You are on page 1of 38
Ferramentas de Gestéo Ambiental com Foco no Proceso, Ferramentas de Gestao Ambiental com Foco no Processo Neste capitulo, serdo trabalhadas algumas ferramentas de gestio ambiental em organizagSes Produtivas que tém como foco de agio o processo produtivo, sendo elas: tecnologia de fim de tubo, produgio mais limpa (PML) e logistica reversa / Tecnologia de Fim de Tubo Caracteristicas Gerais A exigncia dos 6rgios ambientais para a adequacio das atividades produtivas, princi- palmente sob a ética do principio do poluidor-pagador, fez com que as empresas passassem a controlar os elementos que interagem com o meio ambiente, bem como os seus efeitos, om seja, seus aspectos ¢ impactos ambientais. Um procedimento padrio, para as organizagées inicialmente se ade- quarem frente as questes ambientais, consiste na busca do licenciamento ambiental. Recapitulando, o licencia- mento ambiental € um instrumento utilizado pelo estado para gerenciar © meio ambiente e foi instituido pela Politica Nacional de Meio Ambiente (PNMA), Lei n° 6 938/81, de 31 de agosto de 1981 Figura 4.1 ~ Estagéo de tratamento de efluentes Pela PNMA, os empreendimentos efetivos ou potencialmente poluidores deverio ser smente licenciados, assim como os Srgios financiadores deverao adotar medidas que exi- jam a conformidade com as normas do CONAMA. ‘Assim, no processo de licenciamento ambiental, o 6rgio responsivel exige das atividades "produtivas os projetos técnicos de controle da poluicio e a comprovacio de execucio destes, “out seja, a operacao de estacdes de tratamento de efluentes liquides (ETE), projeto de geren- ‘tiamento de residuos, com correta destinagio final destes (reciclagem, tratamento, e/ou aterro ‘anitério) e projeto de isolamento acistico, dentre outros. Em muitos casos, é por meio do licenciamento ambiental que, visando a adequacio "ambiental, muitas organizac6es utilizam a abordagem corretiva, adotando tecnologias de fim de tubo, além de recuperagio de areas que foram degradadas. ‘As tecnologias de fim de tubo sio responsfveis pela redugio e/ou eliminagio de poluen- tes, além da destinagio adequada de residuos. Assim, com a geracio de cargas poluidoras, seja - uma emissio atmosférica, ou residuos s6lidos, ou um efluente liquido, uma organizacio pro- dutiva vai adotar na safda de suas operagdes mecanismos para tratar estes poluentes, tendo “uma redugio dos impactos ambientais imediatamente. Com isso, nota-se que os problemas ambientais so resolvidos a partir de um ponto de vista tecnol6gico, nao se preocupando com 0 uso eficiente de matérias-primas, 4gua e energia. Observa-se, assim, que os aspectos ambien- tais (por exemplo, geragio de residuos sélidos ou lancamento de efluentes liquidos) continuam existindo, j4 que nao houve qualquer atuacio preventiva na fonte geradora dos poluentes, mas, sim, uma acio corretiva depois que o aspecto € gerado. Um dos pontos fortes das tecnologias de fim de tubo a adequacao do lancamento dos poluentes no meio ambiente sob a ética da exigéncia da legislacio ambiental, isto é, sob a ética dos padres exigidos, geralmente pelas resolucdes do CONAMA, ou outras das esferas estaduais e municipais Entretanto, equipamentos de controle da poluicio, ow seja, as tecnologias de fim de tubo, agregam custos durante toda a vida ttil da empresa em decorréncia das operagdes e das provi- déncias necessérias para solucionar os problemas gerados pelos poluentes captados (Barbieri, 2004). Por exemplo, o custo com substincias quimicas utilizadas para tratar um efluente de uma indéstria de tintas; 0 custo de energia elétrica consumida em uma estado de tratamento do tipo lagoa aerada; e os custos dos funcionérios responsiveis pelo tratamento. Dessa forma, quando as tecnologias de fim de tubo, por exemplo, uma ETE ou 0 trata~ mento de residuos sélidos, so estabelecidas apenas para atender a um padrio de lancamento, desconsiderando a possibilidade de retiso desses recursos, as organizacées passam a desconsi- derar aspectos preventivos e estratégicos da gestio ambiental. De forma geral, o empresirio vé a gestio ambiental apenas como mais um custo para os negécios. Todavia, nao € possivel desconsiderar a importincia das tecnologias de fim de tubo. Recomenda-se que junto a elas sejam implantados aspectos preventivos, como a reciclagem de residuos (ver estudo de caso 1, visto no capitulo 3) ou retiso de efluentes, como a FIAT que investiu US$ 10 milhGes em uma estacio de tratamento de efluentes industriais para que © efluente tratado fosse reaproveitado (92%), levando a uma economia anual de aproximada- mente de US$ 3,5 milhées (Andrade; Chiuvite, 2004). A seguir, sero apresentadas algumas tecnologias de tratamento de efluentes liquidos, em seguida o gerenciamento de residuos sdlidos. g F 2 2 & i 7 5 € Ferramentas de Gestéo Ambiental com Foco no Proceso ratamento de Efiuentes Liquicic O langamento de efluentes liquidos in natura nos recursos hidricos resulta, além de varios problemas socioambientais, em impactos significativos sobre a vida aquatica e 0 meio ambiente como um todo. Por exemplo, a matéria orginica presente nos dejetos ao entrar em um sistema aquitico leva a uma grande proliferacio de bactérias aerébicas, provocando 0 consumo de oxi- génio, 0 que compromete a vida aquatica aerdbica, como as marés vermelhas causadas pelo surgimento excessivo de algas t6xicas. Segundo Pimenta et al., sio outros exemplos de impactos a cutrofizagio (aumento excessivo de nutrientes na agua que provoca crescimento exagerado de certos organismos), a disseminagio de doencas de veiculacio hidrica, o agravamento do problema de escassez de gua de boa qualidade e o desequilibrio ecolégico. Para Mendonga, os esgotos sio compostos por constituintes fisicos, quimicos ¢ biolé- gicos. Desde que nao haja significativa contribuicio de despejos industriais, a composi¢ao do esgoto doméstico ou sanitario € razoavelmente constante, visto que esse efluente contém apro- ximadamente 99,9% de 4gua e apenas 0,1% de sélidos. E devido a essa fragio de 0,1% de sélidos que ocorrem os problemas de poluicio nas Aguas, levando a necessidade do tratamento. A fra¢io inorginica dos efluentes corresponde a 30% da quantidade de matéria sdlida existente na Agua, sendo os principais detritos os minerais pesados, os sais ¢ os metais (Mota, 1997) De acordo com Braile, os efluentes industriais, além da matéria orginica, podem levar substincias quimicas téxicas a0 homem e aos outros animais. Esses variam muito em sua cons- tituic2o, ou seja, apresentam uma série de contaminantes cm concentragées variadas, os quais Precisam ser removidos para que os corpos de agua receptores nao sejam alterados quanto 4 sua qualidade, mantendo-se dentro dos padres fixados pela legislacio. ‘A tabela 4.1 dispie as caracteristicas de alguns efluentes industriais: Tabela 4.1 ~ Composigéo tipca do efluentebruto de algunas atividados produtivas Atividade DBOmg/? «DO mg/L _—Sélidosmg/e__Graxas mg/d Abatedouro de bovinos 1300 2500 960 460 Extracdo de dleo de soja 220 440 140 - Produtos de borracha 200 300 250 - Sorvete _ 910 1830 260 - Queijo 3 160 5.600 970 : Laminacao de metais 8 36 27 - Tapecarias 140 490 60 - Doces 1560 2.960 260 200 Fabrica de motos 30 70 26 : Batatas fritas 600 1260 680 : Farinha 330 570 330 : Laticinios 1400 320 310 : Lavanderia industrial 770 2.400 450 520 Indéstria farmacéutica 270 380 150 160 Abatedouro de aves 200 450 310 - Refeicées 270 420 60 : Refrigerantes 480 1 000 480 - Engarrafamento de leite 280 420 110 : ome Alo de MENDONCA CEUALOS, 170, . ‘Nas varidveis mencionadas na tabela 4.1, a Demanda Bioquimica de Oxigénio (DBO) é nérmalmente utilizada para determinar o potencial poluidor de efluentes