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Harmonização contábil internacional

Ader Fernando de Pádua


Graduando em Ciências Contábeis pela PUC.
Elias de Souza
Graduando em Ciências Contábeis pela PUC.
Eloíza Lúcia Silva
Graduanda em Ciências Contábeis pela PUC.
Fabiana Isabela Maia
Graduanda em Ciências Contábeis pela PUC.
Jorge Wallison de Oliveira
Graduanda em Ciências Contábeis pela PUC.

21/02/08

1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade fazer uma comparação das normas contábeis
adotadas no Brasil com as Normas Internacionais de Contabilidade, focando os
procedimentos sugeridos pela Internacional Standards Board (IASB), nas denominadas
Internacional Accountig Standards (IAS) números 02 e 16 que fazem referências ao
estoque e ao ativo imobilizado respectivamente. No Brasil os órgãos responsáveis pela
elaboração das práticas contábeis são o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (IBRACON).

Devido à internacionalização da economia e a perspectiva de um único mercado, as


empresas tem se beneficiado com uma maior diversidade de captação de recursos e
acelerado a competitividade, provocando a necessidade de desenvolver um sistema de
informação que harmonize as práticas contábeis e que seja compatível para seus
diversos usuários.

Um dos pontos cruciais para o estudo da harmonização das normas contábeis é a


globalização que influencia diretamente a gestão empresarial das organizações.

Neste processo as empresas captam capital onde ele é mais barato, produzem onde os
custos são mais baixos e busca mercados onde a aceitação de seus produtos e serviços
sejam maiores.

Os problemas causados pelas diferenças encontradas entre as normas contábeis dos


países é um outro ponto que justifica a realização deste estudo, já que é possível
identificar formas diversificadas de contabilização dos mesmos eventos.

Para os profissionais e acadêmicos da área contábil este assunto vem tornando-se


evidente na medida em que se intensificam as discussões relacionadas a mercado e a
gestão de empresas.
Pretende-se fazer um levantamento dos pontos relevantes entre as práticas contábeis
brasileiras e internacionais demonstrando as divergências existentes entre elas.

A metodologia aplicada baseou-se por meio de pesquisas bibliográficas junto a livros,


meios eletrônicos, leis e revistas, além dos conhecimentos obtidos durante o curso.

2 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE


Em 1973 houve a criação de um Comitê de Pronunciamentos Contábeis Internacional
(International Accounting Standards Committee - IASC) pelos organismos profissionais
de Contabilidade de 10 países: Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da
América, França, Irlanda, Japão, México, Países baixos e Reino Unido. O IASC tem por
objetivo formular e publicar de forma totalmente independente um padrão de normas
contábeis internacionais que possa ser universalmente aceito. Os primeiros
pronunciamentos contábeis publicados pela IASC foram chamados de International
Accounting Standard (IAS) (NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE,
2001, p. 11-18).

Dentro da estrutura do IASC foi criado o Standing Interpretations Committee (SIC) um


comitê técnico responsável pelas publicações de interpretações, tirando dúvidas de
pontos divergentes ou inaceitáveis na falta de uma orientação oficial.

No ano de 2001, foi criado o International Accounting standards Board (IASB) com o
objetivo de melhorar a estrutura técnica de formulação e validação dos novos
pronunciamentos internacionais emitidos com o novo nome de International Financial
Reporting Standard (IFRS).

O IFRS demonstrou a vontade do comitê de transformar progressivamente os


pronunciamentos contábeis anteriores em novos padrões internacionalmente aceitos,
com a finalidade de responder as expectativas crescentes dos usuários da informação
financeira. Em dezembro do mesmo ano o nome do SIC foi mudado para International
Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC), que passou a ser responsável
pela publicação a partir de 2002 de todas as interpretações sobre o conjunto de Normas
Internacionais.

Em 2004 o IASB dá mais um passo na busca pela harmonização das Normas


Internacionais quando publica a norma IAS 1 que define os padrões contábeis e
financeiros a serem respeitados pelas empresas, proporcionando comparabilidade,
precisão e transparência. A partir de 2005 muitos países passaram a adotar este padrão
ao publicar as suas demonstrações financeiras (MADEIRA, 2004, p. 8).

3 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


As Normas Brasileiras de Contabilidade estão baseadas nos sete princípios
fundamentais de contabilidade, que são verdades essenciais para a aplicabilidade
contábil, representam a base de uma ciência em que a veracidade e universalidade
integram um conjunto de doutrinas, a fim de determinar a harmonia e a coerência
obtidas nos métodos e critérios adotados. Os princípios são: Entidade, Continuidade,
Oportunidade, Registro Pelo Valor Original, Atualização Monetária, Competência e
Prudência (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1993, p. 01).
Também existem as normas técnicas que são necessárias para um bom desenvolvimento
do exercício no campo profissional. As Normas Técnicas de Contabilidade estabelecem
conceitos e doutrinas, regras e procedimentos que são aplicados a Contabilidade e
devem estar sempre em harmonia com os princípios contábeis, para manter uma
linguagem inteligível em qualquer local de aplicação (FRANCO, set.- out. 1995, p. 41).

