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Texto 8 Barbosa
Texto 8 Barbosa
Módulo de orientação
03
Governo Federal Revisora das Normas da ABNT
Presidente da República Verônica Pinheiro da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva
Revisoras de Língua Portuguesa
Ministro da Educação Janaina Tomaz Capistrano
Fernando Haddad Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Secretário de Educação a Distância – SEED
Revisor Técnico
Carlos Eduardo Bielschowsky
Leonardo Chagas da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Ilustradora
Vice-Reitora Carolina Costa
Ângela Maria Paiva Cruz
Editoração de Imagens
Secretária de Educação a Distância Adauto Harley
Vera Lúcia do Amaral Carolina Costa
ISBN: 978-85-7273-489-9
CDD 370.733
RN/UF/BCZM 2008/109 CDU 371.133
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
este módulo, apresentaremos as etapas e requisitos para o período de observação da
Nesse sentido, neste módulo, partiremos dos seus conhecimentos prévios sobre a escola,
para orientar observações e registros sobre alguns elementos da instituição escolar. Para isso,
trabalharemos com a noção de observação participante, que permitirá a você aprender a
observar a escola e participar da sua rotina; e orientaremos a elaboração do diagnóstico, com
base em sugestões de observação e da escrita de si, através do diário de campo.
Conteúdos
Orientações referentes ao processo de observações dos
espaços, infra-estrutura e condições materiais da escola
1 campo de estágio.
Essas são algumas questões que, certamente, você se colocará ao iniciar seu
planejamento de trabalho. Mas, elas não podem ser respondidas sem que se compreendam
os sentidos atribuídos por essa escola às suas próprias ações, aos seus sujeitos e espaços.
Por isso, será fundamental que, no início do estágio, você organize sessões de observação
participante na escola.
Nesse sentido, quando orientamos que você realize sessões de observação participante,
sugerimos que agende encontros em uma escola, na qual, em princípio, deseje estagiar e em
que procure:
Como a escola é um espaço que você freqüentou ao longo de muitos anos (seja como aluno
ou como professor), nela, você aprendeu não apenas os conteúdos curriculares propriamente,
mas, recolheu elementos essenciais para avaliar o que é ser um “bom” professor, quais
metodologias de ensino são mais eficientes, em que medida a infra-estrutura da escola é relevante
para o trabalho pedagógico que nela se realiza, dentre outros aspectos.
Por isso, ao realizar essas sessões de observação participante, lembre-se das imagens
que você construiu da escola quando aluno e retome essa experiência que você tem da sala
de aula para questioná-la e (re)elaborar novas leituras sobre velhos espaços.
No Fichário do Estágio, você terá duas vias de cada documento: o ofício deve ser assinado
pelo Tutor de Estágio; o termo de compromisso e a ficha de dados assinados por você. Uma cópia
de cada documento deve ficar na escola e a outra deve ser entregue ao Tutor de Estágio com os
respectivos vistos dos responsáveis pelo acompanhamento, seguida da data de recebimento do
documento, comprovando a formalização do estágio e a ciência das informações.
Caso seja necessário mudar de escola durante o semestre, ou não seja possível
permanecer na mesma escola ao longo dos três estágios, é essencial que você comunique o
Tutor de Estágio, ele irá avaliar o seu desligamento da escola campo de estágio e entrar em
contato com a mesma. Posteriormente, o Tutor de Estágio encaminhará você para outra escola,
enviando um ofício à nova escola.
direção e equipe técnica: organização das ações e seu projeto político pedagógico.
Esses aspectos são fundamentais, uma vez que, a partir deles, é possível compreender
a relevância que têm as diferentes dimensões da escola para o seu estágio supervisionado e
para suas atuações futuras como professor.