em termos da quan- tidade de oxigénio requerida pelas bactérias em condigdes aerdbicas caso langado em corpos receptores (Araiijo, 2001). J4 a Demanda Quimica de Oxigénio (DQO), de acordo com Von Sperling, também utilizada para determinar o potencial poluidor de efluentes, consiste na quan- tidade de oxigénio necesséria para estabilizar quimicamente a matéria organica, utilizando fortes agentes oxidantes em condigGes 4cidas. Ainda segundo o autor, os sélidos consistem nas parti- culas orginicas ¢ inorganicas, suspensas ¢ dissolvidas ¢ sedimentaveis presentes nos efluentes. Por fim, as graxas consistem na fracdo de matéria orginica soldvel em hexanos (hidrocarboneto saturado, com cinco is6meros liquidos e incolores). Assim, percebe-se que o efluente precisa ser coletado, tratado e ter um destino final ade- quado. De forma geral, nao existe um sistema de tratamento padrio para ser utilizado, Varios fatores influenciarao na escolha das opgGes tecnolégicas, tais como disponibilidade de area, qualidade desejada para o efluente tratado, da legislacio referente ao local e disponibilidade de recursos financeiros. O tratamento de efluentes consiste na remogio de poluentes de forma a transformar a ‘matéria organica em inorginica, a mineralizagio e a consequente reducio de DBO, bem como a remogio de micro-organismos patogenicos e outros poluentes. Muitas opgées de tratamento se baseiam em processos que ocorrem normalmente na natureza, os quais sio denominados de autodepuracio ou estabilizacao. A autodepuracio de um corpo aquitico consiste na capacidade de receber e depurar, por meio de mecanismos naturais, certa quantidade de matéria orginica. Esse proceso inclui toda assimilacio, decantacio e diges- tao de compostos estranhos, inclusive os metais. Nio existe um sistema de tratamento padrio para ser utilizado. Vérios fatores influencia~ Go na escolha das opgdes tecnolégicas. Alguns deles sio: * Disponibilidade de area. * Clima favordvel. + Tipologia industrial. * Caracteristicas do efluente brute. Qualidade desejada para o efluente tratado. Capacidade do corpo receptor de receber a carga poluidora. + Exigéncias dos érgios ambientais. * Disponibilidade de recursos financeiros. * Legislagio referente a0 local. Em relacio a legislagio, atualmente, no Brasil, um dos principais diplomas legais em vigéncia é a Resolugio do CONAMA n? 357/2005, que dispoe sobre a classificagio dos corpos de agua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condi- Ges € os padres de langamento de efluentes e dé outras providéncias, além da Resolucio do CONAMA n? 430/201, que dispée sobre as condigdes e os padrdes de lancamento de efluen- tes, complementa e altera a Resolucéo n® 357/2005. No Capitulo IV da Resolugio n? 357, € estabelecido que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente podem ser langados, direta ou indiretamente, nos corpos de 4gua, apés 0 devido tratamento e desde que obedecam as condigdes, aos padres e as exigéncias dispostos naquela resolugio ¢ em outras normas aplicaveis, sendo vedado o langamento e a autorizacio de langamento de efluentes em desacordo com a norma. e se aa op waist | ‘SRESB0ig Gi O35 WHOS A Resolucio n® 430 complementa estabelecendo que a disposicéo de efluentes no solo, mesmo tratados, nio est sujeita aos parimetros e padres de langamento dispostos na referida resolucio, néo podendo, todavia, causar poluicao on contaminagio das 4guas superficiais ¢ sub- terrineas (art. 32). Seguem outras especificagées da Resolugio 430/201: Os efluentes no poderio conferir a0 corpo receptor caracteristicas de qualidade em desacordo com as metas obrigatérias progressivas, intermediérias finais do seu enqua- dramento (art. 52), E vedado, nos efluentes, o langamento dos Poluentes Organicos Persistentes (POPS), observada a legislagio em vigor (art. 82); pargrafo (anico: nos processos, nos quais pos- sam ocorrer a formagio de dioxinas ¢ furanos, deve ser utilizada a tecnologia adequada para a sua reducio, até a completa eliminacio. No controle das condigées de langamento, é vedada, para fins de diluigdo antes do sew langamento, a mistura de efluentes com 4guas de melhor qualidade, tais como as dguas de abastecimento, do mar e de sistemas abertos de refrigeracio sem recirculacio (art. 92). O langamento de efluentes em corpos de 4gua, com excegao daqueles enquadrados na classe especial, nao podera exceder as condigdes ¢ padroes de qualidade de dgua esta- belecidos para as respectivas classes, nas condigées da vazio de referéncia ou volume disponivel, além de atender a outras exigéncias aplicaveis (art. 122). Na zona de mistura serio admitidas concentragées de substincias em desacordo com os padroes de qualidade estabelecidos para 0 corpo receptor, desde que no compro- ‘metam os usos previstos para este (art. 142). No artigo 16 sio especificadas algumas caracteristicas que o efluente deve atender antes de ser langado: — pHentre5a9. ~ Temperatura: inferior a 40°C, sendo que a variacdo de temperatura do corpo recep- tor nao devers exceder a 3°C na zona de mistura, — Materiais sedimentaveis: até 1 mf/¢ em teste de uma hora em cone inmhoff. Para 0 Jangamento em lagos ¢ lagoas, cuja velocidade de circulagio seja praticamente nula, ‘os materiais sedimentiveis deverdo estar virtualmente ausentes. — Regime de langamento com vazao maxima de até 1,5 vezes a vazio média do periodo de atividade didria do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade competente. | j | } Oleos e graxas: dleos minerais até 20 mg/t, ¢ dleos vegetais e gorduras animais até 50 mg/t. Auséncia de materiais flutuantes. Remocio minima de 60% de DBO, sendo que este limite s6 poder ser reduzido no caso de existéncia de estudo de autodepuracio do corpo hidrico que comprove atendimento 3s metas do enquadramento do corpo receptor. Ferramentas de Gestdo Amblental com Foco no Process0 a No Brasil, principalmente na regido Nordeste, devido a grande 4rea e grande huminosidade promovida pelos raios solares durante todo o ano, é recomendado sistemas de agio biolégica, como 0 valo de oxidagao ¢ a lagoa de estabilizagao. Entretanto, como jé exposto, outras variaveis podem ser consideradas na escolha da opcio tecnolégica. Na sequéncia, sio apresentados alguns exemplos de opgdes tecnolégicas de tratamento de efltentes com altos teores de matéria orginica, ou seja, exemplos de tratamento biolégico para estabilizagio da matéria orginica e remocio de patégenos. Lagoas de estabilizacao (LE) De acordo com Mota, as lagoas de estabilizagdo constituem um processo de tratamento de esgoto que aproveita fendmenos naturais, sendo mais indicadas para regides de clima tropical. Para Von Sperling as lagoas de estabilizagio consistem na forma mais simples para tratamento dos esgotas, tendo como caracteristicas a simplicidade operacional. Nelas o tratamento € feito por meio de fendmenos naturais fisicos, quimicos e biolégicos, sem a necessidade de energia externa, exceto a solar. Outras vantagens a se considerar s baixo custo de operagio ¢ manutengio ¢ a excelente eficiéncia de tratamento. Figura 4.2 — Lagoa de estaiizapio As LE sio habitadas por varios tipos de micro-organismos, como bactérias e macroinver- tebrados, que coexistem da interago entre eles e o proprio meio ambiente, sendo as bactérias as principais responsaveis pela decomposicio da matéria orginica. As bactérias anaerObicas pro- duzem substincias sohiveis, utilizadas como alimento dentro do ecossistema e que podem ser convertidas em gases como diéxido de carbono, metano, gés sulfidrico ¢ aménia. As bactérias patogénicas, como a Salmonela, sio normalmente incapazes de multiplicar-se ou sobreviver por longos perfodos devido a alguns fatores, como 0 efeito bactericida dos raios ultravioleta do Sol, clevados valores de pH provocados pelo consumo de CO,, pelas algas na lagoa facultativa € pela competicao por nutrientes. As algas também sao responsaveis pela decomposicio da ‘matéria orginica, bem como por manter as condicées acrdbias do meio aquitico. Outra funcao € a remogio de nutrientes, como nitrogenio e fosforo. As LE podem ser classificadas em lagoa anaerdbica, facultativa ¢ maturacio. Segundo Kellner, alguns autores incluiram as lagoas aeradas mecanicamente entre as lagoas de estabilizagao. Entretanto, sabe-se que nesse tipo de lagoa engloba-se Gnus com equipamentos, energia e manutencio, entre outros, diferenciando, assim, das lagoas de estabilizacio propriamente dita A matéria orginica dissolvida no efluente das lagoas € bastante estivel, a DBO, geral- mente, encontra-se numa faixa de 30 a 50 mg/€ e a remocio de coliformes tem alcangado até 99,9999% de eficiéncia nas lagoas de maturacio em série (CNTL, 2003). 