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Capitulo II CONTEUDOS E METODOS DE ENSINO DE HistTOriaA: BREVE ABORDAGEM HISTORICA Contetdos e métodos de ensino de Historia: breve abordagem historica A tlistéria, enquanto disciplina escolar, possui uma liga histéria, permeada de conflitos e controvérsias na elaboracao de seus contetidos e métodos. A histéria do ensino de Histéria tem sido objeto Enea pesquisa the estudos de varios pesquisadores brasileiros, nota. fxSSgewnst damente a partir da década de 80 do século passado, Hist ciamosslgums quando se debatia a reforma curricular que visava subs- $i am putas i BETTENCOURT, Cie lituir os Estudos Sociais pela Historia e Geografia. At Femanden ina isiiria escolar ¢ apresentada por essas pesquisas com lain crab ¢ shordagens diferentes, predominando uma andlise (un “piste preocupada em denunciar 0 carter ideolégico da CORDEIRO, ime FA diwiplina e a forma pela qual o poder institucional ont weurrn de tunipula ou tem o poder de manipular 0 ensino, Sunnis na nubmctendo-o aos interesses de determinados setores itn dete ste GASPARELLO, avece ddu sociedade. Outros estudos, sem desconsiderar aque-Nadies Coananrde le carder ideolégico, preocupam-se em analisar as iewidadeu pedogia de 5 oe tpt na ecole nine eontradigbes manifestadas entre a Hist6ria apresen- jt Cm td nos curriculos oficiais e nos livros € a Histéria fim docipinio i SARIN, aia tiinada e vivida por professores e alunos, buscando MARTINS Matin Invonporar as problematicas epistemol6gicas ¢ a inser- — Syimiruefresen to da disciplina na “cultura escolar”. ‘xa qi ct Aabordagem apresentada neste capitulo fundamen- een soma tw se nessas pesquisas para fazer um recorte especifico Guimarics Caminh de fobre as mudangas ¢ permanéncias de contetidos @ — ™™eminate métodos de ensino e aprendizagem. A Historia . i apresentada como parte integrante dos curriculos € 59 60. = Histoma cota mR OF UMA OHCIINA dos objetivos educacionais mais amplos propostos para a escola priméria ou elementar, como era anterior mente denominada, ¢ para ¢ escola secundaria. O contexto da produgao da Histéria escolar ¢ sig- nificativo para identificar as relagdes entre os diversos elementos constituintes da disciplina, ou seja, entre objetioos, contetidos explicitos ¢ métodos. A anilise da disciplina em sua “longa duracéo” visa fornecer alguns indicios para a compreensio da permanéncia de deter- minados contetidos “tradicionais” ¢ do método da “me- motizacéo”, responsivel por um slogan famoso da His- téria escolar: uma “matéria decorativa” por exceléncia. ee ist6ria na antiga escola primaria O ensino de Historia sempre esteve presente nas escolas elementares ou escolas primérias brasileiras, variando, no entanto, de importincia no periodo que vai do século XIX ao atual. Inicialmente foi objeto de poucos estudos nas escolas encarregadas de alfabeti- zar, mas, 4 medida que se organizava e se ampliava esse nivel de escolarizacao, a partir da década de 70 do século XIX, sua importancia foi ampliada como contetido encarregado de veicular uma “histéria nacio- nal” e como instrumento pedagégico significative na constituigao de uma “identidade nacional”. Esse obje- tivo sempre permeou o ensino da Histéria para os alunos de “primeiras letras” ¢ ainda esté presente na organizacéo curricular do século XXI. Métodos € contetidos foram sendo organizados e reclaborados a fim de atingir esse objetivo maior. CConreuoos tMtrovoS DE ENSINO DE HISTORIA: BREE ABORDAGIM HISTORIA 1.1, PATRIA, MORAL E CIVISMO NO ENSINO DE HISTORIA A escola elementar, também denominada de escola priméria ow “primeiras letras”, apés 0 Brasil se tornar tum Estado independente ¢ monérquico, era lugar des- tinado a ensinar a “ler, escrever ¢ conta”. Os profes- nares das escolas elementares deveriam, segundo os planos de estudos propostos em 1827, utilizar para 0 cesino da leitura, entre outros textos, “a Constituicéo «lo Império ¢ Histéria do Brasil”. O ensino de Hist6- tia associava-se a lig6es de leitura, para que se aprendes- sca ler utilizando temas que incitassem a imaginago dlos meninos ¢ fortificassem senso moral por meio ale deveres para com a Patria ¢ seus governantes. Assim, desde © inicio da organizagao do sistema escolar, a proposta de ensino de Histéria voltava-se para uma formagio moral € cfvica, condi¢ao que se acentuou tio decorter dos séculos XIX e XX. Os contetidos jpassaram a ser elaborados para construir uma idéia de nagio associada & de patria, integradas como cixos indissoldveis. ‘Os programas nao eram os mesmos para todas as provincias do Império ¢ assim prosseguiram apés 0 regime republicano. O