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ATOrd - 0010710-40.2014.5.14.0401 - 1grau Everton
ATOrd - 0010710-40.2014.5.14.0401 - 1grau Everton
: 1
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região
Partes:
RECLAMANTE: EVERTON MOURA PINHEIRO
ADVOGADO: WILKA SOARES GADELHA
RECLAMADO: BANCO DA AMAZONIA SA
ADVOGADO: MARCIA FREITAS NUNES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: NORTHON SERGIO LACERDA SILVA
ADVOGADO: LUCIO BRASIL COELHO JUNIOR
ADVOGADO: BONIEK PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DANIELE GURGEL DO AMARAL
ADVOGADO: ADRIANA SILVA RABELO
ADVOGADO: IGOR MAURICIO FREITAS GALVAO
ADVOGADO: WELLINGTON MARQUES DA FONSECA
ADVOGADO: BRUNO SANTOS DE SOUZA
ADVOGADO: MAYARA LIMA SOARES
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ATA DE AUDIÊNCIA
Aos 9 (nove) dias do mês de janeiro do ano de 2015, na sala de audiências da 1a Vara do
Trabalho de RIO BRANCO/AC, o Juiz do Trabalho Substituto LUIZ JOSÉ ALVES DOS
SANTOS JÚNIOR realizou a presente audiência em que são partes:
Aberta a audiência às 17h58, por ordem do MM. Juiz foram apregoadas as partes.
SENTENÇA
I – RELATÓRIO
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Número do documento: 15011012525621200000001675539
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É, em síntese, o relatório.
II - FUNDAMENTAÇÃO
1 – APTIDÃO DA INICIAL
A aptidão da inicial trabalhista é verificada a partir dos requisitos do art. 840 da CLT, a saber,
a existência de uma breve exposição dos fatos e os pedidos. Vige o princípio da simplicidade,
de forma que não se exigem os mesmos requisitos previstos no art. 295, parágrafo único, do
CPC.
Nessa esteira, há que se considerar aptos os pedidos da exordial, porque ao contrário do que
alega o réu, é viável o conhecimento pleno das causas de pedir e dos pedidos, isto é, o mérito
da causa. Os fatos encontram-se narrados com clareza e, os pedidos, realizados de forma
lógica e coerente com o substrato fático apresentado.
Além do mais, o reclamado contestou a ação de modo que não houve qualquer prejuízo.
Rejeito.
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Por sua vez, o reclamado sustenta que “tanto os engenheiros quanto os médicos veterinários,
por trabalharem em estabelecimento bancário, como é o caso do Banco da Amazônia,
estarão enquadrados, independentemente da profissão liberal que exerçam, como integrantes
da categoria profissional equivalente à atividade econômica preponderante na empresa que
é, exatamente, a dos empregados em estabelecimentos bancários”, não podendo ter
vantagens não concedidas a toda a categoria dos bancários. Ou seja, “os engenheiros que
trabalham em instituição bancária devem ser regidos pelas regras desta e não pela Lei 4590-
A/66, por não serem categoria diferenciada”. Acrescenta que ainda que o Juízo considere
que o obreiro pertence a categoria profissional diferenciada, o fato é que a Lei n. 4.590-A
/1966 não foi recepcionada pelo artigo 7, inciso IV, da Constituição Federal/1988, pois tal
arcabouço normativo utiliza o salário mínimo como fator de indexação, o que viola o anterior
citado preceito constitucional. Cita a OJ n. 71 da SBDI-2 do colendo TST.
De início, é incontroverso que o obreiro é empregado do banco réu, sendo que o contrato de
trabalho teve sua origem em concurso público prestado pelo reclamante, e o cargo constante
na CTPS é de Técnico Científico - Engenheiro Agrônomo. Incontroverso, também, que na
prática o obreiro exerce atividades relacionadas a sua profissão de origem (Engenheiro),
muito embora a denominação do cargo de Técnico Científico.
