You are on page 1of 65

SuM.

ÁRIO

9
Pref.,.
cio ...................... ...................... ...................... ...................... ............. .
Aprese11tação ........................................................................................... 1.1
1 Latido e ii-1 te1·seções ............................................................................. 13
A in1portância do laudo psicológico ............................................. .... ............ 14
O respaldo técnico do laudo .......................................................................... 15
A possibilidade do diagnóstico ...................................................................... 15
2 Aspectos importantes relacionados ao laudo ................................... 17
Parecer versus laudo psicológico .... .............................................................. 18
3 A estrutura do laudo psicológico ....................................................... 21
Modelos de laudos inadequados ................................................................... 23
4 Três distintos solicitantes: o início do laudo ................................... 29
Personagem 1: sra. Beatriz e a queixa de memória .................................... 29
Personagen1 2: A impulsividade do jovem Rubem ....................................... 30
Personagem 3: A tristeza do sr. Firmino ..................................................... 31
5 Identificaçã o ......................................................................................... 33
Identificação - Caso clínico 1........................................................................ 34
Identificação - Caso clínico 2 ........................................................................ 34
Identificação - Caso clínico 3 ........................................................................ 34
6 Descrição de denianda ......................................................................... 37
Sobre a queixa ou demanda .......................................................................... 38
Entrevista clínica ......................................................................... .. .......... 38
Anamnese ......................................................................... ...... .................. 39
Observação do comportamen to ................................................................... . 39
Rapport .......................................................................................................... 40
Informe do teste a ser utilizado ................................................................... 42
Descrição de demanda - Caso clínico 1................................................... 42
Descrição de demanda - Caso clínico 2 ......................................... .......... 43
Descrição de demanda - Caso clínico 3 ................................................... 44
7 ProcediD1ento ........................................................................................ 47
Procedimento - Caso clínico 1...................................................................... 48
Procedimento - Caso clínico 2 ...................................................................... 48
Procedimento - Caso clínico 3 .............................................. ........................ 49

Scanned by CamScanner
l

······ ······ ······ ······ ······ ··················· ················ ••• 51


············
ll·se ••••••••••••• ······co
8 Aná
Análise - Caso Cll,,n1· 1...........············ ··············· ········ ···········
·....................... 52
·······················.. ···············.. ···· · 52
• • • • •• • • ••• • ••• •••••• l
,,n1·co 2

•• •••• •• •• • •
Cll
Análise - Caso "n1·co 3 ............. ...... ................ .......... ......... ..................... .53
.....
Análise - Caso Cll
....................... 55
9 Conclusão dos cas os ......................................................
57
_ Cas o clínico 1 ......... •••••••······································· ···· ••••••...........
Conclusão .......... 58
clín ico 2 ·· ······· ···· ·· ··· · ··· · ··· ·· · ·· ··· ··· · · ·· ··· · ··· · ·· ·· · · ··· ········
Conclusão - Caso ...................... 59
Conclusão - Caso clínico 3 ......................................................
.......................... 61
10 Modelos de lau do ......................................................
...................... 61
Laudo psicológico - Caso clínico l ..........................................
...................... 64
Laudo psicológico - Caso clínico 2 ..........................................
...................... 67
Laudo psicológico - Caso clínico 3 ..........................................
11 Aspectos étic os, dev olu tiva e gua rda do lau
do .............................. 71

Considerações.. ............................................................. ••••• .. ••••••••••••••••••••• 75