O CFC supervisiona, gerencia e regulamenta o controle do exercício profissional da


Contabilidade, este órgão edita princípios e normas contábeis técnicas e profissionais.

O IBRACON é uma entidade profissional formada por contadores e auditores


independentes, sua função é discutir, desenvolver e divulgar as posições técnicas e
éticas da atividade contábil e de auditoria. Ele publica vários pronunciamentos técnicos
sobre normas e procedimentos de auditoria e de Contabilidade (DOLABELLA, 2006, p.
19).

A CVM é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda que tem por finalidade
disciplinar, fiscalizar e promover o desenvolvimento do mercado de valores mobiliários
no Brasil (MADEIRA, 2004, p. 9).

4 ESTOQUE - IAS 2

4.1 Conceito
Os estoques são ativos tangíveis mantidos para a venda no curso dos negócios, podem
estar em processo de produção ou como materiais e suprimentos a serem consumidos no
processo produtivo ou na prestação de serviços. Os estoques compreendem também
mercadorias compradas e destinadas à revenda, incluindo terrenos e imóveis. No caso
de um prestador de serviços, os estoques incluem o custo dos serviços para o qual a
entidade ainda não reconheceu a respectiva receita (NORMAS INTERNACIONAIS DE
CONTABILIDADE, 2001, p.109).

4.2 Comparação entre a Norma Brasileira e a Norma Internacional


Segue abaixo alguns pontos relevantes observados durante a análise das Normas
Brasileiras e Internacionais de Contabilidade:

· Desvalorização dos estoques


A Norma Brasileira é bem semelhante à Norma Internacional, pois ambas consideram
como custo dos estoques todos os custos incorridos até o ponto em que os produtos são
acabados.

Na questão ligada a desvalorização dos estoques em relação ao mercado a Norma


Internacional tem dispositivos para amenizar esse impacto que é a constituição de uma
provisão para desvalorização dos estoques.

Para constituição dessa provisão são utilizados critérios diferentes em relação às


matérias primas e estoques de produtos acabados. Quanto ao valor das matérias primas,
este é comparado com o custo de reposição e se seu valor for menor apura-se uma
desvalorização em relação ao custo de reposição. Nos produtos acabados é deduzida a
margem de lucro para depois apurar o preço líquido de realização.

Quanto ao critério de avaliação dos estoques as duas normas consideram como


principais métodos o do custo ou valor líquido de realização (preço estimado de venda
menos os custos estimados para completar os produtos), dos dois, o que for menor.

5 ATIVO IMOBILIZADO - IAS 16

5.1 Conceito
“Os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da
companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade
industrial e comercial”. Os itens classificados na categoria de ativo imobilizado incluem
bens tangíveis e bens intangíveis (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE,
2005, p.01).

5.2 Comparação entre a Norma Brasileira e a Norma Internacional


Segue abaixo alguns pontos relevantes observados durante a análise das Normas
Brasileiras e Internacionais de Contabilidade:

· Custo do bem
Na Norma Internacional de Contabilidade é registrado como custo o item do ativo
imobilizado que futuramente e comprovadamente irá trazer benefícios econômicos para
a empresa, já a Norma Brasileira define que o item será registrado no ativo imobilizado
no momento de sua aquisição, considerando como custo o valor pago, o valor
equivalente a aquisição do bem ou o valor de mercado.

· Determinação da vida útil do bem e sua depreciação


Os métodos de depreciação aplicados no Brasil são semelhantes aos da Norma
Internacional. A diferença existente é com relação ao período em que se devem rever os
métodos utilizados para depreciação e reavaliação dos bens. A Norma Internacional
determina que o método de depreciação dos ativos e a vida útil do bem sejam revisados
anualmente.

No Brasil, o IBRACON orienta que o ativo imobilizado e a forma de depreciação sejam


avaliados periodicamente, porém não fixa prazos para efetuar essa revisão.

· Depreciação de itens de um mesmo equipamento


De acordo com a IAS 16, bens do ativo imobilizado que tenham itens com valor
significativo poderão ser depreciados separadamente, levando em consideração a função
e o desgaste diferenciados para cada componente, como por exemplo, os motores de
locomotivas em relação às demais peças.

A Norma Brasileira não define um método para tratar a depreciação de partes isoladas
de um bem, encontra-se apenas a figura da depreciação acelerada que leva em
consideração o registro do desgaste do bem em relação aos vários turnos de trabalho
que este estiver operando.