ntimero de anos de estudos fornecidos pela escola priméria foi muito variavel — de 3.a5 anos, divididos em graus —, variando também 0 aprofundamento de determinados conteiidos na escola de “primeiras letras” ou escola primaéria clemen- tur e na escola primaria complementar. Os estudos de Historia eram previstos apenas para «sta diltima etapa do ensino, na escola primiria com- plementar, mas, como se sabe, hi sempre um hiato entre as propostas de estudos e sua efetivagao em sala 6 1+ Pant — HistOMa SCOLAR: PEE DE UMA OSCILINA 62 de aula. A criagio de escolas primédrias complementa- res ocorreu de forma muito limitada, existindo apenas em alguns centros urbanos mais desenvolvidos. As autoridades educacionais acabavam por exigit dos professores apenas uma parte obrigatéria composta de leitura e escrita, nogées de Gramética, princfpios de Aritmética, especialmente o sistema métrico, pesos ¢ medidas e 0 ensino da doutrina religiosa. O ensino da Historia Sagrada fazia parte da doutrina religiosa € era mais difundido do que o da Histéria profana ou laica, permanecendo nos planos de estudos de muitas escolas ptiblicas, mesmo apés o advento da Reptiblica a separacao entre Igreja Catélica e Estado. A moral cfvica vinculava-se entio a uma moral religiosa. Esta predominava nos textos escolares, sendo comum a utilizagio de prelegées com histérias sobre a vida de santos, personagens que serviam como exemplo de cariter, de moral e de fé ¢ tornavam-se, muitas vezes, verdadeiros heréis pelo martirio. Os estudos de Histéria da patria eram optativos, embora sempre aparecessem nas instrugées que os inspetores forneciam aos professores, e seguiam os mes- mos principios dos ensinamentos da Histéria Sagrada, pelas narrativas da vida e dos feitos de grandes perso- nagens da vida publica selecionados como exemplo moral para as futuras geragoes. A narragio da vida dos santos e de herdis profanos denominava-se histria bio- _grifica cera defendida pelos educadores da época como um “modelo pedagégico” para as classes elementares. No fim da década de 80 do século XIX, com a abo- ligao do sistema escravagista ¢ 0 aumento populacio- nal proveniente do intensificado processo de imigracio ¢ urbanizacao, ampliaram-se os debates politicos sobre R. D. Pedro Fernandes Sardinha embarcou- #e para Portugal, afim de pedir providencias « al-rei. . Que caldsirophesuccedeu a exe po? R. Naufragando entre os rios 8. Francisco © mee on oe Se ine Maianga ao bispo da Babin @ o€ seus compannetos Cururipe, o bispo e toda a tripolacio do navio fordo devorados pelos Cahetés (1556). P. Que outro facto importante se deu no go- verno de Duarte da Costa? R. Foi no governo de Duarte da Costa que 0 calvinista frances Nicoléo Durand de Villega~ gron levantou o forte de Coligny n’uma ilha da bahia do Rio de Janciro, que ainda conserva ‘© nome do seu fundador (1555). + eoncepsio de cidadania, devendo, entio, os direitos sociais e civis ser estendidos a um niimero cada vez maior de pessoas. A escola ganhou novo destaque, pela nnecessidade de aumentar o ntimero de alfabetizados, condigéo fundamental para a aquisi¢ao da cidadania politica, Contes € MEr0008 OE INSINO_ DE HISTONA: BREVEABOADACEM HBTOWNCA Represcaasio de her mites, Peguene ‘iri do Bra de J.M de Lacerda 1911, p34 63 1 Pant — HistOun escoUse: Com a introdugao do regime politico republicano ¢ do direito de voto para os alfabetizados, as politicas educacionais procuravam proporcionar a escolarizagio para um contingente social mais amplo, ¢ novos pro- gramas curticulares buscavam sedimencar uma identi- dade nacional, por meio da homogeneizagao da cultura escolar no que diz respeito & existéncia de um pasado nico na constituigéo da Nacio. O ensino de Historia na escola primaria precisava assim integrar setores sociais anteriormente marginal zados no processo educacional sem, contudo, incluir nos programas curriculares a participagéo deles na construgio histérica da Nagao. Para a maioria dos educadores que concordavam com a escolarizagio das classes populares, a Historia a ser ensinada, desde 0 primeiro ano escolar, as trabalhadores livres que emer- giam em substituigao aos escravos deveria inculcar decerminados valores para a preservacao da ordem, da obediéncia & hierarquia, de modo que a Nagéo pudesse chegar ao progresso, modernizando-se segundo 0 mo- delo dos paises europeus. O conceito de cidadania, criado com 0 auxilio dos estudos de Histéria, serviria para situar cada individuo em seu lugar na sociedade: cabia ao politico cuidar da politica, ¢ a0 trabalhador comum restava 0 direito de vorar e de trabalhar dentro da ordem institucional. Os feitos dos “grandes ho- mens”, seres de uma elite predestinada, haviam criado a Nacdo, ¢ os representantes dessas mesmas elites cui- dariam de conduzir o Pais ao seu destino. O fortalecimento do espirito nacionalista propor- cionou as “invengdes de tradigbes’, de maneira seme- Ihante a0 que acontecia em outros paises europeus, conforme analisa o historiador inglés Eric Hobsbawm. No caso do Brasil, as “tradigées inventadas” deveriam CCovtevvos« mtronos OF Evo O« HistOnA: BREVE ABONDACEN HISTORIA scr compartilhadas por todos os brasileiros ¢ delas deveria emergir o sentimento patridtico. A Histéria tinha como missao ensinar as “tradigées nacionais” € despertar o patriotismo, Os livros escolares elaborados no inici do século XX mostram como © patriotismo passou a ser 0 ob- Jetivo organizativo central dos conteiidos escolares de Historia, Em seu famoso livro Por que me ufano de meu pats, Afonso Celso sintetizou os contetidos b: cos da si- istéria da Patria: a riqueza e a beleza da terra, lay matas ¢ rios, o clima, a gente mestiga risonha € pacifica, a histéria dos portugueses, representantes da Aivilizagio, ea cristianizagio, que possibilitou uma moral sem preconceitos. lisse projeto de ensino de homogeneizacio da cultu- tw histérica foi, entretanto, polémico, havendo alguns tvlucadores ¢ historiadores que se opuseram a uma histria exclusiva da elite branca, com os olhos volta- tos para a Europa e para a evocacao de uma mestica- Kem que seguia passiva 0 rumo dos acontecimentos. Houve tentativas de voltar para a histéria americana © 4 constituigéo de uma histéria pela qual se pudes- sem identificar os tragos de mestigagem na propria construgéo da sociedade brasileira. Entre elas, a de Intelectuais como Manuel Bonfim, que procurou, por excmplo, introduzir nos cursos das escolas normais para a formacio de professores primarios o ensino da Histéria da Amé1 a, assim como a de alguns segui- dores dos principios anarquistas, que criaram escolas de “educagio popular” para os setores das classes tra- balhadoras. Os grupos anarquistas que lideravam, nas primei tus décadas do século passado, 0s movimentos operd- tlos em suas lutas por direitos trabalhistas criaram em 1+ Peart — Histon escOLA 66 virias cidades as Escolas Modernas, inspiradas na peda- gogia do espanhol Francisco Ferret y Guardia, em que © ensino se voltava contra a exacerbacao do patriotis- mo ¢ 0 culto A patria, os quais, entre outros propésitos, incentivavam e justificavam 0 militarismo ¢ as guerras. Entre os anarquistas havia a corrente pacifista, opo- sitora frontal & Primeira Guerra Mundial, que, desde 1914, levava & morte milhares de pessoas com a uti- lizagio de armas cada vez mais sofisticadas, Tais grupos questionavam o sentido da “civilizagao” que a maioria dos europeus procurava impor a0 restante do mundo. ‘No transcorrer das primeiras décadas do século XX, nas reas urbanas ¢ rurais, havia uma diversidade de escolas primérias, de escolas puiblicas que seguiam 0 modelo dos grupos escolares e de muitas outras mais precirias, além de escolas particulares confessionais ou criadas por grupos diversos de imigrantes ¢ outros setores laicos que, muias vezes, atendiam alunos traba- Ihadores, em sua maioria adultos. Essas escolas diferen- tes, com horitios ¢ tempos pedagdgicos diferentes € cada vex mais controladas pelo poder estatal, assim ‘como 0 fechamento daquelas organizadas pelos anar- quistas e de muitas escolas de imigrantes, completaram. no fim dos anos 30 um perfodo de confrontos sobre que contetidos hist6ricos deveriam ser ensinados. A Lingua Portuguesa, a Hist6ria do Brasil, acompanha- da de Educagao Moral ¢ Civica, juntamente com a Geografia, consticufram os conteddos fundamentais para a formacao nacionalista € patridtica, sedimen- tando o culto aos heréis ea criagio de “tradigdes nacio- nais” nas aulas e nas festas civicas. Os anos 30 foram marcados pela consolidagio de uma meméria histérica nacional ¢ patriética nas esco- las primédrias. A partir dessa época, com a criagio do CConttun0s¢ wtronds oF evsvo oF Histon Ministério da Educagio, o sistema escolar foi orga- nizando-se de maneira mais centralizada ¢ os contet- los escolares passaram a obedecer a normas mais rigidas € gerais. Duas caracteristicas identificaram o om 10 de Histéria nas escolas primérias a partir de a sedimentacéo do culto aos herdis da Pécria, consolidando Tiradentes como “o herdi nacional” e oss festejos também nacionais do 7 de Setembro; a obrigatoriedade, como fruto dessa politica educacio- nal, da Histéria do Brasil para os alunos que deseja- vam ou possufam condigées de prosseguir os estudos sccundétios, integrando