77
Referências ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

Scanned by CamScanner
PREFÁCIO

A clabor tção correta e adequada de laudos e pareceres psicológicos é


tar {a exclusiva do profissional de Psicologia. A análise e a síntese de um
p ·icodiagnóstico têm como pi.lar o raciocínio clinico do profissional, que
o realiza, e o conhecimento referente às teorias e às técnicas psicológicas
utilizadas na avaliação.
A publicação deste livro preenche lacunas das referências científicas
de orientação para estudantes de Psicologia e também para psicólogos.
Seu grande mérito é simplificar e unificar conhecimentos teóricos e téc-
nicos com a prática em Psicologia, na busca da atuação coerente e eficaz,
sendo auxílio para professores da área e ponto de referência para alunos
de Psicologia.
O estudo do psicólogo mestre Rockson Pessoa originou-se de sua ativi-
dade como professor do curso de Psicologia da Faculdade Metropolitana
de Manaus (Fametro) e desenvolveu-se na elaboração de sua dissertação
de mestrado para obtenção do grau de mestre em Psicologia pela Uni-
versidade Federal do Amazonas (Ufam).
Na certeza de que este livro contribui como instrumental técnico e
prático para o dia a dia de alunos e profissionais da Psicologia, parabenizo
o professor Rockson por sua iniciativa e contribuição à Psicologia.

Profa. Ms. Niura Luci Schuch

Scanned by CamScanner
APRESENTAÇÃO

O aspecto mais relevante deste livro é sua simplicidade. De fato,


ambicionou-se, do início ao fim desta obra, elaborar um guia de fácil
compreensão e que, acima de tudo, pudesse ser útil para a prática pro-
fissional em Psicologia. Um livro técnico dedicado aos estudante s, psicó-
logos recém-formados, que ainda apresenta m certos temores e anseios
relacionados à prática clínica, professores de Psicologia e profissionais
dos mais diversos campos psicológicos.
Esta obra é dividida em quatro grandes blocos. O primeiro refere-se
a uma breve, porém pertinent e discussão, acerca do laudo psicológico e
suas particularidades, potencialidades e aspectos estrutura is relevante s
para a prática psicológica.
O segundo aspecto compreende o objetivo primordi al deste livro e
envolve a elaboração de cada elemento que compõe um laudo psicológico,
esquematizando e conceituando cada item pelo emprego de casos clínicos
fictícios no intuito de "diagramar" cada etapa, que deve ser consider ada
para a realização de um relatório psicológico.
A terceira questão discutida nesta obra são os aspectos éticos e pro-
cedimentais pertinen tes à entrega do laudo para os indivíduos solicitan-
tes e profissionais dos mais diversos campos, bem como a guarda desse
documento.
No quarto e último bloco, debate-se sobre a necessidade de se ajuizar
uma formação adequada, com o propósito de edificar um profissional de
Psicologia habilitado e com afinidade e domínio de determin ados tópicos
da ciência psicológica. Essa discussão dá-se em todo o livro, uma vez que
não se pode conceber uma prática eficaz sem a reflexão adequada sobre a
formação profissional, pois é da prática da leitura que desenvolvemos o
pensamento crítico e concretizamos os primeiros esboços de uma escrita
que culminar á em relatório psicológico.

11

Scanned by CamScanner
1
LAUDO E INTERSEÇÕES

O bom profissiona l de Psicologia é um exímio leitor, pois o cJientc ou


paciente nada mais é que uma história ambulante. E muito mais que ler,
o exímio leitor domina a interpretaçã o, o que, na prática clínica, se revela
pela capacidade de enxergar além da queixa. Infelizmen te o hábito de
leitura é uma das competências menos observadas nos alunos, tanto de
Psicologia quanto dos demais cursos de ensino superior.
O exímio leitor tem facilidade na escrita pela familiarida de com as
palavras e habilidade na elaboração de ideias. Tal qual o entusiasta que
busca compreend er o mundo, o profissional de Psicologia aventura-s e em
desvelar os fenômenos comuns ao universo humano e somente alcança
tal objetivo pelo domínio das teorias e técnicas psicológicas.
Por esse motivo, muito da dificuldade em elaborar o laudo e demais
documento s psicológicos está relacionada ao deficiente comportam en-
to de leitura e consequent emente inabilidade em aplicar determinad o
conhecimento teórico de determinad a abordagem psicológica. Logo, é
necessário avaliar tal deficiência a fim de superá-la.
O aprendizad o das técnicas do exame psicológico desconexo e pontual
não garante essencialm ente o estabelecim ento das aptidões imprescin-
díveis, a expressão de habilidades como a conclusão de indicativos e a
elaboração de laudos psicológicos (GUZZO, 2001).
O laudo psicológico está relacionado à função diagnóstica das técnicas
de exame psicológico, de tal forma que seus limites e possibilidades são
reflexo do domínio teórico e operacional do profissional de Psicologia
(CRUZ, 2002).
A elaboração de um laudo não é algo fortuito, uma vez que evidencia
a qualidade da formação do discente. O instrument o primordial para a
realização de um exame psicológico e, consequent emente, de um laudo
13

