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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0010710-40.2014.5.14.0401
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Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 21/08/2014


Valor da causa: R$ 150.000,00

Partes:
RECLAMANTE: EVERTON MOURA PINHEIRO
ADVOGADO: WILKA SOARES GADELHA
RECLAMADO: BANCO DA AMAZONIA SA
ADVOGADO: MARCIA FREITAS NUNES DE OLIVEIRA
ADVOGADO: NORTHON SERGIO LACERDA SILVA
ADVOGADO: LUCIO BRASIL COELHO JUNIOR
ADVOGADO: BONIEK PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: DANIELE GURGEL DO AMARAL
ADVOGADO: ADRIANA SILVA RABELO
ADVOGADO: IGOR MAURICIO FREITAS GALVAO
ADVOGADO: WELLINGTON MARQUES DA FONSECA
ADVOGADO: BRUNO SANTOS DE SOUZA
ADVOGADO: MAYARA LIMA SOARES
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ATA DE AUDIÊNCIA

Aos 9 (nove) dias do mês de janeiro do ano de 2015, na sala de audiências da 1a Vara do
Trabalho de RIO BRANCO/AC, o Juiz do Trabalho Substituto LUIZ JOSÉ ALVES DOS
SANTOS JÚNIOR realizou a presente audiência em que são partes:

RECLAMANTE: EVERTON MOURA PINHEIRO

RECLAMADO: BANCO DA AMAZÔNIA S.A.

Aberta a audiência às 17h58, por ordem do MM. Juiz foram apregoadas as partes.

Ausentes reclamante e reclamado, foi proferida a seguinte decisão:

SENTENÇA

I – RELATÓRIO

EVERTON MOURA PINHEIRO, devidamente qualificado na petição inicial, ajuizou a


presente reclamação trabalhista em face de BANCO DA AMAZÔNIA S.A., também,
qualificado nos autos, requerendo o direito às diferenças do salário mínimo profissional e
reflexos decorrentes, diferenças do FGTS, anotação do salário em CTPS, reparação material
pela contratação de advogado. Atribuiu à causa o valor de R$150.000,00.

Apresentou instrumento procuratório e documentos, que foram juntados aos autos.

Devidamente notificado, o reclamado compareceu à audiência, rejeitou a proposta de


conciliação, apresentou defesa, na forma de contestação escrita, com preliminares e, no
mérito, pugnando pela improcedência dos pedidos.

Razões finais remissivas.

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Rejeitada a segunda proposta de conciliação.

É, em síntese, o relatório.

II - FUNDAMENTAÇÃO

1 – APTIDÃO DA INICIAL

Em sede de preliminar de mérito, o reclamado requer a declaração de inépcia da petição


inicial, porquanto o reclamante postula o pagamento de diferenças salariais com base em
salário mínimo profissional, no entanto, não apresenta memorial descritivo de cálculo,
dificultando a sua defesa. Entendo que do valor pretendido na exordial (R$150.000,00), não
se consegue chegar a uma conclusão a respeito do direito do obreiro, não estando os pedidos
certos e líquidos.

A aptidão da inicial trabalhista é verificada a partir dos requisitos do art. 840 da CLT, a saber,
a existência de uma breve exposição dos fatos e os pedidos. Vige o princípio da simplicidade,
de forma que não se exigem os mesmos requisitos previstos no art. 295, parágrafo único, do
CPC.

Nessa esteira, há que se considerar aptos os pedidos da exordial, porque ao contrário do que
alega o réu, é viável o conhecimento pleno das causas de pedir e dos pedidos, isto é, o mérito
da causa. Os fatos encontram-se narrados com clareza e, os pedidos, realizados de forma
lógica e coerente com o substrato fático apresentado.

Além do mais, o reclamado contestou a ação de modo que não houve qualquer prejuízo.

Rejeito.

2 – DIFERENÇAS SALARIAIS DECORRENTES DE SALÁRIO MÍNIMO


PROFISSIONAL NÃO APLICADO NO CASO CONCRETO

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O reclamante relata que é Engenheiro Agrônomo pertencente ao quadro funcional do banco


réu, alegando ter direito ao salário mínimo profissional. Pleiteia diferenças salariais e
reflexos, “entre o valor recebido mensalmente e o estipulado pela Lei nº 4.950- A/66, desde a
assinatura do contrato (...)”.

