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Domingos Atualizado
Domingos Atualizado
Domingos
Passos
Textos Reunidos
IMPRENSA MARGINAL
2017
Sumário
Em Frente | pág.20
*2*
Domingos Passos: O "Bakunin Brasileiro"
*8*
revolucionário de seu tempo. Nunca mais se teve qualquer notícia dele,
apenas boatos esporádicos e nunca confirmados.
Não foi à toa que Domingos Passos ganhou de seus
contemporâneos a alcunha de “Bakunin brasileiro”. Poucos como ele se
entregaram de tal forma ao Ideal e sofreram tanto as consequências dessa
dedicação à luta pela emancipação dos homens e mulheres. Durante
apenas uma década, em grande parte passada nas prisões e nas selvas
tropicais, Passos tornou-se a grande referência de militância libertária e
social de seu tempo...e do nosso também!
Nossos passos seguirão os seus, Passos!
***
Referências
1
A Pátria, Secção Trabalhista, 16/03/1923.
2
“Memórias” manuscritas de Pedro Catallo in Edgar Rodrigues. Os
Companheiros 2. VJR Editores Associados Ltda. Rio de Janeiro, 1995.
3
Leal, Juvenal. Histórico da União dos Operários em Construcção Civil
(18 de março de 1917 a 31 de dezembro de 1919). Edição da União dos
Operários em Construcção Civil, 1920. (disponível no site .
4
Ibidem.
5
Ibidem.
6
Ibidem.
7
Ibidem.
8
Rodrigues, Edgar. Nacionalismo & Cultura Social (1913-1922).
Laemmert, 1972, p.307.
9
Ibidem. p. 314.
10
Rodrigues, Edgar. Os Companheiros 2, p. 26.
11
Rodrigues, Edgar. Nacionalismo & Cultura Social (1913-1922). p.
335-336.
12
UOCC .Refutando as afirmações mentirozas do Grupo Comunista.
Edição da União dos Operários em Construcção Civil, 1922. (disponível
no site www.insurgentes.nodo50.org)
*9*
13
A Pátria, Secção Trabalhista, 08/07/1923.
14
Castro Gomes, Ângela. A Invenção do Trabalhismo. São Paulo:
Vértice; Rio de Janeiro: IUPERJ, 1988, p. 160.
15
A Pátria, Secção Trabalhista, 18/10/1923.
16
A Plebe, 26/02/1927.
17
Samis, Alexandre. Clevelândia: Anarquismo, Sindicalismo e Repressão
Política no Brasil. São Paulo: Ed. Imaginário; Rio de Janeiro: Achiamé,
2002, p. 194.
18
A Plebe, 12/03/1927.
19
A Plebe, 26/02/1927.
20
Rodrigues, Edgar. Novos Rumos (História do Movimento Operário e
das Lutas Sociais no Brasil, 1922-1946). Rio de Janeiro, Edições Mundo
Livre, sem data.
21
Panfleto “Trabalhadores Conscientes, Procurae saber o paradeiro de
Domingos Passos” (1928). Arquivo Biblioteca Social Fábio Luz.
22
Rodrigues, Edgar. Novos Rumos. op. cit. p. 278.
23
Ibidem, p. 279.
*10*
Federação Operária do Rio de Janeiro1
Rio, outubro de 1923
Por Domingos Passos
Prezados companheiros:
A moção seguinte foi aprovada unanimemente quando a 18 do mês
passado se realizou a instalação solene desta federação. Publicamo-la na
imprensa mas tudo faz crer - é mesmo certo - que o nosso apelo não
tenha chegado ao conhecimento da maior parte daqueles a quem nos
dirigimos. Eis porque a convertemos nesta circular.
Esperamos que nos compreendas e faças tudo para compreender
nossa incitação e aos esforços que aqui realizamos pela reorganização
aos trabalhadores do Brasil.
Eis a moção:
A Federação Operaria do Rio de Janeiro, iniciando solenemente
uma nova fase de organização sindical vem concitar-vos a abandonar o
estado de letargia a que quase todos os trabalhadores do Brasil se
entregam há mais de dois anos, e a vir decididamente trabalhar conosco
na formidável obra que devemos levar a efeito, reorganizando os
trabalhadores da extensa região brasileira.
Nunca, como agora, se impôs a necessidade de congregarmos em
torno do nosso rubro pavilhão para opor forte, indestrutível barreira á
ganancia capitalista, que nos assoberba a todos, e a invasão retrograda do
1
Moção publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 18 de
outubro de 1923. Esta moção já havia sido publicada no dia 18 de setembro, porém sem a
chancela de Domingos Passos. Junto a esse texto, veio o selo confederal da FORJ, com seu lema
"Bem Estar e Liberdade".
F.O.R.J. - O Comité Federal da FORJ reúne-se amanhã, segunda-feira, as 20 horas, na
séde da Associação dos Carpinteiros Navaes, á rua da Saúde 345 sobrado. - Domingos Passos,
secretario adjunto.
Nota publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria (Rio de Janeiro), de 11 de
novembro de 1923.