· Tratamento contábil alternativo


A Norma Internacional determina que as reavaliações devam ser feitas pelo valor de
mercado e na falta desse utiliza-se o custo de reposição depreciado, também determina
que todos os componentes do ativo de uma mesma categoria sejam reavaliados em
conjunto. A Norma Brasileira cita somente a utilização do valor justo para a reavaliação
dos ativos e permite que os bens de uma mesma categoria sejam reavaliados
separadamente.

· Prazo para reavaliação de bens


A Norma Internacional determina que os bens sejam reavaliados anualmente, pois
preocupa-se em manter o bem próximo de valores negociáveis no mercado, já no Brasil
a reavaliação deve ser feita de quatro em quatro anos.

· Reavaliações do Ativo Imobilizado


A reavaliação de itens do ativo imobilizado pode apresentar resultado positivo ou
negativo. Quando forem apuradas reavaliações positivas o tratamento contábil no Brasil
é semelhante à Norma Internacional, ou seja, credita-se uma conta de reserva de
reavaliação em contra partida a uma conta do ativo imobilizado.

Em relação à reavaliação negativa a Norma Internacional determina que o valor apurado


deverá ser lançado em conta de resultado, caso haja saldo na conta de reserva de
reavaliação do período anterior, deverá ser feita compensação nesta conta.

A Norma Brasileira não permite o registro de uma reavaliação negativa que não possua
um saldo anterior positivo, caso seja
apurado um valor negativo de reavaliação serão reduzidos os saldos das contas de
imobilizado e da reserva de reavaliação. É determinado ainda que se faça uma provisão
para perdas quando a parcela do valor do imobilizado superar o valor reavaliado
devendo, porém haver saldo de reserva de reavaliação.

É orientado também que se faça um estorno na reserva de reavaliação quando um ativo


reavaliado for vendido ou baixado. A Norma Internacional define que na baixa de ativos
reavaliados seu saldo da reserva deve ser transferido para lucros acumulados.

· Impairment
Nas Normas Internacionais há a figura da proteção dos ativos de uma organização
conhecida como Impairment, feito através da avaliação dos ativos imobilizados em
relação ao seu valor recuperável. Quando esse valor recuperável for menor que o valor
contabilizado a empresa deverá reduzi-lo a seu valor justo (CARVALHO, LEMES,
COSTA, 2006, p. 142).

Essa redução no ativo deve atender a alguns critérios para que sua avaliação seja correta
e evidencie a real situação dos valores não recuperáveis pela empresa em relação ao
valor justo:

a) A baixa no custo do ativo deverá ser contabilizada somente quando o valor contábil
do ativo for maior que o valor recuperável;
b)A cada balanço a empresa deverá avaliar se há condições que poderão representar
risco de desvalorização dos ativos;
c) O valor recuperável é o maior entre o preço líquido de venda e o valor de uso;
d) Ao longo do tempo as taxas de descontos dos ativos devem ser ajustadas a ponto de
refletir as avaliações do mercado;
e) Os ativos devem estar agrupados por grupo de itens, isso na falta de um controle
analítico;
f) Na apuração de uma redução no ativo registrado pelo custo de aquisição, sua
contrapartida deverá ser lançada em conta de resultado;
g) No caso de ativos reavaliados a contra partida da redução do ativo ocorrerá na conta
de reserva de reavaliação já constituída;
h) Não deve ser contabilizado o excesso de uma reversão de redução se este ultrapassar
o valor contábil;
i) A contrapartida de uma reversão de redução de ativos mantidos pelo custo de
aquisição deverá ser lançada como receita;
j) O excesso de uma reversão da redução deverá ser lançado na conta de reavaliação;
k) Quando houver uma reversão de redução de um bem reavaliado a contra partida do
lançamento deverá ser o aumento da conta de reserva de reavaliação.

6 CONCLUSÃO
O presente trabalho procurou apontar as divergências contábeis existentes entre as
Normas Internacionais e Brasileiras de Contabilidade, e evidenciar a necessidade de se
conciliar às práticas contábeis em beneficio do desenvolvimento econômico e financeiro
das empresas.

Constatou-se que as Normas Internacionais de Contabilidade estão mais focadas em


demonstrar a situação real e atual da empresa com relação ao ambiente econômico,
demonstrando o valor do seu patrimônio.

Já no Brasil, as normas estão mais voltadas para atender a legislação tributária, fazendo
com que o papel da Contabilidade que é o de registrar, mensurar dados e informações,
com o objetivo de demonstrar as mutações no patrimônio de uma empresa e
principalmente prestar auxílio à tomada de decisão, seja colocado em segundo plano.

Concluímos que é necessária uma harmonização das normas contábeis em função da


globalização e constante evolução dos mercados, a criação de uma norma única
facilitaria o entendimento e a aplicabilidade das práticas contábeis, deixando de lado as
resistências regionais de cada país e instituindo uma neutralidade das normas contábeis.

http://www.interfisco.com.br/portal/artigoPortal/verArtigo.action?
artigo.id=226.606&expressao=&formas= acesso em 03.04.09

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