os programas dos exames de admissio aos cursos ginasiais. entac 1.2. A “MEMORIZAGAO” NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM. As lembrangas de muitos alunos da Historia esco- lr e 05 livros escolares produzidos no século XIX Indicam © predominio de um método de ensino voltdo para a memorizagio, Aprender Historia signifi ava saber de cor nomes ¢ fatos com suas datas, repe- Lindo exatamente o que estava escrito no livro ou copia- do nos cadernos. Um modelo de livro didético muito utilizado em varindas escolas elementares era 0 catecismo, ¢ muitos textos de Histéria destinados as criangas seguiam 0 mesmo molde, A Histéria, segundo 0 método do catecismo, era apresentada por perguntas ¢ respostas, assim os alunos deviam repetir, oralmente ou por escrito, exatamente as respostas do livro. Como cas- tigo, pela imprecisio dos termos ou esquecimento de ulgumas palavras, recebiam a famosa palmatéria ou ial a. O sistema de avaliacao era associado a castigos sicos. EVE ABOROAGEM HisTORICA 0 1+ Parte — HistOmA ESCOWAE PARR DF UMA DS cote no Fo Pegues hiria be Bras J Mtede Lacerda 68 1942, p91 Brasil Independénei P. Quais foram os principais atos-do prin- cipe regente depois da partida da eaquadra portuguesa? R. D. Pedi partiu a 25 de Margo de 1822 para Minas-Gerais, afim de chamar a obedién- cia a junta governativa daquela provincia; a 1B de Maio accitou o titulo de Defensor Per- pétuo do Brasil para si e seus sucessores, e a 2 de Junho convocou uma Assembléa consti tuinte. P. Que manifesto pudlicow D. Pedro em Agosto do mesmo ano, ¢ qual foi o motivo? R. Ao receber a not{eia que as cdrtes de Lis: boa iam expedir tropas ao Brasil, publicou D. ‘Pedro o manifesto do I" de Agosto, em que ‘exortava os brasileiros a se unirem pari con seguir a sua independéncia, P. Que wiagem empreendew em sequida o principe regente? B.D. Pedro partiu no dia 14 de Agosto para 8. Paulo, ondo reinavam graves dissens6 P. Que resoluedo importante tomou 0 prin. cipe em 8. Paulo? R, Tendo D. Pedro ali recebido noticias da atitude que contra éle tomavam as cértes de Lisboa, resolveu proclamar desde logo a indé- pendéneia do Brasil. A memorizacao era a tonica do processo de aprendi- zagem ca principal capacidade exigida dos alunos para 0 sucesso escolar. Aprender era memorizar. Tal concep- fo de aprendizado, fundamentada no desenvolvimen- to da capacidade do aluno em memorizar, criava uma ContBD0S & ufr0005 OF EASING DE HISTOR: a aérie de atividades para “o exercicio da meméria”, constituindo os chamados meétodos mneminicos. Um método mneménico muito difundido no ensi- no de Histéria foi proposto pelo historiador francés Hrnest Lavisse, cuja obra didética serviu de modelo para a confec¢ao da produgio pedagégica nacional. Lavisse pretendia desenvolver a inteliggncia da crian- ya por intermédio da capacidade da memorizacao, acndo esta construida ao se estabelecer a relacao entre a palavra escrita ¢ as imagens. Para isso, em seus livros didticos para a escola priméria francesa no fim do xéculo XIX, apresentou uma série de imagens acom- junhadas de exercicios e atividades cuja finalidade prin- cipal era 0 reforgo para uma “memorizacio histérica”. Na pritica, no entanto, parece ter prevalecido nao cxatamente a preocupaco com uma memorizagio ativa, mas simplesmente com a decoragio de nomes « datas dos grandes herdis e dos principais aconte- cimentos da hist6ria nacional. Era comum a recitagao de poesias que incentivavam 0 patriotismo, como a le Olavo Bi Ima com fe e orgulho a terra em que musceste! Crianga, nao haverd pats nenhum como este!” ‘Adlemais, para consolidar essa meméria histérica, as escolas passaram a preparar com muito esmero as comemoragées ¢ festas civicas, utilizando estratégias pedagégicas que envolviam miisicas, teatros, desfiles © toda uma série de rituais, com a patticipagéo de nos e suas familias, ao lado de autoridades puiblicas. Os métodos de ensino baseados na memorizagio correspondiam a um entendimento de que “saber histéria” era dominar muitas informacées, 0 que, na pritica, significava saber de cor a maior quantidade possivel de acontecimentos de uma histéria nacional, fABORDACEM WTORICA 69 70 Pare — HISTOM eoLAR ERTL. E UMA BSCS Evidentemente, as criticas a esse método foram inevi- tiveis. Desde o fim do século XIX, podia-se encontrar uma literatura pedagégica que sugeria a necessidade de novos métodos, baseados em autores como Montessori, Por intermédio dos quais se introduziam propostas dos denominados métados ativos, que incentivavam a parti cipaséo ¢ envolvimento dos alunos na aprendizagem. Uma obra interessante, a Methodologia da Histé- ria na