You are on page 1of 7
Historia da Enfermagem Versies e Interpretacées REVINTER havam drdua e sistema: uesia que passou a ser = da Idade Moderna foi pre- Hcativo para aquela geracio. aebes e as pessoas passaram para o controle de varias apés afase de euforia do mnou-se patente, demons nao representava a sati- .2 populagdo — que, antes, sisténcia gerada pela pre- dla desigualdade econé- as doengas dele prove- > de doencas transmissi- wicagdes passam a fazer uumento da mortalidade sminino, » do trabalhador e represe. nstornos econdmicos e ma necessidade basica 2 produtividade. ia satide como forma pacidade de trabalho do com o fim de manter a Praticas de satide pas. anutencao da hege- sTICULACAO COM Medicina politica e ada pelas aquisicdes =|. Acategoriafoi projeta- nutengao do status quo da elite econdmica, fe na posicao econdmi- m muitos palses, ocupou is profissoes.” Castiglioni+ A REORGANIZACAO HOSPITALAR E O SURGIMENTO DA ENFERMAGEM MODERNA , a es politic da Medicina vem favorecera reor iiicssicnatguotesratrsotscexpeibor portent: pepe nao 24 HIS’ DRIA DA ENFERMAGEM, como agentes da manutencao da forca de trabalho, mas também como empresas produtoras de servicos de satide. Ena reorganizacio da instituigao hospitalar e no posicionamento do médi- 0, como principal responsavel por essa reordenacio, que vamos encontrar as raizes do processo de disciplinarizagao e seus reflexos na Enfermagem, 20 ressur™ gir da fase sombria em que esteve submerso, até entao. Assim explica Foucault a reordenacio hospitalar, a partir do processo deno: minado por ele de disciplinarizacao ‘A partir do momento em que os exércitos se tornam mais técnicos e dispen: diosos e em que os soldados precisam ser adestrados, levando-se em considera- «0, no a forca do seu corpo ou a sua coragem, mas a sua habilidade e eficacia ‘maxima no manejo da artilharia, surge a necessidade de uma disciplina classifica t6ria e hierarquizada, dentro de um espaco individualizado. Conseqiientemente organiza-se o sistema de graus militares que vai do general ao soldado e o sistema de inspecao das tropas que implica em vigilancia e manutengao da disciplina.” ‘Tendo como principal objetivo o aproveitamento maximo do individuo em sua singularidade, esse sistema assegura paralelamente o livre exercicio do po- der, dentro dos espacos disciplinados, (O mesmo processo é desencadeado na fébrica, na escola eno hospital, sendo que, neste iltimo, os mecanismos disciplinares sao introduzidos pelas maos do médico que, ancorado na transformacao do seu saber e da sua pratica, vem ocu- par uma nova posigdo no contexto hospitalar, dimensionando os objetivos da ins tituigdo e projetando a medicalizacao. A disciplinarizacio hospitalar> segundo Foucault," é garantida nessa fase pelo controle sobre o desenvolvimento das agdes, pela distribuicao espacial dos individuos no interior do hospital e pela vigilancia perpétua e constante destes. E, para assegurar 0 exercicio do poder institucional, sera utilizado um esquema administrative composto por um conjunto de técnicas, pelas quais o sistema de poder iré alcancar seus objetivos. Eassim que a teoria chissica administrativa, recentemente postulada por Tay- lor e Fayol, vem ajustar-se ao proceso de reorganizacao do novo hospital, nor- matizando-o segundo os principios da tnidade de controle, da divisio e da espe- cializacao do trabalho, principios totalmente centrados na analogia do homem 05 fatores mecanicos de produgao. Loge que ocorra a institucionalizagao da Enfermagem, as acoes burocraticas que favorecem esse estado de coisas fardo parte da pratica administrativa do enfermeiro, e este ver-se-4 envolvido com um sem ntimero de instrumentos nor- mativos e regimentais que o afastardo progressivamente da assisténcia direta ao doente. Embora 0 poder disciplinar, no novo hospital, seja confiado a0 médico, ele passard a delegar 0 exercicio das fungoes controladoras do pessoal de Enferma- gem.2o enfermeiro que, imbuido da falsa convicgao de participar da esfera domi: jaisdb Add. azendo parte d — que ja p conisas de Kaise’ ptidao vocacic © DESENVOLVIMENTO HISTORICO DAS PRATICAS DE SAUDE _25 como empresas, 10 do médi- pos encontrar as sagem, a0 Tessu- rocesso deno: cos e dispen- em considera- dade e eficdcia plina cassifica- seqiientemente, do eo sistema da disciplina. do individuo em exercicio do po- hospital, sendo s pelas maos do pratica, vem ocu: pjetivos da ins- entida nessa fase espacial dos constante destes. > um esquema so sistema de ada por