trato com Dens que o compensava daa perseguIçOes e lhaa
fazia ter em nada.

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Yahweh é fiel,
e paga com juro,
ao que procede orgulhosamente.
Sêde fortes e armai de firmeza o coração,
vós todos os que pondes em Yahweh a vossa esperança.

Considerações e aplicações litúrgicas: Este bem


poderia chamar-se o salmo do santo abandono.
Perpassam nele, — se o soubermos ler — , ante os
olhos da nossa imaginação apavorada, as principais
cenas daquela sublime tragédia, que foi a Paixão do
Senhor, ainda que só as vejamos através do tamis das
suas queixas.
Com efeito, as angústias da agonia do Horto; a
infidelidade e fuga cobarde dos discípulos; os insultos,
as vaias, e o ódio do Sinédrio e da plebe desvairada
enquanto a doce vítima vai passando de tribunal em
tribunal ou agoniza no Calvário; a desolação espan­
tosa da Cruz; toda a Paixão, numa palavra, nos apa­
rece sob os fundos, ainda que esfumados, traços da
segunda estrofe deste salmo.
E através do mesmo esfumado divisamos ainda os
sentimentos intimos do Coração de Jesus cuja expressão
0 salmista condensou nestas frases: — Entrego-me a
Vós, S en hor... Sois o meu D eu s. . . Nas vossas mãos
ponho a minha v id a ... Haveis de salvar-me, S en h o r...
— Isto é um amoroso e confiante abandono á vontade
do Pai.
Recitemos pois este salmo com terno e compassivo
amor por Jesus, oferecendo-lhe — não de maneira pura­
mente platônica — a nossa solidariedade nos seus sofri­

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mentos. Nas nossas próprias tributações, tanto espiri­
tuais como corporais, imitemos o seu amoroso abandono
à vontade de Deus. E ante o encarniçamento dos nos­
sos inimigos não deixemos de clamar com Ele cheios
de filial confiança: Senhor, em Vós me refugio! Nos
vossos m ãos ponho a minha vida! Que não seja con­
fundido ! Não, não haveis de eniregar-me nas m ãos do
inim igo!
Assim 0 entende lambém a Santa Igreja extraindo
deste salmo vários elementos litúrgicos que aplica à
Paixão do Senhor e á de sua Santíssima Mãe na Festa
das Dores, do mês de Setembro.

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Noa

SALMO 31

In lrod u ção: Espécle de meditaçdo poética, sobre as angús­


tias que sofre o homem em pecado, perseguido pelo remorso, e o
alivio e felicidade que experimenta depois de ter confessado com sin.
ceridade e arrependimento a sua falta e de ier obtido o perdão,
composta po r David após ier-se levantado da sua queda. 0 Sal­
mista conclui exortando todos a aprenderem no seu exemplo.

I — O Salm ista diz o alivio que sentiu ao ser-lhe


perdoado o pecado.

Feliz daquele a quem se (ira a falta,


a quem se faz desaparecer o pecado.
Feliz daquele a quem Yahweh não toma em conta a iniqüidade,
em cujo espirito não há artifício. (I)

Enquanto me calei, iam-se-me decompondo os ossos,


rugindo de dor constantemente. (2)
Porque, dia e noite.
Pesava sobre mim a vossa mão. (3).

. (1) « ... a que se tira a falta»Com pare-se esta loeuçlo com estas
outras;-Tirar uma dor; tirar um cuidado; tirar um defeito. Espírito sem
artificio é o que nSo dissimula nenhuma ialia i sua própria consciSocla ou
aos outros, nem a pretende apresentar diminuída ou com aura simpática.
(2) As grandes dores morais produzem por acçSo reflexa sAbre o
organismo uma Impressio nervosa como de se ter os ossos desfeitos.
(3) Deus torna muitas vezes amarga a vida do pecador para que

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0 meu viço ia-se convertendo
numa secura como de estio, (1)

II— Exorta a todos a im itá-lo na confissão hu­


milde dos pecados.

Confessei o meu pecado,


descobri a n
D isse:— Quero confessar a Yahweh a minha falta!
e Vós tirastes-me a iniqüidade do meu pecado.
Que todo o homem piedoso vos ore entSo,
enquanto vos tem ao alcance. (2)
Quando vier a grande inundação,
a ele não o atingirá. (3)

Sois para mim um esconderijo,


tirais-me da angustiosa miséria,
sois a minha alegria. Vós que me rodeais de salvação.

III — Insiste em que não se obstinem no pecado.

Vou instruir-te e mostrar-te


0 caminho que deves seguir.
Quero aconselhar-te,
fixar em ti os olhos. (4)

(I) o Salmista compara-ae a uma planta viçosa e louçS qne, atacada


por Ignoto mal, ou rolda por oculto verme, começa, mais ou menos subita­
mente, a secar-se, até ticar numa daa tisnadas ervas dum campo resequido
pela estiagem. Vulg.: - RevoIvIa-me na minha tribulaçao enquanio me pun-
gla o espinho. Esta llçBo da Vulg. tem multas probabilidades de ser a

re propicia a monçao da graça. Vulg.: — Em tempo


favorável.
(3) «A grande inundação>: - quere dizer o juizo Messiânico, isto é:
- o castigo de Deus, as calamidades que caem sobre os indivíduos e os
povos, como uma Inundação a que nao se pode fugir.
(4) É ainda o Salmisla que fala para instruir os seus semelhantes,
conglobando-os num tal, a quem fala tamillarmenle.

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Não sejas como o cavalo,
como o estúpido muar!
Dominas-lhes os queixos com o freio e bridão,
porque doutra maneira não se chegam. (1)

Numerosas dores perseguem o ímpio,


mas a quem se entrega a Yahweh,
rodeia-o a benevolência.
Alegrai-vos em Yahweh!
Rejubilai justos!
Exultai vós todos os de coração recto I

C o nside raçõ e s e aplicações litúrgicas: A lição


deste salmo é tão clara que não necessita de comen­
tário.
Queiramos compreendê-la, nõo sejam os c o m o . . . e
purifiquemos constantemente a nossa consciência de
tudo 0 que seja pecado, ou para ele disponha, por meio
de uma confissão e detestação sincera.
A implantar no coração estes sentimentos e a ex­
primi-los muito nos ajudará a recitação freqüente e de­
vota deste salmo. Para isso o inclui a Santa Igreja no
número dos penitenciais.
Também se reza no Oficio de Defuntos aplicando-o
à situação daquelas bemditas almas e dando ao versí­
culo final 0 valor duma prece. Aplica-se ainda a Todos
os Santos, no seu respectivo Oficio, porque todos eles,
convertidos ou preservados do pecado, a Deus o devem,
com a glória de que estão revestidos.

(1) «N«o sejas com o...»: - NSo sejas contumaz no pecado, mas
obedece prontamente à voz da consciência, sem esperar pela acçlo violenta
de Deus ou pelo seu castigo, como um irracional que só por meloa violentos
entra na ordem.

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Introdução: Simples cântico de louvor a Deus, pela sua
fidelidade. Justiça e benevolência; por velar pelo seu povo, e frus­
trar os traiçoeiros ardis do inimigo.

/ — Louvor, a Deus, que é fiel, justo e benévolo.

Exultai, justos, em Yahweh!


0 louvar a Deus compete aos de coração recto.

Louvai a Yahweh ao som da citara,


modulai-lhe um salmo ao som da harpa de dez cordas,
Cantai-lhe um cântico novo,
esmerai-vos no retenir das trombetas,

Porque a palavra de Yahweh é recta,


e toda a sua obra se executa fielmente
Ama a justiça e a rectidão:
toda a terra está cheia da benevolência de Yahweh.

II — Louvor a Deus que com a sua Om


frustra os planos do inimigo.

Os céus foram feitos pela palavra de Yahweh,


e 0 exército dos céus pelo sopro da sua boca. (I)
Reúne as águas do mar como num odre
e põe os oceanos em reservatórios. (2)

(1) As estrelas sSo chamadas na S. Escritura o exército do céu.


(2) As nuvens, que às vezes atectam a forma de odres pandos, sfio
os reservatórios em que Deus tem em suspensSo pela almosicra as águas do

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Que toda a terra tema a Yahweh,
que diante dele tremam todos os habitantes do universo.
Porque disse e tudo foi feito,
ordenou e tudo ficou existindo.

Yahweh inutiliza os planos das nações,


aniquila os designios dos povos.

I I I — Feliz do povo de D eus!


Os pianos de Yahweh subsistem para sempre,
e os designios do seu coração por todas as. gerações.

Feliz da nação que tem a Yahweh por Deus,


0 povo que Ele escolheu por herança.

IV — Louvor a Deus que com a sua Omnipotência


inutiliza os cálculos da prudência humana.

Yahweh, do alto dos céus, olha,


e vê todos os homens.
Da sua morada observa
os habitantes todos da terra.
Ele, o Deus que lhes formou, — Ele só, os coraçõesi
e lhes conhece a fundo todas as obras.

Não é o grande número de soldados que dá ao rei a vitória,


nem uma grande força o que salva o guerreiro.
0 cavalo de nada vale para obter o triunfo,
e toda a süa força não vos assegura a salvação.

V— Deus vela pelos seus e garante-lhes a salvação,


0 olhar de Yahweh está sobre os que 0 temem,
que esperam na sua benevolência,
Para livrar-lhes a alma da morte,
sustentar-lhes a vida no tempo da fome.

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A nossa nima espern em Yahweh:
Ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.
Sim, neie se nos alegra o coração:
sim, temos confiança no seu Nome Santo,
Que sobre nós actuc a vossa benevolência,
assim como o esperamos de Vós.

Considerações e aplicações lilúrgicas: Exultai


justos em D eusl
Exultemos nós todos os que temos ao Senhor por
Deus . . . a quem Ele escolheu por sua herança I
E porquê?!
Porque lhe aprouve, na sua infinita bondade e mi­
sericórdia, dar-nos o Reino. . . apesar de sermos um
pequeno e humilde rebanho, ao parecer, indefeso e cons­
tantemente desbastado pelos lobos.
Prometeu-o e executá-Io-á I
A palavra de Deus é recta e ioda a sua obra se
executa fielmente 1
Poder. . . não lhe falta I
Os céus foram feitos pela sua palavra, e o exército
dos céus pelo sopro da sua boca. — Disse e tudo fo i
feito.
Não lhe falta bondade.
Toda a terra está cheia da sua benevolência —
Basta abrir os olhos para vê-la.
Não Ihê falta solicitude paternal.
O olhar de Deus está sobre os que esperam na sua
benevolência para livrar-lhes a alma da m orte. . . para
sustentar-lhes a vida no tempo da fom e. Ele aniquila
os desígnios dos inimigos da nossa alm a. , . Inutiliza
os planos destruidores dos adversários da sua Igreja.

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Nao lhe falta justiça e conhecimento de causa para
dar a cada uin o que lhe merecerem suas obras.
Ele vê . . . Ele observa do alio dos céus iodos os
hom ens! Ele form ou os corações de to d os. . . Conhece-
-lhes a fundo as obras, e am a a justiça e a rectidão.
Exultai, pois, justos em Deus.
Exultemos nós todos os que Ele se dignou revestir
no Baptismo de justiça e santidade pelos merecimentos
de Jesus Cristo, Exultemos e louvemo-lo, porque nos
compete verdadeiramente louvá-lo. . .
Aplicado aos Mártires, (Com. Mart. 3 Noct. Salm.
1), este salmo é como que um eco daquelas palavras
de Jesus Cristo: — «Não temais! Todos os cabelos da
vossa cabeça estão contados . . . Nem um só se per­
derá I* Apesar das aparências, Deus inutilizou os pla­
nos dos seus inimigos, livrou-lhes ao s Mártires a alm a
da morie, e agora vivem e reinam com Ele na eterna
felicidade.

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Vésperas

In trod u ção: Amoroso agradecimento de uma alma profun­


damente reconhecida a Deus que a livrou dum perigo exirim o.

I — Deus livrou o salm ista de um perigo mortal.


E is porque o ama.

Amo a Yahweh porque ouve


0 ciciar da minha prece.
Porque inclina para mim o ouvido,
eu invoco o nome de Yáhweh.

Envolviam-me os laços da morte,


estava nos braços da mansão dos mortos.
Só encontrava angústia e aflição,
e invoquei o nome de Yahweh.

Yahweh, salvai-mel
Sim, Yahweh é compassivo e justo...
O nosso Deus há-de ter misericórdia...
(E eu invoco o nome de Yahweh). (1)

(1) Este hemlstíqalo que se repete trés vezes por Inteiro e qne ilndt
deixou vestígios noutros lugares, tem lodo o aspecto de ser nm estribilho
repelido em cada grupo de versos, mss que os copistaa deixariam atráa,
como tantas vezes sucedia. Restauramo-loa segundo as conjectoraa de
Hugueny e ontroa autores,

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U — Devido ao socorro divino o saim ista está salvo
Yahweh toma a seu cuidado os desamparados...
Eu estava na última mas Ele valeu-me...
Volta, minha alma, à tua paz,
(e eu invocarei o nome de Yahweh),'

Sim, Yahweh foi. comigo bem-fazejo.


Ele arrancou-me a alma das garras da morte.
Os olhos das lágrimas, e os pés das quedas.
(Eu invoco 0 nome de Yahweh).

Andarei diante de Yahweh i


na terra dos vivos.
Creio! Por isso o digo!
(E eu invoco o nome de Yahweh).

I I I — R egozija-se e prom ete cumprir os votos feitos


na aflição.
Eu estava aflito a mais não poder.
Na minha perturbação dizia:
— Todo 0 homem é mentira! (2)
(E eu invoco o nome de Yahweh).

Com que retribuirei eu a Yahweh


todos os benefícios que me tem feito?!
Levanto o cális da saudação (3)
e invoco o nome de Yahweh.

(1) Segundo o parecer dos eruditos trata-se aqui dum sã salmo, o


qual, como alguns outros, fdra dividido em dois por conveniências litúrgicas,
e depois Inserlo na colecçSo com dois números distintos.
(2) «Todo o homem ê menUra». - Conclusão a que chegou o sal­
mista na sua aflição, porque viu que todo o auxilio humano lhe falhara, e
em sl mesmo não encontrara térça. Só Deus não falha nunca.
(3) 0 salmista alude aqui ao rito do sacrifício de acção de graças
em que, no banquete ritual qne se lhe seguia, havia um copo ou cális que

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NSo é coisa de somenos aos olhos de Yahweh
a morte dos seus servos.
Yahweh, sou vosso servo,
(e invoco o nome de Yahweh).

Sim, sou vosso servo, filho dá vossa serva... (1)


Quebrastes-me as prisões...
Hei-de oferecer-vos um sacrifício de acção de graças,
e invocarei o nome de Yahweh.

Os meus votos a Yahweh hei-de cumpri-los diante de todo


0 povo, (2)
(Hei-de cumpri-los) nos átrios da casa de Deus,
No teu recinto, ó Jerusalém.
(E invocarei o nome de Yahweh).

C o n s id e r a ç õ e s S a lm o eminentemente próprio
para a acçSo de graças, qualquer que seja o benefício
obtido.
Optimo para depois da comunhão, da confissão,
etc., mas sobretudo para agradecer o socorro obtido

cálls da saúdaçBo, ou da acçBo de graças. N. S. Jesus Cristo, segundo


muitos intérpretes, consegrou êste mesmo cális na cela pascal, em qne InsU-
luiu a Encarislia, o qual passou por Isso de figura da Eucaristia á própria
realidade, de cálls da saadafdo a cálls da salvação.
(1) Tem demasiado valor a vida dos servos de Deus para qne os
deixe sofrer ou perecer, sem motivo multo ponderoso, e nfio se apresse a
socorre-los.
Os escravos que eram filhos das escravas da casa, que já nasciam na
cscravIdBo, e na mesma casa eram criados, costumavam ser mais estimados
do seu Senhor.
(2) Esle versículo que no texto actual é repetido um pouco mais
acima no mesmo salmo alterando a ordem do verso, parece estar all Indevi­
damente, e por falia de ci

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em qualquer aflição, como a vitória duma tentação
obsidiante, por exemplo.
Sente-se circular no ámago destas frases simples
um entusiasmo, uma gratidão, um amor tão vivos, que
parece quererem estalar o invólucro das palavras e ex­
plodirem nos grandes arrebatamentos. Mas a proximi­
dade da angústia, mal passada ainda, e a experiência
da própria miséria, tornam-nas discretas, comedidas,
tímidas quase.
Não se harmonizam igualmente bem estes senti­
mentos com a nossa situação de culpados ante as con­
seqüências fatais das nossas faltas e o amor misericor­
dioso de Jesus que delas nos vem salvar?
Na Sagrada Liturgia apIica-se este salmo na sua
primeira parte (Salmo 114) às almas do Purgatório no
seu respectivo Ofício. 0 y .: — Envolviam-me os laços
da morte, estava nos brqços da mansão dos mortos, e
este outro:— Andarei diante de Deus na ierra dos vivos,
exprimem adequadamente os sentimentos das Santas
Prisioneiras do Purgatório, por um lado, sofrendo indi-
zlvelmente, mas pelo outro, agradecendo a Deus, cheias
de amor, de resignação e duma alegria calma pela cer­
teza da Salvação, o tê-las retirado dos perigos do mundo
e posto em lugar seguro.
A segunda parte do mesmo salmo, ou seja o sal­
mo 115, tem mais larga aplicação. 0 ^ — Com que
retribuirei ao Senhor todos os benefícios que me tem
feito? Tomarei o càlis da Salvação e invocarei o nome
do Senhor, foi escolhido, com muita felicidade e acerto,
para exprimir os sentimentos do sacerdote na missa,
naquele momento psicológico em que, tomada a hóstia

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sacrossanta, ao medir o abismo de indignidade que
medeia'entre a excelência e sublimidade do beneficio
recebido e a sua própria miséria e absoluta impotência
de corresponder ou até de agradecer condignamente,
sente-se como que atônito, perplexo, tentado a dizer com
S. Pedro: - «Retirai-vos de mim, que sou homem pe-
cadorl»; e outro partido não vê senão tomar também
0 cális do sangue divino com tanto mais amor e humil­
dade, quanto mais pobre e indigno se reconhece.
Nos Ofícios das festas de Cristo, — Quinta e Sexta-
-feira Santa, Corpus Christi, S. Coração, S. Nome de
Jesus, — na das Dores de Maria durante a Quaresma,
e nas dos Santos, — Com. Apost., Com. Mart., Omnium
Sanctorum, — a aplicação ao Mistério celebrado gravita
toda em volta da palavra calis, e da sua significação
mística — 0 cális da Paixão em Jesus Cristo e sua San­
tíssima Mãe, cális de que os Santos tomaram parte pe­
los seus trabalhos e sofrimentos no mundo, e o cális
de felicidade que gozam agora com Ele no céu.

In trod u ção: Seniida prece contra as calúnias e insidias das


más línguas de que o salmisla erg vitima, no meio em que vivia, e
que põe a pa r dos mais selvagens e bárbaros povos de então.

I— Senhor, livrai-me das perfidias das m ás linguas.


Na minha angústia clamo por Yahweh
e Ele ouve-me.
Yahweh, livrai-me dos lábios hipócritas,
e da língua pérfida.

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Que salário e gratificação te será dado,
língua pérfida?!
As frechas aceradas do Omnipotente,
e abrasadores carvões de giesta. (1)

I I — P or dem asiado tempo tenho sido vítima delas.


Infeliz de mim,
que moro em Meschek:
Infeliz de mim,
que habito entre as tendas de Cedarl (2)

Demais tenho vivido


com os que odeiam a paz.

Eu sou a paz em pessoa,


tnas eles, logo que lhes falo,
fazem-me guerra.

Co nside raçõ e s e aplicaçõès lifúrgicas : Este sal­


mo reporta-nos àqueles dolorosos tempos da vida
pública de Jesus, em que, passado um período de en­
tusiasmo, começara a época de contradiçOes que teve
0 seu epilogo no Calvário.
É como que um eco daquela sentida queixa que
Jesus, ante tanta perfídia da parte dos inimigos e tanta
incompreensão, tanta vulgaridade de sentimentos naque­
les mesmos que o seguiam, deixou escapar um dia dos
lábios: — «Até quando vos sofrerei ? I »
Ideemos por um momento o que se passaria então
no Santíssimo Coração de Jesus e sentir-nos-emos inci­
tados a corresponder melhor ao seu amor.

(t) 0'carvfio de giesta passava por ser o mais forte.


(2) Meschek.-regiao entre o Mar Negro e o Mar Cáspio; Cedar,-
regiao a oeete de Moab. Representam os países mais bárbaros.

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0 que Jesus sentiu no seu coraçSo e nSo deixou
de exprimir naquela frase, sente-o, na sua medida, e
discípulo de Cristo, — sobretudo se é dotado de senti­
mentos nobres e delicada natureza, — obrigado, como
se vê, a viver no mundo e a suportá-lo. Mas tudo isso,
sofrido com resignação e conformidade com a vontade
de Deus nos ajudará a desapegar das coisas terrenas
e anelar mais fortemente pela Pátria Celeste. — Al de
mim que moro em M eschek!
Recita-se este salmo, além de no ofício feriai, no
de Quinta e Sexta-feira Santa e no das Dores'de Maria
no tempo quaresmal., A Igreja tomando para antífona
0 versículo final, — Sou a própria paz m as eles logo
que lhes falo fazem -me guerra, chama-nos sobretudo a
atenção para a mansidão e humildade com que Jesus
se entregou nas mãos dos seus inimigos.
No Ofício de defuntos a Igreja põe na bôca das
benditas almas do purgatório ‘aquela queixa: — Ai de
mim, que muito se me prolonga o meu desterro! (Liç.
da Vulg.)
SALN02120
Inlrod u ção: Espécie de solilóquio em que o salmista se
anima a esperar e a sofrerlcom resignação, considerando que Deus
de ninguém se esquece e a'jilnguém abandona.

I — Deus é 0 nosso socorro: não se esquece de nós.


Elevo os olhos para as montanhas... (1)
Donde me poderá vir o socorro ?!
O socorro vem-me de Yahweh
que fez o céu e,'a terra.

(1) «As montanhas»: —As montanhas em que estava edilicado o tem­


plo, e onde residia Deua duma forma especial.

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— N3o, não permitirá que te vacile o pé.
0 teu guarda não dorme.
Não, não cabeceia nem dorme,
0 guarda de Israel.

II - A sua protecção é eficaz.

Yahweh é o teu guarda, Yahweh é o teu abrigo:


sempre está à tua direita. (1)
De dia não te molestará o sol,
nem a lua durante a noite. (2)

Yahweh guardar-te-á de todo o mal,


guardará a tua pessoa.
Guardará a tua entrada e a tua saída, (3)
agora e por todo o sempre.

Considerações e epiicações litúrgicas: Na nossa


ascensão para Deus, bordeando precipícios e constan­
temente assaltados pelo inimigo, suceder-nos-á mais
duma vez que, cansados e atemorizados, nenhuma luz
vendo que nos guie, nenhuma fôrça sentindo que nos
ampare, elevemos os olhos para as m ontanhas. . . lá
onde poderemos amar sem sombra nem temor, e diga­
mos no fundo do coração: — Ai, S enhor! Donde me
poderá vir o socorro ?

(1) A direita era o lugar do deíensor.


(2) O sol, como ê sabido, pode produzir Insolações e apoplciias.
À lua atribuíram oa antigos Influências maléflcss. O sol e a lua representam
aqui a generalidade dos males que podem assaltar o homem na sua carreira
mortal.
(3) A entrada e a saida representam aqui o conjunto de todas as
nossas acções,-a vida Intelrq.

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Leiamos então este salmo com vagar e a nossa
alma sentir-se-á reconfortada.
Recita-se este salmo no Oficio de defuntos como
uma prece para que o Senhor acompanhe e guarde a
alma nessa terra desconhecida e de terrível mistério em
que se entra após a morte. — Que o Senhor ie guarde
de todo 0 mal, que ie guarde a tua pessoa, que guarde
a tua entrada e a tua saida, agora e por iodo o sempre.
(Liç. da Vulg.)

SiLNO 121

In trodução: Entusiástico cântico em que os peregrinos expri­


miam, ao chegar a Jerusalém, a alegria e alvoroço que sentiam de
se verem alfim na cidade santa, e pediam a Deus a prosperidade
da mesma. (1)
E»^v,
I — Alegria do peregrino ao chegar a Jerusalém .

— Vamos à casa de Yahwehl


Eis que já nossos pés estSo
no limiar das tuas portas, 6 Jerusalém

Jerusalém... edificada para ser a cidade


onde todos nos reunimos I
Ali sobem as tribus,
as tribus de Yahweh
Segundo a lei dc Israel,
para celebrar o nome de Yahweh.

(I) Podemos aplicar este salmo à Jerusalém mística que é neste


0 a Igreja, e no outro a Pátria Celeste.

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II— Prece pela prosperidade de Jerusalém .

Ali está estabelecida a sede do Govêrno


a sede da casa de David.
Pedi pois a paz para Jerusalém.
— Que prosperem os que te amam I

Que reine a paz nos teus muros,


e a abundância nos teus palácios.
Por causa dos meus irmãos e amigos
desejo-te a paz,
Por causa de Yahweh nosso Deus
desejo-te a felicidade.

Considerações e aplicações liiúrgicas: Quantas


sao as significações místicas de Jerusalém e da casa
do Senhor tantas são as aplicações que deste salmo
podemos fazer.
Uma das mais notáveis é a feita pela Santa Igreja
à Santíssima Virgem no seu respectivo Ofício. (Ad
Vésp.)
Na Sagrada Liturgia encontramos muitas vezes o
primeiro versículo deste salmo empregado para expri­
mir o anseio da alma cristã pela casa do Espôso, quer
seja simplesmente o templo ou a morada celeste, quer
num sentido mais elevado e perfeito a união com Ele.

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Compleíaâ
SALMO 6 6 1 ^ ( 1 )

Introdução: O salmista, gravemente doente, ou fõsse de


doença natural, ou fõsse do extremo arrependimento dos seus
pecados, suplica a Deus que o cure, invocando o interêsse da gló­
ria do mesmo Deus, para que os inimigos não cantem vilória. (2)

l —(Salm . 6). Apressai-vos, Senhor, em curar-me.

Yahweh, não me repreendais indignado


não me castigueis irado, (3)
Tende piedade de mim, Yahweh, que estou desfalecido,
curai-me porque tenho os ossos assombrados,
E a alma cheia de espanto...
Mas Vós, Yahweh... até quando?!

(J) Segundo Hontelm, Zenner e outros, estes dois salmos aSo apenas
duas partes do mesmo salmo. O coleccionador encontrando as duas p a rta,
correspondentes aos dois coros, escritas separadamente, como estavam para
uso dos cantores, InserIu-as também separadamente na colecçfio, dando um
número a cada uma, como se fossem dois salmos. A hipótese é engenhosa.
Como o facto dos dois salmos, assim juntos e
0 todo nm sentido mais harmônico e
toma bastante plausível, e como por ontro lado o sentido em nada flea pre­
judicado, sendo fàcilmente distinguível e separável o que ê dum e doutro,
aceltámo-ia pela autoridade dos autores e padrinhos.
(2) Esle salmo pode apllcar-se tanto a J. Cristo sofrendo pelos nossos
pecados e pedindo a seu PsI a sua ressurreição e glorlflcaçBo, como á alma
pecadora e penitente, que geme a sua miséria e pede a Deus que a cure ou
emende.
(3) Pensamento delicad oPed e-se a Deus, nSo que nfio casilgue,
porque se tem consciência de merecer., castigo, e se acellsm os castigos
SBlutares como coslumam ser as dores e penas desta vida, mas que nfio
castigue Indignado, encolerlzado, como quando castiga com a subtracçfio de

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II — (Salm. 12). Até quando me abandonareis ?

Até quando me esquècereis Vós sem pre?!


Até quando me ocultareis a fa c e ?!
Até quando atormentarei a minha alma,
e magoarei o meu coraçSo, noite e d ia ?!

Até quando se levantará o inimigo contra mim?I


Olhai e respondei, Yahweh meu Deus! (1)

III — (Salm. 6). Salvai-m e, Senhor, porque estou


às portas da morte.

Mais uma vez, Yahweh, libertai-me,


salvai-me pela vossa benevolência,
Porque na morte não sereis lembrado;
na mansão da morte quem vos louvará? I (2)

Esgoto-me a gemer,
todas as noites banho o leito em prantos,
inundo a cama de lágrimas.
Consumiu-se-me a vista de mágoa,
está obscurecida por causa de todos os meus inimigos.

(I) Dtua pnreee algumoa vezes esquicer-se de nós, deixando-nos


sofrer sem atender às nossas prçpes, por motivos que só a sua Infinita sabe­
doria e bondade conhece, mas sempre para nosso bem, como havemos de
conhecer plenamente no céu, e como chegamos a conhecer algumas vezes até

dados ainda, no tempo de David, pela Revelaçào, julgavam que ela, antes
da ressurrelçlo finalj jazeria numa espécie de letargo incoiiscienie, num
estado de trevas e esquecimento, numa mela vida, que a todos causava
horror. Daqui o dizer o aalmisla qne nào poderia louvar a Deus no estado

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■ IV — (Salm. 12). Continuai a dispensar-m e a luz
da vida para que n ão triunfem os meus inimigos.

Dai-me luz aos olhos para que não adormeça na morte, (1)
nâo diga o meu inimigo: «Levei a melhor dele.»

i veem abalado: (2)


mas eu tenho confiança na vossa benevolência.
0 meu coração rejubilará pelo vosso salutar auxílio;
cantarei a Yahweh porque me haverá dado satisfação.

V — (Salm. 6). Deus vai castigar os inimigos e


cobri-los de confusão.

Afastai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade, (3)


porque Yahweh ouviu o clamor do meu pranto!
Yahweh ouviu a minha súplica,
Yahweh, acolhe a minha prece!

Os meus inimigos vão ser confundidos e cheios de espanto I


Sem que o esperem, vão ser, mais uma vez, confundidos.

Co nside raçõ e s e a plicações litú rgica s : Suma­


mente angustioso e triste é aquele estádio da vida espi­
ritual a que os autores chamam a via purgativa, em
que a alma sinceramente penitente, gemendo e cho­

co A ialia de luz, ou o anuvear-se a vista aos doentes, costuma S(


um sintoma de moite. Por Isso o salmista identificando a vida com a li
dos olhos, pede a Deus que nSo lhe falte com ela.
(2) Cada vez que os Inimigos o viam oscilando enfre a vida e
morte, regozIJavam-se pensando que em breve se finaria,
(3) Estas palavras eqüivalem á exclamação em língua vulgar;-
•Fora, tora! Sua, sus... que o Senhor ouviu a minha precel»

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rando nas agonias da ascese, se vai purificando, mais
ou menos lentamente, daquele fluido de pecado de que
se sente embebida ainda alé ao âmago.
Lembrar-se de que tanta vez e com tanta malícia
ofendeu o seu Deus, esmaga-llie o coraçSo; ver que
muito tem ainda que 0 desgoste, desassocega-a e
aflige-a; saber que é muito provável que venha a
ofendê-10 gravemente alguma vez mais, aterroriza-a;
ter de lutar constantemente contra as suas faltas e de­
feitos, sem cessar renascentes, fatiga-a, e a inabalável
continuidade da sua miséria, ao parecer jamais dimi­
nuída e tantas vezes acrescida, deprime-lhe o ânimo e
enche-a dum tédio insuportável. É entáo que bem pode
compreend.er e apreciar este salmo — primeiro dos pe­
nitenciais. Nele encontrará acentos divinamente inspi­
rados com que exaltar no coração de Deus as suas
mágoas e arrependimento, e sentidas súplicas com que
atrair-Lhe a incansável misericórdia.
Algo de semelhante deve ser o estágio da alma no
Purgatório, e por isso a Igreja lhe aplica o mesmo
salmo, por antífona, no Ofício de Defuntos, com a
ardente súplica: — Mais uma vez, Senhor, libertai-me,
porque na morte não sereis lembrado.
Aplicado à Santíssima Virgem na festa das Dores
exprime a angústia imensa da sua alma nos vários
transes dolorosos da sua vida mortal.

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SALNO 7

Inlrodução: Sentido brado duma alma perseguida e calu­


niada, que pede a Deus que a socorra e lhe faça justiça contra os
seus inimigos. O estado da alma suposto nesle salmo convém à
Pessoa de Jesus Cristo perseguido e caluniado pelos inimigos, ou
ainda a cada um dos fiéis sempre perseguido de lenlações.

I — Acudi-me, meu Deus.

Yahweh meu Deus,


ao abrigo de Vós me pús!

Salvai-me de todos os que me perseguem,


e livrai-me...
Não me dilacere ele como um leão, (1)
sem que alguém me arranque ou me livre da*s suas garras.

II — Estou inocente.

Yahweh meu Deus,


se fiz isso, (2)
se alguma iniqüidade se me apegou às mãos,
Se fiz mal ao meu amigo,
se molestei o que me atacou sem motivo,

Que o inimigo me persiga e me alcance,


que me calque a vida aos pés,
que me deite a alma no p ó ! (3)

(I) .Um le a o > :-0 principal inimigo do salmista, talvez Saúl.Em


senlido místico, aquele lelo de que Isla S. Pedro, que ruge C(
em volta de nós procurando tragar-nos. Isto é , - o

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III — Senhor fa z e i púbiica justiça à minha ino­
cência caluniada.

Levantai-vos, Yahweh, encolerizado,


erguei-vos irado acima dos meus inimigos. (I)
Despertai em meu favor,
ordenando um julgamento.

depois voltai ao alto elevando-vos acima delas.

Yahweh, julgai os povos,


julgai-me segundo a vossa justiça,
segundo a integridade que me assiste.

Oh, ponde têrmo à maldade dos ímpios,


e fortalecei o justo.
Vós que sondais os corações e os rins, (2)
ó Elohim justo.

I V — Deus dispõe-se a castigar o s inimigos do


salm ista.

, 0 meu escudo protector é Elohim,


0 salvador de quem tem o coraçSo recto.

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Elohim éu m juiz justo;
está sempre disposto a punir o mal. (1)
Sini, mais uma vez afia a espada,
retesa e prepara o arco,
Prepara contra o impio armas mortíferas,
envia flechas incendiárias. (2)

V — O ímpio vem a ser vítima do m al que prem e­


ditava.

Eis o impio nos transes do parto da iniqüidade:


— Concebeu uma maldade, e dá à luz... uma decepçãoI (3)
Abriu uma cova, aprofundou-a.
e ... cairá na cova que abriu.

A maldade que pratica recair-lhe-á na cabeça,


no crâneo lhe virá cair com força. (4)

Hei-de louvar a Yahweh pela sua justiça,


hei-de modular um salmo ao nome de Yahweh.

( 1) Lilerâlmente: - «É um Deus que se Irrita todos os dias».


(2) As nechas incendiárias sSo o ralo.
(3) «Dá á luz uma decepçlo», nfio, porque nfio realize algumas vezes
o que Intenta, mas porque o mal que faz aos bons sòmente lhes poderá
aproveitar, ao passo que a ele ímpio lhe retribuirá Deus e com usura, mas
desta vez sem proveito algum seu.
(4) O salmista pinta aqnl o desapontamento dos maus ao verem que
Dens laz reverter em bem dos seus fiéis as maquinscOes eom que os perse-
guiam, o que lem lugar algumas vezes neste mundo, mas que se realizará
sobretudo na outra vida. Compara esse desaponlamento ao de quem dá á
luz um monstro Inteiramente distinto do que era de esperar, de quem abriu
uma cova para caçar feras e nela se vé afinal prisioneiro, dc quem arre­
messou com intençOes malévolas uma pedra que lhe vem cair aobre o pró­
prio cráneo, tal Aman crucificado na cmz que preparara para Mardoqueu.

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Considerações e aplicações litúrgicas • Outro
salmo eminentemente próprio para a hora de Comple­
tas, — a oração da noite I
A alma penitente, acabando de medir, no seu exa­
me de consciência diário, o terrivelmente precário da
sua situação espiritual, — encarniçadamente combatida
a toda a hora pelos seus inimigos, e, duma forma espe­
cial, pelos demônios, insufladores de todas as tentações
— sente necessidade de clamar angustiadamente pelo
seu Deus, a sua única esperança de salvação, e um
clamor angustiado contra os inimigos é todo este
salmo.
Oxalá possamos protestar também, ao pedir o au­
xílio divino: — Senhor, não fiz isso, se alguma iniqüi­
dade se me a p e g o u ..., e dizer com segurança:—yu/ga/-
~me segundo a vossa jusiiça'J
Na estrofe V abre-se-nos uma reconfortante visão
de esperança augurando-nos,— o que mais tarde diriam
S. Paulo e S. Agostinho: — «Que aos que amam a Deus,
tudo ajuda para bem, até os p ecados!» y' ,

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TERÇA-FEIRA

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Mah

SALHO 34

Introdução: O Salmista catuniado e perseguido petos ini­


migos, fundamente magoado peta sua ingratidão, aflito dos perigos
que corre, pede a Deus que o defenda frustrando os designios dos
perseguidores, e promete em troca dar públicas acções de graças.
O Sal ista representava nesta circunstância a N. S. Jesus Cristo,
que a si mesmo aplicou vários versiculos do salmo. (1)

I — Vinde em meu auxiiio. S en hor!


Yahweh, combatei os que me combatem.
fazei guerra aos que me fazem guerra.
Tomai 0 pequeno e o grande escudo,
e levantai-vos para me socorrer. (2)

Tomai a lança e cortai o passo


aos meus perseguidores:
Dizei-me, Yahweh,
< — Sou a tua salvação».

// — Derrotai os meus inimigos.


Que sejam confundidos e cobertos de vergonha,
os que me querem tirar a vida.

(1) Coiil. Joan. XV, 25: Acl. I, 30; Rnin. II. 7 a 10. Todas catas
ciladas e pcrscgiiiçOes dc que se queixa o salmista, sc referem cm geral aos
soirimcntos de N. S. Jesus Cristo sendo porém difícil estabelecer pormenori­
zadamente a corrcspondíiicia.
(2) Mctálorn tirada dos usos guerreiros do tempo. Como se vê, o Sal­
mista representa-nos Deus sob a tigiira dum guerreiro, e cada gueneir.Q,t(fifa
dois escudos, —um pequeno que levava no braço « com quej^fjíX-ya os gol­
pes, outro grande que o escudeiro levava, e cjynjfjé' sc abrigava naigum
combate mais renhido.

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Que recutm cobertos de opróbrio,
os que tramam a minha desgraça.

Que sejam como a moinha que o vento arrasta,


E que 0 anjo de Yahweh os impila:
Que lhes seja tenebroso e resvaladio o caminho,
e que o anjo de Yahweh os persiga. (I)

III — Que sejam vítimas do m al que tramam.

IV — Revoltante perfídia e ingrati


migos.

5 de que não lenho consciência. (2)


Pagam-me o bem com o mai,
tramam a minha perdição.

( 1 ) 0 anjo ° ®"Ío da guarda ou tutelar de Israel..


(2) Provérbio oriental.

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E eu, quando êles estavam doentes, vestia-me de cilicio,
morfificava-me com jejuns, (1)
e a minlia oração recaia-me sem cessar no seio. (2)
Como se fôsse por amigo ou por irmão, andava pesaroso,
como se trouxesse luto de mãe, andava atlito, cabisbaixo. (3)

Mas êles, ao ver-me inseguro, regozijam-se e conjuram-se,


Conjuram-se para me agredir, sem que eu saiba porquê, (4)
Abocanham-me sem cessar,
põem-me á prova, cobrem-me de motas,
rangem os dentes contra mim.

V — Que não me torne o ludibrio deles.

Adonai, até quando contemplareis isto?!


Furtai-me a vida aos ataques deles,
0 meu único bem a esses leõezinhos.
D ar-vos-ei graças na grande assembleia,
louvar-vos-ei rodeado de numeroso povo. (5)
Que não gozem à minha custa os meus pérfidos inimigos,
que os que me odeiam sem razão não andem piscando os

(1) o clIiclo era uma espécie de vestido ao mesmo tempo de tristeza


e penitência. Consistia numa pele de cabra, que se usava Imediatamente
sobre a oame com o pélo voltado para o Interior. .
(2) Maneira poética de dizer que tinha a cabeça pendida aobre o
peito, pela nimia tristeza e abatimento em que se encontrava.
(3) Quem anda acabrunhado por um desgôsto caminha de ordinário

>rque o Sal-
nSo 0 acu­
sava a sua consciência porque nenhum crime havia cometido.
(5) «Grande assembleia . . . numeroso povo*. . . : — Os que desejavam
viver em paz com todos, os pacíficos habitantes do pais, como o Salmista se
expressa pouco depois, e que eram a maioria do povo, ainda que de sua
natureza, maioria sempre inerte. É com estes que o Salmista, salvo por Deus,
e apossado do poder, segundo a promessa divina, promete dar graçaa. Mlstl-
camente porém esta grande assembleia é a dos qrentes, a Igreja, na qnal e
como seu chefe, Jeaus dará graças ao Pal por todos os séculos dos séculos.

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Porque não é de paz que tratam,
a respeito dos pacíficos habitantes do pais.
Perfidias, é o que êles meditam!
. . . E fazem-me visagens.
D iz e n d o :-« A h ... a h . . . !
Regala-nos vê-lo!»

VI— Que sejam castigados os impios e eu vos lour


varei com os justos.

Bem o vêdes, Yahwehl Não continueis silencioso!


não vos conserveis de largo I
Levantai-vos, AdonaiI Despertai! . .
. . . para me fazer justiça, meu Deus . . (1)
Adonai, para combater em meu favor!
Julgai-me segundo a vossa justiça,
Yahweh meu D eus!

Que não digam em seu coração:


« — Ah, até que enfim que o logramos!»
Que não digam: — Já o tragamos I »
Que não se regozijem a meu respeito! (2)

Que sejam confundidos e cobertos de opróbrio todos à uma,


os que se regozijam da minha desgraça.
Que sejam cheios de vergonha e confusão,
os que se levantam orgulhosamente contra mim.

Que exultem e se alegrem,


os que são favoráveis ao meu direito.

(1) A justiça que David esperava de Deus era o cumprimento da pro­


messa qne lhe fizera, sagrando-o rei pelas mSos de Samuel, de lhe entregar
o govãmo da naçSo, govêrao por isso mesmo Injustamente detido por Saul.
Referlodo-se a N. S. J. Cristo, a justiça era a sua rcssutrelçBo e triunfo sobre
os maus, o qual aerá completo no fim do mundo.
(2) Ao ler esta dIscrIçSo tBo viva julgamos ver os Inimigos de Jesus
passeando, rindo-ae e mofando, diante da cmz onde Ele agonizava.

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Que sem cessar digam:
- Glória a Yahweh,
que é favorável à paz do seu servo!
E a minha língua há de publicar a vossa justiça,
0 vosso louvor todo o dia.

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: Esie sal­


mo faz-nos meditar mais uma vez sôbre a pérfida mal­
vadez dos inimigos de Jesus, e as terríveis angústias
do seu coração, ao verrse rejeitado, caluniado, perse­
guido e finalmente condenado à morte com tanta injus­
tiça como ingratidão.
Como se compreende assim a profunda mágoa e
indignação, a qual, tirando-lhe a forma imprecativa —
questão de estilo do Salmista, — não é senão demasia­
damente justificada.
Recitemo-lo pois com espirito de compaixão pelos
sofrimentos do nosso amável Redentor, e dor dos nos­
sos pecados que foram a causa do seu sofrer.
Fartas ocasiões teremos também de o aplicar a nós
mesmos e à Igreja militante pedindo a Deus que com­
bata os que nos combatem, e corte o passo ao s que nos
fazem guerra, isto é, os inimigos da nossa alma.
Este é também o sentido litúrgico da Santa Igreja
nas várias oportunidades em que aplica este salmo.

II Nocturno
SAllO 36
Introdução: Salmo sapiencial, alfabético, versando o pro­
blema da felicidade e prosperidade dos maus em contraste, quase
sempre, com os sofrimentos e sorte adversa dos Justos neste mundo.
0 salmista procura precaver os fiéis contra a tentaçüo permanente

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que este fa d o constitui para as almas de f é pouco firm e, insistindo
sobretudo neste argum ento: — Que a prosperidade dos maus é
transitória, que a sua posteridade não se manterá, e que são os
mansos e justos os que virão a possuir a terra. (I)

I — O justo não deve perturbar-se perante a pros­


peridade dos maus.

' Não te irrites por causa dos maus,


nem invejes os fabricantes de iniquidades,
Porque, como o fi
como a verde relva, em breve hio-de secar.

Confia em Yahweh e pratica o bem,


sè fiel, pacífico habitante do pais, (2)
E terás em Yahweh as tuas delicias,
e êle realizará os desejos do teu coraçáo.

Entrega a Yahweh a tua sorte,


confia nele, e Ele procederá:
Fará brilhar a tua justiça como a luz,
e resplandecer o teu direito como o pleno meio dia.

Aquiesce à vontade de Yahweh, espera nele com paciência. (3)

Não te irrites por causa daqueles cuja via prospera,


do que sai bem das suas intrigas.

Delxa*te de arrebates,
não te irrites: isso só te serviria para tua desgraça.
Porque os maus serão exterminados,
e os que esperam em Yahweh é que hão-de possuir o país.

(1) A terra, o país, de que aqui se trata, é a Palestina, a terra da


Promissão, mas em sentido místico é o céu.
(2) Outros Interpretaram: Sntisfaz-te com a vontade de Deus, isto é
com os bens que Ele prometeu, —cora as suas riquezas.
(8) L It.-Está em slieuclo diante de Yahweh.

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Ainda um pouco e já o mau não existirá,
Se oihares para o lugar onde estava terá desaparecido.
Mas os humildes possuirão o país,
gozarão as delícias de uma profunda paz.

I I — O mau é muitas vezes castigado durante a


vida, e sem pte após a morte.

O impio conspira contra o justo,


e range os dentes contra êle:
Mas Adonai ri-se do ímpio,
porque vê que o seu dia está próximo.

0 mau desembainha a espada e retesa o arco,


para prostrar o pobre oprimido
para Imolar aqueles que seguem o recto caminho,
Mas a sua espada há-de trespassar-lhe o coração,
e 0 seu arco será quebrado.

Vale mais o pouco do justo,


do que a opulência da multidão dos impios,
Porque o braço dos ímpios será quebrado,
enquanto que Yahweh será o amparo dos justos.

Yahweh conhece os dias dos homens honrados,


e a herança dêles permanecerá para sempre.
No dia da desgraça não serão confundidos,
e no tempo da fome serão saciados. 0 )

Mas os impios perecerão,


e os inimigos de Yahweh...
Desvanecer-se-ão como o viço dos prados,
sum ir-se-ão como o fumo. (2)

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O ímpio pede emprestado e não paga:
mas 0 justo gosta de fazer bem e dá esmolas.
Sim, os que bendizem a Deus possuirão o país,
e os que o maldizem serão exterminados. (1)

III — Deus abençoa o ju sio e a sua posteridade,


m as castiga o mau e exterm ina-lhe a raça.
Yahweh dirige os passos do homem justo,
e compraz-se em sua via.
Se cai não se estenderá por terra,
. porque Yahweh o sustém pela mão.

Fui moço e eis-me entrado na velhice,


e nunca vi o justo abandonado,
nem a sua posteridade mendigando o pão,
Todos os dias se mostra generoso e empresta,
e a sua posteridade vive coberta de bênçãos.

Conserva-te afastado do mal e pratica o bem,


e permanecerás por todo o sempre,
Porque Yahweh ama o que é direito,
e não abandona os seus fiéis.

e a posteridade dos impios será exterminada.


Os justos possuirão o pais,
e habitarão nele para sempre.

IV — D eus não abandona jam ais o ju sio às insí­


d ias do Impio.
Os lábios do justo proferem sapiência;
e a sua Ungua diz o que é direito,

a caridade do justo, nSo tanto para mostrar a virtude de um e a


má lé do ontro,como pata mostrar que o justo, eom a bênçSo de Deus, pode
vir a abundar e o ímpio a empobrecer.

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Tem a Lei de Deus no seu coraçio,
e os seus pés jamais trepidam.

O ímpio espia o justo,


e procura dar-lhe a morte,
Mas Yahweh não o abandona nas mãos dêle:
Quando tôr julgado não o deixará condenar.

Espera em Yahweh e guarda a sua via :

Ele te exaltará e te fará possuir o país,


e verás o extermínio dos impios.

V — O Salm ista serve-se da experiência própria


p ara o confirmar.

Eu vi um impio no seu apogeu,


elevado como os cedros do Líbano,
Mas passei, e já êle não existia,
busquei-o e não o pude encontrar.

Observa a honestidade e pratica a rectidão,


porque um feliz futuro aguarda o homem pacifico.
Mas os pecadores serão destruídos todos à uma,
e os impios serão privados dum futuro feliz.

A salvação dos justos vem de Yahweh,


Ele é para êles um refúgio no tempo da tributação.
Yahweh ajuda-os e livra-os.
Livra-os dos ímpios,
e salva-os porque se abrigam nele.

Considerações e aplicações litúrgicas: Através


da solução imperfeita que o problema da sorte dos
bons e dos maus, neste mundo, comportava para os
israelistas, todos apegados ao tangível e palpável, nós,
como espirituais e iluminados pela luz do Evangelho,

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devemos ver aquela outra muito mais perfeita que do
mesmo nos dá a nossa fé.
N ão te irrites por causa dos m au s!
Bem se sabe que o ímpio conspira constantemente
conira o Justo, que desem bainha a espada das suas vio­
lências, e retesa o arco da sua malvadez para disparar
as setas das suas mentiras e calúnias contra a Igreja e
os seus fiéis, para imolar os que seguem o recto cami­
nho. — Mas 0 Senhor ri-se do impio, e todos os seus
manejos serão baldados, pois nada será capaz de nos
separar da Caridade de Cristo se o não quisermos,
antes tudo nos ajudará a conseguir o Sumo Bem.
A eles, porém, a sua maldade apenas lhe servirá
para perda eterna, porque a espada do ímpio há-de
trespassar-lhes o próprio coração.
N ão invejes os fabricantes de iniqüidade, aqueles
que só vivem para a carne e suas concupiscências,
nem todos os seus prazeres e delícias!
Este mundo é deles. . . e nós não somos deste
mundo! A eles basta-lhes «viver a sua vida», com
todo 0 realismo que esta expressão encerra, contanto
que a um prazer se suceda logo outro, e o tempo lhes
vá decorrendo num redopio febril, gozando e buscando
que gozar. A nós, só nos basta viver a vida do pró­
prio Deus com todas as delícias que nela se conteem.
Eles têm, apesar de tudo, as suas bondades para
recompensar. Essa recompensa têm de recebê-la aqui,
visto que prescindem da felicidade eterna, e Deus prevê
que efectivamente a não hão-de merecer. E nós temos
as nossas faltas que é necessário purificar, as nossas
aderências aos bens falazes que é necessário cortar

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para que adiramos única e exclusivamente ao Sumo
Bem. Ora 0 grande elemento purificador das almas é
0 sofrimento.
Não invejemos pois a sorte dos gozadores e videi­
ros, porque nos aguarda uma felicidade eterna e supe­
rior a tudo 0 que podem ambicionar os nossos desejos
os mais pictóricos.
Diligenciemos, isso sim, conservarmo-nos afastados
do m al e praticar 0 bem. Quanto ao mais, entreguemos
a Deus 0 cuidado da nossa sorte, até mesmo espiritual.
Deixemo-nos conduzir por Ele, aquiescendo à sua San­
tíssima vontade, porque Deus dirige os p assos do homem
justo. Se cair não se estenderá por terra, porque Deus
0 sustém com a mão.
Ele fa r á brilhar a nossa justiça m ais que 0 pleno
meio-dia e gozarem os das delicias de uma profunda paz.

III Nocturno
S U M O S7
In iro d u çio : David, perseguido pelos inimigos, abandonado
dos amigos, reduzido à última miséria pela doença e pelo desgOsto,
reconhece nos seus males ama conseqüência dos seus pecados,
aceita-os com resignação, mas pede a Deus que dele tenha mtsert-
córdta.
Davtd representava N. S . J . Crtsto sofrendo petos pecados
dos homens, e po r tsso lhe põe a Santa Igreja este salmo nos lábios,
sobretudo na sua Paixão.

I — Gravemente doente p o r causa dos seus p eca­


dos . . .
Yahweh, nlo me repreendais indignado,
não me castigueis encolerizado,

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Porque se me cravaram na carne as vossas setas,
e se torna pesada sôbre mim a vossa mJo.

Não há nada são na minha carne por causa da vossa cólera,


não há nada intacto nos meus ossos por causa dos meus
pecados,
Porque as minhas iniquidades dão-me por cima da cabeça,
e pesam-me como um fardo esmagador.

As minhas chagas estão fétidas e purulentas,


por causa da minha loucura. (1)
Ando encurvado e vergado a mais não poder:
todo 0 dia ando aflito;
Porque os meus rins andam cheios de febre,
* e não há nada são na minha carne.

II — Perseguido dos inimigos, abandonado dos


a m ig o s . . .
Estou demasiado desfalecido e alquebrado,
e são rugidos os gemidos do meu c o ra ç á o .. .
Adonai, todos os meus desejos estão na vossa presença,
e os meus gemidos não vos estão ocultos.
Pulsa-me o coração com violência,
vai-me faltando a luz dos olh os.. .

Os meus amigos e companheiros, ao aproximarem-se, param


estarrecidos,
e o s meus parentes conservam-se de largo.
Os que me querem tirar a vida armam-me ciladas,
os que me querem desgraçar vomitam injúrias,
murmuram calúnias todo o dia.

er que esta
doença fosse apenas a doença moral do pecado e coiruçBo da natureza, c que
todas as ezpressSes que parecem referir-ae a uma doença real, se devam

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E eu sou como um surdo que nSo ouve,
como um mudo que não abre a bõea:
Sim, sou como um homem que nada ouve,
em cuja bôca não há réplica.

III — O salm ista pede a Deus que o socorra.


Visto que em Vós, Vahweh, ponho a minha esperança,
haveis de ouvir-me, Adonai meu Deus.
Porque eu confesso a minha iniqüidade,
e estou ansioso por causa do meu pecado. ( I)

Na verdade temo que se venham a regozijar à minha custa,


pois até crescem quando me escorrega o pé.
Porque estou na espectativa de iminentes flagelos,
e assim a minha dor jamais me deixa. (2)

Na verdade têm-se propagado os meus inimigos,


têm-se multiplicado os que me odeiam injustamente;
Sim, os que me pagam o bem com o mal,
e me atacam porque procuro o bem.

Não me abandoneis, Yah w eh .. .


ó meu Deus não vos conserveis afastado!
Apressai-vos em socorrer-me,
ó Adonai que sois a minha salvação.

Considerações e aplicações litúrgicas: Além de


se entender de N. S. Jesus Cristo, do qual está escrito
que «ainda que não tenha cometido pecado algum, nem
se tenha depreendido dolo em sua bôca, pôs Deus nele
a iniqüidade de todos nós, e carregou com os nossos
sofrimentos, suportou as nossas dores», isto é, o que

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havíamos merecido com os nossos pecados, — sentido
que a Igreja adopta, sobretudo no Ofício da Paixão,
(Fer. VI in Parasceve II Noct.) — este salmo pode tam­
bém aplicar*se a cada um de nós, e entender-se dos
nossos males espirituais.
Com ele confessamos as nossas culpas e deplora­
mos diante de Deus as desordens da nossa natureza,
conseqüência do pecado original, pedindo-lhe remédio
para os nossos males. Por isso a Igreja o incluiu no
número dos penitenciais.
Os Santos Padres, em geral, insistem bastante
sôbre este sentido místico. Assim, as chagas fétidas e
purulenias são as feridas da natureza humana, isto é,
aquelas degenerescênciás e deformações do ser moral
de que o homem ficou sofrendo desde a queda origi­
nal; 0 fogo ardente que consome os rins, é o fogo da
concupiscência; os que me querem tirar a vida e me
armam ciladas, são os nossos inimigos espirituais, etc.
Uma aplicação flagrantemente apropriada é a que
se faz às almas do Purgatório gemendo e expiando as
suas faltas ho meio das chamas. (Of. Def. ad Tert.)

SALMO 38

Introdução i David, aflito, talvez doente, sente-se tentado a


queixar-se de Deus, mas dispõe-se a resistir, para não dar ao impto
ocasião de murmurar e escarnecer. Porém este esfôrço faz-lhe re­
crudescer a tentação. . . Então põe-se a meditar sôbre o nada da
vida humana, pedindo a Deus que lho faça compreender. Orando
e meditando, vem a compreender que Deus é o seu único bem, e que
se 0 faz sofrer é para o punir e purificar dos seus pecados. Ter­
mina com uma ardente e sentida prece pedindo a Deus ainda um
pouco de alivio antes da morte.

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I — David, tentado a queixar-se de Deus, resiste
meditando no nada da vida humana.

Eu havia dito: — Veiarei pelas minhas vias


para não pecar pela língua:
Refrearei a bôca
enquanto o ímpio estiver presente. (1)

Calei-me... inclinando-me...,
guardei silêncio, m as... sem o bem ...
e a minha dor exacerbou-se-m e!
0 coração abrasou-se-me no peito,
lavrou nele um incêndio enquanto reflectia,
e as palavras vieram pôr-se-m e sôbre a lingua.

(D isse): - Yahweh, dai-me a conhecer o meu fim,


qual é a medida dos meus d ias...
Que eu saiba quão perecível sou!
A palma da mão, eis a medida que destes aos meus dias,
e a minha duração é nada perante V ós...
Um sôpro apenas, eis o que é o homem!

II — Reconhece que é m erecido o castigo que sofre.

0 homem anda flutuando como pura tantasmagoria.


Por um sôpro apenas, agita-se e faz ruido.
Amontoa e não sabe quem virá a recolher.
E então que posso eu esperar?!
Mas não está em Vós, Adonai, a minha esperança? 1

Libertai-me de todas as minhas iniquidades,


não me torneis o escárneo do insensato.
Desviai de mim os vossos açoutes,
que sucumbo sob o rigor da vossa mão. (2)

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Calo-m e... Nâo abro a bôca,
porque é obra vossa. (1)
Com castigos merecidos pela ii
destruis-lhe ã beleza como a tra ça ...
Um sôpro apenas, eis o que é o homem!

III — Suplica a Deus que lhe conceda ao menos


um pequeno alivio.

Escutai, Vahweh, a minha prece,


prestai ouvidos ao meu clamor.
Não sejais insensível às minhas lágrimas, (2)
porque sou um hóspede em vossa casa,
uma visita de pouca demora como todos os nossos pais.

Desviai de mim o vosso olhar,


ao menos durante uma réstea de sol, (3)
antes que me vá e desapareça.

Considerações e aplicações litúrgicas: Dentre


todos os dissabores, provas e tribulações que Deus nos
envia sâo especialmente amargos esses momentos em
que ao embate das desilusões da vida, — das traições,
reviravoltas da sorte e insucessos vários, até mesmo de
ordem espiritual, — nos parece que tudo tem sido
errado, tudo inútil, tudo irremediàvelmente perdido,
após talvez porfiados e dolorosos esforços durante
largo tempo feitos!

( \) Versículo 10 e 12 ( b ) d« Vulg; - Obmutui, etc.


(2y L lt:-an tc as minhas lágrimas n9o vos conserveis mudo.
(3) Provérbio oriental. Às vezes com tempo nublado e ventoso ras­
ga-se, na capa de nuvens que nos oculta o sol, uma abertura por onde sc
projeU uma réstea, uma toalha de luz, que se desloca com rapidez e depressa
desaparece no horizonte, sendo no entanto um claro no meio da obscuridade.
Tal o momento de alívio que o salmista pedia a Deus. «Desviai de mim os
olhos»... encolerizados.

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Invade-nos então às vezes um tédio e um despeito
mortais, e sentimo-nos levados à revolta, talvez até à
blasfêmia.
É a ocasião de dizer: — Calo-me porque é obra
vossa 1
Os juízos de Deus são incompreensíveis e as suas
vias imprescruláveis! — Delas nada mais sabemos que
0 princípio — o seu inefável amor para connosco, e o
fim^— a superabundante felicidade a que nos quere
conduzir. E nunca esta máxima é tão verdadeira como
quando se trata da nossa vida espiritual.
Quando, pois, desanimados, nos ócorra perguntar
com 0 salmista: — £ agora qué posso ea esperar?!,
respondamos logo reagindo: — iMas não está em Vós,
Senhor, a minha esperança ? !
Sim a nossa esperança está em Deus sòmente!
E enquanto nos restar um alento de vida, enquanto
pudermos elevar para Ele um simples olhar de con­
fiada súplica com sincero arrependimento dos passa­
dos desvarios e decidida vontade de fazer o que em
nós está presentemente para não os repetir, nada está
perdido. Quando nos julgamos mais pobres e destituí­
dos de todo 0 humano recurso é quando estamos mais
perto de ser revestidos das suas inefáveis riquezas.
É então que como meninos nos devemos arrojar nos
braços de Deus com amoroso c cego abandono.
É 0 Se não vos fizerdes como m eninos... do Evan­
gelho, que Santa Teresa do Menino Jesus tão bem
soube compreender e pór em destaque.
Um menino nada tem e nada pode. A sua única
riqueza, a sua irresistível fôrça, são sorrisos e beijos.

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O seu Único recurso nas necessidades é levantar cho­
ramingando os bracinhos para os pais. Por isso mes­
mo nada se lhe exige. Por isso mesmo — por essa sua
impotência, fragilidade e indigência — é que mais se­
guro e rico vive, nada lhe faltando e nada tendo a rc-
ceíar, no brando ninho, no abrigo couraçado do amo­
roso carinho e terna solicitude de seus pais.
É pois como meninos — embora não perdendo de
vista que o não fomos talvez para pecar, e que com
castigos m erecidos pela iniqüidade corrige Deus o ho­
mem — que nos insucessos, desastres e várias tribula-
çOes da vida, devemos elevar ao nosso Pai do Céu os
nossos braços suplicantes dizendo: — A fastai de mim,
Senhor, os vossos açouíes. (Antif.)

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Laudes I

ln»roduç3o: Simples mas belo cântico de louvor a Deus


celebrando o seu reinbdo absoluio e perfeito sobre todos os seres.

/ — Glória a Deus, o único verdadeiro.

Cantai a Yahweh um cântico novo,


cantai a Yahweh, terra inteira,
cantai a Yahweh, bem-dizei-lhe o nome.

Publicai cada dia o seu salutar auxilio,


narrai a sua glória entre as nações,
as suas maravilhas entre os povos.

Porque Yahweh é grande e muito digno de louvor,


mais de temer que todos os Elohim,
porque todos os Elohim das nações são nadas. (1)

II — Glória a Deus Criador Supremo.

Yahweh porém é o autor dos céus,


0 esplendor e a magnificência moram na sua presença,
0 poder e a majestade no seu santuário.

Dai a Yahweh, familias das nações,


dai a Yahweh a glória e o poder,
dai a Yahweh a glória devida ao seu nome.

(I) V u lg .«P o rq u e todos os deuses das naçSes sSo demônios».

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:S e vinde aos átrios seus,
prostrai-vos ante Yahweh com vestes sagradas
tremei ante Ele habitantes todos da terra.

III — Que toda a natureza d ê glória a Deus por­


que tom a 0 governo do Universo.

Dizei entre as naçSes: — Reina Yahweh!


Por isso a terí^ está firme e não cambaleia,
Ele governa os povos com rectidão.

e os céus,
exulte a terra,
solte 0 mar e tudo o que contém os seus bramidos.
Alegrem-se os campos e tudo o que neles há,
exultem todas as árvores das florestas em seu devido
tempo, (I)
ante a face de Yahweh, porque vem.

Sim, Ele vem para governar a terra,


governará o mundo com justiça,
e os povos segundo a sua fidelidade. (2)

Consideraçdès e aplicações litúrgicas: Este sal­


mo tem um carácter universalista nitidamente acentuado.
Nao é já Israel que é convidado a louvar a Deus, e a

(1) 0 salmista parece aludir ao despertar da vegetação na primavera.


(2) Os Santos Padres entenderam êste aalmo da vinda do Ftllio dc
Deus a salvar os homens. Os térmos grandiosos deste salmo parece convir
mais i segunda vinda de Jesus Cristo, mas sem excluir a primeira. De resto
primeira e segunda vinda sio o inicio e o têrmo de uma mesma obra - a
Redençáo do Gênero Humano, e por isso nlo se separavam no espírito do

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vir aos átrios seus irazer-lhe oferendas, mas todas as
fam ílias das nações, — a terra inteira.
Por isso os Santos Padres viram nele uma profecia
da extensão universal do reino do Messias, — da cato-
licidade, se assim se pode dizer, geográfica e etnográ­
fica da Igreja.
0 que era para eles profecia, é para nós, já hoje,
uma radiosa realidade. Integremo-nos pois neste con-
cêrto universal de louvores, que de toda a terra e a
toda a hora se elevam até ao trono do Altíssimo, ver­
dadeiramente gratos por ter feito brilhar também sóbre
nós a luz da Fé. Supliquemos a Jesus, o Rei Imortal
dos séculos, que intensifique o seu reinado em todas e
cada uma das almas, de forma que nenhuma deixe de
conhecer-lhe o nome, nenhuma fique sem experimentar
a suave atracção do seu amor. Que o fermento divino
da sua doutrina, sempre mais conhecida e praticada,
acabe de levedar toda a massa do Gênero Humano.
Que possa Ele vir depressa transferWo do estado de
viador ao de bem-aventurado.
Vinde, Senhor Jesus, vinde 1 — Que a terra da Hu­
manidade//gue/frme e não m ais cam baleie t
Então entoaremos esse cântico novo que não mais
terá fim 1
Devido ao seu carácter, este salmo entra na com­
posição de numerosos ofícios festivos.
ApIica-se em primeiro lugar à Santíssima Trindade
porque é um convite a louvá-lA. (Fest. SS. Trin. III
Noct. Salm. 1). Aplica-se a N. S. Jesus Cristo em quáse
todas as suas festas: — No Natal e Circuncisão, pondo
em destaque a alegria que veio trazer à terra (Nat,

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Dom. 111 Noct. Salm. 11. Circunc. Dom, 11 Noct. Salm. 111);
na da Epifania, a adoração de que foi objecto por pas­
tores e reis (Epiph. Dom. 111 Noct. Salm. 11); na do
seu Santo Nome, a glória deste mesmo nome (SS. Nom.
Jesu 111 Noct. Salm. 1); na da Invenção e Exaltação da
Santa Cruz, o seu reinado que, desde o trono da Cruz
(segundo a lição de S. Justino e outros Padres), se vai
estendendo à terra inteira. — Reza-se também na Festa
da Dedicação das igrejas (III Noct. Salm. II), pois
<0 poder e a m ajestade moram no seu santuário». —
ApIica-se ainda à Santíssima Virgem, porque, como Mãe
de Deus, é o Santuário do Altíssimo, que Ele preparou
desde toda a eternidade, e onde moram o esplendor e
a magnificência de excepcionalíssimos dons e virtudes.
(Com. Fest; B. M. V. 111 Noct. Salm. I, Fest. Imac. Con-
cept. 111 Noct. Salm. 4). Etc.