*11*
conservantismo que em volumosas ondas ameaça submergir o frágil batel
das reivindicações proletárias.
Ainda há pouco tempo, eram as leis celeradas apontadas como
recurso do conservantismo, contra as nascentes conquistas libertárias. E
hoje após um volumosos acervo de antiquadas tiranias ressuscitadas,
desaparecem, na inundação avassaladora do retrocesso, o direito de
reunião, o direito da livre associação, o direito da livre manifestação do
pensamento.
A exploração é a lei!
A greve, eis o crime!
A submissão, o servilismo, a bajulação - a moral.
A independência, a dignidade, a rebeldia - o delito.
É o regime feudal que se impõe. Os de sangue "azul" são hoje os
pergaminhados, os titulados, os endinheirados.
Contra essa nova casta de exploradores, levantemo-nos, tal qual novos
Espártacos, armados da rebeldia construtora, esclarecidos á luz
vivificante do Ideal, na barricada da Emancipação humana!"
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4o Congresso do Rio Grande do Sul Visto por
Domingos Passos 2
2 Domingos Passos, havia sido deportado de São Paulo, para o Oiapoque, campo de
concentração na selva amazônica, de onde fugiu para participar deste Congresso.
*13*
Ao iniciarem-se os trabalhos, o secretário da "F.O.R.G.S." propõe
que fosse aclamado um relator e um secretário para os trabalhos, sendo
apontado o 1o. representante dos trabalhadores de S. Paulo, que recusa
alegando estar encarregado de elaborar os relatórios para as organizações
que representa.
Constitui-se a mesa, com os delegados João Martins e Pinto.
Florentino propõe que os delegados libertários devem ter voz e voto
no congresso, aconselhando, também, que se aumente o número de
representantes, sendo aprovado.
Reduzindo, após propor que o secretário fosse efetivo, lê as
condições funcionais da "Federação Estadual", dizendo que durante todo
o ano não foi recebida nenhuma contribuição, e que a "Federação Local
de Bagé", está em idênticas condições.
Florentino historia o movimento da "Federação O. de Porto
Alegre", mostrando como se desenvolveu a campanha pró Sacco e
Vanzetti - tendo, por esta ocasião, sido levados a efeito 30 reuniões
públicas, que das organizações operárias, a única que em Porto Alegre
corresponde às necessidades do momento, é o "Sindicato dos Canteiros".
Lembra a greve dos marítimos, que, apesar de ter sido filiada à
federação, desviou-se deste caminho, enveredando pela ação indireta,
estando, porém, atualmente, em vias de entendimento com a Federação.
Movimenta-se agora o "C.F.", no sentido de organizar os
ferroviários.
João Francisco fala sobre os estivadores de Pelotas, dizendo que
entre eles trabalha-se para a organização, ao lado dos trabalhadores
revolucionários, tendo ultimamente realizado duas reuniões, nas quais
Passos falou longamente, propondo a ação direta.
Pinto chama a atenção do Congresso para a organização de
Uruguaiana, onde os militantes predominam na “União Geral", que é um
dos mais sólidos e confortáveis edifícios sociais, cujos associados lutam
agora pela aquisição de uma tipografia para a publicação de um jornal.
Mostra como Uruguaiana está destinada a influir na cidade
argentina Libres, tendo a sociedade desta cidade pedido filiação à
"Federação de Uruguaiana". Não só no norte da Argentina esta
*14*
organização pode desenvolver a propaganda, mas também ao norte do
Uruguai e do Paraguai.
O "Comitê Pró-Presos e Deportados" declara que distribuiu bônus
pró-deportados do Oiapoque 3, não tendo até certa data sido recebidos.
Procedendo-se à leitura dos temas apresentados, verificou-se que
todos eles coincidem sobre a organização, sendo colocado que se
começasse a discutir "do sindicato à confederação".
1a. PARTE
2a. PARTE
3a. PARTE
Da confederação
Dada a palavra ao representante dos trabalhadores do Pará e S.
Paulo, este estende-se em considerações sobre o trabalho dos 3
congressos operários brasileiros, demonstrando que a reorganização da
"C.O.B.", não poderia ser considerada como uma obra arbitrária pois iria
*18*
o "Congresso do Rio Grande do Sul" dar vida a um organismo criado no
"1o. C.O.B. ", e referendada pelos dois congressos nacionais que se
seguiram.
O movimento sindical do Brasil, e o estado em que se encontra, ao
menor descuido nosso, deita por terra a obra de organização que tantos
sacrifícios nos tem custado. Podemos contar com o apoio dos
trabalhadores que representam no congresso, além das organizações
revolucionárias do Rio e Ceará, que nos acompanharão. E termina
propondo a criação de um "Comitê de reorganização da C.O.B .",
composto dos camaradas "F.O. do Rio Grande do Sul", de S . Paulo, do
Rio e do Pará, e que Este "Comitê pró-reorganização da Confederação",
publique, o mais brevemente possível, a "Voz do Trabalhador".