Scanned by CamScanner

Roc kso n Costa Pessoa

s si·
nã o é ne nh um a téc nic a ps ico lóg ica ' ma m o pró .
a deq ua do Pr10 Ptofi.s.
. al psi có log o (C RU Z, 20 02 ).
d" . de sta ca r outro
sw n ~ ob sta nte ao pe rc ur so ac a em1co, vale .
Na 0 . .
do lau do ps ico lóg ico se P0 nto de
·se aquele rel ac- wn ad o ao fat o 1
r a vo de cr'1 .
ál
an i ' tica8
or alg um as qu es toe s.
b
en tem en te arr ola do s quando se usca
p Algu.ns fenômenos são fre. qu1/ . . Pro.
o lau d o ps1 co og ico em su a tot al essência. A necessid d
blematizar so bre .. . . al a e
1 a e o im pa cto de su a en tre ga são
de cons tru í-l o, a su a re ev an c1 guns d0
-o di se ut 1·d os no campo psicolóoic . s
n t e sa
muitos pontos qu e co · / 1 mu me
t es d e ap rofu nd ar a discussão sob º.. o, Po r iss
re 1audos.
°
é im po rta nte pro ble ma tiz a- os an

ógico
A importância do laudo psicol
itas r es-
ela bo raç ão de do cu me nt os ps ico lóg ico s é ma is um a da s mu
A
s ps icó log os , e o lau do ps ico lógico é um desses documen.
po ns ab ili da de s do
se s do cu me nto s, o lau do é o ma is co mp lex o (HENRIQUE·
tos. En tre es o um~
IE RI , 20 11 ; CF P, 20 05 ; CF P, 20 03 ) e po de se r considerad
ALCH
pr of iss ion al (GUZZO, 2001).
de mo ns tra çã o da co mp etê nc ia
o res ga te da eti mo log ia da pa lav ra laudo, qu e tem su a origem
É pe rti ne nte lau-
ino lau do , lau da re, qu e sig nif ica elogiar, enaltecer, exaltar. De
no verbo lat francês,
an am lou va r, em po rtu gu ês ; lodare, em ita lia no ; louer, em
dare, dim
rd an tes loa r e lau da r, em es pa nh ol (REZENDE, 2010).
e os contornos dis co
a ap ro xim aç ão do ter mo "lo uv ar " ex pr es sa a destreza
O lau do em su re
pr of iss ion al es pe cia liz ad o em af er ir ou inf or ma r sob
téc nic a de um enos
do fen ôm en o. Na Ps ico log ia, ao in ve sti ga rm os os fenôm
de ter mi na e demais
ico s no s é ga ra nt id a a fu nç ão de ela bo raç ão do s lau do s
psicológ
ico s, um a ve z qu e no s é as se gu ra do pe la classificação
documentos psicológ
cio (B RA SI L, 20 02 ).
br as ile ira de oc up aç õe s tal ofí
efi cá cia do lau do ps ico lóg ico es tão de ter mi na da s não tão
A relevância e a
de str ez a téc nic a de qu em ela bo ra tal do cu me nto , ma s também
somente pela apre-
os po líti co s e ide oló gic os da pr óp ria Psicologia. O qu e explica
po r aspect idade;
so fri da po r alg um as co rre nte s, qu e de sc on sid era m su a legitim
terição
de nte me nte da fo rm a de co mo é concebido, o laudo e
En tre tan to, ind ep en
st e leg iti ma a pr áti ca efi ca z do pr of iss ion al de Psicologia.
um in ru me nto qu
ida de de re sp os ta ao qu es tio na me nt o rel ac ion ad o à ne·
Um a possibil . o e,. a fi rm ar q ue eles são
. olo/ gic
cessidade de se con l." .
1 ecc1onar um lau do ps 1c · /Jogo e,
. ona1 psico
elaborados de ac ord o co m a atu aç ão co er en te do pro fis s1

14

Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO DE LA
UDOS PSI COLÓG ICOS - UM GUIA DESCO MPLIC AD O

Por último e não. n1enos iln po1·t ante, .]audos sao


- produ zidos
• · pelo respeito
·
a, pessoa do paciente ou cli'ent . . . .
· e que nosso11.c1ta atendimento .