aula primdria, esctita, em 1917, pelo professor Jonathas Serrano da escola normal do Rio de Ja- neiro, indicava as possibilidades de mudangas no método do ensino de Histéria para alunos a partir de 7 anos. Sem deixar de exaltar 0 ensino da His- toria patria e o culto aos heréis, 0 autor considerava que, para tornar mais eficiente a histbria biogndfica, era preciso preparar melhor o professor. Este deve- ria escolher muito bem as narrativas que pudessem despertar o interesse dos alunos ¢ também atentar para a importancia do uso de outros materiais, como mapas e gravuras. Nas escolas dos anarquistas, sabemos que a pedagogia de Ferrer y Guardia, como foi apontado anteriormente, propunha métodos diferenciados, incentivando saidas e excurs6es com os alunos como meios de aprendizagem. A ctitica a0 “aprender de cor”, que no podemos confundir com a memorizacio consciente, tem sido, portanto, constante desde o fim do século XIX. Chama- Nos a atengio exatamente a persisténcia de tais criticas ainda nos dias atuais, 0 que indica tratar-se de um método que se mantém apesar das argumentagoes que passaram a consideré-lo inoperante ou secundério na aprendizagem. CConTEUDOS« uéroDos DE ENSINO DE HISTORIA: BREVEABOMLAGIHITOMCA F. preciso, no entanto, na critica aos métodos mne- mdnicos, identificar que tipo de memorizagao esté scndo considerada desnecesséria e passivel de ser descar- tada, Parece acertado afirmar que a critica feita é contra um tipo de memorizag4o mecinica, do “saber de cor”, «ia pura repeti¢ao, € néo contra o desenvolvimento da capacidade intelectual de memorizar. Essa distingio deve scr feita para evitar que se julgue totalmente desnecessi- lade de memorizar tio desenvolver nos alunos a capa scontecimentos, no caso da Histéria, e referencid-los hin tempo € no espaco, para que, com base neles, se stabelecam outras relagées de aprendizado. Parece- thos que reside neste ponto, ou seja, na confusio entre a memorizagéo mecanica e a memorizagéo consciente, a nnecessidade de particularizar a critica contra esse méto- «lo de aprendizagem. Outro aspecto que precisa ser considerado sobre 0 problema da memorizacéo como método de ensino e iprendizagem é 0 de situd-lo historicamente, para ev tar uma andlise anacrénica. A difusio desse método ocorreu em dererminado contexto histérico. Quando siiuamos as préticas culturais do século XIX e inicio «lo século XX, podemos refletir com maior lucidez sobre © papel da memorizacao na formacio dos alunos, espe- cialmente no tocante & Histéria, disciplina considera- da “decoravel” por exceléncia. A sociedade brasileita tem-se caracterizado pela tra- digao da comunicagio oral. A cultura oral era a base da comunicagao de todo 0 periodo em que a escolariza- io ea cultura letrada constituiam privilégio de uma mninoria da populagio. A circularidade cultural predo- minava na sociedade escravocrata, convivendo senhores rancos com escravos indigenas ¢ africanos ou de 1+ Pant — HistOm SCOUAR: FL DE UMA DSCIFINA n origem africana. As hist6rias narradas, que posterior- mente estariam em posse do mundo erudito porque seriam escritas, deixando de pertencer & cultura dgrafa, ceram apreendidas pela oralidade, contadas por narrado- res durante as tardes e noites nas fazendas, nas povoagoes, nos serées. Repetiam-se contos ¢ histérias quase que diariamente para criangas, a fim de fazé-las dormir ou entreté-las. Historias e contos repetidos infinitas vezes. O pillpito das igrejas era outro lugar da repetigio, do aprendizado pela oralidade. As preces ¢ a historia sagra- da eram aprendidas pela repetiéo diria das palavras, pelas festividades ciclicas marcadas pelo calendério cristao. A instituigao escolar nasceu para propor uma nova forma de comunicacio, o conhecimento pela esctita, mas néo péde nem eliminar as relagées sociais € suas formas de transmissao de saber tradicionalmente esta: belecidas nem afastar-se delas. Os métodos criados pela escola foram obtigados a submeter-se a mecanismos jd existentes para imporem o saber que ela pretendia disseminar. Da mesma forma que, na atualidade, nao se pode ignorar a importincia da comunicagéo audiovi sual das médias, a comunicacéo oral pela repetigéo foi incorporada pelos métodos de ensino, os quais ev dentemente foram sendo considerados ultrapassados em razio das mudangas dos habitos culturais, mas também devido ao uso da meméria como simples repetigio da decoracio de uma ligio. 