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NCRF 12 – Impostos sobre o rendimento correntes e diferidos

Objectivo da NCRF 12

• Estabelecer o tratamento contabilístico

– Impostos sobre o rendimento


• Contabilização das consequências fiscais correntes e futuras
– Transacções e acontecimentos no período corrente
reconhecidos nas demonstrações financeiras
– Recuperação (liquidação) futura dos activos (passivos)
reconhecidos no balanço

– Prejuízos fiscais acumulados não usados


– Benefícios fiscais não usados
– Apresentação e divulgação de impostos sobre o rendimento

RESUMO NCRF12 - EULÁLIA MADIME 2014 1


Os métodos de contabilização dos impostos sobre o
rendimento preconizados nos diferentes referenciais
contabilísticos são dois:

- método do imposto a pagar - É apenas reconhecido o


imposto corrente do período;

- método do efeito fiscal (denominado por imposto


diferido) - É reconhecido atendendo aos efeitos fiscais no
(s) período(s) seguinte(s) que se traduzem em acréscimos
de quantias a pagar que serão recuperadas em períodos
futuros, ou vice-versa
NCR 12

Quantia Escriturada

Recuperação Liquidação

Pagamentos futuros de impostos maiores ou menores do que


seriam se não tivessem consequências fiscais

Pasivo por Impostos Activo por Impostos


Diferidos Reconhecer Diferidos

Ilustração 1: Reconhecimento de activos e passivos por impostos diferidos


RESUMO NCRF12 - EULÁLIA MADIME 3
Exemplo

Admita-se em plano teórico e meramente a título exemplificativo o seguinte:


A entidade ABC, Lda. pagou as despesas médicas da filha de um seu
funcionário, na quantia de 5.000,00Mt. A Autoridade Tributária aceita estas
despesas pela totalidade no período seguinte se a entidade apresentar nesse
período um acréscimo de rendimento de pelo menos 3% face ao período
anterior. Segundo os orçamentos elaborados para o ano seguinte é expectável
um acréscimo de 5% do volume de negócios.

Questão:

Contabilize o facto pelo:


H1: Método do imposto a pagar
H2: Método do imposto diferido.
Como podemos verificar o método do imposto diferido
implica que se reconheça a consequência fiscal que ocorrerá
no futuro, por efeito das transacções e outros
acontecimentos da entidade no período. O que por outras
palavras significa reconhecer o imposto de acordo com o
regime do acréscimo ou periodização económica

A contabilização do imposto sobre o rendimento do período


pelo método do imposto diferido contribui para a melhoria
da qualidade informativa das demonstrações financeiras
pois fornece mais informação na medida em que para além
da divulgação do imposto corrente divulga as consequên-
cias fiscais futuras das transacções e outros acontecimentos
das entidades ocorridas no período.
Exemplo

Admitamos que a entidade ABC, Lda., que se encontra enquadrada no


referencial PGC-NIRF, tem um cliente com uma dívida em mora há 5 meses
na quantia de 1.000,00. A dívida deveria ter sido liquidada nos 30 dias após
a emissão da factura. A ABC desenvolveu todos os esforços possíveis de
cobrança. No entanto a empresa tem conhecimento, pelo mercado, que
este cliente está com graves dificuldades financeiras, e que a probabilidade
de receber o montante em causa é muito remota.

Questão:
Contabilize o facto atendendo às seguintes hipóteses:
Hipótese 1: Contabilização de acordo com as regras contabilísticas
Hipótese 2: Contabilização de acordo com as regras fiscais
Suponhamos que o CIRC refere o seguinte:

“1 — Para efeitos da determinação das perdas por


imparidade (…), consideram-se créditos de cobrança
duvidosa aqueles em que o risco de incobrabilidade esteja
devidamente justificado, o que se verifica nos seguintes
casos:

a) O devedor tenha pendente processo de insolvência e de


recuperação de empresas ou processo de execução;
b) Os créditos tenham sido reclamados judicialmente ou em
tribunal arbitral;
c) Os créditos estejam em mora há mais de seis meses
desde a data do respectivo vencimento e existam provas
objectivas de imparidade e de terem sido efectuadas
diligências para o seu recebimento.
2 — O montante anual acumulado da perda por
imparidade de créditos referidos na alínea c) do
número anterior não pode ser superior às seguintes
percentagens dos créditos em mora:

a) 25% para créditos em mora há mais de 6 meses e


até 12 meses;
b) 50% para créditos em mora há mais de 12 meses e
até 18 meses;
c) 75% para créditos em mora há mais de 18 meses e
até 24 meses;
d) 100% para créditos em mora há mais de 24 meses.
Não são considerados de cobrança duvidosa:
a) Os créditos sobre o Estado, Regiões Autónomas e autarquias
locais ou aqueles em que estas entidades tenham prestado aval;
b) Os créditos cobertos por seguro, com excepção da importância
correspondente à percentagem de descoberto obrigatório, ou por
qualquer espécie de garantia real;
c) Os créditos sobre pessoas singulares ou colectivas que
detenham mais de 10% do capital da empresa ou sobre membros
dos seus órgãos sociais, salvo nos casos previstos nas alíneas a) e
b) do n.º 1;
d) Os créditos sobre empresas participadas em mais de 10% do
capital, salvo nos casos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1.”
Movim entos Quantia Comentário

Hipótese 1

41 Clientes
Débito 1.000,00
41.8 Clientes de cobrança duvidosa

41 Clientes
Crédito 41.1 Clientes c/c 1.000,00
41.1.1 Clientes gerais

64 Perdas em imparidade
Débito 64.8 Em dívidas a receber 1.000,00
64.8.2 Clientes

47 Clientes
Crédito 1.000,00
47.1 Perdas por imparidade acumuladas

Hipótese 2

Débito _ _

Crédito _ _
Caso fosse possível a opção de contabilização pelas regras fiscais não
haveria lugar ao reconhecimento desta imparidade.

Consequentemente, e muito simplificadamente, tal implicava:


- “poupança” de trabalho: não seria necessário proceder a qualquer
correcção para efeitos fiscais no quadro 08 do M22,
- um total de activo maior do que o “real”,
- um resultado contabilístico maior mas coincidente com o resultado
fiscal,
- a analise económico-financeira enviesada.

Pelo exposto deduz–se que as demonstrações financeiras não


traduziam uma imagem verdadeira e apropriada.
Como sabemos a opção exercida pelo legislador não foi o de “arrumar” as normas
contabilísticas às fiscais mas sim “Reconhecer a autonomia da contabilidade, assim
como da fiscalidade, procurando a adequada coordenação e harmonização através dos
correspondentes ajustamentos.”.

Pelo que no exemplo acima apresentado, independentemente do referencial


contabilístico em que a entidade se encontra enquadrada, o reconhecimento desta
imparidade teria de ser sempre efectuado e consequentemente proceder ao necessário
ajustamento no quadro 08 do M22.

Neste caso, aquando do preenchimento do M22 relativa ao período, a entidade deveria


corrigir (acrescer) na linha (campo) 211 esta quantia:
O8 APURAMENTO DO LUCRO TRIBUTÁVEL
RESULTADO DO EXERCÍCIO 201 X


A ACRESCER

P r o v isões ou pe rdas p o r im paridade f iscalm en te nã o dedut ív eis o u pa ra


211 1 .00 0, 00
além dos limites legais (art .º 28 .º e n .º 29 do CIRPC )

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