Por sua vez, o reclamado sustenta que “tanto os engenheiros quanto os médicos veterinários,
por trabalharem em estabelecimento bancário, como é o caso do Banco da Amazônia,
estarão enquadrados, independentemente da profissão liberal que exerçam, como integrantes
da categoria profissional equivalente à atividade econômica preponderante na empresa que
é, exatamente, a dos empregados em estabelecimentos bancários”, não podendo ter
vantagens não concedidas a toda a categoria dos bancários. Ou seja, “os engenheiros que
trabalham em instituição bancária devem ser regidos pelas regras desta e não pela Lei 4590-
A/66, por não serem categoria diferenciada”. Acrescenta que ainda que o Juízo considere
que o obreiro pertence a categoria profissional diferenciada, o fato é que a Lei n. 4.590-A
/1966 não foi recepcionada pelo artigo 7, inciso IV, da Constituição Federal/1988, pois tal
arcabouço normativo utiliza o salário mínimo como fator de indexação, o que viola o anterior
citado preceito constitucional. Cita a OJ n. 71 da SBDI-2 do colendo TST.

De início, é incontroverso que o obreiro é empregado do banco réu, sendo que o contrato de
trabalho teve sua origem em concurso público prestado pelo reclamante, e o cargo constante
na CTPS é de Técnico Científico - Engenheiro Agrônomo. Incontroverso, também, que na
prática o obreiro exerce atividades relacionadas a sua profissão de origem (Engenheiro),
muito embora a denominação do cargo de Técnico Científico.

A respeito da alegada não recepção da Lei n. 4.590-A/1966, pela Constituição Federal de


1988 (artigo 7, inciso IV), é preciso ressaltar que o artigo 5 da Lei n. 4.590-A/1966 fixa a
base de cálculo do salário mínimo profissional em seis vezes o salário mínimo vigente no
País. Em suma, estipula o salário mínimo dos engenheiros em múltiplos do salário mínimo
nacional e não fixa a correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo nacional.

Deste modo, tenho que a citada lei foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988,
inexistindo violação ao artigo 7, inciso IV, da Carta Magna, tendo por base a Orientação
Jurisprudencial n. 71 da SBDI-2 do colendo TST, “in verbis”:

“OJ-SDI2-71 AÇÃO RESCISÓRIA. SALÁRIO PROFISSIONAL. FIXA-ÇÃO. MÚLTIPLO DE


SALÁRIO MÍNIMO. ART. 7º, IV, DA CF/88 (nova redação) - DJ 22.11.2004A estipulação do
salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da
Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulne-ração do referido preceito
constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário mínimo”

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Nesta mesma linha de raciocínio, cito jurisprudência da mais alta Corte Trabalhista, em
defesa da recepção da Lei n. 4.590-A/1966 pelo nosso ordenamento jurídico:

“ (…) Não se pretende, nem se determina que a atualização do salário da reclamante seja
vinculada aos reajustes do salário mínimo. A decisão determina a observância do que dispõe
a Lei nº 4.590-A/66 no cálculo do salário inicial da reclamante.

A estipulação de salário profissional em múltiplos do salário mínimo, nos termos da Lei nº


4.590-A/66, não viola o disposto no artigo 7º, IV, da Constituição Federal, o qual somente
proíbe a indexação daquele aos reajustes do salário mínimo.

Neste sentido, dispõe a Orientação Jurisprudencial nº 71 da SBDI-II desta Corte, in verbis:

"A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não afronta o art. 7º,
inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração do referido
preceito constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste do salário
mínimo."

Cito, ainda, os seguintes precedentes:

"RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE. SALÁRIO PROFISSIONAL DOS


ENGENHEIROS. RECEPÇÃO DA LEI N.º 4.950-A/66. A estipulação do salário
profissional dos engenheiros adotando-se múltiplos do salário mínimo não vulnera o
disposto no art. 7.º, IV, da CF, o qual proíbe somente a automática correção do salário
profissional baseando-se no reajuste do salário mínimo. Recurso de Revista conhecido e
provido." (TST-RR-194800-74.2008.5.12.0006; Rel. Ministra Maria de Assis Calsing; 4ª
Turma; DEJT 10/06/2011)

"RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA. ARQUITETO. ARTIGO 5º DA LEI