3 s é 8 &: 7 z z é é é Valo de oxidagao ‘Ovalo de oxidacio pode ser definido como um processo de depuragio biol6gica chamado de lodos ativados modificados. Mais precisamente, esse processo est4 enquadrado dentro de um grupo de tratamento de mistura completa com aeracio prolongada, processo que consiste em combinar aspectos biolégicos, como a oxidacio de moléculas complexas, pela respiragao das bactérias, com a aeracio constante do efluente (Pimenta et al., 2002). No valo de oxidagio, a acragio mecanica que compée 0 processo objetiva suprir 0 oxi- génio necessério para a degradacio da matéria orginica, para evitar a sedimentacio dos sélidos € para conservar os organismos do Jodo em contato intimo com a matéria orginica suspensa ¢ dissolvida; eliminar da 4gua produtos residusrios voliteis metabolizados, como 0 CO,. Nos valos, a velocidade de circulagio do liquido mantida entre 0,30 € 0,50 m/s, 0 que garante um bom desempenho da funcio. Motor + Redutor Caine de Aria ‘Motor + Redutor Fs Aap et hu tee > Figura 4.3 - Valo de oxidapio Fossas sépticas As fossas sépticas, também denominadas de tanque séptico, consistem em unidades que desempenham fungées miiltiplas de sedimentacio e de remogio de materiais flutuantes, além de comportarem-se como digestores de baixa carga, sem mistura ¢ sem aquecimento (Chernicharo, 1997). Esse sistema de tratamento, que ocorre em condigio anaerébica, € composto por duas unidades, o tanque séptico e uma unidade de disposigio do seu efluente. O projeto, a constru- Go e a operagio de sistemas de tanques sépticos e das unidades de disposigio de seus efluentes estio disciplinados pela norma NBR 7 29/1993, da ABNT. Legenda: Esgoto Salda pode | Onde na fossa: re coletorade | @Retentor de gordura esgoto | @~Defletor de gases « matria © - Delietor de saida Retengio de resins silidos| Filtragom para Legenda: redugdo 080 Onde no fro: © — Elemento rior de cali © - Cobia de ricr-rgenimes © - Biomasse © - Diusor de fuxoascendente Figura 4.4 Fosse séptica 5 made: chapter obra hen jo de escuma [fragdo emersal ‘Acumulago de estuma (frag submersa) ia asada Saida sgoto - bruto Z ar aoe Pariculas posadas Pariculas loves, sedimentam fatvon Desprendimento de gases (borbulhamenta} Lodo digerido / _Lodo em digestio Figura 4.5 ~ Funcionamento geral de um tangue séptico A seguir, tem-se a descricio do funcionamento dos tanques sépticos: constituir uma camada de lodo, permanecendo o suficiente para a sua estabilizagao, tanque, vindo a formar uma camada de escuma remocio periédica desses materiais. _ mento secundério ou, até mesmo, tercisrio. DBO: 30 a 55%; s6lidos suspensos: 20 a 90%; e dleos e graxas: 70 a 90%. de depuragao dos efluentes oriundos de um tanque séptico. + Para Von Sperling, os slides sedimentaveis sio removides para o fundo do tanque, passando a + Segundo Chernicharo, 05 éleos e graxas € outros materiais mais leves lutuam até a superficie do + Da digestio de lodo, resultam gases, liquidos e acentuada reducio de volume dos s6li- dos retidos e digeridos, que adquirem caracteristicas mais estiveis que seus afluentes. No entanto, ao longo dos meses de operacio do tanque séptico, ocorre uma acumu- lacdo significativa de lodo e escuma (superficie livre do Ifquido que contém parte dos s6lidos nao decantados, formados por leos, graxas, gorduras ¢ outros materiais mistu- rados com gases), 0 que acarreta na redugio do volume titil do tanque, demandando a Sio vetados os langamentos de qualquer despejo que possam causar condicdes adversas 20 bom funcionamento dos tanques sépticos ou que apresentam um elevado indice de conta- minacio. Vale destacar que seu dimensionamento € baseado em critérios técnicos relacionados 20s efluentes sanitarios estabelecidos pela NBR 7 229/93 da ABNTT e, conforme observado, seu > fancionamento esté relacionado com prinefpios de decanto-digestio; logo, efluentes industrais com cargas altamente poluidoras nio so aconselhveis sem tratamento preliminar e um trata- De acordo com Chernicharo, ocorrem as seguintes eficiéncias médias da remogio: O cfluente liquido do tanque séptico é potencialmente contaminado, exigindo, por esta tazio, uma solucio ambientalmente adequada para disposicio. Como exemplo de disposicio “final destaca-se a utilizacio de sumidouros. Estes sio escavacées feitas no terreno para receber “os efluentes do tanque séptico, que se infiltram no solo por meio das aberturas na parede. De “4cordo com o item 5.3 da Norma 13 969/1997, também € atribuido ao sumidouro a capacidade “BSSSS0ig OU 658 WHOS TeAidIaiy S¥isOD Sp SEDUCE’ Ferramentas de Gestao Ambiental com Foco no Proceso Apresenca dessas fossas pode representar um risco ao aquifero subterrineo, tendo em vista 4 infiltracio no solo e os efeitos ofensivos provenientes da decomposi¢io da matéria orgiica, bem como os efeitos maléficos possiveis causados 3 satide humana, leando-se em consideracao 4 presenca de micro-organismos patogénicos na égua consutnida pela populacao Aspectos gerenciais do tratamento de efiuentes liquidos Independente da opgio tecnolégica de tratamento de efluentes, adotada por uma organi- acto produtiva, o gestor ambiental deve tet em mente alguns aspectos gerenciais da operacto de uma ETE. Esses aspectos englobam desde a especificacio da competéncia dos colaboradores, 20 controle de registros ¢ os aspectos ambientais gerados durante a opera¢ao, conforme as reco. mendagées a seguir: Recursos Humanos ~ valer-se de profissionais com atribuicées e competéncias defi- nidas para a devida operacio da estacio de tratamento. E, também, planejar constantes acbes de treinamentos, com os colaboradores envolvidos, sobre aspectos ambientais gerados pela ETE, requisitos legais, politica ambiental corporativa, prevencio a riscos, atendimento a emergéncias. Materiais e Equipamentos ~ obter ¢ manter equipamentos e materiais necessirios Para a operacio, como equipamentos para monitoramento da qualidade do efluente bruto ¢ tratado: pH-metros, oximetros ¢ medidores de temperatura. Recomenda-se, também, um controle no armazenamento, manipulacio e descarte de substincias q micas ¢ meios de cultura, entre outros elementos que possam causar riscos a0 meio ambiente € aos colaboradores. * Requisitos Legais ~ verificar o devido atendimento das variveis de monitoramento (PH, DBO, DQO, dleos ¢ graxas ¢ coliformes termotolerantes, entre outras) com as exigéncias legnis como a Resolugio CONAMA 430/2011, entre outros requisi- {os estaduais e/ou municipais. Sempre atente ao dispositive legal mais restritivo, por exemplo, a Resolucio CONAMA 430/2011 estabelece 0 langamento de um efluente com concentracio de Sleos ¢ graxas minerais de até 20 mg/€, porém se no seu estado ou municipio existir alguma lei, resolugio