Tay- sovo hospital, nor ao e da espe- do homem es buracraticas {nistrativa do ‘trumentos nor- sténcia direta a0 20 médico, ele de Enferma- da esfera domi: te, serd subutilizado em beneficio da manutencao da ordem e da disciplina, dispensaveis & preservacao do monopélio do poder institucional. Obedecendo aos princfpios da disciplinarizacio, os hospitais militares sao os srimeiros a se reorganizarem sob a preméncia das questdes econdmicas a que os citos estavam afetos e sob o impacto das guerras imperialistas que lhes redu- am as fileiras A evolucao crescente dos hospitais nao melhorou, en <5 de salubridade; diz-se mesmo que foi a época em que ndicdes, devido principalmente predominancia de josas e & falta de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Tanto é que, apesar de manterem os hospitais, os ricos c am a ser atados em suas préprias casas, enquanto os pobres, além : ernativa, tornavam-se objeto de instrugao e experiéncias que resultariam num ior conhecimento sobre as doencas em beneficio da classe abas suas condi- con- “Os dons benéficas vao mits. ‘que resultam luzes para a conse Enesse cenério que a Enfermagem passa a atuar, quando Florence Nighting 1820-1910) é convidada pelo Ministro da Guerra da Ir nto aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia (1854-18 « falta de cuidados, morriam em grande mimero nos ho «do a atencao das autoridades inglesas. A guetra da Criméia veio colocar a higiene mit do controle burocratico da de um servigo de Enie ‘causou perdas tio grandes almente aos ingleses, que Isto ma investigaco.prolongada po inglés.” Bergo da Revolucao Industral e principal nagdo capitalista do século XVII a slaterra tentou com a Guerra da Criméia conter as investidas expansionistas da Sissia que ameacavam a integridade imperialista britanica. Seu poderio econdmi- entretanto, coexistia com um triste quadro nosolégico em que 0 elevado indi- ie mortalidade infantil e as doengas infecto-contagiosas surgiam como indica- dores da precariedade das condigdes econdmicas e de satide em que vivia a popu: Fazendo parte da elite econdmica e social e amparada pelo poder politico orence — que jé possuia algum conhecimento de Enfermagem, adquirido com iaconisas de Kaiserwerth e que, segundo a historiografia, era portadora de nde aptidao vocacional, para tratar de doentes — foi a precursora dessa nova 26_ HISTORIA DA ENFERMAGEM eaganazem que, como a Medicina, se encontrava vnculada a politica e ideolo sia da sociedade capitalista, pacrae morale intelectual das mulheres que partiram com Florence par eaeaa FO de atividade era submetido a exame criterioso,Elas deveriam rer ahe S2eho absolut, altruismo, espirito de sacifcio, integridade, humildade o conc de tudo, disciplina, “Florence parti para Scutari com 38 voluntéria en ‘eligiosas e leas vindas de diterontes hospitals. Algc ‘mas ds enfermeiras foram despedidas por incapaciel de de adaptacio e principalmente por indisciplina Paix Jim razio da imagem negativa que a Enfermagem trazia até entdo, era neces Sérlo que se reconstruisse um novo perfil profssional, porém ele dese obede- er aos principios impostos pela nova realidade social (ai concensbes tebrico-floséfcas da Enfermagem desenvovidas por Flore Se Nightingale apoiaram.se em observacdes sistematizadas eregisties eelgess uraidos de sua experiencia pritica no cuidado aos doentes e destacarnn qua fe conceitos fundamentais: ser humano, meio ambiente, satide Enfermagem, Esses conceitos, considerados revolucionérios para asta época fonen revistos e ainda hoje identiicam-se com as bases humanisticas da Enfermagen reade sido revigorados pela teoria holistica Florence enfatizou em seus dois livros, Notas sobre Hosptas (1858) e Notas Sobre ttfermagem (1859), que a arte da Enfermagem consistia cm cuidas tarts aos eres humanos sadios como dos doentes, entendendo como agoes interligadas dia Enfermagem, o triangulo cuidar-educar-pesquisar, Entendes tarrhan que a danke resultava da acao médica ou de Enfermagem, mas que era um privilégio da natureza; portanto, as agdes de Enfermagem deveriam vier & manutencao do dente em condigdes favoraveis 3 cura para que a natureza pudenes ween sobre gle: Considerou que o conhecimento ¢ as agdes de Enfermagem sac diferentes das asdes e conhecimento médicos, uma vez que o interesse ee Enfermagem esta centrado no ser humano sadio ou doente e nao na doenga e na sade Propria- mente ditas. Tacando um paralelo entre o sabernightingaleano eo saber hipocrtico, Si yall tessalta que ambos