Nº 4.950-A/66. CORREÇÃO AUTOMÁTICA DO SALÁRIO. INTERPRETAÇÃO NÃO
RECEPCIONADA PELO ARTIGO 7º, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A
jurisprudência firmada no âmbito desta Eg. Subseção, consubstanciada na O.J. nº 71, segue
no sentido de que -a estipulação do salário profissional em múltiplos do salário mínimo não
afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em vulneração
do referido preceito constitucional a fixação de correção automática do salário pelo reajuste
do salário mínimo-. A matéria já foi pacificada pelo Supremo Tribunal Federal por meio da
Súmula Vinculante nº 4, cujo teor é o seguinte: -salvo nos casos previstos na Constituição, o
salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de
servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial-. Nessa esteira, a
interpretação do art. 5º da Lei nº 4.950-A/66 que se harmoniza com o inciso IV do art. 7º da
Constituição Federal é aquela que exclui a possibilidade de indexação, ou seja, de reajuste
automático do salário dos profissionais abrangidos pela Lei 4.950-A/66 em razão do
aumento do salário mínimo, de modo que o valor nominal de seis salários mínimos previsto
na lei em exame deve ser observado como piso salarial de contratação. Recurso ordinário
parcialmente provido." (TST-ROAR-23900-15.2006.5.06.0000; Rel. Ministro Emmanoel
Pereira; Subseção II Especializada em Dissídios Individuais; DEJT 03/06/2011)

"RECURSO DE REVISTA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DEVIDAS A TERCEIROS. As contribuições de

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terceiros diferem das contribuições sociais, de que trata o artigo 114 da Constituição Federal
/88, razão por que não se enquadram nos limites da competência da Justiça do Trabalho,
mas tão-somente do INSS (agora, de acordo com a Lei nº 11.457/2007, Secretaria da Receita
Federal do Brasil). Recurso de revista conhecido e provido. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DEVIDAS AO SEGURO POR
ACIDENTE DE TRABALHO (SAT). A jurisprudência da c. Turma é no sentido de que a
Justiça do Trabalho é competente para executar, de ofício, as contribuições sociais
derivadas das sentenças que proferir, entendendo-se por contribuições sociais,
essencialmente, o seguro por acidente de trabalho (SAT), registrando que o SAT tem
natureza de seguridade social. Recurso de Revista não conhecido. PARTICIPAÇÃO NOS
LUCROS. Não há como conhecer do recurso de revista por ofensa aos arts. 5º, II, e 7º, XI,
da CF, quando duplo fundamento norteou o entendimento do julgado regional, de que a
reclamada não desconstituiu os fatos alegados, como também de que o empregado não pode
ser tratado de forma discriminatória. Recurso de revista não conhecido. ENGENHEIRO.
SALÁRIO PROFISSIONAL. LEI Nº 4.950-A/66. BASE DE CÁLCULO. SALÁRIO
MÍNIMO. OJ Nº 71 DA SBDI-2. In casu, trata-se de estipulação do salário profissional, à
época da contratação, em múltiplos do salário mínimo, não sendo a hipótese de correção
automática do salário profissional pela evolução do salário mínimo, razão pela qual não há
que se falar em afronta ao art. 7º, IV, d CF. Recurso de revista não conhecido." (TST-RR-
51700-21.2007.5.08.0002; Rel. Ministro Aloysio Corrêa da Veiga; 6ª Turma; DEJT 18/03
/2011)

Assim, nos termos da Súmula nº 333 e da Orientação Jurisprudencial nº 336 da SBDI-I,


ambas desta Corte, afasto as divergências jurisprudenciais e a alegada violação do artigo 7ª,
IV, da Constituição Federal.

Diante do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. (...)” (AIRR - 60040-


63.2008.5.10.0001 , Relator Ministro: Pedro Paulo Manus, Data de Julgamento: 09/11/2011,
7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 18/11/2011).

No relativo ao enquadramento profissional do reclamante, muito embora prestou concurso


público para laborar no banco réu, a sua atuação é em atividade de Engenheiro e, portanto,
entendo que é possível considerá-lo em categoria profissional diferenciada, nos termos do
artigo 511, parágrafo terceiro, da CLT, tendo em vista que a profissão de engenheiro possui
estatuto profissional específico que é a própria Lei n. 4.590-A/1966.

Assim, não enquadro o obreiro como bancário, e sim como integrante de categoria
profissional diferenciada, o que lhe confere o direito ao salário mínimo profissional postulado
na presente demanda. Seguindo esta trilha, colaciono aos autos jurisprudência do colendo
TST envolvendo o banco réu e tratando sobre a mesma matéria, ou seja, aplicação da Lei n.
4.590-A/1966 para engenheiro empregado do Banco Amazônia:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. ENGENHEIRO. ARQUITET


O. ENQUADRAMENTO SINDICAL. CATEGORIA DIFERENCIADA. BANCÁRIO.
JORNADA DE TRABALHO. Segundo os precedentes reiterados desta Corte, não é bancário