SALMOS 41 e 42 (1)

Inlrodução: 0 salmisia, retido no norte da Paleslina devido


à perseguição de que era alvo, saudoso do templo e das funções
sagradas que outrora freqüentava assiduamente, numa ânsia —
qufi ora era esperança, ora se iornava receio — de voltar aos felizes
tempos passados, suplica a Deus que o conduza de novo à Monta­
nha de Sião, fazendo-lhe justiça contra os inimigos.

r i) o silmo 41 laz parte da hora de Sexia désie inesiDo dia, mas


como, segundo a eplnifio quase unánime dos doutos, estes dois salmos cons­
tituíam primitivamente apenas um, sendo o que agora tem o númcio 42 a ter­
ceira estrole deste salmo único, a qual, poi motivos lllúrgicos, lol separada
do conjunto e depois Inserta na colecçío com número próprio, aqui os apre-
aentamos juntos e ligados.

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I — Saudades do templo e do culto divino. Anseios
de ali voltar.

Como a corça suspira


pelas correntes de água.
Assim a minha alma suspira
por Vós. Elohim.

A minha alma tem sêde de Elohim,


do Deus vivo... (1)
Quando poderei ir ver
a face de Elohim? (2)

A minha comida são lágrimas,


noite e dia,
Enquanto me repetem todo o dia;
Onde está o teu D eus?l

Ah t Lembro-me nos desabafos


Íntimos da minha alma
Dos tempos em que entrava no magnífico tabernáculo,
na casa de Elohim.
Ao som de alegres clamores e de hinos de louvor,
por entre ruidosas danças...

Porque estás tu acabrunhada minha alma,


e porque te inquietas dentro de mim?I (3)
Espera em Elohim, porque ainda o hei-de louvar,
a Ele, meu Salvador e meu Deus. (4)

(1) 0 verdadeiro Deua ê o Deus vivo, por oposicKo aos falses deuses,
os deuses sem vida.
(2) «Ver a face de E lo h im » v e r a Deus no sentido de ir ao templo,
assistir às funções religiosas. Em sentido místico, gozar da presença de
Deus no céu.
(3 ) À letra; - Porque ralhas tu dentro de mim ?
(4) À letra:-Salvador da minba face e meu Deue. Hebraismo.

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II — O salm ista queixa-se amorosamente das tri­
bulações porque está passando.

A minha alma continua acabrunhada dentro de mim,


e por isso me lembro de Vós,
De aqui, do país do Jordão, dos picos do Hermon,
das montanhas de Mitsar.
Onda por onda clama,
quando rugem as vossas cataractas;
Todas as vossas ondas e vagas
passam por sobre mim. (1)
Que Yahweh me envie a sua benevolência durante o dia,
e a sua luz durante a noite.

Dirijo a minha prece ao Deus da minha vida,


digo ao Deus meu Rochedo:
— Porque me haveis esquecido ?
Porque hei-de andar aflito,
e sob a opressão do inimigo?

Quebrem-se-m e os ossos,
quando os meus perseguidores me insultam
Dizendo-me todo o dia:
— Onde está o teu D eus?!

Porque estás tu acabrunhada, minha alma,


e porque te Inquietas dentro de mim?!
Espera em Elohim, porque ainda o hei-de louvar,
a Ele, meu Salvador e meu Deus.

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/// — (Salm o 42) Cheio de confiança pede poder
voliar a frequeniar o templo.

Fazei-me justiça, Elohim, e detendei a minha causa,


contra uma nação ímpia, (1)
Do pértido e perverso
livrai-me.

Não sois vós, Elohim, a minhá tortaleza?


Porque me haveis repelido ?
Porque hei-de andar atlito
e sob a opressão do inimigo 7

Enviai-me a vossa luz e a vossa tidelidade.


Que elas me guiem.
Que me conduzam à vossa montanha santa,
ao vosso tabernáculo.

Então acercar-me-ei do altar de Elohim,


do Deus que é o meu gozo.j
Louvar-vos-ei ao som da citara, a vós minha alegria,
Elohim, meu Deus.

Porque estás tu acabrunhada, minha alma,


e porque te inquietas dentro de m im ?!
Espera em Elohlm porque ainda o hei-de louvar,
a Ele, meu Salvador e meu Deus.

Co nside raçõ e s e a plicações litúrgicas: 0 grande


amor; o desejo ardente de uniâo com Deus; a ânsia
de santidade e pureza; a louvável apreensão e santo
temor que leva à penitência, mas que não exclui a con­
fiança, — sentimentos estes de que está repassado este
salmo, são também aqueles com que nos devemos acer­

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car da Sagrada Eucaristia, principalmente para celebrar
ou comungar. As aspirações ou afectos em que esses
sentimentos se exprimem são uma óptima preparação
próxima para esses actos venerandos.
Por isso a Santa Igreja faz recitar este salmo por
todos os sacerdotes antes de subirem ao altar (Salm. 42)
recomenda-o a todos os fiéis sempre que tenham de
comungar, e inclui-o no oficio da Festa do Corpus
Christi. A analogia do estado de alma que se nos
pinta neste salmo com o da Virgem dolorosa, por um
lado, e com os das santas prisioneiras do purgatório
.pelo outro, — guardadas as devidas diferenças — faz
com que a Santa Igreja o inclua no ofício da Festa das
Dores (II Noct. Salm. 3 ) e no dos Fiéis Defuntos
(111 Noct. Salm. 3 ).
Estas amorosas queixas e preces são dardos infla­
mados com que substituindo-nos a essas benditas almas
podemos ferir o coração de Deus a seu favor.
SALHO 66
ln»roduç3o: Ardente anseio pelo total cumprimento das
promessas messiânicas com o completo e perfeito estabelecimento
do reinado de Deus sõbre todos os povos.

/ — Que Deus tenha piedade de Israel para que os


povos O conheçam e louvem.
Que Elohim se amercie de nós e nos abençoe,
que faça resplandecer sobre nós a sua face,
Para que se conheça na terra a vossa v(a,
0 vosso salutar auxilio entre as nações. (I)
( I ) o resplandecer da face de Deus i um olhar cheio de simpalia e
Intertase que cumula de bdnçaoa quem dele é objecto. A via de Deus é a
aua misericordiosa provldíncla para com o povo.

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Louvem-vos os povos, Elohim,
louvem-vos os povos todos.

II — Que Deus conceda à s nações a alegria de


serem p o r E le governadas.

Alegrem-se e exultem as nações,


porque governais o mundo com justiça,
Porque governais os povos com rectidão,
porque dirigis as nações da terra.

Louvem-vos os povos, Elohim,


louvem-vos os povos todos.

III — Que à s bênçãos recebidas se juntem novas


bênçãos.

A terra deu o devido fruto,


Elohim o nosso Deus abençoa-nos.
Que Elohim nosso Deus nos abençoe,
e que todos os confins da terra o reverenciem. (1)

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: Que Deus


se amercie de nós e nos ab en çoe; que Deus fa ç a res-
ptandecer sôbre nós a sua fa c e : — suspira a Santa Igreja,
ao romper da alva, pela bôca dos seus sacerdotes e de

( l) 0 truto a que se refere o salmista parece ser


colheita, mas os Santos Padres e a tradlçlo católica sempre o entenderam,
em sentido místico, da pessoa de Jesus Cristo, o fruto, por excelCnela, da
terra, quanto á Humanidade Santíssima. A ferra tinha dado uma boa colheita,
o que já era uma bênçgo, maa era-o sobretudo por ser prelúdio e aagúrlo de
ouiras Incomparávelmente mais valiosas nas quais Incluis o cumprimento
Integril das promessas meseianlcss, pelo qual o salmista suspirava.

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quantos rezam o Ofício Divino. A F ace de Deus, o seu
Salutar Auxilio, designam, segundo a tradição mística,
0 próprio Jesus Cristo com as graças de redenção que
veio trazer-nos.
Que Deus faça, pois, resplandecer sôbre nós esta
Divina Face, e sôbre todos os povos, para que todos
venham a conhecer prontaiqente o seu Salutar Auxílio
e se alegrem de serem governados por Deus abraçando
gostosamente a sua doutrina.
E ao fazer esta prece lembremo-nos especialmente
dos povos infiéis, herejes e scismáticos, e de todos os
missionários que por lá andam tornando conhecido o
Salutar Auxílio do nosso Deus. O Senhor se amercie
de todos esses povos, que abençoe os trabalhos dos
seus apóstolos, e sôbre todos fa ç a resplandecer a luz
da sua Divina Face.

OAITIGO D l TOMAS

Inlrodução: Tobias, depois que o A njo,S. Rafael lhe reve­


lou quem era, ao v e rse cumulado de bens após ter sido provado
peta adversidade, deixa falar o coração num cântico de amor e
gratidão ao Senhor, em que louva, e convida a louvar com He, as
admiróveis vias da P ro v id ên cia -o Poder, a Sabedoria, a Bon­
dade e Misericórdia infinitas com que iudo encaminha para bem do
homem, ainda quando castiga, como se vê na dispersão de Israel,
que, sendo um castigo merecido, se tornou uma fonte de aposto­
lado. (1)

9 à paite do cântico ir

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Grande sois, Senhor, nas admiráveis vias da vossa
Providência.

Sois grande, Senhor, por todo o sempre,


e 0 vosso reinado estende-se a todos os séculos:
Porque castigais e salvais,
levais 0 homem ao túmulo e de lá o reconduzis,
e não há quem possa furtar-se à vossa mão.

Dai graças ao Senhor, filhos de Israel,


louvai-0 ante as n açõ es;
Porque vos dispersou por entre nações que o ignoram,
para que p
í lhes manifesteis que não há outro Deus Om

Castigou-nos por causa das nossas iniquidades,


salvar-nos-á por causa da sua misericórdia.
Considerai como procedeu para connosco,
e, com temor e tremor, b em -d izei-0;
Glorificai o Rei dos Séculos com as vossas obras.

Quanto a mim, quero bem-dizê-10 nesta terra onde estou captivo


porque mostrou a sua majestade num povo pecador.
Convertei-vos, pois, pecadores, e praticai a justiça diante de Deus,
confiando em que usará convosco de misericórdia;
eu porém regozijar-me-ei nEle de toda a minha alma.

Bem-dizei ao Senhor, vós todos eleitos seus.


Celebrai dias de alegria e cantal-Ihe os seus louvores.

Co nside raçõ e s e aplicações litúrgicas : Também


nós, ainda que vivendo em nações católicas, podemos
dizer, com infelizmente demasiado exacta e flagrante
verdade, que — nos dispersou por entre nações

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que 0 ignoram, para que publiquemos as suas maravi­
lhas, e lhes manifestemos que não há outro Deus Omni-
potente senão Ele.
Que honra! — Mas também que responsabilidade i
Este cântico deve sugerir-nos um exame de cons­
ciência . . . — Como cumprimos a missSo de que fomos
encarregados por Jesus Cristo de sermos sal da terra e
luz do mundo?! Exercemos o apostolado que está ao
nosso alcance, segundo o estado e posição social em
que Deus nos colocou, ou estamos sepultados num vil
egoismo que de nada mais cuida que do seu próprio
interêsse I
Considerai como procedeu para convosco e com
temor e tremor b em -d izei-0 . . . — Quanto a mim, quero
bem-dizê-lO nesta terra onde estou cap íiv o. . .

SAUO 134
Inlrodução: Simples cântico de louvor a Deus po r vários
dos seus benefícios, gerais alguns, particulares outros, a Israel.

I — Sacerdotes e leviias, louvai d Deus, ao Omni­


potente.
Louvai 0 Nome de Yahweh,
louvai-0, servos de Yahweh,
Que estais (de serviço) na casa dc Yahweh,
nos átrios da morada do nosso Deus.

Louvai Yahweh porque é bom Yahweh,


cantai ao seu nome porque é um nome doce
Porque Yahweh escolheu para si Jacob,
escolheu Israel para seu particular tesouro.
Sim, sei que Yahweh é grande,
que 0 nosso Senhor está acima de todos os Elohim.

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Yahweh, tudo o que quere, faz,
no céu e na terra,
nos mares e em todos os oceanos.
Faz elevarem-se as nuvens dos confins da terra,
forma os relâmpagos para produzir chuva,
Tira 0 vento dos seus armazéns.

I I — Louvai a Deus p elos benefícios feitos a Israel.

Foi Ele que deu a morte aos primogênitos no Egito,


desde os do homem até aos do gado.
Fez aparecer sinais e prodígios,
no teu seio, ó Egito,
• contra Faraó e todos os seus súbditos.

Foi Ele que destroçou nações populosas,


e matou reis poderosos,
Qeon, rei dos amorreus,
e Og, rei de Basan,
e todos os reis de Canaan,
E deu a terra deles como herança,
como herança a Israel seu povo.

Yahweh, o vosso nome é um nome (1 ) eterno


Yahweh, a vossa memória subsiste de geraçSo em geraçSo.
Porque Yahweh faz justiça ao seu povo,
e tem compaix3o dos seus servos.

I I I - A inanidade dos ídolos. (2)

Os idolos das nações são de prata e ouro,


são obra das mãos do homem.

( 1) Nome tem aqui a glorillcaçao de fama, renome.


(2) Todo eait trecho sÔbre a Inanidade dos Idoloa é identlee â
ealrole II e III (alguns versículos) do salmo IIS e parece aer um aditamento
tardio.

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Têm boca e n io falam,
têm olhos e não vêm.
Têm ouvidos e não ouvem.
e nem mesmo têm fôlego de vida na bôca.
Que se lhes tomem semelhantes os que os fazem,
e todos 08 que neles confiam.

Casa de Israel bem-dize a Yahweh,


Casa de Aarão bem-dize a Yahweh,
Casa de Levi bem-dize a Yahweh,
que bem-digam a Yahweh todos os que temem a Deus
Das alturas de Sião, bemdito seja Yahweh,
que habita em Jerusalém.

Considerações e aplicações litúrgicas: Ao reci­


tar este salmo, tenhamos bem presente que somos do
povo escolhido, do Israel pela fé, que é a Igreja, e que
Deus nos constituiu em nação santa e sacerdócio real,
à custa de tão estrondosos prodígios e favores, — a
nossa Redenção e todos os maravilhosos benefícios que
ela comporta, — que os outrora operados em favor dos
hebreus não passam de tênues sombras.
Louvemos pois o nome de Deus, a sua Majestade,
0 seu Poder, e em especial a sua Misericórdia — com
tanto mais entusiasmo e gratidão, quanto é maior a
dignidade a que nos elevou e os benefícios de que nos
cumula. Sobretudo nós — os servos de Deus que esta­
mos de serviço na casa de Deus— redobremos de amor
e dedicação cantdndo o nome de Deus porque é bom,
porque é um Nome d o c e . . .

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Laudes II — CânMco de Ezequias
In trod u ção: O santo rei Ezequios, curado de uma grave
doença que o tinha ds portas da morte, pelo profeta Isaias, em
atenção às suas orações, dá graças num canto em que descreve
como às angústias da iminência de uma morte prematura se suce­
deram no seu espirito a paz e a alegria da cura. "

I — As angústias da iminência da morte.

Eu d i z i a :- V o u - m e ...!
A meio dos meus dias I
Ás portas da m o rte ... I
Perco 0 resto dos meus a n os!

Eu d izia: — Não mais verei a Deus


na terra dos vivos I
Não mais verei os homens
entre os habitantes deste mundo! (1)

É-me arrebatada e arrastada para longe a minha morada,


como uma tenda pastoril. (2)

(1) «Ver a Deus>, aqui, como noutras partes da Escritura, significa ir


ao templo, prestar culto a Deus. «Terra dos vivos» é sliónlmo de «este
mundo» do hemlstiqulo correspondente.
(2) Ê multo freqúenfe no Oriente serem as tendas pastoris arrebatadas
por um tufSo ou ciclone subitamente levantado. O Santo Rei na descrição
das angústias da sua doença procede era tudo por meio de ImagenS. A vida
c uma tenda pastoril qne o tufão súbitamente arrebata; ê nm lio que ae vai
dobando, é uma tela qne se vai urdindo; a morte, on a doença, seu Instru­
mento, é «ase tufão, e é um ente maligno que lhe corta o fio da vida, mala;
—que o corta a «le meamo bem cerce, que o celta bem rente para que não
renasça, e é, no grupo de versos seguinte, o leão q

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Eu Ia urdindo, como um tecelão, a minha vida,
mas antes que remate corta-m e ela o fio I

Da manhã à noite terá acabado comigo.


Aquietei-me até de manhã.
Mas ela, como um leão, triturava-m e todos os o s s o s .. .
Da manhã à noite terá acabado comigo.

Plava como uma andorinha implume,


gemia como uma pomba,
Tinha os olhos cansados de olhar para o a l to .. .
— Senhor, a angústia atlrou-se a mim! AcudI-me!

I I — Curado p or Deus.

Que d ig o ? ! — Bem d i t o ...


bem feito I
Já viverei — pelo vosso favor — todos os meus anos I
não obstante esta amargura da minha alma! (1)

Assim é a vida. Senhor I


T ais são as vicissitudes da minha vida;

um doente: frases curtas, incisivas, descosidas, incompletss, embora fáceis


de concluir e de ligar.
0 autor Sagrado embora descreva a situaçlo como pnssada, apresen­
ta-nos as suas exclamaçees como se no mesmo momento as proferisse.
Note-se ainda a beleza do último bemistíquio em que fez da angústia
da morte uma fera que s6bre êle se lança de Improviso e contra a quat grita
por socorro.

mesmo para quem lhe tenha aprendido bem o sentido exacto. Uma traduçáo
-nSo dizemos já-palavra por pslavra, mas simplesmente literal náo nos
dá nem a f«rça nem a graça, nem sequer um sentido aceitável dos dizeres do
Autor. É preciso Interpretar. Mas aqui está outra dificuldade: os intérpre­
tes divergem entre sl enormemente quanto à exprcsaSo e qusnto ao conceito.
Depois de ler e comparar um bom número dêles, apresentamos o sentido

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CÂNTICO DE EZEQUIAS

Táo pronto me castigais, como me vivificais!


Eis porque a minha amargura, no seu auge, se muda em paz.

Abraçastes-vos à minha alma


impedindo-a de cair na cova da perdição.
Lançastes para trás das cestas
todos os meus pecados. (1)

Porque na mansão da morte não se vos celebra,


a morte não canta os vossos louvores.
Os que baixam ã cova
já nâo cantam a vossa fidelidade.

0 vivente, o vivente, s im .. . Esse é que voi celebra,


como eu o faço hoje.
Os pais darão a conhecer aos filhos
a vossa fidelidade.

* III — Acção de graças.

o Senhor foi pronto em Sálvar-me.


Faremos ressoar as cordas da harpa,
Todos os dias da vida,
diante da morada de Deus.

Considerações e aplicações litúrgicas; 0 Cân­


tico de Ezequias, que tão bem exprime as angústias e
a tristeza de sentir-se o roçar horripilante da negra asa
da morte, sobretudo quando prematura, como a do
Santo Rei, e depois a alegria do renascer para a vida,
por uma cura repentina e miraculosa, com muito acérto
foi escolhido para os dias de luto e penitência.

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Com ele nos chama a Santa Igreja a atenção para
a tristeza que é viver sob o império da morte espiri­
tual no estado de pecado mortal, — tristeza que muito
bem pode (é o que mais é de esperar I) acrescer a
angústia horrenda da própria morte corporal que virá
tornar definitiva e irremediável a da alma — a contras­
tar com a alegria de renascer para a vida da graça por
meio de uma confissão humilde e contrita das faltas
cometidas.
Mas ainda que tal não seja sempre o nosso caso,
este cântico aplica-se bem ao nosso estado de cristãos
viadores, sempre em guerra com as nossas enfermida­
des espirituais, ora suplicando a Deus misericórdia,
ora agradecendo o socôrro obtido.
Os acentos doloridos da primeira parte deste cân­
tico e as expressões tão entusiastas e agradecidas da
segunda adaptam-se ainda flagrantemente à situação
das almas do Purgatório implorando de Deus, e depois
agradecendo, a sua libertação. Por isso a Igreja lho
aplica nas Laudes do respectivo Ofício.
Aplicado a N. S. Jesus Cristo nas Laudes de Sá­
bado Santo lembra-nos as angústias da agonia do Re­
dentor, e é ura brado de vitória contra a morle que
por tão pouco tempo póde retê-lo.

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Prima

In iro d u ç io : Composição alfabética constando de preces


angustiadas contra os intmtgos, e actos de confiança na bondade e
justiça de Deus.

/ — N ão vos lembreis, Senhor, dos meus pecados


para minha confusão e castigo.

A Vós, Yahweh, elevo a minha alma,


em Vós, meu Deus, espero continuamente. (I)
Em Vós confio: oxalá não seja confundido,
não exultem os Inimigos a meu respeito.
Não, nenhum dos que esperam em Vós será confundido.. .
Confundidos serão, sim, os que sem motivo procedem
com perfídia.

Yahweh, dai-me a conhecer as vossas vias,


ensinai-me as vossas sendas.
Conduzi-me pela vossa verdade e instruí-me,
porque sois o Deus meu Salvador.

Lembrai-vos, Yahweh, da vossa misericórdia e I


porque são eternas.
Não vos lembreis, porém, dos erros da i
dos meus p eéad os:
lembrai-vos de mim, Yahweh, na nossa bondade.

(I) V. 5 c. da Vulg. «Et te auatinui tota dle>. Sendo êste aalmo alfa-
bétleo, vt-se fàcllmente que o hemisUquIo c. do V. 5 está deslocado e desem-
paielhado. Como no V. 1 falta tambim um hemislíqulo, alguns autores empa-
relham-nos, o que di um sentido multo plausível e aceitável.

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11 — Benevolência de Deus para com os que o
temem.

Yahweh é recto e b om :
por isso ensina aos p
Conduz os h
ensina aos dóceis as suas vias.

Todas as vias de Yahweh são benevolfincia e fidelidade


para os que guardam a sua aliança e os seus mandamer
Pelo vosso Nome, Yahweh,
perdoai as minhas iniquidades que são muilas.

Tem alguém temor de Yahweh ? t


Ele lhe ensinará a via que deve escolher.
Repousará no selo da felicidade,
e a sua descendência possuirá o pais. (1)
A amizade de Yahweh é para os que O tem em :
para eles é que manifesta a sua aliança.

III — Tirai-m e da minha àngustiosa situação.

Trago os olhos constantemente elevados para Yahweh,


porque Ele é que me há-de livrar os pés do laço.
Volvei a mim os vossos olhos e tende piedade,
porque estou aflito e desamparado.

Afastal-me do coração as angústias,


e tirai-me da minha miséria.
Vede a minha aflição e sofrimento,
e tirai de mim todos os meus pecados.

Vede como são numerosos os meus inimigos,


e que violento ódio me têm.

(I) o pais c a Tífra da Premiselo. Mlatlcamente, o céu.

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Guaídai-mé e livrai-me:
que não seja confundido porque em Vós me abrigo.

Que a integridade e a rectidão me salvaguardem, (1)


porque espero em Vós, Yahweh.
Elohim, libertai a Israel,
de todas as suas angústias. (2)

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas; Este sal­


mo, todo repassado de humilde confiança não isenta
do temor salutar que nos impele a orar e a esforçarmo-
-nos, impedindo-nos assim de cair nos extremos vicio­
sos da presunção cega, ou do desânimo cobarde, oferece-
-nos uma óptima oração, sobretudo para os momentos
de prostração espiritual.
Efectivãmente, o inimigo das nossas almas,— deve
ser ele! — costuma às vezes conduzir-nos, como outrora
a Jesus, ao cimo de não sei que misteriosa eminência,
donde, em diabólica luminosidade, nos mostra o nada e o
precário das nossas acquisições no campo do aperfeiçoa­
mento moral, e a imensidade do que nos falta adquirir,
toda a multiplicidade dos nossos baldados esforços, toda
a vergonha dos nossos constantes insucessos, toda a
extensão e profundidade da nossa miséria espiritual
enfim, e parece dizer-nos com voz escarninha: <Vês
tudo is to ? ! Pois então santifica-te se podes!»
E é como se alguém nos apontasse para uma
imensa montanha e nos dissesse: «Vês essas enormes

(1) Esta Integridade e reclidSo eram as de que o salmista ae tinha


por revestido.
(2) o último verso é uma aposIçSo de piedoso autor, talvez do colec-
ciouador dos salmos.

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serranias?! Aqui tens um cêsto e um alviSo: anda,
transporta-as para outro lado!»
Será então para nós uma felicidade ter gravados
na memória e no coração as palavras e sentimentos
deste salmo inspirado pelo Espírito Santo. Voltando
com desprêzo as costas ao inimigo, diremos a Jesus: —
Senhor, em Vós confio, e nenhum dos que esperam em
Vós seró confundido. Confundidos serão, sim, os meus
pérfidos inim igos. . .
Dai-me Vós a conhecer as vossas vias, e não o ini­
migo. Ensinai-me Vós as vossas sendas, conduzi-me pela
verdade, e instruí-me, porque Vós é que sois o meu Sal­
vador. Vós é que me haveis de livrar os pés do laço.
Por Vós e em Vós reverdecerão no último dia as fana-
das flores dos meus «baldados esforços» e aparecerão
transformados em sazonados frutos <os meus constan­
tes insucessos». Porque nenhum dos que esperam em
Vós seró confundido. . . etc., etc.
Além de no Oticio feriai, recita-se este salmo no
Oficio de defuntos, porque, como é fácil de ver, ficam
muito bem às almas do Purgatório os seus sentimentos
e expressões.

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Tércia
SALMO 39

In trod u ção: Este salmo compõe-se de duas parles de mui


distinto carácter. A primeira, abrangendo as três primeiras estro­
fes, ó um canto de acçõo de g ra ça s; a segunda, constando das
duas últimas, é uma prece angustiada em que o salmista pede a
Deus que o livre dos inimigos, cujos ataques está sofrendo em cas­
tigo dos seus pecados. Este salmo é messiânico. David é neste
caso uma figu ra do Messias. S . Paulo (Hebr. X , 5-10) põe expres­
samente na bôca de Jesus os dois primeiros versos da terceira
estrofe. (1)

I — G raças a Deus que ouviu a minha oração e


me libertou do perigo.
Esperei firmemente em Yahw eh;
Ele Incllnou-se para mim,
e escutou o meu clamor.
Liberteu-me do funesto abismo,
do lamacento sorvedouro; (2)
colocou-me os pés sobre a rocha,
tornou-me firmes os passos. (3)

P 6s-m e na boca um canto novo,


um hino de louvor ao noLso Deus.

(t) Pensam atgnns autorea qne a aeganda parte deate salmo é um


outro aalmo muito dlsUnto, que Idra acidentalmente ligado à que agora é a
primeira, ou pelo menos um acreacentamento tardio: em lodo o caao, o
finat dêste salmo é Idêntico ao salmo 69.
(2) Funesto abismo, lamacento sorvedouro.. . metáforas para expri­
mir 0 grave perigo de que Deus libertara o salmista.
(3) Metáfora para exprimir a segurança em que Deua o bavia pêato.

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Vfiem-no muitos e enchem-se de respeito
e confiam em Yahweh.

II — Os benefícios de Deus sào inumeráveis.

Feliz do homem que põe em Yahweh


a sua confiança,
E não se volta para os orgulhosos,
para os seguidores da mentira.

Prodigalizaste-Ias, Yahweh meu Deus,


as vossas maravilhas:
Em bons designios para connosco
ninguém vos é comparável.
Quisera publicá-las e proclamá-las,
mas são demasiado numerosas para as enumerar.

III — A obediência à Lei é m ais agradável a Deus


do que sacrifícios.

Não vos comprazeis em sacrificio nem oblação,


mas abristes-me ouvidos; (1)
Não pedis holocausto nem sacrificio pelo p ecad o:
então d isse: Pronto I — Aqui estou I

é como que a resposta á pregunta mental que todos fazemos naturalmente a


nóa-mesmos ao ouvir que os maravilhosos benefícios de Deus para connosco
slo incontáveis: - Com que retribuirei ao Senhor?
Nestes dois versos p8e-se em oposição o sacrifício, Isto ê, qualquer
obséquio que de nossa livre e espontânea escolha prestamos a Deus, e a
obediência, islo é, o que Ele mesmo preccituou. Dá-se a preferência ao que
ê devido por obediência. Não se diz pois que não sejam agradáveis a Deus
em absoluto os sacrifícios no sentido explicado, mas que o não são presta­
dos por pessoa que não cumpra o que é de obrigação, e que, em todo o
caso, o que'é devido por obediência deve sempre ter a preferência.

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No livro da Lei estão escritas coisas que me dizem resp eito;
(Pois) apraz-me cumprir a vossa vontade, ó meu Deus,
e tenho a vossa lei no Intimo do meu coração.
Anunciei a vossa justiça na grande assem b lela: (1)
vêde, não contive os meus láb ios;
Yahweh, bem o sabeis.

Não ocultei a vossa justiça no fundo do coração,


publiquei a vossa fidelidade e salutar auxílio
Não escondi a vossa benevolência e fidelidade
na grande assémbleia.

IV — Livrai-me, Senhor, dos meus m aies, castigo


dos meus pecados.

Yahweh, não retenhais longe d« mim


a vossa m isericórdia:
Que a vossa bondade e fidelidade
me preservem constantemente,
Porque me envolvem tantos males
que não se poderiam enumerar.

Cairam sobre mim as minhas iniquidades, (2)


e não posso v e r :
São mais numerosos que os cabelos da minha cabeça,
e 0 meu coração abandona-me.

(Salmo Que vos praza, Yahweh, llbertar-mel .


Apressai-vos, em vir socorrer-mé I

D salmista em
sentido próprio, mas Jesus Crislo sòmente em sentido impróprio podia cha­
mar Buas óa Iniquidades de todoa os homens que havia tomado á sui conta
para expiar.

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V — Im precações contra os maus, votos da fe lic i­
dade p elos bons.

Que sejam confundidos e cobertos de vergonha todos à uma


os que querem tirar-me a vida I
Que recuem e sejam cobertos de vergonha
os que se comprazem na minha desgraça I
Que deitem a fugir de envergonhados,
os que me dizem: — Ah, ah, 1 (1)

Que exultem e se alegrem em Vós


os que vos procuram.
Que digam constantem ente: — Glória a Yahw eh!
os que amam o vosso salutar auxilio.

Eu porém sou um oprimido e desgraçado.


Que Adonai pense ehi mim!
Sois o meu socorro, ó meu libertador I
Yahweh, não vos demoreis!

C o n side ra çõ e s e aplice ções lifúrgicas : OApós­


tolo S. Paulo põe este salmo, ou pelomenos u
suas estrofes, na bôca do Verbo Incarnado, como sendo
as primeiras palavras da sua vida mortal, — o que men­
talmente exprimira ao Pai, ao ter, no primeiro instante
da sua existência divino-humana, consciência do ser
de Homem e Chefe da Humanidade em que era cons­
tituído.
Por isso dizem os intérpretes que Jesus falava, nSo
tanto em seu nome pessoal, como no do corpo místico
de que era cabeça. Como Chefe do Gênero Humano

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e Identificando-se com ele, o novo Adão, em primeiro
lugar, dá graças ao Pai por tê-lo libertado de tantos
perigos como os que correra através dos séculos, e
sobretudo do cativeiro do pecado, — o funesto abismo,
0 iamacenio sorvedouro, — pela Redenção encetada;
oferece-lhe como sacrifício, — visto os holocaustos e
oblaçOes de até então 0 não terem logrado satisfazer,
— a obediência pronta, generosa e total à Sua Santís­
sima Vontade, obediência que em si, pessoalmente, irá
até à morte, e nos seus membros, se perpetuará até ao
fim dos séculos; finalmente suplica que o livre de todos
os males que através dos tempos o hão de assaltar, —
sobretudo que leve a bom têrmo a obra da Redenção.
Como vemos, êste salmo é e continuará a ser ora­
ção de Jesus vivendo na sua Igreja. Como membros
que somos do seu corpo místico, assocíemo-nos de bom
grado.
No Ofício da Paixão (Fer. VI in Parasceve II Noct.
Salm. 2) podemos entender êste salmo no sentido mais
particular de uma prece em que Jesus implora a sua
Ressurreição. Também, nas suas três partes — Acção
de graças, pelo passado; aceitação da vontade de Deus,
pelo presente; súplica, pelo futuro — se adapta exce­
lentemente à situação das Almas do Purgatório. Por
isso a Santa Igreja, implorando para elas e em seu
nome a libertação das suas penas, o emprega no Ofício
de Defuntos (II Noct. salm. I).
Em qualquer ocasião, e qualquer que seja o nosso
estado de alma, este salmo constitui sempre para nós
um excelente modêlo de oração, que podemos adaptar
às nossas necessidades particulares.

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Sexta
SAM O 4B

In trodução; David, gravemente doente, e sentindo referver


ao redor de si a conspiração para o depor do trono, — males que
atribui aos seus pecados — pede ao Senhor que o socorra, quei-
xando-se da ingratidão dos inimigos. Tem confiança de que Deus
0 restabelecerá em atenção à caridade de que tem usado para com
os necessitados, à sua inocência readquirida e à promessa de esta­
bilidade no irono que Deus lhe fizera.
David era aqui uma figu ra de Jesus Cristo, sobretudo na fase
que precedeu a sua paixão. Ele mesmo aplicou a si o terceiro verso
da ierceira estrofe.

/— Vantagens da caridade para com os doentes e


necessitados.
Feliz de quem cuida do doente e do necessitado;
quando ele mesmo estiver doente, Yahweh há-de livrá-lo: (1)
Yahweh guardá-lo-á, conservar-lhe-á a vida,
fá-Io-á feliz na terra,
e náo 0 entregará à sanha dos seus inimigos.

Yahweh assiste-lhe no seu leito de d o r:


afofa-lhe a cama na sua enfermidade. (2)

I I — A malicia dos inimigos. Pede a Deus que


0 cure.
Eu (porém) d igo: — Yahweh, tende piedade de mimi
Curai-me, porque pequei contra V ó s!

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Os meus inimigos falam malignamente contra mim:
— Quando morrerá ele ? ! — Quando !he perecerá o nome ? 1
Se a!guém me vem visitar faia com hipocrisia,
0 seu espírito acumuia maiícia,
e togo que sai faia contra mim. (1)

I I I — Traído por um amigo intimo e confortado


por Deus.
Todos os que me odeiam sussurram contra mim,
e exageram maliciosamente o meu m al:
— Invadlu-o uma doença incurável i
. — Eí-Io no leito para não mais se levantar I (2)

Até mesmo o meu amigo, em quem tinha confiança,


que comia do meu pão, levantou o calcanhar contra mim.

Mas Vós, Yahweh, tende piedade de mim!


Erguei-me, e eu lhes pagarei. . . (3)

Conheço que vos comprazeis em mim,


em que o inimigo não virá a regozijar-se à minha custa.
Sim, em atenção à minha integridade, restabelecels-me
e tornais-me firme na vossa presença para sempre.

Bçndito seja Yahweh, o Deus de Israel


de eternidade a eternidade.
Amen, amen. (4)

(1) o Salmista estava doente no seu leito.


(2) Os Inimigos sussurravam contra o salmista, Isto é, segredavam
dislarçadamente as suas impressões sòbre a doença dêle, nBo ocultando a
alegria de vé-Io morrer dentro em pouco. «Exagciam» lit. - Põem mel à

mente da questBo pessoal que envolvia, e, se Deus o curasse, e


como administrador da Justiça que competia castigar.
(4) Este último verso é a doxologla com que ti
livro dos salmos.

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Considerações e aplicações litúrgicas; Este sal­
mo oferece-nos um excelente comentário daquelas pa­
lavras de N. S. Jesus Cristo: <FeIizes os misericordio­
sos porque alcançarão misericórdia!» e daquelas outras
do Arcanjo S. Rafael a Tobias; — «A esmola livra da
morte. É que ela apaga o pecado e faz alcançar mise­
ricórdia e vida eterna».
A pessoa caridosa, amiga de fazer bem e servir aos
seus irmãos, — e muito mais, se disso faz a ocupação
única de toda a sua vida, — pode dirigir-se a Deus com
a absoluta confiança de que não a abandonará nas suas
próprias necessidades, — in die mala — e de muitos
pecados Iho levará em desconto.
Por isso convém que, a exemplo dos santos, apoie­
mos as nossas oraçOes na prática da caridade para com
0 próximo em qualquer das suas formas, espiritual ou
corporal, e procuremos remir as nossas faltas á fôrça
de bem-fazer.
0 primeiro dos misericordiosos e seu modêlo su­
periormente acabado foi o próprio Jesus Cristo que
«passou fazendo o bem e curando a todos, e levou a
sua caridade ao extrêmo de dar a vida pelos seus
irmãos. Por isso, a-pesar da traição de Judas,— aquele
falso amigo que com revoltante perfídia levantou contra
Ele 0 calcanhar, — e de todos os seus inimigos que se
regozijavam dos seus tormentos e morte, Deus o Pai,
0 restabeleceu e tornou firme na sua presença para sem­
pre, ressuscitando-0 e sentando-0 à sua direita na
glória.
Como das feridas e amargura do Coração Santís­
simo de Jesus participou sua Mãe, a Igreja apllca-lhe

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também este salmo na festa das suas dôres no tempo
da PaixSo. (II Noct. Salm. 1).
De todos os necessitados, os de mais angustiosa
situação são de certo as almas do Purgatório. Para
que o não esquèçamos nos faz a Santa Igreja recitar
este salmo no Ofício de Defuntos (III Noct. Salm. 2).

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Noa
S A H O 43

Introdução: Prece angusiiosa que o salmisia põe na bõea


do povo de Israel assediado por uma grande aflição, após uma
derrota, e sob a opressão do inimigo.
Depois de relembrar a antiga norma de proceder de Deus
para com o seu povo, socorrendo-o e combatendo por ele na guerra,
norma que parece ter esquecido ou abandonado, descreve a mísera
situação presente, protesta a sua Inocência, e, sem perder a con­
fiança, termina pedindo socõrro em Jaculatórias de uma veemência
estranha, que a magnitude dos sofrimentos e a consciência de não
os haver merecido explicam.

I — Outrora, Deus com batia por Israel.


Temos ouvido Yahweh, oom os nossos próprios ouvidos,
contaram-nos os nossos pais,
A obra que realizastes no tempo deies.
Vós, pela vossa mão, nos antigos dias.

Para os alojar despojastes nações,


para os pôr à larga m altratastes povos;
Porque não foi a espada deies que lhes conquistou o pais,
nem o seu braço que lhes deu a vitória;
Mas foi a vossa dêxtera, o vosso braço,
foi a luz da vossa face porque os amáveis.

I I — Sim, só a Vós é que se podem atribuir as vos­


sas vitórias.
Vós i que sois o meu rei e o meu Deusl
Vós é que tendes sob as vossas ordens as vitórias de Jacob I

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Por Vós aventamos com os n
em vosso nome espezinhamos os que se levantam contra
nós. (1)
Porque não é no meu arco que tenho confiança,
nem é a minha espada a que me pode salvar,
Mas Vós é que nos havels salvo dos nossos Inimigos,
Vós é que haveis confundido os que nos odeiam.
Em Elohim é que cada dia n«s temos coberto de glória.
E ao vosso nome damos eterno louvor.

III — Deus abandonou o seu povo aos inimigos.


E no entanto agora tendes-nos rejeitado c coberto de vergonha,
já não sais com os nossos exércitos,
Tendes-nos feito voltar costas ao Inimigo,
e os que nos odeiam têem-nos pilhado à vontade. (2)

Tornastes-nos objecto de opróbrio para os nossos vizinhos,


de mofa e risota para os que nos rodeiam ;
Tornastes-nos o pratlnho das nações,
um caso de se menear a cabeça entre os povos.

Todo 0 dia tenho o rosto coberto de vergonha,


e a face cheia de confusão.
Ao ouvir a voz do que Insulta e ultraja,
à vista do inimigo e do que se vinga. (3)

IV — E n o entanto o povo conserva-se fiel a Deus.


Tudo i s t o .. . sem que vos tenhamos esquecido,
sem que tenhamos sido infiéis à vossa Aliança,

(1) Â Imigem do touro quando investe com a vítima, a arremessa ao


ar, despedaçando-a depois com as paias dianteiras.
(2) Alguns autores julgam que êste salmo foi composto por ocasISo do
cêrco de Jerusalem no fempo de Ezequias, depois de os assírios terem devas­
tado 0 país, o que nao só explica estes dois versos mas lodo o salmo.
(3) Estes versos seriam uma alusSo aos insultos dos enviados de
Senaquerlb em frente dos muros de Jerusalem.

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Sem que o nosso coração vos tenha lançado para trás das costas,
sem que nos tenhamos afastado das vossas vias.
Sfm, rechaçastes-nos para as covas dos chacais,
cobristes-nos de espessas trevas. (1)

Se tivéssemos esquècido o nome de Deus,


se tivéssemos levantado as mãos a um Deus estranho,
Não 0 teria Elohim visto,
Ele que conhece os segredos dos cora çõe s? (2)

V — Instante prece pedtndo socôrro.


É por Vós que todos os dias nos imolam,
que nos tratam como ovelhas de matadouro.
Erguei-vos! — Porque dormís, Adonai ?!
Despertai, e não nos abandoneis para sem p re!

Porque haveis de esconder a vossa face ?


Porque haveis de esquècer a nossa miséria e opressão ?
Olhai que temos a alma abatida até ao pó,
temos o peito colado à terra. (3)
Levantai-vos para nos socorrer,
e libertal-nos pelo vosso nome.

Co nside ra çõ e s e a plicações lilúrgicas: O povo


de Israel, habituado a ficar vitorioso dos inimigos, de­
vido a uma particular assistência e protecção do Senhor,
a qual, reconhecido, agradece, expõe numa sentida
queixa a sua mágoa de se ver como que abandonado

(1) Durante uma invaaSo inimiga coslumavam os povos aUcados,


quando impotentea pari resisllr, eseonder-ae nas cavernas, moradas dos cha­
cais, onde reinava uma maior ou menor eacurldio.
(2) O salmista para o testemunho do próprio Deus.
(3) o peito colado à terra pode ser uma metálora, exprimindo o pro-
Inodo abatimento do povo, e pode também exprimir uma poaiçlo muito real
e freqüente em quem está escondido.

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do seu Protector no meio das continuas derrotas e de­
predações sofridas nos últimos tempos, e implora o au­
xilio divino com novo e maior ardor, protestando não
ter dado causa a semelhante abandôno.
Semelhante é a situação da alma fiel obsidiadá de
contínuas tentações e deprimida por invencíveis desâ-
nimos. Este salmo oferece um modêlo de oração emi­
nentemente apropriado ao seu estado.

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Vesperas

In irod u çso: Prece saturada de amor e confiança para pedir


a Deus o libertamento da opressdo do inimigo.

I — Em Vós, Senhor, estão postos os meus olhos.


A Vós ergo os meus olhos,
a Vós que estais no trone dos céus.

Como na mão do senhor o olhar do servo,


como na mão da senhora o olhar da serva, (1)
Assim estão postos os nossos olhos em Yahweh nosso Deus,
até que tenha piedade de nós.

I J — Demasiado temos sofrido as m ofas dos orgu-

Tende piedade de nós, Yahweh, tende piedade de nós,


porque estamos demasiado saturados de opróbrios.

Demasiado saturada temos a alma,


das mofas dos presunçosos.

do desprêzo dos orgulhosos.

(I) Como nas mios do senhor o olhsr do senro. . . esperando alguma


dádiva, algum sinal de benevolência, segundo uns; prontos t quslqner cha­
mada ou Indicaçlo de serviço, segundo ontros: esperando ansiosos que
essa máo deixe de bater-lhes e castigá-los, segundo outros aluda. A escolha
entre estas opiniões é difícil, mas a primeira e a terceira harmonJzam-se

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In trod u ção; Israel dá graças a Deus por, devido à sua pro­
tecção, ter escapado de um grande perigo de maravilhosa e inespe­
rada maneira. 0 )

I — Só a Deus deve Israel a salvação.

Se Yahweh não tivesse sido por nós, l


— que Israel o repita —
Se Yahweh não tivesse sido por nós,
Quando os homens se levantaram contra nós.

Ter-nos-iam engulido vivos,


no ardor da sua raiva contra nós,
Ter-nos-lara submergido as águas,
ter-nos-ia passado a cheia por cima,
Ter-nos-Ia passado por cima
a alterosa torrente. (2)

II — Bendito seja pois Deus, o Salvador de Israel.

Bendito seja Yahweh que não nos entregou


como presa aos dentes dêles I
Somos como uma avezinha que escapou
do laço do caçador.
Partiu-se 0 laço,
e nós escapamo-nos.
O nosso socôrro consiste no nome de Yahweh
que fêz 0 céu e a terra.

o laço do caçador de onde se escapa o p;


(2) È provável que êste verso seja um acrescenlamenio posterior á
iposIçBo do salmo com o Inluilo de explicar o verso anterior.

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Introd u ção: Cântico de louvor e prece, celebrando a segu­
rança de quem confia em Deus, e pedindo-lhe a sua benevolência.

I — P ela protecção de Deus o povo de, Israet é tna-


balável com o Sião.
Os que confiam em Yahweh
são como 0 Monte Slão,
0 qual jamais será abalado,
mas estará firme para sempre.
Jerusalém está cercada de montes :
assim Yaweh em tôrno do seu povo agora e para sempre,
E não deixará estender-se o cetro do ímpio
sôbre a herança dos justos. (1)

II — Os que não donflam em Deus serão por Ele


abandonados.
Para que-os justos não estendam
as mãos para o mal.
Tratai, Yahweh, com bondade os bons,
e os de coração recto.

Quanto aos que se desviam por caminhos tortuosos.


Deus deixá-los-á ir
Com 08 fabricantes de iniqüidade.
Paz a Israel l
SALHO 125

In lrod u ção: 0 pequeno grupo de israelitas, recem-estabele-


cido em Sido após a volia do cativeiro, suspira pela completa res­
tauração da sua antiga prosperidade como nação, - o que sòmente

a coisa i dominar nela.

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se realizaria eom a vinda dos restantes cativos - e pede a Deus que
a realize.

I — Israel alegra-se e antegoza com lembrar-se da


sua futura e completa restauração.
Quando Yahweh acabar de restaurar Sião,
— Parecer-nes-á um sonho I —
Então teremos a bOca cheia de risos,
e a lingua de cânticos de alegria.

Então dir-se-á entre as n a çõ e s:


Yahweh operou grandes coisas em favor dClesI
Sim, Yahweh operou grandes coisas em nosso fa v o r.. .
Estamos cheios de alegria I

I I — Que às lágrimas e pênas do presente sucedam


as alegrias do futuro.

Acabai, Yahweh, de restaurar-nos,


como restaurals as correntes no Negeb. (1)
Que os que semeiam com lágrimas
ceifem com cânticos de alegria.

Vai*se e torna-se a ir chorando,


quando se leva a semente a espalhar.
Vem-se e torna-se a vir cantando,
quando se recolhem as pavelas (da seara). (2)

(1) 0 Ncgeb é a reglSo do sul da Palestina, notável pela sua secura


e aridez. Assim como Deus fazendo cair abundantes chuvas no Negeb,
engrossa e restaura as torrentes iá stcas e a todo (le o reverdece, assim
tazendo anuir em torrentea oa cativos à pátria restauraria a naçSo na sua
anilga prosperidade.
(2) A comparaçSo do lavrador que vai e vem, no amanho da sua terra,
por entre trabalhos, ptnas e temores, levando a enterrar o pio tantas vezes
roubado à sua bõea e à dos seus filhos, com o coraçSo em torniquete na
Incerteza de se tudo será perdido, — dinheiro talvez pedido á voraz usura,

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áA L M Õ lè 6 -iè l

SALIO ISO

I n t r o d u ç ã o 0 pensamento deste salmo é que devemos amar


e servir a Deus antes de mais nada, dEle esperar iodo o bem, nEle
estabelecer a base de todos os empreendimentos, pois em vOo nos
esforçamos se não nos ajuda, visto que todos os bens dEle veem.
Procurai primeiro o reino de Deus e tudo o mais vos será dado por
acréscimo, diz Jesus Cristo.

I — É vão todo 0 esfôrço sem o auxilio de Deus.


Se Yahweh não edlflcar a casa,
em vão se afadfgam os que a construem.
Se Yahweh não guardar a cidade,
em vão vigia a seutlnela.

Em vão vos levantais de madrugada,


em vão fazeis longos serões,
Corneis 0 pão com dolorosos tra b a lh o s ...
e Yahweh dá-o a quem ama, mesmo dormindo!

II — Os filhos, que são uma riqueza, é Deus que


os dá.
Vêde, os f ilh o s ... São uma herança enviada por Yahweh,
são uma recompensa, os frutos do selo.
Como flechas nas mãos de um guerreiro,
assim são os filhos gerados na mocidade.

dcspeii em que vai comprometido (odo o seu luturo, mas que depois, obtida
uma boa colheita, carreia alegre as pavelas da lua seara, refere-se à sltua-
ÇSo dos primeiros repatriados após o cativeiro de Babilônia. Também eles,
tendo encontrado ao voltar apenas ruinas e um campo devastada e agreste,
uma natureza Inóspita e agressiva, obrigados a tudo levantar de nove, traba­
lhando de mais a tnals de espada á cinta e de lança ao alcance da mio para

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Feliz do homem que encher
dessas flechas a sua aljava.
Não será confundido quando falar
aos inimigos às portas ( da cidade). ( 1 )

C o nside ra çõ e s e a plicações lilúrgicas: Os cinco


salmos, que a Santa Igrej*a escolheu para as vésperas
de terça-feira, são tão claros, a-pesar da riqueza do seu
conteúdo, que, depois das Introduções e notas, outros
comentários que à minha insuficiência possam ocorrer
serão, decerto, escusados.
0 salmo 122 é aplicado pela Igreja às almas do
Purgatório no seu respectivo ofício (Ad Compl. Salm. I)
e constitui uma prece posta nos lábios dessas bendi­
tas prisioneiras e principalmente dos fiéis que por elas
oram.
0 salmo 126 é aplicado à Santíssima Virgem como
á casa que o Senhor edificou para si, — Sapientía aedi-
ficavit sibi domum, — e, por extensão, a todas as San­
tas Virgens e não Virgens nos seus respectivos ofícios.

I ) Naqueles tempos os negócios e contendas discutism-se às portas


da cidade. Uma ranchada de filhos gerados na mocidade, isto é, dos mais
saudáveis e robustos, e já bastante espigados, em volta de um pai conten-
dor, era um argumento de infundir respeito, sobretudo nesses tempos em que
tanta vez a (órçi fazia o direito.

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Completas
SALMO 11
Introdução : 0 salmista nüopodendo adaptar-se á vida numa
cidade ou pais cheio de corrupção e velhacaria, do que nos faz uma
descrição desoladora — pede a Deus que o livre desses que consi­
dera inimigos seus, e do povo oprimido.

/ - Valei-nos, Senhor, conira a velhacaria e arro-


gâncias dos ímpios.
Salvai-nos, Yahweh,
porque desapareceram os piedosos:
Acabou-se a lealdade
entre os filhos dos homens.

Palavras n
eis 0 que cada um diz ao próximo.
Com lábios aduladores,
e com duplicidade de coração, eis como se fala.

Que Yahweh extirpe


todos os lábios aduladores
e a lingua orgulhosa:
Os que dizem :
— com a língua seremos fortes I
Temos por nós os nossos lá b io s.. .
- quem será senhor de n ó s ? !

II — Deus vai intervir, e a sua prom essa não ilude.


Pois que 08 necessitados estão oprimidos, ( 1 )
e os pobres gemem,

(I) Resposta de Deus. Ele vai intervir prontamente,

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Vou levantar-me já,
diz Y ah w eh :
Vou tratar de salvá-los,
e fá-Io-el com um sôpro,
lançando ( o s Implos) p tr terra. ( 1 )

As palavras de Yahweh
são palavras puras,
São prata refinada.

Vós, Yahweh. haveis de observá-las,


e llvrar-nos-eis desta raça para sempre,
Bem podem es Implos formigar...
Quando vos levantais
Varrels a ignominla dos filhos dos homens. ( 2 )

SAllO 12

(Vid. completas de Terça-Feira)

In trod u ção; Alegra-se o herói deste salmo com Deus pela


escolha que dEle fizera para seu único bem, comparando a sua
sorte com a dos impios cultores dos idoios, e congratula-se pela

( 1) Este, o último verso, e mais algumas p


recem muitas dificuldades à Interpretação tanto no
Os que teem estudado a questlo discrepam multo no modo de resolv£-la.

Depois de ter lido uma boa porçflo de explicações, apresentamos uma


traduçlo conjectural, a que se nos allgura mais lógica e mais em harmonia
com o contexto. O último hemlstlquio déste verso pertence na Vulgata ao
verso seguinte —probatum terrae —que os eruditos encontram estar ai des­
locada e a alterar a contextura do verso, sem oferecer sentido aceitável, c
que. pelo contrário parece ficar bem onde o colocamos.
(2) Estes filhos dos homens sBo ainda os Impios que Deus varrerá
como lixo e Ignomínia com o sõpro da su« cólera.

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sua ressurreição fuiura e imensa felicidade de que gozará em união
com 0 mesmo Deus. Este salmo é messiânico, e mais provável-
mente messiânico em sentido literal e directo, isto é, o Messias
Nosso Senhor Jesus Cristo é o herói exclusivo desie poema, e a
pessoa que nele fala.

I — Sois 0 meu quinhão na partilha da vida, e o


meu único bem.

Guardal-me, ó Deusl Em vós me refugiei I


Disse a Y a h w e h S o i s o meu Senhor I
Vós é que sois todo o meu bem I

Nos santos do pais pós Deus tôdas as suas assinaladas compla-


cenclas:
e multiplicam as suas dores os que correm após um do outro:
Eu porém não derramarei nunca as suas sangrentas libações,
nem lhes pronunciarei jamais o nome. ( 1 )

Yahweh é o meu quinhão e o meu c o p o :


Vós é que constituis a minha parte.
Os cordéis pousaram-me num sítio delicioso:
Sim, coube-me uma herança explêndida. ( 2 )

(1) Passagem dilicil. Muitos também traduzem assim: Para eom os


santos que há no pais, para esses Ilustres, guurde tôdas as minhas eom-
placéneias. Muitos arvoram ídolos e correm após Ues, mas eu náo derra­
mei, etc. Aa libaçOes de sangue sSo aa qne acompanhavam os sacrltíclos aos
ídolos, nas quais havia derramamento de sangue. Significam aqui todos os
actoB do culto idolitrico. NSo lhes pronunciarei jamais o nome, fato é, o
déssea ídolos on falsos deuses.
(2) O salmista aerve-se de duas imagens tiradas dos usos de entSo:
a dIvIsBo de um campo em varios lotes ou quInhSes em caso de partilha, na
qual se serviam de um cordel para medir, e o copo que o dono da casa
enchia e dava pessoalmente ao seu hóspede, como prova de alegria que tinha
em reeebt-lo e da boa acolhida qne desejava fazer-lhe. A parte ou qnlnhSo
da herança, ou mais simplesmente a herança que cabia ao Messias na parti­
lha da vida, o seu copo ou a sua parte de prazer nSo podlqm ter maiores
nem mais excelentea, porque era o próprio Dens,

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II — Bem-digo-vos, Senhor, porque me haveis de
ressuscitar e saciar de felicidade.
Bem-dlgo a Yahweh que me Inspirou ( na escolh a) :
até de noite o meu coração me convida a bem dlzè-lo! ( 1 )
Trago Yahweh constantemente p resente:
como o tenho ã minha direita não vacilo.

Por Isso 0 meu coração rejubila e a minha alma exulta,


e até 0 meu corpo repousa em segurança,
Porque não me abandonareis a alma na mansão dos mortos,
nem permitireis que o vosso servo veja o que é a cova (2 ).

Far-me-eis conhecer o caminho da vida,


encher-me-els de gdzo em união com a v o ssa ía cc,
de delicias a vossa direita por tôda a eternidade ( 3 ) .

(1) LU; «Oa rins». Os rins eram na llngu-igem da Biblla a sede c


o simbolo do sentimento. Nós hoje dizemos o corofiío.
(2 ) Ver o que é a cova. islo é. estar lá por muito tempo, experimen­
tar bem o que ê. O Messiaa tem a absoluta confiança de que náo llcará por
multo tempo na morada dos mortos, porqne ressuscitará. S. Pedro, Act, II24;
S. Paulo, Act. XIII 34-37; ciUm «ste texto para provar que a ressurreiçSo
de Jesus estava predita.
( 3 ) 0 caminho da vida, isto é, o meio de viver eternamente. Otristo,

de Deus e em uniao C(

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QUARTA-FEIRA

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HaMnas
I Nocturno

SiLM O 44

Introdução 1 Este salmo, literalmente messiânico, é um canto


alegórico em que se celebra a união de Cristo com a sua Igreja, ou
com a alma fiel, sob a form a de um noivado místico. É um epita-
lámio divino. (I)
O salmista faz-nos primeiro o elogio do noivo — um grande
rei à maneira oriental— da sua formosura, da graça das suas falas
e modos, do seu valor guerreiro, da riqueza e sumptuosidade do seu
palácio. Depois fala-nos da noiva, — uma princesa que de longes
terras vem unir os seus destinos aos do riglo consorte, e cuja prenda
de maior valia consiste em ter conseguido enamorá-lo, — dá-lhe
alguns conselhos pertinentes à sua vida matrimonial, descreve a
beleza do seu vesiido, a magnificência do seu acompanhamento, e,
p o r fim , alude à prole esperada, que será grande como os seus
progemiores.
Este quadro é iodo oriental.

Do meu coração brota um cântico magnífico I


É q u e. . . é a um rei que dirijo o meu poema I
A minha lingua é um cálamo na mão ágil dum escrevente I

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I — Elogio do noivo real e divino.

És 0 mais belo dos filhos dos homens I


Tens a graça derramada nos lábios I (1)
Tam bém . . , Elohim abençoou-te para sen

Cinge-te da espada, ó herói I


Ela é o teu ornato e a fuà g ló ria . . .
Retesa o arco, monta no carro de guerra, (2)
peleja pela causa da verdade,
pelo reino da ju stiça?

á a tua dêxtera.
as tuas flechas aceradas.
£la s farão cáir-tc os povos aos pés,
traspassarão o coração dos inimigos do rei.

II — Magnificência e justiça do reino do Messias.

O teu trono, ó Elohim, é um trono para sempre.


O teu cetro real é um cetro de rectidão.
Amas a justiça e odeias a Iniqüidade.

{ !) Literalmente a graça de que aqui se fala, ê o encanto, a graça


pessoal que se manifesta sobretudo na palavra c no SorrlsO, nos modo»
agradáveis, nos quais os lábios tém uma parte muito especial.
O Rel-Messias é dotado de uma graça, de um encanto, que provém
do conjunto daa suas qualldadea, tSo verdadeiramente excepcional, que nlo
só tem graça, tnas tem a próprfa graça, a graça por fntefto derramada nos
lábios à maneira de nm perfnme.
Esta graça, ou o conjunto de dona e qualidades de que provém, é
efeito de uma bênçlo eterna, de uma bênçlo única, de que Deus o dotou.
Esaa bênçlo é a Unilo Hlpostátlca que torna Cristo Ho agradável ao Pai
qne nEle p6e todas as suas complacénclas, Ho delicioso aos anjos e santos
e até às almas puras, que de todos constitui a felicidade.
(2) Todas as arnras e pelejas de que se falá nesta estrofe sllpilficam
os combates paciHcòs pela Salvaçlo dás átmaa.

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Tam bém . . . Elohim, o teu Deus ungiu-te
com o óleo da alegria, mais que outro rei.
M irra, só, e aloés e cássia,
São os teus vestidos. (1)

o em palácios de marfim te regozijam :


entre as tuas amadas há filhas de reis, (3)
E à tua direita está a rainha .
ornada de ouro de O fir.*

IH — Exortação à espôsa.
Escuta, fiTha, olha,
inclina o ouvjdo.

Esquece o teu povo,


e a casa dé teu pai,
Porque está enamorado,
Ele, 0 Rei, da tua beleza. (4)

Visto que ele é o teu senhor,


prostra-te ante ele, (5)
E a cidade de Tiro acorrerá com presentes,
e 08 povos mais ricos requestarão o teu favor,

(1) MIrra, aloés e cássia,... perfumes de que estavam embebidos os


vestidos do rei. Por isso diz que sBo só mirra, etc. Mlstlcamente significam
as perfelções de que é dotada a Humanidade santíssima de Cristo.
(Z) Palácios de m arfim Palácios cnjo Interior era lorrado de lâmi­
nas de marfim.

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IV — Magnificência dos vestidos da noiva e do seu
cortejo.

A esposa do rei está toda esplendida nos seus aposentos:


o seu vestido é entretecido de ouro.

É conduzida ao rei envolvida num manto bordado a m atiz:


seguem-na as donzelas suas companheiras,
Introduzem-nas com alegria e regozijo,
entram no palácio do rei. (1)

Nascer-te-ão filhos em que reviverão os teus p a is: (2)


estabelecê-los-ás como príncipes em toda a terra.
Celebrarão o teu nome de geração em geração,
e assim te louvarão os povos para sempre,
pelos séculos dos séculos. (3)

(1) Descrição do cortejo nupcial:-A noiva, nos sens sposentos, no


ponto de partida do cortejo que a conduzirá ao palácio do espôso, está
esplêndido de beleza nas suas vestes recamadas de ouro. Depois, envolvida
n manto bordado a maUz, á maneira oriental, é conduzida e apresentada

aqui a duas espécies de vestidos da noiva; —uns, os exteriores, bordados a


matiz, significam a multipllce beleza da Igreja tal qual aparece aos olhos dos
homens; outros, Interiores, entretecidos de ouro, essa outra béleza mais
brilhante e preciosa mas que só pode, por agora, ser conhecida do espôso,
porque reside nas almis.
As companheiras ou damas de honor significam as naçóes pagBs que
converlendo-se acompanham a Igreja e com ela formam um aó corpo. Signi­
ficam (ambém os milhares de almas que nBo querem ter outro espôso que
Jesuo, e que a Ele acorrem sem cessar renunciando a tudo.
Mas neste caso a Imagem é mais clara e frisante apllcando-se o que
se diz da espósa à Virgem Santissim a-a primogênita das almas espôsas e
a espósa por excelência.
(2) Nos filhos de Jesus e da Igreja revlverBo, quanto à sanlldade, os
pais. Isto é, os patriarcas e santos da antiga lel.
(3) 0 dominio do Rei-Messias estender-se-á a toda a terra, pois
sobre toda ela constituirá por principes os filhos, e este reinado durará de
geração em geraçBo. Nos dois últimos veraiculos do salmo está pois profeti­
zada a catolicidade e perpetuldade da Igreja.

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Considerações e aplicações litúrgicas: É com o
coração a trasbordar de amor e gozo, de humildade e
gratidão, que devemos recitar este salmo, nós os filhos
de Jesus, o Rei Divino, e da Igreja.
Oxalá honremos tão santa progenitura fazendo
reviver em nós as virtudes dos nossos antepassados,
os Patriarcas, os Profetas e todos os Santos da Nova
Lei que nos precederam. Êste deve ser todo o nosso
fito nesta vida mortal.
Encarando este salmo sob outro aspecto, nunca
é demais todo o esforço que fizermos para estudar e
conhecer melhor a Pessoa Santíssima de Jesus, o mais
belo dos filhos dos homens, Rei de Amor, ungido pelo
Pai com a benção de todas as graças e perfeiçOes.
Deste estudo e contemplação nascerá em nós um amor
intenso e um desejo irresistível de sob o seu comando
tomarmos parte nas incruentas pelejas pelo reino da
verdade e da justiça.
Considerando a nossa alma como esposa do Rei
Divino, não nos esqueçamos de nos ornarmos do matiz
de todas as virtudes, e de tudo coroarmos com o ouro
da caridade.
A grande riqueza doutrinai deste salmo faz com
que a Santa Igreja tenha feito dele largo uso na sua
Liturgia.
ApIicando-o a Jesus Cristo chama-nos a Igreja a
atenção para a graça de .que nos aparece revestido no
seu nascimento: — Tens a graça derram ada nos lábios!
Também, Deus abençoou-Te para sem pre! (Nativit.
Dom. III Noct. Antif, 3 Salm. 3 ) e — É s o m ais belo
dos filhos dos hom ens! Tens a graça derram ada nos

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láb io s! (Circuncis. Dom. II Noct. Antif. I Salm. 1). -
O mesmo pensamento ainda na Festa da Transfigura­
ção do Senhor (I Noct. Antif. I Salm. 1).
Não podia a Igreja deixar de aplicá-lo também à
Santíssima Virgem — a primeira das almas esposas, —
e às Virgens e não Virgens suas imitadoras, e por isso
se recita nos seus respectivos Comuns, e duma forma
particular na festa da Imaculada Conceição.
Aplica-o ainda a Igreja aos Apóstolos como àque­
les filhos em que verdadeiramente reviveram os pais e
foram constituídos príncipes sobre ioda a terra.

Inlrodução: Hino de louvor e agradecimento a Deus por


uma retumbante vitória em que a sua intervenção se tornara mani­
festa e impressionante. (1)
0 salmisia celebra primeiro a segurança contra iodo o gênero
de perigos, -sim bolizados aqui po r um abalo sismico e por con­
vulsões sociais,— dos que se colocam sob a protecção de Deus, e em
especial da cidade que é sua por exceiencla e onde tem o seu san­
tuário. Depois convida a iodos os povos da terra a aplaudir este

Os Santos Padres e escritores eclesiásticos colocam geralmente


este salmo no número dos messiânicos e referem-po ás lutas de
Cristo e da Igreja e à sua vitória Jinal sobre os inimigos. (2)

(1) Esta Intervenção poderia ter sido a destniiçSo dos assírios diante
de Jerusalém pelo anjo, no tempo de Ezequias, ou a dos Amooltas, Moabitas
e Edomitas confederados, no tempo de Josalat.
(2) VId. ConalderaçOes.