A leitura dos aspectos materiais, físicos e sócio-econômicos pode lhe permitir analisar
de que modo os espaços da escola são organizados, estruturados e em que medida isso traduz
valores ou condições específicas de trabalho. Seus momentos de observação participante,
certamente, serão muito ricos quando se voltarem para os alunos e professores, quando você
observará como eles tecem seus planos de trabalho, quais as suas expectativas em relação à
escola e em que medida vinculam a rotina de trabalho a suas experiências pessoais. Lançar seu
olhar sobre as formas de gestão de ações e a organização do projeto político pedagógico
da escola deve lhe possibilitar interpretar seu funcionamento, papéis estabelecidos e normas
partilhadas pela comunidade da escola e com quem ela interage.
Para isso, é importante olhar para as pequenas coisas dessa escola: a cara
nova que os alunos dão ao uniforme; os assuntos que são debatidos na sala
dos professores no horário do intervalo e os que são pauta das reuniões; como
o porteiro vê a chegada e saída de cada um, de onde vêm e como voltam para
casa... São essas particularidades, ocultas nos currículos e programas, invisíveis,
muitas vezes, nos documentos institucionais, que serão fundamentais para que
você identifique e analise como a escola assume movimentos particulares diante
de ritos já consagrados nas suas práticas.
O Trata-se de uma escrita não somente sobre a escola, mas, principalmente de como
o estagiário se vê, como atua, quais suas impressões e questionamentos e de como
relaciona essas novas aprendizagens experienciais com sua formação docente. Por isso, o
diário é, sobretudo, uma escrita de si, onde o estagiário, ao mesmo tempo em que enxerga a
escola, constrói sua visão como agente nesse espaço:
[no diário,] A escrita da narrativa remete o sujeito para uma dimensão de auto-escuta de si
mesmo, como se estivesse contando para si próprio suas experiências e as aprendizagens
que construiu [...], através do conhecimento de si. (SOUZA, 2006, p. 47).
Essa escrita do diário de campo deve ser realizada após cada dia de observação (e de
aula ministrada). Nesse diário, você deve escrever suas impressões, “guardar” as pequenas
descobertas, lançar perguntas, dúvidas e novas orientações para o seu próprio trabalho de
observação, não sendo, portanto, um texto pronto e acabado.
Para facilitar suas observações e registros, sugerimos, ao longo deste módulo, alguns
roteiros de observação, a fim de orientar o seu olhar sobre os principais pontos a serem
observados na escola e, conseqüentemente, para nortear sua escrita no diário de campo.
Vale lembrar que não nos cabe julgar ou acusar a escola! A observação participante
e seus registros não são somente instrumentos de análise, interpretação e
identificação de pontos que precisarão ser revistos ou retomados em seu estágio
supervisionado, mas são, sobretudo, instrumentos para sua formação.
Nesse sentido, é fundamental assumir uma postura ética e compreender que a escola não
é apenas um lugar de ensino-aprendizagem, mas uma instituição que atuará significativamente
na sua formação como professor, seja ao longo do seu estágio supervisionado, seja ao longo
da sua vida docente.
Nesse caso, era fundamental que o estagiário estivesse atento à ligação entre as
dimensões material e física da escola e o perfil sócio-econômico real, tomado como referência
pelos alunos. Certamente, no sentido atribuído por eles a essa escola pesava o seu papel como
mediadora de diferentes esferas sociais. Hipótese que se confirmou ao sabermos da direção que
as famílias se esforçavam em lá conseguir uma vaga para seus filhos “por ser um lugar seguro”,
“por ser um outro ambiente”, “pelas boas amizades que poderiam fazer”, como diziam os pais.
Como vê, esses aspectos mais materiais da escola (local, organização dos seus espaços,
recursos etc.) podem lhe trazer pistas importantes acerca das expectativas e possibilidades
de ensino e de aprendizagem dos alunos e professores. Diante dessa leitura da escola, duas
perguntas seriam fundamentais para nortear seu estágio supervisionado: em que medida
minha atuação pode se beneficiar por conhecer as expectativas desses pais e alunos acerca
da escola? Como posso colaborar para que os alunos retomem suas aprendizagens escolares
para ler criticamente sua realidade?