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o engenheiro ou o arquiteto, empregado de banco, que efetivamente exerce a sua respectiva


profissão. Apesar de se tratar de profissional com regulamento próprio, o engenheiro e o
arquiteto integram categoria profissional diferenciada, consoante o artigo 511, § 3°, da CLT
e, por isso, descabe a jornada de trabalho prevista no artigo 224, -caput-, da CLT. Agravo
de instrumento a que se nega provimento." (AIRR-742-57.2010.5.09.0015, Relator Ministro
Pedro Paulo Manus, Data de Julgamento 17/04/2013, 7ª Turma, Data de Publicação: 19/04
/2013)

Inicialmente, no que tange à alegação de que o reclamante não fora contratado para exercer
função condizente com sua formação profissional, infere-se que a tese do reclamado
encontra-se totalmente desassociada do conjunto probatório constituído nos autos, não
passando sua afirmação de mera tentativa vã em tentar se esquivar da condenação fixada em
primeiro grau.

Em seu depoimento pessoal, o preposto da reclamada confessou que o "reclamante exerce a


atividade de engenheiro agrônomo no reclamado, sendo responsável por análise e
fiscalização de projetos rurais que o reclamado financia" (fl. 64).

Assim, independentemente da nomenclatura atribuída aos Engenheiros contratados pelo


banco, certo é que eles foram contratados para exercer funções típicas de sua formação
profissional. Ou seja, ainda que tenham recebido a denominação de "Técnico Científico",
tais empregados respondiam pelas atribuições correspondentes à sua área de formação, o
que elide o enquadramento dos mesmos na condição de bancários.

Essa é a exegese objeto de aplicação pela iterativa, notória e atual jurisprudência no âmbito
da mais alta Corte Trabalhista deste País (TST), conforme demonstra-se in verbis:
RECURSO DE REVISTA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF. ARQUITETO E
ENGENHEIRO. PROFISSIONAIS LIBERAIS. ENQUADRAMENTO SINDICAL.
CATEGORIA DIFERENCIADA. ESTATUTO PROFISSIONAL PRÓPRIO.

PERTINÊNCIA DA SÚMULA N° 117 DESTA CORTE. A SBDI-1 desta Corte, no julgamento


do ERR-104/2006-006-05-00, firmou entendimento de que o profissional liberal, cuja
atividade encontra-se regulamentada em estatuto profissional próprio, integra categoria
profissional diferenciada, a teor do § 3° do artigo 511 da CLT, para fins de enquadramento
sindical. Nesse contexto, repeliu a ideia de que as categorias diferenciadas são somente
aquelas expressamente enumeradas no quadro anexo do artigo 577 da CLT, seja porque o §
3° acima mencionado não estabelece essa previsão como condição sine qua non para o
enquadramento sindical; seja porque o art. 1º da Lei nº 7.361/1985 confere à Confederação
das Profissões Liberais o mesmo poder de representação atribuído aos sindicatos
representativos das categorias profissionais diferenciadas. Assim é o que ocorre com a
situação específica dos engenheiros e arquitetos contratados por instituições bancárias, os
quais encontram na Lei 4.950-A/66 seu estatuto profissional próprio. Pertinência da Súmula
n° 117 do TST, que há muito consagra o entendimento desta Corte de que as instituições
bancárias podem regularmente contratar profissionais integrantes de categorias
diferenciadas.

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Recurso de revista conhecido e provido. (TST, RR-61900-85.2008.5.14.0002, 8ª Turma,