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I — Quem confia em Deus nada tem a temer dos
u balos sísmicos.
Elohim é para nós um refúgio e uma fortaleza,
um socorro sempre à mâo nas angústias.

quando as montanhas são abaladas no seio do oceano, (1)


Quanda as ondas do mar bramem, quanda espumam,
quando os montes trepidam, quando a terra salta. (2)

I I — A cidade de Deus não tem que temer invasões


inimigas.
Amenizam a cidade de Deus as águas dum r i o : (3)
0 .Altissimo tornou a sua morada inviolável.
Elohim habita no meio d e la : por isso é inabalável.
Ao romper da aurora vem em seu socorro. (4)

Bramem as nações, convulsionam-se os povos,


(mas) Ele faz ouvir a sua voz e a terra treme. (5)

ondas etc. Se por e

entao a naçfio, Ignora-se. Em sentido mlsHco esta agItaçSo significa as per-


aeguIçHes de qne a Igreja é alvo, as tentaçOes qne sofre a alma, e também a
última perturbação flsIca e mora) a quando do Juizo final.
(3) Talvez que este rio fossem as águas de Slloé que, segundo diz

«ua vez era um simbolo da Igreja od da alma crlstfl.


(4) Provável alusSo à Inopinada e miraculosa destruIçSo dos assirios
ou dos confederados constatada com ourpreza pelos Israelitas, ao enclarecer
do dIa.
(5) Estes versicQlos aludem provavelmente a qualquer fenômeno atmos­
férico ou geogónico que acompanhara a derrota dos Inimigos, talvez o mesmo
a que se alude oa primeira estrofe, on a que alude ainda Isalas Cap. XXXIII-3.

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III— Convite a admirar a poderosa acção de Deus,

Yahweh Sabaoth está connosco,


é para nós uma fortaleza o Deus de Jacob.

Vinde e contemplai as maravilhas de Yahweh,


os prodigios que operou no p ais:
Faz cessar os combates até às extremidades da terra,
quebra o arco, parte a lança,
delta no fogo os carros de guerra.
(Diz): - AltoI — Sabei que eu, Elohim,
é que domino as nações, que domino a terra.

Yahweh Sabaoth está connosco,


é para nós uma fortaleza o Deus de Jacob.

IV — (Salm o 46) — Que todos os p


a Deus triunfante. (1)

P ovos todos dai palmas,


aclamai a Elohim exultando jubilosos,
Porque Yahweh o Altíssimo, o Temivel,
é 0 grande Rei de toda a terra I

Submeteu-nos os povos,
pôs-nos aos pés as nações.
Escolheu para nós, sua herança,
0 orgulho de Jacob, seu predilecto. (2)

(1) Segando uma opinilo baatante aceitável, o salmo 46 é simples­


mente as duas últimas estrofes do 43 separadas quiça por motivos lltúrgicos
e Incluídas depois na colecçSo com número próprio. Sem nos pronunciar­
mos, adoptamos a hipótese qnanto à numeração das estrofes, e Interpretação
geral do todo.
(2) 0 orgulho de Jacob parece Indicar aqui a Terra da Promissão.

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Elohim sobe por entre aclamações,
Yahweh sobe ao som da trombeta. (1)

V — Deus reina universalmente e sem contradição^

Cantai um salmo a Elohim, cantai,


cantai um salmo ao nosso Rei, cantai I

Elohlm é o rei de toda a terra I


Cantai-lhe pois um hino dos solenes 1
Elohim reina sobre todas as n açõ es:
Elohim está sentado no seu trono santo.

Os príncipes dos povos uniram-se


ao povo do Deus de Abraão,
Porque a Elohim pertencem os grandes da te r r a . . .
— Ele é o Soberano! (2)

Considerações e aplicações lilúrgicas; Ao reci­


tar este saimo, e para melhor o compreendermos e sabo­
rearmos, reportemo-nos com o pensamento àquele dia
— o último da Humanidade na vida mortal, — em que,
passadas as perturbações físicas e sociais preditas pelo

(I) Este versicul


ao tempo da Arca da Aliança, que haveria saído com o exército, e aobre a.
qual Deus residia duma forma especial. O salmista diz simplesmente Deus,.
porque era Ele e nSo a Arca o que Importava.
Mlatlcamente toda a tradiçlo católica é unánime em ver neste versículo
uma alualo profética á subida de Cristo aos céus após a sua ressurreiçlo, e
é neste sentido que a Igreja o entende na liturgia.
(2) Os grandes da terra, lit.: —«os escudos da Terra». Estes dois
versículos slo algo obscuros, mas toda a tradiçlo católica vé neles uma
profecia da futura conversio doa povoa e sua junçlo num só povo, em que-
Deus exercerá um domínio absoluto, o que se está realizando na Igreja e se
realizará çm toda a plenitnde após o juizo final.

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próprio Jesus Cristo, extinta toda a guerra, toda a per­
seguição, toda a espécie de mal, proclamada solene­
mente a inauguração do reinado absoluto e majestoso
de Jesus sobre todo o Gênero Humano, Êle subirá glo­
rioso ao céu após a sentença final, por entre as acla­
mações dos anjos e dos justos.

Recita-se este salmo na festa do Santo Nome de


Jesus por ser, todo ele, um hino à glória deste Bendito
Nome; — na festa da Epifania, em que, entre outros
mistérios, se comemora o Baptismo de Jesus, particu­
larmente por causa do versículo primeiro da segunda
estrofe, — Amenizam a cidade de Deus as águas dum
rio, — 0 qual a Santa Igreja aplica ao Sacramento do
Baptismo que, santificando as almas, verdadeiramente
ameniza a cidade de Deus que é a mesma Igreja; — na
festa do Sagrado Coração de Jesus, porque nos põe
ante os olhos a perspectiva do seu reinado glorioso; —
na festa da Dedicação das igrejas, porque, sendo èstas
uma figura da Igreja espiritual, a ela se aplica tudo o
que se diz da Cidade de Deus.
O sentido místico que a Igreja dá a este salmo
aplicando-o à Santíssima Virgem no Comum das suas
festas, na da sua Imaculada Conceição e na das suas
Dores, é-nos claramente manifestado nas respectivas
antífonas sem necessidade de mais explicação:—A/udá-
-la á Deus com o seu agrado. Deus habita no seu seio.
Por isso é inabalável. (Com. Fest. B. M. V., II Noct.,

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Antif. 2. Salm. 2) — Deus veio em socorro deia ao rom­
per da aurora (da vidaj. O Aitíssimo tornou a sua m o­
radia invioiávei. (In Concept. Im. B. M, V., Salm. 2 ) ;
— Deus é um socorro sempre à mão nas angústias.
(Fest. Sept. Dolorum mense Sep. III Noct. Salm, 3)^
No Comum dos Mártires (III Noct. Salm. 3 ) este
salmo lembra-nos a especial protecção de que Deus os
rodeou no meio dos seus tormentos, e a vitória da
Igreja na pessoa de seus filhos.
No Comum das Virgens e das não Virgens come­
moramos duma forma especial o dom da fortaleza cristã
de que foram modelo.

II Nociàrno

SALHO 47

In trod u çio: Cântico de louvor e acção de graças p o r uma


vitória, no qual se celebra a glória de Jerusalém que fó ra então
maravilhosamente defendida e guardada p o r Deus.

I— A montanha de Sião e a cidade do grande R eL


Yahweh é grande e mui digno de louvor
com respeito à cidade do nosso Deus.
A sua montanha santa eleva-se majestosa,
delícias de toda a terra.

Na montanha de Sião, nas profundidades do norte,


lá é que está situada a cidade da Grande Rei. (1)

(I) Siao fica realmente no hemisfério norte, mas o salmista, com|poé-


tico exagero, diz qne fica nas proximidades do norte. O norte era para oa
bebrens a parte mais nobre da terra, e onde colocavam o parafso. Ontros
traduzem:-«Na montanha de SiSo, na encoats do norte...»

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//— Deus detém o avance dos inimigos.
Com respeito aos edifícios dela, Elohim
fez ver que era uma muralha.

Porque eis que os reis haviam feito junção,

Mas viram e ficaram estupefactos.


assustados, cheios de espanto. (1)

III — Derrota do inimigo.


Apoderou-se deles um tre m or. . .
convulsões como de parturiente.
Despedaçastes com o leste
as naus de T arsis. (2)

Como tínhamos ouvido dizer,


assim 0 vimos,
A respeito da cidade de Yahweh Sabaoth,
a respeito da cidade do nosso Deus. (3)
— Que Elohim a conserve para sempre!

IV — Deus f o i bondoso e justo. Alegria de Judá.


Ó Deus, nós apreciamos a vossa benevolencla
com respeito ao vosso palácio.
Tal o vosso nome, Elohim, assim o vosso louvor:
— chega até aos confins da terra.

tempo de Josafat. Este aalmo como o 45 e o 46 refere-se ainda a um destes


facto s,-a derrota dos Assírios diante de Jerusalém no tempo de Ezequias,
ou a dos Amonitas, Moabitas e Edomitas no tempo de Josafat.
(2) -Alegoria.-Assim como o leste quando tempestuoso laz nau­
fragar e aniquilar as naus de Tarsis, Isto é, oa navios do sito mar e longo
curso, assim Deus aniquilou os exércitos assírios ou confederados.
(3) Os prodiglos que temos ouvido narrar como operados outrora,
vimo-los agora reproduzidos em favor de Jerusalém.

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A vossa dextera é cbeia de ju stiça:
a montanha de Sião regozija-se.
As filhas de Sláo exultam,
por causa dos vossos juizos. (1)

V — Que se examine cuidadosamente as fortifica­


ções da cidade para ver que nada sofreu.

Percorrei Siâo, correi-a toda em volta,


contai-lhe as torres,
Examinai com cuidado as suas muralhas,
observai-lhe os edifícios. (2)

Para poderdes narrar à geração futura


quem é Elohim. (3)
É Ele 0 nosso Deus para sem pre;
é 0 guia que nos conduz.

C o n sid e ra çõ e s e a plicações lilúrgicas : As vitó­


rias da Igreja, sempre perseguida mas sempre triun­
fante, estupendamente triunfante mesmo, por vezes,
quando os seus inimigos julgavam estar a pontos de
lhe aplicar o golpe de misericórdia, eis o que devemos
celebrar com este salmo, segundo aquele principio de
que a Jerusalém material era uma figura da Jerusalém
espiritual que é a Igreja.
(1) As filhas de Judá sSo as cidades de Judá, ou antes a sua popu­
lação refugiada em Jerusalém durante o circo,
(2) DIrIge-se ainda o salmista às filhas de Judá, à populaçBo refu­
giada em Jerusalém, a qual, com os afazeres e sobressaltos do aiUo, nlo
tivera ainda tempo de contemplar detidamente as muralhas de cidade e

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Assim 0 entende a mesma Igreja na sua liturgia
saudando, no ofício do Natal, a vinda ao mundo do
Grande R ei para fundá-la, (Nativ. Dom., II Noct. Antif. I,'
Salm. 1) o que melhor se aprecia traduzindo à letra o
texto da Vulgata: — ó Deu$, a vossa Mise-
côrdia (incarnada) no m eio do vosso templo (o mundo);
assim igualmente no ofício de Pentecostes, lembrando-
-nos, a propósito daquele venio leste com que Deus
despedaça as naus de Tarsis, aquele outro vento impe­
tuoso, símbolo do Espírito Santo, que então viera dar-
-Ihe vida e movimento (I Noct., Salm. I, Antif. 1); assim
ainda, na Festa da Dedicação das Igrejas, símbolos,
come se sabe, da Unica Igreja cujas pedras são as almas
fiéis (1 Noct. Antif. 3, Salm. 3).
No Ofício das Santas Virgens e não Virgens toma-
-se 0 mesmo salmo num sentido místico algo diferente
aplicando à alma humana, templo do Espirito Santo, o
que nele se diz de Jerusalém e do templo, sua parte
principal. (II Noct., Antif. 3, Salm. 3).

In trod u ção: 0 salmista põe o problema da riqueza e pros­


peridade do Impio a contrastar tantas vezes com a pobreza e sofri­
mentos do justo, e resolve-o, fazendo ver que a felicidade do mau
é precária e provisória,— semelhante à dos animais de engorda
que acaba em catástrofe, —porque termina com a morte ao passo
que a dos Justos é entáo que começa, sendo retirados da mansão
da morte para Junto de Deus.

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Prelúdio: — Prestai atenção vós todos f
Escutai, povoa todoa,
preatal ouvidos, vós todos, habitantes do mundo,
Pequenos e grandes da terra,
os ricos como os pobres.

A minha bóca vai proferir palavras cheias de sapiência,


os pensamentos do meu coração são cheios de sentido.
Aplico 0 ouvido (à minha citara) para (expor) uma sentença,
ao som da citara vou expor o meu enigma. (I)

I — 0 mau também morrerá, ainda que seja rico.


Porque hei-de eu temer nos dias maus 7 !
quando me assedia a malicia dos meus pérfidos inimigos?!
Eles fiam-se dos bens que possuem,
e gloriam-se das suas abundantes riquezas.

Mas na verdade ninguém pode remir-se,


nem pagar a Oeus o seu resgate.
Não I . . . 0 resgate da vida é demasiado c a r o .. . I
làmais se terá com que pagá-lo I (2)

E então havia alguém de continuar a viver indefinidamente?!


Jàmais havia de ver a cova ? I
Hão-de vè-la seguramente 1 — Os prudentes m o rrem .. .
também morrem o louco e o insensato 1

Deixam a outros os seus bens,


e a sua morada p erp étua.. . serão túmulos I

( 1) Enigma é um pensamento ou sentença de sentido profundo e apa­


rência paradoxal, tal a desgraça dos maus ricos na vida futura que nada faz
prcsagiar. O gesto de inclinar a cabeça sobre o Instrumento é multo natural
aos tocadores, que se sentem assim mais inspirados.
(2) Se os ricos com a sua riqueza podessem comprar a eternidade...
Mas naol... Também para eles chega a morte como para os demais.

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SIm, túmulos serão a mansão eterna,
dos que davam o nome a p a íse s!
0 homem (rico e mau) não perdura na sua prosperidade:
Sucede-lhe o que aos animais que acabam por ser imola­
dos!

I I — O mau, ainda que. rico, ficará para sempre na


mansão dos mortos. 0 Justo será levado para junto de
Deus.

Tal é 0 destino dos presunçosos,


e dos que os seguem agradando-se dos seus discursos.
Serão encurralados, como um rebanho, na mansão dos mortos,
o pastor dêles será a morte,
e os justos hão-de calcá-lòs aos pés. (1)

Mui depressa se lhes fanará a beleza,


e na mansão dos mortos será a sua morada.
Mas Yahweh livrar-me-á dos braços da mansão dos mortos,
porque me tomará para si.
Não temas portanto quando qualquer se enriquece,
quando vai em aumento a opulência da sua casa,
Porque nada levará quando morrer,
nem a sua opulência o acompanhará à cova.

Bem pode felicitar-se durante a vida,


gloriar-se do seu bem e s ta r:
Irá, apesar de tudo, juntar-se à raça dos seus pais,
que não mais verão a luz.
O homem (rico e m au) não perdura na sua prosperidade:
sucede-lhe o que aos animais que acabam por ser imola­
dos!

(1) Mudar-se-ao as situações. Os justos serSo para sempre (elizes,


maus ricos, de opressores passarBo a oprimidos.

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C o nside raçõ e s e a plicações liiúrgicas: Os ricos
também morrem... Toda a gente o sabe, menos, mui­
tas vezes. . . eles mesmos 1
Fecham os olhos a essa evidência iniiudível, pro­
curam desviar a atenção de tudo o que lhes lembre
esse transe, para que essa lembrança lhes não venha
estragar o prazer... o vil prazer de gozar desalmada­
mente 0 fruto da riqueza na satisfação de todos os ins­
tintos da carne. . . até que, inopinadamente para eles,
lhes sucede o que aos animais de engorda, agravados
com a perspectiva duma eternidade horrorosa.
Nem chorados são tantas vezes I
Quanto a morte do que para ela se soube preparar
pelo cumprimento de todos os seus deveres individuais
e sociais tem de grande, de belo, e sempre de conso­
lador, pela esperança duma eternidade feliz, tanto a do
rico gozador tem de ridículo, de vil, e sobretudo de
horrendamente angustioso, pela apreensão cobarde —
naquela hora, visão nítida — duma sobrevivência des­
graçada.
N ão pode o homem remir-se, não pode comprar a
Deus uma vida eterna ?!
Jesus Cristo a todos remiu, ricos e pobres, só fal­
tando que cada um ponha a sua pequena quota parte
de boa vontade para que essa Redenção lhe aproveite.
Ele mesmo ensinou aos ricos como o deviam fazer. —
«Grangeai am igos com essas riquezas, fonte de iniqui­
d a d e s ! * — Tornai amigos, em primeiro lugar, porque é
de justiça, os vossos dependentes, os vossos emprega­
dos, fazendo com que, dos bens que Deus pôs na vossa
mão~e que dEle s3o, também eles tirem o fruto neces­

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sário ao seu bem-estar razoável, bem-estar que não seja
revoltantemente inferior ao vosso. Tornai depois ami­
gos os pobres, todos os pobres que Deus puser no
vosso caminho, na medida em que o puderdes. Assim
tomareis grato Aquele que prometeu receber como feito
a Si 0 bem que fizerdes ao mínimo dos seus irmãos, o
qual vos receberá, após uma morte honrosa e confor­
tada, na mansão da eterna e perene felicidade.

III Nocturno

SALMO 4B

Inlrodução: A lição dêste salmo é que o culto verdadeira­


mente agradável a Deus não consisie sòmenie nas observâncias
exteriores, isto é, desacompanhadas das disposições interiores
que devem animá-las, tais como amor, adoração, gratidão, res­
peito, penitência, etc., mas primeiro e principalmente nestes
últimos actos; nem se podem separar da f é as obras, ou crer
uma coisa e praticar outra, de maneira permanente e sistemática,
0 salmista dá à sua exposição uma encenação muito dramática
e poética.

I — Deus, em m ajestosa teofania, vai julgar a


Israel.
Fala Yahweh e convoca a terra,
do Poente ao Nascente.

Dos lados de Slão, bela na perfeição,


Elohlm surgiu brilhante de luz.
Ej-lo que vem, o nosso Deus, c não guarda silòncio.
Adiante dEle avança um fogo dcvorador.
Em volta desencadeia-se a tempestade. (1)

(I) Esta teoUnia parece ser um artificio literário do salmista.

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Do alto convoca os céus
e a terra, para julgar o seu povo.

Reunl-lhe os seus fiéis (1)


que com Ele fizeram aliança por meio de um sacrifício:
*E que 08 céus proclamem a sua justiça,
Porque é juiz, Eie, Elohim.

I I — 0 culto externo sem as disposições internas


de nada vale.

Escuta, meu povo, que vou falar-te,


escuta Israel, que vou admoestar-te,
Eu sou Elohim, o teu Deus,
— o Deus dos Deuses. (2)

Náo é pelos teus sacrifícios que te lepreendo,


pois nunca faltam holocaustos teus diante de m im ;
Não aceito da tua casa os vitelo^s,
nem do teu redil aceito os bodes.

Porque são minhas todas as feras dos bosques,


e todos os animais que por milhares há nos montes.
P or minhas conheço as aves todas do céu,
e tenho ao alcance da mão tudo o que se move nos campos.

Se tivesse fome não recorreria a ti,


porque meu é o mundo com tudo o que contém.
Porventura como carne de touro ? I
Porventura bebo sangue de bodes? I

(1) Os Israelitas.
(2) Bstas palavras s9o exactamente as do inicio do salmo, - Deus deo-
rum —, que alguns Intérpretes transpSem para íste lugar por encontrarem que
no outro eslBo a mais, sobrecarregando o verso, destruindo-lhe o equilí­
brio. etc., e que pelo conlrárlo aqui ficam muito bem, porque falta aqui mcic-
tamenle um hemlstlqulo.

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Oferece a Elohim sacrifícios de louvor (1)
e cumpre assim os teus votos ao Altíssimo.
Invoca-me no dia da aflição:
Eu te livrarei, e tu me darás glória.

II I— Fazer profissão de religião e não lhe cumprir


as obras é altamente repreensível.

Que tens tu que falar das minhas leis? I


Para que andas tu sempre com a minha Aliança na b oca?l

Se tu odeias a disciplina
e lanças para trás das costas as minhas p alavras.. .
Se tu quando encontras um ladrão acamaradas com ele
e fazes causa comum com os adúlteros. .

Se a tua boca pende sempre para a maldade I


e a tua lingua ocupa-se em tecer frau d es.. .
Se tu pões-te a falar contra o teu irmão,
e vomitas injúrias contra o filho de tua m ã e .. .

Eis 0 que tens feito e tenho-me calado!


Imaginaste que eu era como tu ! (2)
Pois por isso te repreendo e to lanço em rosto i

IV — Tende cu id a d o. . . !
Compreeadel-o bem, vós os que esqueceis a Deus,
não vos rasgue eu sem que ninguém vos livre I
Só me honra, o que me oferece um sacrifício de louvor,
e segue o recto caminho.
A esse far-lhe-ei ver o que é o socorro de Deus.

(1) Sacrifícios de louvor slgnidca o culto do coraçBo, o culto em espí­


rito e verdade.
(2) Pensaste que eu era como tu. . . que só me preocuparia com as
aparências exteriores sem cuidar das dlaposIçOes do coração nem com a
lógica na conducts.

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Considerações e aplicações litúrgicas: Os ver­
dadeiros adoradores são os que adoram o P a i em espí­
rito e verdade, dizia Jesus à Samaritana.
As fórmulas e gestos cyltuais não são nada, ou são
condenável hipocrisia se não forem a exteriorização ve­
rídica de um estado de alma. Prègar, ensinar, fazer
apostoiado, promover de qualquer forma o reino de
Jesus nas almas, é bom, é óptimo, mas não devem
esquecer os que a tal se dedicam, — ainda que não
sejam pròpriamente hipócritas e como tais dignos de
castigo — , que não tirarão fruto algum e podem até
escandalizar, se a sua conduta se não conformar com a
do Divino Modelo, do Qual está escrito que começou a
fa z er e a ensinar.
Primeiro fazer, praticar...: depois ensinar, incul-
car aos outros o bem que se pratica. Esta a ordem
divina e a única eficáz.
Somos verdadeiros adoradores?!
Este salmo deve provocar-nos a um pequeno exame
de consciência... Quanta falta de verdade se não in­
filtra por vezes, sem darmos por isso, na nossa con­
duta religiosa I Sobretudo devemos temer não esteja­
mos a apontar aos outros uma perfeição ou santidade
que não só se atingiu ainda, — o que é infelizmente
bastante normal — , mas que nem sequer se pensa
seriamente alcançar.

In troduçSo: Este salmo é um excelente acto de contrição


porque é por excelência o salmo do arrependimento. CompO-lo
David depois de repreendido do seu pecado pelo profeta Nathan, e

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nele derrama a sua dor e arrependimenlo em termos admiráveis de
humildade, sinceridade e bom propósito.

I — O salm ista pede a Deus perdão pela sua mise­


ricórdia.

Tende piedade de mim, Elohim, segundo a vossa benevolência,


segundo toda a grandeza da vossa misericórdia apagai os
traços da minha transgressão,
Laval-me completamente da minha Iniqüidade,
purlficaí-me do meu pecado.

Porq u e eu reconheço as minhas transgressões,


e tenho constantemente presente o meu pecado.

I I — Confessa humildemente a culpa.

Contra Vós pequei, - contra Vós só -


e fiz o que é mal aos vossos olhos.
Sim, confesso-o, para que vos reconheçam justo na vossa palavra,
e ilibado de toda a mancha no vosso juizo.

O r a ... pois se eu fui dado à luz em iniqüidade,


e em pecado me concebeu a minha m ãel (1)

III — Torna a pedir perdão.


Pois vos apraz que sejamos fiéis no intimo do nosso ser,
implantai no fundo do meu coração a sapiência I

Purlllcal-me do meu pecado com o hissope para que fique puro,


laval-me para que fique mais alvo do que a neve 1

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Que eu ouça de Vós uma palavra de gozo e alegria,
que exultem estes ossos que haveis triturado!

Desviai a vessa face dos meus pecados,


apagai todas as minhas Iniquidades 1

l y — Pede que lhe sejam restituidas as boas dis-


posições de antes da queda.
Ó Elohim criai em mim ura coração puro,
renovai no meu Inlerlor um espírito firme.
Nâo me repilais da vossa presença,
não me retireis o vosso santo espirito.

Restltui-me a alegria do vosso salutar auxilio.


8U8tende-me por melo de ura espirito generoso,
E eu ensinarei as vossas vias aos transgressores,
e os pecadores voltarão a Vós.

V — Promete consagrar-se ao serviço de Deus.


Llvrai-m e, Elohim, do sangue derramado I (1)
Ô Deus meu Salvador, possa a minha lingua aclamar a
vos«a divnidadel

Adonai abri os meus lábios,


e que a minha lingua publique os vossos louvores I
Porque não vos comprazels no sacrifício :
. oferecesse-vos eu um holocausto, não o acolheríeis de bom
grado.

O meu sacriiicio, ó Elohim, é um espirito m ortificado:


um coração partido e triturado não o rejeiteis, ó Deus I

(I) o salmista rcfrre-se à morte de Urlas c de muitos com ele, que


havia provocodo ordenando que o colocassem em frente dos Inimigos, no
ponto mais perigoso, e o desamparassem para que fosse morfo por eles.

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Sêde. em vossa bondade, favorável a Siãol
Reediflcai os muros de Jerusalém!
Então aceítarels de bom grado justos sacrifícios,
o holocausto e a oferta com pleta:
então oferecer-se-âo touros sobre o vosso altar (2).

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: O sal­


mista começa por invocar a grande, a extraordinária
misericórdia de Deus, a única proporcionada ao seu
crime, pedindo em termos expressivos (apagar, ou ras­
par, purificar...) que lhe perdoe, porque se reconhece
pecador. (Primeira estrofe).
Desenvolvendo este último pensamento, confessa
que ofendeu a Deus,— a Deus só porque embora tenha
ofendido Urias e muitas outras pessoas, e até todo o
povo com 0 seu escândalo, tudo isso é nada em com­
paração da ofensa feita a Deus, e Ele é o zelador da
honra e bem dos seus filhos— , que Deus iem toda a
razão de estar ofendido e de o castigar, e para mais se
humilhar, reconhece que já desde o seio materno o en­
volvia a mancha do pecado. (Segunda estrofe).
Reconhecendo igualmente, que as disposiçOes da
alma que mais agradam a Deus são a verdade, isto é a
fidelidade em observar a Lei, e a sapiência ou temor de
Deus, base de toda a boa conduta, de novo volta a
pedir que lhe perdôe o seu pecadp restaurando-lhe a
paz da alma, e lhe dê um coracão puro e o espírito de
rectidão, o espírito de firmeza que perdera pelo pecado,

(2) Parece hoje dellnltivamente estabelecido que estes dois últimos


versículos foram acresceotados ao salmo pela época do exillo de Babilônia,
* relerem-se à restauração do templo e da cidade de Jerusalém.

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prometendo nSo só não mais pecar, mas esforçar-se por
converter os pecadores (estrofe terceira e quarta).
Mas para este último fim pede ainda a Deus que o
livre das conseqüências do pecado e do sangue derra­
mado injustamente, que lhe abra os lábios, quer dizer,
que lhe dê as graças e disposições necessárias para bem
se desempenhar dessa missão, e dignamente louvar a
Deus, confessando que outra coisa não tem nem pode
dar, que possa compensar a Deus da ofensa que fez,
senão o arrependimento, porque Deus não necessita de
sacrifícios nem de obra alguma do homem, nem este
pode pagar o seu pecado com dádivas materiais.
(Quinta estrofe).
Este salmo é largamente usado na liturgia. A Igreja
põe-no na boca de seus filhos sempre que as circuns­
tâncias exijam deles um especial arrependimento, como
nas Vigílias de preparação para as festas, no Advento,
na Quaresma e nas Têmporas, excepto as férias do
tempo pascal e Têmporas do Pentecostes por serem
tempo de alegria.
No Ofício de defuntos somos nós que nos substi­
tuímos às bemdítas almas exprimindo por elas o arre­
pendimento dos seus pecados que tanto alívio lhes
pode valer nas suas penas.
A Igreja aplica-o também a Jesus Cristo no oficio
de Quinta, Sexta e Sábado Santos, como ao represen­
tante de todos os pecadores, expiando com seus tor­
mentos os pecados de todo o mundo.

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Laudes I
SALHO 06

In trodução: Cania-se o estabelecimento do reinado glorioso


de Cristo-Rei. O momento suposto pelo salmista parece não ser
tanto 0 do inicio humilde deste reinado no presépio de Belém,
como a inauguração do mesmo em toda a sua perfeição com o
juizo final.

I — Majestosa vinda de Deus a estabelecer o seu


reinado absoluto.
Reina Yahw eh! Exulte a terra I
Regozige-se a multidão das ilhas I

A justiça e o direito são a base do seu trono.


Diante dEle avança um fogo,
que devora os inimigos em redor.

Os seus relâmpagos iluminam o mundo,


a terra vê-o e treme.
As montanhas fundem-se como cera
ante a face de Yahweh,
ante a face do Deus de toda a terra.
Os céus praclamam a sua justiça,
e todos os povos contemplam a sua glória. (I)

(I) 0 salmista com artilicio poético descreve-nos a vinda do Rei Di­


vino sob a forma de uma teofania ou aparição da Divindade em meio de uma
tempestade com caracteres semelhantes a outras descritas cm vários lugares
na Escrilura. Segundo alguns o lundir das montanhas como cêra Indica as
torrentes Impetuosas que se precipitam daa montanhas após 4 tempestades

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II — Derrota dos falsos deuses e confusão dos seus
adoradores.

Eles estão confundidos, os adoradores de estátuas


que se orgulhavam de n a d a s.. .
— Todas as potestades se lhe prostram diante! (1)

Siâo ouve-o e regozija-se,


as filhas de Judá exultam, (2)
por causa dos vossos juizos, Yahweh,
Porque estais muito acima de toda a terra,
Porque estais soberanamente elevado sobre todos os
deuses.

Vós que amais a Yahweh odiai o mal.


Deus guarda a vida dos que lhe são dedicados,
llvra-os da mão dos implos.
Brilha uma luz para o justo,
uma alegria para os de coração recto.

Regozijal-vos justos em Yahweh


e dai glória à sua santa memória.

C o nside ra çõ e s e aplicaçõ es litúrgicas : — Este


salmo, devido ao mencionado seu carácter messiânico
atestado por toda a tradiçao católica, é empregado pela
Santa Igreja na contextura de numerosos ofícios de fes­
tas do Senhor, da Santíssima Virgem, dos Anjos, dos
Apóstolos, das Santas Virgens e não Virgens, e ainda

(1) «Potestades»: — A vulgata com os LXX diz «anjos», ao passo


que o T. M. parece dizer «deuses». E’ provável que estes dois termos
signifiquem uma e a mesma coisa, isto c, quaisquer polestades sobrenaturais
boas ou más, abrangendo tanto os anjos como os demônios, gênios ou forças
9 que SC faziam adorar nos idolos oo que os pagSos supunham

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no de Todos os Santos; e sempre nele se comemora
alguma das modalidades do Reino de Cristo.
Ora é Jesus que se faz adorar pelos grandes da
terra, como na festa da Epifania; descobre a Sua Gló­
ria, como na festa da Transfiguração; mostra o cará-
cter do seu domínio — um domínio todo fundado no
sacrifício e na imolaçSo, como na Festa da Circuncisão
e Exaltação da Santa Cruz, todo suavidade, todo amor,
como na Festa do Sagrado Coração; ora é a Santís­
sima Virgem, Sua Mãe, Rainha dos céus e da terra, e
misticamente a Sua Esposa, protótipo das almas espo­
sas que são, de uma forma especial, as Santas Virgens
e não Virgens; os Anjos, que são os primeiros digna-
tários da Sua Corte; Todos os Santos, que a consti­
tuem ; e os Apóstolos, que foram os seus arautos neste
mundo.
Possamos nós, ao recitá-lo, suspirar pelo estabe­
lecimento, cada vez mais profundo e mais intenso, do
reino de Jesus sobre nós e sobre toda a terra, para que
tenhamos a felicidade de fazer parte da sua corte celes­
tial louvando-0 e bem-dizendo*0 por toda a eternidade.

SALMO 64
In trodução: Êsla salmo parece ter sido composto para acom­
panhar um sacrifício de acção de graças, oferecido em cumpri­
mento de um voto público, po r se ter obtido uma abundante chuva
que fertilizou os campos. O salmista celebra, em um canto repas­
sado do mais poético lirismo, a misericórdia de Deus que atende
às preces e perdoa os pecados; o seu poder infinito com que
domina os elementos da natureza em revolta e tanto atemoriza os
homens como os socorre e consola; finalmente a sua bondosa pro­
vidência manifestada no beneficio agradecido.

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I — Israel vem louvar a Deus e cumprir os seus
votos porque f o i ouvido apesar dos seus pecados.

A Vós se devem hinos


ó Elehim, em S ião ;
A Vós se cumprem votos
ó Auditor das preces;

A Vós vem toda a carne


apesar das suas más obras.
Acabrunham-nos os pecados
mas Vós os apagais (1).

II— Feliz de Israel a quem é dado expor as suas


preces e cumprir os seus votos no templo de Deus.

Feliz de quem escolheis e admitis


a freqüentar os vossos átrios I
Será saciado dos bens da vossa casa,
da santidade do vosso templo. (2)

Com maravilhas nos ouvis em vossa justiça,


ó Deus da nossa salvação.
Esperança dos confins da terra,
e dos longinquos mares.

III —O Supremo Dominador dignou-se visitar a


terra com fertilizante chuva.

(1) «Toda a carnè», isto é, toda a criatura humana. Era o povo lodo
que oferecia o sacrifício e cumpria o volo. A causa da falia de chuva eram
os pecados dc Israel.
(2) E' frequenlando a casa dc Deus e prestando-lhe assíduo culto que
Israel obtém o perdão dos seus pecados, origem dc todos 08 demais bens.

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Ó V6s que, com o vobso poder,
dais bases firmes às montanhas; (1)
Que, ciglndo de valentia,
aplacais o bramir dos mares,
0 mugir das ondas, o tumultuar dos povos ( 2 );
Que, com os vossos prodiglos, atemorizals os homens,'
até aos confins da terra,
E com eles os deleitais,
do Nascente ao Poente (3)
Visitnstes a terra, inebrláste-la,
cumulaste-la de riquezas I

IV ~ Eis como Deus fertilizou os campos.


Sim, 0 rio de Deus trazia cheia,
e com ela fizestes a terra produzir os seus frutos!
FIzeste-la produzi-los do seguinte modo (4 );
Regaste-lhc os sulcos,
desfizeste-lhe as leivas,
Amoleceste-la com aguaceiros,
abençoaste-lhe as sementeiras.

V — Efeitos da visita fertilizadora de Deus.


Pusestes ao ano uma coroà de beneffcios 1
Sob os vossos passos escorre a abundância (5) I

(1) Segundo t ciincla do tempo, as montanhas assentavam sobre os


mares Inferiores, sendo um eleito-e nSo dos menos admiráveis - do poder
de Deus o manterem-se firmes sobre tSo movediço elemento.
( 2 ), A agitaçao dos mares era uma Imagem do tumuKuar dos povos.
Vid. Sal. 92 e fs. XVII, 12, 13.
(3) Os prodiglos de Deus tanto podem atemorizar os homens (abalos
sísmicos, eclipses, comelas, auroras boreais, etc.), como regoztjá-los: assim
no caso de que se trela.
(4) O rio de Deus è a chuva aburtdante que caía do ccu como se um
rio por lá trasbordasse. (tom esta cheia ou abundância de água é que Deus
fez a ferra produzir os seus fiutos, as sqas cearas ou o seu pâo.
(5) O salnjisla supOe poeticamente que com o aguaceiro e por cima
da nuvem regando a terra passava Deus no seu carro.

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Os plainos do Deserto estão a escorrer,
e as encostas cingem-se de alegria:
Os prados revestem-se de rebanhos,
e os vales enfeitam-se de espigas I
Tudo rejubila, tudo canta I

C o nside ra çõ e s e apliceções liiúrgicas: Mais


do que outrora o povo de israel temos nós a Igreja — o
pequeno rebanho que Deus para Si escolheu e admite
ein sua casa como seus filhos — , razão de nos entu­
siasmarmos e cantarmos agradecidos os seus louvores.
A nós é que verdadeiramente Deus sacia com os
bens da sua casa, com a santidade do seu templo —
essa santidade que se adquire freqüentando os actos
do culto e . recebendo os Sacramentos, - sobretudo o
Bem dos bens e fonte de toda a santidade que é Jesus
Sacramentado renovando constantemente sobre os alta­
res 0 sacrifício com que nos remiu no Calvário e dan­
do-nos em alimento a sua própria carne e sangue.
Realmente o rio de Deus, — o Verbo incarnado,
canal pelo qual o mesmo Deus resolveu fazer descer à
terra a abundante chuva da sua Misericórdia, DiVino
Mediador no qual nos quis encorporar e unir a Si, —
trazia cheia, vinha repleto de toda a sorte de dons e
graças, água viva com que regada a terra da Humani­
dade resequida e exausta por tantos séculos de esque­
cimento de Deus, logo reverdeceu e começou a dar os
seus devidos frutos de glória, logo se cingiu de alegria,
logo se enfeitou com abundante messe de almas santas.
E ainda nós agora não podemos mais que vislum­
brar esta beleza, e pouco podemos apreciar da gran­

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deza do divino amor; mas que será quando a contem­
plarmos do alto, quando a virmos como Deus a vè?
A Deus se devem pois- hinos, para Ele deve subir
constantemente o nosso louvor e agradecimento por
tantas maravilhas do seu amor para conosco.
Aplicações particulares deste salmo, apenas no Ofí­
cio de Defuntos, por causa do versículo 2 segundo a
Vulgata:— Oüví a minha oração, a Vós vem toda a
carne, prece que a Santa Igreja coloca na boca das
Bemditas Almas.
SALHO 100

Introdução: Série de bons propósitos, ou programa de


vida do Santo Rei David.

P relú dio: — Propósito g eral — ser benevolente e


justo.

Serei benevolente e justo,


sè-lo-ei por Vós, Yahweh (1).
Interessar-me-el pelo que viva sem mancha
sempre que a mim recorra (2).

I — Propósitos referentes à vida particular — ser


honesto em tudo.

Procederei na Inteireza do meu coração


no Interior da minha casa.
Jamais porei os olhos
em acção criminosa alguma.

. (I) Vulg.: - Cantarei a benevolência c a justiça.


(2) Vulg.: — Interessar-me-el. . . quando venhas a

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Odeio a transgressão da L e i:
jamais me deixarei contagiar por ela,
Coração perverso, jamais será o meu :
com 0 mal nem tomar conhecimento.

Ao que calunia secretamente o próximo,


exterminá-lo-ei.
Ao de olhar altivo e coração inchado,
não o suportarei (1).

II — Propósitos relativos ao governo do p ais — f a ­


zer ju s tiç a ; rodear-se de bons funcionários.
Terei os olhos postos nos homens bons do pais
para que sejam meus conselheiros.
O que proceder com inteireza
é que será meu funcionário.

Não terá lugar em minha casa


0 que procede com velhacaria:
O que usa de falsidade
não poderá demorar-se ante os meus olhos.

Todas as manhás exterminarei


os impios todos do pais,
Para extirpar da cidade de Yahweh
todos os fabricantes de iniqüidade (2).

Co nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: O pro­


grama de vida do santo rei David deve lembrar-nos a

(1) Davld propOe proceder honcstamcnle, nBo só na sua vida pública,


mas lambém na particular, nas suas acções privadas, e vigiar por que todos
os seus familiares procedam à sua Imitaçfio.
(2) Quanfo i sua vida pública, isto é, ao seu govérno, David propõe
rodear-se de pessoas honestas, as melhores do pais, para que constituam a
sua corte e oticlalidade. NBo só quer ser honesto, mas que todos os seus

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todos que também necessitamos de formar um pro­
grama de vida a que obedeça toda a nossa actividade,
se quisermos agradar a Deus e nSo perder o tempo na
grande obra da nossa santificação. Pode até mostrar-
-nos as linhas gerais a que deve obedecer esse pro­
grama.
Nenhum de nós terá decerto de governar uma
nação, mas muitos temos que dirigir uma família ou
uma comunidade, temos encargos de almas num sen­
tido ou noutro, e todo o nosso esforço se’deve dirigir
a exterminar cada m anhã os ímpios todos do país,
transformando os nossos subordinados em outros tan­
tos santos, teremos pelo menos o encargo da nossa
própria santificação com o bom exemplo a dar, e a
súmula dos nossos propósitos a esse respeito deve ser
sempre: —Ja m a is porei os oihos (da intenção) em acção
criminosa algurftb.
Enfim todos nos esforçaremos por sermos benevo­
lentes e justos em tudo, não só justos, para com Deus
e para com o próximo, cumprindo todos os nossos
deveres, mas também benevolentes, abrindo largamente
0 coração à bondade. E como remate diremos: — Tudo
isto ... s ê-lo -eip o r Vós, Senhor, sòmente por vosso amor.
Em tudo seguiremos as pisadas do nosso Divino
Rei Jesus, cujo programa de vida o Rei Profeta con­
densou nas primeiras palavras deste salmo: — 5erc/
benevolente e j u s t o . . .
Jesus é a Justiça e a Misericórdia personificadas.
É a Justiça dando a Deus a glória que é devida pelas
criaturas, e é a Misericórdia estendendo a todos os que
0 não repelem, o suave influxo da sua Redenção.

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C A N T I C O DÉ J Ü D I T -309

OAITIOO BE JDBIT

Iniro d u çâ o ; Hino de louvor a Deus celebrando a sua Omni-


potência e Majestade, que Judit entoou após a vitória que com o
socorro do mesmo Deus ganhou sobre Holofemes (I).

1 — Deus é 0 supremo D om inador de iodas as


criaturas.

Cantemos um hino ao Senhor,


cantemos ao Senhor um hino novo.
Adonai, Supremo Dominador, sois grande,
sois magnífico no vosso poder,
e não há quem possa exceder-Vos.

Sirvam-Vos todas as criaturas,


porque dissestes e foram feitas.
Enviastes o vosso espirito e foram criadas,
e nâo há quem possa resistir à vossa voz.

I I — A grandiosa M ajestade de Deus.


As montanhas com as águas
tremem nas suas b a se s ;
As rochas fundem-se como cêra,
ante a vossa f a c e :

Mas os que vos temem


são grandes em tudo diante de Vós.

II I — Ai das nações que se opõem ao povo de Deus.


Ai d l nação que se levanta contra o meu povo,
porque o Senhor Omnipotente vingar-se-á dela 1

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VÍ8itá-la-áno dia do Juizo,
dará a carne dela em pasto ao fogo e aos vermes
para que arda e sofra eternamente (1).

C o n side ra çõ e s e aplicações lilú rgica s : É com


amorosa confiança que devemos recitar este cântico:
confiança nas lutas que a Igreja tem de sustentar cons­
tantemente, e confiança, ainda mais, nos combates a
que a nossa alma está continuamente exposta.
Estamos na mão de Deus, e Deus é sumamente
grande em seu amor como em seu poder. Não há
quem possa resistir-Lhe. Ninguém nos poderá arreba­
tar, senão nós mesmos, se assim livremente o quiser­
mos em nossa malicia.

S & M O 14S

In lro d u ç ã o: Belíssimo hino áe louvor a Deus peia sua mi­


sericórdia e amor para com es pequenos, os fracos e os desprote­
gidos.

l — Louvor a Deus, o único que tem o poder de


salvar.

Louva minha alma, a Yahweh I


Quero louvar a Yahweh toda a minha vida!
Hei-de entoar salmos ao meu Deus enquanto existir!

Não confieis em poderosos,


em filhos de h.omens que não podem salvar:

(I) Judit manifesta a siia crença na eternidade das penas dos conde­
nadas, penas que constam de fogo c outros lorincnios que acliiani à maneira
de um verme que roi. Jesus Cristo serviu se destas mesmas palavras para
lalar das penas eternas.

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Val-se-lhes o sopro da vida, voltam ao pó,
c logo se desvanecem seus pensamentos.

Feliz daquele cujo auxílio é o de Deus de Jacob,


cuja esperança assenta em Yahweh seu Deus,
Que fez o céu e a terra,
0 mar e tudo quanto nele há.

I I — Louvor a Deus o grande bem feitor dos neces­


sitados.

Ele é que se mantém para sempre fiel,


faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos famintos.

Yaweh faz cair as prisões das mãos aos cativos,


Yahweh abre os olhos aos cegos,
Yahweh endireita os encurvados.

Yahweh ama os justos,


Yahweh protege o estrangeiro.
Sustenta a viúva e o orfãozlnho,
mas entorta o caminho dos Impios.

Yahweh reina para sem pre!


Sim, 0 teu Deus, ó Sião, reinará de geração em geração.

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas : — Como­


vente quadro da Bondade de Deusl
Ele de ninguém se esquece... Todos teem no Seu
Coração um lugar de filho único, todos são o mais caro
objecto da sua solicitude paternal. Mas os seus pre­
dilectos são os pobres, os oprimidos, os infelizes, os
doentes, os abandonados do mundo... todos aqueles
que se vão arrastando pelas veredas ásperas da vida

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com 0 coração a sangrar. Os pecadores gemendo sob
0 peso da sua miséria não são exceptuados-
Que grande motivo de confiança!
Deus vê os nossos sofrimentos, e com eles nos
está tecendo a coroa de felicidade. Sustem-nos em seus
braços, como a mais terna das mães ao seu doentinho,
e quanto mais sofremos mais nos achega ao Coração.
E o que se diz de Deus diz-se de uma forma muito
particular do Coração Amantissimo de Jesus.
Só os que por pura malícia desprezam o seu amor
é que nada de bom teem a esperar dEle, porque Deus
entorta o caminho dos im p io s... A sua Bondade não
é fraqueza. . .
Portanto, como nos diz o Apóstolo S. João, ame­
mos a Deus que primeiro nos amou Ele a nós.

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Laudes II

OARTIGO DB AMA

Intro dução: Ana, a mãe de Samuel, agradece a Deus o


lê-la libertado do opróbrio da esterilidade: mas elevando-se do seu
caso ao da sua nação (1), vendo na graça de que a Divina Munifl-
céncia a havia enriquecido um augúrio e um penhor das de que
Deus vai cumular Israel enviando-lhe o Messias, cania a grandeza
e poder deste Deus justo e misericordioso que se compraz em ele­
var es humildes e abater os soberbos.

Prelúdio: — Socorrida p or Deus, dú-me coragem


de proclam ar a sua grandeza contra os inimigos.

0 meu coração ganhou coragem em Yahweh (2),


ergueu-se-me a cabeça pelo meu Deus,
Abriu-se-me a boca contra os inimigos,
porque me regozijei com a vossa salvação.

E d iss e: - Não há santo como Yahweh I ■


— Não há rochedo como o nosso Deus (3)1

rá espost únic«, tinha vivido até e

causa da sua esterilidade e doa si


seu canto, Ana, embora elevando-se a malorea alturas, nlo perde de vista
esta rival, antes vê no que se passava entre sl e ela uma Imagem das humi­
lhações que os povos vizinhos Inlllglam por entfio ao povo de Deus.
(2)Lic. dos LXX. Vulg. T. M .: - O meu coraçfio exultou em Deus-
(3) O Inciso - «Porque nõo hú outro senBo Vós», segundo a opinllo
comum dos intérpretes modernos, é uma glosa explicativa que deslisou para
dentro do texto.

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I — D eixai-vos de arrogâncias porque a fortuna dos
homens está na m ão de Deus que a muda quando
quere.

Não profirais tantas altanerias,


deixai-vos de vomitar arrogâncias,
Porque Yahweh é um Deus que tudo sabe,
e não há façanhas que se aguentem diante dEle.

O arco dos fortes é quebrado,


e es que fraquejavam são cingidos de fo rça;
Os fartos põem-se a servir pelo p&e,
t os famintos passam a necessitar de trabalhar;
A estéril dá à luz sete vezes,
e a rica de filhos seca-se!

III — Sim, 'de Deus é que vem tudo, a vida e a


morte, a riqueza como a pobreza, a gtória com o a hu-
miihação.

Yahweh dá a morte e dá a vida,


faz baixar à mansão dos mortos e de lá tornar a subir;
Yahweh empobrece e enriquece,
abaixa, mas também eleva.

Levanta o pobre do pó,


retira o Indigente da montureira (1),
Para o fazer sentar entre os chefes,
e dar-lhe em posse um trono de glória.
Guia os passos dos que lhe são fiéis,
mas os maus perecem na escuridão.

(1) Vid. salm. 112 e

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I I I — Sim, D eas vai enviar o seu M essias a im­
plan tar 0 reino da justiça.

Em fo rça. . . ninguém o ven cerá!


Yahweh esmaga o adversário I
Sobre ele trovejará do céu . . .
Yahweh julgará os confins da t e rra :
dará o poder ao seu Rei,
e suscitará a potência do seu Ungido.

C o nside ra çõ e s e aplicações liiúrgices: Neste


magnífico cântico, que parece ter servido de modelo à
Santíssima Virgem para o seu Magnificat, profetizou
Ana 0 estabelecimento do reinado de Nosso Senhor
Jesus Cristo sobre a Humanidade remida com o Seu
Sangue: — Deus dará o poder ao seu Rei, e suscitará a
potência do seu Ungido. Façamos do mesmo um hino
de gratidão ao nosso Divino Rei Jesus pelo inapreciável
beneficio da nossa Redenção. ■
Foi Ele que à custa do Seu Sangue nos levantou,
— a nós pobres criaturas decaídas da graça original,
— do pó, da mísera condição de filhos de Adão peca­
dor, herdeiros da cólera divina, e nos tornou, no nosso
baptismo, filhos de Deus e herdeiros do céu. É Ele
que, — sempre à custa do Seu Sangue, aplicado no Sa­
cramento da Penitência — , nos retira, a nós indigen­
tes crônicos - , da montureira do pecado em que tão
repetidas vezes nos deixamos cair, para nos sentar
entre os chefes da sua côrte, e dar-nos posse de um
trono de glória.
A certeza da nossa Redenção deve pois erguer-nos
a cabeça, deve fazer-nos g an har coragem, como à Mãe,

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de Samuel, contra os nossos inimigos espirituais, Ainda
que se envaíenteçam e tornem arrogantes contra nós,
ainda que algumas vezes sejamos submergidos pela onda
do pecado, nSo devemos desanimar, porque, por Deus,
0 arco dos fortes é quebrado, e os que fraquejavam são
cingidos de força.
Deus guia os passos dos qa e buscam ser-ihe fiéis,
e só os maus impenitentes é que perecem na escuridão.

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Prima

Introdução: 0 salmista, com plena confiança em Deus e


cônscio da sua inocência, implora o auxilio divino contra os ini­
migos.

! — Fazei, Senhor, justiça à perfeita honradez da


minha vida.

Fazei-me, Yahweh, justiça,


porque tenho procedido sempre com perfeita honradez,
e pus em Yahweh a minha confiança sem nunca vacilar.
Provai-me e experimentai-me, Yahweh,
passai-me ao cadinho os rins e o coração (1).

Porque eu tenho sempre presente a v o ssa‘benevolência,


e porto-me segundo a vossa fidelidade (2).
Não acompanho com os hipócritas,
nem tenho cabida na roda dos velhacos.

II — Eu fujo dos impios e am o a vosse casa.


Odeio as assembieias dos malfeitores,
e com os impios não me associo,

(1) Passai ao cadinho... para comprovar a minha Inocência,como se


passa nm metal para llie comprovar a pureza. Já sabemos que na linguagem
bíblica o coraçáo era o ôrgáo e simbolo das Idelas e voliçOcs, como os rins
o é dos senllmenlos e afeclos.

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Lavo as mãos com toda a Inocência,
c dou a volta ao vosso altar, Yahweh (1).

P ara entoar louvores,


e narrar todas as vossas maravilhas.
Amo, Yahweh, o asilo da vossa casa,
e 0 lugar ohde habita a vossa glória.

I I I — Protegei-m e como convém em virtude da mi­


nha inocência.

Não me despojeis da alma como aos pecadores,


nem da vida como aos sanguinários (2j.
Em cujas mãos está entranhado o crime,
cuja direita está cheia de presentes corruptores (3).

En porém procedo com perfeita honradez.


Salvai-me e tende piedade de mim.
Os meus pés raanteem-sc no caminho direito.
Em córos vos bem-digo, Yahweh (4).

Introdução: Veemente tnvecttva contra um tntmigo, ttpo de


orgulhoso e malvado que abusa da força e nem teme a Deus. O sat-

(1) o salmisla refere-se ao rito aacerdo


de proceder aos actos do culto e às procissões
longe de se associar aos implos laz gala da su
vida e toma parte assídua nos actos do culto.
(2) «NSO me d e s p o j e i s N S o me castigueis com morte repen­
tina e violenta como tantas vezes fazeis aos ímpios, e sanguinários.
(3) «Corruptores...»:- Dos juizes e de todos os que tinliam a mis-
sSo de impedir e castigar o crime, e que se deixavam comprar por presentes.
(4) Em várias partes da Escritura vemos alusSo à existência de danças
litúrgicas. Os dançantes procediam em coros e davam a volia ao altar. Vid.

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misla anuncia-lhe que Deus o prostará com terrível desgraça tdo
súbita como irreparável (1).

/ — Procedim ento do mau.

Porque andas tu sempre a glorlar-te, ó valente,


da tua malvadez para com o homem p iedo so ?!
Tu andas sempre tramando ru in a s.. .
A tua lingua, para a v e lh a ca ria .. .
é uma navalha afiada I

Mais queres fazer o mal que o bem,


preferes a falsidade à rectidão. ,
Gostas de tudo o que subverte. . .
lingua de impostor í

II — D eas castigará o mau e hum ilhá-lo-á perante


os justos.

Mas Deus hd-de derribar-te para sempre I


Lançar-te-á a mão, arrancar-te-á da tua tenda,
cxtirpar-te-á da terra dos vivos (2).

(1) Este inimigo toi Doeg, ollclal de Saul, que denunciou os sacerdo­
tes de Nobè de haverem dado guarida e auxilio a David tngitivo. Saúl, num
acesso de cólera, condenou à morte os sacerdotes, em número de oitenta e cinco,
c mandou destruir a cidade em que habitavam passando à espada todos os
seus moradores, sem exceptuar as crianças nem os próprios animais. Como
ninguém quisesse executar a sentença, o próprio Doeg se encarregou da fa­
çanha. Foi ao' ter conhecimento da deplorável carnificina, que David compôs
este salmo em que deixa transparecer toda a sua justa Indignação.
(2) A tenda é algumas vezes na Sagrada Escritura tomada como um
símbolo da vida ou permanência neste mundo, ou ainda do corpo cm que a
alma habita. Arrancar alguém da sua tenda, 'significa pois dai^lhe morte

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Háo-de vêl-o os justos e encher-se de veneração (1 ):
hão-de rlr-se dele dizendo:

— «Ora ai está o homem


que não fez de Elohim a sua fortaleza,
Mas que se fiava na abundância das suas riquezas,
e se jactanciava das ruinas que causava I»

III — Segurança e prosperidade do justo,


Eu porém sou como uma oliveira viçosa
plantada na casa de Elohlm. (2)
Confio na benevolência de Elohim . . .
eternam ente! — para sempre I

Louvar-vos-ei por toda a eternidade, Yahweh,


pelo que fazeis:
Proclamarei o vosso nome, porque é bom,
na presença dos vossos devotos.

SALHO B2
Vid. Salm. 13

(1) 0 leriível e justo castigo dos maus há-de produzir nos bons duas
.tnpressO es sucessivas : — Primeiro um respeitoso temor: depois uma acnsa-
çáo de alívio e alegria pela justiça Icita.
(2) A oliveira viçosa 6 o símbolo da prosperidade. Plantada na pró.
pria casa de Deus, eslava duplamente garantida contra os ultrages do tempo e
as vicissitudes da sorte. Era uma prosperidade inabalável qual a de Davld
que tinha posto a sua confiança em Deus.

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Terei a
SiUIO 53

Introdução: Oraçüo pedindo a Deus socorro numa grande


aflição (1).

I — O salm ista, num perigo iminente, invoca a


Deus.
Elohim, salvai-me pelo vosse nome,
fazei-me justiça pelo vosso poder.
Elohim, ouvi a minha prece,
prestai atenção às palavras da minha bôca.

Porque se levantaram contra mim orgulhosos,


e bandidos querem tirar-me a vida.
Eles não elevam os olhos a E lo h im .. . (2).

I I — Socorrido, prom ete um sacrifício de acção de


graças.
Eis que Elohim vem em meu socorro I
Adonai é o grande sustentáculo da minha vid a!

(1)' Andava Oavid fngido de Saúl quando os de ZIK o foram denun­


ciar dizendo que estava escondido nos bosques das cercanias. Acorreu Saúl
com o exército a bater toda aquela regIBo cercando o bosque, e Davíd nao
tendo por onde escapar-se, confia contudo em Deus. De facto, Deus velo em
seu auxilio, porque a melo da perseguição Invadem os fnísteus repentina­
mente 0 território de Israel, sendo Saúl obrigado a retirar-se apressadamente
para lhes fazer face.
(2) NBo elevam os olhos a Deus, isto é, nao se lembram que existe e
tudo vè, nao creem nele. Parece faltar aqui om hemlstlqulo.

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Fazei recair o mal sobre os que me espiam I
Exterminai-os pela vossa fidelidade.

De todo o coração vos oferecerei um sacrificio:


louvarei o vosso nome, Yahweh, porque é bom,
Porque me livra de toda a tributação,
e os meus olhos encaram «sobranceiros os meus inimigos.

SILHO 54

In trod u ção: David num dos transes aflitivos da sua vida,


talvez os começos da revolta de Absalão, sentindo referver em
volta de si a intriga, ameaçado na vida, ultrajado na honra, traído,
ofendido no seu amor po r nm dos seus iniimos em quem depositara
absoluta confiança, expõe a sua situação, deixa brotar do coração
ondas de amargura e indignação, que se desfazem em magoadas
imprecações, e afirmando sempre a sua inabalável confiança em
Deus pede-lhe que o livre do perigo. David representava neste
transe N. S . Jesus Cristo e o amigo traidor era uma figura d e
Judas.

I — Súplica em que o salm ista, cheio de tédio e


terror na eminência do ataque do inimigo, pede a Deus
socorro.

Dal ouvidos, Elohim, à minha prece,


e não vos furteis à minha súplica.
Prestai-me atenção e escutai-me,
pois a minba queixa me traz amargurado.

Estou atordoado com o berrelro do inimigo,


ante a agressão do impio,

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Tenho o coração em convulsões,
mortais terrores caíram sobre mim.
Sobre mim vieram o temor e o tremor,
e um arrepio de horror me envolve todo.

E d isse: — Quem me dera as asas da pomba. . . I


voaria e iria viver em descan so. . .
Sim, fugiria para longe.
Iria viver para o deserto.

Mas aguardo quem me há-de livrar


do desencadeado vento da tempestade.

II — Exposição indignada da agitação da cidade


e traição dam amigo.

Senhor, confundi-lhes, dlvidí-lhes as línguas (2),


Porque vejo na cidade a violência e a discórdia:
Elas rondam-lhe os muros,
dia e noite.

Moram nela o infortúnio e a opressão,


a mina está-lhe no seio,
E não se lhe afastam da praça,
a violência e a astúcia.

raçao exprtne o que esat desgraça tinha de Inesperado e repentino, Irresis­


tível e esmagador ao mesmo tempo.
(2) AliuSo à confusão de Babel. Pede a Deus qne lhes confunda as
línguas para, como outrora, se verem obrigados a desistirem d» intento.

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O ra . . . se fosse um Inimigo o que me u ltra ja ...
Suportá-lo-ia 1
Se fosse ura dos que me odeiam o que se torna Insolente contra
m i m ...
Esconder-me-ia delel

Mas seres tu . . . um outro e u . . .


meu confidente e meu a m ig o .. . (1)
Vivíamos unidos em doce intimidade,
unidos, no mesmo acôrdo, lamos à casa de Elohim . . .

— Que os surpreenda a morte I


Que desçam vivos à mansão, dos m ortósl
Porque o seu interior está cheio de malvadez (2).

8ALN0 64

II — Acto de confiança no auxilio de Deus.

Mas eu invoco a Elohim,


e Yahweh há-de ouvir-me.
Pela noite, de manhã, durante o d i a .. .
lamento-me e suspiro I

Mas Ele há-de ouvlr-me,


e há-de fazer-me sair são e salvo
Da guerra que me fazem ,. . .
pois são muitos 08 que me cercam.

Sim, Deus há-de ouvir e humilhá-los.


Deus, que reina desde a eternidade,. . .

(1) 0 principal dos Inimigos dc.David, dc qnc clc mais se queixa


ainda do que do próprio AbsalSo cuja llgura ilca velada neste salmo, era
Arehitophel, um traidor, honrado com a amizade e famillariedade dolsanto
Rei. Bate traidor foi uma clara llgura de Judas.

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Pois não há neles emenda,
nem teem temor de Elohim.

IV — Descrição indignada da perfídia do am igo


traidor.

Ele estendia a mão aos amigos,


mas violou o pacto da am izade. . .

Tinha a bôca mais doce do que nata,


mas no coração só tinba guerra.
Suas falas eram mais untuosas do que azeite,
mas eram espadas afiadas (1).

V — Outro acto de confiança em Deus e na sua


justiça.

Pôe a tua sorte nas mãos de Yahweh


e Ele será o teu provedor (2)1
jamais permitirá que o justo se vá abaixo.

Mas Vós, ó Elohim, fa-Ios-els descer ao profundo abism o. . .


Os homens sanguinários e desleais flcarão*a meio dos seus
d i a s ... (3)
Mas eu confio em Vós,
ó Y a h w e h ...

C o n sid e ra çõ e s e a plicações lifúrgica s:— Todo


este salmo, que é messiânico, se deve entender de

(3) Esta profecia cumprIu-se á letro tanto com Architophel, como coi;
a sua reencamaçBobllLdas. Ambos puseram têrmo à vida, peto mesmo pro­
cesso, c ír S r c ü iS íC ^ n a s coosnmada a tralcBo.

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Nosso Senhor Jesus Cristo e dos seus sentimentos ao
aproximar-se a sua Paixão.
0 facto que nele domina é a traição de Judas, e as
suas imprecações veementes deixam-nos ver qual não
seria a mágoa indignada, a ferida profunda do Cora­
ção fidelíssimo de Jesus, ante a perfídia de um dos que
escolhera para seu apóstolo, que cumulara de tantas
graças, e tanto distinguira com a sua amizade...
Mas Judas, por sua vez, era um tipo. Jesus via
nele todos os pérfidos traidores do futuro, todos os que,
regenerados pela sua graça, cumulados dos seus dons,
nutridos com a Sua Carne e Sangue, chamados talvez
até a desempenhar na sua Igreja lugares proeminentes,
administradores dos tesouros da sua Redenção, se ban-
deiam com o inimigo, pelo mau exemplo da sua vida,
ou quiçá pela sua satânica impiedade.
Que tremenda lição para nósl — Quanto nos deve­
mos esforçar por desagravar com a nossa correspon­
dência e fidelidade o Coração magoado de Jesus, c quão
ardentemente suplicar por todos aqueles infelizes I
Pode ainda entender-se este salmo da Igreja e de
cada fiel em parlicular em luta com os seus inimigos
espirituais, e tomar-se como uma oração cheia de con­
fiança implorando o auxílio do Senhor.

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Sexra

Introdução: Perseguido pelos inimigos e em grande aperio»


David pede a Deus socorro numa prece ardente entremeada de actos
de confiança. Por fim , vendo vir o socorro, começa a acçdo de
graças que promete prolongar.

I — Senhor valei-m e contra os meus inimigos. Eu


só em Vós espero.

Tende piedade de mim, Elohim, porque se encarniçam contra


m im:
gente agressiva me está oprimindo todo o dia.
Todo 0 dia andam encarniçados contra mim os ad versários;
e são muitos os que me atacam.
Ó Altissimo, quando estou presa do temor,
em Vós é que ponho a minha esperança 1

Com Elohim hei-de fazer triunfar a minha causa.


Confio em Elohim. Nada tenho a temer,
que mal me poderá tazer a carn e?

II — E les andam constantemente tramando a mi­


nha desgraça.

Todo o dia andam prejudicando a minha causa.


Tudo 0 que pensam é contra mim.
Reunem-se secretamente para me prejudicar.
Espiam-me os passos como a querer tlrar-me a vida.
Pesai-lhe 0 castigo na medida dos seus crimes.
Vós que com a vossa cólera abatels os povos.

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Cora Elohlm hei-de fazer triunfar a minha causa.
Confio em Elohim. Nada tenho a temer.
Que mal poderá fazer a carne ?

III — Mas Vós bem o vedes e não me faltais com


0 vosso socorro.

Ó Elohlm, vós tendes contado os pasáos da minha vida érrantç


tendes posto em depósito as minhas Tágrlmás.. .
Sim, eias estão escritas no vosso livro.
Os meus Inimigos recuam imediatamente,
logo que vos dirijo a minha in vocação. . .
Bem 0 s e i. . . Porque Elohim é por mim. . .
Com Elohim farei triunfar a minha causa.

Com Elohim hei-de fazer triunfar a minha causa.


Confio em Elohim. Nada tenho a temer.
Que mal me poderá fazer a carne ?

IV — G raças a D eas porque me ouvis.

Ó Elohim, devo-vos votivas ofertas,


era cujo cumprimento vos oferecerei sacrifícios de acção
de graças:
Porque me arrancals das garras da morte,
porque.me perservais os pés das quedas.
Para que possa caminhar ante a face de Elohim
na luz dos vivos.

Com Elohim hei-de fazer triunfar a minha causa.


Confio em Elohim. Nada.tenho a temer.
Que mal me poderá fazer a carne ?

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IniroduçSo: David, escondido com os seus numa caverna e
cercado por Saúl que o perseguia, pede a Deus que o socorra, e
socorrido dá graças (1).