No entanto, esse é apenas um dos elementos que pode ser observado por você, mas outros,
certamente, serão igualmente importantes para elaborar uma leitura coerente sobre a escola
selecionada. Nos diários de campo dos nossos estagiários, por exemplo, é muito recorrente
o levantamento dos itens existentes e disponíveis na escola: se tem máquina copiadora, se
disponibiliza recursos alternativos (cartolina, cola, tesoura etc.), se há assento para todos os
Diário de Campo
Diário de Campo
Ambos os diários de campo seguem analisando em que medida esses fatores – falta
de estrutura material e organização dos espaços na escola – pesaram ou pesariam no
desenvolvimento da sua atuação como professores. No primeiro caso, a estagiária questionava
se as dificuldades de leitura e escrita dos alunos não seriam ainda mais ratificadas tendo em
vista a falta de legibilidade do material e o espaço insuficiente para o desenvolvimento de suas
produções de texto. Os comentários do segundo diário seguem comparando essa escola, em
que as salas de aula são seqüenciadas, com outra em que estagiou, onde a integração com o
pátio o fazia interromper constantemente sua aula para “controlar” as portas e janelas e evitar
dispersão dos alunos.
Sugestão de atividade
E desafios e perguntas que poderão ser, ao longo do seu estágio, redimensionadas. Muitos
dos nossos estagiários apontaram o reconhecimento das formas de interação com a
turma, bem como a contribuição para suas necessidades e possibilidades de aprendizagem
como aspectos fundamentais para o desenvolvimento do estágio. No entanto, parece
haver, inicialmente, um sentimento de incapacidade. “O que vou fazer com esse aluno?”
era uma pergunta que estava, muitas vezes, nos seus discursos durante os momentos em
que acompanhávamos o estágio. Por isso, quando você estiver diante da responsabilidade
de observar a sala de aula, verá que esse momento é, por vezes, envolto de expectativas e
ansiedades, como menciona uma estagiária:
Diário de Campo
Nos diários de campo dos estagiários há, normalmente, longas passagens em que
descrevem as situações de tensão em sala de aula e a preocupação em encontrar estratégias
para ganhar a atenção da turma em torno de um objetivo comum de trabalho. No entanto, ao
longo das observações, seus diários de campo já não focalizam exatamente esses problemas,
mas já identificam as soluções encontradas pelos professores colaboradores e o quanto
aprenderam com os alunos. Desse modo, nos trabalhos de final de estágio, é comum que
tenham avançado do sentimento de caos e de falta de alternativa para fazer um balanço das
suas contribuições na realização das aprendizagens, como poderemos ver no trabalho final
de Santos, mesma autora do diário de campo apresentado inicialmente:
Ao longo das suas observações, é possível que outros elementos chamem sua atenção:
a relação que os alunos se propõem a estabelecer com você, as dificuldades específicas
de aprendizagem, o interesse por determinadas dinâmicas de trabalho em sala de aula, os
conhecimentos de mundo que têm e que possam ser pertinentes para o ensino de determinados
conteúdos, os modos como interagem nos momentos de recreação etc.
Sugestão de atividade
N dos professores do tempo de escola é, quase sempre, uma das principais referências
para a vida profissional. Muitos estagiários relatavam a retomada das práticas dos
seus professores de escola nas metodologias adotadas, na avaliação dos alunos, dentre outros
aspectos. Isso se justifica porque o professor tem contato com seu objeto de trabalho – o
ensino-aprendizagem – não apenas na sua formação acadêmica, mas ao longo de sua vivência
como aluno, em que as marcas da escola são muito significativas.
Paulo Freire segue apontando que a escola não é um lugar em que se aprendem
apenas os conteúdos curriculares e, nesse sentido, gostaríamos de chamar a sua atenção
para o questionamento acerca dos gestos desse professor que faz parte da sua observação
participante. Busque refletir quais concepções estariam subjacentes ao planejamento de
trabalho que realiza, às orientações que lhe dá para atuar na escola e o que significa para os
alunos a presença dele em sala de aula.