Deste modo, tenho que a citada lei foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988,
inexistindo violação ao artigo 7, inciso IV, da Carta Magna, tendo por base a Orientação
Jurisprudencial n. 71 da SBDI-2 do colendo TST, “in verbis”:
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Nesta mesma linha de raciocínio, cito jurisprudência da mais alta Corte Trabalhista, em
defesa da recepção da Lei n. 4.590-A/1966 pelo nosso ordenamento jurídico:
“ (…) Não se pretende, nem se determina que a atualização do salário da reclamante seja
vinculada aos reajustes do salário mínimo. A decisão determina a observância do que dispõe
a Lei nº 4.590-A/66 no cálculo do salário inicial da reclamante.
"A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art. 7º,
inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido
preceito constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário
mínimo."
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terceiros diferem das contribuições sociais, de que trata o artigo 114 da Constituição Federal
/88, razão por que não se enquadram nos limites da competência da Justiça do Trabalho,
mas tão-somente do INSS (agora, de acordo com a Lei nº 11.457/2007, Secretaria da Receita
Federal do Brasil). Recurso de revista conhecido e provido. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DEVIDAS AO SEGURO POR
ACIDENTE DE TRABALHO (SAT). A jurisprudência da c. Turma é no sentido de que a
Justiça do Trabalho é competente para executar, de ofício, as contribuições sociais
derivadas das sentenças que proferir, entendendo-se por contribuições sociais,
essencialmente, o seguro por acidente de trabalho (SAT), registrando que o SAT tem
natureza de seguridade social. Recurso de Revista não conhecido. PARTICIPAÇÃO NOS
LUCROS. Não há como conhecer do recurso de revista por ofensa aos arts. 5º, II, e 7º, XI,
da CF, quando duplo fundamento norteou o entendimento do julgado regional, de que a
reclamada não desconstituiu os fatos alegados, como também de que o empregado não pode
ser tratado de forma discriminatória. Recurso de revista não conhecido. ENGENHEIRO.
SALÁRIO PROFISSIONAL. LEI Nº 4.950-A/66. BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO
MÍNIMO. OJ Nº 71 DA SBDI-2. In casu, trata-se de estipulação do salário profissional, à
época da contratação, em múltiplos do salário mínimo, não sendo a hipótese de correção
automática do salário profissional pela evolução do salário mínimo, razão pela qual não há
que se falar em afronta ao art. 7º, IV, d CF. Recurso de revista não conhecido." (TST-RR-
51700-21.2007.5.08.0002; Rel. Ministro Aloysio Corrêa da Veiga; 6ª Turma; DEJT 18/03
/2011)
Assim, não enquadro o obreiro como bancário, e sim como integrante de categoria
profissional diferenciada, o que lhe confere o direito ao salário mínimo profissional postulado
na presente demanda. Seguindo esta trilha, colaciono aos autos jurisprudência do colendo
TST envolvendo o banco réu e tratando sobre a mesma matéria, ou seja, aplicação da Lei n.
4.590-A/1966 para engenheiro empregado do Banco Amazônia:
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Inicialmente, no que tange à alegação de que o reclamante não fora contratado para exercer
função condizente com sua formação profissional, infere-se que a tese do reclamado
encontra-se totalmente desassociada do conjunto probatório constituído nos autos, não
passando sua afirmação de mera tentativa vã em tentar se esquivar da condenação fixada em
primeiro grau.
Essa é a exegese objeto de aplicação pela iterativa, notória e atual jurisprudência no âmbito
da mais alta Corte Trabalhista deste País (TST), conforme demonstra-se in verbis:
RECURSO DE REVISTA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF. ARQUITETO E
ENGENHEIRO. PROFISSIONAIS LIBERAIS. ENQUADRAMENTO SINDICAL.
CATEGORIA DIFERENCIADA. ESTATUTO PROFISSIONAL PRÓPRIO.
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Sob outro quadrante, também não prospera a alegação de que a Lei n. 4.950-A/1966 é
inconstitucional, haja vista que o assunto já foi objeto de apreciação em várias outras
situações similares, não se vislumbrando qualquer transgressão à Lei Maior.