Relatora: Ministra Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 22/6/2010, Data de
Divulgação: 30/7/2010). [-] ENGENHEIRO AGRÔNOMO. APLICAÇÃO DE NORMAS
COLETIVAS DA CATEGORIA DOS BANCÁRIOS. HORAS EXTRAS. JORNADA
REDUZIDA. A jurisprudência sedimentada desta Corte entende que o enquadramento
sindical do empregado em determinada categoria se dá pelo exercício de atividade
preponderante do seu empregador, salvo se se tratar de categoria profissional diferenciada.
O art. 570 e seguintes da CLT determina que o enquadramento sindical deve ser feito de
acordo com o quadro de atividades e profissões de que trata o art. 577. O referido quadro,
no entanto, não insere o engenheiro como categoria profissional diferenciada, e sim como
profissional liberal, nos termos do art.511, § 3º, da CLT. Esta Corte entende que isso,
todavia, não impede que se aplique aos engenheiros as mesmas normas concernentes à
categoria profissional diferenciada, uma vez que estes profissionais estão submetidos à Lei
nº 4.950- A/1966, regulamentadora da profissão. Assim, o engenheiro, vinculado a um
estatuto próprio e especial, é representado por sindicato de sua categoria econômica,
independentemente de desempenhar as atividades inerentes à sua profissão em um
estabelecimento bancário. Logo, o Regional, ao estender ao reclamante as normas insertas
nas convenções coletivas dos bancários, a despeito de reconhecer que o empregado não
desempenhou atividades típicas dessa categoria, e de ser profissional regulado por lei
específica, contrariou o disposto na Súmula nº 374 do TST, pois não há de se aplicar ao
reclamante norma coletiva firmada por sindicato distinto daquele que representa sua
categoria econômica. O mesmo fundamento é aplicado no que tange às horas extras, tendo
se solidificado a jurisprudência deste Tribunal Superior no entendimento de que é
inaplicável ao engenheiro a jornada de trabalho prevista no art. 224, uma vez que, conforme
exposto anteriormente, a profissão dos engenheiros é regulada por lei específica, não lhes
aplicando a jornada de trabalho reduzida prevista no art. 224 da CLT. Recurso de revista
conhecido e provido. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. Prejudicada a apreciação desta
matéria diante do provimento do tema anterior. (TST, RR-157900-52.2002.5.09.0664, 2ª
Turma, Relator: Ministro Roberto Pessoa, Data de Julgamento: 23/6/2010, Data de
Divulgação: 13/8/2010).

Sob outro quadrante, também não prospera a alegação de que a Lei n. 4.950-A/1966 é
inconstitucional, haja vista que o assunto já foi objeto de apreciação em várias outras
situações similares, não se vislumbrando qualquer transgressão à Lei Maior.

É que nesse aspecto, convém não se confundir a indexação de vencimentos a índices federais
de correção monetária, contrária à norma do art. 7º, IV, CF/88, parte final, e considerada
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal - Súmula n. 681 - com a vinculação da
remuneração de servidores a pisos salariais definidos em lei federal para a categoria
correspondente.

Note-se que a Lei n. 4.950-A/1966 encontra-se em vigor, inexistindo qualquer declaração de


inconstitucionalidade dela. Além disso, o mínimo salarial nela fixado tem a mesma finalidade
prevista no art. 7º, IV, CF/88.

Trata-se de adequação ao piso salarial previsto em lei federal específica para a categoria,
qual seja, no caso em comento, Engenheiro Agrônomo. Assim, não há que se falar em
suposta ofensa ao referido dispositivo da Constituição Federal.

Assinado eletronicamente por: LUIZ JOSE ALVES DOS SANTOS JUNIOR - 10/01/2015 12:52:56 - 2d54ccc
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Inclusive, nesse sentido, expressa-se a Orientação Jurisprudencial n. 71 da SBDI-II do


Tribunal Superior do Trabalho, que conta com a seguinte redação: AÇÃO RESCISÓRIA.
SALÁRIO PROFISSIONAL. FIXAÇÃO.

MÚLTIPO DE SALÁRIO MÍNIMO. ART. 7º, IV, DA CF/88.

(nova redão DJ 22.11.04). A estipulação do salário profissional em múltiplos do salário


mínimo não afronta o art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, só incorrendo em
vulneração do referido preceito constitucional a fixação de correção automática do salário
pelo reajuste do salário mínimo.

Nesta mesma linha também tem se posicionando esta Egrégia 2ª Turma, conforme arestos
abaixo: BASA. RECURSO ORDINÁRIO. ENGENHEIRO AGRÔNOMO.

TRABALHO EM INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. CATEGORIA DIFERENCIADA. SALÁRIO-


MÍNIMO PROFISSIONAL. ENGENHEIRO. LEI 4.950-A/66. APLICABILIDADE. Tratando-
se de empregado que atua na função de engenheiro civil, em estabelecimento bancário, tem
direito ao salário-mínimo profissional estabelecido pela Lei n. 4.950-A, de 1966.

CONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DA LEI 4.950-A/66.

AUSÊNCIA DE OFENSA AO ART. 7º, INCISO IV, DA CF/88. - Nos termos do entendimento
esposado pelo Supremo Tribunal Federal, o que a Constituição Federal veda em seu art. 7º,
inciso IV, é a utilização do salário-mínimo como fator de indexação para obrigações sem
cunho salarial ou alimentar Assim, não viola o comando constitucional, dispositivo de lei
que fixa remuneração mínima de determinadas profissões em múltiplos de salário-mínimo.
ENGENHEIRO. SALÁRIOS.