Para suas conversas com o Professor Colaborador, sugerimos alguns pontos que
mencionaremos na atividade a seguir.
Sugestão de atividade
Observação e registro sobre a formação, planejamento,
avaliação e concepções dos professores colaboradores
Sugerimos, no roteiro de observação, alguns pontos para nortear as sessões de
observação participante. Agende com seu Tutor de Estágio e Professor Colaborador o
período necessário para a realização das etapas de observação e escreva no diário de
campo suas impressões sobre aqueles pontos presentes no roteiro e observados na
escola. Antes de observar e escrever, confira nossas orientações a seguir.
O núcleo da sala de aula não funciona isoladamente de uma rede de relações que são
estabelecidas entre desde professor e alunos até supervisores, coordenadores, equipe técnica,
direção e o mundo para onde essas pessoas vão e de onde vêm todos os dias.
Ao longo das suas observações, você poderá identificar que essa aparente desordem
guarda, na verdade, um projeto que, embora não esteja redigido, é relativamente partilhado
pelos sujeitos: eles estão em consonância acerca de diversos aspectos, mas podem divergir
de alguns preceitos assumidos pela escola; são capazes de compreender suas atribuições;
promovem reuniões para discutir suas posições político-educacionais, a organização das
atividades culturais da escola etc.
Por isso, nesse caso, você precisará empenhar-se ainda mais para tentar identificar quais as
grandes perspectivas de trabalho da escola e de que modo o desenvolvimento da sua disciplina
junto aos alunos se insere nesse projeto político pedagógico, inexistente materialmente numa
folha de papel, mas visível nas práticas de todos aqueles que fazem a escola.
Veja que para desenvolver cada um desses trabalhos é importante sua interação com
diferentes instâncias da escola. Por isso, conhecer seus modos de organização, seu projeto
político pedagógico e como cada um dos seus sujeitos é responsável por uma atuação específica
dentro desse plano global de trabalho é imprescindível para a sua atuação como professor.
Sugestão de atividade
Sugestão de atividade
Sua carta deve conter seu nome completo, curso, pólo, nome da escola em que
estagia, Tutor de Estágio e Professor Colaborador que o acompanha. A carta
poderá ser entregue no seu pólo para ser encaminhada à Secretaria de Educação a
Distância ou encaminhada via página da disciplina no fórum específico. Certifique-
se junto ao seu Tutor de Estágio a data limite para envio da atividade.
Este livro será, certamente, uma leitura significativa para você. Paulo Freire apresenta-
nos uma visão verdadeiramente otimista, crítica e política das diferentes interfaces de ensinar.
Referências
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 45. ed. São
Paulo: Cortez, 2003. v 13. (Questões da nossa época).
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33. ed. São Paulo:
Paz e Terra, 2006. (Coleção Leitura).
PAIVA, Irene Alves de; PERNAMBUCO, Marta Maria Castanho Almeida. Educação e realidade:
interdisciplinar. Natal-RN: EDUFRN, 2005.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São Paulo: Cortez,
2004. (Coleção docência em formação, Série saberes pedagógicos).
EMENTA
AUTORAS
AULAS
01 Módulo de orientação 1 – O Estágio Supervisionado para Formação de Professores: orientações para o estagiário
03 Módulo de orientação 3 – O período de observação da escola: criando um outro olhar sobre os espaços, sujeitos
e ações de uma antiga conhecida nossa
04 Módulo de orientação 4 – Propostas de ações colaborativas para o Estágio: a interface entre os conhecimentos
escolares e acadêmicos
07 Módulo de orientação 7 – Planejamento de ensino II: objetivos, conteúdos, métodos e avaliação da aprendizagem
Impresso por: Gráfica Texform
09 Módulo de orientação 9 – A (re)escrita do trabalho avaliativo final: o relatório, o artigo científico e o memorial
11 Fichário de estágio
2º Semestre de 2008