ou Termo de Ajustamento de Conduta — TAC (acordo efetuado entre Ministério Péblico, érgio ambiental e agente poluidor visando 4 adequacio de uma determinada pendéncia ambiental) que estabeleca tum padrio inferior, este, por ser mais restritivo, deve ser adotado. * Controle de Informagoes ~ estabelecer rotinas de trabalho para gerenciar planilhas de monitoramento da ETE, treinamentos efetuados, medidas corretivas e de manuten- gio da estacio, acidentes do trabalho e situagdes de risco. Essa rotina pode ser efetuada inicialmente com o estabelecimento de procedimentos que instruam 0 desenvolvi- mento de tarefas, como 0 monitoramento do efluente (pontos de coleta de efluente Para anilise em laborat6rio ~ antes e depois da ETE, zona de mistura; frequéncia do monitoramento); técnicas de laborat6rio a serem empregadas para andlise dos efluen- tes ~ ensaios realizados na prépria empresa; gerenciamento dos resfduos gerados pela operagio da ETE, como lodo, embalagens de reagentes, compra de materiais, treina- mentos, etc. Deve-se também estabelecer rotinas para 0 gerenciamento de registros de informagdes que comprovam a realizacio das tarefas, como planilhas de monitora- mento, atestados de calibragio de equipamentos ¢ listas de presenca em treinamentos, que incluam data, contetido, responsivel, presentes, etc. Os procedimentos quanto 20s registros tanto podem ser impressos quanto digitalizados pela adocdo de sofiwares especificos. Isso depende de fatores como nivel de formacio dos envolvidos ¢ recurses financeiros para investimento, entre outros. «+ Gerenciamento de Aspectos Ambientais — estabelecer um controle ambiental necessirio sobre os aspectos ambientais gerados pela opetagio da ETE, por exemplo, gerenciamento dos residuos s6lidos, controle de ruidos e odores, ete. Nesse sentido, pode-se pensar também na possibilidade de reviso do efluente tratado, desde que a Pficiéncia de remocio de poluentes da ETE seja suficiente para atender as exigéncias leguis para redso, além de padrées de qualidade dos récursos a entrar no processo ‘Nessa perspectiva, a tecnologia de fim de tubo ¢ agregada & abordagem preventiva. Gerenciamento de Residuos Solidos © gerenciamento de resfduos sélidos (RS) é considerado um dos assuntos de maior amplitude nas questées ambientais, em vista dos aspectos técnicos envolvidos e dos impactos decorrentes. De acordo com a ABNT, sio considerados RS os residuos em estado sdlido e semiss6lido, incluindo os lodos provenientes de sistemas de tratamento de égua, aqueles gera- dos em equipamentos ¢ instalages de controle de poluigio, bem como determinados liquidos, cujas particularidades tornem inevitdvel seu tratamento nia rede pablica de esgotos ou corpos de Agua, ou exijam para isso solugées técnicas e economicamente inevitiveis em face & melhor tecnologia disponivel. Os resfduos sélidos, de acordo com a norma da ABNT NBR 10 004/ 2004, sio classifi- cados em: + Residuos Classe I - Perigosos: sio os que, em fungio das suas propriedades fisicas, quimicas ou infectocontagiosas, ou devido as suas caracterfsticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ¢ patogenicidade, podem apresentar riscos satide publica ¢ a0 meio ambiente. + Residuos Classe II - Nao Perigosos: dividem-se em: ~ Residuo Classe II A - Nao Inertes: so os que nao se enquadram nas classifi- cacées de residuos Classe I - perigosos, ou Classe II B — inertes. Esses resfduos podem ter propriedades, como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubi- lidade em Agua. — Residuo Classe II B - Inertes: quaisquer residuos que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR 10 007 de amostragem de residuos sélidos, e submetidos a um contato dinimico ¢ estitico com gua destilada ou deio- hnizada 3 temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10 006 (procedimentos para obtencio de extrato solubilizado de residuo s6lido), nao tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentragées superiores aos padrdes de potabilidade de agua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza ¢ sabor, conforme anexo G (padres para ensaio de solubilizacio). ‘A disposigio incorreta de residuos no solo pode comprometer a paisagem ¢ contribuir paraa proliferagio de vetores transmissores de doencas, como ratos, baratas, moscas € mosqui- tos, 0s quais encontram alimento ¢ abrigo no lixo, além de possibilitar a presenca de catadores, ~ aumentando os riscos de transmissao de doengas por se tratar de uma atividade insalubre. A | decomposicao dos residuos e a formacio de lixiviados também podem levar 4 contaminacio do solo ¢ de Aguas subterraneas com substincias orginicas, micro-organismos patogénicos ¢ indmeros contaminantes presentes nos diversos tipos de residuos (Philippi JR., 2005.) ay Swisay 8p SoTL ‘GSESS0ig i O56 WET ea é & z a 3 é 2 5 Além disso, falhas no processo de gerenciamento de residuos sélidos podem agravar os efeitos destes no meio ambiente. Por exemplo, o envio de residuos reciclaveis para o aterro sanitério, desconsiderando a potencialidade de retorno destes materiais para a cadeia produtiva (ler t6pico sobre logistica reversa mais adiante neste capitulo), além de contribuir para a diminuicéo do tempo de vida ditil de um aterro. A mistura de residuos sélidos classe T (residuos perigosos) com res{duos nao perigosos, pode ser considerada outro exemplo de falha gerencial, que acarreta em um aumento no volume dos esiduos perigosos. Esses residuos nao podem ser enviados para um aterro sanitério, devendo ser tratados ou destinados a um aterro especifico para resf- duos perigosos, o qual recebe um cuidado de engenharia muito maior. Tradicionalmente, na abordagem corretiva, o foco do gerenciamento de resfdltios s6lidos nas organizagées consiste na disposicio final e no tratamento, conforme destaca a figura 4.6. Ou seja, a organizacio frente a um residuo gerado busca a destinacio correta, seja enviando-o para um aterro sanitério ou tratando-o de algum modo que ele se tore residuo nio perigoso. Nesta abordagem, as potencialidades de reaproveitamento, reciclagem ou mesmo a busca por oportunidades de minimizacio da geracio dos residuos nio sio consideradas, tornando o gerenciamento custoso e do ponto de vista ambien- tal nio eficiente. Cust global da sétugao ‘ns Algae de ONE Figura 4.6 - Sequéncia tradicional dada ao gerenciamento de residuaspolas tecnologia de fim de tubo Por sua vez, com um foco preventivo pode-se adotar um plano de gerenciamento que leve em considera¢io possibilidades de reaproveitamento, minimizagio ¢ prevencio de geracio de residuos, sendo que, tio somente apés a anilise ¢ a possivel aplicacio dessas acOes iniciais, o tratamento ¢ a disposico final sio considerados. O foco preventivo tende a evitar impactos ambientais, bem como potencializar as propriedades dos refugos de processos produtivos. Destaca-se aqui que, em agosto de 2010, foi langada a Politica Nacional de Residuos Sélidos (PNRS), por meio da Lei n? 12 305, que dispde sobre seus princfpios, objetivos ¢ instrumentos, além das diretrizes relativas a ges- tio integrada ¢ ao gerenciamento de residuos sélidos, incluidos os perigosos; as responsabilidades dos geradores e do poder ptiblico; os instrumentos econémicos aplicaveis (Brasil, 2010-b). Essa lei foi regulamentada no final daquele ano, pelo decreto n? 7 404 de 23 de dezembro, ¢ também criou © Comité Interministerial da Politica Nacional de Residuos Sélidos ¢ 0 Comité Orientador para a Implantagio dos Sistemas de Logistica Revers#. Assim, a partir dessas leis, o Brasil passou a enca- ar o gerenciamento de residuos sélidos de forma. . — 5 i e1 jeitos S30 residuos sOlidos que, lepois prevgntiva. Inicialmente, pela ordem sequencial eel 