O respaldo técnico do laudo

Outro ponto que deve ser observado é o relacionado ao emprego de


instrum~nt~s _psicológicos. Em uma de suas possibilidades de análise, o
laudo psicologico deve representar o consenso sobre determinado aspecto
do sujeito que solicita intervenção, desse modo, tal conformidade se ex-
pressaria pelo emprego de testes projetivos ou psicométricos (CFP, 2003).
Segundo a Resolução n. 007/2003, do Conselho Federal de Psicologia
(CFP), que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos
produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica, e revoga
a Resolução CFP 17/2002, adverte em artigo 3o e parágrafo único que:
Toda e qualquer comunicação por escrito decorrente de avaliação
psicológica deverá seguir as diretrizes descritas neste manual. A não
observância da presente norma constitui falta ético-disciplinar, passível
de capitulação nos dispositivos referentes ao exercício profissional do
Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de outros que
possam ser arguidos (CPF, 2003, p. 11).

Ponderar sobre um laudo que não emprega formas de mensuração,


usualmente sinaliza um laudo inconsistente. Na máxima de que o "olhô-
metro" não é parâmetro algum para a prática psicológica, o laudo, para
ter relevância, deve estar alinhado aos instrumentos psicológicos.
Por esse motivo, o uso de instrumentos e a consequentemente apro-
priação de seus resultados para a confecção de documentos psicológicos
representam a maneira mais segura de se caucionar o encaminhamento
de um paciente para outros profissionais e de assegurar um resultado
adequado aos solicitantes.

A possibilidade do diagnóstico
O último ponto é o relacionado à repercussão do laudo elaborado.
Sendo uma das críticas mais rotineiras a afirmação de que o laudo pode
contribuir para a construção de rótulos a ponto de reduzir o indivíduo a
uma dificuldade, patologia ou transtorno.
15

Scanned by CamScanner
--...... v, 1 ~osta p
essoa

N? campo da avaliação psicoló .


considerarem que a av 1. _ gJca, essa críti ,
a iaçao em . ., ca e con .
(AL"t,vrES, 2009). Infelizmente . si e uma manei sistente Por
inadvertida, concebem o d. m~1t?s profissionais r~ ~e rotulal' lllllit()8
O t ermo de diagnóstico1agnostico co Ps1c0Iog Pes80
t . mo rótulo e i , ~s, de llla .ªª
. ºfi . em origem sso e in . ne1r
que sigru 1ca discernimento fa ld d na Palavra gre ~ce1táva1 a
atualidade é visto como o e' t cdu a e de conhecer de v ga dzagnostik -
s u o qualific d , er atrav, os
h
n ecer determinado fenômeno b a o que tem Por 0 b' ~s de. N~
t , · ,, com ase no · ~et1v
eoric~s, tecnicos e metodológicos (ARA ., conJunto de Procedi o reco.
O diagnóstico, dessa forma - d UJO, 2007). tnentos
' nao po e ser en d
soluta ou pré-fabricada, mas sim como hº "t cara o como certeza b
d b. . ipo, ese estabelec1.da corn ba .
na real"d I a e o ~etiva e/ou subjeti
I , 1· d , va que nos e apresentad ase
e a e .,ava ia a a luz de um aporte teórico (DAVOGLIO a, urna vez que
Ha a~en~ u~a _possibilidade de se observar orótui:.º~~-
de um diagnostico inadequado o que preiudi . . elaboração
. d., ,. ' ~ caria o paciente
aJu a-lo (ARAUJO, 2007). em vez de
Ao se atribuir ao sujeito uma condição inexistente fi · .
., I . . . - ,. ' cana caracterizado
um rotu o e aqui a d1stinçao e clara. O diagnóstico é um param" t U
e. d e ro. ma
1orma e estabelecer
,, . , as fronteiras do fenômeno para, a partir disso ,pernu·t·rr
um prognostico e ate mesmo estratégias interventivas quando admissíveis. ·
Na elaboração de um laudo, realiza-se, de alguma maneira, um diagnós-
tico, pois é de sua natureza suscitar conhecimento especializado (CRUZ,
2002). Por mais que nem todo laudo resulte em diagnóstico, a maioria
dos diagnósticos está relacionada à elaboração de um laudo psicológico,
uma vez que uma de suas finalidades é informá-lo (CFP, 2003).
Ajuizar de modo coerente acerca do diagnóstico e suas possibilidades
é indiscutivelmente uma das maneiras de compreender a relevância do
laudo psicológico e sua tessitura na prática do profissional de Psicologia.
Em linhas gerais, sempre haverá impacto com a repercussão de um
laudo psicológico, o que se espera é que ela seja positiva, independ~nt_e·
mente da necessidade de infarmar sobre um diagnóstico face à apreciaçao
do sujeito de maneira holística. d
0
Os profissionais psicólogos devem ser preparados de modo adeq~ad
em relação à metodologia e à literatura necessárias para a elaboraçaod e
· · t tar os da os
um laudo psicológico, para que saibam analisar e 1n, ~rpre. , . de
obtidos na avaliação e posterior construção do relator10 psicologico, .
dem produzir
.
mo d O que reflitam as consequências dos resultad os que po
(HUTZ, 2009).