I - O ração pedindo socorro.

Tende piedade de mim. Elohim,


tende piedade de mim,
poi8 em Vós me refugio:
Abrlgo-me à sombra das vossas asas,
até que passe a tormenta.

Eu invoco a Deus, ao Altíssimo,


ao Deus que tão bondoso é para com igo:
Que do céu me lance a mâo para salvar-m e,
cobrindo de opróbio os que se encarniçam contra mim.

Que Elohim envie a sua Benevolência e Fidelidade (2),


que me arranque das garras destes cachorros de leões.
Eu delto-me a tremer entre homens
cujos dentes são lanças e flechas,
cuja lingua é uma espada afiada (3).

Elevai-vos, ó Elohim, ao alto dos céus,


e que a vossa glória brilhe sobre toda a terra.

II — Acção de g raças após o livramento.

Eles tinham-me armado um laço aos pés,


esperando que nele caísse,

(1) Vid, I Ree. xxrv e seg.


(2) A Benevolência e a Fidelidade de Deus esUo aqui personilicadas,
O salmista pede que lhas envie como dois anjos tutelares.

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Tinham cavado um fosso à minha frente,
e eles mesmos cairam nele (1).

Está refeito o meu coração, ó Elohim,


está refeito o meu co ra çã o !
Vou cantar, vou modular um salmo (2):
Desperta minha alma,
acorda minha harpa, acorda minha citara,
vamos despertar a aurora (3)1

Quero louvar-vos, Adonai, entre os povos,


modular-vos salmos em meio das nações,
Porque a grandeza da Vossa, benevolência chega até aos céus,
e a da Vossa fidelidade até às nuvens.

Elevai-vos Elohim ao alto dos céus.


e que a vossa glória brilhe sobre toda a terra.

SALMO 67

Introdução: Enérgica invectiva contra os maus juizes que


pesavam na simbólica balança da Justiça, ndo o direito mas a sua
maldade, venalldade e corrupção. O salmista suplica a Deus com
indignadas imprecaçOes que castigue esses maus juizes a quem
acaba por anunciar que Deus fa rá justiça.

(2) Notar como ao grito de angústia do comêço sucede ago» e com


o mesmo ritmo o brado da alegria e do agradecimento.
(3) »Vamoa despertar a aurora » . . . - começando a cantar antes que
desponte. Os e;

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/ — Invectiva contra os m aus juizes.

Entáo, são justas as vossas sentenças, ó deuses (1 )? I


É pelo direito que julgais os filhos dos h om ens?!
Não I Todos vós praticais a iniqüidade,
e 0 que as vossas mãos pesam por esse pais é a violência!

Os impios pervertem-se logo ao sair do seio m aterno!


Descarrilam mal deixam as ilhargas da mão, esses falsos I
Teem uma peçonha como a das serpentes,
como a surda vibora que tapa os ouvidos,
Que não escuta a voz do encantador,
do encantador ainda o mais hábil.

II — Imprecações. Anúncio profético de que ju s­


tiça será feita.
Elohim, quebrai-Ihes os dentes na b ôca!
Despedaççi os queixais a esses cachorros de leões I
Sumam-se como água que se derram a!
Sequem-se tão rápido como o viço nos campos (2)!
Sejam como a lesma que caminha fundindo-se!
Como um abõrto que não chega a ver a luz (3) I

Antes que as vossas caldeiras sintam o mato a arder


mato e fogo, tudo o furacão levará (4).

( 1) Estes deuses sSo os jnizes ou governadores da terra, os iuncloná


rios públicos como diríamos hoje, porque entSo a funçlo de governar nSo se
distinguia da funçSo de julgar. Chama-lhes deuses porque exerciam um
oficio divino,-julgar.
(2) Vulg. - Retezará o arco até que os proste.
(3) Vulg.-SerSo cqpsnmldos como círa qne se derrete: cairá sobre
eles o logo (da ira de Deus) e nSo mais verSo o sol.
(4) Volg. — Aotes que os vossos espinhos atinjam o seu completo cres­
cimento - sejam espinheiros - , já a Ira de Deus os terá consumido vivos,
O sentido da Vulg. e do T. M„ apesar das estrai

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O justo alegrar-se-á áo ver a vingança:
banhará os pés no sangue dós impios (1).
Então d ir-se-á: - «Na verdade há uma recompensa para o ju sto!
Na verdade há um Deus que julga sobre a terra 1>

Considerações e aplicações iitúrgicas: Veio o


Divino Encantador das almas para salvá-las da eterna
desgraça e fazê-las participantes da sua própria felici­
dade, uma só coisa delas exigindo, — que permaneçam
na ordem da sua natureza não violando as leis da vida,
da verdade e do bem. Apresentou-se como o m ais hábii
d os encantadores, revestido da nossa própria natureza,
com um coração irmão do nosso, embora de uma ama-
bilidade e perfeição toda divina, da forma enfim mais
apaz de atrair o nosso amor. Nada houve que não
tentasse para se fazer amar de nós, pois até a própria
vida deu por nosso amor, de forina a podei dizer. —
«Que mais poderia ter feito que não fizesse* ?
E no entanto há serpentes m ais surdas do que as sur­
das viboras, que tapam os ouvidos p ara não ouvir a sua
voz, que fecham osólhos para não ver as suas maravilhas,
que endurecem o coração para não sentir o seu amor, e
mais querem as trevas do què a luz, a mentira do que a
verdade, o mal do que o bem, o nada do que o Tudo.

gens que empregaiA, é no entanto o mesmo: —Que antes que os impios vejam
realizados todos os seus malignos desígnios, cairá sobre eles, reduzindo-os à
impotência, a cólera de Deus. A Imagem do T. M. é tirada dos usos da vida
nômada em qne a comida se tazia ao ar livre, suspensas as caldeiras de qual-
üuer espeque ou ramo de árvore, sendo entao passível a umfuraefio arrebata,
fogo e mato com que se ateava.
(1) O sangue da chacina dos ímpios, sob cuja imagem o salmista lhes
anuncia o castigo futuro, será tanto que os justos para qualquer parte que ca­
minhem nele molharáo os pés.

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E se essas serpentes pertencem às classes directo-
ras da sociedade, quer tenham funções de mando, quer
sejam simplesmente as naturais condutoras do seu se*^
melhante pela sua ilustração e influência social, de que
peçonha mortifera n3o infectam a sociedade, e que
grande matança não fazem todos os dias de almas rege­
neradas pelo sangue de Jesus ?
Compreende-se então as indignadas objurgatórras
deste salmo, as veementes imprecaçOes desta invectiva.
Motivo muito sério para refletirmos e temermos nós sobre­
tudo os que temos missão de governar oü dirigir os nos­
sos irmãos, ou se simplesmente para isso nos tenha fa­
dado a Providência concedendo-nos talento e ilustraçãõr

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Noa

Introdução: Oração, repassada de angüslia e confiança,


em que David pede a Deus socorro contra os seus Inimigos (1).

I — Livrai-me, Senhor, dos meus inimigos porque


estou inocente.
Livrai-m e dos meus inimigos, ó meu Deusl
Ponde-me onde não alcancem os que se levantam contra mim
Livrai-me dos que cometem acções criminosas I
Ponde-me a salvo dos homens sanguinários I

Porque eis que estào de espia para me perderem :


homens violentos bandeiam-se contra mim,
sem que eu haja cometido falta ou pecado,
Yahweh, sem que haja em mim iniqüidade,
acorrem a tomar posições contra mim.
Levantai-vos, vinde a mim e vêde.

Não sois Vós, Yahweh, Elohim Sabaoth


0 Deus de Israel ? I
Despertai para castigar todas as nações (2),
não tenhais piedade de todos esses pérfidos criminosos.
0 1 o episódio que deu origem a este salmo é narrado em 1 reg.
XIX-11. Uma noite mandou Saúl os seus satélites cercar a caaa de David
para o mandar matar no dia seguinte. David conseguiu escapar-se a grande
custo por uma janela com a conivência de Michol, sua esposa e lllha de Saúl.

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II — É grande o seu ódio contra mim, mas eu
tenho confiança em Deus.

Eles reaparecem cada noite a uivar como cães (1)


e vão rondando pela cid ad e. . .
Vejam 1 — Teem a bôca espumando,
e 0 insulto nos lábios.

P orq u e. . . dizem :
- .Q u e m nos ouve ( 2 ) ? !»
Mas Vós, Yawheh, rides-vos deles,
escarneceis de todas as nações.

ó minha força, quero entoar-yos um s a lm o ...


Porque Elohim é a minha fortaleza.
A Benevolência do meu Deus vem ao meu encontro:
Elohim faz-me encarar sobranceiro os meus inimigos.

III— C astigai-os, Senhor meu D eusl


Não os d e g o le is ...
não vá esquecê-lo o meu povo I
Fazei que vagueiem» entontecidos. pelo vosso exército,
e que se não aguentem de pé, ó Adonai meu escudo.

enbora em pequeno n
sraelislas. Talvez que o salmista chamasse assim aos da d
que se portavam como se fossem das taças malditas. Também podia ser e
e multo provivel que o salmo teoba sofrido mais tarde remodelaçSes para o
adoptar a qualquer caso do povo de Israel.
(I) «No Oriente os cSes dormem todo o dia: ao anoitecer porém pre-

vam de certo por toda a cidade buscando-o, e voltavam repetidas vezes ã


casa onde morara, a ver se pela calada da noite all vinba, ou procurariam
surpreendi-lo a mudar de esconderijo. Daqui a comparaçSo de David...
(2) David atribula o desaforamento doa seus Inimigos i falta de crença

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Por causa dos pecados da sua bfica,
pelas palavras dos seus lábios,
Que, vitimas do seu orgulho,
sejam atingidos pelas suas próprias maldições e mentiras.

Aniquilal-os na vossa Indignação,


aniquilai-os e que náo fique sinal deles ( I)!
E que se fique sabendo até aos confins da terra
que Deus domina em Jacob.

IV — E les buscam em vão satisfazer os seus inten­


tes. Confio em Deus.

i, a uivar como cães.


e vão rondando pela cidade:
Vagueiam por toda a parte em busca de présa,
e reganham os dentes enquanto se não saciam.

Eu porém, canto o vosso poder,


e aclamo a vossa benevolência até de manhã,
Porque vos tornastes a minha fortaleza,
0 meu refúgio no dia da minha angústia.

Ó minha força, quero entoar-vos um s a lm o ...


porque Elohim é a minha fortaleza.
A benevolência do meu Deus vem ao meu encontro:
Elohim faz-me encarar sobranceiro os meus Inimigos.

(I) Sobre as imprecações veja-se a Introdução Geral. A contradlçJo


aparente entre estas palavras e as precedentes, cipllca-se por um crescendo
de Indignaçlo no salmista. Esta volubilidade de sentimentos ê multo prõpria
da poesia lírica.

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InlroduçSo: 0 salmista, queixando-se, em nome do povo,
de uma cruel derrota, e lembrando a Deus as promessas de vitória,
pede que o auxilie na campanha a recdmeçar (1).

I — Senhor, com o nos provais tão rudem ente?!

Elohim, regeitastes-nos, esmagastes-nos,


irritastes-vos. . Restaurai-nos!

Abalastes a terra, rasgastes-la. . .


Curai-lhe as feridas, porque anda car

Fizestes passar o vosso povo por rudes provas,


destes-lhe a beber um vinho que dá vertigens,

II — P ois que j á com eçastes a saivar-nos, comple­


tai a vossa obra.

Apontastes aos que vos temem um estandarte,


para sob ele se refugiarem contra o arco (2).

Para que sejam, pois, livres os vossos predllectos,


salvai-nos com a vossa mão direita e ouvi-nos.
...................................................... (3)

vingou depois esta derrota.


(2) Outros traduzem: —Fizestes sinal aos que vos temem para luRi-
rem diante do arco. O sentido parece ser que Deus, permitindo que os Israc-
litis fossem derrotados, lhes ofereceu no entanto um melo de salvaçao.
(3) Fareçc liaver aqui lacuna.

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JII — Deus prom etera submeter a o seu domínio
toda a terra...

Elohim falou no seu Santuário:


— «Exultarei, repartirei Sichem,
medirei o Vale de Socoth.

Galaad é meu, e meu é Manassés,


Ephraim é meu capacete,
Judá o meu cetro,

Moab é a bacia de lavar-me,


sobre Edon lançarei a sandália,
e da Phillstia clamarei a vitória (1).

I V — Quem m archará pois à frente de Israel con­


tra 0 inimigo, senão Vós ?

Quem me levará à Cidade Forte ? (2)


Quem me conduzirá ae coração de Edom ?

Náo sois Vós, ó Eloim,


que nos rcjeitáveis, que já não saiels
à frente dos nossos exércitos?

V— Socorre-nos porque só Vós o fazeis eficaz­


mente.'

Socorrei-nos contra o adversário,


porque é vão o socorro do homem.

Com 0 auxilio dc Deus praticaremos façanhas,


Ele calcará aos pés os nossos adversários.

(1) Repartir, medir, pôr-lhe em cima a sandália, clamar vitória, etc.


são outros tantos símbolos da posse ou domínio.
(2) A Cidade Forte era provóvelmente a capital da Edumeia.

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Considerações e aplicações litúrgicas: Algumas
vezes Deus deixa que os seus predilectos passem por
tão rudes provas espirituais, e até mesmo que caiam
em tão humilhantes faltas, que bem pode a alma atri­
bulada dizer com o Salmista: - Ó Deus, rejeitastes-
-nos, esm agasies-n os...
A tentação é o tal vinho que dá vertigens e Deus
dá-o muitas vezes a beber ainda aos seus mais fiéis
amigos.
Mas como o Santo Rei não percamos a coragem,
e sabendo, por no-lo dizer S. Paulo, que, para aqueles
que amam a Deus, tudo contribue para o bom êxito
final, até mesmo os pecados, clamemos logo ao Pai de
Misericórdia e apontando-lhe a nossa alma doente di­
g a m o s C u r a i-/ A c as feridas porque anda cam ba-
teando de fraqueza e m iséria*, e como ele estejamos
certos de que com o auxltio divino praticarem os fa ç a ­
nhas.
Pode aplicar-se este salmo à Igreja que apesar de
ter promessas de vida eterna, e de vir a sujeitar ao
jugo de amor de Cristo todos os povos, tão perseguida
e aparentemente derrotada se nos apresenta por vezes.
Peçamos para ela a vitória, seguros de a apressarmos
com as nossas preces.

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Vésperas

Introdução': Neste pequeno mas gentil salmo celebram-se


as principais fontes da felicidade neste m undo: — a paz da cons­
ciência, 0 trabalho honesto e as alegrias da família.

I — Motivos de felicidade neste mundo.


Feliz de quem tem a Yahweh,
e caminha nas suas vias I

Sustenta-se do trabalho das suas mãos;


vive satisfeito, e nisso tem felicidade;
A sua espôsa é como uma videira fecunda,
lá no recôndito da sua c a sa ; (I)
Os seus filhos são como rebentos de oliveira
em redor da sua mesa.

II — Que sejas assim feliz .•


Eis como é abençoado
0 que teme a Yahweh.

Que assim, de Sião,


te abençôe Yahweh!
Que vejas a felicidade de Jerusalém
todos os dias da tua vidal
Que vejas os filhos dos teus filhos I
Paz a Israel I

(I) o recôndito ou o interior da casa é o lugar que convôm i mtdbei


honesta e trabalhadora. Os orientais faziain desta recluslo e recato uoo
obrlgaçlo rlgoross para a mulher, e é a este uso que alude « salmista.

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Considerações e aplicações liiúrgicas: A lição
mais comezinha deste salmo é que, do temor de Deus,
isto é, do integral cumprimento da sua Lei, vem ao
homem, não só a sua felicidade eterna, mas até o
máximo de ventura que é possível neste mundo.
É óbvio, mas, por isso mesmo, bastante geral­
mente incompreendido. A nossa felicidade terrena —
que jamais será perfeita e completa — só pode resultar
da satisfação estável e tranqüila de todas as nossas
tendências vitais. Mas nenhum ser pode satisfazer de
maneira estável e tranqüila as suas tendências vitais,
se não permanecer na ordem da sua natureza, a ordem
estabelecida e querida por Deus. A violação desta
ordem, isto é, o pecado, por grande que seja a satisfa­
ção momentânea que ofereça, gera sempre maiores e
mais duradouros males.
Aos israelistas carnais e de coração fardo para crer
e compreender, esta felicidade terrena bastava. Nós
porém devemos elevar-nos a mais altas coisas — aos
bens espirituais e etérnos.
. Ora, num sentido ainda mais elevado e espiritual,
.0 homem que, por excelência, teme a Deus e caminha
nas suas vias, é Nosso Senhor Jesus Cristo- Sua es-
pôsa, a Igreja, é como fecunda videira, apresentando-
-Lhe todos os dias nova e numerosa prole de aimas
regeneradas pelo baptismo. E o Senhor vê gozoso
acumularem-se-Lhe os filhos, cada vez mais numerosos,
— como rebentos de oiiveira em redor de um tronco
anoso—, em volta da mesa onde a mesma Igreja
serve o tríplice pábulo da doutrina, da direcção e dos
sacramentos, fruto das suas m ãos, isto é, dos seus so-

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frimentos redentores, e sobretudo o sacramento da Eu­
caristia.
É neste último sentido que a Igreja entende este
salmo na Festa do Corpus Christi.

SILHO 128

Inlrodução; Nesle salmo, composto mais provàvetmenle


após 0 cativeiro da Babilônia, o povo de Israel, lançando um olhar
retrospectivo sobre a sua própria história, lastima-se do muito que
tem sofrido dos inimigos, congratulando-se ao mesmo tempo de que
não hajam podido exterminó-lo, e termina, segundo o estilo blbllco,
lançando uma série de imprecações sobre esses mesmos inimigos.

l — Prolongada opressão a que Israel tem estado


sujeito.

Demasiado me teem oprimido desde a mocidade,


— que Israel 0 diga I —
Demasiado me teem oprimido desde a m o cid ad e...
— mas não prevaleceram !

Lavradores lavraram-me o dorso


e abriram nele grandes s u lc o s .. .
Mas Yahweh, o Justo, despedaçou
a apeiragem dos ímpios (1).

iozinho está escrito, c


10 tiradas todas as mel
pregadas. A Vulg. emprega aqui outra metáfora embora de Idêntico sentido
— a da bigorna e dos malhadores : — Os pecadores malharam-me no dorso.
etc. Porém tanto eata como a dos lavradores empregada pelo T. M. expri­
mem os muitos e prolongados maus tratos Infligidos aos Israelitas pelos pa-
gBos através das várias épocas de opressBo que atravessaram.

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II — Im precações conira os agressores.

Que sejam confundidos e levem para trás


os que odeiam Siãot
Que lhes suceda como à erva dos tectos,
que seca antes de ser arrancada t

Da qual não enche a mão o ceifeiro,


nem faz braçado o empaveador I
Nem os que vão passando dizem:
— Que a benção de Yahweh seja convosco I
- N ó s vos abençoamos em nome de Yahweh (1)1

Co nside raçõ e s e aplicações lifúrgicas ; As pri­


meiras palavras deste salmo logo nos lembram Nosso
Senhor Jesus Cristo sofrendo desde o primeiro momento
da Sua Incarnação a esmagadora opressão dos pecados
de todo o mundo de que se viu carregado, Ele, o Justo
por excelência.
A metáfora dos lavradores lavrando grandes sulcos
no dorso de Israel, — ou, se quiserem, a dos malhadores
— não faz lembrar igualmente a cena horrenda da flage-
lação do Senhor? . .. Pelo menos é licito meditá-lo.
Mais geralmente, porém, aplica-se este salmo à

(I) Sobre 08 tectos do Oriente, gerilmentc em forma de tcrrasso,


deposItaTa-ae uma camada dc pó, onde. com as primeiras chuvas, germinavam
pequenas sementes all depositadas pelo venlo. Esta pequena verdura crescia
com admirável rapidez, mas secava-se com a primeira réstea de sol mais
vivo, antes mesmo que atraísse a atençAo dos donos da casa, e para nada
servia. Os passageiros .nAo saudam os ceifeiros da erva dos Icctos, porque
evldeotemenle nenhuus encontravam nesse inverossímil mister. Nestes últimos
versículos está delineado com muita poesia o quadro das ccifas; — os cei­
feiros cortando com uma das mAos a seara e com a outra íazendo manipules
ou mlo.chela8, que em seguida os empaveadores juntam em braçados e

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Igreja, sempre perseguida e sempre vexada desde a sua
origem. Cada alma cristã pode dizer de si o mesmo.
Mas tenhamos confiança. Assim como nâo preva­
leceram contra Israel, não prevalecerão contra a Igreja
— 0 Senhor o disse — nem contra nós, pessoalmente,
se nos soubermos acolher à protecção de Deus, porque
Ele confunde todos os que odeiam Sião.

SALHO 120
Introdução: Brado de socorro, cheio de humildade e con­
fiança, dirigido a Deus po r uma alma que está num abismo de
humilhação e angústia causada pelo pecado. Palavras divinamente
aptas para exprimir os nossos sentimentos de pecadores (1).

I — Angustioso apêlo à m isericórda de Deus.

Do fundo do abismo clamo por Vós, Yahweh!


Senhor escuta! a minha voz I
Estejam atentos os vossos ouvidos
à minha voz suplicante.

Se guardais, Yahweh, de reserva, as nossas Iniquidades,


Senhor, quem poderá sub sistir?!
Mas convosco está o p erd ão. . .
para que se vos venere.

II — Confiança no socorro de Deus.


Confio em Yahw eh. . .
Sim, a minha alma con fia!
Espero na sua palavra I

( I) Segundo alguns este salmo seria um cântico colectivo datando da


época do exílio de Babilônia. Neste caso a pessoa a quem se aplica seria o
povo de Israel clamando do profundo abismo de liumIlhaçOo e Impotência do
exílio pela sua libertaç&o.

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A miRha alma suspira por Yahweh,
mais que a nocturna sentinela pela a u r o r a ...
— Mais que a nocturna sentinela pela aurora!

Israel, espera em Yahweh,


porque com Ele está a benevolência. . .
— com Ele está plenamente o livramento.
Por isso Ele é que há-de livrar a Israel
de todas as suas iniquidades.

Co nside raçõ e s e a plicações litúrgicas: Este


salmo é um dos penitenciais, e com muita propriedade.
Está nele divinamente retratada a situação da
alma acabrunhada pelo pecado pedindo a Deus, since­
ramente contrita, profundamente humilhada, perdão da
sua falta, angustiada pelo seu estado, mas ao mesmo
tempo cheia de filial confiança na Misericórdia do
Senhor.
Almas acabrunhadas pelo pecado, todos nós somos.
Recitemo-lo pois muitas vezes, como acto de humildade,
contrição e confiança, esforçando-nos por bem nos
apropriarmos dos sentimentos do salmista.
Recitado na Festa do Natal, faz-nos lembrar a
profunda angústia do mundo jazendo prostrado no
abismo do seu pecado e clamando através dos séculos
pelo seu Libertador, que alfim se digna vir, cheio de
misericórdia e redenção.
No Ofício de Defuntos, lembra-nos o abismo de
sofrimento em que as almas se estão purificando, e o
dever de clamar por elas, lembrando filialmente a Deus
que... — Sc guardais de reserva as nossas iniquidades,
quem p oderá subsistir?

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Introdução: Sincero protesto de humildade e desprendl-
menlo das grandezas e bens terrenos.

N ada tenho de orgulho ou am bição.

Yahweh, não é altivo o meu coração,


nem altaneiro o meu olhar.
Não procuro grandezas,
nem desproporcionadas alturas.

Nâo obriguei eu a atèrrissar (1),


e a calar-se a minha a lm a ?!
Ta! um menino desmamado ao colo da mãe,
tal em mim a minha alma (2).

Considerações e aplicações litúrgicas: Que


devemos ser humildes, desprendidos de grandezas e
bens terrenos, simples como inocentes crianças... toda
a gente o sabe.
Mas nSo nos ensina ainda este salmo que até na
vida espiritual não devemos mirar a alturas despropor­
cionadas, e muito menos julgar tê-las atingido sem passar
pelos miudos passos da mortificação e purificação dos
nossos sentidos e espíritos ? — Façamo-nos pequenos, ao
menos diante de Deus, porque, por mais pequenos que
nos façamos, mais pequenos nos vê Ele ainda.
( 1) «Aterrissar»; — Este neologismo empregado na aviação é o que me
parece exprimir o sentido do original com mais força e conclalo. O salmista
diz que nflo é altaneiro o seu desejo a pousar na terra, a contentar-se com a
terra, com o que ê próprio de toda a gente.
(2) O menino desmamado não se agita nem é Insoirldo como durante
0 aleitamento, antes está sossegado e Indiferente junto dos selos maternos
que ainda há pouco apetecia com tão irresistível desejo, encantadora Imagem
da alma sem orgulho nem ambição em melo dos bens deste mundo.

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SALHO 131
Introdução: Cântico de louvor e prece, composto, segundo
a opinião mais provável para a inauguração do templo de Jerusa­
lém. 0 salmista rememora o desígnio que concebera David de
construir um templo ao Altissimo, e a promessa que a esse propó­
sito Deus lhe fizera, pela bdca do profeta Nathan de descendência
eterna no seu trono. Suplicando pois a Deus que venha iomar
posse do templo, finalmente acabado de construir, pede-lhe que não
olvide a promessa feita a David. Divinamente Inspirado apresenta
imedlalamenle a resposta de D eus: — Sim, Deus habitará eterna­
mente em Sião e cumulá-la-á de bens. All suscitará a descendência
prometida, o Messias. Este salmo é pois directamente mes-
siânicoU).

I — Prom essa de David a Deus.

David jurou a Yahweh


Fez votos ao Poderoso de Jacob :

— Não, não entrarei na tenda em que habito,


não subirei para o leito em que repouso,
Não permitirei que meus olhos durmam,
nem que minhas palpebras descansem,

de versicnlos proposta por Zenner e outros, sobretudo por nos parecer que o
discurso avança assim com mais clareza, naturalidade e lógica, dando um sen­
tido mais verossímil. Zenner (citado por Perennés) diz que a ordem tradicio­
nal dos versículos ter-se-la formado do seguinte modo: —Primeiramente o
versículo I teria sido arrancado do seu lugar e trazido para a frente do salmo
para servir como que dc antífona. Depois o coleccionador dos salmos teria
Inserido as duas partes, correspondentes aos dois córos, uma epós outra,
o as houve i mAo, sem ter em conta que os córos Ci

tudo leva a crer que assim tenha sido, porque no lugar paralelo, - II Par.
VI, 41-42 - , é citada toda a 4.» estrofe quási ipsis verbis e lú se encontra o
t . I deste salmo ocupando o lugar que aqui lhe damos.

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Enquanto não encontrar uma residência para o Senhor,
uma morada para o Poderoso Jacob (I)>.

I I — Prom essa de Deus a David.


Yahweh jurou a David,
- verdade de que jamais se a fa sta rá :

— «Fruto das tuas entranhas


hei-de colocar na teu trono.
Se os teus filhos guardarem a minha aliança,
e os preceitos que lhes hei-de ensinar.
Também òs filhos deles, por todo o sempre,
se hão-de sentar no teu trono (2)>.

///— Está cumprida a prom essa de D avid: — Eis


a boa nova.
Eis 0 que ouvimos dizer em Efrata,
que soubemos nos campos de Y a h a r:
— «Vamos poder entrar na sua morada,
prostrarmo-nos ante o escabelo dos seus pés (3) !•

Sim, Yahweh escolheu Sião,


enamorou-se dela para sua morada,
(Dizendo): — E ste.é o lugar do meu repouso para sempreI
Habitá-la-ei porque me agradei dela (4)>.

( I) Y. 2, 3, 4 c 5. - David teve Intenção de cdificar um templo a Deus

dada para o tlllio de David que reinasse após ele. Ao mesmo tempo prome­
teu Deus a David pela boca do mesmo profeta que a realeza seria perpétua
na sua família, o que se realiza em Cristo fllbo de David.
(2) Versículos II e 12.
(3) Versículoi 6 e 7. - Efrata e Yaliar sSo dnas localidades,dc Israel
mencionadas aqui por toda a nlensao do reino onde chegou • pregBo do rei
anunciando o Um da construção do templo e convidando para a lesta da

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I V — Vinde tomar posse do novo templo, e nele
cumular-nos de bens.

Levantai-vos, Yahweh, vinde para o lugar do vosso repouso.


Vós e a arca sobre que reside a vossa Majestade!
Que os vossos sacerdotes sejam revestidos de felicidade,
eque os vossos fiéis exultem de alegria (1) I

Por amor do vosso servo David


não repilais a face do vosso ungido (2) I
Lembrai-vos, Yahweh, de David
e da sua grande piedade (3) I

V — Resposta favorável de Deus.


Derramarei em Sião a bênção da abundância,
saciarei de pão os pobres.
Revestirei de felicidade os sacerdotes,
e os fiéis exultarão de alegria (4).

Ai suscitarei um Forte a David,


prepararei um facho ao meu ungido.
Cobrirei de vergonha os seus inimigos,
mas nele brilhará o diadema (5).

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: Ao re­


citar este salmo devemos fazê-io com intenção de agra­
decer a Deus o cumprimento da promessa feita a David,

(1) Versículos 8 c 9. Estas palavras parecem relerír-se ao momenlo


em que o cortejo se pôs em marcha para o novo templo.-Vid. II Par.
VI 41-42.
(2) Versículo 10. - Prcce no novo templo.

eguintcs. - Esta resposi


le mas inspirada ao salmista.

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a vinda do nosso Divino Salvador ao mundo, muito
especialmente na Festa do Natai em que comemoramos
este fausto acontecimento.
Os benéficos frutos desta vinda, temo-los patentes
na Igreja, a Sião espiritual de que Deus se enamorou e
escoiheu p ara sua m orada, onde derram a quotidiana­
mente a bênção da abundância das suas graças, onde
sacia de p ã o — o Páo Vivo que desceu do céu — os
pobres humanos famintos, e assim reveste de feiicidade
os sacerdotes, e de ategria os fiéis. Agradeçamos, pois,
e peçamos que derrame sobre nós pessoalmente e sobre
a sua Igreja, cada vez mais abundante, a bençSo dos
frutos da sua Redenção.
Nas festas, além de se recitar na do Natal, no sen­
tido explicado, recita-se na dos Confessores Pontífices
porque neles, de uma forma especial, se realiza a pro­
messa divina: — /?cves//rc/ de feiicidade os sacerdotes.

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Compleras

Introdução; Hino á bondade de Deus peia protecção que


dispensa aos que o servem.

/— Quero louvar a Deus meu Salvador.


Hei-de bem-dizer a Yahweh em todo o tem p o:
sempre em minha bdca há-de estar o seu louvor.
A minha alma vai gloriar-se de Yah w eh :
quero que me ouçam e se regozigem es humildes.
Cantai comigo a grandeza de Yahweh:
exaltemos todos juntos o seu nome.

Procurei a Yahweh e ouviu-me:


de todos os meus terrores me livrou.
Contemplal-o e ficareis resplandecentes (1 ):
não se vos cobrirão as faces de vergonha.

I I — Deus a iodos vale.


Um aflito clamava, e Yahweh ouvIu-o,
e de todas as angústias o salvou.
O anjo de Yahweh acampa ao redor dos que o temem,
e arranca-os do perigo.

Provai, e vede quanto Yahweh é bom I


Feliz dc quem nEle se refugia!

Delicada llgura. Quem olha para Deua

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Temei a Yahweh, vó s fiéis seus,
porque nada falta aos que os temem.
Leões moços estão em penúria e passam fome,
mas aos que procuram a Deus nenhum bem falia (1)

III - 0 que é necessário para obier longa e feliz


vida.

Vinde, filhos, escutai-me,


e eu VOS ensinarei o temer de Yahweh.
Quem é que ama a vida,
e deseja largos e felizes d ia s? !

— Preserva a lingua do mal,


e os lábios da impostura.
Afasta-te do mal e pratica o bem :
procura e busca a paz.

IV — Deus protege os justos e castiga os maus.

Yahweh «nfrenta-se com os que praticam o ma!,


para lhes exterminar da terra a memória.
Yahweh tem os olhos postos nos justos,
e os ouvidos atentos às suas preces.

Clamam e Yahweh ouve-os,


e liberta-os de todas as suas angústias.
Yahweh está junte dos que teem o coração triturado,
e salva os que têm o espirito abatido.

(1) 0 leão era o que de mais lorte os antigos concebiam entre os


seres animados. O sentido ê portanto este; - os mais lortes vem a cair em
penúria algumas vezes, mas nSo os que temem a Deus.

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V — Muitas são as tributações dos justos, m as de
todas os tivra Deus.

Muitas são as tribulações do justo,


mas de todas os livrará Yahweh.
Toma-lhes sob sua guarda todos os ossos:
nem um só se quebrará.

O impio acabará por morrer às mãos da sua própria maldade,


e os que odeiam o justo sofrer-Ihe-ão as conseqüências.
Yahweh redimerá a vida dos seus servos,
e quem nele se refugia nada terá que sofrer.

C o n side ra çõ e s e a plicações litúrgicas.- Deus


não poupa decerto as tributações aos seus escolhidos.
— Muitas são as tributações do ju s to . . .
A natureza humana, pervertida pelo abuso dò pra­
zer e desviada do seu natural centro de atracção, que
é Deus, pelo atiactivo falaz das coisas terrenas, tem
de ser reformada pela dor, e de novo endereçada ao
seu verdadeiro bem, pelo sofrimento haurido no mesmo
que a sediiz.
Mas no meio dos indispensáveis sofrimentos puri­
ficadores, quanta bondade e protecção da parte do Se­
nhor I — Provai e vêde quanto Deus é b o m !— Todos
os santos o teem experimentado.
Ele envia os seus anjos que acam pam em redor
de nós, qual aguerrida escolta sempre pronta à nossa
defesa; Ele tem os oihos postos nos justos, e os ouvidos
aienios às suas preces; arranca-os do perigo, e liberta-os
de todas as suas angústias; está janto de todos os que

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teem o coração esm agado, e salva os que íeem o espi­
rito abatido.
Todos nós o experimentaremos igualmente, se
nEle buscarmos o nosso refúgio.
Como todos os bem-aventurados sSo exemplos
vivos desta especial bondade e prolecçSo do Senhor,
recita-se este salmo na Festa de Todos os Santos (III
Noct., Salm. 1), na dos Apóstolos (Com. Apost. I Noct.,
Salm. 2), na dos Mártires (Com. Plurim. Mart., III
Noct., Salm. 2), e ainda na do Nascimento de S. João
Baptista (11 Noct., Salm. 3).
Aquelas palavras — 0 Anjo do Senhor acam pa em
redor dos que O temem, sugeriu também a recitação
deste salmo nas festas dos Santos Anjos.

SALIO 60
In trod u ção: David pede a Deus que o reconduza ao trono
de onde fô ra expulso por Absalão, e nele o conserve para sempre
na pessoa dos seus descendentes sobretudo do mais ilustre de todos,
o Messias, cujo reinado seria eterno.

I — Meu Deus valei-m e!


Ouvi, Elohim, a minha súplica,
prestai ouvidos i minha p re ce !
Óo extremo do pais clamo por Vós, (1)
no desfalecimento do meu coração.

(I) Dâvld, se nSo d:


v»-se enUo segundo a Inl
para onde fugira diante de Absallo.

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Conduzl-me ao rochedo que não posso atingir (1),
porque sois para mim um refúgio,
uma torre forte contra o Inimigo.

Possa eu habitar na vossa tenda para sempre,


abrigar-me à sombra das vossas asasl

II — Concedei-me um reinado eterno.


Sim, Vós, Elohim, ouvis os meus votos,
dals-me os bens prometidos aos que temem o vosso nome.

Ajuntal dias aos dias do rei 1


Que os seus anos se prolonguem de geração em geração 1
Que eternamente conserve o trono diante de Elohim (2 )!
Que a benevolência e a fidelidade de D.eus o conservem 1
Então entoarei salmos ao vosso Nome por toda a eternidade,
cumprindo em cada dia os meus votos.

Conside raçõ e s e a plicações litúrgicas; Deus


ouviu os votos de David enviando-nos o Messias Nosso
Senhor Jesus Cristo cujo reinado se prolongará de gera­
ção em geração, por toda a eternidade.
Peçamos porém que o seu Reino, a Igreja, se es­
tenda depressa a todos os povos, nações e línguas, e
que se intensifique cada vez mais em todos os corações.

eniao nesse caso, Rochedo será sinônimo de «refúgio», «Torre forte», quer
dizer — Deus, a quem multas vezes a Sagrada Escritura chama Rochedo.
David pediria entao que o elevaase até Ele, pois por suas próprias lórças
0 nao podia atingir.
(2) Estas palavras têm algo de excessivo para David, mesmo com
metálora, e moslram-nos que o Santo Rei falando de sl tinha presente o
Messias seu descendente.

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0 que David pedia, para si e para o seu descen­
dente 0 Messias, não distinguindo muito bem a sua
pessoa da dEle, podemos pedi-lo para nós, pois, como
filhos adoptivos de Deus e incorporados em Cristo,
também dEle nos não distinguimos quanto a participar
dos bens paternos.
Façamos pois deste salmo uma oração nossa, — e
é esse o seu sentido litúrgico, recitada á hora de Com­
pletas —, pedindo a Deus os bens prometidos aos que
temem o Seu Nome, em especial, que seja para nós,
durante a noite, um refúgio, uma tôrre forte conira o
inimigo.
Recita-se este salmo na Festa de Todos os Santos
(III Noct., Salm. 2) e na dos Apóstolos (II Noct.,
Salm. 2), porque para eles foi Deus verdadeiramente
uma iôrre forte, um refúgio contra o inimigo, e deu-lhes
em abundância os bens prometidos aos que 0 temem.

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QUINTA-FEIRA

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MaFinas
I Noctwno

M IN O 61

In trod u ção: David, vitima da maldade cobarde e hipócrita


dos inimigos, expõe, em frases repassadas de resignação e santo
abandono, a confiança que tem em Deus e incita os seus sequazes
a partilharem dos mesmos sentimentos, nõo se fiando das forças
ou riquezas dos homens.

I — Cobarde e hipócrita matdade dos inimigos.


Com ter a Elohim, a minha alma contenta-se (1),
porque dele é que me vem a salvação.
Ele, e só Ele, é o meu rochedo, a minha salvação,
a minha fortaleza. . . Não sofrerel abalo I

Até quando vos lançareis vós todos sobre um só,


e querereis tirar a v i d a ...
A uma parede oscilante,
a um muro prestes a desabar (2 )? l

■dmlnlstraçao da Jastlça por parte do rei, descontentamento de qoe o am­


bicioso e sagaz moço bem sabia aproveltar-se para ganhar paitIdArlos contra
seu pal. Por Isso David afirma que, a ele, basta-lhe Deus para o contentar,
e incita o povo a que aó em Deus procure o perfeito contentamento, porque
os homens sio todos mentira, e tanto mais Iludem em soas promessas quanto
mais ambiciosos sAo, e porque o poder que a tudo remedela e a bondade
que a todos sallsíaz só a Deus pertence.
(2) David ante a consplraçAo de AbsalAo senlla-se como um muro

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Não projectam senão derrubar-me!
Comprazem-se na m entira!
Abençoam com os lábios,
amaldiçoam com o coração I

I I — Deus é a minha única defesa e apoio.

Com ter a Elohlm, a minha alma co n te n ta -se .. .


porque dele é que me vem a salvação.
Ele, e só Ele, é o meu rochedo, a minha salvação,
a minha fortaleza. . . Náo sofrerei abalo I

Em Elohim se firmam a minha salvação e a minha gló ria:


a minha rocha forte, o meu abrigo é Elohim
Tende confiança nEle, ó povo I
Abri na sua presença o coração I
Elohim é para vós um abrigo I

Não são mais que uma futilidade os filhos dos homens,


não são mais que uma mentira os mortais.
Postos todos numa b ala n ç a ...
pesam menos que um sôpro I

I I I— N ão vos fieis de forças nem de riquezas


porque só Um é forte e rico.

Não vos fieis da opressão.


Não depositeis na rapina uma esperança que sai vã.
Se a riqueza frutifica,
não façais disso grande caso.

Elohim falou uma vez,


e duas coisas eu ouvi;

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— De Elohim é que é próprio o poder;
de Vós, Adonai, é que é própria a bondade 1
Só Vós dais a cada um segundo as suas obras (1).

Co nside raçõ e s e a plicações litúrgicas: «Meu


Deus e meu Tudo», poderia intitular-se este salmo.
Só Deus é 0 Poder que pode satisfazer todas as
nossas Inspirações, o Bem capaz de encher o nosso
coração, a Verdade que sacia a nossa inteligência, a
nossa fôrça, o nosso abrigo, a nossa salvação, o nosso
tudo numa palavra. Por isso diz o salmista que só com
ter Deus se contenia, ao passo que os homens e suas ''
riquezas são todos mentira e futiiidade, no auxílio que
prometem e na felicidade com que andam a negocear,
e iodos postos numa batança pesam menos que um
sõpro.
Aprendamos, pois, deste salmo a pôr em Deus
toda a esperança, e a tudo desprezar por amor dEle.

8ANL0 (»
In trod u ção: 0 salmisia convida a todos a louvar a Deus
pelo seu poder e previdência, sobretudo por ter libertado o povo
duma grande tribulacão.

/— Que toda a terra dê glória a Deus.


Aclamai a Elohim, terra Inteira,
celebrai com um salmo a glória do seu Nome,
Cantai a sua fama gloriosa,
dizei de Elohim : - Que magestoso é I

(1) Só Deus tem o perfeito podef e b perfeita bondade para lazer a


todos perlelta justiça.

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A vossa acção revela a pleim\de do vosso poder,
os vossos inimigos adulam-vos,
Toda a terra se prosta diante de Vós
e com um salmo vos celebra,
celebra o vosso nome (I).

II — Magestosa conduta de Deus para com o


homem.

Vinde e contemplai as obras de Elohim 1


Ele é magestoso na sua conduta para com os filhos dos
hemens.
Fez do mar terra firm e:
atravessou-se o rio a pé enxuto (2).

Rcgozljar-nos-emos pois naquele


que por seu heroico poder reina para sempre.
Os seus olhos vigiam as nações,
em vão se insurgiriam contra Ele os rebeldes.

III — Provou-nos duramente mas salvou-nos.

Povos, bem-dizei a Deus;


fazei ressoar o éco da sua nomeada.
Foi Ele que nos conservou a vida,
e não permitiu que nos resvalasse o pé.

Sim, provastes-nos, ó Elohim,


refinastes-nos como se retina a prata.

(1) Bala passagem é messiânica poique anuncia a (uiura conversAo


dos povoa, e a extensSo da Igreja —o reino de Deus —a Ioda a terra.
(2) AluaSo i passagem do Mar Vermelho e do Jordlo como exemplo
da magesloaa conduta de Deus para com os homens.

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Fizestes-nos entrar em prisão,
passastes-nos uma peia à cintura (I).

Fizestes cavalgarem mortais por sobre a nossa cabeça,


passamos por água e por fogo.
mas de là nos retirastes para nos pôr à larga.

IV — Vou oferecer um sacrifício de acção de graças.

Vou entrar na vossa casa com hoiocaustos,


vou cumprir os meus votos para convosco,
votos que proferiram meus lábios,
que a minha bôca pronunciou na minha aflição (2).

Vou oferecer-vos em holocausto nédias ovelhas


com 0 odor dos carneiros assados.
Vou apresentar-vos touros,
vou apresentar-vos cabritos.

V — Deus ouviu-me em atenção à minha justiça.


Vinde, escutai, que vou contar-vos,
ó vós todos que temeis a Elohim,
o que ele fez por mim (3).
Foi a Ele que a minha bôca invocou,
cujo louvor tinha já na língua.

Se o meu coraçâe se tivesse apagado à iniqüidade,


não me teria Adonai escutado:
Mas Elohim escutou-me,
foi atento à minha súplica

(1) Aluslo às trlbulições que padeceram os israelitas no exílio.


A prlsSo, a pela à cintura, a cavalgada por sobre a cabeça, sao outros tan­
tos símbolos de uma dura escravldSo como conseqüência de uma derrota, e
a água e o logo de todas as tribulaçOes que sofreram.
(2) De volta do exiilo, o povo cumpre os seus votos.
(3) Embora empregue o singular o salmista fala aempre em nome
do povo.

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Bendito seja Elohim,
que não desviou de si a minha súplica,
nem de mim a sua benevolCncIa.

C o nside raçõ e s e a plicações liiúrgicas: Dirigi­


mos todos estes louvores ao nosso Divino Rei Jesus
pelas maravilhas que opera no seio da Igreja, pelas
vitórias obtidas na salvação das almas, e particular­
mente pelos benefícios de que nos tem cumulado.
E’ a realeza de Cristo que a Igreja celebra cora
este salmo no Ofício da Epifania (II Noct., Salm. 1),
tomando para antífona o versículo: — Toda a terra se
prostra diante de Vós e cotn um salm o Vos celebra,
celebra o vosso Nome.

II Nocturno

SALMO 07
In trod u ção; Cântico triunfal celebrando a maravilhosa
acção de Deus em vários transes da história de Israel em que a Arca
da Aliança — simbolo e penhor da Sua presença e protecção — tinha
exercido papel primacial, como a travessia do Deserto, o estabele­
cimento do povo na Palestina, a inauguração do templo de /erusa-
lém, etc. (1).

(I) Este caniQ teria sido composto para ser cantado na proclasBo em
que a Arca da Aliança foi reconduzida em triunfo do campo da batalha para
o templo após uma vitória, ou talvez mesmo na InauguraçSo do templo. NSo
será antes uma composlçfio da época do cativeiro de Babilônia, nm cântico
profético, anunciando e deacrevendo à maneira dos profetas a tutura restau-
raçBo de Israel, a qual no espirito do salmista se projectava sobre a grande
restaoraçao messiânica, de forma que muitos traços se aplicariam antes a
esta do que àquela? - Nesse caso o salmista teria empregado na sua descri­
ção Ideal traços Já familiares, extraídos de vários passos da história dc Israel.

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I — Que se dissipem os inimigos de Deus e se re­
gozigem os seus amigos.

Que Elohim se levante e sejam dispersos os seus inimigos!


Que fujam ante a sua face os que O odeiam I
Que se dissipem como o fumo I

Como se funde a cêra em face do fogo,


assim pereçam os inimigos ante a face de Elohim (1) I

Mas que se regozigem e exultem os justos,


que exultem de alegria ante a face de Elohim!

II — Deus — 0 herói das vitórias de Israel.

Cantai a Elohim, celebrai o seu nome com um salmo t


Exaltai àquele que cavalga sobre as nuvens I
Yahweh é o seu nome! Rejubilai ante a sua face!

Pai dos orfãozinhos e defensor das viuvas,


eis 0 que é Elohim na sua morada santa.
Elohim dá um lar aos enjeitados,
livra os cativos, repondo-os em prosperidade;
Mas os rebeldes, esses ficam para sempre na terra ardente (2).

III — A travessia do Deserto e conquista de Canaan.

Elohim, quando saistes à frente do povo,


quando avançastes pelo deserto,

ir ao começar a marcha da

n 00 Oeaerto, e là licarsm porque todoa pereceram.

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A terra tremeu, e até os céus se fundiram,
as montanhas cambalearam à vista do Senhor,
à vista de Elohim, Deus de Israel (1).

Derramastes, Elohim, uma benéfica chuva sobre a vossa herança


que na verdade estava esgotada.
Vós porém restaurastes-la
para nela habitar 0 vosso rebanho:
dispusestes-Ia na vossa benevolência para o oprimido (2).

Elohim, Adonai, fez ouvir uma n o v a ...


as mensageiras da vitória s io uma numerosa m u ltid ão...
«Eles fogem, eles fógem, os reis dos exércitos,
e a dona da casa reparte os despojos (3)>.

E n tã o ? - F ic a r e I s deitados entre as vossas sebes?


Olhai que as asas da pomba são recobertas de prata
e as suas penas têm reflexos de ouro I

(1) Vid. Jud. V -S .


(2) Desta passagem, bastante obscura, como muitas outras deste sal­
mo, há duss Interpretações:—segundo uns a herança seria a terra de Ca-

Outros explicam que a heranfo seria o povo de Israel, a chuva bené-


llca 0 Maná, o esgotamento devido ao cansaço e privações que sofreram os
Israelitas no deserto, o «Animalla tua> as calhandras com cuja carne se
saciaram, etc.
Neste último caso deverá traduzir-se antes do seguinte modo: «Derra-
masles. Senhor, uma chuva benéfica sobre a vossa herança, que na verdade
estava esgotada (de fadiga); Vós porém restaurastes-lhea as forças. Vie­
ram animais estabelecer-se no melo deis; na vossa benevolência poscstes a
mesa ao oprimido».
(3) As mensageiras da vitória s(o as mulheres que ao ter notícia
dela costumavam percorrer a povoaçSo com cânticos e danças, e algumas
vezes sair ao encontro dos guerreiros que voltavam da batalha. As mensa­
geiras sSo numerosas, o que Indica a Importância da vitória verdadeiramente
excepcional. As palavras: «elestogem, eles fogem», e seguintes parecem ser
om excerpto do próprio canto delas.

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Quando nela a Omnipotente dispersava os reis,
nevava no monte Selmon (1),

IV — A entronizaçõo, da Arca em Slõo.

. . . Um monte de Elohim ,— o monte de Basan,


um monte de altos cumes o monte de B a s a n ...
— Porque olhais de revez, montes de altos cumes,
0 outeiro em que aprouve a Elohim residir,
em que Yahweh habitará para sempre (2 )?

Os carros de Eiohim sáo duas vezes duas miriades de mil!


Adonai vem do Sinai para o santuário.
Subistes ao outeiro para lá morar ó Yahweh,
levastcscom o cativos os próprios rebeldes,
Recebestes presentes dos homens.
Bendito seja Elohim (3)1

n aqui o Inimigo em fuga e o prateado das asas e dourado das


penas as suas riquezas e omatos. Segundo os críticos faltam palavras no
tcito e alé um hemlstlqulo completo, e por Isso nSo se sabe o que significa

migos Já começadas a branquear davam a Impressio de um campo de nt


(2) 0 monte de Basan ficava ao nordeste da Palestina. «Monte de
Deus» signillca um monte dos maiores e mais elevados. 0 salmista finge
s do LIbano, mais altas e magestosas do que
>, olham invejosas para a peqnena colina por ter sido ela a preferida
para morada de Deus.
(3) Segundo Perennés e outros o tezto está cm desordem neste ponto.
Os antores procuram combinar por outra ordem e de diversos modos as
palavras, mas o sentido fica sempre Incerto. Assim os rebeldes seriam os
povos cananeus, os presentes recebidos dos homens seriam tributos, etc. —
Como se sabe, S. Paulo aplicou este piasso à Ascensfio de Jesus Cristo e ^
vinda do Espirito Santo, Vid, Eph. IV-8.

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V — Deus é que dá a Israel as suas vitórias.
Bendito seja Adonai em cada d ia!
Ele traz-nos nos braços o Deus da nossa salvação I

O Senhor é para nós um Deus Salvador I


Yahweh é que nos faz escapar à morte I
. . . Mas Elohim esmaga a cabeça dos seus inimigos,
a hirsuta cerviz dos que persistem no seu pecado.

Adonai d i s s e :- E u os trarei de Basan,


eu os trarei do fundo do mar,
para que mergulhes os pés no seu sangue,
e a lingua dos teus cães tenha também o seu quinhão nos
inimigos (1).

VI — D escrição do cortejo triunfal entrando em


Jerusalém.
Eis a vossa marcha triunfal, ó Elohim,
a marcha do meu Deus, do meu Rei, para o santuário 1

A’ frente vão os cantores; depois os m úsicos;


no meio, as donzelas tocando pandeiretas.

« — Bem-dizei a Elohim em coros,


bem-dizei ao Senhor, vós que sois da fonte dc Israel».

E isI— Benjamim, o pequeno, vai à frente;


depois, 03 príncipes de Judá e a sua gente,
08 príncipes de Zabulon, os príncipes de N eplitali...

(1) Tcata-ae mais provàvelmente dos Inimigos vencidos e refugiados


nas montanhas de Basan, que Deus traria, de ai ou de qualquer ontra parte
onde ae houvessem refugiado e escondido para serem imolados em presença

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VII — Qúe Deus torne firm e a vitória trazendo os
tempos messiânicos.

Dai, Elohim, as vossas ordens, ao vosso Poder,


tornai firme o que por nós tendes feito.

P or causa do vosso templo que domina Jerusalém,


os reis trar-vos-âo presentes (1).

Ameaçai a fera dos canlçais,


as manadas dos touros e o rebanho dos povos.
Pisai os que não amam senão as riquezas,
dispersai os povos que querem guerra.
Depressa virão mensageiros do Egito,
depressa estenderá as mãos para Elohim a Etiópia (2).

Reinos da terra cantai a Elohim,


celebrai a Adonai com um saimo,
A’quele que cavalga sobre os céus dos céus antigos,
àquele que faz ressoar a voz, uma voz retumbante.
Proclamai o poder de Elohim sobre Israel,
daquele cuja magestade e poder reside nas nuvens (3).

Elohim é respeitável no seu santuário


É Ele 0 Deus de Israel.
Ele é que dá ao seu povo a força e o poder.
Bem-dito seja Elotaim I

(1) o salmista personifica o Poder de Deus, e pede a Deus que dé


Ordens ao seu próprio poder para qne aclue.
(2) A fera dos canlçais simboliza o Egito. Esta fera séria o croco­
dilo ou o hipopótamo abundante nos canlçais das margens do Nilo. Os tou­
ros significam aqui os chefes dos povos. Por sua vez o Egito e a Etiópia
simbolizem todos os povos da terra, os quais acorrerSo ■ Jerusalém a pres­
tar culto ao verdadeiro Deus.

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Co nside ra çõ é s e aplicações liiúrgicas; S. Paulo
aplicou este salmo à subida de N. S. Jesus Cristo
aos céus e conseqüente descida do Espirito Santo, e
parece ser este, de todos os sentidos místicos, o de
mais frutuosa consideração para nós. Há mesmo quem
faça dele uma aplicação minuciosa à Pessoa de N. S. Je­
sus Cristo, comprazendo-se em considerá-lo atraves­
sando 0 deserto da vida mortal, como outrora a Arca o
do Sinai, derramando na sua passagem uma chuva de
beneficios, vencendo os seus inimigos no alto do Cal­
vário, estabelecendo a sua morada na Igreja, e subindo
depois ao céu, quer se trate da primeira quer da segunda
Ascensáo, levando como despojos a Humanidade re­
mida e arrancada às mãos do inimigo.
Amagestade, a solenidade, o som de vitória e ale­
gria do cortejo descrito pelo Salmista adapta-se melhor
à segunda do que à primeira subida ao céu.
Noutro sentido, a marcha vitoriosa de Israel atra.
vés do Deserto para a terra da Promissão indo à frente
0 próprio Deusé imagem da marcha triunfante e mages-
tosa da Igreja através dos séculos para a sua Pátria
feliz — 0 Céu, animada e comandada pelo Divino Es­
pirito Santo, marcha que começou precisamente no dia
de Pentecostes.
De aqui se vê por que razão a Igreja faz tanto uso
deste salmo nas Festas da Ascençâo e Pentecostes,
tanto no oficio como na missa e em que sentido o de­
vemos tomar.
Recitando-o, pois, não nos esqueçamos de suplicar
A’quele Deus que é P ai dos orfãozinhos, que dá um.
lar aos engeitados, que livra os cativos, que confirme o

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que por nós ieni feito, que dê a vitoria à sua Igreja na
obra de cristianízação dos povos, pãra que depressa
venham mensageiros do Egito e eleve a s m õos a Deus
a Etiópia.
U I-N o ctu r n o

SUMO 88

In trodução: Celebra este salmo um Juslo que sofre ultrages


e perseguições, que está em extrema angústia, mas que sabendo
que é por Deus e pela Sua causa que sofre, pede-lhe socorro na
certeza de que será atendido (1).

I - Salvai-me da extrema angústia em que me


puseram os meus inimigos.

Salvai-m e, Elohim,
porque as águas me estão pondo a vida em risco.
Afundo-me em profundo lôdo,
e . . . nada de firme.
Entrei num abismo de águ a,'
e a torrente submerge-me (2).

Estou cansado de gritar,


tenho a garganta em fogo:
Esgotou-se-me a vista,
de aguardar e meu Deus.

(1) Segundo a opinifio mais geral este justo seria o próprio Messias
sendo assim este salmo directamente messiânico. Se porém o Salmista se
refere a si-mesmo em qualquer transe da sua vida, era nesse caso uma figura
do Messias, e por Isso os Evangelhos e escritos dos Apóstolos apresentam-
-nos muitas passagens como cumprindo-se em Jesus e a Ele se referindo
(2) A torrente emhravecida e Irashordada, o sorvedouro onde os pés
se enterram e se está em riaco de desaparecer, sSo alegorias para Indicar a
grandeza da angústia.

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São muitos. . . m uitos. . .
mais que os cabelos da minha cabeça,
os que me odeiam sem motivo.

a os meus perseguidores.
os meus pérfidos inimigos,
0 que não roubei. . . tenho de o restituir (I).

11 — Por Vôs sofro e pela vossa causa.

Elohlm, bem conheceis a minha loucura,


e não ae vos ocultam as minhas faltas (2).
Que os que esperam em Vós
se não vejam confundidos a meu respeito,
Adonai, Yahweh Sabaoth!

Que 08 que Vos procuram


se não vejam envergonhados por minha causa,
ó Deus de Israel I

.................................... (3).
Porque é por Vós que sofro opróbrio
que a vergonha me cobre as faces.

Tornei-me um extranho para os meus irmãos,


um desconhecido para os filhos da minha mãe,

(1) Provérbio oriental. VId. Sal. 34 nol. 4. N. S. Jeins Cristo sotren


por pecados qne nlo cometera.
12) 0 berol do salmo reconhecc-te pecador, o qne nlo Impede de
estar devorado pelo zelo da cansa de Dens e por Ele sofrer. Esta sltnaçlo
convim perfeitamente a Cilsto, carregado de pecados alheios, os de toda a
Humanidade, e devorado pela séde de desagravar a seu Eterno Pal.
(3) Esta estrofe plrece estar coxa faltando-lhe um versículo, para
o bom andamento do verso. Esse hipotético versículo, cuja falta nlo preju­
dica grandemente o sentido, poderia ter sido omitido pelo aiilor sagrado, que
adaptou este cântico j i existente is novas circunstânclat, por nlo fazer lo
seu caso. VId. Not. II.

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Porque me devora o zelo da vossa causa,
e recaiem sobre mim os opróbrios que vos lançam.

IH — Enquanto eles escarnecem de mim, eu oro.


Eu afligia a minha alma com jejuns,
e disto me faziam um motivo de opróbrio.
Tomava por vestido um clllcio,
e tornava-me para eles um objecto de escárneo.

Os que estão sentados às portas divertem-se ã minha custa,


e sou 0 mote dos cantares dos bêbados (I).
Mas eu, Yahweh, dirijo-Vos a minha prece,
pedindo-Vos um tempo de benevolência.

IV — Ouvi-me, Senhor, que a minha angústia é


extrema.

Ouvi-me, Senhor, pela vossa grande benevolência,


pela fidelidade da vossa salvação.

Livrai-me do sorvedouro I
Que nele me não afunde!
Que seja livre dos meus inimigos,
e do abismo das águas I
Que me não submerja a torrente,
que me não engula o profundo algar,
que se não feche sobre mim a bôca do poço (2).

V - Livrai-me pela vossa benevolência.


Ouvi-me, Yahweh,
que a vossa Benevolência é amiga de socorrer.

(1) As portas da cidade eram o lugar da reuniio de Iodos os deso­


cupados.
(2) Nova sérIe de alegorias para significar a morte.

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Voltai-vos para mim,
segundo a vossa grande misericórdia.

Não ocuitels a face ao vosso servo,


visto que estou em angústia.
Apressai-Vos a ouvir-me.

Interessai-Vos peia minha vida e resgatai-a,


por causa dos meus Inimigos salvai-me (1).

VI — N ão tenho quem me valha.


Conheceis o meu opróbrio, a minha confusão, a minha vergonha I
Todos os meus adversários estão na vossa presença.

Partiu-se-me o coração de opróbrio,


e não tenho cura.

Esperava que alguém tivesse piedade de mim,


mas em vão.

Esperava consoladores,
mas não os encontrei.

Por comida derara-me a erva am arga,


e na minha sêde deram-me vinagre (2).

V II— Im precações contra os inimigos.


Que a mesa a que se sentam se lhes torne uma cilada,
e as suas ofertas pacificas um laço I
Que se lhes escureça a vista e não mais vejam I
Fazei-lhes fraquejar constantemente os rins I

Õ ) «Interíssal-vos. - LU., aproximal-vos. Vulg. - S6de atento.


(2) 0 T. M. parece apresentar um nome próprio de erva que ainda
nao poude ser identiticado. A Jesus Cristo, ao ser pregado na cruz, deram ■
beber um preparado de mirra, - a erva amarga, e o acidulado vinho doa sol­
dados, - o vinagre.

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Derramai sobr/e eles a vossa ira,
eq u e os apanhe o ardor da vossa cóleraI
Que as suas moradas sejam devastadas,
e não restem habitantes nss suas tendas I

Porque perseguem a quem açoutastes,


e agravam os sofrimentos daquele que feristes.

VIII — Socorrei-me, e eu Vos louvarei.


lei
Que não tenham parte alguma em vossa justiça I
Que sejam apagados, do livro dos vivos,
e não sejam inscritos entre os justos (1)1

Mas a mim, que estou aflito e sofrendo,


que 0 vosso salutar auxflio, Elohim, me levante.
E celebrarei o nome de Elohim com um cântico,
exaltá-lo-ei num cântico de louvor.

Isto é que agrada a Yahweh, mais do que um boi,


mais do que um touro já de unha dura e pontas. (2)

IX — Louvado seja Deus que restabelecerá Sião.


Os humildes hão-de vê-lo e r
Ó vós que buscais a Deus, há-de reviver-vos o coração.

)0 adorivel Sal-
no Juiz e dirigi­
das aos rcprovos. Exprimem, sim, uma grande IndIgnnçlo, e é decerto este
todo 0 seu sentido na bdca do salmista.
(2) O Salmista diz que o hino de louvor agrada mais a Deus do qne
um boi e nSo um vitelo qualquer mos um boi Ji feito e dos grandes. É pre­
ciso nio esquecer que o culto Israelitico constava de sacrifícios de animais,
e que, destes, o de maior valia era decerto o boi, mas melhor do que todos
08 sacrifícios de coisas materiais e externas, era o culto Interno, o culto do

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Porque Yahweh escuta os pobres,
e não despreza os seus cativos (1).

Louvem-vos os céus e a terra, e túdo o que neles se move,


porque Elohim salvará Sião.

Ele reedificará as cidades de Judá,


e ocupá-las-emos para as possuir para sempre.

A raça dos seus servos as obterá por herança,


e 03 que amam o seu Nome nelas terão a morada.

Considerações e aplicações litúrgicas: Neste


salmo devemos ver, segundo toda a TradiçSo Católica,
uma oração de Jesus Cristo na sua agonia e paixão,
na qual deixou transparecer toda a, amargura da sua
alma bendita, em particular pelo abandono atroz de
que foi alvo por parte de quem era Hcito esperar con­
solação.
De aqui vem que a Santa Igreja toma dele várias
antífonas, responsórios, versiculos e partes de missa
para o tempo da Quaresma e festas em que se come­
mora a Paixão do Senhor, e até o faz recitar por inteiro
no Ofício de Quinta-feira Santa. (I Noct. Salm. I).
Ao rezá-lo procuremos saborear, com espírito de
compaixão e contrição, toda a amargura do Senhor:
saboreando-a assim se nos desvanecerão todas as
nossas pequenas amarguras.

(I) Segundo a opinISo de M. Pannier e de outros autores, opiniSo


muito aceitável e que o texto parece justificar, este salmo foi adaptado .ás
circunstâncias de lodo o povo de Israel ai pela época da restnuraçao após o
cativeiro de BabHónIa, e aer-lhe-la entáo acrescentada esta.estrofe final. '

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Laudes

InIroduçSo: Cântico de louvor a Deus todo repassado de


entusiasmo e alegria, traduzidos po r arrojadas imagens, po r ter
manijestado a toda a ierra a sua salvação.

I — Deus opera a salvação prometida.


Cantai a Yahweh um cântico novo,
porque opera prodigios.
Vem-lhe em auxilio a sua direita,
0 seu santo braço (I).

Yahweh manifesta o seu salutar auxilio,


revela a sua justiça aos olhos das nações.
Lembra-se da sua benevolência e fidelidade,
para com a casa de Israel,
Todos os confins da terra vêem
o salutar auxílio do nosso Deus.

II - Que todos os seres da terra actamem a Deus


seu Rei.
Aclamai a Yahweh vós todos habitantes da terra,
ovacionai, exultai, modulai um s a lm o .. .
Modulai um salmo a Yahweh ao som da citara,
ao som da citara em tom dc salmo.
Com tubas de prata, com córneas tubas,
lançai as vossas exclamações ante Yahweh vosso rei.

( t ) Deus é-nos aqui apresentado sob a imagem de um guerreiro es­


forçado que nao precisa de auxilio estranho. 0 seu auxilio ê o seu próprio
braço.

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Solte 0 mar com tudo o que contém os seus mugidos,
rcsponda-lhe a terra com todos os seus habitantes.
Dêem palmas aos rios,
enquanto saltam de alegria as montanhas (I).

Ante a face de Yahweh porque vem,


porque vem governar a terra.
Governará a terra com justiça,
e 08 povos com equidade (2).

Co nside raçõ e s e a plicações lilúrgicas: Lem­


bremo-nos das grandes maravilhas qüe o Senhor opera
continuamente no prosseguimento da grande obra da
Redenção, desde a sua primeira vinda ao mundo na
humildade e na dor, até à segunda, que será em glória
e magestade, e sentir-nos-emos possuidos do entu­
siasmo santo do Profeta ao recitar este salmo.
Devido ao seu carácter messiânico tão particular
tem ele cabida em quase todos os ofícios das Festas do
Senhor, como são : — Natal, Circuncisão, Santo Nome
de Jesus, Invenção e Exaltação da Santa Cruz e Sa­
grado Coração, no ofício da Festa da Santíssima Trin­
dade, no do Comum das Fçstas da Santíssima Virgem
e Imaculada Conceição, e ainda no das Santas Virgens.
Em todos estes ofícios o sentido litúrgico é quase
idêntico. É o Salutar Auxilio do N osso Deus, aquele
Salutar Auxilio que nos prestou remindo-nos. A Trin­
dade Santíssima no-lo enviou. Jesus no-lo trouxe na
sua vida ao mundo, no-lo efectuou pela sua Morte de

(2) Estes ultimes versículos que nlo sSo mais do que a repetição do
iinal do salmo são considerados por muitos como ums espécie de doxo-
logla Independente do salmo.