3 dada? ao gerenciamento dos residuos, deve ser 1, 3 e80bates todes as posites de tata * * - ‘mento recuperagao por processos tecnolégicos observada a sequnte ordem de priordade: ndo geragio, “ ieimntae terete es eeuiee: redugdo, eutilzagio, recclage, tratamento dos residues“ sent ora possPlidade que rao-¢ ‘isposigao s6lidos e disposigio final ambientalmente adequada dos “\ final ambentalmente adequada, rejeitos (Brasil, 2010-b) Outro aspecto importante dado ao ge renciamento de residuos é a possibilidade de inte- gracio deste com outras ferramentas de gestio ambiental, como o gerenciamento do ciclo de Vida de produtos, ¢ a integracio com a logistica reversa, os quis sio respectivamente discutidos nos capitulos 5 ¢ 6. (Brasil, 2010-b). © gerenciamento adequado dos resfduos s6lidos gerados por uma organizacio pro- dutiva inicia-se com a elaboracio, a implementacao e a operacionalizacio integral do plano de gerenciamento, que passa a ser um documento integrante do proceso de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade pelo érgio competente do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), © plano de gerenciamento de resfduos s6lidos para uma organizagio é um proceso que aponta ¢ descreve as ages relativas a0 manejo dos residuos s6lidos no ambito dos estabcle. cimentos, contemplando a segregagio na otigem, coleta, manipulacio, acondicionamento, armazenamento, transporte, minimizacio, reutilizacio, reciclagem, tratamento ¢ disposicao final (Pimenta; Marques JR., 2006). As organizagées produtivas sujeitas a elaboracio de um plano de gerenciamento de resf- duos sio (Brasil, 2010-b): Servigos piblicos de saneamento bisico. Processos produtivos e instalagées industriais, Servigos de satide. Atividades de pesquisa, extracio ou beneficiamento de minérios, Estabelecimentos comerciais e de prestagio de servigos que geram residuos perigosos ou resfduos que, mesmo caracterizados como nio perigosos, por sua natureza, com. posigio ou volume nao sejam equiparados, pelo poder piiblico municipal, aos residuuos domiciliares, Empresas de construgio civil Portos, aeroportos, terminais alfandegérios, rodovidrios ¢ ferrovisrios e passagens de fronteira, Pata a elaboracio, implementacio, operacionalizacio monitoramento de todas as eta- s do plano de gerenciamento de residuos solidos, incluindo o controle da disposigae final “ambientalmente adequada dos Tejeitos, deve-se designar um responsavel técnico devidamente habilitado. Quanto ao contetido do plano, este deve conte: * Descrigao do empreendimento ou atividade. * Diagnéstico dos residuos s6lidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume € a caracterizacio dos res{duos, incluindo os passivos ambientaisa eles relacieaados * Explicitacio dos responsaveis por cada etapa do gerenciamento de residuos s6lidos OSS80019 Oil 630] Wiod jeRtidigiily BBISSS Bp SBIUaLABIISy Ferramentas de Gestao Ambiental com Foco no Processo. © Definigio dos procedimentos operacionais relativos as etapas da gerenciamento de residuos s6lidos sob responsabilidade do gerador * Identificagio das solugSes consorciadas ou compartilhadas com outros geradores. + Aces preventivas ¢ corretivas a serem executadas em situagées de | gerenciamento incorreto ou acidentes. Metas e procedimentos relacionados 4 minimizacio da geracio de residuos sélidos. * Aces relativas & responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida | dos produtos. Medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos res duos sdlidos. * Periodicidade de sua revisio, observado, se couber, 0 prazo de vigencia da respectiva licenca de operagio a cargo dos érgios do SISNAMA. Assim, a seguir, alguns componentes operacionais de um plano de geren- ciamento de residuos s6lidos sio apresentados. Eles tanto podem favorecer 0 processo de disposicio final ou tratamento quanto facilitar 0 encaminhamento dos residuos para o reaproveitamento ou reciclagem. Segregacao na origem e acondicionamento Antes de qualquer coisa, ¢ necessério que se defina aquilo que vai ser controlado, ou seja, é preciso saber quais residuos sio gerados e, principal mente, definir a periculosidade deles. A segregacio na origem consiste na separagio dos residuos de acordo com sua classificagio no local ou etapa do proceso produtivo em que o resi duo é gerado, em acondicionadores apropriados A correta separacio € uma importante etapa no gerenciamento de resfdluos, pois permite o tratamento diferenciado, a racionalizacio de recursos despendidos ¢ facilita a reciclagem. A segregacio ¢ importante porque evita a mistura de resi- duos incompativeis ¢ reduz 0 volume de residuos perigosos a ser tratado. Além disso, devem ser observados os seguintes itens, conforme CNTL: * A separacio deve ser realizada no local de origem. * Devem ser separados os residuos que possam gerar condicdes peri gosas quando combinados. * Deve-se evitar misturar residuos semissélidos com residuos sélidos. Na figura 4,7, destaca-se uma padronizagio da segregacio de residuos por meio do estabelecimento de cores padrio pela Resolucio CONAMA n® 275/01. O processo de acondicionamento tem como finalidade depositar os resi duos nos recipientes designados ¢ apropriados para cada um, de acordo com suas caracteristicas e possibilidade de reaproveitamento, tratamento ou destino para reciclagem. No acondicionamento devem ser respeitadas informacGes basicas sobre o residuo, como: caracteristicas, quantidades geradas, periodici- dade, tipo de transporte utilizado e forma de tratamento ou disposicio final. Tabela 4.2 ~ Padroizagdo das cores para sepregago de residuos F121 Papstpapeléo ©® vormaine Pasco ©@ vere Video ‘Amarelo Metal @® Pro Madre (@P Lararia_esiduos porigosos Branco Reslduos ambulatoriais © servigos de slide @® 0 Fesiduos racioatvos @® arom Resios orgnicos Figura 4.7 Acondcionadores com a cores para a carota . Residuo geral néo recilive ou misturado, ou 9 Crea Contaminado nso passivel de separacso_sogrogago de resuos er: Adan de BASH 204 Normalmente, sio utilizados dois tipos de recipientes: o de pequena capacidade e o de grande capacidade. A seguir, alguns tipos de acondicionadores conforme 0 Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL): + Tambores de 200 £. + Agranel. + Cacamba (contéiner). + Tangue. * Tambores de outros tamanhos e bombonas. € + Fardos. > * Sacos plisticos. a * Baldes plisticos. 2 E importante observar que h4 uma grande necessidade de treinamento e conscientizagio a das pessoas que atuam na organizacio, principalmente as que manuseiam os resfduos. 2 ° & eta e transporte interno 7 A coleta ¢ 0 transporte interno objetivam recolher os residuos que foram devidamente 3 condicionados nas areas de geracio ¢ transporté-los por meio de equipamentos adequados, manualmente, pelas reas internas da organizacio até a area de armazenagem temporiria de Eg siduos. Alguns cuidados nessa fase devem ser observados, como evitar acidentes ¢ disponibi-~ g ar equipamentos de protegdo individual para os funciondrios (botas, luvas e mascaras) 3 lazenamento 7 Refere-se a contengio temporiria de residuos para a espera de reciclagem/reutilizagio, g tratamento ou disposigio final adequada, desde que atenda as condigées bisicas de seguranca. 