2.8 - Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível
Paulo Freire apresenta sua perspectiva de História na prática
pedagógica, uma vez que o educador deve crer no futuro como algo condicionado, jamais inexorável. A história deve ser trabalhada como possibilidade de ser construída dialeticamente pelos sujeitos históricos. Essa categoria de sujeito histórico consiste em entender nosso papel no mundo e de transformar a realidade, construindo assim novos saberes. Na pedagogia da autonomia freiriana, o educador não apenas é um humano no mundo, mas sujeito que luta contra a acomodação e a visão de estudar por estudar. O saber tem uma função de descortinar as misérias, desigualdades e praticar a resistência às indiferenças que culpabilizam e fatalisam a condição dos pobres. Nesse sentido, emerge a ideia a resistência como catalisadora da rebeldia, ao operar contra a resignação, o assistencialismo silenciador, a ideia de miséria como consequência da preguiça das classes subalternizadas, da raça, ou mesmo das punições divinas. Essa atitude de rebeldia permite imaginar o futuro como uma porta aberta e possibilidade de lutar contra as injustiças que os educandos foram submetidos historicamente. Assim, a mudança implica na denúncia das situações que desumanizam e o anúncio da possibilidade de sua superação, como um sonho compartilhado. Nesse processo, os educadores devem se valer respeitosamente da visão de mundo e das experiências dos educandos, tratando as questões com diálogo e para que a luta seja compreendida como possibilidade para novos caminhos e construção de saberes que libertam das opressões.