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Cruz, e dá-nos dele toda a medida manifestando as
inexauríveis riquezas do seu Coração. Maria Santís­
sima, como Mãe do Redentor, é parte integrante sua, e
0 seu mais excelente fruto, pelo especialíssimo privilé­
gio de ser preservada da mancha original. As Santas
são maravilhoso efeito seu, por havê-las elevado ao
heroismo da santidade não obstante a fragilidade lábil
do sexo.
S iLN O 89

In trod u ção: Este salmo, verdadeiramente jota literária, é


uma viva descriçdo da brevidade e inanidade da vida humana, em
contraste com a magestosa e imutável eternidade divina, e um p e­
dido, que é também uma profecia, da futura glória eterna.

I — Conirasie entre a eterna vida de Deus e a efê­


mera duração do homem.
Adonai tendes sido dara nós um refúgio
de geração em geração.

Antes que nascessem as montanhas,


que fosse dado à luz a terra e o mundo.
De eternidade a eternidade. . .
Exlstis, ó Deus I

Fazeis voltar o mortal ao pó,


e logo d izeis: - Volvei à vida, filhos dos homens I
Porque mll anos são, a vossos o lh o s ...
como o dia de ontem, que já passou . . .
como uma vlgilia da noite (1)1

(I) As geraçOes sucedem-se ès gerações com sdmirávcl rapidez.


É grande o número dos que todos os dias baixam à escnridflo do túmulo,
mas maior ainda o dos que chegam á luz da vida. B perante eata circulação
permanente da vida, Deus parmanece imutável e etemo.

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Levais;Iosl. . . Sáo como um sonho matutino I
. . . como a transitória erva I
. . . De manhã b r o t a ... dá f l o r ...
à tarde murcha e seca I

I — A brevidade da vida humana é uma conse­


qüência do pecado.
S im . . . .consome-nos a vossa ira,
aterra-nos a vossa indignaçáo.

Colocastes na vossa frente as nossas Iniquidades,


à luz da vossa face as nossas faltas ocultas,
Porque todos os nossos dias se esvaiem por efeito da vossa ira, —
Os nossos anos extinguem-sc como um murmúrio (1).

Duram nossos dias setenta anos,


e para os mais fortes, oiten ta:
E aquilo de que neles nos orgulhamos é pena e vaidade (2),
porque tudo isso depressa passa, e vamo-nos num vôo.

Quem conta com a força da vossa cólera,


e vive atento à vossa indignaçáo?!
Ensinai-nos a bem contar os nossos dias,
para que adquiramos a prudência do coração.

III — Que Deus f a ç a suceder à tristeza da vida


presente a alegria de outra melhor.
Voltai, Yahweh l . . . Até quando ( 3 ) ?l
Tende piedade dos vossos servas I

(1) A morte foi introduzida no mundo pelo pecado, porque ê um cas­


tigo dele. Deus nSo criara o homem para morrer e de aí’que sempre nos re-
pugna a morte e nos parece breve a vida.
(2) Do que neles nos orgulhamos, isto é, a torça, a saúde, a beleza,
as riquezas, as honras, o talento...
(3 ) ExpressBo ousada. Deus como se havia alastado do homem depois
do pecado. Estas palavras sSo umapílo i reconclllaçSe trazida por N. S. J. Crislo.

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Sacial-no8 sem demora da vossa benevolência,
c que toda a vida exultemos de alegria!

Regozijai-nos por tantos dias quantos nos haveis afligido,


por tantos anos quantos suportamos a desgraça.

Manifestai a vossa obra aos vossos servos,


e 0 vosso esplendor aos filhos seus.

Que a suavidade de Adonai nosso Deus venha sobre nós.


Firmai a obra das nossas mães,
sim, firmai a obra das nossas mãos (1).

Considerações e aplicações litúrgicas: A ina­


nidade da vida humana, quando vivida como a vive o
mundo, fecundo tema de meditaçOes para os nossos
pais na fél
Não é demais que também nós, lembrando-nos de
quanto é preciosa, pois com ela devemos adquirir a
felicidade eterna, e ao mesmo tempo de quanto é, para
isso, terrivelmente breve, nos excitemos, ao recitar este
salmo, a bem aproveitar a parte que nos resta; e, sus­
pirando com 0 salmista pela Suavidade do nosso Deus
que se dignou ser Eie-mesmo a nossa dita, com ele
supliquemos que dê eficiência à obra das nossas m ãos,
isto é, aos nossos esforços e diligências.

8A1N0 36

Introdução: 0 salmisla põe em paralelo a bondade de Deus


e a maldade dos impios para melhor frisar a preversidade dos
últimos.

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/ - Malícia do pecador.

Sentença do p ecador:
— «Tenho resolvido em meu coraçáo ser Impio» 1
Nenhum temor de Deus
tem jamais presente I
Porque, a seu ver. Deus fecha os olhos,
quanto a tomar-lhe contas da sua iniqüidade (l).

As suas palavras são maldade e mentira,


Náo quer ter julze nem praticar o bem.
Estuda a maldade enquanto está no leito.
Envereda propositadamente pelo mau caminho,
e não se recusa a praticar mal algum.

II — Bondade de Deus.

Yahweh, a vossa benevolência alteia-se até aos céus,


e a vossa fidelidade até às nuvens.
A vossa justiça é como as montanhas de Deus (2),
e os vossos juizos como o vasto mar.

Homens e animais, a todos amparais, Yahweh I


Quão preciosa é a vossa benevolência I
Os filhos dos homens abrigam-se debaixo das vossas a s a s :
saciam-se do melhor da vossa casa |3).
Dessedentais-los na torrente das vossas delicias,
porque cm Vós está a fonte da vida,
e à vossa luz vemos a luz.

M) Oí intérprífes divergem muito quanto a este vcrsiculo. Apresen­


tamos a interpretação que nos parece mais provável.
(2) «Montanhas de Deus», lato é, montanhas grandes.
(3) «Do melhor»: - literalmente, «da gordura».

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III — Que Deus defenda os que são fiéis.
Mantende a vossa benevolência aos que vos conhecem,
e a vossa justiça aos de co ra çlo recto.

Que me não me atinja o pé dos orgulhosos I


Que me não faça cambalear a mâo do Impio!

Na altura determinada, cairão os fabricantes de iniqüidade:


serão prostrados para não mais se levantarem (1).

C o nside ra çõ e s e a plicações litúrgicas: NSo


deixemos de considerar longamente a bondade de Deus
para connosco tão divinàmente retratada no estrofe II
deste salmo.
Não é esta a única vez que Deus se compara, nas
Escrituras Santas, à avezinha que, sob as asas, acolhe
carinhosa a querida ninhada, oferecendo-lhe, nesse
amoroso asilo, amparo, calor e vida. Deus tudo isto
é para nós, mais de uma maneira divinamente inefável.
Sacia-nos do melhor da sua casa. Mata-nos a sêde
na íotrente das suas delicias. Este melhor da sua casa,
estas delicias inefáveis é Ele-mesmo que se dá em gôzo
e posse bem-aventurante aos seus filhos. Eu serei a
tua paga desmedidamente grande, dizia ao Patriarca
Abraão: Entra no gôzo do teu Senhor, dirá aos fiéis
servos, segundo a palavra de Jesus.
Ele é a fonte da vida. Mais: — Ele é toda a nossa
vida,— quem no-Ia dá, quem no-la conserva e fomenta,
quem lhe dará toda a sua acabada perfeição, — tanto á

(I) Proiecla do castigo deilnitíTO dos impios após o juizo messiânico.

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natural como muito principalmente a sobrenatural, ou
da Graça.
Ele é a luz com que veremos a L uz; porque, sendo
para nós ao mesmo tempo princípio, meio e fim, não
só se constitue o nosso Sumo Bem, mas dEle vem que
o busquemos, dEle vem que o alcancemos, e dEIe vem
ainda que sejamos capazes de o gozar. Ele nos dá,
para isso, o impulso inicial; Ele nos vai solicitando e
impelindo ao longo da vida, servindo-nos, suposta a
nossa aquiescência, de motor, amparo e guia, connosco
colaborando como parte principalíssima; Ele nos trans­
forma num ser divino capaz de o vêi face a face, e de
a Ele se unir; Ele é o nosso tudo, numa palavra.
Quem 0 não amará.

CAHTIOO DE JEREMIAS

in tro d u ção: 0 profeta anuncia a volta à pátria das tribus


dispersas de Israel, descreve o entusiasmo e alegria da chegada,
bem como a felicidade de que haviam de gozar depois. A restau­
ração de Israel era uma figura da restauração do Gênero Humano
pela Redenção de N. S . fesus Cristo da qual se deve entender tam­
bém este cântico.

/ — Deus restaura o povo de Israel.

Escutai nações a palavra de Yahweh,


e anunclal-a às longínquas ilhas.

— Quem dispersou Israel torná-Io-á a reunir,


e guardá-lo-á como um pastor o seu rebanho.

Sim, Deus resgatou Jacob,


libertou-o das mãos dc um mais forte,

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II — 0 povo disperso volta triunfante a Jerusalém.

Ei-los que chegam e soltam gritos de alegria,


sobre os outeiros de Sião.

Acorrem aos bens de Yahweh,


trigo, vinho novo, azeite, ovelhas e bois.

A sua aima é um jardim regado,


e não continuarão a definhar.

III — Alegria do povo restaurado.


Então se diverterá a donzela na dança,
e os jovens com os velhos se divertirão juntamente.

Mudar-lhes-ei o luto em gôzo e consola-los-ei,


à dor far-lhes-ei suceder a alegria.

Saciarei de gordura a alma dos sacerdotes,


e 0 meu povo será cheio de bens (1).

C o n sid e ra çõ e s e a plicações lilúrgices: A res­


tauração de Israel era uma figura da restauração do
Gênero humano pela Redenção. É pois com o pensa­
mento neste grandioso facto e nos imensos .benefícios
que dele nos derivaram e que encontramos no seio da
Igreja, a Sião espiritual, — o trigo e o vinho novo da
Eucaristia, o azeite dos dons do Espirito Santo, e todos
os outros dons e bens espirituais que Jesus nos mere-

(I) A gordura era o melhor e mais apreciado da vítima. Aos sacer-


, dotes cabia uma parle da vítima. Sacriticar-ae-lam entBo muitas vitimas, te­
riam os sacerdotes grande abuudâncla.

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ceu cotn o seu sangue — , que devemos recitar este
cântico.
SALHOl 146 fi 147 (1)

Introdução: Agradecendo a Deus a restauração de Israel o


salmista faz o elogio da sua bondade, poder e providência para
com os homens e animais.

I — Louvai a Deus que restaura o seu povo.


Louvai a Yahweh, porque é bom moduIar-Ihe um salmo,
é devido ao nosso Deus o hino de louvor.

Yahweh reedifica Jerusalém,


reune os dispersos de Israel.
É Ele que cura os corações esmagados,
que lhes pensa todas as feridas.

Dá um número a cada estréia,


chama-as todas pelo seu nome.

É grande o nosso Senhor, é grande a sua força,


e a sua inteligência não tem limites.
Yahweh eleva os humildes,
_ e abaixa os fmpios até ao solo. ,

I I — Despreza as valentias humanas, e aprecia os


humildes.

Entoai a Yaweh um hino de acção de graças,


modulai um salmo ao nosso Deus ao som da harpa.

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É Ele que cobre o céu de nuvens,
que prepara a chuva para a terra,
Que faz germinar a relva nos montes,
e as plantas para uso do homem.

Dá aos animais a sua comida,


e aos còrvinhos que por Ele apelam.

Não é na força do cavalo que se compraz,


nem na agilidade do homem que toma prazer.
Deus compraz-se nos que o temem,
nos que esperam na sua benevolência.

///— (Salmo 147) — Louve Jerusalém a Deus pe­


los bens que lhe dispensa.
Louva Jerusalém a Yahweh,
louva Sião ao teu Deus.

Deus reforçou as fechaduras das suas portas,


abençoou os teus filhos que em ti moram.

Estabelece a paz nas tuas fronteiras,


e sacia-te da flor do trigo.

IV — Omnipotência da palavra de Deus na ordem


física.
Envia o seu verbo à te r r a :
nela corre a sua palavra com velocidade.

Espalha a neve como flocos de l ã :


peneira a geada como cinza.
Arremessa o granizo aos pedacinhos :
com 0 seu frio ãs águas deteem-se (1).

(1) Vnl. - .Ante o sea Mo qaem pode aguentai

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V — Como na ordem física assim na ordem moral.
Envia a sua palavra e tudo isto se funde:
faz soprar o seu vento e as águas correm.

Manifestou a sua palavra a Jacob,


a sua lei e mandamentos a Israel.
Não procedeu assim com nenhuma outra n ação:
não lhes manifestou os seus mandamentos (1).

GAITIOO DB MOISÉS (D

In trod u ção: Neste hino, composto por Moisés e cantado por


todo 0 povo após a milagrosa travessia do Mar Vermelho, cele­
bram-se os atributos de Deus que mais brilharam nesse maravilhoso
acontecimento - a sua santidade e poder.

I— Grandeza de Deus que salvou Israel submer­


gindo os inimigos.
Eu canto a Yahweh porque se elevou em sublimidade:
precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro.
A minha fortaleza e o objecto do meu louvor é Yahweh
que s,e fez a minha sàlvação.
É 0 meu Deus e hei-de louvá-lo,
0 Deus de meu pai e hei-de exaltá-lo I

Yahweh — o heroI da guerra I Yahweh — o nome seu I


Os carros de Faraó e o seu exército, lançou-os ao m a r:
A flor dos capitães em Faraó, enguliu-a o Mar das Algas I
Cubriram-nos os abismos!
Desceram ãs profundas como um seixo I

A vossa direita, Yahweh magniflco de valentia,


a vossa direita, Yahweh, esmaga o inimigo.
(1) LIç. da Vulg. - T. M. - «Elas nBo conhecem oa s(

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l l — R ep e ie s e o mesmo têma, m as com mais pre­
cisão.
Do alto da vossa sublimidade lançais por terra os inimigos;
desencadeais a vossa cólera que os consome como palha,
e ao sopro da vossa respiração amontuaram-se as águas.
As vagas empinaram-se como uma trincheira,
as ondas endureceram no fundo do mar.

O inimigo dizia: — P ersegu irei.. atin g irei. . .


dividirei d e sp o jo s... satisfarei a minha vingançaI

Puxarei da espada. . . destrui-los-à a minha mão I


, Respirastes V ós, . . o mar cubrl-os I
Afundaram-se como chumbo no marulhar das imensas águas.

Quem como Vós, entre os deuses, Yahweh,


quem como Vós magnífico em santidade ( l ) ? l

III — Deus conduzirá Israel à Terra da Promissão,


mau grado os povos que tem de atravessar.
Estendestes a vossa mão e a terra engullu-os (2).
Conduzis pela vossa benevolência este povo que havels
libertado,
conduzls-lo pela vossa força à vossa morada santa.
Souberam-no os povos e tremem,
apoderou-se o espanto dos habitantes da Fllistla.

Já os chefes de Edom estão passados do terror,


e os chefes de Moab estão nas garras do mêdol

(1) Tanto 0 T. M. como a Vulg. acrescentam aqui um outro membro:


- «terrível de louvar e operando prodígios», que é considerado uma glosa
por muitos críticos.
(21 A terra aqui é considerada no sentido de globo, Isto é, o conjunto
de terra e mares.

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Todos os habitantes de Canaan perderam a coragem I
Cairam sobre eles o pânico e o terror I
Pela força do vosso braço hão-de tornar-se imóveis como
um penedo1

Até que passe o vosso povo, Yahweh,


até que haja passado este povo que adquiristesi

IV — Sim, Deus eonduzirá o seu povo à tetra da


Promissão.
Vós os conduzireis e plantarels na montanha da vossa herança,
no lugar que haveis disposto para vossa morada,
ne santuário, ó Yahweh, que prepararam as vossas mãos.
Yahweh reina para sempre,
por toda a eternidade (I).

Porque os cavalos de Faraó,


os seus carros e cavaleiros entraram no mar,
e 0 Senhor fez vir sobre eles as águas do mar.
Mas os filhos de Israel
caminharam a pé enxuto pelo melo do mar.

Considerações e aplicações litúrgicas: A liber­


tação do cativeiro do Egito é outra figura da nossa
Redenção. Assim como Israel foi livre do domínio de
Faraó e se tornou o povo de Deus atravessando o Mar
Vermelho, assim somos nós livres da tirania do Demô­
nio atravessando as águas do baptismo, e nos tornamos

(1) Paréce que, rigorosamente, o cântico termina aqui, sendo as pa-

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C a N T Í C Ò DÉ M O I S É S -393

filhos de Deus herdeiros das suas promessas começando


desde logo a gozar dos inapreciáveis bens da sua graça.
Nunca apreciaremos bastante, nunca agradeceremos
demasiado a inefável dita de sermos baptizados I
Recitemos pois este canto em agradecimento e
louvor a Deus por tão grande benefício.

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Prima
S U M O 22

Introdução i Delicioso quadro da bondade de Deus para


com os seus fiéis de que Davld era nestas circunstâncias o protótipo.
Deus é-nos apresentado sob a imagem de um bom pastor e de um
amigo que recebe o seu amigo em óptima hospedagem.

I — Deus, 0 Bom Pastor.


Yahweh é o meu pastor.
Nada me falta.

Acampa-me em verdejantes prados,


leva-me a águas repousantes,
restaura-me a alma.
Quia-me por rectas veredas,
por causa do seu nome.

II — N ada há a recear sob a guarda de tão bom


pastor.
Ainda que tivesse de atravessar.
um vale de mortíferas sombras.
Nada teria a temer,
Porque Vós estais comigo (1).

(I) Os «vales de sombras mortíferas» eram os barrancos n

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q u in t a - f e ir a - PRIMA

O vosso cajado e o vosso báculo


é que me animam (I).

III — Deus — 0 melhor dos amigos.


Pondes-me a mesa,
mesmo em frente dos meus Inimigos.
Derramastes-m e na cabeça óleo com abundância,
e 0 meu copo e s tá a trasbordar (2).

Sim, dòravante só vossa benevolência e bondade me hão-de


perseguir
todos os dias da minha vida (3).
E habitarei na casa de Yahweh .
por largos dias.

Considerações e aplicações litúrgicas; Em sen­


tido cristão o Bom Pastor e o Magnífico hospedeiro é
Jesus, e as ovelhas e os amigos hospedados somos nós.
0 próprio Redentor gostava de se apresentar sob esta
doce imagem.
Desenvolvendo e particularizando a alegoria, sem­
pre em sentido cristão, os verdejantes prados onde

(1) o bácdio era uma vara recurva no cimo que servia pira guiar e
sobretudo para agarrar as ovelhas. O cajado era um pau mais curto que ser­
via de arma ofensiva e defensiva.
(2) Depois de nos apresentar a Deus sob a figura de um bom pastor,
o salmista apresenta-no-Io sob a figura de um bom amigo que oferece ao seu
amigo uma óptima e magnânima hospedagem de que sBo sinais o óleo abun-
o copo a trasbordar. Era das boas regras da hi

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acampam as suas ovelhas sSo a Igreja; as águas repou­
santes, as do baptismo, ou as da graça que brotam
para a vida eterna; a mesa posta aos amigos, a Euca­
ristia; 0 óleo que lhes derrama na cabeça, o Espírito
Santo e os seus d o n s... Assim também o vale das
sombras mortíferas é a vida presente, a qual vamos
atravessando rodeados de tanta escuridão e cercados
de tantos inimigos que estamos em perigo constante de
morte espiritual.
No Oficio da Festa de Corpus Christi a Igreja
chama-nos particularmente a atenção para o banquete
eucarístico: — prepara-se-nos (na eucaristia) a m esa do
Senhor contra todos os que nos atribulam. (II Noct.
Salm. e Antif. 2).
Aplicado às almas do Purgatório - Em verdejan-
tes prados me colocou (Of. Def. II Noct. Antif. et
Salm. 2) — refere-se em especial à paz e segurança de
que gozam aquelas benditas almas, as quais sairam já
da zona perigosa da existência e aguardam cheias de
esperança e resignação o fim do seu exílio.
Façamos pois deste salmo um acto de amor, de
confiança e agradecimento pelos inumeráveis dons que
nele estão alegòricamente mencionados.

InlroduçSo: Este salmo, segundo o sentir comum, é directa-


mente messiânico predizendo a justiça, a exlensdo e eterna daraçõo
do reino de Cristo, a dedicaçdo dos povos em servi-lo, e a sua mi­
sericórdia para- com os pobres infelizes. Os bens materiais, cuja
abundância o projeta prediz, sâo simbolo dos bens espirituais.

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1 - 0 reinado do Messias será o reinado da jus­
tiça.

Senhor dai ao Rei o vosso julgar,


e a vossa justiça ao filho do rei.
Que governe o vosso povo com ju stiça,
e 08 vossos humildes com equidade.

Que as montanhas produzam a paz para o povo,


e as colinas a justiça (1).
Fará justiça aos humildes do povo,
virá em auxilio dos filhos do pobre,
e esmagará o opressor.

II— Vindo do céu, o seu reinado será eterno e


universal.
Descerá como a chuva sobre a relva,
como 0 aguaceiro que rega a terra (2).
A sua vida durará tanto como o sol,
tanto quanto durar a lua,
de geração em geração.

Em seus dias florescerá a justiça,


e uma profunda paz, durável como a lua.
Dominará de mar a mar,
do Rio até às extremidades da terra (3).

(1) As montanhas e colinas sBo tomadas por todo o país porque sBo
as partes mais proeminentes. Será tBo feliz o reinado do Meaalaa que a paz
e a juatiça brotarSo do solo como a relva.
(2) Este rei descerá do céu, Isto é, terá uma origem celeste, e a sua
instalaçao na teira será tBo suave e benéfica como a chuva que cal de man­
sinho.
(3) O RIe, por excelência, era o Eufrates.

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III — Dominará sobre os povos.
Diante dEle os adversários dobrarSo o joelho,
e os inimigos morderáo o pó.

Os reis de Tarsis e das Ilhas trarão presentes,


os reis de Sabá pagarão tributo (1).

Todos os reis se prostarão diante dEle,


e todos os povos o servirão.

IV — Favorecerá sobretudo os humildes e pobres.


Sim, libertará o pobre que implora auxilio.
o humilde e o desamparado.
T erá compaixão do fraco e do pobre,
e socorrerá as almas indigentes (2).

Libertar-lhes-á a alma da opressão e da violência,


e 0 sangue deles será precioso a seus olhos.
Viverá e dar-lhe-ão ouro de S a b á :
pedirão a Deus por ele sem cessar,
e hão-de bem-dizê-lo todos os dias.

V — No seu reinado a terra será cheia de prosperi-


dades.
E 0 trigo abundará no país,
até ao cume das montanhas.
A seara ondulará como os cedros do Libano,
e a cidade florescerá como a erva do campo (3).
(1) Tarsis, cidade do snl de Espanha. As Ilhas era um nome gené­
rico dado às terras longínquas e mal conhecidas do Ocidente. Sabá era uma
reglIo da Arábia, célebre por seus perfumes e pedras preciosas, e por ser
pátria da rainha do mesmo nome. Sabá nBo poude ainda ser identificada.

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0 seu nome subsistirá eternam ente:
durará tanto como o sol.
Por Ele serão abençoadas todas as familias da terra,
todas as gerações o proclamarão feliz.

Bem-dito seja Yahweh, o Deus de Israel,


0 único que opera maravilhas,
Bem-dito seja o seu nome glorioso,
e que toda a terra seja cheia da sua glória.
Amen, amen (1)1

Considerações e aplicações lilúrgicas: 0 que


não passava, para o Salmista e seus contem porâneosi
de um anúncio e uma esperança, é, para nós, uma feliz
realidade. Nunca apreciaremos bastante a felicidade
de vivermos na época messiânica, tão rica de bens es­
pirituais, e pertencermos ao reino de Cristo gozando
dos favores inapreciáveis da sua Redenção. Quanta
abundância de meios de salvação, quão invejável a
nossa sorte comparada à dos pobres pagãos ou dos
fiéis da Antiga Lei!
Recitemos pois este salmo com funda emoção de
gôzo espiritual e um humilde e amoroso agradeci­
mento.
Referindo-se este salmo tão explicitamente a Cristo
e ao seu reino, não podia a Igreja deixar de o incluir
no Ofício das principais festas do Senhor, chamando-
-nos de cada vez a atenção para aspectos especiais do

(1) Estes versículos nBo fazem propriamente parte do salmo, mas são

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Reino de Cristo em harmonia com o espirito de cada
uma. E assim, na festa do Natal convida-nos a con­
templar a suavidade do nascimento do Rei Jesús e a
abundância de verdadeira paz que veio trazer ao
mundo; — N ascerá nos dias do Senhor abundância de
p a z : e Ele dominará. (II Noct. antif. e salm. 2); na da
Epifania, a extensão universal do mesmo reino: - Os
reis de Tarsis e das Ilhas trarão presentes ao Rei-Deus.
(II Noct. Antif. e Salm. 2 ); em Quinta-feira Santa, a
Redenção que trouxe à pobre Humanidade indigente,
desamparada, e oprimida sob o jugo do Demônio: —
Libertará o Senhor o oprimido do seu opressor, e o po­
bre desam parado. (II Noct., Antif. e Salm. I); na da
Santíssima Trindade, o grande amor do Deus Uno e
Trino manifestado na obra da Redenção e na institui­
ção da Igreja com todos os bens de que é administra­
dora.

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Tércia
SALHO 72

Introdução: 0 salmisia encarando mais uma vez o problema


da prosperidade dos impios em conirasie com as Iribulações dos
justos, reconhece que aquela i antes um casligo, e há-de sossobrar
em repentina catástrofe, ao passo que os Justos serão eternamente
felizes Junto de Deus.

I — A prosperidade dos ímpios fonte de tentação.


Na verdade, Elohim é bom para Israel,
para ds que tem o coração puro 1

Mas e u . . . quase me escorregavam os pés !


Pouco faltou que me nâo resvalassem (1)1
É que e u . . . indignava-me com a sorte dos fanfarrões,
. . . estava vendo com maus olhos a prosperidade dos ím­
pios (2).

Com efeito, para eles não há d o re s :


Gozam de perfeita saúde, e andam gordos.
Não participam das humanas fadigas,
não apanham os açoutes (de mal) como os outros mortais.

(1) Metáfora para exprimir a tentação de desconfiança na jastiça e


equidade de Deus cansada pelo espectáculo da prosperidade dos impios.
(2) Os msus ricos, que blasonam das suas riquezas e poder, e deles
se servem para oprimir oe pobres, sío lantariOes para com Deus, pois afetam
náo Lbe teoier a justiça.

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I I — A prosperidade e arrogância dos m a u s ,—
forte escândalo para as gentes Ignaras.

P or isso enIaça-09 o orgulho como um colar,


envolve-os a prepotfincla como um vestido,
Destila-lhes iniqüidade o anafado corpo,
e do coração trasbordam-lhe os maus desígnios (1).

Escarnecem, andam em colóquios malignos,


falam orgulhosamente de oprimir.
A sua bõca afronta os céus,
e a sua língua passeia pela terra (2).

P or isso é que a multidão se volta para o lado deles,


porque lhes encontra no activo dias cheios de felicidade,

III — 0 salmista resiste à tentação e reflecte.


Ela d iz: Então porventura há em Deus s a b e r?I
há no Altfssimo algum conhecimento?!
V ê - d e !- S ã o ímpios,
e sempre estão prósperos, sempre poderosos!

P o rta n to ... em vão tenho conservado puro o coração,


em vão tenho lavado as mãos em inocência.
Nem por isso sofro menos cada dia,
e cada manhã cá tenho o meu castigo (3).

(2) Afronta o céu com blaelémias, e passeia pela terra de tudo ae


e de tudo dizendo mal.
(3) A Impunidade doa maus neste mundo é uma tonte perene de ten-
taçflo para as pessoas pouco esclarecidas e de fé tíbia, que nBo compreendem
que nBo é neate mundo em geral que ae faz justiça, mas no outro, e explica
porque os maus Um sempre grande partido-

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Se eu tivesse d ito : — «Vou falar também assim» I
teria traido a raça dos vossos filhos (1).

Então reflecti para compreender,


e foi grande a fadiga para os meus olhos (2).

IV — Vem a reconhecer que a prosperidade dos


maus é um castigo para eles.
E assim , penetrando nos segredos de Deus,
vim a certificar-m e do fim que os espera.
A verdade é que os colocastes num campo resvaladlo,
deixaste-ios cair em ilusões (3).

Como tão repentinamente se tornaram um objecto de horror I


E i- lo s I . . . levados pela m orte, e acabados à força de ter­
rores!
Cemo se faz, Adonai, com um sonho ao despertar,
quando vos levantais, desprezais-lhes a sombra (4).

Quando se me aziumava o coração,


e sentia nos rins um aguilhão,
10 de fé tibla, fé qoe se
>s filhos de Deus nas suas crenças
e esperanças, Insultar os bons que sòmente esperam nos bens luturos, e tudo
sacrlHcam ao amor de Dena.
(2) Rigorosamente o reflecHr nBo faüga os olhos, mas como pensar
se chama também ver, Inspeccionar em senUdo moral, aplicar os olhoa do es­
pirito, assim também se pode dizer que reflectir cansa os olhos.
(3) Deus nBo castiga os maus neste mundo?! EstBo eles fBo Isentos
das humanas dores como se pensa?! Sejal (Apesar de que a experiência
de todos os dias mostra que nBo é verdadeira esta pretendida laençBo). Mas
a lalta de castigo oBo será para eles maior castigo? SIm, porque ]nlgando-se
Impunivels, visto que nenhum mal lhes advém das suas más acçOee, vfio de
mal a pior, embalados na doce ilusBo da sua Impunidade, até cairem na per­
da eterna. Ao passo que, se Deus os castigara e aillgira neste mundo como
faz aos bons, talvez se desiludissem e emendassem o proceder.
(4) A vida feliz dos implos nBo é mais do que uma sombra engana­
dora, que pronto se esvai, translormada num morrer horrível de todos os mo­
mentos nas penas eternas. Mas a vida dos jostos. Deus cuida dela com amor,
transtorma-a de terrena e passível em celeste e perenemente feliz.

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E stava estúpido e sem inteligência,
estava como um bruto na vossa presença (1).

V — D e liçiase antecipadamente eom a felicidade


que terá no céu.
M a s ... se eu estou coi
Tom astes-m e pela mão direita I
Guiais-me pelo vosso conselho,
e tomar-me-ei9 depois para a glória,

Que me im porta a mim no céu senão a Vós ? I


Igualm ente, sem V ós, nada me satisfaz na terra I
A minha oarne e o meu coração consomem-se,
mas Elohim é o meu Rochedo e o meu quinhão para sem-
í pre (2).

Ao contrário, todos os que se afastam de vós p erecem :


exterm inals quantos se prostituem afastando-se de Vós.
Quanto a mim, a minha felicidade é estar junto de Elohim.
Fiz do Senhor Yahweh o meu refúgio
afim de publicar todas as vossas obras (3).

Considerações e aplicações litúrgicas: Reci-


ta-se este salmo, além de no Ofício feriai, no de Quin­
ta-feira Santa, porque nunca como na Paixão de Cristo,

(1) A violência da tentação embrutece e como que paraliza as potên-


tlat da alma deixando só em campo oa Instintos vis do animal.
(2) Acto de lé na ressureiçBo. 0 corpo consomc-se no túmulo, mas
Deus o firme rochedo lá está para nos restaurar a vida em toda a soa ple-

(3) A Vulgata a crescen ta « à s portas da filha de Siâo» - Tem-se


comumente estas palavras por uma glosa. Algumas outras variantes apresenta
a Vulgata, e até Intraduzlvcis, mas como os autores para dar-lhe um sentido
aceitável vêem afinal a recair sobre a interpretação que damos segundo o
T. M., por Isso deixamos de as mencionar.

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foi tão violento o contraste, entre a malícia afortunada
dos ímpios, e a desventurada integridade moral dos
jusios.
Nós sabemos porém a que ater-nos neste preten­
dido escândalo,— o escândalo da Cruz. Era neces­
sário que Cristo entrasse na sua glória, — como Ele
mesmo declarou aos discípulos de Emmaús, — por meio
dos atrozes sofrimentos da sua vida mortal. Mas, diz-
-nos S. Paulo, porque se humilhou até à morte e à morte
de cruz, 0 exaltou Deus até ao seu trono, e quis que
ao Nome Seu se dobrasse todo o joelho, no céu, na
terra, e nos próprios infernos.
Por isso saibamos nós, os discípulos do Divino
Mestre, deixar aos indiferentes e irreligiosos os gros­
seiros gozos da sua mais ou menos afortunada vida
terrena — que é tudo quanto lhes cabe em sorte,— e
abracemos jubilosos, com Jesus, a cruz do sofrimento
e da pouca sorte nas coisas deste mundo, para com Ele
obtermos a imarcescível glória junto do Pai.

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Sexra

Introdução: Este salmo, composto mats


durante o caitvetro de Babilónta, após a rútna de Jerusalém, é uma
sentida queixa de uma alma dorida de tanto desacato e profanaçao,
e ao mesmo tempo uma súplica a Deus para que restitua o culto e
a nação a seu antigo esplendor (I).

I — Não nos esqueçais. Senhor, e ao vosso santuá­


rio arruinado.
Porque nos havels, ó Elohim, rejeitado definitivamente ? l
Porque não cessa de arder a vossa cólera contra o reba­
nho das vossas p astag ens?!
Lembrai-vos da gente que haveis adquirido nos antigos dias,
da tribu da vossa herança que haveis resgatado (2),
da montanha de Sião onde haveis estabelecido morada. -
Encaminhai os vossos passos para as irreparáveis ruinas (3).
Tudo 0 inimigo destruiu no santuário I

Os vossos adversários urraram no lugar da vossa a s sem b le la :


nele arvoraram, por in signias, os seus estandartes.
Viram-nos, — qual um lenhelro
que, de machado em punho, investe com um bosque —

(1) Há quem retira este salmo à perseguição de Antioco no tempo doe


Macabeus, e até quem veja alusões às legiões romanas e sen fásclo.
(2) « ... que havels adquirido. . . que havels resgatado ...• - do ca­
tiveiro do Egito. Vulg. - «do cetro da vossa esperança».
(3) «Encaminhai os vossos passos». Isto é, vinde ver. . . Vulg. — Ele­
vai as vossas mSos para at suas aoberbaa até ao fim.

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Despedaçando ao desafio as esculturas,
a machado e a martelo (1). ‘

Lançaram fogo ao vesso santuário,


profanaram, arrazando-a, a morada do vosso nome.
Diziam em seu coração : — Esmaguemo-los todos I
Extingamos as festas de Deus no pais (2) I

Já não vemos os nossos estandartes,


já não há profetas,
e nenhum de nós sabe até quando. . .

I I — Porque permHis tanto mal, Vós que sois a


Omnipotência 7!

Até quando, ó Elohim, blasfem ará o ad v ersá rio?!


desprezará o inim igo, o vosso nome sem c e s s a r? !
Porque retirais a vossa m ão?!
Porque guardais no seio a vessa d êxtera? I
Não sois V ós, ó Elohim, o nosso Rei desde os antigos dlasPI
Herói de vitórias à face de toda a terra ? I

Fo stes Vós que com o vosso poder dividistes o mar.


e que esm agastes nas águas as cabeças do dragão.
Fo stes Vós que esm agastes as cabeças de Leviathan,
e 0 destes em parle à multidão dos chacais.

( 1) o salmista compara a sanha dos Inimigos despedaçando os reves­


timentos de tallia de madeira que ornavam todo o interior do templo para ae
apoderarem do ouro que os recobria (Ita Fililon), á de um lenhelro, abatendo
um bosque. Esta passagem é difícil é os autores traduzem-na de divergentes
modos. A Vulg. é intraduzivel.
(2) Contra tudo ae ensanhnu o inimigo: - contra o templo, contra o
povo que o freqüentava, e contra as próprias festas de Israel.

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Fo stes V ós que fizestes brotar a fonte e a torrente,
fostes Vós que secastes rios Inexgotávela (1).

Vosso é o dia, vossa é a noite,


fostes Vós que criastes 6 sol e a luá^
F ostes Vós que estabelecestes todos os lim ites da te r r a :
0 inverno e o verão, fostes Vós que os fizestes.

Não o esqueçais I - O Inimigo blasfemou, Yahweh,


um povo insensato blasfemou o vosso nome.

III — Defendei-nos de um inimigo tão arrogante e


cruel.
Não entregueis às feras a alma da vossa róla (2)1
Não esqueçais para sempre a vida dos vossos oprimidos ‘

Olhai os homens orgulhosos, vêde como estão cheios (3)1


Os lu gares som brios da terra são valhacoutos de bandl.
dos (4)1

Que não permaneça humilhado e oprimido o vosso povol


Que possam, o aflito e o pobre, bem-dizer o vosso nom e!

Levantal-vos, Elohim, e tomai a defesa da vossa causa I


Lem brai-vos de que o Insensato blasfema de V ós continua*

(1) o salmista r.
rael cm que ae bavla B
Deus e o seu favor para com o povo, -- a passagem através do mar Verme­
lho, a aubmersio dos egípcios — o OragSo e o Leviathan ou crocodilo - no
mesmo mar, cujos cadáveres dando à costa serviram de pasto aos chacais ;
a torrente que Moisés fez brotar da rocha no Deserto; finalmente a travessia
do Jordão a pé enxuto.
(2) O salmista dá ao povo o nome de róla, nome gracioso e de cari­
nho. A Vulg. diz: «A alma dos que vos louvam».
3) <0s homens orgulhosos»: Ilt., os homens gordos.

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Náo esqueçais o clamor dos vossos adversários,
0 tumulto sempre crescente dos vossos Inimigos.

Considerações e aplicações lilúrgices; 0 povo


de Israel e o templo de Jerusalém prefiguravam, em
suas tribulações, o próprio Jesus Cristo e a sua Igreja.
Por isso deve este salmo entender-se, em sentido espi­
ritual, das perseguições e tormentos, em geral, que o
Salvador sofreu na sua humanidade Santíssima— tem­
plo, em que habita a plenitude da Divindade, — e que
sofrerá no seu corpo místico, até à consumação dos
séculos. A sanha dos babilônios que investiram com
0 templo de Jerusalém, como, de machado em punho,
um lenhelro investe com um bosque que pretende re­
duzir os fanicos para limpar o campo, foi uma pálida
imagem do furor dos inimigos de Jesus, na sua Paixão,
e nas suas perseguições à Igreja através dos séculos.
De aqui se vê claramente o sentido que deve dar-
-se-Ihe, tanto no Ofício feriai como no de Quinta-feira
Santa e Preciosíssimo Sangue, em que a Igreja nos
manda recitar este salmo.

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Noa

Introdução; Desabafo de um oprimido que se consola com


a certeza de que Deus há-de fazer justiça a bons e maus.

I — N ão se gloriem os ímpios da sua impunit


que nada perderão com a demora.

Nós vos louvamos, ó Elohlm,


nós vos louvam os. . .
Invocamos o vosso nome.
narramos as vossas m aravilhas.

— «Ainda que leve o meu tempo


faço justiça com rectldáo.
Tcnha-se embora fundido a terra com todos os seus habita
eu é que lhes ediflquel as c o lu n a s .. . (1),

Digo aos orgulh osos: - Acabai lá com o vosso orgulho 1


e aos Im plos: — não levanteis a cerv izl
Não levanteis a cerviz para o c é u !
Não faleis engrossando o pescoço !>

( 1 ) 0 Salmista dá aqui a palavía ao próprio Deus. Deus pode dife­


rir fazer justiça, quer castigando, quer premiando, e de facto difere até á hora
da morte ordlnárlamente, mas nlo deve supor-se que nlo governa, oo náo se
importa das coisas humanas. Os implos oada perderlo com a demora. Te-
nha-ae embora fundido a terra, Deua que a formou uma primeira vez saberá
reatitui-la ao seu aotigo estado.

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I I — Deus é que governa a todos, e fará justiça a
uns e outros.

N âo! Náo é do Oriente nem do Ocidente,


do Deserto ou das montanhas. . . (1)
Deus é que governa 1
Abaixa um e eleva outro 1

Porque Deus tem na mão um copo


cheio de vinho capitoso e arom atizado. . .
Tanto 0 dá a beber a um como a outro (2)
Háo-de bebê-lo até às fezes,
hão-de bebe-lo todos os impios da terra.

Eu, porém, exultarei eternamente,


entoarei um salmo ao Deus de Jacob.
Ele abaterá a cerviz dos ímpios,
e a dos justos será exaltada.

Conside raçõ e s e aplicações litúrgicas: Sempre


e em todos os tempos os violentos, sem temor a Deus,
tiveram bom partido contra os mansos e pacíficos.
E no entanto Jesus proclama felizes os mansos, felizes
os pacíficos, felizes os que sofrem perseguição por
amor da justiça. Aconselha a nSo se resistir violenta­
mente ao mau, mas a vencê-lo pela bondade, e Ele
mesmo nos deu o exemplo entregando-se sem resistên­
cia nas mãos dos seus inimigos, e ordenando ao impe­
tuoso S. Pedro que reembainhasse a espada.

( n A frase «ca suspensa, mas subenfende-se: « ... que vem a lel às


coisas e às pessoas.» AlusSo à superstlçlo de se atribuir ingerência nos des­
tinos humanos aos asiros ou forças cegas da natureza.
(2) «Tanto o dá a beber a um como a outro», isto é, todos terBo de
bebê-lo nBo íicará nenhum impio que nfio tenha a sua parte.

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É, que a violência nSo terá a última palavra.
0 próprio Deus no*Io garante neste salmo. Pode levar
seu tempo, mas fará justiça recta, e é terrível o copo da
ira divina que os ímpios opressores hão-de beber alé
às fezes.
Não é este de resto o grito espontâneo da alma
cristã ao contemplar indignada as atrozes sevícias infli­
gidas ao inocente Cordeiro que tira os pecados do
mundo, que a Igreja desenrola ante os olhos magoados
da nossa alma, na liturgia da Quinta-feira Santa ?
0 mesmo sentimento nos brota da alma ao lermos, na
vida dos mártires, as atrocidades que sofreram por
amor de Jesus. Por isso, com muita oportunidade se
recita este salmo nos Ofícios da Quinta-feira Santa e
dos Apóstolos, que todos a Igreja venera como már­
tires.
SALHO 76
Introdução: Celebra-se a augusta majestade de Deus como
juiz de toda a terra. A ocasido deste salmo joi, mais provàvel­
mente, a derrota dos assírios exterminados pelo anjo sob os muros
de Jerusalém no tempo de Ezequias.

I — Deus é terrível e magnífico no seu santuário.


Elohim manifestou a sua presença em Judá.
O seu nome é grande em Israel.

Tem 0 seu tabernáculo em Salém (1),


a sua morada em Sião.

(1) A Vulg. diz; - «Tem o seu tabernáculo na paz». É que os LXX.


traduziram o nome próprio - Salem, çomp ae fosse um nome comum.

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Foi aqui que quebrou os faiscantes projéctels do arco,
0 escudo, a espada e a guerra.

Sois temivel, magnifico, sobre as montanhas eternas (1 )!


Os valentes tornaram-se um despojo:
Dormiram o seu sono, esses bravos,
e não recuperaram o valor do seu braço.

Á vossa am eaça, ó Deus de Jacob,


carro e corsel ficaram a dormir (2).

I I — Deus é magnifico e terrível nas suas funções


de Juiz.

Sois temivcl, e quem pode aguentar-se


ante a vossa face, no tempo da vessa cólera ?
Do alto dos céus proclamais a sentença:
e a terra emudece de espanto, .
Quando Elohim se levanta para julgar,
para salvar todos os oprimidos da terra.

Até as humanas traças se transformam em louvor vosso,


as mais requintadas traças em dia de festa para Vós (3).
Fazei votos, e cumpri-os, para com Yahweh vosso Deus,
Vós todos os que O rodeais trazeisdádivas ao Deus temível.

Ele corta o sópro vital aos príncipes,


Ele é temível para os reis da terra.

( 1) As montanhas eternas alo as de Jeniealêm onde Dens tinha o seo


santuário.
(2 ) Alusão ao extermínio dos assírios lerldos de desconhecida e ful­
minante doença pelo Anjo do Senhor. 0 sono de que squl se fala é o da
morte. Vulg. - Quendo tu apareceste brilhante do lado doa montes eternos,
perturbaram-se todos os insensatos de coraçáo. Dormiram o sen sono e nada
acharam em suas m9os todos esses homens ricos. Perante a vossa ameaça,
ó Deus de Jacob, dormiram os cavaleiros (os que montaram cavalos).
(3) LIc. da Vulg. e dos LXX. 0 T. M. náo dásenUdo aceitável. Dir.:
- Sim, o (nror do homem te louvará, e com os restos do furor t« clogirás.

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Co nside raçõ e s e aplicações litúrgicas : Récita*se
este salmo nos Ofícios festivos de Quinta-feira Santa,
Sábado Santo e Transfiguração do Senhor.
Ora sendo ele um cântico de triunfo, todo repas­
sado de entusiástica admiração pelas vitórias do Senhor,
pela magnificência das suas intervenções extraordiná­
rias nos destinos da Humanidade, compieende-se que
se recite no Ofício da Transfiguração em que Jesus
deixou transparecer um pouco da glória que tem no
seio do P a i; mas que a igreja o haja escolhido para o
tempo da paixão, tempo de luto em que a alma não
pode furtar-se a uma certa mágoa depressiva à vista do
atroz extermínio do Salvador, eis o que pode parecer
extranho. Mas é que a obra da nossa Redenção, que
naqueles dias se operava, é precisamente a mais gran­
diosa manifestação da magnificência divina, e a hora
da humilhação de Jesus até ao aniquilamento do sepul­
cro, a hora do seu maior triunfo, a hora em que o
príncipe deste mundo, o Demônio, f o i iançado fora, foi
desapossado do seu império tirânico sobre o gênero
humano.
Tenhamos isto bem presente ao recitá-lo e tam­
bém aquela hora grandiosa do Juizo Final em que o
triunfo de Jesus receberá o seu último complemento.

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Vésperas
SALHO 1S2

Introdução; Gracioso quadro dos encantos das reuniões


fraternas, sobretudo po r ocasião das festas cultuais em Jerusalém.
Misticamente, a união no seio da Igreja dos fiéis, filhos do mesmo
Deus e gozando em comum dos mesmos bens, segundo a doutrina
da Comunhão dos Santos.

Delicias dos convívios fraternos.


Ah! Como é bom, como é d
reunirem-se em fraternal convívio I

É como 0 óleo de primeira derramado sobre a cabeça,


que escorre pela barba até à orla do vestido (1).

É como 0 orvalho do Hermon


que cal nos montes de Slãe (2).

Em verdade foi ali que Yahweh estabeleceu a bênção


que dá a vida para sempre (3).

que o Inciso «Barba de Aar9o> é uma glosa InterpreUtlva que se intremeten


indevidamente no texto; sendo verdade, o óleo da comparaçao afio seria o da
consagtaçfio de Aarfio e dos pontífices seus sucessores mas o que se derra­
mava sobre a cabeça dos ri
(2) O orvalho do I
orvalho abundante. De rei
atribuíssem as orvalhelras do principio do verfio ao degélo do Hen
que ainda hoje os populares da mesma regISo as atribuem às cheias do Nlle.
a bênçfio, mala provàvelmente consistia no conjunto de bens

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C o nside ra çõ e s e aplicações lilúrgicas: Se os
piedosos israelistas exclamavam cheios de santo entu­
siasmo: — «Aht como é bom, como é delicioso...», só
por se verem reunidos em Jerusalém na celebração do
mesmo culto — elementos pobres que só valiam pelo
que anunciavam — que diremos nós das nossas reu­
niões litúrgicas?) Como não devemos sentir uma sin­
cera alegria, um fundo gôzo, nós que constituímos,
mais do que uma família, um corpo místico tendo por
cabeça a Cristo — o que não é uma figura de retórica
mas uma profunda realidade sobrenatural onde circula
uma vida que é a vida do próprio Deus, — por nos
juntarmos no mesmo convivio da Santa Missa, no
mesmo banquete da Sagrada Comunhão ?
Pensemos na realidade profunda que é a Comu­
nhão dos Santos, e as palavras deste salmo sair-nos-ão
dos lábios cheias de verdade e vida.

SALHO ISS
Introdução: Espécie de iadainha de acção de graças a Deus
peios seus benefícios, uns gerais, outros particulares a Israel.

D ai graças a D eu s...

Dai graças a Yahweh por ser b om . . .


— Porque a sua benevolência é eterna.
Dai graças a Deus dos d e u se s ..'.
— Porque a sua benevolência é eterna.
Dal graças ao Senhor dos senh ores. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.

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l — . . . Criador do céu e da terra,

Ele é 0 único que opera m aravilhas. . .


— Porque a sua benevolência é eterna.
Que fez os céus com sabedoria. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Que estendeu a terra por sobre as á g u a s .. .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Que fez os grandes luminares. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
O sol para presidir ao d ia . . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
A lua e as estrelas para presidir à n oite. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.

I I — . . . Libertador de Israei.

Que castigou o Egito em seus p rim ogên itos...


— Porque a sua benevolência é eterna.
Que retirou Israel do meio d e le . . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Com mão forte e braço a lça d o. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Que cortou em pedaços o Mar das A lg a s .. .
— Porque a sua benevolência é eterna.
E fez passar Israel pelo m eio. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Que precipitou Faraó e o seu exército no Mar das A lgas.
— Porque a sua benevolência é eterna.

III - . . . Protector de Israei.

Que conduziu o seu povo através do D e se rto .. .


— Porque a sua benevolência é eterna.
Que bateu grandes re is . . .
— Porque a sua benevolência é eterna.

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Que matou reis nobres...
— Porque a sua benevolência é eterna.
Sehon, rei dos Am orreus. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
E Og, rei de B asan . . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Que deu a terra deles como h eran ça. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Como herança a Israel seu s e rv o . . .
— Porque a sua benevolência é eterna.

IV — . . . Sustentador de Israel e de iodos os vi-


venies.

Que se lembrou de nós na nossa humilhação. . .


— Porque a sua benevolência é eterna.
E nos livrou dos nossos adversários. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Que dá pão a todos os vlventes. . .
— Porque a sua benevolência é eterna.
Dai graças a Deus dos c é u s . . .
— Porque a sua benevolência é eterna.

Considerações e epiicações litúrgicas.- Ao re­


citar este salmo façamos bem nossas as suas palavras
— o que nao nos será demasiado difícil — umas, tal
qual soam, outras pelo que anunciavam, pois que deve­
mos ter sempre presente que os benefícios feitos a Israel
eram figura doutros mais excelentes feitos à Igreja.
Tenhamos particularmente em vista a Eucaristia — o
pão supersubstancial que Deus dá a todos os viventes.

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Introdução: Neste, ora delicado ora veemente, mas sempre
belo salmo, dlz-nos o salmista, que estlvera cativo em Babilônia, as
saudades que tinham os cativos naquela terra de exílio, pratesta o
seu amor por Jerusalém, e termina regozijando-se com es castigos
preditos aos povos opressores.

I-A tristeza do exílio.

A’ beira dos rios de Babilônia


nos sentavamos e choravamos
ao recordarmo-nos de SlSo.

Nos salgueiros que ali havia


dependuravamos as nossas harpas.
E entáo os nossos captores pediam-nos
que entoássemos um cân tico. . .
Os nossos opressores pediam-nos cânticos de alegria.
— Cantai-nos, diziam, alguns dos cânticos de Sião.

H — As saudades da pátria.

Como havíamos de cantar o cântico de Yahweh


numa terra estrangeira ? I

Se me esquecer de ti, Jerusalém, (dlzfamos)


que se me esqueça a mão direita I
Que me fique a lingua pegada ao paladar,
se deixar de me lembrar de ti,
Se te não puser, Jerusalém,
acima das minhas maiores alegrias I

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111— Ruina a Edom e B ab iió n ia!

Tornai, 6 Yahweh, inolvidável dos filhos de Edom


0 dia de Jerusalém (1)
.Em que diziam : — Arrasai 1 . . . A rrasai! . . .
até aos alicerces I

Babilônia destruidora, (2)


feliz de quem te pagar
tudo 0 que nos fizeste I
Feliz de quem agarrar e esmagar
as tuas crianças de encontro às pedras (3) I

Co nside raçõ e s e a plicações liiú rgica s: A nossa


Jerusalém é, por um lado, a Igreja, e, pelo outro, a Pá­
tria celeste. Enderecemos entSo este salmo ao céu
como a expressão do nosso amor à primeira e do nosso
desejo ardente da segunda. Quanto às imprecaçOes, se
não preferirmos deixá-las por conta do salmista, ende­
recemo-las aos inimigos da nossa alma, sobretudo aos
demônios.
lAllO 137

In trod u ção: Cântico de louvor e acção de gra ça s a Deus


pela sua misericórdia em socorrer os aflitos. Este salmo é mes­
siânico porque anuncia a extensão do culto do verdadeiro Deus a
toda a terra, o que só se realizaria no reinado do Messias.

(1) «Dia de Jerusalém.: - dia era que lhe coube a vez de ser casli-
fbda.
(2) A letra: —Filha de Babilônia destruidora. Hebraisrao.
(3) Eata acena, de uma barbaridade extréma, era Infelizmente muito
Ireqnente naqueles tempos, e passava por uma represália legitima.

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/ — Graças a Deus pelo seu pronto socorro numa
aflição.

Quero iouvar-vos, Yahweh, de todo o meu coraçáo,


modular-vos um salmo diante dos deuses (I),
porque ouvistes as palavras da minha bOca.

Quero prostrar-me no vosso santo templo,


e louvar o vosso nome,
por causa da vossa benevolência e fidelidade;

Porque exaltastes, sobre todos os nossos atributos, a fideli­


dade (2).
ouvindò-me no dia em que vos invoquei,
fazendo-me crescer na alma a vossa força.

II— Todos os reis da terra hão-de louvar a pro­


vidência de Deus.

Todos os reis da terra Vos louvarão, Yahweh,


quando ouvirem as palavras da vossa bdca (3).
Celebrarão as vias de Yahweh,
porque é grande a glória de Y ah w eh ;
Porque Yahweh, excelso como é, digna-se olhar para os hu­
mildes,
mas os sob erb os. . . de longe os vê.

laçlo maiB aceitável, sla os sn-


. - diantedosanjos.
(2) Á le tra P o r q u e exaltastes, sobre todos os vossos nomes, a
vossa palavra.
(3) Neste verso se profetiza a conversSo de todos os povos, porque
todos, representados aqui pelos sens chefes, hSo-de louvar a Deus.

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II I — Confiança na bondade de Deus.
Quando estou à míngua de recursos, Vós me conservais a vida,
dai-me a mão contra a raiva dos meus inimigos,
e a vossa direita assegura-me a salvação.

Yahweh há-de completar o que fez por mim.


Yahweh, a vossa benevolência é eterna I
Não adieis o complemento da obra das vossas mãos (1)1

Considerações e aplicações lilúrgicas: Este


salmo, através do qual perpassa um tão delicado sen­
timento de amorosa gratidão, por si-mesmo se comenta.
Pensemos. nos inumeráveis benefícios que temos
recebido da Misericórdia Divina, a s inexgotáveis rique­
za s de Cristo com que o Espirito Divino nos vai santl-
ficando, e todos estes encantadores versículos se tor­
narão para nós plenos de sentido. Sim ! Deus que
nos tem cumulado de tantas graças há-de completar o
que por nós tem feito. Senhor, não demoreis o acab a­
mento da obra das vossas m ãos, conduzindo-nos segu­
ros ao porto de salvação.
A Igreja, no Ofício de Defuntos, põe este salmo na
bôca das bemditas almas do Purgatório no duplo sen­
tido de agradecimento pela salvação já assegurada, e
prece pela sua completa efectivação. A menção que
nele se faz dos deuses ou espíritos celestes deu ocasião
a ser incluído no Ofício dos Santos Anjos.

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Completas
SALMO 30

Vide salmo 6 9 em Terça-feira, a Tércia, p . 253 s.

SALHO 70

Introdução: Já de idade avançada, perseguido e em grande


afllçao, 0 salmista pede a Deus que o socorra, então como na sua
juventude, e, com grande confiança de que será atendtdo, promete
acçáo de graças (1).

1-^ M eu Deus, meu amparo de sempre, salvai-me!

Em Vós, Yahweh, busquei refúgio:


que não seja confundido para sempre.
Livrai-me e libertai-me, segundo a vossa justiça;
Inclinai para mim o vosso ouvido, e salval-me.
Sêde para mim um rochedo inexpugnável,
uma cidadela onde encontre salvamento,
porque o meu rochedo e a minha salvação sqis Vós.

Meu Deus, livrai-me da mão do ímpio,


da garra do criminoso e opressor,
Porque sois a minha esperança, Adonai Yahweh,
o fulcro da minha confiança, desde a minha juventude.
Nos vossos braços fui sustldo ao sair do seio materno,
desde as entranhas da minha mãe que sois o meu apoio (2).

(1) Todo o liei pode fazer suas as expressões deste salmo nas várias
tributações da vida.
(2) O salmista alude aqui a certo rito do Oriente segundo o qual o
pai quando queria reconhecer por seu um Ilibo e dar-lhe direito de vida, re­
cebia-o no regaço ao nascer, entregando-o depois á mie.

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II — Não me desam pares agora na velhice!
Em Vós continua a firmar-se a minha esperança.
Vós sois 0 meu poderoso refúgio (1).
Tenho sido como que um prodígio para muitos,
a minha bOca anda cheia do vosso bom nome (2).
Entoo portanto um salmo à vossa glória,
ao vosso esplendor, todo o dia.

Não me enjeiteis na velhice,


não me abandoneis ao esgotarem-se-me as forças (3).
Porque os meus inimigos falam contra mim,
e os que me andam Insldlando ã vida conspiram.
Dizendo: Elohim abandonou-o!
Persegul-o, apoderai-vos dele,
porque não tem ninguém que o livre.

III — Confundi os meus inimigos.


Elohim não vos conserveis afastado de mim I
Meu Deus apressai-vos em socorrer-me I

Que sejam confundidos e cheios de vergonha (4)


os que me querem tirar a vida.

Que sejam cobertos de opróbrio e vergonha


os que procuram desgraçar-me.

(1) Vers. 7, 2.0 membro : - BI tu adjulor fortis. Exigido pelo para­


lelismo.
(2 ) Um prodígio pelas extraordinárias desgraças que o assallavam e
peli maneira prodigiosa por que Deus delas o livrava. Outros traduzem ■—
Um preaágio, uma espécie de profecia ambulante pelos extraordinários acon­
tecimentos da sua vida, figura de outros fuluros. Esta última liçfio vai melhor

(3) 0 salmista era ]á Idoso a quando da revolta de Absalfio, de


quando mala provávelmeote data este salmo.
(4) Vulg.: - Que sejam contundidos e pereçam.

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IV — E assim poderei publicar ainda a vossa
glória.
Eu porém esperarei sempre,
e mais e mais farei crescer o vosso bom nome.
A minha bôca narrará a vossa justiça,
o vosso salutar auxilio todo o dia.

Como não lhes sei o número,


narrarei sòmente as principais das vossas obras. Senhor
Yahweh,
sòmente recordarei a vossa justiça (1).
Elohim, ensinastes-me a louvar-vos desde a minha juventude,
e até ao presente tenho publicado as vossas maravilhas.
Até à velhice e aos cabelos brancos,
Elohim não haveis de abandonar-me.

Publicarei ainda a torça do vosso braço


por toda a geração futura,
0 vosso valor e a vossa justiça, ó Elohim,
clamarei até às alturas do céu.
P orq u e. . . grandes coisas praticais I
Quem como Vós, ó Elohim I

V — H aveis de compensar-me de tanta aflição e


desgraça.
Assim como me tendes feito passar
por muitas afliçSes e desgraças,
assim me haveis de restituir a vida,
E das profundezas da terra
me fareis subir.

(I) Outros traduzem : - «Como nBo sou versado em letras, - venho


confiado sòmente na vossa força, - a Vós só lembrarei a vossa justiça». -
Outros ainda ligam o primeiro membro deste verso ao antecedente e dizem:
- - . . . o vosso salutar auzíllo todos os dias, porque nBo sei o número dos
vossos benefícios. Narrarei sòmente ss principais das vossas obras, etc.»

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Restaurareis a minha grandeza,
e de nove me consolarels (I).

E eu louvar-vos-ei ao som da harpa,


louvarei a vossa fidelidade, ó meu D eus:
Modular-vos-el um salmo ao som da lira,
Ó Santo de Israel.

Jubilarão meus lábios ao entoar-vos um salme,


jubilará a minha alma salva por Vós,
E a minha lingua, todos os dias,
falará da vossa justiça,
Porque serâo confundidos e cheios de vergonha
08 que buscam a minha desgraça (2).

Considerações e aplicações liiúrgicas; A situa­


ção suposta neste salmo concorda optimamente com a
de Jesus Cristo em meio das perseguições dos seus ini­
migos, e em especial na sua agonia no Horto. Pode
crer-se com certeza que fez parte daquela prolongada e
ansiosa oração que fez nessa hora trágica: — Factus in
agonia proiixius orabat. Para esse efeito o inspirara o
Espírito Santo ao Salmista com muitos séculos de ante­
cedência. Por isso a Igreja o recita no Ofício de Quin­
ta-feira Santa. Entremos piedosamente nos sentimen­
tos do nosso Divino Salvador.
Nós-mesmos, fortemente sacudidos como andamos
constantemente pelas tentações do inimigo, devemos
fazer deste salmo a nossa prece fremente e ansiosa

(1) Clara profissão da lé na ressurreição e glória fulura.


(2) Como se vé o paralelismo neste salmo é pouco acentuado e por­
tanto a divisão do verso, sobretudo nss duas últimas estrofes, bastante arti-

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pelo socorro do Salvador. — Se/iÁor, não Vos conserveis
longe de mim, fazendo com que não sinta a vossa assis­
tência nesta tentação... N ão me abandoneis, porque
sinio esgotarem-se-me as fo r ç a s ... Apressai-vos em
socorrer-me, porque em Ws me refu g io... Que não
seja confundido até ao f i m . . . Etc.

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SEXTA-FEIRA

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MaMnas
I e II Nocturno

SALHO 77

Introdução ; Esle salmo é um resumo da história de Israel


desde a saida do Egito aié ao estabelecimento de David, exposta de
maneira a mostrar os benefícios de Deus para com o seu povo, a
ingratidão deste, os casiigos que atraiu por esse motivo, e a mise­
ricórdia e longanimidade de Deus em perdoar-lhe e socorrê-lo.

I — Que Israel escute a lição moral da sua his­


tória.

P resta, meu povo, ouvidos à minha lição,


escuta as palavras da minha bôca.
Abro a minha bôca para proferir sentenças,
vou apresentar enigmas dos tempos antigos (1),
— 0 que ouvimos, o que aprendemos,
e que nos contaram nossos pais.

Essas coisas não ficaram ocultas para os filhos:


eles narraram à geração seguinte
Os famosos feitos de Yahweh c o seu poder,
as maravilhas que operou,
E como promulgou um decreto em Jacob,
estabeleceu uma lei em Israel.

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II — Deus ordenou que, d e geração em geração, se
fosse narrando. ..

Ordenou aos nossos pais


que as ensinassem aos filhos,
Para que sejam conhecidas das gerações fu tu ra s;
e que os filhos que hão-de nascer, surjam,
E por sua vez as narrem a seus filhos,
e que estes ponham em Elohim a sua esperança.

E que não esqueçam os heroicos feitos de Yahweh,


e observem os seus p receitos:
E que não venham a ser como seus pais,
raça indócil c rebelde.
Raça de coração inconstante,
cujo espirito não tem fé em Deus.

II I— Efraim, tendo a hegemonia no tempo dos jui­


zes, f o i infiel.
Os filhos de Efraim, equipados de archeiros,
voltaram costas no diá da batalha,

Não;guardaram a Aliança de Elohim,


recusaram seguir a sua Lei.

Esqueceram os seus heroicos feitos


e as maravilhas que lhes mostrara.

IV — Deus tinha operado m aravilhas na saida do


Egito.
Tinha feito prodiglos diante dos pais deles,
no pais do Egito, na região de Soan (1).

8 laltas mais graves comc-

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Abriu uma fenda no mar para lhes franquear passagem,
e fez com que se aprumassem as águas como um dique (I).
Quiou-os de dia por meio da nuvem,
e à noite à claridade do fogo.

Fendeu os rochedçs no Deserto,


deu-lhes de beber a torrentes,
Do rochedo fez brotar correntes,
fez correr a água como em rios (2).

V — E contudo revoltaram-se e foram insolentes


conira Deus.
n a pecar contra Ele,
a revoltar-se contra o Altíssimo na Terra S ôca:
Tentaram a Deus em seus corações,
pedindo alimento segundo os seus apetites (3).

Falaram contra Elohim e disseram :


— Acaso poderá Elohim pôr a mesa no d e se rto ?!
Que bateu no rochedo e as águas brotaram,
que as correntes trasbordaram, vemos n ó s . . .
Mas poderá também dar-nos pão,
poderá fornecer carne ao seu p ov o?l

VI — Deus concedeu-lhes o que insolentemenie pe­


diam para sua perdição.
E en tão. . . Yahweh ouviu-o,
e deixou explodir a sua indignação.
Acendeu-se um fogo contra Jacob,
e a cólera cresceu contra Israel,

(1) A passagem do Mar Vermelho. (Ex. XIV-16).


(2) O rochedo baUdo por Moisés, e donde brotou a água para o povo.
(3) Ex. XVI-3 e seg.

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Porque não tinham tido fé em Elohim
e não tinham confiado no seu salutar auxilio (1).

Deu as suas ordens às nuvens do alto,


abriu as portas do céu,
Fez chover sobre eles o Maná para os alimentar,
deu-lhes do trigo des céus,
E 0 homem comeu do pão dos Anjos
Envlou-lhes provisões até os saciar.