VINCULAÇÃO À CORREÇÃO DO SALÁRIO-MÍNIMO. À luz da Constituição Federal, a


interpretação do disposto no artigo 5º da Lei 4.950-A/66 é a fixação do salário profissional
mínimo de admissão do engenheiro vinculado ao salário-mínimo. Interpretação que
signifique correção do salário de admissão pela indexação ao salário-mínimo é vedada
expressamente pela Lei Maior, em seu artigo 7º, IV, parte final. Incidência da Súmula
Vinculante n. 4 do STF e OJ n. 71 da SBDI-2 do TST.

Destarte, faz jus o obreiro à diferença salarial aferida entre o valor do salário básico
efetivamente recebido pelo autor quando de sua contratação e o valor do salário profissional
devido à época, observando-se o período não prescrito, e os reflexos equivalentes, não se lhe
aplicando as correções do salário- mínimo ocorridas no período da condenação, mas apenas
aquelas concedidas pelo empregador ao empregado. (TRT14, RO NU 0000240-
23.2010.5.14.0131, Relator Desembargador Carlos Augusto Gomes Lôbo; 2ª Turma; Data
de Julgamento: 7.4.2011; Data de Publicação: 8.4.2011).

Logo, diante da inegável sedimentação jurisprudencial a despeito do assunto, é inconteste a


aplicabilidade das normas da Lei n. 4.950-A/1966, relativamente à fixação do salário-base
do reclamante, não se revelando procedente a alegação do Banco Reclamado de que referida
espécie normativa seria inconstitucional.

Por outro lado, o reajustamento do salário-base do autor não poderá estar vinculado aos
mesmos reajustes do salário-mínimo legal, posto que nesse ponto haverá vulneração à Lei
Maior de 1988.

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Com efeito, embora se reconheça a fixação do salário-base do reclamante como múltiplos do


salário mínimo, dever-se-ão observar as correções salariais concedidas/asseguradas pelo
empregador ao trabalhador, não podendo estar atrelada à correção do salário-mínimo.

A decisão de primeiro grau também teve o cuidado de observar todas essas circunstâncias.

Portanto, com fulcro na exposição retro, nego provimento ao apelo interposto pelo
reclamado nesse ponto. (...)” (AIRR - 42-94.2013.5.14.0061 , Relator Ministro: José Roberto
Freire Pimenta, Data de Julgamento: 24/09/2014, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03
/10/2014).

Logo condeno o reclamado ao pagamento das diferenças salariais entre o “vencimento


básico” (rubrica GM1) recebido mensalmente constante nos holerites e a base de cálculo de
seis vezes o salário mínimo da época, estipulada no artigo 5 da Lei n. 4.590-A/1966, desde o
início do contrato de trabalho até a efetiva implantação das diferenças salariais em folha de
pagamento.

Outrossim, condeno o reclamado ao pagamento dos reflexos das diferenças salariais em férias
+ 1/3, décimo terceiro salários, gratificações constantes nos holerites, desde o início do
contrato de trabalho até a efetiva implantação das diferenças salariais em folha de pagamento.

Ainda, condeno o reclamado a efetivar os depósitos das diferenças salariais deferidas sobre o
FGTS (8%), na conta vinculada obreira, sob pena de execução direta.

O reclamado deverá proceder às anotações na CTPS do reclamante para constar o salário


mínimo profissional previsto no artigo 5 da Lei n. 4.590-A/1966 (seis vezes o salário mínimo
nacional), em 48 horas, sem fazer qualquer menção que decorre de decisão judicial, após ser
citado para este fim, sob pena de multa de R$ 100,00 por dia de descumprimento (art. 461, §§
4º e 5º do CPC), até o limite de R$ 3.000,00, a ser revertida em favor do obreiro.

Após o trânsito em julgado, o reclamante deverá depositar sua CTPS na Secretaria da Vara.
Em seguida, deverá ser intimada o réu para as devidas anotações, quando começará a correr o
prazo para o início da aplicação da multa, em caso de descumprimento da decisão.

Ultrapassado o prazo, deverá a anotação ser efetuada pela Secretaria da Vara, na forma do art.
39 da CLT, sem prejuízo da multa fixada e sem mencionar que decorre de decisão judicial.

3 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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Não prospera a pretensão da parte autora, porquanto a notória e iterativa jurisprudência do


TST, já se posicionou no sentido de que a indenização por perdas e danos, prevista no art.
389 do CC, é inaplicável à Justiça do Trabalho, ante a existência de regramento específico
disciplinando a matéria (Lei 5.584/70).

Além do mais, a contratação de advogado para o ajuizamento de reclamação trabalhista não


leva à conclusão, apenas por essa circunstância, da existência de ilícito gerador de danos
materiais, que é requisito indispensável à reparação pretendida.