viam como foco central, o doente e nao doenga e que Enea ara Florence como para Hipécrates, a ages de sade (médion ou ic Enfermagem) consistiam em ajudar a ado das forgas naturals median iagao de condigdes favoraveis a0 processo de cura, Apos @ guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint dnomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que for funda- das posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das caracteris- cats escola nightingaleana, bem como a exigéncia de qualidades moras ea candidatas. © curso, de um ano, consistia em aulas didrias ministeadon Por médi- cos, ideolo- ce para er abne- s entre Aig sacida- sneces- obede cos, ii stos e 0 sido Notas to dos gadas que a vilégio 30 do =sobre rentes mest ropria co, Sil eque ou de riagao © DESENVOLVIMENTO HISTORICO DAS PRATICAS DE SAUDE 27 Nas primeiras escolas de Enfermagem, 0 médico foi, de fato, a tinica pessoa ficada para ensinar, A ele cabia entao decidir quais das suas funcdes poderia «car nas maos das enfermeiras. Os requisitos exigidos para a formagio da enfermeira, por sua vez, estavam ©acordo com as metas do projeto de profissionalizacao que a sociedade i esa interesse em empreender e viriam a encaixar-se perfeitamente na cadeia Sierarquica e no espaco disciplinado do novo hospital. Assim, a Enfermagem surge nio mais como uma atividade empirica, desvin- ada do saber especializado, mas como uma ocupacao assalariada que vem ender a necessidade cle mao-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma ica social institucionalizada e especifica As escolas nightingaleanas formavam duas categorias distintas de enfermei s:as ladies que procediam da classe social mais elevada e que desempenhavam tages intelectuais, representadas pela administracdo, supervisio, diregao e trole dos servicos de Enfermagem; e as nurses que pertenciam aos niveis soci S mais baixos e que, sob a direcao das ladies, desenvolviam o trabalho manual de Enfermagem, ‘A dicotomia entre o trabalho manual e intelectual & assim evidenciada na Enfermagem. O trabalho manual, cconsiderado inferior pode ser executado por pessoas socialmente inferiores, excluidas do pensar. Ja 0 trabe Iho intelectual, considerado superior, requeria pessoas Vindas de camadas superiores da sociedade. A divisi0 social precedeu a divisao técnica.” Resende!” Este mesmo raciocinio é valido, quando se analisa a presenca da mulher na fermagem ¢ a subordinagao da classe & categoria médica, essencialmente mas lina. Posto que as tarefas femininas, historicamente falando, sempre tiveram enor prestigio social e sempre estiveram dissociadas do saber intelectual pode-se concluir que 0 trabalho da enfermeira nio & des por ser ferinino, mas é feminino por ser c do,” Na medida em que a Enfermagem se introduzia no hospital e que o nivel de omplexidade técnico-cientifica da medicina crescia, requerendio, cada vez mais, apacidade intelectual de seus executores, estes comecaram a passar para os bra. 9s femininos da Enfermagem as tarefas manuais de satide que lhes cabia, ficando com a parte intelectual correspondente ao estabelecimento de hipdteses, diag dstico, prescri¢do e tratamento. 28 HISTORIA DA ENFERMAGEM Assim, ao executar procedimentos previamente definidos e estabelecidos. Enfermagem modema nasce como uma profissio complementar a pritica mé< ‘2, ou seja, um suporte do trabalho médico, subordinado a este. ‘Os avangos das ciéncias naturais e da tecnologia implicaram na divisao téc: ca do trabalho em satide, determinando o surgimento de uma gama variada © Profissdes e ocupacies neste ramo. Nesta piramide, o pice é ocupado pelo pr: fissional médico, cabendo a este a maior parcela de status social por questo Politico-ideol6gicas. Entretanto, os demais profissionais da rea, em seus form de debate, hoje questionam esta hierarquia e levantam discuss6es e movimento em favor da igualdade profissional. “S40 05 enfermeiros (..) e partcularmente os inter ‘que, da Inglaterra a italia, estdo 3 testa do movimer ‘Para uma distribuico mais generosa do privilégio me 0, Atibui-se aos medicos a vontade de permanecere (05 mesires de deixar a0 pessoal auxiliar apenas u papel de segundo plano.” 7 lich Napiramide hierdrquica citada, o enfermeiro, por sua vez, ocupa uma posic3 mediadora, legitimando a estrutura de poder, através do exercicio muitas veze acritico de fungdes administrativas e controladoras, colocando a orga de trabalh do pessoal subalterno a servigo da ideologia predominante no sistema.

You might also like