Sendo aprovado, o congresso escolheu o militante Domingos
Passos como representante da "Federação Operária do Rio G. do Sul", no
Comitê.
Militantes de Porto Alegre propõem que a Confederação tenha orientação
genuinamente anarquista.
O delegado de S. Paulo e Pará, diz que a orientação da
Confederação será traçada pelo "4o. Congresso O. Brasileiro", de cuja
realização irá empregar esforços o "Comitê da Reorganização da
C.O.B.".
O Congresso, reconhecendo a necessidade de continuar a
publicação de "O Sindicalista", como órgão da "F.O. do G.S.", resolve
que o mesmo saia com o formato do Boletim da C.E. do 3o. C.O.", a fim
de facilitar sua tiragem nas oficinas tipográficas da mesma Federação.
E assim terminaram os trabalhos do 4o. Congresso Operário do Rio
Grande do Sul", debaixo da maior fraternidade possível.
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Em Frente4
Ao Partido Comunista
Por Domingos Passos
Li na “A Pátria” a proclamação do Partido Comunista.
Felizmente para nós, os trabalhadores ligam pouco ao que se diz,
procurando antes observar o que se faz.
Entre os capítulos desta proclamação há alguns que merecem
reparos.
Mostrar, dizem eles aos operários, a vossa condenação contra os
que só se ocupam em promover questões pessoais no vosso seio, porque
eles são lobos vestidos de cordeiros.
Realmente isso têm feito os trabalhadores. Ocorre-me até um fato
interessantíssimo.
Quando o Sindicato dos Ladrilheiros tratou de federar-se, uma
comissão foi enviada aos dois organismos federativos e, coisa
interessantíssima, entre eles verificou a comissão que a “ordem do dia”
do C.F. só constava de dois casos “sérios”: discussão sobre a
Confederação Cooperativista, sobre a vida particular de dois militantes
libertários, sendo que um dos membros da referida comissão até
declarara não ter ido ao CF da F.T.R.J. para saber de coisas privadas de
dois camaradas.
Poderão afirmar que a F.T.R.J. não é o Partido Comunista. Neste
caso, eu daria a palavra ao camarada Manoel Fellipe, então freguês do
boticário do partido.
Ele, Manoel Fellipe, que há algum tempo estava afastado da
organização e que há muito não me via, procurou-me um dia para contar-
me da maneira por que os “inimigos das questões pessoais” diziam ali,
dos anarquistas, as maiores infâmias.
Felizmente para nós, anarquistas, este companheiro - ao contrario
dos outros - procurou sindicar a verdade dos fatos e no dia seguinte,
quando voltou á “botica”, onde tinha contratado algumas injeções - que
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A F.T.R.J. Desejará a Pulso, Infeccionar-nos?5
Por Domingos Passos
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Perseguições Bernardescas 6
Por Domingos Passos
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deste fatídico navio, onde tanta infâmia se cometeu que até se torna
impossível descrever.
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Sacco e Vanzetti7
Por Domingos Passos
Camaradas!
Não vos deveis esquecer que se aproxima a data escolhida para a
execução destes bravos camaradas pela plutocracia norte-americana. De
vez em quando, aparecem notícias da revisão do processo e outras
quejandas, que, a meu ver, são lançadas para arrefecer o entusiasmo da
solidariedade internacional.
É necessário ativar a agitação em prol desses dois camaradas. Que
esta agitação não esmoreça, enquanto não chegar ao nosso conhecimento
a completa libertação destes idealistas.
Lembremo-nos que a comutação da pena seria a mais infame das
condenações pois, à prisão perpétua devemos preferir a morte. Assim
como a solidariedade obreira sustou, por sete anos, a eletrocução, esta
mesma solidariedade elevada ao mais alto grau há de dar-lhes a completa
liberdade.
Lembremo-nos, camaradas, que a causa Sacco e Vanzetti é a causa
do proletariado internacional. Assassinados estes dois companheiros, na
América, imediatamente aparecerão na Itália, Espanha e outros países
mais camaradas a serem assassinados. Lembremo-nos que, há pouco
tempo, também no Brasil se pensou restabelecer a maldita pena de morte.
É preciso criar-se no proletariado uma mentalidade tal que, em
nenhuma hipótese, se admita a ideia da pena de morte.
O proletariado de São Paulo está se agitando sobre este caso. É,
portanto, preciso que no Rio e por todo o Brasil os comícios de protesto
se sucedam, mostrando aos exploradores a nossa resposta contra este
assassínio legal que a América pretende cometer.
*32*
Socialismo e Anarquismo 9
Por Domingos Passos
Apreciador de vossa bem feita revista, venho com estas linhas opor
algumas objeções à brilhante colaboração: “Es el anarquismo una
doctrina liberal o socialista?”, na qual o camarada A. Delfin-Meunier
expõe a sua concepção das doutrinas socialistas e liberais.
*34*
A Federação Operária de São Paulo é uma
Necessidade 10
Por Domingos Passos
www.anarcopunk.org/imprensamarginal
*37*