É que nesse aspecto, convém não se confundir a indexação de vencimentos a índices federais
de correção monetária, contrária à norma do art. 7º, IV, CF/88, parte final, e considerada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal - Súmula n. 681 - com a vinculação da
remuneração de servidores a pisos salariais definidos em lei federal para a categoria
correspondente.
Trata-se de adequação ao piso salarial previsto em lei federal específica para a categoria,
qual seja, no caso em comento, Engenheiro Agrônomo. Assim, não há que se falar em
suposta ofensa ao referido dispositivo da Constituição Federal.
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Nesta mesma linha também tem se posicionando esta Egrégia 2ª Turma, conforme arestos
abaixo: BASA. RECURSO ORDINÁRIO. ENGENHEIRO AGRÔNOMO.
AUSÊNCIA DE OFENSA AO ART. 7º, INCISO IV, DA CF/88. - Nos termos do entendimento
esposado pelo Supremo Tribunal Federal, o que a Constituição Federal veda em seu art. 7º,
inciso IV, é a utilização do salário-mínimo como fator de indexação para obrigações sem
cunho salarial ou alimentar Assim, não viola o comando constitucional, dispositivo de lei
que fixa remuneração mínima de determinadas profissões em múltiplos de salário-mínimo.
ENGENHEIRO. SALÁRIOS.
Destarte, faz jus o obreiro à diferença salarial aferida entre o valor do salário básico
efetivamente recebido pelo autor quando de sua contratação e o valor do salário profissional
devido à época, observando-se o período não prescrito, e os reflexos equivalentes, não se lhe
aplicando as correções do salário- mínimo ocorridas no período da condenação, mas apenas
aquelas concedidas pelo empregador ao empregado. (TRT14, RO NU 0000240-
23.2010.5.14.0131, Relator Desembargador Carlos Augusto Gomes Lôbo; 2ª Turma; Data
de Julgamento: 7.4.2011; Data de Publicação: 8.4.2011).
Por outro lado, o reajustamento do salário-base do autor não poderá estar vinculado aos
mesmos reajustes do salário-mínimo legal, posto que nesse ponto haverá vulneração à Lei
Maior de 1988.
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A decisão de primeiro grau também teve o cuidado de observar todas essas circunstâncias.
Portanto, com fulcro na exposição retro, nego provimento ao apelo interposto pelo
reclamado nesse ponto. (...)” (AIRR - 42-94.2013.5.14.0061 , Relator Ministro: José Roberto
Freire Pimenta, Data de Julgamento: 24/09/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03
/10/2014).
Outrossim, condeno o reclamado ao pagamento dos reflexos das diferenças salariais em férias
+ 1/3, décimo terceiro salários, gratificações constantes nos holerites, desde o início do
contrato de trabalho até a efetiva implantação das diferenças salariais em folha de pagamento.
Ainda, condeno o reclamado a efetivar os depósitos das diferenças salariais deferidas sobre o
FGTS (8%), na conta vinculada obreira, sob pena de execução direta.
Após o trânsito em julgado, o reclamante deverá depositar sua CTPS na Secretaria da Vara.
Em seguida, deverá ser intimada o réu para as devidas anotações, quando começará a correr o
prazo para o início da aplicação da multa, em caso de descumprimento da decisão.
Ultrapassado o prazo, deverá a anotação ser efetuada pela Secretaria da Vara, na forma do art.
39 da CLT, sem prejuízo da multa fixada e sem mencionar que decorre de decisão judicial.
3 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
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Destarte, se o art. 791 da CLT ainda está em vigor, a parte que assume espontaneamente a
contratação de advogado deve arcar com as despesas decorrente dessa contratação, afinal,
poderia ter atuado pessoalmente na defesa de seus interesses. Por outro lado, o deferimento
de indenização pela contratação de advogado implicaria, por via transversa, a violação da Lei
5.584/70. Dessa forma, adoto o entendimento contido nas Súmulas 219 e 329 do TST para
indeferir a indenização por perdas e danos.