1.3, EsTubos SOCIAIS E 0S “METODOS ATIVOS” A partir dos anos 30 do século passado comearam a surgir as propostas de Estudos Sociais em substitui¢éo Covtecnos « wtrooos of Ensno oe Histon A Histéria, & Geografia e ao Civismo para as escolas primérias. O principio basico dos Estudos Sociais, inspirado em scolas norte-americanas, visava 4 integracéo do Individuo na sociedade, devendo os contetidos dessa drca auxiliar a insergao do aluno, da forma mais ade- quada possivel, em sua comunidade. Os programas de Estudos Sociais fundamentaram-se nos estudos da pricologia cognitiva, que se desenvolveu sobretudo a partir dos anos 30 e aperfeigoou-se nos anos 50, pelos entudos pedagégicos. ssa fundamentagdo psicolégica apresentava os I'studos Sociais para as criangas de forma progressiva, Introduzindo os alunos nos temas da sociedade, de wordo com a faixa etéria. Propunha que os estudos fussem iniciados com base nas realidades préximas this ctiangas, tanto no tempo como no espaco. Nessa etspectiva, o passado mais préximo era, antes de tudo, w imediato: o familiar, 0 local, o escolar. A partir dos H anos a crianga teria condicées psicolégicas e moti- vayoes que lhe permitiriam ampliar 0 raio de ago das petcepeGes de outros tempos mais recuados ¢ outros es- Puves, por meio de aventuras ¢ narracées mais realstas. Os Estudos Sociais foram adotados em algumas ewolas, denominadas “experimentais” ou “vocacionais”, no decorrer da década de 60, e, depois da reforma ¢ducacional na fase da ditadura militar, pela Lei 5.692 de agosto de 1971, a area foi introduzida em todo o slnicma de ensino — o qual entéo passou a se chamar de primeiro grau —, estendendo-se para as demais fries do antigo gindsio. Houve sempre certa dificuldade em estabelecer efe- tlvamente os contetidos histéricos dos Estudos Sociais, EVE ARORDACEM HISTONCA 74 — Histone sSCOLA: PRED UNA DISCPUIA em conseqiiéncia da condigio de sintese que a area tendia a desempenhar. Para Delgado de Carvalho, um dos precursores e defensores dos Estudos Sociais para as séries iniciais (as quais compéem o atual ensino fundamental), essa é basicamente uma area de forma- 40 de valores morais. Considerando o momento hist rico de vivéncia em um mundo dificil e conturbado, os Estudos Sociais jé nao se poderiam limitar a desen- nalista de feicao ufanista, mas deveriam criar meios de frear as inquie- volver um espirito patridtico ¢ naci tudes de uma geragio em um mundo submetido a um ritmo acelerado de transformagées de seus valores tra- dicionais, tais como a familia, as condigées de trabalho ea ética, Os Estudos Sociais poderiam atender aos proble- mas da sociedade moderna ¢ ajudar a enfrentar seus riscos por serem constituidos de “diferentes matérias”, no intuito de dar seguranga e estabilidade aos edu- candos. Tais “matérias” provinham da Geografia hu- mana, da Sociologia, da Economia, da Histéria ¢ da Anwopologia Cultural, que se misturavam para cons- tituirem “ciéncias morais”, Elas se integravam para explicar o mundo capiralista organizado segundo 0 itico norte-americano, que favorece a ago individual e o “espirito” de competitividade como regime democ garantia de sucesso, condico que exige um desen- volvimento de capacidade de critica segundo os moldes criticar para aperfeigoar o sistema vigente liberais melhor se adaptar a ele. Os métodos tornaram-se de vital importancia para o bom resultado dos Estudos Sociais, uma vez que os contetidos histéricos, geogrificos, sociolégicos, etc. se _Contt0n0s €wtroves pesNSiNo OF HistOna: weve diluiam, assim como as categorias ¢ conceitos bisicos provenientes das ciéncias de referéncia. Os métodos dtivos, que situam a crianga ¢ seu centro de interesses tomo pontos de partida — na concepgio de Delgado de Carvalho e dos demais seguidores, contempo- incos nossos, dessas propostas —, fundamentam-se em Herbart ¢ em Dewey. A inteligéncia infantil em ms fase concreta, conforme a psicologia cognitiva, deve rer estimulada, no caso especifico dos Estudos Sociais, [ich observacio descrigio do meio local. Devem-se tlservar e descrever sieuagoes de trabalho, a organiza- io das ruas pragas, os transportes, etc., e incentiva- ac muito a realizagao de visitas aos locais de interesse histérico © de excursées. Para a maioria dos autores, os estudos histéricos, embora meramente introdutérios, s6 seriam possiveis « partir da idade de 9 anos, comegando com as lem- buungas préprias do aluno, a familiar a local, para postcriormente se selecionarem alguns tépicos sobre Kiupos sociais de outros tempos ¢ de outras civili- tayoes, de modo que a crianga pudesse ter “uma visio xibria e mais simpatica dos estrangeiros”. O “outro” 4, nessa do, entendido como alguém diferente que Inerece simpatia, a fim de ser evitada a formagao de tum espirito na que, de alguma forma, pudesse favorecer tendéncias helicosas. O importante nas