Destarte, se o art. 791 da CLT ainda está em vigor, a parte que assume espontaneamente a
contratação de advogado deve arcar com as despesas decorrente dessa contratação, afinal,
poderia ter atuado pessoalmente na defesa de seus interesses. Por outro lado, o deferimento
de indenização pela contratação de advogado implicaria, por via transversa, a violação da Lei
5.584/70. Dessa forma, adoto o entendimento contido nas Súmulas 219 e 329 do TST para
indeferir a indenização por perdas e danos.

No mesmo sentido, os arestos do c. Tribunal Superior do Trabalho:

“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS INCABÍVEL.


1. A jurisprudência desta Corte Superior, consubstanciada nas Súmulas 219 e 329, firmou-se
no sentido de que a condenação em honorários advocatícios, nesta Justiça Especializada,
nunca superior a 15%, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte
estar assistida por sindicato da sua categoria profissional e comprovar a percepção de
salário inferior ao dobro do mínimo legal ou encontrar-se em situação econômica que não
lhe permita demandar em juízo sem comprometimento do seu sustento ou do de sua família.
2. No caso dos autos, a Reclamante postula indenização por danos materiais, em
decorrência de despesa com a contratação de advogado para atuar na presente demanda. 3.
Não merece prosperar a pretensão da Obreira, porquanto o TST tem se posicionado no
sentido de que a indenização por perdas e danos, prevista no art. 389 do CC, é inaplicável a
esta Justiça Especializada, ante a existência de regramento específico disciplinando a
matéria (Lei 5.584/70). Nessa senda, a revisão pretendida pela Parte encontra óbice na
Súmula 333 desta Corte. Agravo de instrumento desprovido” ( AIRR - 83800-
77.2008.5.15.0041 , Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, Data de Julgamento: 02/05
/2012, 7ª Turma, Data de Publicação: 11/05/2012)

"RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. NECESSIDADE DE


CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO E CALCULISTA . O TST tem firmado entendimento , no
sentido de serem inaplicáveis ao processo de trabalho os arts. 402 e 404 do CC/2002, cuja
finalidade seja indenização por perdas e danos decorrente da necessidade de contratação de

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Número do documento: 15011012525621200000001675539
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advogado e perito , em que pese entendimento pessoal deste relator. Recurso de revista
conhecido e não provido." Processo: RR - 371900-93.2005.5.09.0009 Data de Julgamento:
03/11/2010, Relator Ministro: Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 19/11/2010 (grifo).

"(-). 6 - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REQUSITOS. INAPLICABILIDADE DO ART.


389 DO CÓDIGO CIVIL AO PROCESSO DO TRABALHO. 1. A jurisprudência desta Corte
é pacífica no sentido de que, na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento dos
honorários advocatícios pressupõe, além da sucumbência, que a parte esteja assistida por
sindicato da categoria profissional e que comprove a percepção de salário inferior ao dobro
do mínimo legal ou se encontrar em situação econômica que não lhe permita demandar sem
prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. Essa é a diretriz traçada pela Súmula
n.º 219, I, desta Corte, cujo entendimento, após o advento da Constituição Federal de 1988,
foi mantido pela Súmula n.º 329 do TST. 2. Portanto, não há de se falar em condenação ao
pagamento dos honorários advocatícios por simples descumprimento da obrigação, sendo
inaplicável, ao processo trabalhista, o art. 389 do Código Civil. 3. Precedente. Recurso de
revista não conhecido." Processo: RR-324900-83.2005.5.12.0019 Data de Julgamento: 13/10
/2010, Relator Ministro: Flavio Portinho Sirangelo, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22
/10/2010.

Indefiro.

4 - JUSTIÇA GRATUITA

Declarando-se a parte autora hipossuficiente e não havendo elementos que desmereçam tal
condição, prestigiada por presunção legal (Lei 7.115/83, art. 1º), defiro a gratuidade de justiça
a que alude o artigo 790, parágrafo terceiro, da CLT.