Mandou vir do céu o vento leste,


enviou, pelo seu poder, o vento sul,
Fez chover sobre eles carne como pó,
aves aladas como areias do m a r:
Fê-las cair ne meio do acampamento,
ao redor das tendas deles.

Comeram, e ficaram plenamente saciados,


porque lhes proporcionara o que tinham desejado.
Ainda bem não acabavam de satisfazer o seu desejo,
ainda tinham a comida na bôca,
Quando a cólera de Elehlm cresceu contra eles,
e matou os que mais se tinham engordado,
e prostrou os jovens de Israel (2).

VII — Infiéis, mais e mais, e ... pérfidos!

Apesar de tudo isto continuaram a pecar,


e não tiveram fé nos seus prodiglos.
Então deixou que se lhes consumissem os dias em vão,
e os anos em sustos (3).

(1) Ex. XVI-4 e stg.


(2 ) Num. XI-33 e 34.
(3) Em t Bo e em sustos, porque durante quarenta anos vaguearam
pelo deserto, atacados petos inimigos e castigados com várias calamidades,
sem poderem atingir a Terra da PromissBo, até que lá morreu toda a geraçBo
saida do Egito.

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Enquanto matava neles, procuravam-no,
c mais uma vez se informavam de Deus,
Lembravam-se de que Elohim era o seu rochedo,
0 Deus Altíssimo o seu libertador.

V m — Apesar de pérfidos Deus tem misericórdia


deles.

>vam-no com os lábios.


mentiam-lhe com a língua.
Não lhe tinham coração firmemente dedicado,
nem tinham fé na sua Aliança.

Mas Ele, que é misericordioso, apaga a iniqüidade, e não destroi,


muitas vezes desviou a sua cólera,
e não deu largas à sua indignação.
Lembrou-se de que eram carne,
um sôpro que vai e não volta.

IX — Sempre in fiéis. . . apesar dos prodígios ope­


rados no Egito.
Quantas vezes se revoltaram contra Ele no Deserto !
Quantas vezes o contristaram na solidão I
Tentavam a Deus incessantemente,
afligiam o Santo de Israel.

Não se lembravam do poder da Sua mão,


db dia em que os libertou do opressor.
Em que ostentou os seus sinais no Egito,
os seus prodígios nos campos de Soan.

Quando lhes mudou os rios em sangue,


de forma que não puderam beber nas suas cerre n te s;
Quando enviou contra eles a mosca que os devorou,
e a rã que os destruiu;

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Quando lhes entregou as colheitas ao gafanhoto,
e 0 produto do seu trabalho ao saltão (1).

Quando lhes destruiu as vinhas com saraiva,


e es figueirais com granizo;
Quando lhes abandonou os rebanhos à peste
e os gados à fogagem.

Quando desencadeou contra eles o fogo da sua cólera,


a indignação, a ira e a m iséria. . .
toda uma missão de anjos de desgraça (2).
Quando abriu um caminho á sua cólera,
e Dão impediu que lhes viesse a morte
e lhes abandonou a vida à peste.
Quando feriu de morte todos os primogênitos no Egito,
as primiclas do vigor viril nas tendas de Cham (3).

Quando retirou de lá o seu povo como se fossem ovelhas,


e 0 conduziu como um rebanho ae Deserto.
Quando os conduziu em segurança e sem mêdo,
enquanto o mar lhes engulla os inimigos.

Pê*Ios chegar à sua fronteira santa,


até esta montanha que a sua dêxtera conquistou (4).
Expulsou diante deies as nações,
dividiu-lhes a cordel a herança das nações,
e nas tendas destas fez habitar as tribus de Israel.

X — Deus castiga o povo idólatra, abandonando-o


ao s Inimigos.
Ainda assim, tentaram a Elohim, o Altíssimo,
rebelaram-se contra Ele,
e não observaram os seus decretos.
(1) .SallSo»: - Uma espécie de gafanhoto.
(2) Oa anjoi executores das obras de Deus. De desgraça - porque
vinham castigar. NAo é neceasário entender que fossem demônios.
(3) O Egito era o principal doa paísea da raça de Cham.
(4) A montanha de Silo.

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Tornaram ao de antes, e procederam perfldamente comoseus pais,
viraram as costas como um arco falso.
Provocaram-no com seus lugares altos (1),
excitaram-lhe o ciume com os seus idoios.

Elohim ouviu e deixou explodir a sua indignação,


tomou extrema aversão por Israel,
E rejeitou a morada de Silo,
a tenda em que morava entre os homens (2).
Entregou o símbolo do seu poder ao cativeiro,
da Sua glória nas mãos dos Inimigos.

Abandonou o seu povo à espada,


e deixou explodir a sua indignação contra a sua herança.
O fogo devorou-lhes os jóvens (3),
e as donzelas não chegaram a ser festejadas (4).
Os sacerdotes cairam mortos à espada,
e as suas viuvas não os choraram (5).

X I — Reieitou a tribu de Efraim e escolheu a de


Judá.
Adonai despertou como um homem adormecido,
como um bravo que se tivesse embriagado,
E atacou os seus Inimigos pela traseira (6),
infligiu-lhes eterna vergonha.
Rejeitou a tenda de José,
e não escolheu a tribu de Efraim.

(1) Estes lugares iltos eram o cimo dos m


de bosque e onde os israeliUs prestavam a Deus om culto Irregular por nlo
ser no Ingar devido, e algumas vezes Idolátrico por 0 confundirem com Bssl-
(2) Quando a Arca da Aliança caiu em poder dos flllsteus.
(3) 0 fogo ds guerra.
(4) NSo chegaram a ser noivas.
(5) Nao 08 choraram poique. caldas em poder dos Inimigos, nSo tive­
ram tempo nem oportunidade para lhes prestar honras fúnebres.
(6 ) AlusSo aos factos narrados no primeiro livro de Samuel, capilulo
les, Cap. VI, V, 5.

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Mas escolheu a tribu de Judá,
a montanha de Sião que amava,
Edificou o seu santuário semelhante ás alturas do céu,
semelhante à terra que edificou para sempre.

E escolheu a David seu servo.

Tomou-o de entre os redis,


fê-lo vir de após as ovelhas mães,
Para apascentar a Jacob seu pevo,
e a Israel sua herança.
E ele pascentou-os segundo a integridade do seu coração,
e conduziu-o com mão prudente.

Considerações e aplicações litúrgicas: A his­


tória de Israel é em certo modo a história de todos nós.
Para nos estabelecer na nossa Terra da Promissão que
é 0 céu, tornando-nos participantes da sua própria vida
e felicidade, não poupou Deus ao seu próprio Filho,
mas entregou-o à morte como vítima expiatória pelos
nqssos pecados, em satisfação aos direitos imprescrití­
veis da sua Justiça. E prosseguindo na grandiosa obra
da nossa Redenção, vai aplicando a cada um de nós
os frutos desse inefável sacrifício pelos muitos e va­
riados meios da sua misericórdia- Assim liberta-nos
do cativeiro do pecado fazendo-nos passar através das
águas do Baptismo; póe-nos à frente, para nos guiar, a
coluna de fogo da sua Igreja; alimenta-nos com o maná
da Eucaristia, a própria carne e sangue da Vítima Di­
vina ; restaura-nos e faz-nos reviver na piscina da Pe­
nitência; fortifica-nos com a unção dos seus outros
Sacramentos; e mandando-nos percutir constantemente,
com a vara da oração, o rochedo da sua Misericórdia,

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desedenta-nos na torrente das suas inumeráveis graças
gerais e particulares. Até os castigos salutares nos
náo poupa.
Nós porém vamos prosseguindo nas nossas alter­
nativas de fervores insubsistentes e tibiezas prolonga­
das, quedas vergonhosas e conversões incompletas,
esforços insuficientes e recaidas profundas, num desa­
fio constante à grande Misericórdia e Longanimidade
divina. Somos um arco falso que frustra o tiro e fere
a mão do archeiro, como era o fogoso Efraím, porque
frustramos a acção de Deus sobre nós e sobre a Igreja,
e oxalá não mereçamos como ele sermos definitiva­
mente reprovados.
É pois com fervorosos sentimentos de humildade e
confusão pelas nossas repetidas faltas, e amoroso agra­
decimento pela Magnanimidade misericordiosa do Se­
nhor que nos tolera que devemos recitar este salmo.

IJI — hociarn o

8 U H 0 78

IntroduçSo! Isratl, após a ruina de Jerusalém, à vista das


profanações, desiruições e chacinas feitas pelos inimigos, e da mi­
séria dos cativos, pede ao Senhor que lhe perdoe o seu pecado e
livre do cativeiro castigando os que o oprimem.

/— Vêde 0 que as nações fizeram em Jeru salém ...!


Elohíin, as nações invadiram a vossa herança,
profanaram o vosso santo templo,
fizeram de Jerusalém um montão de ruinas.

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Deram os cadáveres dos vossos servos
em pasto às aves do céu,
e a carne dos vossos fiéis às feras da terra.

Derramaram-lhes o sangue, como se fosse água,


em volta de Jerusalém,
e não houve ninguém para os sepultar.

Somos um opróbrio para os nossos vizinhos,


um objecto de risada e mofa para os que nos rodeiam.
Até quando, Yahweh, estareis irritado,
e arderá como fogo o vosso ciúme?

II — Tende misericórdia de n ós!

Dirramai a vossa indignação sobre as nações que vos não


conhecem
sobre os reinos que não invocam o vosso iiome,
Porque devoraram a Jacob,
saquearam a vossa morada.

Não vos lembreis mais das nossas iniquidades dos tempos idos,
apressai-vos a fazer-nos encontrar pela vossa misericórdia,
porque somos bem desgraçados.
Vinde em nosso auxill®, ó Deus nosso Salvador,
pela glória do vosso nome.
Yahweh, libertai-nos e apagai os nossos pecados,
por causa do vosso nome.

III— Mostrai quem sois castigando o s !

Porque hão-de as nações dizer:


— Onde está o Deus deles?!
Torne-se, nas nações, evidente aos nossos olhos,
a vingança do sangue dos vossos servos, que derramaram I

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Que subam até à vossa presença os gemidos dos cativo s!
Segundo a grandeza do vosso braço,
poupai a vida aos que estão condenados a m orrer!

E quanto aos nossos vizinhos (1),


devolvei-lhes, setuplicado, no seio, o seu opróbrio,
esse opróbrio que vos infligiram, Adonai I
E nós, vosso povo, rebanho das vossas pastagens,
nós vos louvaremos para sem pre,
celebrarem os de geração em geração a vossa glória.

Considerações e aplicações lilúrgicas: Esta


oração devemos dirigi-la a Deus contra os inimigos da
nossa alma que a andam desvastando constantemente
com tentações a que muitas vezes não resistimos. Tam­
bém nos podemos referir aos inimigos da Igreja, mas a
vingança e castigo que para eles devemos pedir, é a sua
conversão e emenda, pois já não estamos na Lei do te­
mor mas na do amor.

SALMO 80
In trod ução: Viva exortação dirigida ao povo para que ce­
lebre com grande regozijo uma das festas solenes de Israel. O sal­
mista relembra os principais beneficias em cuja memória fô ra
instituida essa festa, e a ingratidão com que Israel tem sempre
correspondido, para o que dá a palavra ao próprio Deus. Ter­
mina exortando os israelitas a que não imitem seus pais na infide­
lidade, assegurando-lhes, se assim o fizerem , a continuação dos
antigos favores.

( I ) Estes vizinhos eram as nsções limítrofes de Judá, desde sempre


hostis a farael, e que, com os babilônios, tinham tido parte multo importante
no saque e destruifáo de Jenisalfin.

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I — Convite a celebrar alegremente am a fe s ia ins­
tituída por Deus.
Exulta! de alegria em honra de Elohim nossa força,
Aplaudi jubilosos 0 Deus de Jacob I

Fazei ecoar a salmodia e ressoar a pandeireta,


a harpa harmoniosa e a liral
Tocai a córnea trombeta pela lua nova,
tocai-a pela cheia no dia da nossa festa (1)1

Porque é uma regra de Israel,


um preceito do Deus de Jacob.
Estabeleceu-a como ura monumento em José,
quando este saiu do Egito (2).

II — Principais benefícios de que a festa era monu­


mento.
0 povo ouviu uma voz que não conhecia dizendo ( 3 ):
— Livrei-te os ombros do fardo,
as mãos do cesto da carga (4).
Chamaste-me na aflição e libertei-te,
ouvi-te oculto no seio do trovão (5),
experimentel-te junto às águas de Meribah (6).

( 1) Pcla lua nova, a anunciar a lesta : pela lua cheia, no dia da pró­
pria iesU, a qual seria a da Páscoa ou a dos Tsbernáciilos.
(2) A festa da Páscoa comemorava a saída do Egito, e a dos Taber-
náculos a morada no Deserto. Eram pois testas-monumentos. José está aqui
por Israel: - a parte pelo todo.
(3) « ... Que nao conhecia, isto é : - a que nao esUva habituado
Deus nao se manifestara a Israel desde os tempos dos Patriarcas.
(4) Os israelitas no Egito haviam caído na escravidão. Trabalhavam
nas construções civis. O cesto da carga é o símbolo dessa escravidão.
(5) A nuvem temerosa que se interpôs entre os Israelitas e os egípcios
que lhes vinham no encalço, a quando da travessia do Mar Vermelho,
(6) Meribah, onde fez brotar a água do Rochedo.

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Escuta, meu povo, eu to adjuro I
oxalá me ouças, Israel 1
— Que não haja para tl Deus estranho,
não te prostres ante outros deuses

Eu, Yahweh teu Deus,


é que te fiz sair da terra do Egito!
Abre a bOca, e eu a encherei (1)1

III — Seja 0 povo sempre docil, e os beneficios


continuarão.
Mas 0 meu povo não me escutou a voz,
Israel não quis saber de mim,
e eu abandonel-o à obstinação do seu coração,
e seguiram os seus próprios conselhos.
Ali i se o meu povo me e scu tasse. , .
se Israei caminhasse nas minhas v i a s l . . .

Bem depressa faria vergar os seus inimigos,


bem depressa poria as mãos nos seus agressores.
Os que odeiam a Israel haviam de o adular,
e ele mesmo duraria eternamente.
Nutri-lo-ia da flor do trigo,
saciá-lo-ia do mel das rochas.

Co nside raçõ e s e aplicações lilú rgica s : Era


grande o entusiasmo e alegria de Israel, como se vê por
este salmo, na celebração das suas festas. E no entanto
ali comemorava-se apenas benefícios passados e de

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alcance não mais que temporal. Com quanto mais
entusiasmo, alegria e devoção, não devemos nós cele­
brar as nossas festas litúrgicas, em que sempre se
celebra, sob algum aspecto, a realidade sempre viva,
sempre actual, e de alcance eterno que é a grande obra
da nossa Redenção ? !
Mas queixa-se Deus neste salmo da indocilidade
do povo, afirmando não ser outra a causa das suas
derrotas e dissabores: — Aft / se o meu povo me escu­
ta s s e... bem depressa faria vergar os seus inimigos f
Não se dirigem estas queixas também a nós? - Não
será esta também a causa das nossas derrotas espiri­
tuais? Queixamo-nos da demora do Reino de Deus
em estender-se a toda a terra, dos seus recuos aqui e
além, dos insucessos da nossa mãe a Igreja... E não
será 0 maior obstáculo à sua vitória completa a nossa
indocilidade ao espírito do próprio Evangelho ? 1
Recita-se este salmo em especial no Ofício de Cor­
pus Christi, e a razão é tão bem se adaptar o seu úl­
timo versículo — que serve de antífona — à Eucaristia
como Comunhão: — Alimentaste-nos, Senhor, da fior do
trigo e saciaste-nos com o mel das rochas.

SALHO 82

In frodução; N i iminência do perigo que as nações coaliza.


das faziam correr a Israel, o salmista suplica ardentemente a Deus
que se digne intervir a favor do povo escolhido por meio de uma
espantosa teofania, como o havia feilo nouiros transes igualmente
aflitivos da história antiga.

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I — Senhor, não vos conserveis neutral na guerra
que nos fazem .
Elohim, que nisto não haja tréguas para Vós I
Não vos conserveis silencioso e inactivo, ó Deusl
P o rq u e .. . Védel — Os nossos inimigos agitam-se com grande
alarde,
e os que vos odeiam levantam a cabeça.
Concebem astuciosos designios contra o vosso povo.
conspiram contra os vassos protegidos.

Vamos, dizem, exterminá-los de entre as nações,


e que não mais seja lembrado o nome de Israel.

I I — A coiigação inimiga.
SIm, combinaram-se estreitamente,
aliaram-se contra Vós,

As tendas de Edom e os Ismaelitas,


Moab e os Agarenos,
Gebal, Amon e Amalec,
a Fillstla e os de T y ro . . .
Juntou-se-lhes Assur,
e deu 0 braço aos filhos de Lot (1).

/// — Que Deus os trate como aos inimigos de Is­


rael dos antigos tempos.
Tratal-os como Madian (2),
como Sísara e Jabin na Torrente de Gison (3).

(1) Povos vizinhos de Israel e contra ele coligados.


(2) A vitória de GedeSo aobre os madianltas era um tipo da vitória
completa. Vid. Jud. IV. 1-8.
(3) Sísara, comandante dos exércitos de Jabln rei dos cantneus, ven­
cido em Endor, localidade ao norte do Elralm, e que Jael matou em sua pró­
pria casa, V|d. Jud. IV-2$,

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E stes foram aniquilados em Endor,
e serviram de estrume à terra.

Tratai-lhes os chefes como Oreb e Zeb,


e os príncipes como Zébea e Sáimana,
Que diziam : — Apoderemo-nos
das campinas de Elohim (1)1

IV — Que Deus os castigue com a fúria dos ele­


mentos, como outrora.
Meu Deus, tratai-os como o pó em redemoinho,
como a moihha que o vento leva,
Como 0 fogo que arde na floresta,
como as chamas que abrasam as montanhas (2).

E assim, persegul-os com uma tempestade,


expeli-os aterrorizados com um furacão.

V — Que venham, assim castigados, a reconhecer


0 único verdadeiro Deus.
Cubri-lhes a face de vergonha,
para que procurem o vosso nome, Yahweh.

. (1) Oreb, Zeb, Zébea, Sáimana ; - príncipes e reis dos Madianitas


que vinham para saquear as searas dos israelitas quando foram vencidos por
GedeAo.
(2) 0 salmista alude aqui a uma série de espectáculos nalurais e cam-
pestres conhecidos dé todos: - Os redemoinhos que se levantam pelo verfio,
e que arrastam em louco torvelinho pó, palhas, tolhas secas, etc.; a moínha,
resíduo de palha extremamente triturada e de casulo que ao ser limpado o
trigo cabulhado na elra, enquanto o gráo vai sendo levantado ao ar pela
clássica pá e vai caindo em fulva cascata, é arrastada pelo vento e se perde
nos campos ao longe; o incêndio que lavra nas serras, colorindo o horizonte
de estranhos fulgores e aterrorizando as aldeias cercanas, contra cuja lúria o
homem é multas vezes impotente, mas que Deus, quando quer apaga com um
simplea aguaceiro, etc. Estas Imagens exprimem ao mesmo tempo a impctuo-
aldade e a fraqueza da coligação Inimiga se Deus se resolve a intervir a fa­
vor de Israel.

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Que sejam para sempre confundidos e cheios de espanto,
que pereçam cobertos de opróbrio,
E que saibam que o vosso nome é Yahweh
e que só vós sois o Altissimo superior a toda a terra H)-

Considerações e aplicações lilúrgices: Ainda


uma prece contra inimigos, que nós dirigiremos contra
os da Igreja e contra os da nossa alma.
Tratando-se destes últimos, poderemos dirigir-lhe,
em toda a sua veemência, as imprecaçOes deste salmo.
Tratando-se porém dos primeiros, dos que, muitas
vezes, desunidos por ambições e interesses, sistemas e
opiniões— Geófl/, Amon e Am alec; agarenos e filisteus
— sòmente se unem e combinam estreitamente contra
Deus e contra a sua Igreja, dizendo: — Vamos exterminá-
-ios de entre as nações, ainda que desanove séculos de
História confirmem que todos eles veem afinal a servir
de estrume à ierra, diremos simplesmente: — Senhor,
vêde, os nossos inimigos agitam-se com grande ala rd e...
Não vos conserveis silencioso e inactivo... Que sejam
confundidos e cheios de espanto... para que busquem
0 vosso Nome,

(1) A notar a apar«nte contradição do primeiro verso desta estrofe -


Que procurem o vosso Nome... com o segundo. — Qae pereçam ... Os sen­
timentos do salmista, sob o influxo da grande indigneçSo de que estava
possuido, brotam-llre do coraçSo algo desordenados, mas vê-se que o que
pede nao é um extermínio completo, mas um castigo exemplar que lhes laça
reconhecer o verdadeiro Deus,

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Laudes

Introdução: Sérit dialogada de aclamações a Deus peta


sua justiça, pela sua santidade, por ler ouvido os piedosos israelitas
concedendo-lhes vilória contra os inimigos (1).

Prelúdio.

— Reina Yahweh I
- T r e m a m os povosI
— Reina O que está sentado sobre os Querubins (2)!
— Estremeça a t e r r a !

7 — Louvor a Deus — o R ei sublimemente grande,


justo e santo.

— Yahweh é grande em Siâo I


— Ele está elevado acima de todos os povos!
— Celebre-se o nome s e u !
— Ele é grandioso e terrível!
— Celebre-se a força de um rei que ama a justiça I
- É santo, Eie (3)1

(1) A forma dialogada parecc-nos evidente. Estas aclamaçlies seriam


proferidas em volta da Arca da Aliança em alguma das soas saldas ou voltas
ao Templo de Jerusalém. O coleccionador dos salmos, ou o seu adaptador
a novas necessidades litúrgicas, terá omIUdo alguma por demasiado IdEntIca
às já expressas, e mesmo agrupado algumas donde veem as obscuridades da
Vulgata e do T. M. actual. VId. Perennés, O. C.
(2) . . . «sobre os Quembins» . . . - que encimavam a Arca da Aliança.
(3 ) Palavras transpostas do Versículo anterior. A Vulgata d lz :-
« ... e a honra do rei ama o juizo. Vós preparastes direcções. 0 juizo e a
Justiça, em jacob oa fizestes».

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- Vós sois 0 sustentáculo da rectidáo I

— Vós exerceis em Jacob a equidade e a justiça I


— Exaltai Yahweh, o nosso Deusl
— Prestrai-vos ante o escabelo dos seus pés (1)1
— É santo, (Yahweh, o nosso Deus) I

I I — Louvor a Deus que ouviu as preces dos seus


servos.

— Moisés e Aráo estão entre os seus sacerdotes 1


— E Samuel entre os que lhe invocam o nome (2) I
— Eles invocam a Yahweh e Ele ouve-os I
Fala-Ihes da coluna de nuvens (3 )!
— Eles observam os seus mandamentos 1
— Quardam a lei que lhes deu!

- Y a h w e h , nosso Deus, Vós ouviste-losi


— Fostes com eles um Deus clem ente!
— embora vingador das suas faltas I
— Exaltai a Yahweh, o nosso Deusl
— Prostrai-vos ante a sua Montanha Santa I
— É santo, Yahweh, o nosso Deus I

Conside raçõ e s e a plicações litúrgicas: Este


salmo, em que tao entusiasticamente se celebra o reino
de Deus, é aplicado pela Igreja a N. S. Jesus Cristo na

(1) «...escabelo dos seus pés»;-Outra designacSo da Arca da


Aliança.
(2) Entre os sacerdotes de agora c os que servem a Deus hã homens
tio piedosos como outrora Moisés, Aarlo e Saiimcl, liomens cujas orações
ainda hoje slo ouvidas como outrora as daqueles grandes vultos da história
de Israel.
(3) «fala-lhes da coluna de nuvens» ; - Ouve-os agora como outrora
03 ouvia da coluna de nuvens em qne estava oculto durante a travessia do
Mar Vermelha e a marcha através do deserto.

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festa da sua Circuncisão, oitava do Natal, que marca
0 inicio do seu reino de paz e de amor sobre a terra.
De novo se recita na festa da Ascenção porque nela se
comemora a inauguração gloriosa do seu reinado sobre
os bem-aventurados no céu. .
Recita-se também nas festas dos Apóstolos porque
não são eles menos gloriosos nem menos poderosos em
palavras e em obras do que outrora Moisés, Aarão e
Samuel.
Recita-se ainda na festa da Dedicação das igrejas,
mais veneráveis do que outrora a Arca da Aliança —
escabelo dos pés de D e u s - , ou do que a Montanha
Santa do Templo, porque nelas reside mais verdadei­
ramente Deus, 0 Deus Sacramentado, Jesus nosso Di­
vino Salvador.

SALHO 142

Introdução: Oraçõo pedindo pronto socorro numa siiuaçdo


aflitiva (1). '

/— Valei-me na minha extrema aflição.

Yahweh, escutai a minha prece,


prestai ouvidos à minha súplica,
ouvi-me, segundo a vossa fidelidade e a vossa juatiça.
E não entreis em julgamento com o vosso servo,
porque nenhum vivente é justo ante a vossa face.

Porque 0 inimigo persegue-me,


espezinha-me a vida contra a terra.

(I) Segundo o testemunho da Vulgata e de muitos manuscritos gregos


este salmo lol compoato por David quando fugia de AbsalBo e retere-se àquela
fase em que escondido no deserto mais abandonado e em perigo se viu<

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Obriga-me a habitar na região das.trevas (1)
camo os que já morreram há muito,
e em mim o espirito desfalece,
0 coração entorpece-se-me no peito.

Lembro-me dos dias antigos,


penso em todas as vossas obras.
Medito sobre a obra das vossas mãos,
e as mãos estendo para Vós.
A minha alma suspira por Vós como terra resequida I
Apressai-vos a ouvlr-me I

II — Perdoai-me e salvaim e.
Yahweh, o meu espirito está-se-me consumindo 1
Não me oculteis a vossa face 1
Senão, tornar-rae-ei como os que baixam ao poço (2).
Fazel-me ouvir sem demora uma palavra de benevolência,
porque a Vós me confio.
Dai-me a conhecer o caminho que devo seguir,
porque a Vós eleve a minha alma.

LIvrai-me, Yahweh, dos meus inimigos I


Em Vós me refugio I
Ensinai-me a fazer-vos a vontade,
pois que sois o meu Deus.
Que o vosso espirito de bondade me conduza
por um caminho bem aplanado.

P or amor do vosso nome, Yahweh, restitui-me a vida.


Fazei-me sair da angústia, segundo a vossa justiça.
Segundo a vossa benevolCncia, exterminai os meus inimigos,
e fazei perecer todos os que me perseguem,
visto que sois o meu Deus.

(2) tO Poça» da morte em que tudo desaparece.

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Co nside raçõ e s e aplicações litúrgicas: Esta
prece angustiada e humilde de uma alma cOnscia da
sua falta, que pede a Oeus, não justiça estrita, mas
misericórdia e benevolência, socorro contra os inimi­
gos, amparo e luz para seguir o bom caminho, é uma
óptima oração da manhã. Por isso a recitamos no
Ofício de Laudes, Ofício matinal por excelência. Mas
mais acertadamente ainda o inclue a Igreja no número
dos penitenciais.
Nas festas, recita-se nas Laudes de Sexta-Feira
Santa, porque bem traduz a angústia da alma santís­
sima de Jesus perseguido e espezinhado pelos seus
inimigos, e no Ofício da comemoração dos Fiéis Defun­
tos como prece em que substituindo-nos às bem-ditas
almas, suspiramos por Deus como terra resequida pelo
orvalho do céu e pedimos que não entre em julgamento
com os seus servos, não exija deles justiça estrita, não
lhes oculte mais a sua fa c e , mas os restitua depressa à
vida na sua ditosa presença.

8ILH0 84

InIroduçSo: Israel, de volta do exílio, suplica a Deus que


faça sair a recem-restaurada naçdo da precária e misera situação
em que se encontra, elevando-a à prosperidade anunciada pelos
profetas. Depois, como que iluminado por Deus, profetiza para
breve essa idade de ouro.

I — Que Deus, depondo todo o ressentimento, com­


plete a restauração de Israel.

Yahweh, Vós tostes favorável à terra,


reconduzistes os cativos de Jaco b,

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Perdoastes a Iniqüidade ao vosso povo,
abafastes todos os seus pecados,
Depusestes toda a vossa Ira,
Acalmastes o ardor da vossa cólera.

Voltai-vos para nós, ó Deus da nossa salvação I


Ponde fim ae vosso ressentimento contra nósl
Ficareis eternamente indisposto contra n ós?I
Prolongareis o vosso ressentimento de geração em geração?!

Não tom areis a fazer-nos viver,


para que o vosso povo em Vós se regozige ? I
Mostrai-nos, ó Yahweh, a vossa benevolência I
Dai-nos o vosso salutar auxílio (1)1

11— Sim, a plena prosperidade está para breve.


Oiça eu 0 que Yahweh vai dizer,
porque Yahweh tem palavras de paz,
Para o seu povo, para os seus fiéis,
para aqueles cujo coração a Ele se converte.
Sim, a Sua salvação para os que o temem está próxima,
e a glória habitará em breve a nossa terra.

A Benevolência e a Fidelidade encontram-se,


a Justiça e a Paz abraçam-se.
A Fidelidade germina da terra,
e a justiça olha do alto dos céus.

Sim, Yahweh dará o bem,


e a nossa terra dará o seu fruto.

zer-se que a cólera de Deus se apaziguara, mas o povo voltado do desterro


levava em Jerusalém uma vida bastante precária, como se vê das narrativas
de Gsdtas e Nehemias, pelo que os piedosos israelitas sentiam que Deus nao
u povo, pois nSo lhe dera ainda

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e a Paz seguir-Ihe-é os passos (1).

Considerações e aplicações lilúrgicas; É em


Jesus Cristo, na Sua Pessoa Divino-Humana, que se
realiza o encontro da Benevolência e da Fidelidade, o
abraço da Justiça e da Paz. NEle se cumpriram as
promessas feitas a Abraão e à sua posteridade, mas
com uma munificência e amor sobre toda a esperança.
Jesus é a própria Benevolência, a piópría Bondade de
Deus Humanada, mas é também a Justiça. Ele é o
único a dar a Deus, de uma maneira cabal e adequada
não só a honra e a glória que lhe são devidas como
Criador e Senhor de tudo, mas ainda a condigna
reparação pelos pecados dos homens, porque só os
seus actos, ainda os humanos, têm um valor infinito,
como actos que são de, um Deus. E o Pai exerceu
nEle implacável justiça. De esta homenagem cabal e
adequada de obediência, amor e reparação pelos peca­
dos dos homens que Jesus prestou ao Pai, nasceu a
paz para os homens; ou melhor: Jesus é a nossa paz.
Deus deu pois o seu bem, e a terra deu o seu fruio.
Jesus é ao mesmo tempo o bem de Deus e o fruto da
terra: bem de D eus,— Verbo feito carne; fruto da
terra, — Homem tornado Deus.

( I ) 0 salmista tala aqui cm tom profético, prometendo para breve, e


como um oráculo do próprio Deiia, a prosperidade messiânica, a qual des­
creve sob poéticas (iguras.. Estas figuras parecem náo se referirem literal­
mente a mais do que a abundantes colheitas, a uma prosperidade toda agrí­
cola e material, mas nós sabemos que os profetas nos descrevram a Idade
messiânica quase sempre sob estes traços; por isso o tradiçlo católica tem
sempre entendido estas figuras da Própria Pessoa de Jesus Cristo. Vid. Con-
alderaçóes.

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Num sentido ainda mais aiegórico, a terra é a Vir­
gem Maria donde brotou a Fidelidade incarnada, o
Divino Fruto, Jesus-
Deixemo-nos impregnar de um profundo sentimento
de gozo, amor e gratidão peia vinda do Redentor que
este salmo nos recorda-
É este o espítito com que a Igreja nos convida a
recitá-lo no Ofício feriai ordinário com a antífona: —
Abençoastes, Senhor, a vossa terra, perdoastes a iniqüi­
dade ao vosso p o v o ; ou ainda na festa do Natal (II
Noct. Antif. e Salm. 3) dizendo:— A Fidelidade brotou
da terra e a Justiça olhou do alto dos céus.
No tempo de penitência é antes uma prece para
que 0 Senhor complete a obra de misericórdia, e insis­
te-se sobretudo na primeira estrofe do salmo.
No Oficio de Defuntos é bem aproveitada a espé­
cie de contradição da mesma primeira estrofe, em que,
por um lado, o salmista louva a Deus porque perdoou
a iniqüidade do seu povo e depôs toda a sua ira, para
logo a seguir bradar ao mesmo Senhor: Ponde fim ao
vosso ressentimento contra n ós! Ficareis eternamente
indisposto contra n ós?, para exprimir os sentimentos
daquelas benditas almas, já perdoadas e seguras da
sua salvação, mas ainda afastadas de Deus e privadas
da Sua visão beatífica.

G A IT IM l E ISAl&S

Introdução ■ Anmcia-st a Junção dos gtniios com os israe-


lilas para formarem um só povo escolhido em que todos serão unâ­
nimes em prestar a Deus o culto devido (1).

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(a — Os sobreviventes dos gentios, segundo a pro­
fecia , proclamam m aravilhados que só é verdadeiro e
salvador o Deus de Israel.

« — Na verdade sois um Deus escondido,


Deus de Israei, ó Saivader!
Eies estão todos envergonhados e confusos,
vão-se cobertos de vergonha, os fabricantes de idoios (i)|
Israei é que está salvo por Yahweh com uma salvação eterna ■
Vós não mais terels vergonha eu confusão I •

b) — Deus cumpri-lo-á porque é o único Deus e


sumamente poderoso.
Porque assim diz Yahweh que criou os céus,
que criou a terra, que lhe deu o último acabamento e a
pôs firme.
Que a não fez um caos,
mas para ser habitada:

- Eu sou Yahweh I
. . . e n ão há outroI

■igumentos é que Deus os libertará do cativeiro de Babilônia por meio de


Ciro rei dos persas: por sinal que, após o Julgamento e castigo que exercerá
sobre as naçdes por essa ocaslgo. muitos dos sobreviventes dos gentios vlrío
a Jerusalém pedindo cidadonia e confessando maravilhados que aó o Deus de
Israel é verdadeiro e salvador. A parte da profecia que a Igreja aprevcilon
para este cfintico comega exactamente pelas exclamações destes sobreviventes
ao chegar à Cidade Santa. O Profeta, em seguida, dá a palavra ao próprio
Deus que afirma que realizará esta profecia porque é sumamente poderoso e
verídico. Dirigindo-se em seguida aos esobrevlventes», e como que entrand<>
em discussão com eles. convida-os a verificar, por tudo o que se acaba de
passar, quão grande loucura é prestar culto a ídolos, a reconhecer a Suma
Verdade no cumprimento das profecias e portanto a converterem-se a Ele de
todo 0 coraçao, terminando pela alirmaçao aolene e peremptória de que de
um modo ou de outro todos h«o-de reconhecer o seu supremo domínio.
(I) O Profeta estabelece duas classes de gentios: uma, os que veem
Jerusalém pedir direito de cidade, e outra og «fabricantes de ídolos» que se»

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c) — Deus cumprHo-à porque é sumamente verí­
dico.
Não tenho falado a «cultas,
em qualquer lugar obscuro da terra (1).
Não disse à posteridade de Ja co b :
— Procurai-me em vão 1

Eu, Yahweh; digo 0 que é Justo,


anuncio a verdade t

d) — Chamamento dos sobreviventes dos gentios à


boa razão.
Juntai-vos e vinde,
aproximai-vos todos juntos,
vós os sobreviventes das nações,
São uns néscios os que arvoram por Deus um pau que esciiltu-
raram,
que invocam um deus que não pode salvar.
Falai, exponde o vosso pensamento.

e) — 0 próprio cumprimento da profecia demons­


tra que Deus é o único.
Quem anunciou estas coisas desde o principio ? I
Quem as predisse desde então ? l
Porventura não fui eu, Yahweh,
e nenhum outro deus senão e u ? l
Deus justo e s a lv a d o r...
não há outro I

Portanto voltai-vos para mim e sereis salvos,


vós todos habitantes da terra.

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Porque eu sou Deus,
e nâo há outro.

f) — Sim, iodos, infalivelmente, hão-de dar glória


a Deus.
Eu juro-o por mim mesmo 1
Da minlja boca verfdica saiu
uma palavra que não será revogada:
— Ante mim se dobrará todo e joelho,
e por mim jurará toda a lingua!

«Em Yahweh, sòniente, dir-se-á de mim,


reside a justiça e a força!
Eles estão todos confundidos
os que encarniçam contra Ele ( I )!
Em Yahweh é louvada e justificada
toda a raça de Israel l>

Conside raçõ e s e aplicações litúrgicas: Este


canto melhor se entende e explica do seu objecto indi-,
recto e remoto que do directo e próximo. Próxima e
directamente, refere-se ao edito deliberda de e restau­
ração nacional dado por Ciro, rei dos persas, a favor
de Israel cativo em Babilônia. Mas esse acontecimento
histórico, primeiro cumprimento da profecia, não parece
ter tido o relevo e a importância supostas pelo profeta.
As palavras de Isaias terão porém realização cabal
na Redenção da Humanidade por N. S. Jesus Cristo,
sobretudo no seu último e definitivo acabamento com
0 Juizo Final. O movimento da conversão dos gentios
começará de certo com a prègação apostólica e conti-
nuar-se-á pelos séculos ém fora até à última hora do

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mundo. Mas nessa última hora restará sempre uma
grande multidão de incrédulos devida sobretudo à
grande apostasia predita pelo próprio Jesus Cristo. Des­
tes, muitos, por um favor da Misericórdia divina serão
iluminados pelos últimos acontecimentos — cumprimento
evidente das profecias — e hão-de converter-se.
• Ora é na boca destes operários da última hora —
entusiasmados com a manifestação clara e iniludivel da
grandeza e Majestade de Deus, e a justificação da Sua
Providência no governo do mundo, e também da divin­
dade e realeza de Jesus Cristo, Senhor absoluto de
toda a criatura—, que podem colocar-se, em toda a
força da expressão, as palavras deste cântico: — Na
verdade sois um Deus escondido! — Com o nos pudemos
iludir durante tanto tempo?! Afinal, Israel é que está
salvo com uma salvação etern a!— Os filhos da Igreja,
que considerávamos os mais infelizes e desprezíveis
dos homens é que tinham razão. . .

IALNO 147

Vide salmo 146

CAITIGO BB BABAGDC

Introdução; Descreve-nos o Profeta a vinda de Deus a sal­


var 0 seu povo do cativeiro de Babilônia, numa dessas leofanias
ou terríveis t majestosas intervenções de Deus rodeado de tremenda
tempestade em que todos os elementos combatem por Ele contra os
maus, descritas na Sagrada Escritura, algumas das quais sõo his­
tóricas, como aquela a que se alude no Livro de Josué, Cap. X.
Mlsiicamente trata-se da vinda de Deus ao mundo para salvara
Gênero humano. Os fenômenos espantosos aqui descritos conveem
mais à segunda vinda de Jesus Cristo.

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a) — Deus vai repetir uma das suas terríveis mani­
festações de oalrora.

Yahweh, eu ouvi a vossa mensagem (1),


e tcml, Yahweh, ante a vossa resolução.
A seu tempo a fareis executar,
a seu tempo a fareis aparecer.
Na vossa cólera não vos csquèçais de ter piedade

b) — A teofania.

Deus vem ao lado de Theman,


0 Santo vem das montanhas de Pharan (2).
A sua majestade cobre os céus,
E da sua glória se enche a terra.
É um esplendor como o da lu z;
Das suas mãos saem raios,
Nele se vela o Seu poder.

Adiante dEle caminha a peste,


E a ardente febre segue-lhe os passos (3).
Pára, c com olhar mede a terra.
Olha e sacode as nações.

c lhe (oi mostrado, a vIsBo que leve e que

la para os lados do

ás de epidc-
mias. Esla porím tinha um earácier eapeclal C(

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c) — Efeitos da teofania na natureza.

Vêem-nos as montanhas e tremem (I)


deslocam-se montanhas eternas (2),
afundam-se colinas antigas (3).
Preciptta-se uma tromba de água (4).
Com correntes rasgais a terra (5).
0 mar brame,
levanta as mãos para o alto (6).

O sol e a lua deteem-se em suas moradas.


Para dar luz correm as vossas flexas.
Para alumlar há os relâmpagos da vossa lança (7)
Com furor percorreis a terra,
com cólera calcals as nações (8).

d) — Deus intervem pára salvar o seu povo e casti­


g ar as nações.
È contra os rios Yahweh,
é contra os rios que se acende a vossa cólera,
é contra o mar que se inflama a vossa indignação (9),

( 1) t . 5 - Este cântico, tal qual clicgou aié nós, segundo conlessam


entendidos, contém muitas obscuridades e nâo poucos hemistiquios inintcligi*
vels. 0 paralelismo que até ao 6 e após o f. 16 é tao regular e saliente,
torna-se Irreconhecível no corpo do cântico, dando emparelhamenlos inacei­
táveis. Tudo isto nos está indicando que o texto foi posto cm desordem cm
tempos remotos. Praticando-se porém algumas transposiçSes, sugeridas pelo
paralelismo e pelo contexto, obtém-se um sentido mais aceitável.
(2) t . 9 b .: - Et contriti sunt montes saeculi.
(3) f . 10 a .: - Incurvati sunt colles mundi.
(4) V- IS c-Q urges aquarnm transllt.
(5) T- IS a — Fluvios scindes terrae.
(6 ) t . 26 d) e)-D ed it abyssus voccm suam, altiludo manus auas
levavit.
(7) t , 17- S o l et luna, etc.
(8) V. 18 - In líremitu, etc.
(9) t . 12-Numquid In fluminibus, etc. - Os rios representam aqui
08 Impérios pagSos contra os quais Deus se levanta. Os rios eram as duas
maiores potências terrestres de entao-o Egito caracterizado pelo Nilo, e a

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Quando montais nos vossos corseis
nos vossos carros vitoriosos (1).
Eis que o vosso arco aparece a descoberto,
segundo o jurado outrora às vossas tribus (2).

Pusestes-vos em marcha para libertar e vosso povo,


para iibertar o vosso ungido (3).
Derrubastes o umbrai da casa do ímpio
pondo-a a descoberto de aito abaixo.
Com • seu mesmo cetro abristes a cabeça aos chefes,
eies que vinham sobre mim como um furacão para me perder,
que exultavam como se fossem dcvqrar o infeliz na som­
bra (4),

e) — Angústia dos povos e terror do profeta.


Marchastes por sobre o mar com os vossos corseis (5).
por sobre o torveiinho das profundas águas,
as vossas vias desde a eternidade (6).
VI em aflição as tendas de Couschan,
e cheios de espanto os pavilhões de Madian (7).

Babilônia pelo Euirates e Tigre. 0 mar - as potências marilimas, sobretudo


a Fenícla. Segundo outros haveria aqui simplesmente uma alualo à passagem
do Mar Vermelho e do Jordflo pelos israelitas.
( 1) O profeta, segundo o costume bíblico de antropolormizar a Divin­
dade apreaenta-nos Deus sob a figura de um guerreiro que arremessa flechas
— os raioi, e que usa lança ciUo ferro reinmpaguela, que monta corseis e
carros de guarra, etc.
(2) Alusno a Gen. X-12 e seg.: - A tempestade nBo Irá até um dilú­
vio c dcaIruIçBo completa. O arco iris aparece naa nuvens, Deus lembra-se
da aliança que fizera com Noé c seus descendentes.
(3) ». 19-Egressus es in salutcm, etc. - 0 ungido era o povo de
Israel que Deus havia cacolliido de forma especial para seu povo.
(4) Imagem da fera que saltando e rugindo arrebata a prêsa e a leva
ao seu esconderijo para aí a devorar em segurança.
(9) t . 23-Viam lecísti in mari equis tuis etc.
(6) t'I O b .- A b Itineribus aeternltotls ejus.
(7) ». II - Pro Iniquitate vidi fenloria etc. - As águas por sobre as
quais Deus havia caminhado seriam as do Mar Vermelho como outrora. O pais
de Couschan era o Egilo que licava numa das margens deate mar, ficando na
outra 0 país de Madían. Era por Isso natural que esses países fossem os

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Ouvi e transiram-se-me de susto as entranhas,
tremeram-me os lábios ao ouvir o ruido.
A cárie invadiu-me os ossos,
vacilaram-me os joelhos ao pêso do corpo,
A mim que espero com firmeza o dia da angústia,
que Ele se levante contra um povo que nos oprime.

f) — Esterilidade da natureza. Os justos serão


salvos.
Porque a figueira não florescera,
nada haverá que colher nas vinhas.
Será Irrisório o fruto da oliveira,
e os campos nâo darão pão.
Desaparecerão os rebanhos dos redis,
e não mais haverá gado nos estábulos.

Eu, porém, regozíjar-me-ei em Yahweh


Exultarei no meu Deus, minha salvação.
Yahweh, o Senhor, é a minha força,
tornar-me-á os pés ageis como os das côrças,
e far-me-á caminhar peíos altos.
(Ao mestre do côro. Com acompanhamento de harpas) (1).

C o n s i d e r a ç õ e s e a p l i c a ç õ e s lil ú r g i c a s : A ve­
emência deste cântico, e as suas imagens arrojadas,
devem incutir-nos um grande respeito pela grandeza e
majestade de Deus, e um santo terror dos seus juizos .
contra os inimigos.

primeiros a conhecer os efeitos da Vinda de Deus. Outros entendem eslss


águas as águas superiores onde se geravam as tempestades e as chuvas. Deus,
vindo do ceu, caminhara através destas águas.
(1) Nota musical que vai na Vulgata é traduzida por: - «Víctor in paal-

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Deixemo-nos possuir de um salutar temor que nos
incite a mais e mais nos esforçarmos por servi-lo com
exactidão, sentimento que muito convém num ofício
penitencial, como aquele em que este cântico será
recitado.

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Prima
SALMO 21

InIroduçSo: Refere-se este salmo, segundo a opinião mais


geral e razoável, directa e literalmente ao Messias N . S. Jesus
Cristo, 0 servo de Deus cujos sofrimentos também narrou Isaias.
E ’ a história abreviada e antecipada da sua paixão. A primeira
parle, em que as queixas se alternam com as súplicas, é a oração
de Jesus na cruz. A segunda, em que augura o Juiuro ridenie e
grandioso da Igreja e o seu próprio completo triunjo no Jim dos
séculos, é antes a sua acção de graças após a ressurreição (1)

Prelúdio.
Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? I
Porque se perde o meu bradar longe do meu S alvad or?!

/ — Abandonado de Deus, vilipendiado pelos ho­


mens, que 0 Senhor me acuda!
Meu Deus, clamo durante o dia, e não me respondeís,
clamo durante a noite, e . . . nada de consolação!
E no entanto habitais no santuário,
objecto dos louvores de israel (2) I

Em Vós confiaram os nossos p ais. . .


confiaram e por Vós foram libertos.

tar, a nlo ser Jesus Cristo. Ele mesmo deu testemunho de que este salmo s<
lhe aplicava entoando-o sobre a cruz, e chamando assim a atençBo para umi
prolecla que tanto á letra se estava cumprindo.
(2) «E no entanto habitais no santuário». . . - Isto é, existis da ver
dade e nBo estais longe para que me nBo ouçals.

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Fo r Vós clamaram e foram salvos,
em Vós confiaram e nSo foram confundidos (1).

Mas eu sou um vermezinbo e não um homem,


0 opróbrio dos homens, o rebotalho da plebe,
Todos os que me vêem, escarnecem de mim,
arreganham os dentes e meneiam a cabeça dizendo:
< — P ós a sua causa nas mãos de Yahw eh. . . Pois que o livre I
— Que 0 salve! Já que nele se compraz ( 2 ) . . . »

Sim . . . festes Vós que me extraistes do seio materno,


que seguro me entregastes nos braços de minha mãe.
Nó vosso regaço fui recebido ao nascer,
logo ao abandonar o selo materno (3).
Sois 0 meu D eus. . . Não vos conserveis afastado de mim,
porque a angústia está próxima, e . . . nada de socorro.

II — R odeado de malfeitores, sofrendo atrozmente,


que 0 Senhor se não demore em acudir-me.
Rodeia-me uma manada de touros,
cercam-me touros de Basan.
Abrem as guelas contra mim,
como um leão que ruge sobre a presa (4).

os pecidos de todos os homens para por eles dar a Deus a devida reparaçBo.
(2) Profecia cumprida à letra na paIxBo de Jesus eristo.
(3) Estas palavras respiram uma amarga ironia. SIm. o Cristo era
realmente o Filho de Deus apesar das suas humIlhaçSes presentes, o que os
seus Inimigos Ignoravam ou recusavam acreditar. Era costume, quando o pai
queria reconhecer o tecem-nascido por seu e que lhe fosse poupada a vida,
recebí-lo no regaço, e depois cntrcgá-Io á mBe. As palavras que o salmista
pOe na boca do Messias significam portanto que ele se dizia e afirmava filho
de Deue por natureza e nBo somente por adopçBo. A notar as expressões
que tBo bem se coadunam com a virgindade dc Maria e ate a implicam.
(4) «Manada de touros» - Os fariseus, os saduceus, o povo que pe­
dia em altos grilos a morte de Jesus, e lhe rodeavam a cruz escarnecendo-o
e Inautlando-o. Toda esta eslrole alude, com estupenda clareza, visto tra-
tar-se de uma profecia feita séculos antes, aos tormentos da crucifIxBo, Os
touros de Bssan eram notáveis por sua corpulência e bravura.

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Estou como água derramada,
todos os meus ossos estão desconjuntados.
O meu coração está como cera a d erreter-se. . .
Funde-se nas minhas entranhas.

Tenho 0 paladar seco como um testo de barro,


pega-se-me a língua ao queixo,
e assim me prostrais no pó da morte.
Sim, rodeia-me uma matilha de cães,
cerca-me um bando de malfeitores.
Trespassaram-me as mãos e os pés,
posso contar todos as meus ossos.

E éles contemplam-me,
eles estão encantados de me ver.
Repartem entre si os meus vestidos,
e deitam sortes sobre a minha túnica.
Mas Vós, Yahweh, não vos conserveis afastado,
ó minha força, vinde depressa em meu auxílio.

III — Livrai-me, Senhor, dos meus inimigos.

Arrancai a minha alma da espada,


e a minha vida das garras do cão.
Salvai-me das fauces do leão,
e dos cornos dos búfalos (1),
Ouvi-me e anunciarei o vosso nome aos meus irmãos
louvar-vos-el no seio da Assembleia.

IV — Acção de graças após o socorro.


Vós que tcmeis a Yahweh louval-o,
vós todos, posteridade de Jacob,

(1) A espada, as garras do cio, as ponlas do bútalo, sSo outraa tan­


tas metáforas designando os inimigos do Meesias, e afê, como interprelnm
alguns santos padres, o Demônio, chefe de todos eles.

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GIorificai-0 reverentes,
vós todos, raça de Israel (1).

Porque Ele nâo desprezou,


Eie náo repeliu a miséria do pobre.
Não lhe ocultou a face,
mas ouviu-lhe o bradar angustiado.

É credor do meu louvor na grande assembleia.


Cumprirei os meus votos em presença dos que o temem.
Os humildes comerão e serão saciados.
os que procuram a Yahweh louvá-lo-ão,
e os seus corações terão a vida para sempre.

V — Todas as nações se converterão a Deus.

Lembrar-se-ão e converter-se-ão a Yahweh


todos os confins da terra,
E ante a sua face se prostrarão
todas as familias das nações (2).

Porque a Yahweh pertence a realeza:


Ele é o Dominador das nações.
Sòmente diante dEle se prostrarão todos os grandes da terra,
diante da sua face se Inclinarão todos os que descem
ao pó (3).

Eu porém vivo para Ele,


e a raça de mim nascida louvá-Io-á (4).

(1) Estas e as palavras qne se seguem referem-se a Jesus ressusci­


tado.
(2) PredlçBo da conversão dos genUos, estabelecimento da Igreja,
bens que nela gozam. «Comerão e flcarlo saciados»:-Abundância dos bens
, tspiritusis que sBo o fruto da RedençBo.
(3) «Os que descem ao pó», isto é todos os mortais.
(4) Honra e glória plena que Jesus e a sua Igreja hBo-de dar a
Deus.

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Publicar-se-á as maravilhas do Senhor à geração futura,.
anunciar-se-á a sua justiça ao povo que há-de nascer.
Foi Yahweh que o fez (1!).

Considerações e aplicações lifúrgicas: Salmo


da Paixão, que devemos recitar, meditando na Paixão.
Para se aprender ao vivo o que Jesus sentia no
seu corpo e na sua alma santíssimos, durante a longa
agonia de três horas que passou na cruz, só há de
comparável os acentos comovidos de Isaías ao apresen­
tar-nos 0 Servo de Yahweh.
Quem sofre?! De quem sofre?! 0 que sofre?!
De que maneira o sofre?! Em que se ocupa sofrendo?!
Todas as respostas que comportam estas pergun­
tas, as encontraremos neste salmo. .
Mas não cabe em breves notas esboçar-lhe sequer
um comentário. Demais a sua simples leitura dirá
muito mais ao coração devoto e compassivo do que se
pode exprimir com palavras.
Como era de esperar a Santa Igreja utiliza larga­
mente este salmo nas passagens da Missa e do Ofício
em que se comemoram os sofrimentos de Jesus, espe­
cialmente, e com muita oportunidade, no Ofício de
Sexta-feira Santa (I Noct. Salm. II) com a antífona: —
Repartem entre si os meus vestidos, e deitam sortes so­
bre a minha túnica; e nos das Dores de Maria Santís­
sima com a antífona: — Funde-se-me o coração (de dor)
no meio das minhas entranhas.

luitas delas é difícil,

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Tércia
SALMO 70

Introdução : Sentidas queixas e amargas súplicas eom que


0 salmista procura aplacar a cólera de Deus justamente irritada
contra o seu povo, representando-lhe a prosperidade que esse povo,
- sob a imagem de uma vinha bem cuidada —, tinha atingido
outrora, e a decadência em que havia caido, abandonado aos estra
gos de toda a espécie de inimigos.

1 — Socorrei-nos, Pasior de Israel.

Pastor de Israel, escutai,


Vós que conduzis a Israel como um rebanho,
Vós que residis sobre os querubins, ostentai-vos
diante de Efraim, Benjamim e Manassés (1).
Despertai o vosso vaior e vinde salvar-nos.

Elohim, Deus dos exércitos, restaurai-nos!


Fazei resplandecer a vossa face e seremos salvos (2 )!

II — Até quando estareis irritado connosco?

Yahweh, Deus dos exércitos,


até quando arderá a vossa cólera,
apesar das preces do vosso p ov o?l
Até quando nos fareis comer o pão das lágrimas,
e de choros nos dareis a beber em abundância ? !

(1) Os querubins que encimavam a Arca da Aliança.


(2) Efraim e Manasaés representam as dez tribus do norte. Benja-
1. as duas do sul. Era pois diante de todo o Israel que Deus devia oaien-
se. Isto é mostrar a sua gloriosa presença )lberlando-os do cativeiro.

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Até quando nos fareis um objecto de disputa para os nossos
vizinhos,
de modo que escarneçam de nós os inimigos ( I ) ? !

Elohim, Deus dos Exércitos, restaurai-nos!


Fazei resplandecer a vossa face e seremos salvos t

III — A vossa vinha, outrora tão florescen te...


Arrancastes do Egito uma videira,
expulsastes as nações e transplantaste-la:
Preparaste-Ihe o terreno com antecedência
e ela lançou raizes e cobriu o p ais:
A sua sombra cobria as montanhas
e os seus ramos os cedros de Deus.

(Elohim, Deus dos Exércitos, restaurai-nos.


I-azel resplandecer a vossa face e seremos salvòs (2) I )

IV — ... Porque a abandonastes ?!


As suas pernadas estendiam-se até ao mar,
e as suas vides até ao rio (3).
Porque lhe derrubastes a vedação.
de forma que a dcsvastam todos os que passam pelo c a ­
m inho?!
O javali da floresta devora-a,
0 porco-espinho destroi-a.

( I ) Parece que este salmo teria sido composto durante o cativeiro de


Babilônia e para pedir a restauraçSo de Israel, ou talvez mesmo durante o
reinado de Ezequias em que o reino foi tao duramente dcsvastado pelos assí-

(2) Parece mais provável que o eslribllho tenha sido omitido, aqui e na
penúltima estrofe' e transcrito sã a meias na antepenúlilma. por algum
copista, ou pelo coleccionador dos salmos.
(3) Limites dc Israel nos dias do sen maior esplendor: - as monta­
nhas da Edumea e a regiío sinailica, ao sul; os cedros do Líbano, ao norte;
o Mar Mediterrâneo, ao poente; o rio Eulrates, ao nascente.

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Elohim, Deus dos Exércitos, restaurai-nos t
(Fazei resplandecer a vossa face e seremos salvos I)

V — Voltai a cuidar da vossa vinha.


Olhai do alto dos céus e vêde,
tende cuidado desta vinha,
Da frondação da vara que a vossa direita plantou,
do rebento que para vós fortaiecestes.
Ela está consumida pelo foge e prostrada por terra.
Ante a vossa face ameaçadora tudo perece.

(Elohim, Deus dos Exércitos, restaurai-nos!


Fazei resplandecer a vossa face c seremos s a lv o s!)

VI — Enviai-nos ^ Messias, o Homem da vossa


direita.

Que a vossa mão actue sobre o Homem da vessa direita (1),


sobre o Filho do Homem que para Vós fortaiecestes,
E não nos separaremos de Vós,
(mas) far-nos-eis viver.
Sim, Invocaremos o vossó nome,
Yahweh (Deus dos Exércitos).

Elohim, Deus dos Exércitos, restaurai-nos!


Fazei resplandecer a vossa face e seremos salvos I

Considerações e aplicações litúrgicas: A vara


que a direita de Deus planlou, o rebento que para si,
para sua maior glória e manifestação do inefável amor

(I) «o Homcni da vossa direita»: - AlusBo directa, segundo a opIniSo


mais aceitável, ao Messias que no espirito do salmista se confundia com o
libertador dc Israel. Outros, porém, entendem que se (rata do povo de Is­
rael, e outros ainda do rei Ezequias.

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pelos homens, deu força, é N. S. Jesus Cristo, e nós,
a sua Igreja, somos a frondaçõo da mesma vara.
Esta frondação, pela acção misericordiosa e omni-
potente de Deus, já hoje enche o mundo. A sua som­
bra cobre as montanhas dos grandes povos, e os seus
ramos sobem aos cedros de Deus ostentando-se nos
tronos e supremas magistraturas.
E no entanto a frondação da Divina Videira é
constantemente desvastada por inimigos — uns, os que
vão passando pelo caminho da vida todos entregues à
satisfação dos seus desejos terrenais, porque é do seu
interesse arruiná-la e se lhes figura isso fácil empresa,
pois a vêem sem vedação de humanas artes, nem de­
fesa de àrmas materiais; outro^'— o jav a li da floresta
porque o seu ódio violento às coisas de Deus os leva
brutalmente a empenhar-se em exterminá-la com sanha
ferina; outros ainda,— o porco-espinho dissimulado
e astuto, que debaixo dos seus ramos se acouta, — os
que juntando ao ódio a traição e o ardil, com o nome
de católicos se acobertam, e do próprio seio da Igreja
lhe vão fazendo guerra, roendo-a pelo interior nas suas
fibras mais vitais.
Contra estes inimigos devemos clamar constante­
mente:— Pastor de Israel escutai, despertai o vosso
valor e vinde salvar-nos, fa z e i resplandecer a vossa
face e seremos salvos.
Já se vê como é apropriado este salmo para a
Sexta-feira, dia dedicado à Paixão de Jesus, a vinha
exterminada não só na sua Humanidade Santíssima,
mas também na Igreja seu corpo místico. Não o é
menos para o tempo do Advento pelos seus constantes
apelos à vinda do Messias.

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Introdução: 0 salmisia repreende os maus Juizes ou gover­
nadores de Israel, pelas prevaricações do exercido do seu munus,
causa de ruina para a nação, pondo as suas palavras na boca do
próprio Deus.

I — Advertência ao s maus juizes.


Levanta-se Elohim na assembleia dos D euses;
no meio dos deuses procede a um julgamento (1).

«Até quando proferireis Sentenças iniquas,


e favorecereis os ím pios?!
Fazei justiça ao pequenino e ao oriáozinho,
dai razáo ao oprimido e ao infeliz,
Salvai o fraco e o indigente,
livrai-os da mão dos impios.

II — Am eaças de castigo. Que venha Deus em


pessoa governar a terra.

Não sabem, nem compreendem. . .


Caminham nas t r e v a s .. .
todos os alicerces da terra estão abalados | 2 )...
Eu d i s s e :- S o i s deusesI
Sois todos filhos do Altíssimo.

( I) Os deuses de que aqui se trata sfio os juizes, os funcionários que


tinham a seu cargo o exercido do governo e da justiça, - tunçSes qne se
confnndlam naqnele tempo. SSo chamados deuses porque exercem uma auto­
ridade que a Deus compete primáriamente e por direito próprio. Deuses, por­
que delegados de Deus.
<2) «NBo sabem»... distinguir o bem do mal, o justo do Injusto,
como convém a juizes. Por isso mesmo estBo abalados os alicerces da terra,
islo é, 0* princípios sobre que assenta a ordem social, porque nBo havendo
quem governe bem ou administre justiça com equidade cai-se na anarqnia.

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No entanto morrereis como homens,
caireis como qualquer miserável ( I ) ! »

Levantai-vos, ó Deus, julgai a terra,


porque tendes dominio sobre todas as nações (-2).

Considerações e aplicações litúrgicas; A sen­


tença dirigida aos maus juizes de Israel aplica-se aos
juizes de todos os tempos a começar pelos do Siné-
drio, que tio injusta e aleivosamente condenaram Jesus
Cristo.
Que tremeda responsabilidade a de dirigir e julgar
em nome de Deus! Que nela meditem todos os que
têm por missão governar, quer sejam verdadeiramente
magistrados, quer simplesmente das chamadas classes
dirigentes. Que nela meditem sobretudo os sacer­
dotes. reitores do povo de Deus, juizes constituidos
para ligar e desligar, perdoar ou reter os pecados dos
ho m en s!... se fazem acepção de pessoas favorecendo
os ricos e poderosos, em vez de preferirem os pobre­
zinhos, os desamparados, os pequeninos e os infelizes
à semelhança do Divino Mestre 1

todos esMo sujeitos, bons e maus.


(2) Oue venha entio Deus administrar pessoalmente justiça, visto que
ham dessa mIssBo. AspIraçBo á vinda

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Sexfa
uuo n
In lrod u ção; Cântico de peregrinação com que os peregrinos
exprimiam a alegria de se encontrarem finalmente no templo, e de,
após uma viagem que Deus tornara feliz, ai poderem entoar louvo­
res a Deus, expor as suas preces, etc.

I — Que linda é a casa de D eus! — Que bom m o­


rar n ela! •
Que amável é a vossa morada,
Yahweh Sabaoth!

Desfalece-me a alma de anseio


pelos átrios de Yahweh I
O meu coração e todo o meu corpo treme
de amor pelo Deus vivo.
De anseio pelos vessos altares,
Yahweh Sabaoth (1) I

Até o passarinho aqui encontra morada,


e a andorinha um ninho
onde ponha os filhinhos (2) 1
Felizes os que habitam a vossa casa,
que sem cessar Vos louvam.

>s dos altos muros. Ainda

!a de Ornar, como outrora no Templo. Esta pi


pela casa do Senlior, era o que chamava logo d<
grino vindo da si -- - -

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I I — Que bom ter vindo!— Com o auxílio de Deus,
nem a viagem custou.

Felizes os que em Vós procuram força


quando se propõe realizar as subidas (1).

O vale de Baca que se atravessa (2),

(Deus) transforma-o em sitio de regadio;


sim, as chuvas temporás cobrem-no de bençáos.
Caminha-se cada vez mais vigoroso,
até que sc chega à presença de Elohim em Sião. _ .

Ó Yahweh Elohim Sabaoth,


ouvi a minha oração I
Escutai, Deus de Jacob !
Vêde, ó Vós que sois o nosso escudo.l
Olhai, Elohim, para a face do vosso Ungido (3)!

III — Sim, que bom é estar no templo, pois Deus


derrama aqui as suas bênçãos.

Sim, mais vale um dia nos vossos átrios,


que mil longe de Vós.
Eu, por mim, prefiro alojar-me no limiar da casa do meu Deus,
que hospedar-me nas tendas dos ímpios.

e dado às peregrinações a Jerusalém, porque


era preciso subir para lá chegar.
(2) «Vale de Baca>, (V. Vale de Lágrim as)L ocal desconhecido
hoje, que parece ter sido famoso pela sua aridez.
Aqui é tomado como um simbolo das privações e Incômodos que de
bom gradosolrtam os peregrinos para chegar á cidade.
(3) Parece ser ama prece feita pelo rei, ou talvez por todo o povo,—
o povo escolhido ou ungido do Senhor.

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Porque é ameia e escudo,
Yahweh Eiohim (1).
Yahweh dá graça e giória,
não recusa bem algum,
aos que caminham com rectidão.

Yahweh Sabaoth,
feliz de quem a Vós se confia!

Considerações e aplicações lifúrgicas; Para


nós, cristãos, a casa de Deus é, em primeiro lugar, o
céu, onde Ele manifesta a sua glória e se deixa possuir
dos seus santos com tndizível gozo, e depois o.templo
onde habita, realmente presente na Eucaristia, o Deus
Humanado, e se nos torna de algum modo sensível a
presença da própria Trindade Santíssima.
Podemos então apropriarmo-nos na nossa oração
das expressões deste salmo, peis nada melhor encon­
traremos para dizer o anseio do nosso coração por
Deus gozado no céu, ou possuido na terra pela fé e
pelo amor, sobretudo p elo ' Deus Sacramentado da
Eucaristia.
Mas, se nos propomos fazer, como devemos, as
subidas, de grau em grau, na perfeição da caridade
até à perfeita união com Deus, já sabemos que temos
de atravessar o Vale de Baca ou o Vale das Lágrimas.
Temos que abraçar generosamente a mortificação e o
sofrimento. Mas, se buscarmos em Deus a nossa força,

(1) V. ::Porque Deus ama a misericórdia e a felicidade». De resto hd

gueny). Esle salmo está laçado de dificuldades, e

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e sòmente Nele pusermos a nossa confiança, esse vale
de desolação e aridez transformar-se-á para nós em
regadio, pululando virtude e santidade. Sem o sentir­
mos, caminharemos cada vez mais vigorosos, até à
união mística com Deus na terra, e à sua posse perene
na felicidade do céu.
0 ter por objecto o encanto da casa de Deus e da
seu altar explica o emprego que a Santa Igreja faz
dele nas duas festas da Dedicação das igrejas e do
Corpus Christi. Recita-se ainda na festa da Transfi­
guração porque as palavras que então proferiu S. Pe­
d r o :— SenAor, que bom é estarmos aqui, são como
que' um eco de todo este salmo.