atividades ou no método tivo & a ctiagéo de uma atmosfera pedagégica, para fiormar, a partir da escola, um individuo socialmence mnalista xendfobo e de antagonismo efleiente para o sistema, Em decorréncia do método ativo, surgiu uma pro- posta de conteiido cujo principio de selecio era a dos 75 1} Pannt — Histon sé 76 “circulos concéntricos”. Os contetidos organizavam- se por estudos espaciais — do mais préximo ao mais distante —, ¢ os estudos histéricos tornavam-se bas- tante reduzidos, constituindo apéndices de uma Geo- grafia local e de uma Educacéo Civica que fornecia istracao institucionalizada informag6es sobre a admi (municipios, Estados, representantes € processo elei- toral), sobre os simbolos patrios (hinos ¢ bandeira) ¢ sobre os deveres dos cidadios: voto, servico militar, etc. As datas civicas ¢ as comemoragées dos feitos dos herdis ¢ dos “grandes acontecimentos nacionais” eram, na pratica, os Gnicos “conteiidos histéricos” para alu- nos dessa faixa etéria. A comemoracio ou rememoragio da “descoberta do Brasil”, da “independéncia do Bra- sil”, da “aboligao dos escravos” ¢ da “proclamagio da Repiiblica” tornou-se sindnimo de “ensino de Histé- ria” para as séries iniciais. 2. Ensino de Histéria no secundario A Histéria foi uma disciplina incluida no plano de estudos do Colégio Pedro II, a escola secundaria publi- ca modelar criada pelo governo imperial em 1837. Embora 0 nivel secundério tenha sofrido transfor- magées constantes do século XIX ao atual, a Histéria permaneceu como ensino obrigatério, integrando tanto (8 curriculos das humanidades clésicas como os curriculos cientificos, Nesse percurso, os contetidos selecionados € 0s métodos variaram bastante, sem, contudo, deixa- rem de estar a servico de finalidades fundamentais associadas & constituicéo de identidades nacionais. . Covtro00s « mtrov0S H€E4sNO OE HISTORIA: BEEVE ABOROACEM MITORICA 2.1. A HISTORIA £ 0 CURRICULO HUMANISTICO. O nivel secundario no Brasil caracterizou-se como um curso oferecido pelo setor piiblico — no Colegio Pedro II do Rio de Janeiro, capital do Império ¢ da Reptiblica, em liceus provinciais, em gindsios esta- duais republicanos — e pelo setor privado. A rede purticular de escolas, para esse nivel escolar, desempe- thou e continua a desempenhar importante papel, levando-se em conta que o secundario foi criado para atender a formagio dos setores de elite. ‘As escolas confessionais de ordens religiosas de bvigem européia, nos séculos XIX e XX, foram muito Importantes ¢ responsaveis pelo estabelecimento de tum sistema de ensino bastante amplo, com exter- haws € internatos, tanto para meninos quanto para nas. A presenga dos colégios confessionais foi nte até os anos 50 do século passado, quando ‘omecaram a softer intensa concorréncia de escolas sccundérias leigas, que passaram a proliferar 4 medida ‘qu seampliava 0 piblico escolar secundétio, no pro- ceo de crescimento da classe média urbana. A Histéria, tanto nas escolas puiblicas como confes- slonais do século XIX, integrava 0 curriculo denomi- nado de “humanismo clissico”, o qual se assentava no ‘stuclo das linguas, com destaque para o Latim, ¢ tinha 10s textos da literatura cléssica da Antiguidade como modelo e padréo cultural. O curriculo humanistico presupunha uma formacéo desprovida de qualquer tmilidade imediata, mas era por intermédio dele que tc adquiriam marcas de pertenca a uma elite. Assim, o estudo do Lat uum conhecedor de uma Lingua antiga, mas servia para nao visava simplesmente formar 1 Parra — Hnromu wcouan ei 78 que o Jovem secundarista fizesse citagbes € usasse ex- presstics caracteristicas de um grupo social diferenciado letrado”. ‘Os contetidos propostos serviam também para uma formagio moral baseada no idedrio de civilizagao, cujos valores eram disseminados como universais, mas pra- do “pove ticados com exclusividade pela elite. A selecao de textos literdrios realizava-se tendo em vista a apreensio de valores como a prudéncia, a justiga, a coragem € a moderacio. As disciplinas foram sendo organizadas para atender, portanto, a tais objetivos sociais ¢ de formagio de valores. Os programas do Colégio Pedro II, que consti- tufam modelo para os demais colégios desse nivel no Pais, foram inspirados no ensino secundario francés. Predominava o estudo de Histéria Geral, dividido pe- los grandes marcos definidores da histéria profana: tempo antigo, entendido como a de alguns povos em torno do Meditertineo, com especial acento sobre gtegos ¢ romanos; a Idade Média, como oposigio a0 tempo moderno; a Idade Moderna e, por fim, a cria- ao, em 1850, de uma Histéria Contemporinea. Mas, além da histéria