III – D I S P O S I T I V O

POSTO ISSO, decido rejeitar a preliminar referente à inépcia da petição inicial, e, no mérito,
julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados por EVERTON MOURA
PINHEIRO em face de BANCO DA AMAZÔNIA S.A., nos autos da presente reclamação
trabalhista, para condenar o reclamado, nas seguintes obrigações:

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a) pagamento das diferenças salariais entre o “vencimento básico” (rubrica GM1) recebido
mensalmente constante nos holerites e a base de cálculo de seis vezes o salário mínimo da
época, estipulada no artigo 5 da Lei n. 4.590-A/1966, desde o início do contrato de trabalho
até a efetiva implantação das diferenças salariais em folha de pagamento.

b) pagamento dos reflexos das diferenças salariais em férias + 1/3, décimo terceiro salários,
gratificações constantes nos holerites, desde o início do contrato de trabalho até a efetiva
implantação das diferenças salariais em folha de pagamento.

c) efetivar os depósitos das diferenças salariais deferidas sobre o FGTS (8%), na conta
vinculada obreira, sob pena de execução direta.

d) O reclamado deverá proceder às anotações na CTPS do reclamante para constar o salário


mínimo profissional previsto no artigo 5 da Lei n. 4.590-A/1966 (seis vezes o salário mínimo
nacional), em 48 horas, sem fazer qualquer menção que decorre de decisão judicial, após ser
citado para este fim, sob pena de multa de R$ 100,00 por dia de descumprimento (art. 461, §§
4º e 5º do CPC), até o limite de R$ 3.000,00, a ser revertida em favor do obreiro.

Após o trânsito em julgado, o reclamante deverá depositar sua CTPS na Secretaria da Vara.
Em seguida, deverá ser intimada o réu para as devidas anotações, quando começará a correr o
prazo para o início da aplicação da multa, em caso de descumprimento da decisão.

Ultrapassado o prazo, deverá a anotação ser efetuada pela Secretaria da Vara, na forma do art.
39 da CLT, sem prejuízo da multa fixada e sem mencionar que decorre de decisão judicial.

O deferimento das verbas acima tem como suporte o que consta na fundamentação desta
sentença, que ao dispositivo se integra para todos os fins formais e legais.

Deferidos os benefícios da justiça gratuita.

Liquidação por simples cálculos.

Juros de mora a serem calculados na forma do art. 883 da CLT e 39, § 1º, da Lei 8.177/91,
observando-se ainda a Súmula 200 do TST.

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Correção monetária a ser calculada na forma do art. 459, §1º, da CLT, observando-se, ainda,
a Súmula 381 do TST, devendo ser utilizado como índice o INPC, diante da decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI dos Precatórios (ADI 4.357-DF,
relatada pelo Senhor Ministro Ayres Brito).

O cálculo das contribuições previdenciárias deve observar o art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048
/1999 que regulamentou a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado,
no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no
art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição (Súmula 368, III, TST).

Autorizo o desconto da quota devida pelo reclamante, que é segurado obrigatório da


Previdência Social.

Atendendo o disposto no artigo 832, § 3º da CLT, acrescido pela Lei n. 10.035/2000, declaro
que as parcelas deferidas possuem natureza salarial, a exceção dos reflexos das diferenças
salariais sobre férias + 1/3 e sobre o FGTS.

O reclamado deverá comprovar, no prazo de trinta dias do trânsito em julgado da decisão e da


apuração respectiva, o regular recolhimento das contribuições previdenciárias decorrentes da
presente decisão, com exibição da respectiva GFIP, na forma prevista pela Lei n° 9.528/1997,
regulamentada pelo Decreto n.º 2.803/1998, sob pena de multa diária de R$100,00, até o
prazo de sessenta dias, a ser revertida em favor de entidade beneficente.

Autorizo a retenção do imposto de renda incidente, por força do art. 46 da Lei 8.541/1992,
sobre as parcelas da condenação, observado o fato gerador do tributo e os critérios de cálculo
fixados pelo art. 12-A da Lei 7.713/1988, com a redação dada pela Lei 12.350/2010,
regulamentado pela Instrução Normativa 1.127/2011 da RFB (Súmula 368, II, TST), devendo
a comprovação ser feita no prazo de 15 dias da data de retenção, nos termos do art. 28,
cabeça, da Lei 10.833/2003.

Destaco que a culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias não
exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da
contribuição previdenciária que recaia sobre sua quota-parte (OJ 363 SDI-1 TST).

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Por fim, observe-se que os juros de mora não integram a base de cálculo do imposto de renda,
nos termos do artigo 404 do Código Civil (OJ 400 SDI-1 TST).

Custas pelo reclamado no importe de R$2.000,00, calculadas sobre R$100.000,00, valor


arbitrado provisoriamente à condenação, sujeitas a alterações.

Prazo de cumprimento da decisão em oito dias após o trânsito em julgado da sentença.

Intimem-se as partes.

Nada mais.

LUIZ JOSÉ ALVES DOS SANTOS JÚNIOR

Juiz do Trabalho Substituto

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Número do documento: 15011012525621200000001675539
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Assinatura

2d54ccc 10/01/2015 12:52 Sentença Sentença

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