8 " Deve acontecer em arcas com uso especifico para tal fim, as quais devem ser constituidas de " cobertura e piso impermedvel. Fertamentas de Gestdo Ambient O armazenamento dos res das nas norma: luos deverd ser executado conforme as condicies estabeleci- + NBR nf? 12 235 - armazenamento de residuos perigosos. + NBR n? 11 174 -armazenamento de residuos nao inertes € inertes. + NBR n2 98 — armazenamento e manuseio de liquidos inflamaveis e combustiveis. Coleta e transporte externo Recolher os residuos armazenados temporariamente ¢ transporté-los, por meio de equi- pamentos adequados e por areas externas 8 organizacio, até os locais de reciclagem externa, tratamento ou disposicio final requer alguns cuidados: Certificar-se de que 0 motorista possua 0 devido treinamento. Certificar-se das boas condicdes do vefculo de transporte. Verificar a existéncia de equipamentos para situagdes de emergéncia e de protecio individual. Avaliar 0 acondicionamento, a distribuigio dos residuos no veiculo e a correta coloca~ io dos rétulos de risco e paingis de seguranga. Reutilizacao Uso direto do residuo dentro do proceso, ou aproveitamento das caracteristicas fisicas ¢ quimicas do residuo para outro fim (Pimenta; Marques JR., 2006). Por exemplo, 0 reaprovei- tamento interno de tonéis ou bombonas plisticas como acondicionadores de residuos. APNRS estabelece que a reutilizagio é 0 processo de aproveitamento dos resfduos s6lidos sem sua transformacio biol6gica, fisica ou fisico-quimica, observadas condigdes e padres esta- belecidos pelos érgios competentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). E, se couber, do Sistema Nacional de Vigilancia Sanitéria (SNVS) ¢ do Sistema Unico de Atengio 2 Sanidade Agropecudria (SUASA) (Brasil, 2010-b).. Reciclagem Trata-se de um processo de transformacio dos residuos sélidos que envolve a altera- io de suas propriedades fisicas, fisico-quimicas ou biolégicas, com vistas 4 transformacio em insumos ou novos produtos, observadas as condicées ¢ os padrdes estabelecidos pelos érgios competentes do SISNAMA e, se couber, do SNVS e do SUASA (BRASIL, 2010-b). Ou seja, a reciclagem consiste na recuperagio de residuos ou de seus constituintes por empresas espe- Gializadas, diminuindo, assim, a quantidade de residuos langados no meio ambiente, além de contribuir para conscrvacio dos recursos naturais nao renovaveis. Tratamento Submeter o residuo a determinado proceso com 0 objetivo de modificar suas caracteri ticas fisicas e/ou quimicas, como redugio de seu volume ou reducio ou perda de toxicidade. Existem vérias formas de se tratar um residuo: convertendo constituintes agressivos em formas menos perigosas, alterando a estrutura quimica de determinados componentes e des- truindo quimicamente produtos indesejaveis, tornando, assim, mais ficil sua assimilacio pelo meio ambiente. Na tabela 4.3 alguns tipos de tratamento de residuos séo apresentados. Tabela,f.3~ Tipos de tratamento de residuos sdos Classificagao Caracteristica Exemplo Separagéo ¢ redugéo de ‘Adensamento, desaquamento, Fisico secagem, facao, centrifuga- eam (a0 © adsoreao. Inertzagao e redugao da Encapsulamento © toxicidade. neutralizacao. Incineracdo, precipitacdo, ‘Separacao e redugao de volume oxidacao, reducao, coprocessa- eae e toxicidade. mento, recuperacao eletroltica gaselficagao. Landfarming, digestéo anae- Biolégico Redugio da toxicidade. rébia, compostagem e uso de plantas enraizadas. em apc de CNT, 200 isposicao final Disposigio de residuos de forma definitiva em érea apropriada, observando normas opera- Gionais especificas de modo a evitar danos ou riscos & satide ptiblica e 4 seguranga, ¢ a minimizar 0s impactos ambientais adversos, como dispor o residuo em aterro sanitario ou industrial. Esse processo consiste na disposicio dos residuos sélidos no solo (semelhante & pratica com residuo domiciliar) e, fundamentado em critérios de engenharia ¢ normas operacionais especificas, permite a confinacio segura em termos de controle de poluigio ambiental e prote- (oA satide publica (CNTL, 2003-a), Estudo de caso ~ Modelo de gerenciamento de residues sélides Neste estudo de caso, realizado pelo NESE/IFRN, trabalha-se um modelo de um plano de gerenciamento de resfduos s6lidos desenvolvido para uma indtistria de tintas ¢ materiais para pintura, que produz aproximadamente 7 000 kg de produtos por dia, entre tintas, massas, texturas € esmaltes. Quanto aos residuos sélidos gerados pela empresa em estudo, a tabela a seguir apresenta a sua caracterizagio: Tobola 44 —Desoid de esduasgorados . Quantidade (Ke) : f Dovcrigto Dia Semana Més ano «= ™~—C“assiicagao Organico 08 4 16 192 1,39 Classe II A. Bea orbesaene nto 04 2 8 070 Chasse I-A Embalagens plasticas contaminadas 2,5. 12,5 50 600 436 Classe | Embalagens de metal contaminadas 6,8. 34 136 1632 «(11,85 Classe | Sacos de carbonato 29,4 147 ‘588 7056 51,23 Classe | | 'Papelao Wt 220 2640 19,17 Classell-A -Residuos de escritério 07 35 14168 1,22— Classe I-A ‘Lodo proveniente da ETE 5,79 28,96 115,84 1390 10,08 Classe | “Total 57,39 286,96 1147,84 13774 100 - 3 2 = Frente as quase 14 toneladas de residuos gerados anualmente, sendo quase 70% deles resfduos perigosos, adotou-se o procedimento de gerenciamento descrito na figura 4.8, ¢a sequéncia de procedimentos que segue: * Aplicagio de técnicas de redugio na fonte com o objetivo de otimizar o uso dos recur sos de forma a evitar desperdicios, e consequente geracio de residuos. * Aplicacio de um sistema de classificacio dos residuos s6lidos em domésticos, ou lodo da ETE, ou recicliveis perigosos, ou recicléveis nio contaminados. : — Os residuos domésticos (no contaminados) do setor administrativo ¢ da cozinha industrial foram acondicionados no recipiente de residuo comum e, depois, reco- Ihidos na érea de armazenamento, a bafa denominada de residuos comum, e por fim destinados ao aterro sanitirio. — Os resfduos do processo produtivo classificados como reciclaveis nao contaminados foram armazenados em érea especifica para evitar contaminagio e foram destinados a comercializacio. — Osresiduos perigosos do processo foram isolados em area de armazenamento espe- cifica, com controle de acesso, impermeabilizada e coberta,¢, finalmente, destinados para tratamento, no caso a incineragio. — Olodo da ETE teve como destinagio final o envio para um aterro de residuos classe I. (( Redupio ne Fonte [ee € Residues Sélidos E Gorados eZ mn) C Incineracdo > Figura 4.8 ~ Procedimentos de gerenciamento é méstico : i S pret gee ae y—E pergoso? Clase Sim g a ~— twat 10 008) — come 2 * | Lodo da ETE 0 8 | Acondconador de || Asondcionador ven | | Toi on 5 = Contamina || Contains & | q a ¥ ¥ 3 ‘ Area de a en fae scant || peaeanca g Residuos Corum eran dsieerterloed te Reccdeis $ ResiducePaigosoe Contaminados g | Contaminados : coin ten Ties conam corpse a 2 Aterro Sanitério ‘Aterro Classe!) Producao Mais Limpa (PML) Histérico e Contextualizacao da PML no Brasi Haja vista a crescente degradacao ambiental ¢ intervengio governamen- tal na cobranca da responsabilidade pela poluicio gerada, muitas organizacées passaram a adotar posturas preventivas. Como visto no capitulo 2, a aborda- gem preventiva € focada na prevengio da geracio da poluicao por meio de agdes que busquem uma produgio mais eficiente e, portanto, poupadora de materiais ¢ energia em diferentes fases do processo de producio e de comercializacio, além da diminui¢io da geracio de poluentes em diversos formatos, como residuos sélidos ¢ efluentes liquidos produzidos ao longo das operacées. Destaca-se que, em 1988 ¢ 1989, a Environmental Protection Agency (EPA), a.agéncia de protegio ambiental dos Estados Unidos, descreveu os procedi- mentos para minimizagio de res{duos gerados nos processos de manufaturagao de produtos, principalmente industrial, com alto teor de carga poluidora, e de prevencio a poluicgao, com o objetivo de fazer com que as indiistrias cumpris- sem a legislacio ambiental americana. : Além disso, surgiam outros programas de prevencio, como o de produ- . io limpa, que foi uma proposta apresentada pelo Greenpeace, em 1990, para 7 representar um sistema de produgio industrial que questionasse a necessi- dade real de