SALHO 86

In trod u ção: Cântico repassado de lirismo em honra da /e-,


rpsalim futura, fundada sobre montanhas santas, querida de Deus,
e ufana de contar em seu seio, por uma nova geração, os mais di­
versos e numerosos povos. Ter nascido em Siâo será um iiiulo de
glória perante Deus. Todos se orgulharão desta origem santa (1).

1 — Sião — a predilecta de Deus.


Os seus alicerces (estão)
sobre montanhas santas (2)1

predilecta do Cordeiro, saudada como mfie pelos nials diversos e numerosos


povos que se orgulham de no seio dela terem sido regenerados pela água e
pelo Espirilo Santo.
(2) «Fundoii-a>, entende-se:-Jerusalém. TraduçSo aervll: - A sua
Inndaçáo (de Deus) é si

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Yahweh áma
as portas de Sião
mais que todas as moradas de Jacob (1)1
Gloriosas coisas diz de ti,
cidade de Deus!

I I — Sião - M ã e espiritual de todos os povos.


Conto Rahab e Babilônia
entre os que me conhecem (2). ’
Vêde, a Filístia,
Tyro e a E tióp ia. . . (3)
Tal indivíduo é de lá.
(Contudo) a Sião é que chama m ã e. . .
É que todos aqúi nasceram (4).
\
I I I — Glória de ser cidadão de Sião.
Ele mesmo, o Altíssimo,
a mantém de pé.
Yahweh assenta
no rol dos p ov os;
. - Este indivíduo é de Sião» (5).
E todos cantam dançando:
< - Todas as minhas origens são de til» (6)

(1 ) Aa Porlas de Siao significam aqui toda a cidade.


(2) «Rabab», name simbólico do Egito.
(3) Estes povos situados ao norte e ao sol, e em paragenalongínquas
representom a generalidade dos povos.
(4) O que o salmista quer dizer é que cada um é eidadio da sua
pátria por ali ter nascido, mas também o é de SISo por um novo nascimento
espiritual.
(5) É uma honra ter nascido em SiSo. Deus contará como titulo de
salvaçao 0 ter naacido em SISo.
(0) Tema do cântico entoado pelos povos que adquirem direito de
cidade em SISo. A V. nos versículos 4 e 7 para nos dar um sentido aceitá­
vel tem de ser reduzida á yersüo que apresentamos.

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Considerações e aplicações lifúrgicas: Este
salmo em que com tanta poesia se canta a glória da
Igreja, e com tanto entusiasmo se exprime o legítimo
orgulho de ser-se contado no número dos seus filhos,
entra na composição, além do ofício feriai, dos das fes­
tas da Circuncisão, Santo Nome de Jesus, Epifania,
Transfiguração, Dedicação das Igrejas e da Santíssima
Virgem. Nos das três primeiras festas chama-se-nos a
atenção para a vocação — predita neste salmo — dos
gentios, entre os quais se veio a recrutar principalmente
a Igreja; e no da Transfiguração alude-se à mesma
Igreja, mas gloriosa da glória beatificfinte do seu Divino
Fundador, então pela vez primeira manifestada. Nas
festas da Santíssima Virgem aplica-se à glóriosa Mãe
de Deus e Mãe nossa o que directamente se refere à
Igreja e à sua maternidade espiritua|.

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Nôa

In trod u ção: Prece por um rei, descendente de David, e


humithado por desastres na guerra. 0 salmista recorda primeiro
a promessa de Deus a David, de uma posteridade eterna no seu
trono, para expor depois a sua queixa - derrotas que pareciam
desmenti-la. Este é um dos salmos caracterlstlcamente messiâ­
nicos, se nâo directa, pelo menos tipicamente. Refere-se pois a
N. S. Jesus Cristo, em que devia realizar-se o reinado eterno p ro ­
metido a David. mas que no entanto Deus parecia abandonar,
sobretudo na sua Paixão.

/— Aliança eterna de Deus com David.


De Yahweh quero cantar eternamente as bondades;
quero proclamar de geração em geração a vossa fidelidade.
Porque d iz e ls :— A minha bondade manter-se-á eternamente.
Alicercei nos céus a mliiha fidelidade.

Contratei aliança com o meu eleito,


fiz este juramento a David meu s e rv o :
Estabilizarei parq sempre a tua raça,
farei manter-se o teu trono de geração em geração.

II — Quem com o D eus?!


Os céus, Yahweh, celebram a vossa n
a dos santos, a vossa fidelidade.
Quem, nos céus, poderá, portanto, comparar-se a Yahw eh?
Quem é semelhante a Yahweh entre os seus filhos? (1)

(1) A obra de Deus é uma maravilha. «Nos cíus» : - servilmente,


a nuvem». Os tilhos de Deus sSo aqui os anjos.

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É um Deus tcmivel na assembleia dos santos,
grande e augusto para todos os que o rodeiam.
Yahweh Deus dos Exércitos, quem, portanto, é como Vós?
Poderoso sois, Yahweh, sempre revestido da vossa fide­
lidade.

III — Omnipotência e M ajestade de Deus.


Sois Vós que dominais o orgulho do mar.
Quando as ondas se embravecem, sois Vós que as aplacais.
Fostes Vós que esmagastes Rahab, tornando-o um cadáver (1),
e o vosso braço forte é que desbaratou o inimigo.

A Vós pertence o céu, a Vós pertence a terra,


0 mundo e tudo o que contém, fostes Vós que o fundastes.
O Norte e o Sul fostes Vós que o criastes,
O Tabor e o Hermon exultam ao ouvir o vosso nome.

O vosso braço está armado de heróica valentia,


a vossa mãe é forte, a vossa dêxtera é excelsa,
A Justiça e a Equidade são a base do vosso treno,
a Bondade e a Fidelidade caminham diante da vossa face.

Feliz 0 povo que sabe aclamar-Vos


que caminha, Yahweh, à luz da vossa face.
Exulta sem cessar por causa do vosso nome,
rejubila pela vossa justiça. '

Porque sois o esplendor da sua força,


e pelo vosso favor é exaltada a nossa potência.
Porque Yahweh é o nosso escudo,
e 0 Santo de Israel o nosso rei.

( I ) Rahab parece designer aqui o oceano primordial, que Deus


domou e sobre o qual, quieto como um cadáver, cdificou a terra, segundo as
cosmogonlas de «ntao.

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IV — De como D eus escolheu David para rei.
Um dia faiastes numa visão.
ao vosso servo, e dissestes:
Ponho uma coroa sobre a fronte de um herói,
efevo um eleito de entre o meu povo.

Encontrei David, meu servo,


ungi-o com o meu santo óleo.
Está-lhe assegurado o auxilio da minha mão,
fortificá-lo-ã 0 meu braço.

Não 0 surpreenderá o inimigo,


não poderá oprimi-lo o scelcrado.
Esmagarei diante dele os adversários,
prostarei os que o odeiam.

Com ele serão a minha bondade e fidelidade,


e pelo meu nome será exaltado o seu poder.
Estenderei a sua mão sobre o mar,
e a sua direita sobre os rios (1).

Ao dirigir-se a mim d irá : — « Sois meu pai,


o meu Deus e o meu rochedo salvador».
E eu farei dele o meu primogênito,
o mais elevado dos reis da terra.

V — Magníficas prom essas de Deus a David.


Conservarei para com ele eterna bondade,
e a minha aliança p
Perpetuar-lhe-el a raça,
e 0 seu trono durará como os dias dos céus.

(I) Eate maré o Mediterrflneo, e os rios sBo o Eufrates e sen»


canais sobre que dominará David. O dominio de J. Cristo abrange toda a
terra

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S e seus filhos abandonarem a minha lei,
e não caminharem segundo as minhas determinações,
Se violarem as minhas leis,
e não observarem os meus mandamentos.

Punir-lhes-ei o pecado com a vara,


e a Iniqüidade com os flagelos.
Mas não lhes retirarei a minha bondade,
e não desmentirei a minha fidelidade.

Nâo violarei a minha Aliança,


e não mudarei a decisão dos meus lábios.
Jurei-o uma vez pela minha santidade;
— Não 1 Não faltarei à minha palavra para com David.

A sua posteridade subsistirá eternamente


0 seu trono durará na minha presença, tanto como o sol.
Manter-se-á eternamente como a lua,
e a testemunha que está no céu é fiel (1).

V I— No entanto os acontecimentos parecem des­


mentir a palavra divina.
No entanto rejeitastes-nos, repudiastes-nos,
frrltastes-Vos contra o vosso Ungido.
Fizestes caducar a vossa aliança com o vosso servo,
profanastes-lhe a coroa lançando-a por terra.

Arrasastes-lhe as muralhas,
arruinastes-lhe as fortalezas.
Todos os que passam o despojam:
está feito um opróbrio para os vizinhos (2).

o próprio Deus que é Ele

provivel, à ruína de Jerusalém no tempo de Sedeclas - o Ungido, descen­


dente de Davld, e, no senUr do salmista, herdeiro da promessa. O iuturo
mostrou que assim nlo era, pois a Ifnha ascendente do Messias'nSo passou

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Exaltastes a dêxtera dos seus adversários,
regozijastes todos os seus inimigos.
Fizestes virar o fio da sua espada,
e náo sustivestes no combate.

D espojaste-lo do seu esplendor,


lançastes-lhe o trono por terra,
Abreviastes-lhe os dias da mocidade,
e cubrlste-lo de confusão (I).

Vü — Apelo à misericórdia divina.


Até quando, Yahweh, vos conservareis escondido,
e queimará como fogo ü vossa cóle ra ?!
Lembrai-Vos Senhor, do que é a vida,
para que nada criastes os filhos dos homens T
Qual 0 vivente que não haja de ver a morte,
que poderá furtar-se ao poder da mansão da morte ? t

V III— Continuação do mesmo assunto.


Onde estão, Senhor, as vossas bondades de outrora,
0 que jurastes a David pela vossa fidelidade?!
Lembrai-Vos, Senhor, do opróbrio do vosso servo,
de que traz no seio os ultrages de não poucos povos,
Dos insultos dos vossos inimigos, Yahweh,
dos insultos lançados aos calcanhares do vosso Ungido (2) r

Co nside raçõ e s e a plicações litúrgicas: Quantas


vezes ao ver o mísero estado do reino de Jesus era
certos povos e nalgumas épocas, e comparando-o com
. as promessas messiânicas, nos não parece que a reali-

(1) Sedecias (oi feito prisioneiro e toram-lhe tirados os olhos.


(2) Alosflo à cobardia do rei de Israel a que se refere o salmo, on á
sua celeridade na fuga. O versículo que segue no breviário é a doxologla
com que se termina o livro III dos salmos: «Bendito seja Yahweh eterna-

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dade é um desmentido catègórico ao ideal entrevisto?!
Já assim parecia aos Apóstolos e primeiros fiéis, as
compararem o ideal profético das Escrituras com a
realidade trágica do Calvário. « 0 ’ estultos e morosos
em compreender as escrituras dos profetas» I Ibes dizia
Jesus na tarde gloriosa da sua Ressurreição.
Enganamo-nos sempre com a natureza da vitória
prometida à Igreja. Temos uma tendência incoercível,
repululamento vivaz daquele messianismo falsificado
dos tempos evangélicos, a figurarnio-nos a prosperidade
da Igreja ã maneira da dum partido político, dum sis*
tema filosófico, duma instituição temporal qualquer,
quando a vitória da Igreja deve ser como a do seu
Divino Fundador que atingiu o seu zenit no momento
em que Ele desceu ao mais profundo do abismo de
humilhação e aniquilamento da Cruz.
Tenhamos confiança em Deus, na sua infinita
sabedoria, no seu infinito poder, na sua infinita bon­
dade, na sua absoluta fidelidade ao prometido. Creia-
mos inabalável mente na vitória da Igreja, o Reino de
Jesus, mas não nos figuremos um reino temporal, por­
que Ele mesmo disse: « — 0 meu reino não é deste
mundo».
Jesus como herdeiro de todas as promessas mes­
siânicas na sua pessoa e na sua Igreja, apesar muitas
vezes das aparências, eis o pensamento deste salmo,
segundo a Liturgia, tanto no Ofício feriai como no das
festas do Natal (111 Noct. Salm. 1). e no da Transfigu­
ração (III Noct. salm. 1). A menção do Tabor neste
salmo terá talvez dado origãm à sua insersão no Ofí­
cio desta última festa.

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Vésperas
IALHO 138

In trod u ção: Celebra-se neste salmo a maravilhosa Sabe­


doria de Deus, Omnisciente e Omnipresente, manifestada na obra
da Criação e sobretudo na formação do corpo humano. O Sal­
mista termina por pedir a extinção dos pecadores como a única
nota discordante em meio de tania perfeição.

I — Deus conhece todos os nossos pensamentos e


acções.

e conheceis-m e. . .
Sabeis quando me sento e quando me levanto,
penetrais, mesmo de longe, nos meus pensamentos.

Observais b meu andar e o meu estar quieto,


familiarizastes-vos cem todas as minhas v ia s :
Porque ainda uma palavra me não veio à boca,
já Vós a conheceis exactamente.

Envolveis-me por diante e por detrás,


tendes a vossa mão posta sobre mim.
É demasiado maravilhosa para mim a vossa ciência,
é demasiado elevada para que possa atingi-la.

II— D eus está presente em toda a parte.


P ára onde me retirar, longe do vosso espirito ?!
para onde fugir, longe da vossa fa c e ?I
Se subo aos c é u s . . . aí estais Vós I
Se me^irostro na mansão dos m o rto s. . . eis-Vos presente!

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Bem poderia tomar aa asas da aurora (1)
e ir habitar nos confins dos mares
Que'ainda lá me guiaria a vossa mão,
que ainda lá me apanharia a vossa direita.

Poderia d izer: — Bem I pois que me cubram as trevas,


e que ao redor de mim a luz se torne escu rid ão!
. . . Mas para Vóá as trevas não tem obscuridade,
para Vós a noite é luminosa como. o d ia!

III — F oi Deus que n o s fo m p u e conhece-nos desde


sempre.
' Louvo-vos por me terdes formado tão ádmiràvelm
As vossas obras são maravilhas.
Fostes Vós que me formastes os rins,
que me tecestes no seio de minha mãe (2).

Conhecels a minha alma desde há m uito:


os meus essos não vos estavam ocultos,
Quando fui formado em segredo,
bordado no seio da terra (3).

Os vossos olhos viam todos os meus dias.


Tódos figuravam no vosso livro.
.Lá estavam inscritos antes de serem moldados,
antes que nenhum deles existisse.

o Salmista dá-lhe ai

zes simbolizavam os mesmos sentimentos. O corpo humane apresenta-se


como sendo um tecido de fibras, de velas, de artérias, etc. A própria dén-
cia lhe dó este nome. O contexto exige a Inversão da ordem destes versí­
culos. Ita Hugneny.
(3) «Bordado no seio da terra»;-H á no corpo humano uma arte
acabada e as veias que se distinguem através da pele dSo idela de um bor­
dado. No seio da terra, é um eufemismo.

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IV—Importância dos pensamentos divinos os quais
0 ímpio despreza.
Quão importantes são para mim, Senhor, os vossos desígnios!
Quão múltipla a soma deles I
Poderia por ventura con tá-los? I — São mais numerosos que as
areias...
. . . Ao acordar ainda estou pensando em Vós (1 )!

Se fizesseis, Eloah, morrer o ím pio?!


Se se afastassem de m!m os homens sanguinários,
Esses que se levantam contra Vós com perfídia,
e tratam de coisa de somenos os vossos d esignios?!

V — Por isso odeia o Salm ista os ímpios e é fie l


a Deus.
Então nâo hei-de odiar, Yahweh, os que Vos od eiam ?!
Não hei-de ter horror aos que se levantam contra Vós ? I
Sim, odeio-os com perfeito ódio,
tenho-os por meus inimigos.

Prescrutal-me, Senhor, e conhecei o meu co ra çã o :


sondai-me e conhecei os meus pensamentos.
Vêde se estou a caminho da iniqüidade,
e guial-me pelo caminho da vida eterna.

Considerações e aplicações liiúrgicas: Aplica-se


este salmo aos apóstolos (II Vesp. salm. e antif. V),
segundo parece, por causa do primeiro verso da quarta

n artificio literário, finge ter adormecido

_ s das quais simplesmente


ir que o tradutor oSs entendendo multo bem

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estrofe, segundo a variante da Vulgata s — D emasiado
honrados são, para mim, os vossos amigos, dem asiado
se fortaleceu o seu principado.
Esta lição, porém, que de forma alguma se pode
fazer concordar com o T . M., haverá provàvelmente
resultado de uma má interpretação do texto primitivo.
Mas este salmo pode encarar-se sob o aspecto de
como que um comentário antecipado daquelas palavras
do Evangelho: — Tende con fia n ça!— Todos os cabelos
da vossa cabeça estão contados! — Nem um só cairá
sem que o permita o vosso P ai do Céu I e neste sentido,
a ninguém melhor do que aos apóstolos se pode apli­
car, porque eles foram objecto muito especial da Pro­
vidência e solicitudes divinas.
Quanto a nós recitemo-lo com confiante e amoroso
abandono nas mãos de Deus.

SALHO 130

Introdução: Oração contra os ímpios perseguidores.

I — Livrai-me, Senhor, dos meus inimigos e das suas


ciladas.
Llvrai-m e, Yahweh, do mau,
guardai-me do bandido,
Os quais andam ruminando mal em seu coração,
e todos os dias provocam guerra.
Aguçam a língua como serpente,
e têm por dentro dos lábios o veneno da vibora.

Livrai-m e, Yahweh, das mãos do ímpio,


fuardal-me do bandido,
os quais andam ruminando fazer-me tropeçar.

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Orgulhosos que me preparam armadilhas,
que me armam laços no caminho,
e me estendem redes à beira da estrada (1).

I I — N ão deis satisfação aos meus inimigos, mas


que sejam castigados.

Eu digo a Yahw eh; — Sois o meu Deusl


Aplicai, Yahweh, o ouvido ao ciciar da minha súplica!
Yahweh, Adonai, meu poderoso salvador.
Vós me protegeis a cabeça no dia do combate.
Yahweh, não realizeis o desígnio do impio,
não favoreçais o que projectam contra mim.

Que não consigam triunfar de mim,


que não levantem contra mim a cabeça os que me cercam I
Que Deus os cubra com a desgraça provocada por seus
lábios I
Que sobre eles faça chover brasas,
que os precipite no fogo,
que os faça cair em abismos donde não há sairi

I I I — Sim, Deus castigará os maus e premiará os


bons.

O homem de língua venenosa não prosperará no pais.


O bandido. . cairá sobre ele desgraça sobre desgraça.
Eu sei que Yahweh sustenta a causa do oprimido,
o direito do pobre.
Sim, os justos louvarão o vosso nome,
e os homens rectos habitarão diante da vossa face.

(I) A pesar do sentido geral destes dois últimos versos ser bastante
claro tanto no T. M. como na Vnig., o airanjo da Iraae e o sentido do por­
menor é bastante confuso e os eruditos constroem de diferentes modos.
Apresentamos o que Jios afigura mais provável.

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Considerações e aplicações litúrgicas: Esta
angustiada prece pôe*na a Santa Igreja na boca de
Nosso Senhor Jesus Cristo no aflictivo transe da sua
Paixão (Fer. V. in Coen. Dom. et Fer. VI in Parasceve,
Ad Vesp. Salm. 3).
Associada à Paixão do Filho, como Coredentora,
está a Virgem dolorosíssima sua Mãe. Por isso se
recita ainda este salmo no Ofício da Festa das Dores
M. V, tempore Passionis (Vesp. Salm. 3).
’ Nós mesmos podemos fazer dele uma prece nossa
contra os inimigos da nossa alma, os demônios e todos
os seus fautores, verdadeiros caçadores de almas de
laço sempre armado.

SALMO 140

InIroduçSo: O Salmista pede a D eus qae o livre das m ás


inclinações e obras do seu próprio coraçdo, como da convivên­
cia e insidiosas blandicias dos Impios, fazendo-os cair nas cila­
das que armam.

I — Senhor, livrai-me das m ás inclinações e obras


do meu coração.

Yahweh, eu Vos invoco I Vinde depressa em meu auxilio I


Escutal-me quando Vos invoco I
Que a minha oração se apresente diante de Vós como nuvem
de incenso,
e o erguer das minhas mãos como um sacrifício vespertino l

Ponde, Yahweh, um guarda à minha boca,


e uma sentinela à porta dos meus lábios.
Não inclineis o meu coração para o mal,
para dar-se a acções criminosas e Ímpias.

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H — Livrai-me da convivência dos maus e das suas
insídias.

Quanto aos homens que praticam acções criminosas,


não quero tomar parte em seus festins de delicias.
Que 0 justo me bata, — bom será —
e que me rep reen d aI.. .

Mas que o óleo dos ímpios me não perfume a cabeça (1),


porque a minha prece continua sendo contra os seus mali­
ciosos designios.
Que sejam entregues em poder dos seus juizes,
e ver-se-á que as minhas palavras foram agradáveis a
Yahweh.

III — Livrai-me das ciladas dos ímpios e fazei-os


cair nelas.

Como um rochedo espedaçado jaz partido pelo solo,


assim as suas ossadas serão dispersas à boca do túmulo.
Mas os meus olhos elevam-se a Vós, Adonai.
Não me derrameis a vida (2 )1

Livrai-m e das ciladas que me armam,


e das redes dos que praticam acções crim inosas.
Que os implos,—todos à uma—, caiam nos seus próprios laços I
Eu, porém, hei-de escapar deles (3 )1

( 1) Alusao ao costume de se peifumar com óleo a cabeça do hóspede.


(2) Compara a vida do bomem a nm liquido que se pode derramar
com a morte.
(3 ) A V. apresenta numerosas variantes algumas das quais bem pode
dizer-se Intraduzlvels por Ininteligíveis, a nSo ser que ee lhes dê um sentido
forçado e de duvidosa jnstiflcaçfio. Omltlmo-las por brevidade. 0 próprio
o nBo está laento ^e dlilcnldades, e os Intérpretes divergem
10 de vàrloa versos, i

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Co nside ra çõ e s e a plicações lifúrgicas: 0 sen­
tido espiritual e litúrgico deste salmo é sensivelmente
idêntico ao do anterior. A igreja aplica-o ainda à
Paixão e às Dores de Maria nos seus respectivos Ofí­
cios. Pode resumir-se e condensar-se este salmo nas
últimas palavras do Padre N o sso ;— Aíão nos deixeis
cair em tentação, livrai-nos do m al. . . Recitemo-lo pois
com 0 mesmo espírito com que endereçamos a Deus
aquelas palavras da oração dominical.

8&LN0 141

In trod u ção: D avid fu g id o de Saúl e encerrado na caverna


d e Odolan ou na de E ng a d d i sem ter p o r onde f u g ir, derram a
na presença de D eus toda a am argura da sua, alma, e, sem
p e rd er a confiança, pede a Deus que o salve de tão gra n d e
angústia.

/— Senhor, valei-me porque estou na últim a!


De voz em grita clamo por Yahweh,
de voz em grita imploro a Yahweh.
Diante de sua face derramo a minha queixa,
diante da sua face exponho a minha penúria
na hora em que sinto o espírito a desfalecer-me.

Quanto a V ó s .. . Vós conheceis a minha vereda.


Na vereda por onde sigo
armaram-me eles uma cilada.
Olhai para a minha d ireita: vê d e : ( 1 )
— Ninguém se importa comigo I
Náo tenho por onde escapar-me,
e ninguém acode à minha vida.

(1) 0 defensor cofocava-se sempre à dIreIU do defendfdo. DaviO

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II— Valei-me porque Vós é que sois o meu defensor.

A Vós clamo, Yahwehl


D igo: — Vós é que sois o meu refúgio,
0 meu quinhão na terra dos vivos.
P restai atenção aos meus gemidos,
porque estou abatido a mais não poder.

Livrai-m e dos que me perseguem,


porque são demasiado fortes para me haver com eles.
Tirai-m e da prisão,
para que louve o vosso nome.
Quanto a m im ... os justos esperam
que me trateis com bondade (1).

C o n side ra çõ e s e a plicações litúrgicas ; Há horas


na vida, — todos as teremos experimentado—, em que
são tão dem asiado fortes os inimigos da nossa alm a,
tão vivos os seus ataques, e tanta a nossa penúria de
auxilio e defesa, que, como David na caverna, desani­
mamos de nos podermos haver com eles, sentimos o
espírito a desfalecer-nos e a alm a abatida a mais não
poder ser, esmagados pela sensação de não nos poder­
mos escapar daquela angústia.
É então que de voz em grita devemos clamar pelo
nosso Pai do Céu, porque Ele é o nosso refúgio, o
nosso quinhão na terra dos vivos, e só Ele nos pode
valer. Ele mesmo diz, noutra parte da Escritura: —
«Pode uma mãe enjeitar um filh o ?! — Pois se há mães
que enjeitam os filhos, Eu nunca te enjeitarei*.

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A Santa Igreja aplica este salmo, como os dois
precedentes e nos mesmos ofícios, a Cristo na sua Pai­
xão e à Virgem Santíssima nas suas Dores. ApIica-o
ainda às benditas almas do Purgatório, que estão no
cárcere da justiça divina implorando o nosso auxilio.
(Compl. Salm. 3).

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Compleras
SILHO 70
In troduçSo: Consternado p o r qualquer calamidade nacio­
nal, 0 Salmista exala a sua do r na presen ça de D eus. Com­
pa ra os tempos presentes com os antigos, e, p a ra de algum
modo excitar a misericórdia de D eus em fa v o r da nação, fin g e
duvidar dela numa série pergu nta s e hipóteses arrojadas. Acal-
mando-se pouco a pouco vem a rem em orar os prodígios que
D eus operava outrora em favor do seu povo, esperando que a
bondade e po d e r de D eus não se desmentirá agora.

I — A Vós, Senhor, recorro na tristeza da minha


alma.
Elevo a minha voz a Elohlm e clamo,
a Elohim elevo a minha voz e Ele há-de ouvlr-me.

No dia da minha afliçáo dirijo-me a Adonai;


Toda a noite, sem cansar, se estende para Ele a minha
m ã o (l).
A minha alma não admite consolação.
Lembro-me de Elohlm e gemo I
medito, e o meu coração desfalece.

I I — Quão mudados estão os tem pos!


Os meus olhos estão à espreita das vigílias da n oite: ( 2 )
tão consternado estou que nem posso falar.

(1) «No dia da minha alUçBo. : - hebraismo. Quer dizer simplea-


raente na minha aUlcfio ou na ocasISo em que estou aflito. O Salmista tinha
a mfio estendida na atitude de quem pede esmola e espera alcançar sem
demora.
(2) Maneira de dizer que passava as noites sem poder dormir.

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Penso nos antigos dias,
Lembro-me dos anos de o u tro ra:
Reflito em meu coração,
medito e prescruto o meu espirito.

/// — Deus j á não será misericordioso ?

Rejeltar-nos-ã Adonai para .sempre?!


Não mais nos será favorável ? I
Ter-se-á esgotado a sua benevolência ? I
Ficaráo de nada as suas palavras para as idades futuras?!
Ter-se-á esquecido de ter p iedad e?!
T erá retido, em sua cólera, as suas m isericórdias?!

IV — Pelo menos, não é como nos tempos passa­


dos.

E disse com igo: — Isto é que me faz so fre r:


— ver que a dêxtera do Altíssimo já não é a mesma!

Lembro-me dos grandiosos feitos de Yahweh,


sim, recordo-m e das suas maravilhas de outrora.
Reflito em todas as vossas obras,
medito nas vossas façanhas.

V— Mas n ã o .. ! — Deus é poderoso e S a n to ...

Ó Elohim, as vossas vias são santas I


Que Deus haverá tão grande como Elohim ? I

Vós sois 0 Deus que opera prodígios.


Manlfestastes o vosso poder entre as naçõ es:
Com 0 vosso braço resgataste o vosso povo.
- o s filhos de Jacob e de José.

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VI — . - e a prova é, por exemplo, a m ajestosa
travessia do Mar-Vermelho.
Vlram-te as águas, ó Elohim,
viram-te as águas e tre m e ra m ...
sim, as ondas ficaram trêmulas.

As nuvens derramaram as suas águas,


as nuvens soltaram a sua v o z .. .
sim, as tuas flechas voavam em todos os sentidos..

A voz do raio ribombava no turbilhão,


os relâmpagos iluminavam o mundo,
a terra fremiu e tremeu.

0 mar foi o teu caminho, ( ó Elohim ).


as grandes águas foram a tua vereda,
e ninguém foi capaz de descobrir as tuas pègadas.-

Conduzistes o teu povo como um rebanho


pela mão de Moisés e de A a rã o .. .
........................................................... (D-

Co n sid e ra çõ e s e a plicações l if ú r g i c a s : Este


salmo, como tantos outros, é uma espécie de desabafO’
de uma alma profundamente atribulada, que não faz
menção de se empertigar ante o problema do mal e a
impenetrabilidade dos juízos de Deus, senão para se
entregar num mais confiante abandono nas mãos do
mesmo Deus.
O que faz sofrer o salmista é a desproporção das
promessas de Deus conhecidas pelas antigas tradições»
(1) Toda esta estrofe, que tem a aparência de ser parfe de oniro
cântico aoldada a este salmo por motivos lllúrgicos e que de reato nlo
parece estar completa, se refere á miraculosa travessia do Mar Vermelho ^
à espantosa tempestade que Deus deaencadiou sobre os egípcios por essa-
ocasllo.

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€ 0 que dEle se esperava, atentos os seus antigos pro­
dígios e benemerências, com a mesquinhez dos resulta­
dos obtidos, encarados à luz de um messianismo tem­
poral e grosseiro. F icarão de nada as suas prom essas
p ara as idades fu tu ras? — pergunta. Mas esta atitude
de espírito durou apenas um momento, e logo se desfez
numa admirável profissão de fè e confiança no poder,
bondade e fidelidade de Deus.
Também nós sofremos algumas vezes uma espécie
de desilusão, de escândalo ou revolta de espírito, ao
•cair na conta do vivo contraste havido entre as coisas
vistas através dos livros ou da história, e as mesmas
observadas no descolorido viver quotidiano, ou entre o
deslumbramento do ideal e a baixa realidade. Também
somos algumas vezes vitimas de um grosseiro messia­
nismo com que vemos nas palavras de Deus, não o que
íla s contêm realmente, segiindo os seus divinos desí­
gnios, mas 0 que a nós sc nos antolha, quase sempre
perspectivas de domínio, de desforra para a sua Igreja,
ou então de consolação e bem estar para as nossas
almas, e de aí o escândalo e a desilusão.' Se alguma vez
atravessarmos esta situação psicológica, pondo imedia­
tamente de parte toda a discussão interna, clamemos
com o salmista: Senhor, as vossas obras são san tasí
A seu tempo se desfarão os mistérios, e Vós aparece-
reis infinitamente sábio, santo, justo e misericordioso
em todas as vossas obras. A igreja aplica este salmo
à situação de N. S. Jesus Cristo na sua Paixão.

Inírodução; Ardente p rece em que o Salmista na sua


afltção implora insistentemente de Deus que o livre dos intmi-

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gos e salve do perigo em que se encontra, lem brando-lhe a sua
Omnipotência, Bondade e Clemência.

I — O Salmista pede a Deus que tenha piedade do


seu devoto.

Inclinai, Yahweh, o vosso ouvido,


escutai, porque estou aflito e em grande penúria.
Guardai a minha alma, porque sou devoto vosso,
salvai o vosso servo que em vós confia.

Siois 0 meu D eus: tende ( p ois) piedade de mim, ó Adonai,


porque todo o dia estou clamando por Vós.
Alegrai a alma do vosso servo,
porque a Vós elevo a minha alma.

Pots que sois bom e clemente, ó Adonai,


e cheio de benevolência para os que Vos Invocam.
P restai, Yahweh, ouvidos à minha prece,
estai atento à voz da minha súplica.
Clamo por Vós no dia da minha a fliç ã o .. .
H aveisde o u v ir-m e ...

II — Exprime confiança na Omnipotência e Bon­


dade de Deus.
Nenhum dos deuses é como Vós, Adonai.
Nada há de comparável às vossas obras.
Todas as nações que criastes hão-de vir,
e hão-de prostrar-se, Adonai, ante a vossa fa c e ;
Hão-de glorificar o vosso nome,
porque sois grande e obrais prodígios.

Só Vós sois Elohim.


Ensinai-me, Yahweh, as vossas vias.
Quero andar na vossa verdade.
Assim se regozige o meu coração no temor do vosso nome..

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Dar-Vos-ei graças de todo o meu coração, Adonai meu Deus,
e gloríficarei o vosso nome eternamente.
■Porque a vossa benevolência é grande para comigo,
e livraU-me a alma da subterrânea morada nos mortos.

III — Insiste, pedindo a Deus que o livre dos ini­


migos.

-Elohim, os soberbos levantaram-se contra mim,


um bando de tiranos quer tirar-me a vida,
(um bando) desses que não se importam convosco.
Mas Vós, Adonai, sois um deus compassivo e misericordioso,
demorado em encolerizar-se, cheio de bondade e fideli­
dade.

Volvei a mim a vossa face e tende misericórdia,


dai força ao vosso servo,
e salvai o filho da vossa serva.
Dai-me uma prova assinalada da vossa bondade.
Que os meus inimigos vejam, para sua confusão,
que Vós, Yahweh, me ajudais e consolais.

Considerações e aplicações lifúrgicas: Recita-se


este salmo no Ofício de Defuntos, e todos vêm quSo
apropriado é às Benditas almas do Purgatório implo­
rando, cheias de confiança, a misericórdia de Deus, do
meio dos seus tormentos. Imploremos também nós
com elas. . .
Foi também escolhido para o Ofício da Festa da
Epifania, por causa do segundo versículo da segunda
estrofe: Todas a s nações que criastes hão-de vir e
h ão-d e prostrar-se ante os vossos p é s . . . cujo cumpri­
mento a tradição cristã vê na vocação dos gentios, de
que os Magos eram as primícias.

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SABADO

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MaMnas
I Nocturno

SALMO 104 •

Introd u ção: Hino de Louvor a D eus celebrando alguns


dos seus benefícios feitos à Nação Israelitica no decorrer da sua
história, desde os patriarcas até Jo su é.

I — Louvor a Deus pelas suas m aravilhas em geral.

Dai graças a Yahweh, vitoriai-ihe o nome,


publicai as suas obras entre as nações.
Cantai-O, modulai-lhe salm os,
celebrai as suas maravilhas todas.

Gloriai-vos do seu nome santo,


Alegrado seja o coração de todos os que procuram a
Yahweh
Buscai a Yahweh e ao seu Peder.
Não cesseis de procurar-lhe a face.

Recordai-vos das maravilhas que eperou,


dos seus prodígios e juizos que tem proferido.
Raça de Abraão seu servo,
filhos de Jacob eleito seu.

II — F idelidade de Deus à sua Aliança.

Ele, Yahweh, é o nosso Deus.


Os seus juízos estendem-se a toda terra.
Lembrar-se-á por todo o sempre da sua Aliança,
por mil gerações da palavra dada.

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Ele que contraiu aliança cem Abraão,
que jurou a Isaac.
Que erigiu este juramento em Lei para Jacob,
em aliança eterna para Israel.

D izendo: — < Dar-te-ei o pais de Canaan,


como parte da tua herança».
Então que eram pouco numerosos,
pouquíssimos e estrangeiros no pais. ( I )

III — Protecção dispensada ao s patriarcas.

Andavam vagueando de nação em nação,


de um reino para outro povo.

Não permitiu a ninguém oprimi-los,


e castigou reis por causa deles.

«Não toqueis nos meus ungidos,


não façais mal aos meus profetas».

IV — Jo s é vendido e trazido ao Egito.

Chamou a fome para o pais,


fêz desaparecer o pão que sustenta.
Enviou adiante deles um homem,
José foi vendido como escravo.
Magoaram-ihe os pés com entraves,
e a sua pessoa foi posta a ferros,
Até ao dia em que se realizou a sua palavra,
e que o justificou o oráculo de Yahweh. ( 2 )

vivendo como nómadae, transportando aqnl e all a tenda conlorme aa vlcli-


altndea daa pastagens e dos tempos.
(2) A loterpretacBo dos sonhos dos oficiais de Faraó.

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V — Poder de José no Egito. Ja co b emigra.

O rei enviou a soltá-lo;


o soberano dos povos p6-lo em liberdade.
Estabeleceu-o como chefe da sua casa,
e governador de todos os seus domínios,
Para lhe formar os príncipes à sua vontade,
e para ensinar a sapiência aos anciãos do seu reino.

En tão israel veio para e Egito,


e Jacob morou na terra de Chara.

VI — Missão de M oisés e Aarão.

Yahweh fêz frutificar grandemente o seu povo,


tornou-o mais forte que os seus adversários.
O coração destes mudou-se, passando a odiar o povo,
a usar de astúcia para com os servos de Deus.

(E n tã o ) enviou Moisés seu servo,


e Aarão que escolhera,
Operou variados sinais entre os egípcios,
e prodígios na terra de Cham. ( 1 )

VII — As pragas do Egito.

Enviou as trevas e produziu a escuridão,


mas eles não fizeram caso das suas palavras.
Mudou-lhes as águas em sangue.
Matou-lhes os peixes.
Formigaram rãs por todo o pais,
até nos aposentos dos réis.

Disse, e apareceu a mosca,


e mosquitos em todo o território deles.

(I) As dez pragas do Egito qne t seguir descreve.

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Fêz chover sobre eles granizo,
e por todo o pais um fogo devorador.
Enviou-lhes o mal às vinhas e figueiras,
quebrou-lhes as árvores em toda a regiáo.

VIII — Saída do Egito, viagem e -estabelecimento


na Terra da Promissão.

F êz sair o seu povo com prata e ouro,


e não houve nas suas tribus arrastados. ( 1 )
Alegrou-se o Egito com a saída deles,
porque só de os ver se tinha enchido de medo.
Estendeu uma nuvem para os cobrir,
e um fogo para os alumiar de noite.

A pedido deles fêz vir codornizes,


saciou-os com o pão do céu. ( 2 )
Abriu 0 rochedo e as águas brotaram,
e formaram um rio no Deserto.
Porque se lembrava da sua palavra santa,
dada a Abraão seu servo.

Fêz sair o pove com alegria,


os seus eleitos por entre alegre alvoroço.
Deu-lhes a terra das nações,
e possuíram o fruto do trabalho dos povos.
Para que lhe guardassem os preceitos,
e observassem a lei.

(1) Anastados sSo os que nas grandes marchas nSo acompanham o


grosso da tormsçao mas se deixam ficar para trás por cansaço, doença, etc.
(2) O Maná, que era uma figura da Eucaristia.

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Considerações e aplicações lilúrgicas: 0 que
neste salmo se diz do povo de Israel deve entender-se
em sentido espiritual e analógico do povo cristão. Tam­
bém 0 Deus-Humanado fêz aliança conosco, — aliança
tão íntima coiço a que existe entre a cabeça e os mem­
bros de um mesmo organismo, aliança tão solene e
tão firme que foi selada com o seu sangue redentor,—
e constituindo-nos em Igreja sua prometeu que jamais
nos abandonaria até à consumação dos séculos.
E, se outra prova não tivéssemos da sua fidelidade
à palavra dada, bastaria considerar na história da
mesma Igreja a maravilhosa maneira como a tem man­
tido através de tantas vicissitudes, enquanto instituições
mais consentâneas com a natureza humana, e mais
apoiadas na força, na razão, no saber e até nas pai­
xões terrenas, têm ruído no pó dos çéculos.
Na verdade a Igreja tem atravessado longos perío­
dos de decadência, tem sofrido fortemente a usura dos
tempos, tem sido conspurcada às vezes pela malícia dos
homens, mas, no mais profundo das suas crises, a
paternal Providência de Deus tem feito surgir do seu
seio, aparentemente exausto, por meios tanto mais ma­
ravilhosos quanto mais desproporcionados ao fim a
atingir, a inesperada salvação.
É lembrando-nos de tudo isto que devemos recitar
este salmo endereçando os louvores nele contidos ao
nosso Divino Redentor e ao Espírito Paráclito pela
cnaravilhosa assistência dispensada à sua Igreja.

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II Nocturno

SALHO 106

InrroduçSo: Resumo da história de Israel, do Egito a


Samuel, mostrando sobretudo a ingratidão com que o povo cor­
respondia aos beneficios divinos, e os castigos que atraia com
suas culpas.

I — Quem poderá louvar dignamente a Deus?

Louvai a Yahweh porque Ele é bom,


porque a sua benevolência é eterna.

Quem proclamará os heroicos feitos de Yahweh,


quem publicará toda a sua glória ?
Felizes os que observam o direito,
que em todo o tempo cumprem a justiça.

I I — Tende misericórdia de nós. Senhor, que som os


pecadores.

Um bral-Vos de nós, Yahweh, na vossa benevolência para con»


o vosso povo,
visitai-nos com o vosso salutar auxilio.
P ara que vejamos a felicidade dos vossos escolhidos,
para que nos regozijemos na alegria da vossa nação,
para que sejamos glorlflcados, nós somos a vossa herança.
(Lembrai-Vos de n ós) que temos pecado como os nossos pais.
que temos cometido a iniqüidade, que temos sido Impies-

I I I — D e com o os Israelitas foram infiéis junto a o


Mar Vermelho e Deus lhes perdoou.
Os nossos pais no Egito não deram importância aos vossos
prodiglos,
não tiveram em conta as riquezas da vossa benevolência.

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Revoltaram-se contra o Altíssimo junto do Mar das Algas.
Salvou-os contudo para honra do seu nome,
para manifestar o seu poder.

Ameaçou o Mar das Algas e ele secou-se.


Fê-los caminhar pelo Oceano como por um deserto.
Salvou-os das mãos dos Inimigos,
libertou-os das mãos dos opressores.

As águas cobriram-lhes os adversários,


de que nem um só escapou.
Então acreditaram na palavra dEle
e cantaram a sua glória.

IV — De como tiveram desejos desordenados e Deus


os satisfez para seu castigo.
eceram as suas obras.
não esperaram que executasse os s

Entregaram-se à cobiça no Deserto,


tentaram a Deus na Região Desolada.
Deus concedeu-lhes o que lhe pediam,
mas logo lhes enviou o desgosto ã alma ( I ).

V— D e com o se revoltaram contra Moisés e Aarão


e foram castigados.
Depois tiveram inveja de Moisés, no acampamento,
e de Aarão, o Santo de Yahweh.

E a terra abriu-se e enguliu a Dathan,


e cubrlu o bando de Abiron.

A Alusão aos desejos do carne no Deserto, à vinda das calban -

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Ateou*se um fogo contra os partidários deles,
e as chamas consumiram os impios ( 1 ) .

VI— De como adoraram um bezerro de ouro e


Moisés os livrou do extermínio.
Fizeram um bezerro no Monte Horeb,
prostraram-se ante uma imagem de metal fundido.
Trocaram a sua Glória
pela estátua de um boi que come erva ( 2 ) .

Esqueceram o Deus seu Salvador,


0 qual tinha operado grandes feitos no Egito,
Maravilhas no pais de Cham,
espantosas obras no Mar das Algas.

Pensava em exterminá-los
se Moisés seu eleito
Se não tivesse aguentado na brecha diante dEle,
para desviar a sua cólera de os destruir.

VII — De como murmuraram contra Deus acêrca d a


Terra da Promissão, e todos pereceram no Deserto.
Depois desdenharam a T erra de Delicias,
não acreditaram na palavra de Deus.
Murmuraram em suas tendas,
e nãcT deram ouvidos ã voz de Yahweh.

E Ele levantou a mão contra eles,


para os fazer morrer no D eserto,

(1) Aluslo á revolta de Dathan, Coré, e Abiron que nfio queriam


reconhecer a supremacia do sacerdócio de AarSe e dos seus sucessores, nem
sujeltar-se a Moisés.
(2) A glória de Israel era Yahweh, - o sen Deus - o único Deus,
Criador e Senhor de tudo, de qne justamente ae deviam orgulhar, porque os
tomava para povo seu e conservador do sen culto.

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Disseminá-los por entre as nações,
dispersá-los por outras regiões.

Entregaram-se ao culto de Baal- Phegor,


comeram vitimas oferecidas a (deuses) sem vida
Provocaram a Yahweh com suas acções,
e um flagelo fez irrupção sobre eles.

Levantou-se Phineas e fez justiça


e o flagelo cessou.
Esta acção foi-lhe imputada à conta de mérito,
de idade em Idade, para sempre (I).

VII! — De com o M oisés f o i castigado por causa


deles.
Irritaram a Yahweh junto às águas de Merlbah,
e Moisés teve que sofrer por causa deles,
Porque lhe perturbaram o espirito,
e proferiu palavras temerárias (2).

IX — De como se deixaram contagiar pela corrução


de Canaan e sacrificaram vítimas humanas.
Não exterminaram os povos
que Yahweh lhes havia mandado destruir,
Mas místuraram-se com as nações,
e aprenderam a usar como elas.

Serviram os seus ídolos


que foram para eles uma cilada.

a que arrastava. A esta d

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E Imolaram seus filhos e filhas
aos demônios.

Derramaram o sangue Inocente,


— 0 sangue dos filhos e filhas
que sacrificavam aos ídolos de Canaan —
e a terra foi manchada de sangue.

Conspurcaram-se com suas obras,


prostltuiram-se com as suas acções.

X — D e como muitas vezes os deixou cair sob o


dominio dos idólatras, libertando-os depois em atenção
à sua Aliança.
A cólera de Deus acendeu-se contra o seu povo,
Ele contraiu abomlnação à sua herança.

Entregou-os nas mãos das nações,


e os opressores dominaram neles.
Os inimigos oprimiram-nos,
e vergaram-nos sob a sua mão.

Muitas vezes os libertou,


mas eles revoltavam-se em seus desígnios,
e tornavam a mergulhar em suas iniquídades.
Contudo viu a miséria deles
quando lhes ouviu as súplicas.

Lembrou-se, a favor deles, da sua Aliança,


teve dó deles segundo as riquezas da sua benevolência,
Fez deles um objecto de misericórdia,
perante todos os que os detinham cativos (1).

conatantcB recaidaa do povo na idolatria.

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Salvai-nos, Yahweh, nosso Deus,
e reuní-nos de entre as nações,
P ara que possamos louvar o vosso santo nome,
e façamos consistir nossa honra em glorilicar-ves.

Bem-dito seja Yahweh, - o Deus de Israel,


de eternidade a eternidade,
e que todo o povo d iga: - Amén, Alleiúia Yahweh (1)..

8ÍLN0 106

IntroduçBo; C elebra-se neste salmo a misericórdia de-


D eus, que depois de prov ar e castigar os pecadores, envlando-
-Ihes trabalhos e aflições, logo os socorre e liberta quando
arrependidos imploram socorro. O salmista exemplifica num a
série de cinco quadros em que descreve algumas das mais dra­
máticas aflições em que o homem costuma ver-se, e como é
socorrido p o r Deus. P a rece também referir-se aos cativos vol­
tados d e Babilônia.

INTRODUÇAO G ERA L: — Convite a louvar e bem-


-dizer a Deus.

Louvai a Yahweh porque Ele é bom,


porque a sua benevolência é eterna.
Dfgam-no os que Yahweh resgatou,
como os libertou da opressão da angústia,
Como os reuniu (trazendo-os) de todos os países,
do nascente e do poente, do norte e do mar.

(I) Das dats panes que SI

época do cativeiro de Babllánia, e


que se terminava esta parte da coleccSo dos salmos.

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I — A caravana perdida no Deserto.

Vagueavam sem rumo no D eserto, na solidão,


sem encontrar caminho de cidade habitável.
Cheios de fome e de sfide,
com a alma a d esfalecer. . .
Yahweh cubrira-lhes os chefes de desprêzo,
c fazia-os vaguear perdidos por desertos in

Na sua aflição clamaram por Yahweh,


e Ele libertou-os das suas angústias.
Conduziu-os pelo caminho recto,
para os levar a uma cidade habitável.

■Que louvem a Yahweh pela sua benevolãncia,


pelas suas maravilhas em favor dos filhos dos homens,
P erq u e devorados de sêde os refrigerou,
consumidos de fome os cumulou de bens.

II — A prisão num escuro cárcere.


Habitavam nas trevas, em trevas tumulares,
prisioneiros, em aflição e em ferros,
Porque se haviam revoltado contra as ordens de Deus,
e tinham desprezado os desígnios do Altíssimo.
-Ele humilhava-lhes o coração pelo sofrimento,
e eles debatiam-se na aflição e ninguém os socorria.

C eles na sua aflição clamaram por Yahweh,


e Ele libertou-os das suas angústias.
Tlrou-os das trevas, das trevas tumulares,
e quebrou-lhes as cadeias.

anos uma contextura corrente e correcta.

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Que louvem a Yahweh pela sua benevolência,
pelas suas maravilhas em favor dos filhos dos homens.
Porque quebrou as portas de bronze,
e despedaçou as barras de ferro.

III — Uma grave doença.


Estavam doentes por sua criminosa conduta,
e por suas iniquídades estavam em aflição.
Toda a comida lhes causava nauseas,
estavam às portas da morte.

Na sua aflição clamaram por Yahweh,


e Ele salvou-os das suas angústias.
Enviou a sua palavra e curou-os,
arrancou-os do túmulo.

Que louvem a Yahweh pela sua benevolência,


pelas suas maravilhas em favor dos filhos dos homens.
Que ofereçam sacrifícios de acção de graças,
que narrem as suas obras com júbilo.

IV — Um naufrágio.
Tinham descido ao mar em navios,
para negociar nas vastas águas.
Viram as obras de Yahweh
e as suas maravilhas nas águas profundas.

À voz de Yahweh levantou-se um vento tempestuoso,


que encapelou as ondas.
Subiam até aos céus e desciam ao fundo dos abismos-
Derretia-se-lhes o coração de medo.

e todo 0 seu saber se esvaia.

Na sua aflição clamaram por Yahweh,


e Ele llbertou-os das suas angústias.

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Mudou 0 furacão em brisa suave.
e as vagas apazlguaram-se.
Itegozijaram-se eles com a calma estabelecida,
e Ele conduziu-os ao porto desejado.

Que louvem a Yahweh pela sua benevolência,


pelas suas maravilhas em favor dos filhos dos homens.
Que 0 exaltem na assemblela do povo.
que 0 louvem no conselho dos anciãos.

V — A restauração de um pais e de um povo.

Tinha transformado os rios em deserto,


e as correntes em árido solo,
A terra fértil em planfcie salgada,
por causa da maidade dos seus habitantes.

Torna a mudar o deserto em lago,


a terra resequida em nascente de água.
Nela estabelece os esfomeados,
que fundam uma cidade para sua morada.
Semeiam campos, plantam vinhas,
e recolhem abundantes frutos.

Abençoa-os e eles multiplicam-se extraordinàriamente,


e não deixa que lhes diminuam os rebanhos.
Pois estavam muito reduzidos e abatidos,
pela desgraça e pelo sofrimento.
T ira e pobre da aflição,
e torna as famílias numerosas como rebanhos.

Vêem-no os homens rectos e regozijam-se,


e toda a maldade fica de boca tapada.
■Que o sapiente nisto atente,
e veja bem as benevolcncias de Yahweh.

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Considerações e aplicações lilúrgicas: . . . E na
sua aflição clamaram por Deus, e Deus liberlou os das
suas angústias. Que louvem pois a Deus pela sua
ben evolência... Estas palavras repetidas tantas vezes
neste salmo, à maneira de estribilho, conteem toda a
lição que dele havemos de tirar.
Qualquer que seja a necessidade, a dor, a aflição,
que se sofra, se se recorrer a Deus com as devidas
disposições de humildade, de fé e de confiança; se se
recorrer com insistência e perseverança sem contudo
estabelecer prazos à Divina Clemência nem deixarmos
de, em princípio, nos conformarmos com o seu beneplá­
cito quanto ao resultado a obter, sobretudo se se tratar
de necessidades e angústias da nossa alma, estejamos
seguros que de todas nos libertará. Nisto estão con.
cordes o Antigo e o Novo Testamento com a experiên­
cia multi-secular dos santos e de todas as almas since­
ramente amantes da santidade.

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Laudes I

Introduçgo t Este salmo é um convite a dar graças a Deus


por ter concedido ao seu povo a vitória sobre os seus Inimigos.

I — Que os filh os de Siõo louvem a D eu s. . .

Cantai a Yahweh um cântico n ovo;


que 08 seus louvores ecoem na assembléia dos santos I
Que Israel se regozije em seu Criador,
e que os fiibos de Siâo se regozijem com o seu Rell

Que 0 seu nome seja celebrado com dansas,


e cantado ao som do tambor e da harpa I
Porque Yahweh se compraz no seu povo,
e glorifica os humildes salvando-os.

II — . . . que os f e z triunfar dos inimigos.

exultam dê alegria em seus leitos.


A sua boca celebra a Deus.
e a sua mâo sustenta uma espada de dois fios;

para tirar vingançfts das nações


e levar o castigo aos povos pagãos;
para ligar os seus reis com grilhões,
e os seus chefes com ligaduras de fe rro ;
para executar neles a sentença escrita.
E sta é a glória reservada aos piedosos I

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Co nside raçõ e s e a plicações litúrgicas: Este
salmo é o simbolo da luta moral que todo o cristão
deve travar contra o mal. É por isso que S. Paulo
recomenda aos fiéis que se revistam das armas espiri-
tuaiSi que são principalmente a oração e a penitência,
essa espada de dois fios que vence os inimigos espiri­
tuais.
Essa luta do cristão fará triunfar o reino de Cristo
que, depois do jaizo final será a herança dos fiéis, o
repouso dos lutadores, a glória de todos os santos.
Por causa da sua alusão à luta e ao triunfo a Santa
Igreja emprega-o frequentemente, tanto no Breviário
como no Missal, nas festas dos apóstolos e dos már­
tires.
liLNO 91

• IntroduçSo: Trata-se neste salmo do problema da prosperi­


dade do Impto, em contraste com o sofrimento do Justo. O Sal-
mista está seguro de que as sortes hdo-de mudar, tomando-se a
felicidade do Impio em eterna afllçdo, e o sofrimento do Justo em
impereclvel gozo por toda a eternidade, e po r isso louva a Deus.

I-É delicioso louvar a D eu s. . .


Que delícia louvar a Yahweh,
cantar o vosse nome, ó Altíssimo.
Publicar de manhã a vossa benevolãncla,
e de tarde a vossa fldelldade.
Ao aom da harpa de dez cordas,
aos acordes da citara I ‘

II — . . . pela maravilha das suas obras.


Sim, Yahweh, deleitastes-me com a vossa obrai
Exulto ante as obras das vossas mãos.

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Que grandes são, Yahweh, as vossas ob ra s: (1)
Que misteriosos os vossos pensamentos 1
O estúpido não o reconhece,
e 0 estuitn não o compreende.

III — ... porque não permite que os ímpios pros­


perem eternamente.
S e os ímpios crescem como a erva,
se florescem, todos esses fabricantes de iniqüidade.

Mas Vós, Yahweh, residis p ara sempre nas alturas do céu,


enquanto que os vossos Inimigos perecem,
são dispersos, esses fabricantes de Iniqüidade.

IV — . . . especialmente porque f a z justiça a o sal-


m ista enchendo-o de prosperidade.
Mas Vós exaltarels o meu poder como o do búfalo, (2)
ungir<-me-els de um óleo refrescante.
S erá um prazer para os meus olhos ver (o castigo) dos que me
espiam,
será um encanto para os meus ouvidos ouvir os gritos dos
meus adversários
O juste crescerá como a palmeira,
elevar-se-á come o cedro do Libano.

V — Sim. os jusios hão-de finalmente prevalecer.


Plantados na casa de Yahweh,
crescerão nos átrios do nosso Deus (3).

(2 ) . 0 meu poder»: Literalmente serio; «ExalUls o men como como


o do búfalo». Os guenelros e chefes antigos gostavam de ornar a cabeça
com as armas de certas espécies de animais, em sinal de poder, força, mando,
«tc. De aqui vem que a palavra como aigniilca poder.
(3) Os Justos na bem-aventurança tlrarSo da sua íntima unlfio com
Deus a força c eterno vigor de que serio doUdos.

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Na velhice ainda darão fruto,
e estarão cheios de vcrdejante selva,
Para proclamar que é recto, Yahweh,
0 meu rochedo, em que não há injustiça.

Co nside raçõ e s e a plicações lilúrgicas^ Este


salmo contém um tocante acto de fé na santidade e
justiça de Deus que saberá dar a cada um o que merece,
e recqmpensar superabundantemente o justo da sua
aparente inferioridade, neste mundo, perante o homem
sem religião nem consciência, a respeito de tudo o que
0 mesmo mundo louva e ambiciona.
Que ninguém se deixe seduzir portanto por apa­
rências enganosas, nem inveje a sorte do homem sem
escrúpulos, para quem tudo é licito, tratando-se de
adquirir riqueza, poderio e gozo. Se os maus flores­
cem por um momento como a viçosa erva, é para serem
exterminados para sempre, enquanto que o homem
cumpridor dos seus deveres, deprimido e humilhado
neste mundo, plantado por fim na própria casa de
Deus, vivendo em intima união com Ele, altear-se-á
por toda a eternidade como um cedro do Líbano, cheio
da verdejante seiva de lirna vida plena num gozo sem­
pre novo.
ULNO 63
InlroduçSo t 0 Salmisla, caluniado e perseguido, queixa-se
a Deus dos seus inimigos, de cujo proceder pérfido nos faz uma
viva descrição, acentuando sobretudo os crimes da iingua^e anuncia
a castigo divino.

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/ — Perfídia do mau para com o justo.
Escutai, Elohlm, a mtnha voz lastim osa,
arrancai a minha vida das mãos do terrível Inimigo,
Ponde-me a salvo das conspirações dos maus,
a salvo da multidão dos fabricantes de iniqüidade.

Porque eles afiam a língua como uma espada,


e preparam as flexas das suas acerbas com binações,
Para as disparar dos esconderijos sobre o homem integro,
para prostrá-lo de sfibito, sem temor algum (1).

Animam-se mutuamente com malévolos incitamentos,


concertam-se para armar ciladas,
e dizem: -Quem poderá descobri-las» ?

II — Intervenção de Deus e castigo do mau.


Formam criminosos projectos,
ocultam 0S projectos assentes,
acercam-se dissimulando profunda malícia nos refõlhos do
coração (2).

Mas Elohim lança-lhes uma ficxa,


e de repente. . . el-los feridos I
Prostra-os por causa da língua que têm.
Todos os que os veem menelam a cabeça (3).

(1) Depois de bem meditarem o mal a fazer, conservam o propósito


lormado para lhe dar eiecnçSo na ocasllo oportuna, tal come o caçador de
arco prepara as flechas para as disparar quando o oblectlvo lhe estiver ao
alcance.
(2) TraduçSo ser v ilC a d a um aeerca-se com coraçao profundo.
Tanto o T. M. cutno os LXX e Vulg. slo por vezes obscuros heste salmo, e
discrepam bastante entre al. Apresentamos a traduçSo que se nos afigura
mais provável.
(3 ) O gesto de menear a cabeça tanto pode ser de alegria pelo cas­
tigo dos maus como de. admtraçao e pavor.

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De todos se apodera o temor,
e publicam a obra de Elohim reconhecendo a Sua a c çío .
0 justo regozlja-se em Yahweh e nele se refugia,
e todos os de coração recto se felicitam.

Co nside raçõ e s e aplicaçõ es litúrgicas: E’ bem


conhecida aquela passagem de S. Agostinho que se
canta todos os anos em dia de Sexta-feira Santa, em
que 0 Santo Doutor faz aplicação deste salmo ao
Homem Integro por excelência,— Nosso Senhor Jesus
Cristo, — e aos escribas e fariseus seus inimigos, que
tanto 0 perseguiram com a lingua calumniando-0, inter­
pretando mal as suas palavras, procurando perdê-lo no
conceito do povo, acusando O falsamente no tribunal
de Pilatos, pedindo em altos gritos a sua condenação à
m orte...
« Não digais que não matastes, diz S. Agostinho...
Matastes, simi Matastes com o gládio da lingua 1—
Quando?! — Quando gritastes no tribunal de Pilatos: —
Crucifica-O, Crucifica-O...»
As línguas assassinas continuam a perseguir a
Jesus vivendo na sua Igreja, e cada um de nós terá
por certo que queixar-se desta peste infernal, muito
embora dela esteja também infectado. Vigiemos pois,
em primeiro lugar, não sejamos nós mesmos dos que
preparam as flech a s das suas palavras para as disparar
dos esconderijos sobre o homem integro. E digamos
com 0 Sal mista: Senhor arrancai a minha vida d as
m ãos do terrível Inimigo da má lingua:— a minha e a da
Igreja — Corpo Místico de Jesus.
Aplica-se este salmo, na Sagrada Liturgia, em
especial à Paixão de Jésus Cristo na Festa do seu Pre-

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cíosíssimo Sangue (II Noct. Saim. 3) e nas duas Festas
das Deres de Maria SS.”‘ (III Noct. Saim. 1). A flecha
que feriu o Filho,.atravessou também o coraçSo da
Mãe. Outra aplicação especial é feita aos Apóstolos
no seu respectivo Comum (II Noct. Saim. 3), parece
que por causa do versículo que serve de antífona:
Publicam a obra de Deus reconhecendo a sua acção.
De resto, com o seu Divino Mestre muito tiveram os
Apóstolos que sofrer das línguas pervertidas.

SALMO 150
Introdução i Este salmo é um hino magniflco a Deus e ao
mesmo tempo a conclusão de todo o sallério.

I — Louvai a Deus no seu santuário.


Louvai a Deus no seu santuário,
louval-o na sua poderosa fortaleza I
Louval-o pelos seus altos feitos,
louvai-o pela imensidade da sua grandeza t

II — Louvai-0 com instrumentos de música.


Louvai-o ao som da trombeta
louval-o com a harpa e a c ita ra !
Louval-o com dansas, ao som do tambor,
louvai-o coro instrumentos de corda e de vento I
Louval-o com cimbalos de júbilo,
louvai-o com cimbalos de bom som I
Que tudo 0 que respira louve Yahweh I

Co nside raçõ e s e a plicações lilúrgicas: Este


salmo é uma magnífica doxologia de todo o saltério.
Deve ser também um grito da nossa alma — esse sopro

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vivo que Deus em nós insuflou — que deve proromper
em hinos continuos de adoraçSo, louvor e reconheci­
mento ao Criador.
Por isso a Santa Igreja o põe na boca do sacer­
dote como 0 melhor hino de acç3o de graças depois
da celebração da missa.

C ilT IO a DO lOlBSiiSTIOO (XXXVI, 1-16)

Introdução: O autor sagrado, considerando as perseguições


dos pagãos ao povo de Israel, pede a Deus que se torne conhecido
entre esses povos, sobretudo pela ostensão de prodígios, manifesta­
ções de força, etc., segundo o espirito do tempo, e que restltua o
seu povo ao antigo esplendor e prosperidade. E ’ um canto de
natureza patriótica e religiosa.

I — Objecto da o r a ç õ o :— Misericórdia para con-


nosco, repressão para os inimigos.
Tende piedade de nós, Deus do Universo,
e volvei a nós os vossos olhos,
e mostral-nos a luz das vossas misericórdias.
Derramai o vosso terror sobre as naçOcs que Vos n io procuram,
que elas aprendam que não há outro Deus senão Vós,
e que narrem as vossas maravilhas.

I I — Que 0 Senhor intervenha invertendo as fortu­


nas, nossa e dos inimigos.
Elevai a vossa mão contra os povos estrangeiros,
e que sintam o vosso poder.
Assim como perante eles Vos mostrastes santo à nossa custa,
assim Vos mostrai grande, perante nós, i custa deles. (1)
( I ) Aluslo i dlsperiSo de Israel por entre st naçSes a quando da
ruina de Samarla e depois do cativeiro de Bablldnia, motivada pelos pecados
do povo, e ao afervoramento do mesmo no culto de Yahweh que de ai

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Que aprendam, como nós aprendemos,
que não há outro Deus senão Vós, Senhor.

III — Que abrevie o prazo p ara o cumprimento das


suas prom essas reproduzindo as m aravilhas de outrora.
Renovai os prodígios, reproduzi as maravilhas,
glorlflcai a vossa mão e o vosso braço direito.
Excitai a vossa Ira, derramai a cólera,
destrui o adversário, esmagai o inimigo.
Abreviai o tempo, e lembrai-vos do termo (fixado), (1)
para que se proclamem as vossas maravilhas.

IV — Que a repressão dos nossos inimigos seja


desta vez completa.
Que pela Ira das chamas seja devorado o que tiver escapado,
eque encontrem a perdição osque maltratam o vossopovo. (2)
Esmagai a cabeça dos chefes inimigos,
desses que dizem : «Não há nada senão nósU
Reuni as tribus todas de Jacob,
e restitul-lhes a herança que tinham no princípio. (3)

V — Que 0 Senhor tenha enfim piedade de nós que


som os 0 seu povo, especialmente dedicado ao seu culto-
Senhor, tende piedade do povo chamado do vosso nome,
de Israel a quem chamastes o vosso primogênito.

(1) o tempo, o termo fixado, entende-ae da era meaalánlca em qne


Deus procederia ao Julgamento daa oaçOes recebendo no selo de Israel as
que se convertessem e castigando as demais. É possfvel e multo provivel
que haja aqnl uma alusBo ao prazo das sete semanas de Daniel. Este tempo
comecou com a vinda de Jesus Cristo e só estará terminado com o julga­
mento definitivo de todos os homens no fim do mundo.
(21 «Ira das chamas»; Entende-se as chamas da cólera divina.
(3)* A herança que tinham no principio ó a terra da Promissie.
A Vnigata Intercala aqui, entre as duas partes deste verso, um ontro qne diz:
ePara que aprendam que nSo há oulro Deus senio Vós, e narrem as vossas
maravilhas», o qual ê reprodução de outro acima e parece aer uma glosa.

