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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL


Diretoria de Administração de Profissionais
Gerência de Administração de Profissionais

Circular n.º 2/2022 - SES/SUGEP/COAP/DIAP/GEAP Brasília-DF, 26 de abril de 2022

Senhores Gestores,

Cumprimentando-os cordialmente, vimos através desta Circular, promover ampla


divulgação sobre a mudança de entendimento a respeito da possibilidade de acumulação de cargos
pelos profissionais da área de Assistência Social no âmbito desta Secretaria de Estado de Saúde do
Distrito Federal, conforme art. 37 da CF/88, que assim dispõe:
Art. 37, incisos XVI e XVII da Constituição Federal de 1988.
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte”:(omissis)
XV I – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto
quando houver compa bilidade de horários, observado em qualquer caso
o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos priva vos de profissionais de saúde, com
profissão regulamentada; (NR) – Redação dada pela Emenda
Cons tucional nº 34 de dezembro de 2001, publicado no DOU de 14 de
dezembro de 2001.(grifei)
XV II – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista,
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público. ”

Primeiramente, recordamos que o entendimento sedimentado até o presente momento


nesta Secretaria de Saúde era de que o cargo de Assistente Social
seria INACUMULÁVEL, ainda que exercido no âmbito da saúde, pois suas a vidades não seriam
inerentes exclusivamente a essa área. Logo, o cargo de Assistente Social não poderia ser considerado
priva vo de profissional da saúde, não estando, pois, abarcado pelas exceções previstas no Ar go 37,
inciso XVI, da Constituição Federal de 1988.
Ocorre que, diante da nega va administra va para o exercício de cargos em
acumulação no âmbito da saúde, diversos profissionais da área da Assistência Social buscaram o
Poder Judiciário, onde ob veram o reconhecimento do seu direito de forma majoritária, nas mais
diversas instâncias judiciais, inclusive, no Supremo Tribunal Federal (STF). Havendo,
portanto, inúmeros prejuízos causados à Administração Distrital em razão das diversas decisões
judiciais desfavoráveis, demonstrando que o posicionamento pela não acumulabilidade do cargo de
Assistente Social restou ineficaz ante o entendimento do Poder Judiciário.
Em razão deste cenário de derrotas judicias que vem ocorrendo ao longo dos úl mos 10

