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De fato, escreve ele, a ideologia burguesa era um pensamento e um discurso de caráter legislador,
ético e pedagógico, que definia para toda a sociedade o verdadeiro e o falso. Punha ordem no
mundo, afirmando o valor positivo e universal de algumas instituições como a família, a pátria, a
empresa, a escola e o Estado.
No entanto, a partir, sobretudo, dos anos 30 do século XX, houve uma mudança no processo social
do trabalho. O trabalho industrial passou a ser organizado segundo um padrão conhecido como
fordismo.
2. será eficiente se estabelecer uma rígida hierarquia de cargos e funções, na qual a subida a um
novo cargo e a uma nova função signifique melhorar de posição social. A Organização será tanto
mais eficaz quanto mais todos os seus membros se identificarem com ela e com os objetivos dela,
fazendo suas vidas um serviço a ela que é retribuído com a subida na hierarquia de poder;
3. Organização é uma administração científica racional que possui lógica própria e graças a essa
lógica é que possui o conhecimento das ações a serem realizadas e que conhece quais as pessoas
competentes para realizá-las
* Lefort fala da ideologia contemporânea como ideologia invisível. Ou seja, enquanto a ideologia
burguesa tradicional as idéias eram produzidas e emitidas por determinados agentes sociais, agora
parece não haver agentes produzindo as idéias, porque elas parecem emanar diretamente do
funcionamento da Organização e das chamadas “leis do mercado”.
* Hoje em dia, porém, não se trata mais de usar técnicas vindas da aplicação das ciências, e sim de
usar e desenvolver tecnologias. A tecnologia não é ciência aplicada. A tecnologia é fabricação de
instrumentos de precisão que interferem no próprio conteúdo das ciências. Com isso, as ciências
passaram a participar diretamente do processo produtivo. Essa participação da ciência e da
tecnologia no processo de produção das mercadorias aparece com clareza na automação e na
informatização do trabalho industrial, e nas demais atividades econômicas e sociais.
- Na outra modalidade prática, o discurso competente procura desfazer o que fez anteriormente. Ou
seja, depois de invalidar os indivíduos e as classes sociais como sujeitos da ação, procura revalidá-
los, mas tornando-os como pessoas ou indivíduos privados (competência privatizada).
* O discurso da competência privatizada é aquele que ensina a cada um de nós, enquanto indivíduos
privados (e não enquanto sujeitos sociais), como nos relacionarmos com o mundo e com os outros.
Exemplos: ouvimos os nutricionistas, os pediatras, os psicólogos, os jardineiros, etc., como livros
de auto ajuda.
- Os jovens universitários estão convencidos de que sempre foi e sempre será assim, e que a função
da universidade é adaptar-se às exigências das organizações empresariais, isto é, do que se costuma
chamar de “o mercado”. O diploma confere ao que procura emprego a condição de “especialista” e
de “competente”. Dessa maneira, a universidade alimenta a ideologia da competência e despoja-se
de suas principais atividades, a formação crítica e a pesquisa.