um produto, ou procurando outras formas menos poluidoras pelas quais essa necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida, além de proibir ouso de substincias téxicas. © O programa de PML surgiu em 1991, como uma abordagem inter- ‘medidria entre a producio limpa e a minimizagio de residuos, uma vez que incluia processos mais simples, néo necessariamente requerendo tecnologias ie ponta, podendo atingir um ntimero maior de organizagdes que nao deti- am desenvolvimento tecnolégico. Esse modelo que priorizava a prevencio la poluicio revelou-se uma importante ferramenta para a diminuicao dos pactos no meio ambiente, utilizando recursos mais vidveis para a realidade das organizaces (CNTL, 2003). Nessa linha, em 1994, a United Nations Industrial Development Organization DO) e © United Nations Environmental Programme (UNEP) — Programa fas Nacdes Unidas para o Desenvolvimento Industrial ¢ Programa das Nagoes © Meio Ambiente, respectivamente -, juntos iniciaram 0 programa mun- dos centros de PML, com o intuito de promover, coordenar ¢ facilitar as jidades da PML em cada pais escolhido. © Aproposta de um Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) mstruir a capacidade local de implantar a PML, formando profissionais pazes de aplicar os conceitos, ou mesmo, ser ajustado as condigées locais. assay was ia Saas 6 woUEIES | € Ferramentas de Gestae Ambiental com Foco no Proceso. Assim, oalvo principal do CNTL éa transferéncia de know-how, conhecimento, € nfo apenas a transferéncia tecnoldgica. Os centros de PML sio acolhidos por instituicdes nacionais — federagGes de indiistria, instituigdes académicas ¢ de pesquisa e organizagées produtivas ~ e possuem uma estrutura de pessoal reduzida, composta por profissionais da instituigao de acolhimento, aliados e outros parceiros (Pimenta, 2008). 4 O servigo bisico do CNTL ¢ aumentar a sensibilizacio dos envolvidos: em processos produtivos sobre: * Beneficios e vantagens da PML. Capacitagio de consultores ¢ desenvolvimento das capacidades locais de PML. Assisténcia técnica em empresa. Assessoria sobre as fontes de financiamento para tecnologias mais limpas. Disseminagio da informacio. Assessoria politica para governos nacionais ¢ locais (Luken; Navratil, 2002). | Desde 1995, um total de 25 centros de PML foram estabelecidos no Brasil, China, Costa Rica, Repiiblica Checa, El Salvador, Etiépia, Guatemala, Hungria, Coreia, Libano, México, Marrocos, Mogambique, Nicarégua, Reptblica Eslovaca, Africa do Sul, Tanzania, Tunisia, Uganda, Vietni e Zimbabue. Segundo Luken e Navratil, foram investidos mais de 17 milhées de délares para a formagio desses centros. Ainda segundo os autores, a eficé- cia do CNTL pode ser observada principalmente em ac6es de sensibilizacéo, formagio de consultores e introdugio do conceito PML nos curriculos das instituig6es de ensino. Entretanto, os beneficios ambientais e econdmicos tém sido bastante modestos em comparagio ao potencial existente. No Brasil, 0 CNTL iniciou-se em julho de 1995 sendo hospedado pelo sistema da Confederagio Nacional das Inddstrias (CNI), no Servico Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Rio Grande do Sul. Em 1999, 0 SEBRAE Nacional, 0 Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentivel (CEBDS), 0 CNTL e outras instituigdes iniciaram o primeiro projeto para implantagio da Rede Brasileira de PML, formando quatro niicleos de PML no Brasil. Um dos focos da Rede Brasileira de PML foi promover o desenvolvimento sustentivel nas micro € pequenas ‘empresas brasileiras, difundindo a metodologia de PM como instrumento para aumentar a competitividade, a inovagio e a responsabilidade ambiental no setor produtivo brasileiro. Atualmente, a rede est4 integrada pelo CNTL, por sete niicleos estaduais (Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Cearé e Pernambuco) e onze miicleos regionais do SEBRAE (Distrito Federal, Amaz6nia, Amap4, Mato Grosso do Sul, Pard, Espirito Santo, Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Piauf e Sergfpe). Essa rgde que completou uma década de atuacéo no Brasil implantou a PML em mais de 300 empresas, proporcionando melhorias no desempenho ambiental destas ¢ ganhos econdmicos (Coelho, 2004; SEBRAE, 2005; Calia; Guerrini, 2006). Destaca-se que 0 governo brasileiro aderiu, em 2003, 3 Declaragio Internacional de _ PML, compartilhando, assim, a responsabilidade do governo com agées para a melhoria do ambiente global e praticas de producio e consumo sustentiveis. Com 0 objetivo de pro- mover a Rede Brasileira de PML ¢ Ecoeficiéncia, como instrumento de gestio ambiental e modernizagao do setor produtivo, foi instituido, por meio de uma Portaria (n° 454 de 28 de novembro de 2003) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 0 Comité Gestor de Producio mais Limpa (CGPL). Compete a esse comité acompanhar as agdes de gestio ambiental e PML implantadas no ambito dos ministérios participantes, sugetindo agGes € atividades para os diferentes drgios do governo e instituigdes, considerando 0 desenvol- vimento sustentvel e a satide ambiental, entre outros. O MMA, juntamente com érgios staduais de meio ambiente, esté promovendo a articulacdo com instituigdes do setor piblico, privado e do terceiro setor, visando a sensibilizacio, organizacio e instituciona- | lizacio de féruns estaduais de PML, com a perspectiva de que no futuro estes possam se onceitos, Niveis e Vantagens da PML De acordo com a UNIDO, a PML € a aplicacio continua de uma estratégia ambiental preventiva € integrada nos processos produtivos, nos produtos e nos servigos, para reduzir os “tiscos relevantes aos seres humanos ¢ ao meio ambiente. So ajustes no processo produtivo que smitem a reducio da emissio/geracio de residuos diversos, podendo ser feitas desde pequenas parades no modelo existente até a aquisicio de novas tecnologias, simples e/ou complexas. O CNTE do Brasil utiliza uma definicio influenciada pelos conceitos da UNIDO UNEP, que expressa que a PML é a aplicacio de estratégias técnicas, econdmicas © ambientais integradas aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiéncia no uso de (érias-primas, 4gua ¢ energia por meio da nao geracio, minimizagio ou reciclagem dos duos e emissdes geradas, com beneficios ambientais, econdmicos e de satide ocupacional 1A, 2003, p. 10) Dessa forma, observa-se que a PML consiste em uma ferramenta de gestio ambiental apli- a partir de uma estratégia preventiva e integrativa, tanto para servigos quanto para processos Integratva Spree Rdugdo de Riscos f2 19 — Representapdo esquematica do conceito de PML proposto ntas de Gestio Am ‘As experiéncias no desenvolvimento da PML em diversos segmentos de atuagio, como indistria de manufatura, alimentos, agricultura, transporte, turismo e satide, em paises em desenvolvimento ¢ desenvolvidos mostram que essa nova abordagem nao somente prodwz um ambiente limpo, mas também traz beneficios econdmicos para a indiistria e a sociedade, com- provando o que descrevemos anteriormente (CNTL, 2003). Para Glavic e Lukman, a PML inclui tanto uma condigio para atingir melhorias ambien- tais no processo e desenvolvimento de produtos quanto uma contribuigio para uma maior sustentabilidade do mundo. Silva Filho ¢ Sicsi complementam que a PML possibilita 0 fun- cionamento da empresa de modo social ¢ ambientalmente responsével, ocasionando também influéncia em methorias econdmicas ¢ tecnolégicas Esta ferramenta de gestio, segundo Medeiros et al, estd respaldada no fato de que o meio mais «ficaz em termos de custos ambientais para a redugéo da poluigao & analisar 0 processo na origem da producéo e-eliminar o problema na sua fonte. Paraa UNIDO e a Danish Environmental Protection Agency