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(dez) anos, e com o intuito de uniformizar os entendimentos jurídico e administra vo, evitando o
empenho da máquina pública desnecessariamente, este Núcleo de Análise de Acumulação de Cargos,
juntamente com a Subsecretaria de Gestão de Pessoas (SUGEP), iniciou um procedimento
administra vo, elaborado no Processo nº 00060-00068607/2021-14, com o obje vo de uniformizar o
entendimento adotado administra vamente no âmbito desta SES com aquele oriundo da Jus ça,
externalizado em diversos julgados na mais diferentes instâncias. Assim, o Memorando 18 do
processo supramencionado expôs a questão nos seguintes termos:
"(...)
resta cristalina a necessidade de salvaguardar o direito ao acúmulo de
cargos pelos profissionais da assistência social no âmbito dessa Secretaria,
por questão - inclusive - de paridade a outras carreiras elencadas na
resolução CNS supramencionada e que já são contempladas nesta SES,
como odontólogos, psicólogos, nutricionistas e veterinários.
Nesse sen do, os tribunais – em suas diversas instâncias –
já consolidaram o entendimento de que é dada a possibilidade de
acumulação de cargos aos assistentes sociais que atuam na área da saúde
em ambos os vínculos profissionais. Nessa situação, o Juízo entende que
estariam esses profissionais abarcados pelas hipóteses do Artigo 37, Inciso
XVI, que excepcionam a lei.
Destarte, se faz importante ressaltar a alta incidência desse moderno
entendimento jurídico nos julgados dos úl mos 10 (dez) anos, bem como
o impacto desses julgados para a administração distrital."
Instada à manifestação por intermédio de despacho da DIAP, a Assessoria de Carreiras
e Legislação (ACL) se posicionou com os argumentos levantados pelo NUAAC e ainda frisou que:
"Tal inicia va decorre das múl plas decisões judiciais a favor dos
servidores da carreira que acumulam cargos na área da saúde, o que
poderá gerar desperdício de recursos humanos e financeiros na
movimentação da máquina administra va para a defesa de argumentos já
superados em Juízo.
(...)
Ademais, a jurisprudência no âmbito do STJ e do STF segue no sen do de
que a acumulação de cargos públicos por assistente social é possível
desde que integrantes do quadro de pessoal da área de saúde."
Outrossim, a SUGEP buscou a manifestação da Assessoria Jurídico-Legisla va (AJL)
sobre o mesmo assunto, a qual corroborou a necessidade de atualização do entendimento
administra vo conforme a jurisprudência majoritária, e, por meio da Nota Jurídica 1219 (74972292),
concluiu o seguinte:
Diante da farta jurisprudência colacionada aos autos, em que pese o
entendimento pessoal contrário à acumulação de cargos por Assistente
Social, forçoso concluir que a jurisprudência, em sua maioria, possibilita a
acumulação de cargos por essa categoria profissional, quando
compreendidos como cargo da saúde. Assim, corrobora-se com os
argumentos tecidos pelo Núcleo de Análise de Acumulação de
Cargos/SUGEP, curvando-se ao entendimento majoritário dos tribunais,
de forma a o mizar a eficiência no serviço público e a uniformização de
entendimento da matéria, evitando a judicialização de demanda já
sedimentada na esfera judiciária.
Conclui-se, portanto, pela possibilidade de acumulação de cargos de
assistente social, desde que ambos os cargos ocupados sejam inseridos na
área da saúde e haja compa bilidade de horário. Nessa linha, recomenda-
se o encaminhamento do presente feito à Procuradoria-Geral do Distrito