profana, o ensino da Histéria Sagrada cra parte integrante dos programas durante os anos do Império. A Histéria da Patria ou do Brasil intro- duziu-se a partir da fundagio do Colégio Pedro II ¢ separou-se da Histéria Geral, surgindo como disciplina auténoma apenas nos anos 50 do século XIX em uma condigao complementar, quase como um estudo ane- x0, e sendo oferecida aos alunos das série finais. Cabe lembrar que o ensino secundério no era obrigatério para o ingresso no ensino superior. Conrttinos ¢ wE10008 DF EASING be stom Historiadores do Instituto Histérico e Geografico do Brasil (IHGB) haviam fornecido, no decorrer do aéculo XIX, as bases de uma histéria nacional di vislida em periodos definidos pela acio politica: a descoberta do Brasil — 0 nascimento da nagio que era notadamente branca, europé i tuido no periodo da colonizacéo; a Independéncia e © Estado mondrquico, que possibilitaram a integri- clade territorial ¢ o surgimento de uma “grande nagio”. A Ilistéria do Brasil dos programas curriculares e dos liveos didaticos possuia 0 mesmo arcabougo, mas, na pnitica escolar, paradoxalmente, foi um contetido com- pplementar na configuragéo de uma identidade nacional. ‘A histéria da “genealogia da nagao” baseava-se na in- io do Brasil no mundo europeu, ¢ era este mundo si matriz ou o bergo da Nagao. 2.2, A HISTORIA E 0 CURRICULO CIENTIFICO No fim do século XIX, 0 curriculo humanistico loi duramente criticado por diversos grupos interes- udos na modernizacéo do Pais segundo os moldes do pitalismo industrial e imperialista. © mundo indus- tri que se espalhava pela Europa e pela América seten- trional era incorporado por setores da nossa clite, que ppassaram a questionar o curriculo humanistico e acen- wavam a necessidade de introduzir as ciéncias da natu- tera para a formacao das novas geragoes. A Matemitica, ake ica, a Quimica, a Histéria Natural ou Biologia passaram a constituir saberes escolares definidores de tuma formagio intelectual voltada para a configuragio 1 Paste — Histon eco 80 de um novo tipo de elite. Nesse processo as disci- plinas escolares foram sendo constituidas de forma mais organizada, como foi visto no capitulo anterior, ¢ as especialidades de cada campo do conhecimento compuseram um novo curriculo: o currtculo cientifico. Os debates no Brasil, no decorrer do século XX, sobre as disciplinas basicas para 0 ensino secundéti expressaram as polémicas sempre presentes em torno dos objetivos desse nivel de ensino ¢ dos setores so- ciais que teriam acesso a cle, Nas primeiras décadas do século XX acabou por prevalecer um amélgama entre as disciplinas cientificas € as provenientes da tradigio clissica, formando o que André Chervel deno- mina de humanidades cientificas. A Historia integrou-se nesse curriculo sem maiores problemas. Seus objetivos continuaram ainda associa~ dos formagio de uma elite, mas com tendéncias mais pragmaticas. E a disciplina passou a ter uma fungao pedagégica mais definida em relagao & sua importan- cia na formagio politica dessa elite. ‘A Histéria da Civilizagdo, com os quatro grandes periodos e separada defi da, transformou-se no eixo explicativo da Histétia esco- itivamente da Histéria Sagra- lar. Os pressupostos iluministas foram os vencedores de uma concepgio de histéria da humanidade, forta- lecendo a idéia da racionalidade do homem ¢ tendo 0 Estado-nagio como agente principal da civilizagio moderna. A cronologia continuava a organizar os con- tetidos histéricos escolares, tendo como meta o progres- s0 tecnolégico criado pelo homem branco. A Historia da Civilizagio e a Histéria do Brasil des- tinavam-se a operar como formadoras da cidadania ¢ CCostevoos ¢ mtr2008 DE ENSINo 0g HISTOR BRL ABOROAGEM HSTORICA du moral civica. Um dos objetivos basicos da Histria ticolar era a formacio do “cidadao politico”, que, em asso caso, era 0 possuidor do direito ao voto. A Histé- tia do Brasil servia para possibilitar as fururas geragbes dos sctores de elite informagoes acerca de como con- duzir a Nagao ao seu progresso, ao seu destino de "grande nagio”. Nessa perspectiva, a Histéria do Brasil continuava ‘como contetido suplementar. Houve tentativas de in- troduzit uma Historia da América, no intuito de con- tiibuir com a formagio de uma identidade latino- amricana para forjar projetos politicos para a Nagio, Innas ndo tiveram sucesso. Prevalecia a idéia de que a Identidade nacional deveria sempre estar calcada na Kuropa — 0 “berco da Nagao” — e de que a historia tnacional havia surgido naquele espago. Esse ideério explica a razio de os estudos da Histéria do Brasil

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