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Tende piedade da cidade que possue o vesso santuário,
de Jerusalém, lugar do vosso repouso.
Enchei Slão do vosso esplendor,
e 0 templo da vossa glória.

C o nside raçõ e s e a plicações lilúrgicas: 0 que o


Autor Sagrado pedia no seu canto veio a realizar-se ou
está‘se realizando, mas, quanto à genlilidade, sabemos
que Deus se lhe manifestou antes sob o aspecto do
Bom Pastor que corre após a ovelha perdida. A sua
cólera recai mais sobre o pecado do que sobre o peca­
dor, que só vem a sofrer-lhe o justo rigor quando recusa
até final converter-se.
Clamemos também nós a Deus com o Autor
Sagrado suplicando-lhe que renove os seus prodígios de
conversão de gentios, como no princípio; que sobre
todos f a ç a brilhar a luz das suas m isericórdias; que
derrame o seu am or sobre as nações que 0 não iêm
procurado, para que aprendam que não há outro D eus
senão E le ; que abrevie o tempo e não se esqueça do
termo fix ad o para que a luz da fé irradie por toda a
terra e seja completado o número dos escolhidos, e que
venha depressa a vitória de Cristo na sua Igreja.
E desviemos todas as imprecaçOes, e toda a cólera, e
toda a ira em chamas, para sobre os nossos inimigos
espirituais, para sobre os falsos sistemas doutrinários
que seduzem e pervertem a Humanidade e que em
nenhum tempo pulularam tanto como no nosso. Sobre­
tudo sobre o ímpio sistema do nada-senão-nós, a vil
antropolatria ou o laicismo materialista dos ^empos
modernos.

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Laudes II
OABTICO DB HOISiS

(Audiie Coeli. Deui. X X XII, I - I 3 )

In trod u ção: Moisés, querendo gravar bem fundo na memó­


ria de Israel a especiallssima benevolência de que Deus usara para
com ele, e a maneira ingrata e infiel como corresponderia a tantos
benefícios, os castigos,— sobretudo opressão dos inimigos, que po r
esse motivo atrairia sobre s i —, e como, finalmente, israelitas e
nações inimigas, castigadas po r sua vez, se Juntariam num só povo
unânimes no louvor divino, compôs esle cântico para ser recitado
de geração em geração.

I— Tema do cântico: — Louvor a Deus pela sua


Justiça, fidelidade e perfeição.

Escutai, céus, que eu vou falar,


Ouve, terra, as palavras da minha boca.

Que o meu ensino se derrame como a chuva,


que a minha palavra caia como o orvalho,
Como 08 aguaceiros sobre a erva,
como a chuva miudinha sobre a relva (1 ).

Porque eu vou proclamar o nome de Yahweh,


— Magnificai o nosso Deus I

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O Rochedo I (1) A sua obra é perfeita,
e todas as suas vias são justas.

É um Deus fiel e sem Iniqüidade,


justo e recto, Ele I

II — Infidelidade e ingratidão de Israel.


Portaram -se mal com Ele, eles, não seus filhos mas sua ver­
gonha,
raça falsa e perversa.

£ assim que correspondes a Yahweh,


povo sem vergonha e sem ju izo7l
N ão é Ele o teu Pai, o teu Criador,
quem te formeu, quem te estab eleceu ?!

Lembra-te dos antigos dias,


considera os anos jjassados, geração por geração.
Interroga o teu pai e ele te enslnarí.
os teus anciãos e eies te dirão.

III — Benefícios de que Deus cumulou Israel.


Quando o Altíssimo destinou às naçfles a herança de cada uma
quando separou os filhos de Adão,
fix o u os limites dos povos
segundo o número dos filhos de Israel (2).
Porque o quinhão de Yahweh é o seu povo,
Jacob é a parte da sua herança.

( I ) Como já dissemos, a S. Escritura dá multas vezes a Deus o nome


de Rochedo, imagem que traduz a Idela de Inviolabilidade noa propósltoa,
imutabilidade absoluta nas promessas, segurança na prolecçlo, majestade,
forca. etc.
vista o espaço qne devia

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Manteve-o no Deserto,
na*8êde ardente, na terra sem água (1).
Rodeou-o de desvelos, cuidou dele,
guardou-o como a pupila dos olhos.

Como a águia que, incitando a ninhada a voar,


volita por sobre os filhinhos.
Abre as asas, toraa-os,
ieva-os ae abrigo das penas.

Assim 0 conduziu Yahweh, Ele só.


Nenhum deus estava com Ele.
Fê-lo subir às colinas do pais (2),
e Israel comeu dos frutos dos campos.

Fê-lo sugar o mel do rochedo,


e o azeite da rocha a mais dura (3),
A nata da vaca, o leite da ovelha,
com a gordura 4 o s cordeiros,
Dos carneiros de Basan e dos bodes,
com a f l e r do t r ig o ...
— e bebeste o sangue do cacho, o espumoso vinho.

IV — Ingratidão de Israel para com Deus.


Mas 0 mimalho começou a engordar e 'a re c a lc itra r.. .
— Sim, tornaste-te gordo, nédio, cheio I —
E abandonou a Eloah seu Criador,
desprezou o rochedo seu Salvador.

(1) LIcflo do LXX. A Vnig. diz: - Encontrou^) numa terra deseit»


num local de horror e vaata aoUdSo. Mas nio se sabe a qoe tacto preciso se
reterem estas palavras, poique Deus nio encontrou o povo no Deserto, mas
tol Ele que lá o conduziu. A llçio dos LXX parece melhor.
(2) Pata Mnisès, que contemplava o pais de Canaan das plaotcles d»
Moab, este apresentava-se como .uma aucessio de colinas a que era neces­
sário subir.
(3) As vezes os enxames estabelecem a morada nas aniractuosidádes
dos rochedos, fabricando al um mel, tanto mais apreciado quanto maU dificll
de colher. O azeite colhido em terrenos rochosos costuma ser o maU tino.

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fixcitaram-lhe o ciume com deuses estranhos,
irrltaram-no com abominações.
Ofereceram sacrifícios a demônios que não sSo Deus (1),
(deuses desconhecidos, novos, recem-vindos),
ante os quais não tremeram os vossos pais.

0 Rochedo que te gerou.


o Deus que te deu & luz.

V — Indignação de Deus que am eaça com castigos.


Yahweh viu-o e desprezoi
0 dos seus filhos e filhas.

O Isse: — «Ocultar-lhes-ei a face,


a ver em que vão dar».
Porque são uma gente perversa,
filhos de má fé.

'Excltaram-rae o ciume com o que não é Deus,


Irritaram-me com seus ídolos vãos,
E eu excitar-lhes-el a inveja com o que nem sequer é povo.
Irritá-los-ei com uma nação insensata.

VI — E feitos da cóiera divina.


Porque o fogo da minha cóiera acendeu-se.
e eie queima até no fundo da mansão dos mortos (2),
Devora a terra e es seus produtos,
abrasa os alicerces das montanhas.

(1) Demônios on gênios, pottnelas espicitnals que os Idólatras Julga­


vam presidir aos vários fenômenos da aatureza e que represenUvam como
ídolos.
(2) A côIera de Deus é semelhante a um fogo que tudo podealingir,
que atinge os culpados até no fundo da mansBo dos mortos. A tradiçflo cató­
lica tem entendido esta passagem dos tormentos do Inferno. Pensamos que o
Espirito Santo quis por melo destas analogias e metáforas dar-nos uma Idela
da grandeza dos tormentos dos que caem sob a acçlo da Justiça de Deus,
onde quer que estejam, sem nos declarar a natureza desses tormentos.

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Acumularei males sobre eles,
sobre eles esgotarei as minhas flechas.
Serâo extenuados peia fome, devorados pela sêde.

Enviarei contra eles o dente das feras,


e 0 veneno dos reptis do pó.

No exterior desvastá-Ios-á a espada,


no Interior serão cheios de horror,
O jovem como a donzela,
0 menino como o velho (I).
Sou Eu que o digo: — Vou v a rrã -lo s. . .
apagar-lhes a memória de entre os homens.

Não fosse ele a arrogância do InimigoI. . . — D esistirei. . .


não vão os adversários engahar-se e d izer:
— A nossa mão é que foi valente 1
Tudo isto . . . não foi Yahweh que o fez I

VII — Atrevimento orgulhoso e louco dos inimigos


de Israel.
De certo, se há nação que tenha perdido o juizo, são e le s !
Não tóm Inteligência alguma!
Prouvera ao céu que fossem inteligentes para compreenderem
e verem bem o fim que os espera.

Como é que um homem perseguiria mil,


e dois fariam fugir dez mll.
S t 0 seu Rochedo os não tivesse vendido,
se Yahweh os não tivesse entregado ? !
Porque o rochedo deles não é como o nosso Rochedo.
Os nossos Inimigos são uns ton tos!

(1) Os que eBtlverem fóra dos muros da ddadt, nos campos de baU-
lha, serao Wllmas da espada, e os que esUverem a dentro dos mesmos muros
sotrerBo todos os borrores do slllo.

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VIII — Corrução dos inimigos de Israel.

Sim, a vinha deles é da planta de Sodoroa,


e do torrão de G om orra;
As uvas deles são uvas venenosas,
são cachos de am argura;
O vinho deles é fel de dragões,
é peçonha torte de áspides (1).

Tudo isto não tenho eu guardado comigo,


conservado secreto nos meus a rq u ivos?!
A mim a vingança I Eu retribuirei,
quando lhes resvale o pé.

IX — Castigo dos inimigos de Israel


Sim, 0 dia da sua desgraça está próximo,
e 0 destino deles precipita-se.
Sim, Yahweh fará justiça ao seu povo,
deixar-se-á apiedar dos seus servos.

Quando vir que a força deles está esgotada,


e que desfalecem, escravos e livres.
D irá: - Onde estão os deuses deles,
0 rochedo em que punham a sua confiança?!

Esses deuses que comiam a gordura das suas vitim as,


que bebiam o vinho das suas lib ações?!
Que se levantem e vos socorram,
que vos sirvam de abrigo 1

Vêde agora que só eu existo, eu só,


e não há outro deus ao meu lado.

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Eu é que faço m orrer, eu é que faço viver,
eu é que feri, eu é que hei-de curar,
e não há ninguém que se possa livrar da minha mão.

X — Deus jura por si-mesmo que efectuará estas


am eaças.
Sim, Eu levanto a minha mão para o céu e d ig o :
— Tão certo como viver Eu eternamente.
Afiarei a minha espada,
a minha mão tomará o governo.

Tirarei vingança dos meus inimigos,


retribuirei aos que me odeiam.
Embriagarei as minhas flechas de sangue,
a minha espada fartar-se-á de carne,
Do sangue dos mortos e dos cativos,
da cabeça dos chefes inimigos (I).

X I — As nações, unidas a Israel, aclam arão a


Deus.
Ovacionai, nações, a Deus, com o povo seu,
e que todos os anjos de Yahweh se prostem ante Ele.
Regozijai-vos nações com o povo seu,
e que todos os filhos de Deus confessem o seu poder.

(1) NBo se estranhe este tSo grosseiro antropomorflsmo. NBo foi este
cântico escrito para as sensibilidades dos séculos XX depois de Cristo, mas
para as do século XX antes de Cristo. Deus é-nos aqui apresentado sob a
figura de um rei vitorioso dos seus Inimigos, como podiam sB-lo por entBo os
da Assirla. SBo analogias exprimindo o quanto de terrível terá o Juízo de
Deus sobre os seus Inimigos.
(2 ) LIçBo dos LXX. O T. M. e a Vulgata sBo bastante mais curtos.
Mas a llçBo dos LXX harmonlza-se meibor com o contexto e dá uma conclu-
slo mais solene ao cBnUco. No Texto dos LXX mesmo, a aceitarmos como
boa a dIvIsBo das estrofes e versículos. faltarBo dois bemlstíqulos.

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Porque Deus vingou o sangue dos seus servos,
tirou vingança dos seus adversários.
Retribuiu aos que 0 odeavam,
e purificou a terra do seu povo.

Considerações e aplicações litúrgicas: Vendo


Deus que a Humanidade, pervertida por ímpia magia,
seduzida por falsas ideias filosóficas e grosseiros sim­
bolismos, a que o vulgo amputava o já diminuto fundo
de verdade que continham, transformando-os em ídolos,
ia perdendo a noção exacta do seu Criador e pouco a
pouco descaindo no culto do que não era Deus, quis
escolher, dentre todos, um povo em que, por uma espe­
cial sua acção providencial, se mantivessem vivos e
puros o conhecimento e o culto da sua Divindade;
povo de cuja raça, segundo a carne, nascesse o Verbo
Humanado, e fossem os primeiros discípulos encarre­
gados de transmitir a todo o mundo a boa-nova da
Redenção. Tal foi o povo de Israel.
Sobre este povo eleito derramou Ele em abundân­
cia os seus benefícios, extraindo-o maravilhosamente
do cativeiro do Egito, coadunando-o e educando-o no
Deserto com extraordinários prodígios, e estabele­
cendo-o, por fim, não menos maravilhosamente na
Terra da Promissão, a tal em que manava leite e mel.
Para toda. esta missão, — libertá-lo, organizá-lo e esta­
belecê-lo—, foi escolhido Moisés o Homem de Deus.
Mas sentindo este que a sua missão ia findar, e que em
breve se terminariam seus dias, prevendo profètica-
mente que o povo havia de ser ingrato e infiel a Deus
e por esse motivo cair em poder dos inimigos, quis
não só anunciar-lho, mas que o gravasse profunda­

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mente ná memória e o transmitisse às gerações vin­
douras, sob a forma de uma canção que desse ao
mesmo tempo testemunho contra eles. Para isso com­
pôs 0 presente cântico que a Santa Igreja quer que
recitemos também nós nos dias de penitência.
Não é a história de Israel, quanto a correspondên­
cia à graça, a história de cada um de nós, e até em
certo modo a história do povo cristão?
Não merecemos também nós a apóstrofe do Pro­
feta — * É assim que correspondes a Deus. povo sem ver­
gonha e sem ju iz o *?
Cumulados, eles, — não seus filhos m as sua ver­
g o n h a —i de tantos beneficios, tornaram-se gordos,
nédios, cheios, saturados e insensíveis à Divina Bene­
volência, e abandonaram o seu Criador, desprezaram o
seu Salvador, forçando-0 assim a abandoná-los por sua
vez nas m'ãos dos seus inimigos. Cumulados nós, e
muito mais, dos inapreciáveis benefícios da nossa
Redenção, enriquecidos sobremaneira dos maravilhosos
meios de salvação que Cristo instituiu e deixou no seio
da sua Igreja, não é verdade que também nós, e muitas
vezes, nos tornamos gordos, nédios, cheios, e começa­
mos a recalcitrar, não lhes dando apreço, nem nos
sujeitando ao suave jugo do Divino Amor?
Então Deus abandona-nos momentâneamente aos
nossos inimigos, e, se persistimos, faz-nos ver quSo
terrível é cair nas mãos do Deus Vivo, cuja cólera
4jueima até no fundo da m ansão dos mortos. Não é
outra a causa de tantos insucessos da Igreja, tantos
desaires do povp cristão, e até da extinção do cristia­
nismo em tantos países.
Os inimigos de Israel, ainda que instrumentos da

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justiça divina eram bastante piores do que os israeli­
tas. Quanto aos inimigos da Ig re ja ... não têm com­
paração. Por isso a estes, aos que não vierem por fim
a converter-se e a ovacionar a Deus com o povo seu,
mais rigoroso castigo os aguarda.
Recitemos pois este cântico com espírito de arre­
pendimento e humilde confissão das nossas faltas e
ingratidão a tantos benefícios que temos recebido.

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Prima

In trod u ção: Ardente prece pedindo a intervençHo de Deus


na luta que o salmista prossegue contra os Implos, sobretudo os
que abusam do poder e situação social para oprimir os pobres e os
desamparados, e afirmação consoladora para estes de que Deus
intervirá alfim a todos fazendo justiça.

I — Que Deus vingador e defensor dos fracos inier-


venha contra os opressores.
Deus vingador Yahweh,
Deus vingador ostentai a vossa majestade H ).
Levantai-Vos, Governador de toda a terra,
e dai aos orgulhosos o que merecem.

Até quando, Yahweh, os ím p io s...


até quando se gloriarão eies?l
Até quando vomitarão arrogãncias,
e falarão grosso,, todos esses fabricantes de iniquidades?!

Eles esmagam o vosso povo, Yahweh,


e oprimem a vossa herança.
Degolam a viúva e o estrangeiro,
massacram os orfãozinhos.
E dizem : — ..Yahweh não vê I
Ele não faz caso, o Deus de Ja cob !» (2)

(1) o s

(2) A razio deate proceder dos ii

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I I — Sim, Deus vela pelos justos e castigará o s
maus.
Pois então fazei-o vós, ó estúpidos entre os estúpidos do povo t
Loucos, quando é que ganhareis ju izo? I
Então 0 que fez os ouvidos não o u v irá ?!
Quem formou os ólhos não verá ? !
Quem dá o ensino aos povos não poderá corrigir?!
Quem instrue os homens não terá saber? I
Deus sabe que os pensamentos do homem não são mais
que um sopro t

Feliz do homem a quem Vós, Yahweh, dais o ensino,


a quem instruis sobre a vossa lei.
Para lhe dar a paz no dia da desgraça,
até que se acabe de abrir a cova para o impio.

Porque Yahweh não enjeitará o seu povo,


não abandonará a sua herança.
Porque o governo virá às mãos do justo,
e todos os de coração recto lhe hão-de aderir (1).

III - Motivo de c o n f i a n ç a D e u s é pelos fr a c o s


contra os prepotentes.
Quem se levantará por mim contra os m aus?l
Quem comigo se porá em campo contra os fabricantes de
iniqüidade?»
Depressa iria morar no silêncio a minha aima.

Porque se eu digo: — Ai, que me resvala o pé I,


a vossa benevolência, Yahweh, vem logo suster-me.

(I) 0 poder há-de passar às rnSos de governador amante da justiça.


Este governador seria mais provàvelmente o próprio David, quer este salmo
se refira literalmente aos tempos em que dominava Saul, quer aos de Absa-
lao, porque eram ambos caracterizados pela desordem e banditismo, estado
social que este salmo supSe.

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Nas minhas muitas ansiedades,
as vossas consoiações vêm :

Serieis por ventura aliado do infausto governo


que por vias legais faz sofrer o inocente ? I
D esses que atentam contra a vida do justo,
e condenam o sangue in ocente?!

Não! Yahweh é para mim uma cidadela ;


o meu Deus é o rochedo em que me refugio.
Fará recair sobre eles a iniqüidade que praticam.
Exterminá-los-á por meio da sua própria malícia.
Sim, Yahweh o nosso Deus há-de exterminá-los.

C o nside ra çõ e s e a plicações lifúrgicas : Este


salmo deve entender-se, em sentido espiritual, do Cristo
e da sua Igreja. São muitos os inimigos de Cristo
vivendo na Igreja, e é tal a sua preponderância e
sucesso, a sua arrogância irreprimida e vitoriosa, que
chegam a convencer-se de que Deus não vê. não fa z
c a s o . . . não existe, pela certa.
Por eiitre tanta prepotência, tanto crime invingado,
as viuvas e os estrangeiros degolados, os orfãozinhos,
massacrados, atrocidades muito reais no tempo do Sal-
mista, mas que no nosso foram substituidas por outras
não menos reais e atrozes, embora menos cruentas, e
sobretudo a grande hecatombe de almas remidas pelo
sangue de Jesus, felizes de aqueles a quem Deus dá o
ensino, dá a luz e a compreensão de que tudo isto será
só até que se acabe de abrir a cova para o ímpio por­
que 0 governo — efectivo, total, absoluto — virá às
mãos do Justo por excelência Jesus Cristo, o qual extir­
pará da face da terra'toda a maldade. Esse tal gozará
de imensa paz nos dias de desgraça deste mundo.

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Entretanto ouçamos o apelo ansioso e decidido que
0 nosso Divino Chefe nos faz; — *Quem se levantará
por mim contra os m aus? — Quem comigo se porá em
campo contra os fabricantes de iniqüidade ?>, e sigamos
resolutos após Ele, adiramos a Ele de todo o coraçSo,
pondo-nos no campo do apostolado pela salvação das
almas, nesta ingente luta que vem travada desde o
alvorecer das idades contra as potências do mal, e que
só findará, acabando em vitória estrondosa e decisiva,
quando estiver completo o número dos escolhidos, no
dia do julgamento final. Nesse dia, sim, que o Deus-
-Vingador ostentará toda a sua majestade rodeado de
todos os que houverem sido perseguidos e espèzi-
nhados.
A Santa Igreja aplica' este salmo à arrogância e
ferocidade, aparentemente invingada e irreprimida dos
inimigos de Jesus na sua Paixão e Morte, nos Ofícios
da Sexta-Feira Santa e Precioso Sangue (III Noct.
Saim.. 3).

SALHO 107

Este salmo compõe-se de dois fragm entos: o primeiro, com­


posto dos Vv. 2 a 6, é igual ao Salmo 5 6 Vv. 8 a 1 2 ; o segundo,
composto dos Vv. 7 a 14 é igual ao salmo 5 9 Vv. 7 a 14. Por­
tanto vejam-se estes dois salmos, pá g. 329 a 3 3 0 e 3 3 8 a 340.

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Tércia

Introdução: Ardenie apêlo de uma alma profundamente


atribulada à misericórdia do seu Deus. Duas partes: na primeira
trata-se de um caso pessoal, uma doença de que se pede c u ra : na
segunda pede-se a restauração de Stão, profetizando-se que esta
terá lugar quando todas as nações se reunirem para servir a Deus.
Perspectiva messiânica.

1 — 0 salm isia suplica a D eus que atenta à sua


desgraçada situação.
Ouvi Yahweh a minha oração,
e que chegue até Vós o meu clamor.
Não me oculteis a vossa face,
no dia da minha aflição.
Inclinai para mim o ouvido quando Vos invoco,
apressai-V os a atender-m e.

Porque se vão desvanecendo os dias como fumo.


e tenho os ossos candentes como brasas (I).
O meu coração está sèco como fen o:
esqueço-me até de comer o meu pão.
Tão intenso é o meu gemer,
que se me colam os ossos à pele.

II — Continüa expondo a profunda miséria da sua


situação.
Sou como 0 pelicano do deserto,
tornei-m e como o mocho das ruinas.

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Passo as noites de vela,
e tornei-me como a ave solitária sobre um tecto (1).
Todos os dias os meus inimigos me cobrem de opróbrios,
os furiosos contra mim servem-se do meu nome para pra­
guejar (2).
Porque a minha comida é cinza em vez de pão,
e a minha bebida é misturada com lágrimas (3),
Por causa da vossa cólera e da vossa indignação,
porque me havels agarrado e arremessado para longe.
Os meus anos declinam como uma sombra,
e vou-me secando como a erva do campo.

III — P ela Sua eternidade que Deus lhe não abre­


vie a vida.
Ele quebrou-me as forças pelo caminho,
abreviou-me os dias (4).
Eu d isse: — Meu Deus, não me leveis a meio dos meus dias,
Vós cujos anos perduram eternamente.

( 1) A ave aolllárls é uma espécie de ave que quando lhe morre a

(2) Dizem:—Que sejas como F. ou que te aconteça como F. - o

e se cobria de cinza, diz que o seu pSo é cinza.


(4) A primeira parte, prece de um moribundo, é, no texto tal como
chegou até nós, cortada aqui abruptamente, passando o texto a referir-se a
Siao com o V. 13 ou pelo menoa 14. Com o v. 24, novo corte abrupto, e volta

antiga na ordem dos Vv. (vid. Hugueny). Os Vv. 24 a 28, parecem constituir
um bloco, e tCm todo o aspecto de ser a estrofe Intermediária do salmo.
Colocando-a pois no lugar devido, isto é : entre a segunda e a quarta estrofe
obtém-se um sentido mais compreensível e lógico. 0 v. 13, primeiro da IV
estrote segundo nós, e que é como que uma síntese de toda a eslrole intermé­
dia, serve de ponte para passar sem salto á segunda parte do salmo, a que se
refere a SIBo. O autor sagrado desta segunda parte, quer seja o mesmo que
da primeira, quer seja um outro que tenha aproveitado um salmo preexistente
para e aplicar ao caso de SISo acrescentandc-lhe alguns versículos, serve-se
da mesma razlo invocada na prece pelo doente, isto é: a eternidade de Deus,
para pedir também a reedilIcaçBo de SIBo. Em vista disto, após o v. 12, inse-

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Há muito tempo já que fundastes a terra,
que os céus foram feitos pela vossa mão.
Eles hão-de perecer, mas Vós, permaneceis.
Sim, eles hão-de cair a pedaços como um vestido velho.
Como um vestido haveis de os mudar, e serão mudados,
mas Vós permaneceis sempre o mesmo, e vossos anos não
terão fim.

IV — Que 0 Senhor reedifique Siõo, para sua


glória.
Yahweh, Vós que reinais por todo o sempre,
cuja memória subsiste de geração em geração.
Levantai-vos e tende piedade de Sião,
porque vai sendo tempo de ter piedade, é chegado o termo-
fixado,
Porque os vossos servos prezam-lhe as pedras,
amam-lhe o próprio pó.

E as nações temerão o nome de Yahweh,


e todos 06 reis da terra hão-de venerar a vossa glória,
Quando Yahweh houver reedificado Sião,
quando tiver sido visto na sua glória,
Quando se tiver voltado para atender à prece dos desam­
parados,
e lhes não tiver desprezado as suas súplicas.

V — Sim, 0 Senhor reedificará Siõo para uma g e­


ração fatura em que haverá de^ todas as nações.

Isto será escrito para a geração vindoura,


e um povo ainda por criar louvará a Yahweh,

rimos os Vv. 24 a 28 (III eslf.) a seguir os Vv. 13 a 23 e mais o 29 (IV e V


eatl.). A ordem tradicional é pois fácil dc reconstituir. A notar as afinidade»
deste salmo com o cántlco de Ezequias. O começo desta III estrofe corres-

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■Quando Yahweh tiver olhado das suas alturas santas,
quando dos céus se tiver inclinado para a terra,
Para escutar os gemidos dos cativos,
para libertar os votados à morte.

Para que se publique em Sião o nome de Yahweh,


e a sua nomeada em Jerusalém,
Quando se reunirem todos os povos,
- c todos os reinos para servir a Yahweh.
O s filhos dos vossos servos terão morada fixa,
e a sua posteridade permanecerá diante de Vós.

Considerações e aplicações litúrgicas; É este


um dos salmos cuja recitação a Igreja recomenda
quando queremos pedir a Deus, com humildade e arre­
pendimento, que se digne remediar as fraquezas e
misérias da nossa vida espiritual, e que por isso se
chamam penitenciais.
Na verdade a situação do moribundo, suspenso
entre a vida e a morte, tem grande analogia com a da
alma de todos nós, atacada de tantos inimigos, presa
de tantas doenças espirituais, sempre prestes a perder
a vida da graça. A Sião desmantelada é outro símile
da nossa alma, que perdeu a rectidão original, e tantas'
são as brechas que o pecado nela abriu e abre,— às
vezes até causar-lhe a perda da graça—, que bem
precisa a cada momento da divina restauração.
0 mesmo se pode aplicar à Igreja, que sofre das
misérias dos seus filhos, e cujo estado neste mundo é
o de uma edificação incompleta e precária, que bem
precisa de tornar-se firme e definitiva. Isto porém só
terá lugar quando... o Senhor tiver sido visto na sua
glória, e todos os povos se houverem reunido para servir
. a Deus.

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Sexta
SALHO 103

Introdução: Admirável hino ao Criador, em que o Sat-


mista, descrevendo de um modo geral mas mui poético, a obra da
criação, faz ressaltar o poder, a sabedoria, e a providência d e
Deus.

l — Glória a Deus cheio de majestade e poder.


Bem-dize minha alma a Yahw eh!
Yahweh, meu Deus, sois infinitamente grande I
Revestido de majestade e de esplendor,
envolveis-Vos em luz como num manto.

Ele estende os céus como os panos de uma tenda,


fixa nas águas os postes das suas câmaras altas (1>,
Faz das nuvens o seu carro,
avança nas asas do vento,
A ’s suas ordens os anjos revestem a forma de ventos,
e os seus ministros a de fogo devoradoi (2).

(1) A cflmara alta era o aposento de bonra na casa oriental. Era edt-
llcada no alto, sobre o terraço das casas, e às vezes sobre quatro ou mais
postes. Deus edificou a sua morada, — os céus —, sobre as águas superio­
res, nome dado á maléria cósmica que está para além da atmosfera.
(2) «O próprio Deus é conhecido como realmente presente na natu­
reza, envolvendo-se em luz, levantando a tenda no céu, usando as nuvens

1 qualidade de elementos superiores nas teofanias» Ita Perennés.

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II — Glória a Deus que criou a ierra e a se
do mar.
Firmou a terra em seus alicerces,
e ela ficou inabalável para sempre.
Cubria-a o Oceano como um manto,
e as águas ultrapassavam o cume das montanhas.

Mas diante da vossa ameaça fugiram,


ao ruldo do vosso trovão tomaram a fuga (1).
Fizeram surgir as montanhas e cavaram os vales,
no lugar que lhes haviels designado.
s um limite que não u
não mais poderão voltar a cobrir a terra.

III— Glória a Deus que criou os rios com que rega


a ierra.
E le lança as nascentes nos vales,
e elas escoam-se por entre montanhas.
Delas bebem os animais silvestres,
a elas v6m dessedentar-se os ónagros.

Por cima delas moram as aves do céu,


e por entre a folhagem fazem ouvir os seus gorgeios.
Das suas câmaras altas Ele rega as montanhas;
a terra sacia-se com o fruto das vossas obras.

IV — Glória a Deus que f a z brotar da ierra as


plantas.
Ele faz brotar erva para os rebanhos,
e as plantas cultivadas pelo homem,
para fazer sair o pão do seio da terra.

!8 deixando a aeco a terra.

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O pão que fortalece o coração do homem (1),
0 vinho que alegra o coração do homem,
que lhe torna a face nédia mais que azeite.

As árvores de Yahweh são saciadas,


e os cedros do Líbano que plantou.
Nelas fazem as aves seus ninhos;
a cegonha põe a sua morada nos ciprestes.
As altas montanhas são para as cam ursas;
nos rochedos se abrigam as cabras montese:

V — Glória a Deus que estabeleceu ordem na terra


e dividiu os tempos.

Ele fez a lua para marcar os tempos,


e o sol. que não se esquece da hora do seu pôr.
Derramais as trevas e é n oite;
põem-se em giro os animais todos das florestas.
Os leõezinhos que rugem em pós da presa,
pedindo a Deus o seu alimento.

Nasce o s o l: retiram-se eles,


aninhaiíi-se em seus covis.
Sai o homem para a sua tarefa,
para o seu trabalho até à noite.

V I— Glória a Deus que até cuida dos peixes no


fundo dos mares.

>, Yahweh, as vossas obras!


Fizeste-Iss todas com sabedoria!
A terra está repleta dos vossos bens I
Vejamos agora o vasto mar de imensas p lagas:

grandes e pequenos animais.


(I) V. 17 b; et panis cor hominis conllrmet, ata CondamIn).

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P or ele passeiam os navios,
e 0 leviathan que formastcs para brincar nas ondas.

Todos esperam de Vós.


que lhes deis o alimento a seu tempo.
Dais-lho c logo o apanham,
abris a vossa mão e eles saciam-se de bens.

Desviais deles a face e logo ficam pasmados,


retomais-lhe o sopro vital e logo expiram.
Enviais o vosso sopro e são criados,
e renovais a face da terra (1).

VJI— Glória a Deus por tudo quanto fe z .


Glória a Yahweh para sempre I
Que Yahweh se regozige das obras que fezl
Ele olha para a terra e ela treme,
Ele toca as montanhas e elas fumegam.
Quero cantar a Yahweh enquanto viver,
modular salmos ao meu Deus enquanto existir.

VIII— Que da terra desapareçam os pecadores.


Suba até Ele o meu cante I
Eu, por mim, alegro-m e em Yahweh.
Que da terra desapareçam os pecadores,
e nela não mais haja implos.
Minha alma bem-dize a Yahweh!
Louvai a Yahweh I

Co nside raçõ e s e a plicações lilúrgicas: Na sua


simplicidade, este salmo é um dos mais belos e poé-
(1) Dtus é Senhor da vida e da morte. A vida é chamada na Sagrada
Eacritura, aopro ou fdiego, fAlego ou sopro que Deus Inspira na face das
criaturas pelo qual elas ücam vivendo. Deus nSo s6 dá a vida mas a con­
serva a cada momento. Bastaria que desviasse a face ou que deixasse de
cuidar das ariaturas para que logo roltasaem ao nada.

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ticos do saltcrio. Façamos-lhe uma rápida aná­
lise.
0 Salmista, de começo, apresenta-nos o Criador,—
um ser transcendente, cujo vesiido é feito de majestade
e esplendor, cujo manto é tecido de luz. Dentre as
criaturas, a primeira são os céus. Deus estendeu-os —
a abóbada celeste — por sobre a terra, como os panos
de uma tenda. De permeio correm as nuvens — o carro
de Deus sopram os ventos, rugem os furacões,
faiscam os relâmpagos, e tudo isto são mensageiros,
são ministros de Deus. Por debaixo fica a terra. Esta
estava a princípio coberta pelas águas, que tudo inva­
diam, tudo sepultavam. Mas Deus am eaça-as, assus­
ta-as com trovões, e elas fogem , correm a recluir-se no
seu lugar, que é o mar, e não mais lêm o atrevimento,
por maior que seja a sua fúria, de ultrapassar os limi­
tes que Deus lhes estabeleceu e invadir de novo a terra.
Na sua fuga, e de caminho, cavam os vales, avaliam as
montanhas. Mas Deus tão-pouco quer que a terra
fique sem água, e. por isso faz brotar as nascentes do
seio da terra, alimenta-as regando as montanhas, e elas
vão-se escoando, serpenteando pelo fundo dos vales,
que logo se cobrem de denso arvoredo, em cujas rama-
rias soltam as aves seus gorgeios.
Sobre a terra assim ornada e preparada, faz Deus
surgir os animais, e, por fim, o Gênero Humano, a cujo
alimento provê, fazendo germinar dela a erva para os
rebanhos e o pão que fortalece o homem, o vinho que
lhe alegra o coração,
Mas sobre a terra é preciso ainda que tudo se faça
com ordem. Por isso Deus cria o sol, e cria a lua:
divide 0 tempo em dias e noites; destina esta para os

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animais bravios — paro os leõezinhos que rugem cm
pós da p resa —, e aqueles para o homem — para a sua
tarefa de extrair o pão do seio da terra, para o seu
trabalho a lé à noite. E não só, mas Deus destina a
cada espécie o seu alimento, a sua morada, o seu
habitat,— fls montanhas para as camursas, os roche­
dos para as cabras mcnteses, os ciprestes para as
cegonhas.
Nem dos mares se esquece, e logo dos fundos
abissais surge a imensa multidão dos pequenos c gran­
des animais aquáticos, os quais esperam. dEle o seu
alimento, que jamais falta, porque a mão de Deus é
pródiga, rt superfície velejam os navios, e brincam nas
ondas, em redor deles, os golfinlios.
E tudo está preso dc um gesto carinhoso da mão
de Deus, tudo csfá pendente da benevolência do seu
olhar. Se Ele desvia por um momento os olhos, tudo
se perturba e transtorna, e, quando Ele quer, a tudo
retoma o fôleg o da vida, e nem os monstros mais temí­
veis lhe resistem um segundo. A vida é dEle. Ele a
distribui como quer, dando-a a uns, a outros rctiraiido-a
— umas espécies definham e desaparecem, outras esten­
dem-se e progridem, — e assim vai renovando constan­
temente a fa c e da terra.
Que grande é o Senhor nas suas obras, como as
fez todas com sab ed oria!
A única nota discordante é o pecado. Por isso o
Salmista pede que desapareçam da terra os pecadores,
que nela não m ais haja ímpios.
A única nota discordante? — Será, mas é essa nota
que vai dar a Deus ocasião de mostrar uma grandeza
•nais munificente, uma sabedoria mais infinitamente

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rica, porque a acção de Deus sobre a natureza material
não é mais do que uma pálida analogia, um ténue vis­
lumbre das maravilhas que Deus opera no mundo das
almas, rcmindo-as, santificando-as, elevande-as até Ele.
É com este último pensamento que a Igreja aplica este
salmo ao Divino Espírito Santo na Festa do Pentecos-
les, e ao próprio Cristo — o Deus revestido de m ajes­
tade e de esplendor, envolto em luz como num manto, —
na Festa da Transfiguração.
Apreendamos pois bem o pensamento deste salmo
para o recitarmos como convém.

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Noa
SALMO 108

Introdução: 0 Salmisla perseguido, caluniado, ferido no


coração por pessoas a quem havia feilo bem e que lhe pagavam
perseguindo-o, posto a dois passos da morte, exala a alma em
queixa amarga diante do Senhor, a quem pede que o socorra e
salve. Levado da grande indignação que o domina, desabafa em
imprecações de uma violência inaudila contra os que o perseguem,,
principalmente contra um certo. Salmo messiânico. (V id Acl.
1-20). Davld era nesle caso figura de Jesus Cr^to na sua
Paixão (I). '

I - Senhor, que perversos e ingratos são os meus


inimigos ! C asiigai-os!
Deus do meu louvor não guardeis silêncio,
porque a boca do impio, pérfida boca, abriu-se contra mim.
Falam contra mim com lingua mentirosa,
envolvem-me dc palavras odientas, fazem-me guerra sem
motivo.

Em paga do meu amor tornam-se meus inimigos,


e eu o mal que faço é orar.
Pagam-me o bem com o mal,
pagam-me amor com ódio.

( t ) NBo devemos porém pôr literalmente na boca de Jesus as impie-


caçôes deste salmo porque sabemos que o que.Ele pediu para os Inimigos
foi; - Pai, perdoai-lhes porque nBo sabem o que fazem! - Nem todos os
traços da figura se podem aplicar ao figurado, mas sò os que lhe sBo aplicá­
veis. Podemos, sim, nestas imprecações ver a grande IndIgnnçSo do CoraçBo
Saniissimo de Jesus contra o pecado que vinha destruir e contra os inimigos

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Estabelecei-lhes como juiz um ímpio,
e que seja um adversário o que esteja à sua direita (1).
Quando for julgado saia condenado,
e que as suas súplicas se tornem um pecado (2).

II — Que 0 chefe dos inimigos seja castigado nos


filhos e nos bens.
Que tenha poucos dias de vida,
e que outro lhe tome o cargo.
Que seus filhos se tornem orfâozinlios,
e sua esposa viuva.

Que esses filhos se tornem mendigos c vagabundos,


e que sejam expulsos das suas casas arruinadas.
Que 0 credor esquadrinhe tudo o que lhe pertence,
e que estranhos pilhem o fruto do seu labor.

Que não haja quem ihe conserve afeição,


que ninguém tenha compaixão dos orfãozinhos que deixar.
Que a sua posteridade seja cortada pela raiz,
que 0 seu nome seja extinto numa só geração.

III — Que assim como procedeu se proceda com ele.


Que a Iniqüidade de seus pais permaneça inolvldada diante de
Yahweh.
e que o pecado de sua mãe não seja apagado.
Que estejam constantemente sob os olhos de Yahweh,
e que lhe desapareça da terra a memória.

Porque não se lembrou da benevolência,


porque perseguiu o humilde e o indigente,
e 0 de coração esmagado para o matar.

( 1) A direita colocava-sc eai juizo o advogado, o detensor. Ora sendo


esse delensor um adversário... já podemos calcular...
(2) Que 08 pedidos de benevolíncla que lizcr ao juiz sejam um
pecado, Isto é, que sejam por ele abominados que mais o eomproinclam.

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Amou a maldição. . . Que ela caia sobre e le !
Não gostou de ab en ço ar. . .
que a bênção permaneça longe dele!

0 de maldição como de uma túnica,


que seja dela embebido como de água,
que lhe penetre os ossos como azeite.

Que ela lhe seja um vestido que o envolva,


um cinto que constantemente o aperte,
Que tal seja o salário pjigo por Yahweh aos meus inimigos,
aos que falam em tirar-me a vida.

IV — Senhor salvai-me na minha angústia.

Mas Vós, Yahweh Adonai, tratai-me como o exige o vosso nome


libertai-me segundo a riqueza da vossa benevolência;
Porque sou humilde e pobre,
e tenho o coração esmagado dentro de mim.

Vou-me como uma sombra que declina,


sou expulso como o gafanhoto (1).
Vergam-me os joelhos à força de jejuar,
definha-me o corpo à falta de unção (2).

Tornei-me para eles um objecto de opróbrio:


Eles olham para mim e acenam com a cabeça.
Vinde em meu auxílio, Yahweh meu Deus,
salvai-me pela vossa benevolência.

( 1) Os gafanhotos v£m em geral em grandes massas impelidos pelo


venlo, e quando o não fossem, impelem-nos e expulsam-nos os povos, para
salvarem cs culturas.
(2) As unçCcs de azeite tinham um grande papel na cultura tísica dos
orientais. As unçOes estão aqui postas pelos cuidados higiênicos devidos ao
corpo que o salmista não podia ter, ou por pcnilcncla, ou porque a sua vida
ugituda de perseguido lhe não dava para Isso oporiunidadc.

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V — Confundi os meus inimigos e eu Vos louvarei

Que reconheçam que anda nisto a vossa mão,


que fostes Vós, Yahweh, que o fizestes.
Eles podem amaldiçoar,
Mas Vós abençoais.

Que sejam confundidos os que se levantam contra mim,


e que se alegre o vosso servo.
Que sejam revestidos de ignomínia os meus inimigos,
que sejam envolvidos em vergonha como num manto.

A minha boca dará a Yahweh vivas acções de graças.


Louvá-lo-ei no meio da multidão,
Porque se conserva à direita do pobre,
para o salvar dos que são inimigos da sua vida.

Considerações e aplicações lilúrgicas; A apli­


cação que deste salmo fez S. Pedro a Judas, como
chefe dos que prenderam a Cristo, reporta-nos aos
acontecimentos daquelas horas sangrentas da Paixão
do Senhor, e mostra-nos o Coração santíssimo de Jesus
profundamente ferido pela traição do apóstolo infiel e
pelo ódio inj‘usfíssimo dos seus inimigos. Em paga
do meu am or tornam-se meus inimigos, pagam -m e o
bem com o mal, o amor com o ódio.
Saibamos compreender e compadecer...
A Santa Igreja aplica-o também à Santíssima Vir­
gem no Ofício da Festa das Dores do tempo quaresmal.
Não se repercutem fortemente os senlimentos do filho
no coração da mãe?
0 mesmo salmo podemos aplicar à Igreja, a esposa
imaculada de Jesus, o seu corpo místico, e como que o
Cristo total. Também ela, apesar da sua acç3o ser

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toda de benemerências, muito tem tido que sofrer, atra­
vés dos séculos, da odienta perfídia e negra ingratidão
dos seus inimigos, quase todos filhos degenerados que
rasgam o seio da própria mãe. Quantos povos que
ela formou, civilizou, amparou nos seus primeiros
passos de nação, e que depois a repudiam fazendo
menção de desconhecê-la, esbulliam-na dos seus bens,
derrubam as suas instituições, rejeitam o influxo da
sua doutrina, impedem a sua missão, perseguem-na na
pessoa da sua hierarquia e dos seus fiéis mais dedica­
dos, e se esforçam, numa palavra, por estrangulá-la ?

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Vésperas
SALHO 143

In trod u ção: Prece contra um povo invasor ( !) .

1 — E fasões de amor.

Bem-dito seja Yahweh meu Rochedo,


(que seja exaltado o Deus meu Salvador) (2),
Que me torna aptas as mãos para a batalha,
e os dedos para o combate.

(Ele é) 0 meu abrigo, a minha fortaleza,


a minha cidadela, o meu libertador,
0 meu escudo com que me abrigo,
quem me curva os povos sob o jugo.

(Retirai-me e livrai-me da torrente,


das mãos dos filhos do estrangeiro.
Cuja bocá profere a mentira,
cuja dêxtera é uma déxtera embusteira) (3).

tr£s estrofes —, ligados entre si por uma prece, que se repele em cada estrote,
à maneira de refrém. A primeira estrofe com seu retrcm podemos chamá-la
um acto de amor de Deus. A segunda será antes nm acto de humildade; o
salmista compara a pequenez Insignilicante do homem com a grandeza de
Deus. A terceira sáo promessas de acção de graças, o que acção de graças
é já. A partir da última repéliçâo do relrém segue-se um retalho de aalmo,
— uma efusão de alegria e contentamento cujo nexo lógico com a parte
anterior é difícil dc estabelecer.
(2) Sendo este v. a citação do primeiro cmistiquio do v. 47. aalm.
XVII, convém complelá-la com o segundo.
(3) No texto primitivo devia exislir neste lugar o refrém que ae
repete na segunda c nn terceira cstrole. Convém pola rcstaurú-lo.

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II — Aclo de humildade.

Yahweh, que é o homem para que Vos ocupeis dele,


o filho do homem para que nele p enseis?!
O homem é semelhante a um sopro.
Os seus dias são como sombra que passa.

Yahweh, (porém), inclina es céus e desce,


toca as montanhas e elas fuinegam,
Faz brilhar os relâmpagos e dispersa-os,
envia as suas flechas e desbarata-os,
Do alto estende a m ã o ...

Retirai-m e e livrai-me da torrente,


da mão dos filhos do estrangeiro.
Cuja boca profere a mentira,
cuja dêxtera é uma dêxtera embusteira.

lU — Prom essas de acção de graças.

Elohim, eu hei-de cantar-Vos um cântico novo,


hei-de modular-Vos um salmo ao som da citara dc dez
cordas
A Vós que dais aos reis a vitória,
que salvais da mortífera espada a David vosso servo.

Retirai-me e livrai-me da torrente,


da mão dos filhos do estrangeiro.
Cuja boca profere a mentira,
cuja dêxtera é uma dêxtera embusteira.

I V — Efusões de alegria.

Os nossos filhos são como plantas novas,


que vão crescendo em seus viveiros.
As nossas filhas sào como coluiielos angulares,
esculturados, de palácios.

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Os nossos celeiros estão cheios,
abarrotando de provisões de toda a espécie.
As nossas ovelhas iimitiplicam-se aos milhares,
c por miriadcs, nos nossos campos.
As nossas vacas são fecu nd as...

Não há desgraça, não há perda,


não se houve um grito em nossas praças.
Feliz 0 povo que goza destes bens!
Feliz 0 povo que tem a Yahweh por Deusl

Considerações e aplicações lilúrgicas: Neste


salmo juxtapõem-se dois cantos de tonalidade diversa: —
0 primeiro é a oração dum chefe que implora dc
Yahweh que o, livre da mão dos inimigos;— o segundo,
é um hino a Israel, o povo favorito de Deus, cuja feli­
cidade é descrita em termos assaz pitorescos.
A primeira parte, recitada nesta tarde do último
dia da semana, convida a um sério exame de cons­
ciência, em que sejam computados os ganhos e perdas
destes sete dias, e leva a alma a agradecer ao Senhor
os favores recebidos e a pedir-lhe o triunfo sobre os
inimigos que nunca descansam.
A segunda parte mostra-nos na propriedade dc
Israel uma débil figura das realidades perenes que
Deus prepara no outro mundo àqueles que 0 amam.

SALHO 144

Inlrodução: Salmo alfabético. Colecção de Jaculatórias,


efusões de amor, de entusiasmo, etc., por Deus, as quais seguem
no eniantq um certo plano, como se verá pelas epígrafes das
esirofes.

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/ — Celebra se a grandeza de Deus.

Quero exa!tar-Vos 6' meu Deus, ó Rei,


c bem-dizer o vosso nome pelos séculos,
e pelos séculos dos séculos.
Quero bem-dizer-Vos em cada dia,
e louvar o vosso nome pelos séculos,
c pelos séculos dos séculos.

Yahweh é grande e desmedidamente digno dc louvor:


a sua grandeza é insondável.
As gerações às gerações elogiam as vossas obras,
anunciam as vossas heroicidades,
Proclamam o esplendor da vossa majestade,
celebrám as vossas maravilhas.

Prcgoam a potência das vossas acções admiráveis,


narram as vossas grandezas,
Publicam a recordação da vossa imensa bondade,
aclamam a vossa justiça.

II — Celebra-se a bondade de Deus.

Yahweh é misericordioso e compassivo,


lento para encolerizar-se e rico de benevolência.
Yahweh é bom para todos os que nEle esperam,
e todas as suas obras são sob o influxo da sua misericórdia.

Que todas as vossas obras Vos louvem, Yahweh,


e que os vossos fiéis Vos bem-digam.
Que narrem a glória do vosso reino,
e proclamem o vosso heroísmo,
Para tornar conhecidos dos homens os vossos heroicos feitos,
e a esplêndida glória do vosso reino.

0 vosso reino é um reino de todos os séculos,


0 vosso domínio estende-se a todos os tempos.

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Ynhweh é fiel cm todas as suas palavras,
benevolente em todas as suas obras.

III — Celebra-se a Providência e a justiça de Deus.

Yahweh ampara a todos «s que resvalam,


e põe direitos a todos os que perdem o equilíbrio.
Todos têm os olhos postos cm Vós,
e a todos dais o alimento a seu tempo.
Abris a vossa máo,
e saciais os desejos de tudo o que tem vida.

Yahweh é justo em todas as suas vias,


c benevolente em todas as suas obras.
Yahweh está próximo de todos os que 0 invocam,
dos que O invocam sinceramente.

Ele realiza os desejos dos que 0 temem,


ouve 0 seu clamor e livra-os.
Yahweh guarda todos os que Ü amam,
mhs extermina todos os ímpios,
Que a minha boca publique o louvor dc Yahweh,
e que toda a carne bem-diga o seu Santo Nome,
pelos séculos e pelos séculos dos séculos.

Considerações e aplicações litúrgicas: Este


salmo é um dos que mais condições reune para uma
oração cristã afecliva sem necessidade dc interpreta­
ções, analogias ou transposições. Basta dirigi-lo ao
Pai 110 mesmo teor em que está escrito, ou ao Cristo
Jesus, admirando-0, felicitando-0, Iouvando-0 pela sua
grandeza magnânima, munificente e amorosa para com
os homens, — e aqui podemos ter em vista tais ou tais
grandes benefícios Seus, — pela extensão e suavidade
do seu reinado, pela ternura com que cuida de todos

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nós, ouvindo benévolo todos os que 0 invocam, reali­
zando complacente os desejos de todos os que 0 temem,
guardando carinhoso todos os que 0 amam, a todos
alimentando, não só com o pão material, mas mais com
0 pão da doutrina, da graça, e, sobretudo com a sua
própria carne e sangue.
Óptimo para a acçSo de graças após a comunhão.

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Completas
IALHO 87

Intro duçã o: O Salmista, um doente de enfermidade repe­


lente e contagiosa, doença congenital de que sofria desde a infân­
cia, moléstia que o afastava do convívio da sociedade, que lhe
causava lancinantes dores, que o trazia iodos os dias às porlas da
morte, — um leproso pela certa — , apela para Deus tentando como-
vê-lo com a exposição da sua profunda angústia e miséria, e do
abandono atroz em que era deixado.

I — Senhor, valei-me porque estou na ú ltim a ...


Yahweh, ó Deus meu Salvador,
clamo dia e noite diante de V ó s . . .
Que a rainha oraçao consiga chegar até à vossa presença!
inclinai o ouvido à minha súplica,
Porque a minha alma está saturada de males,
e a minha vida já se abeira da morada dos mortos.

Estou no número dos que descem ao poço (1),


esto u . . . que já não posso mais.
Sou abandonado entre os mortos,
como os cadáveres que se abandonaiÂ-no sepulcro.
De que já Vos não lembrais,
que a vossa mão Já não ampara (2).

( 1) Poço é slnónlmo de morada doa moitoa.


(2) Oa leproaoa, nBo podendo viver noa povoadoa, nem em conUcto
com a aocledade, viviam multaa vezea em aepnlcroa anUgoa e abandonados,
doa multoa que taavia cavados nas rochas, e em cavernas mais on menos
escnras. Parece ser disto que o Salmista se queixa. Em sentido mfstico,
porém, oa Ss. Padres sempre o entenderam da sepultura de N. S. Jesus
Cristo.

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Lançastes-me no poço das profundas,
nas trevas, na sombra da morte (1).

I I — Valei-me, para que, continuando a viver, Vos


possa louvar.
Tornou-se pesada sobre mim a vossa cólera,
fizestes passar por sobre mim todas as suas ondas.

Afastastes de mim os meus conhecidos,


tornastes-m e abominável para eles,
Estou encerrado e nâo posso sair (2),
os meus olhos, de tanto sofrer, perderam o brilho.
Todo 0 dia, Yahweh, Voa invoco,
e estendo para Vós as mãos.

Fareis porventura prodígios em favor dos m o rto s?!


levantar-se-ão as sombras para Vos louvar?!
N arrar-se-á porventura no túmulo a vossa benevolência?!
Na região da morte a vossa fidelidade ? I
Far-se-âo conhecer nas trevas as vossas maravilhas,
e a vossa justiça na terra do esquecimento ? I

III — Valei-me, porque estou no maior abandono e


angústia.
Sim, Yahweh, a Vós clamo,
e a minha orarão vai ao encontro de Vós logo de manhã.
Porquê, Yahweh, enjeitar a minha a lm a ;
porquê ocultar-me a vossa fa ce ?I
Sou desgraçado e moribundo desde a Infância,
vivo sempre debaixo dos vossos terrores, deles transido.
( I) Em sentido mtsileo os Ss. Psdres ei
klma de N. S. Jesus Cristo, descida, e como que lançada no Limbo, enquanto
• corpo permanecia no sepulcro.
(2) O leproso slvendo Isolado, nSo podendo, por lel, comunicar com
pessoa alguma, e todos fugindo dele, podia dizer que estava encerrado, embora
pudesse vaguear à vontade peloa campoi e deiertos. Estava enserrado no

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Por sobre mim vSo passando as explosões da vossa cólera,
e os espantos que me causais me exterminam.
Eles rodeiam-me todo o dia como um mar de água.
envolvem-me por todos os lados ao mesmo tempo.
Afastastes de mim amigo e companheiro,
quem comigo vive são as trevas (1).

Considerações e aplicações litúrgicas: Este


salmo faz-nos penetrar no interior de Jesus Cristo,—
no que Ele sentia e sofria ho seu Coração adorável — ,
sobretudo na sua Paixão. Estão nele pintados ao vivo
o horror da morte, tão natural aos pobres mortais, de
que nem Jesus foi isento apesar de ser o Verbo feito
Homem, antes nEle foi tanto mais atroz quanto era
maior a perfeição da sua natureza humana; a sensação
de vergonha, humilhação, tédio de si-mesmo, ao ver-se
coberto da lepra do pecado de toda a Humanidade,—
angústia tanto mais viva, quanto, por outro íado, a alma
de Jesus era absolutamente impecável e dotada de suma
aversão pelo mal; sensação de abandono, desprezo, da
parte tanto dos seus amigos da terra como de seu Pai
Celeste, — angústia de se ver hediondo aos olhos de
todos, demais a mais merecidamente, pois era o Homem
de pecado, o representante dc todos os pecadores;
angústia de se ver objecto da indignação de Deus, Ele,
em cuja alma estava concentrado o máximo de amor
que pode atingir a criatura humana.
E de tudo isto, — de todos estes espantos que o
envolviam por todos os lados, abismo em que andava

I profunda triateza e detá-

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mergulhado como num mar dc água —. sofreu o Cora­
ção Santíssimo de Jesus desde o primeiro instante da
sua conceição, — sou desgraçado e moribundo desde a
infância mas especialmente na sua agonia no Horto
e enquanto esteve pendente da Cruz. Òuem avaliará
jamais a grandeza deste sofrimento? Seria preciso ter
um coração delicado e afectuoso como Ele, compreen­
der como Ele a infinita perfeição de seu Eterno Pai e a
incomensurável malícia do pecado, ver como Ele ao
mesmo tempo o presente, o passado e o futuro, — a
inutilidade do seu sacrifício para tantas almas, a ingra­
tidão de t a n ta s ...— , e tudo sofrer ao mesmo tempo e
com a máxima intensidade.
É nisto que a Santa Igreja nos convida a meditar
ao fazer-nos recitar este salmo nos Ofícios das festas
em que se comemora a Paixão do Senhor, como Sexta-
-Feira Santa (III Noct. Saim. 2 ); Sábado Santo (III
Noct. Salm. 3 ); Preciosíssimo Sangue (III Noct. Saim. 3);
Dores da Santíssima Virgem no tempo quaresmal (III
Noct. Salm. 2). No Ofício da Festa da Dedicação das
igrejas convida-nos a meditar ainda na Paixão do
Senhor, mas prolongada no seu Corpo místico até ao
fim dos séculos.
Recita-se ainda no Ofício de Defuntos (Prima,
Salm. 1) e fàcilmente se compreende pela simples lei­
tura do salmo, que bem aplicado está às Benditas
almas do Purgatório, cujo sentir e angústias perante a
Divina Justiça nos descreve.

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In trod u ção: Hino de acçOo de graças, de mui simples e
suave contextura, que no entanto é chamado po r distintos escrito­
res eclesiásticos (1) — «o cântico das misericórdias do Senhor* e
<0 mais belo cântico de acção de graças do tesouro da Igreja*.

I — Bendito seja Deus pelos seus benefícios em


geral.
Bem-dize minha alma a Yahwehl'
E que (udo quanto em mim há bem-diga o seu santo nome!
Bem-dize minha alma a Yahwehl
E não esqueças os seus numerosos benefícios 1

Ele é quem te perdoa todas as iniquidades,


quem te cura todas as doenças,
Ele é quem te arranca a vida da cova,
quem te coroa de benevolência e misericórdia.
Ele é quem te sacia de bens o desejo,
e rejuvenesces como a águia.

II — Bendito seja Deus pela sua tolerância e m ise­


ricórdia.
Yahweh realiza os seus justos desígnios,
as suas decisões em favor dos oprimidos.
Manifestou as suas vias a Moisés,
os seus feitos aos filhos de Israel.

Yahweh é misericordioso e compassivo,


lento em encolerlzar-se e rico de benevolência.
Nem sempre contraria,
nem conserva para sempre a sua cólera,
Não nos trata como merecem os nossos pecados,
nem nos retribue segundo as nossas iniquidades.

(1) Fllllon e Perennét. '

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III — Bendito seja Deus pela sua bondade para
com os que O veneram.
Mas quanto o céu está superior à terra,
tanto a sua benevolência actua com força nos que O
veneram.
Quanto o Oriente está distante do Ocidente,
tanto afasta de nós as nossas iniquídades.

Como um pai € carinhoso com os filhos,


assim Yahweh tem compaixão dos que O veneram,
Porque sabe de que somos feitos,
e não esquece que somos pó.

IV — O homem é uma efêmera criatura. M as a


bondade de Deus é eterna e imutável.
O m ortal! . . . Seus dias são como a e rv a . . .
Floresce como a flor dns cam p os. . .
Passe por ele um sopro, c logo desaparece,
e o iugar que ocupava não o torna mais a ver.

Mas a benevolência de Yahweh vem da eternidade,


e permanece eternamente sobre os que O veneram.
A sua justa solicitude estende-se até aos filhos dos filhos,
para com os que guardam a sua Aliança,
e não se esquecem de observar os seus mandamentos. .

V — Que iodas as criaturas bemdigam a Deus.


Yahweh estabeleceu o seu trono no céu,
e 0 seu Império estende-se a tudo.
Bem-dizei a Yahweh, vós, anjos seus,
valorosos heroIs que cumpris as suas ordens.

Bem-dizei a Yahweh, vós todos, exércitos seus,


ministros que lhe fazeis a vontade.

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Bem-dizei a Yahweh, vós todas, obras suas,
em todos os lugares do seu dominio.
Minha alma bem-dlze a Yahweh.

Considerações e apliceções litúrgicas: — Todos


os comentários a este salmo são escusados. A sua
simples leitura, a um coração amante, diz tudo e diz
melhor, do que as mais hábeis palavras humanas.
E que bem escolhido foi para encerrar o saltério,
tal qual a Igreja o apresenta, distribuído pelos sete dias
da semana ? Na verdade entre todos os sentimentos que
nos inspiram os salmos, o que mais avulta ao longo
do saltério, e o que mais se nos radica, é sem dúvida a
a esperança, a confiança na Misericórdia do Senhor e
na sua Fidelidade ao prometido. Ora sendo este salmo,
entre todos, o mais amoroso e entusiástico hino à Bon­
dade, Fidelidade e Misericórdia do Senhor, que apesar
de sermos efêmeras e insignificantes criaturas, quer
ser para nós um pai carinhoso, cheio de indulgência e
tolerância, que nem sempre contraria as nossas tendên­
cias que não nos retribui segundo as nossas iniquidades,
antes nos perdoa todos os pecados, nos cura todas as
enfermidades espirituais, nos salva da perdição eterna,
nos satisfaz todos os desejos de felicidade na Eterna
Bemaventurança, nenhum fecho mais apropriado podia
escolher a Santa Igreja para todo o edifício do Saltério
do que este, que é como que uma síntese de todo ele.
Saibamos pois recitá-lo de forma que o coração
sinta 0 que a boca pronuncia.
Recita-se este salmo na Festa da Ascençâo do
Senhor, particularmente por causa do primeiro V. da
última estrofe: — O Senhor estabeleceu o seu trono no

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céu e 0 seu império estende-se a tudo —, o qual é emi­
nentemente apropriado ao mistério do dia. Do mesmo
modo, e por causa do V. seguinte: — Bem -dlzei a Deus,
vós, anjos seus, valorosos herois que cumpris as suas
ordens—, recita-se na Festa dos santos Anjos da
Guarda, e em geral nas várias festas dos anjos.

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índices

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Introdução
Ordinário
Invitatórlò
Cântico de Zacarias
Cântico Magniflcat
Cântico de Sim eão

S«sunda-|eirb

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T é rc ia ................................... 321 II Nocturno
S e x t a ................................... 327 III Nocturno
N o a , ................................... 335 Laudes. 453
i V ésp eras............................ 341 Prima . 471
I Completas . . . . 354 T é rc ia . 477
Sexta .
N *a. .
Vésperas
Cumpietas
Mstlnas .
I Nocturno
, II Nocturno
III Nocturno
' U u d es .
. Prima . . Matlnas
I T é rc ia . . I Nocturno
Sexta . . II Nocturno
i Noa . . III Nocturr.
j V ésp eras. Laudes I .
. Completas Laudes I I .
Prima . 549
T é rc ia . 553
Stsxta-feirs . Sexta . 557
Noa
U a tin a s , Vésperas .
|1 Nocturno Completas

índice dos Salntos

t8 V

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141 I 77.
7 8 ......................
79 .......................................
8 0 .......................................... 445
81 . . . . . . . . 481
3 4 ....................... 82 .......................................... 448
3 5 ........................................ ........ 8 3 .......................................... 483
3 6 ............................................... 213 84 .......................................... 457
3 7 ...............................................219 83 .......................................... 508
38 ........................................... 222 86 .......................................... 486
39 ........................................... 249 87 .......................................... 569
40 ........................................... 256 88 .......................................... 489
4 1 ...............................................230 8 9 .......................................... 381
42 ........................................... 230 o o .............................................. 116
43 ........................................... 259 9 1 ..............................................530
44 ........................................... 275 92 ....................................... 55
45 ........................................... 280 9 3 .......................................... 54^
46 ........................................... 282 9 4 ....................................... 15
47 ........................................... 285 9 5 ..............................................227
48 ....................... 9 6 .......................................... 300
4 9 ....................... 97 ........................................... 379
50 ........................................... 295 98 .......................................... 453
5 1 ...............................................318 9 9 ....................................... 57
5 2 ............................................... 123 100 ........................................... 306
53 ............................................ 321 10 1 ..............................................553
5 i ...............................................322 102 .......................................... 581
55 ........................................... 327 103 .......................................... 557
56 ............................................ 329 104 ..............................................513
57 ........................................... 330 105 ..............................................513
58 ........................................... 335 106 ..............................................5 ^
59 ............................................ 338 107 .......................................... 552
60 ........................................... 356 108 .......................................... 565
6 1 ...............................................361 109 ....................................... ^
6 2 ........................................ 59 110 ....................................... 99
63 ........................................... 532 111 101
64 ............................................ 302 112 .............................................. 104
65 ........................................... 363 113 106
66 ............................................ 234 114 .............................................. 189
67 ............................................ 366 115 ..............................................190
68 ............................................ 373 116 ..............................................152
69 ............................................ 251 117 ....................................... 69
70 ............................................ 427 118 ....................................... 75
7 1 ........................................ 119 .............................................. 193
7 2 ........................................ 120 ..............................................195
73 ........................................ 12 1 ..............................................197
7 4 ........................................ 122 .......................................... 263
75 ........................................ 123 .......................................... 264

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590 - Í N D I C E DOS C Â N T I C O S

125., . . 138. . . . . , , 495


126, 1 3 9 ............................ 498
127, 1 4 0 ............................ , . 500
128. , , 1 4 1 ............................ . . 502
129. , , 1 4 2 ............................ , . 455
130 , 1 4 3 ............................ . . 571
131 . . , 1 4 4 ............................ . . 573
132, . . ....................... 419 1 4 5 ............................ . . 310
133 .......................1)9 1 4 6 ............................ . . 388
134 , 1 4 7 ............................ . . 389
135, , , 1 4 8 . ....................... . . 64
136. . , 1 4 9 ............................ . . 529
137. , , ....................... 424 1 1 5 0 ............................ . . 535

índice dos Cânticos

Cântico Benedicite . . 62 Cântico de Ana . . . 313


Cântico dos três Jóvens 67 Cântico de Jerem ias. . 386
Cântico d e David. . . 151 Cântico de Moisés . . 390
Cântico de Isaias . . . 153 Cântico de Isaias . . . 460
Cântico de Tobias . . 236 Cântico de riabacuc . . 464
C ântico de Ezequias . 241 Cântico do Eclesiástico 536
Cântico de Judit . . . 309 Cântico de Moisés . . 539

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