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Federal para conhecimento da matéria e manifestação acerca da
possibilidade de mudança de entendimento da conclusão lavrada nos
Pareceres nos 740/2012 e 193/2013– PROPES-PGDF.
Em relação à recomendação feita pela AJL de realizar consulta à Procuradoria Geral do
Distrito Federal (PGDF) para efe vação dessa uniformização de entendimento, apontamos que
recentemente houve estudo realizado pela Procuradora Denise Ladeira Costa Ferreira, por meio
do Parecer Jurídico n.º 61/2022 - PGDF/PGCONS/CHEFIA, no qual opinou-se em igual sen do (pela
possibilidade em caráter excepcional da acumulação de cargos de Assistente social, desde que a
atuação se dê, nos dois vínculos na área de saúde), considerando imprescindível - para tanto - que
ambos os cargos acumulados estejam vinculados a quadros de pessoal de serviços de saúde
integrantes do Sistema Único de Saúde - SUS e que as respec vas normas definidoras de atribuições e
a vidades evidenciem a atuação profissional interdisciplinar voltada à atenção integral à saúde
pública. Sendo que, em situações que não se encaixem nestes critérios, não será possível a
acumulação de cargos nos moldes permi dos pela alínea "c" do inciso XVI do art. 37 da Cons tuição
Federal.
Assim, confira-se a ementa do opinativo expedido em 27/03/2022 pela PGDF:
PARECER JURÍDICO N.º 61/2022 - PGDF/PGCONS/CHEFIA
ADMINISTRATIVO.CONSTITUCIONAL. CONSULTA. ACUMULAÇÃO DE
CARGOS PÚBLICOS PRIVATIVOS DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE. ASSISTENTE
SOCIAL. RESOLUÇÃO/CNS 218/97 E RESOLUÇÃO/CFSS 383/99.
JURISPRUDÊNCIA. CONTROVÉRSIA. PRECEDENTES DA CASA. DIVERGÊNCIA
PARCIAL.
i - A interpretação jurisprudencial, desde a controvérsia originária
referente à aplicação da norma de transição conferida pelo art. 17,§2º, da
ACDT/CF/88, vem se inclinando no sen do de uma compreensão mais
ampla da expressão “profissionais de saúde”, também empregada na
redação conferida pela EC 34/2001 à alínea “c” do inciso XVI do art. 37 da
CF, associada ao reconhecimento do caráter interdisciplinar das ações de
saúde inseridas no rol de atribuições do cargo de assistente social
integrante de quadro de pessoal da área da saúde, a demandar uma
atuação de forma privativa, vinculada, ao campo da saúde pública.
ii - Nesse sen do, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
Jus ça têm conferido interpretação que admite o acúmulo remunerado
de cargos públicos de “assistente social”, desde ambos os cargos integrem
quadro de pessoal da área de saúde.
iii – Para fins de reconhecimento do direito à acumulação remunerada de
dois cargos públicos de assistentes sociais, é imprescindível que ambos os
cargos estejam vinculados a Quadros de Pessoal de Serviços de Saúde
integrantes do Sistema Único de Saúde - SUS e que as respec vas normas
definidoras de atribuições e competência evidenciem a atuação
profissional interdisciplinar voltada à atenção integral à saúde pública.
Fora desse espectro, não será possível afirmar a incidência da exceção
disciplinada na alínea ‘c’ do inciso XVI do art. 37 da Cons tuição
Federal. (Grifou-se)
Portanto, há um novel entendimento sobre a matéria concernente à possibilidade - em
caráter excepcional - da acumulação de cargos públicos pelos profissionais da área de Assistência
Social, destacando que, para tal possibilidade, é imprescindível que ambos os cargos estejam
vinculados a Quadros de Pessoal de Serviços de Saúde integrantes do Sistema Único de Saúde -
SUS e que as respec vas normas definidoras de atribuições e competências evidenciem a atuação
profissional interdisciplinar voltada à atenção integral à saúde pública .
Neste sen do, informamos que essa acumulação, dada a sua excepcionalidade, será
analisada de forma individual pelo Núcleo de Análise de Acumulação de Cargos - NUAAC, que é a área
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analisada de forma individual pelo Núcleo de Análise de Acumulação de Cargos - NUAAC, que é a área
técnica competente para tal, tendo sua aplicabilidade condicionada ao cumprimento dos requisitos
estabelecidos nos referidos pareceres.

Atenciosamente,
Valéria Menezes de Oliveira
Gerente

Documento assinado eletronicamente por VALERIA MENEZES DE OLIVEIRA - Matr.1443464-4,


Gerente de Administração de Profissionais, em 26/04/2022, às 17:10, conforme art. 6º do
Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal
nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por ADILSON ALVES DE CASTRO JUNIOR - Matr.0129487-


3, Coordenador(a) de Administração de Profissionais, em 26/04/2022, às 17:21, conforme art.
6º do Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito
Federal nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por BRUNA RAMAYANE REIS PENA DE SOUZA -


Matr.1676651-2, Chefe do Núcleo de Análise de Acumulação de Cargos, em 26/04/2022, às
17:25, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário
Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por EVILLASIO SOUSA RAMOS - Matr.0122194-9,


Subsecretário(a) de Gestão de Pessoas, em 26/04/2022, às 22:50, conforme art. 6º do Decreto
n° 36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180,
quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site:


http://sei.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
verificador= 85020323 código CRC= 7A074C66.

"Bra s íl i a - Pa tri môni o Cul tura l da Huma ni da de"

SRTVN Qua dra 701 Lote D, 1º e 2º a nda res , Ed. PO700 - Ba i rro As a Norte - CEP 70719-040 - DF

00060-00202167/2022-11 Doc. SEI/GDF 85020323

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