as vantagens de se aplicar a PML sio: Melhoria do produto e dos processos. Economia de matérias-primas e energia, reduzindo, assim, custos de gastos de producio. ‘Aumento da competitividade por meio do uso de tecnologias novas ¢ melhoradas. Preocupacio reduzida sobre a legislagio ambiental. Reducio da responsabilidade associada com o tratamento, armazenamento e disposi- Gio dos residuos perigosos. * Melhoria da satide, da seguranca e da moral dos empregados. Melhoria da imagem de companhia e redhucio dos custos de solugdes de fim de tubo. Nessa conjuntura, vale salientar que a PML enfoca no potencial de ganhos diretos do processo produtivo, ja que as matérias-primas, os insumos e a energia passam a ter seus usos otimizados, ¢ de ganhos indirctos em virtude da eliminagio de custos associados ao tratamento © A disposicio final de residuos. A PML é considerada uma ferramenta de gestio econdmica, ambiental e de qualidade. Quadro 4.1 ~Caractorsticas da PML 7 Tipo de Ferramenta Caracteristicas Ferramentade ‘Faz Com que as atividades do empreendimento sejam repensadas ou reorgani- ae zadas. Para tanto, faz-se necessério 0 total comprometimento @ envolvimento da alta e média administracdo. Considera um desperdicio (residuos e efluentes, entre outros) como produtos Forranieria com valor econémico negativo. Cada passo para reduzir o consumo de matérias- ceorerica -primas e energia, bem como prevenir e reduzir a geragao de desperdicios, pode vir a aumentar a produtividade e trazer beneficios econémicos para a empresa, além de reduzir os custos adicionais das solugées de fim de tubo. Previne a geragao de poluigéio, combatendo os desperdicios na fonte geradora. A sistematica reduoao de desperdicios e poluentes reduz perdas no processo e Ferramenta promove aumento da produtividade e qualidade do produto. A continua atencdo Ambientale da _e foco na organizacéo e gestéo das alividades na empresa trazem o beneficio Qualidade adicional de uma melhoria na qualidade do produto ¢ redugao das taxas de rejei- 940, evitando desperdicios de tempo, trabalho e materiais, além de eventuais conflitos com clientes, oes UNDO, 208, . ‘a Dessa forma, a PML consiste em uma ferramenta que busca eliminar a poluicio antes desta ser gerada, A PML possui trés nfveis de aplicagio, sendo a prioridade o primeiro nivel ~ Redugio na Fonte -, conforme destaca-se a seguir: + Nivel 1 - Evitar a Geracao de Residuos, Efluentes e Emiss6es: a principal meta nesse nivel é encontrar medidas que diminuam a geracio na fonte. A troca de produtos € uma abordagem importante, entretanto s6 ocorre quando as medidas mais simples tiverem sido esgotadas, ainda que, as vezes, sejam de dificil realizacio. + Nivel 2 - Reciclagem Interna: os residuos que nao podem ser evitados devem, preferencialmente, ser reintegrados ao processo de produgio da organizacio via o pro- cesso de retiso ou reciclagem. + Nivel 3-Reciclagem Externa: nio sendo possivel a redugio na fonte ou mesmo a reci- clagem externa, as empresas devem enviar seus residuos para outras indiistrias que possam. utiliz4-los como matéria-prima, ou enviar para empresas especializadas em reciclagem. A figura 4.10 demonstra esses trés niveis: Produgéo mais Limpa {, Mivel 1 Redueéo na Fonte | | Nivel 2 Reciclagem Interna {Wet 2-Rslgom Exeea {Mostar no Produto Motificagao no Proceso oe Ape de SEBRAR, 205, A opcio de housekeeping implica em medidas de procedimentos, administrati- ou operacionais, que reduzem residuos ¢ emissdes, normalmente implantadas a um jucno custo € que nio exigem mudangas tecnol6gicas significativas. No nivel 1 da PML “encontram-se: * Melhoria do controle de producio. Melhoria no sistema de compras ¢ vendas. * Melhoria no sistema de informagées e treinamentos. Melhoria no sistema de manutencio. Otimizagio de parimetros operacionais. * Padronizacao de procedimentos. . any ogee sp eeueNREIIES | SasSssig Oi S307 ties € Ferramentas de Gestdo Ambiental com Foco no Processo. ‘As mudancas em matérias-primas contemplam reducio ou eliminagéo de materiais peri gosos (téxicos) ou que tém dificuldades de reciclagem. Como priticas da reducio na fonte’ (nivel 1 da PML) tém-se: substituicio de embalagens, matéria-prima on fornecedor, escolha de materiais com menor teor de impurezas ou com maior rendimento no proceso. As mudan- sas tecnol6gicas consistem em modificagées do processo c/ou do equipamento. Estas podem incluir mudancas no processo de produgio, modificagio do equipamento e no arranjo fisio, automacio e alteracio nas condigdes do processo, como taxas de fluxo, temperaturas, pressées, inclusio ou exclusio de etapas ou sistemas (CNTL, 2003-a; SEBRAE, 2005). Os residuos que nao podem ser evitados com a ajuda das medidas acima descritas devem ser reintegrados ao processo de producio da empresa (reciclagem interna). Isso pode significar utilizar as matérias-primas ou os produtos novamente para 0 mesmo propésito: ou utilizar as matérias-primas ou 0s produtos usados para um propésito diferente; realizar a utilizacio adi- cional de um material para um propésito inferior & sua utilizagio original, como usar residuos de papel para enchimentos, recuperagio parcial de componentes de produtos e recuperacio de compostos intermedisrios do processo ou de residuos de ctapas de processos. Somente depois de buscar as solugées de eliminagio ou redugdo na fonte (nivel 1) de reciclagem interna (nivel 2) € que se deve optar por medidas de reciclagem de residuos, efluentes e emissdes fora da empresa (nivel 3). A recuperagio de materiais de maior valor, como papel, aparas, vidro, materiais de compostagem, etc., ¢ sua devida reintegragio ao ciclo econémico € um método menos reconhecido de prote¢io ambiental integrada pela minimi- zagio de residuos (CNTL, 2003-a; SEBRAE, 2005). Quando se decide investir em PML, os custos diminuem significativamente devido aos beneficios gerados a partir do aumento da eficiéncia dos processos e dos ganhos, no consumo de matérias-primas e energia ¢ na diminuicio de residuos e emiss6es contaminantes, Metodologia da PML ‘A metodologia da PML, adotada pela rede brasileira de PML, foi adaptada do pro < ECOPROFIT ¢ a ferramenta que investiga o processo de produgéo ¢ demais atividades de uma empresa, € os estuda do ponto de vista da grama da UNIDO e da UNEP e da experiéncia da Consultoria Stenum, da cidade de Graz, na Austria, que desenvolveu 0 projeto Ecological Project for Integrated Environmental Technologies ~ ECOPROFIT. © quadro 4.2 apresenta as etapas neces- sfrias para a implantagio da PML, Com base nele, nota-se que as etapas da PML, segundo 0 SEBRAE, estio estruturadas no ciclo PDCA, do inglés, plan, do, check, act, que em portugues quer dizer planejar, executar, verificar ¢ agir, como utilizaco de materiais e energia, tendo como principal caracterstca a participagao daalta dire- do e da érea de recursos humanos da empresa “A aplicagéo dessa feramenta na cidade de Graz ‘resultou em uma redugdo na fonte de 108 mil MWh | decnergia 7 mies dem? de Agua, 6,5 mies de m? de efluentes, 4,1 mil toneladas de residuos “perigosos 10 mil toneladas de residuos nao perigosos. Spee fol Sens “ @ teaplicado em nagoes da Europe, Asia, Attica e Américas 2 a “8 ..204 a ee disposto na figura 4.10. O ciclo PDCA segue as seguintes etapas: planejar (estabelecer os objetivos ¢ processos necessdrios para atingir os resultados em concordincia com a politica ambiental da organizacio); executar (implementar os processos); verificar (monitorar ¢ medir 0s processos em conformidade com a politica, objetivos, metas, requisitos legais e outros, ¢ relatar os resultados); agir (agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestao) (ABNT, 2004-a). .

You might also like