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advogado e perito , em que pese entendimento pessoal deste relator. Recurso de revista
conhecido e não provido." Processo: RR - 371900-93.2005.5.09.0009 Data de Julgamento:
03/11/2010, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 19/11/2010 (grifo).
Indefiro.
4 - JUSTIÇA GRATUITA
Declarando-se a parte autora hipossuficiente e não havendo elementos que desmereçam tal
condição, prestigiada por presunção legal (Lei 7.115/83, art. 1º), defiro a gratuidade de justiça
a que alude o artigo 790, parágrafo terceiro, da CLT.
III – D I S P O S I T I V O
POSTO ISSO, decido rejeitar a preliminar referente à inépcia da petição inicial, e, no mérito,
julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados por EVERTON MOURA
PINHEIRO em face de BANCO DA AMAZÔNIA S.A., nos autos da presente reclamação
trabalhista, para condenar o reclamado, nas seguintes obrigações:
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a) pagamento das diferenças salariais entre o “vencimento básico” (rubrica GM1) recebido
mensalmente constante nos holerites e a base de cálculo de seis vezes o salário mínimo da
época, estipulada no artigo 5 da Lei n. 4.590-A/1966, desde o início do contrato de trabalho
até a efetiva implantação das diferenças salariais em folha de pagamento.
b) pagamento dos reflexos das diferenças salariais em férias + 1/3, décimo terceiro salários,
gratificações constantes nos holerites, desde o início do contrato de trabalho até a efetiva
implantação das diferenças salariais em folha de pagamento.
c) efetivar os depósitos das diferenças salariais deferidas sobre o FGTS (8%), na conta
vinculada obreira, sob pena de execução direta.
Após o trânsito em julgado, o reclamante deverá depositar sua CTPS na Secretaria da Vara.
Em seguida, deverá ser intimada o réu para as devidas anotações, quando começará a correr o
prazo para o início da aplicação da multa, em caso de descumprimento da decisão.
Ultrapassado o prazo, deverá a anotação ser efetuada pela Secretaria da Vara, na forma do art.
39 da CLT, sem prejuízo da multa fixada e sem mencionar que decorre de decisão judicial.
O deferimento das verbas acima tem como suporte o que consta na fundamentação desta
sentença, que ao dispositivo se integra para todos os fins formais e legais.
Juros de mora a serem calculados na forma do art. 883 da CLT e 39, § 1º, da Lei 8.177/91,
observando-se ainda a Súmula 200 do TST.
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Correção monetária a ser calculada na forma do art. 459, §1º, da CLT, observando-se, ainda,
a Súmula 381 do TST, devendo ser utilizado como índice o INPC, diante da decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI dos Precatórios (ADI 4.357-DF,
relatada pelo Senhor Ministro Ayres Brito).
O cálculo das contribuições previdenciárias deve observar o art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048
/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado,
no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no
art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição (Súmula 368, III, TST).
Atendendo o disposto no artigo 832, § 3º da CLT, acrescido pela Lei n. 10.035/2000, declaro
que as parcelas deferidas possuem natureza salarial, a exceção dos reflexos das diferenças
salariais sobre férias + 1/3 e sobre o FGTS.
Autorizo a retenção do imposto de renda incidente, por força do art. 46 da Lei 8.541/1992,
sobre as parcelas da condenação, observado o fato gerador do tributo e os critérios de cálculo
fixados pelo art. 12-A da Lei 7.713/1988, com a redação dada pela Lei 12.350/2010,
regulamentado pela Instrução Normativa 1.127/2011 da RFB (Súmula 368, II, TST), devendo
a comprovação ser feita no prazo de 15 dias da data de retenção, nos termos do art. 28,
cabeça, da Lei 10.833/2003.
Destaco que a culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias não
exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da
contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte (OJ 363 SDI-1 TST).
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Por fim, observe-se que os juros de mora não integram a base de cálculo do imposto de renda,
nos termos do artigo 404 do Código Civil (OJ 400 SDI-1 TST).
Intimem-se as partes.
Nada mais.
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