Scanned by CamScanner
2
ASPECTOS IMPORTANTES
RELACIONADOS AO LAUDO

Há alguns anos, os Conselhos Regionais de Psicologia e até mesmo


o Conselho Federal, preocupados com o alto índice de denúncias contra
psicólogos, muitas delas relacionadas à errônea elaboração de laudos psi-
cológicos, têm reforçado que o profissional de Psicologia seja cauteloso na
elaboração de quaisquer documentos psicológicos. Entretanto, conforme
salientado por Henrique e Alchieri (2011), ainda assim novas denúncias
se avolumam nesses órgãos pela inobservância de preceitos técnicos.
Em um estudo recente, Noronha colaboradores (2013) constataram que
o ensino da avaliação psicológica no Brasil dá mais ênfase ao ensino das
técnicas de avaliação e, em contrapartida, menos importância ao ensino da
elaboração de documentos psicológicos. Esses dados ajudam a explicar o
cenário atual, em que alunos finalistas do curso de Psicologia e até mesmo
profissionais demonstram inabilidade em elaborar laudos psicológicos.
O CFP instituiu um Manual de Elaboração de Documentos Escritos,
em que o psicólogo, na confecção dos documentos, deve adotar como
princípios norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípios
éticos, técnicos e científicos da profissão (CPF, 2003). Outrossim, esta-
beleceu uma Resolução que dispõe sobre a obrigatoriedade do registro
documental decorrente da prestação de serviços psicológicos (CFP, 2009).
Por mais que seja oportunizado ao profissional de Psicologia parâme-
tros para a construção de documentos psicológicos e o cuidado com eles,
observa-se o quão deficitário e ineficiente tem sido o ensino da elaboração
de documentos e laudos psicológicos.
Por conta dessas problemáticas, constata-se a proliferação de laudos com
estruturas diversas e inadequadas (NORONHA et al., 2004). E muitas vezes
essa falha resulta de orientação inadequada. Inúmeras vezes ouvi de alunos
17

Scanned by CamScanner
. ., i
lllll' 't'll lll ' lt'l\l •ll
r ttJ)<'l'\ i. (Ir. prc>f('; or li 1 i I n~jt'itw lou lin1d,q•lnhoi• I
t) • ' (' j' . li( ílt
• •
, J t•>l'od11 · ir111n 110,nl' 01tllt.\O /II< 1 t'n't\lt \('l í-l:<1t .pr<ot·11 .
llwor11'll•• 11c,o , " , . l . . . . 1Hnt(,
.t. ,, ., u'l(l
M111 .•1~ 1 1.< ,,1 · 11 , .0 dn li ~
·11 rn dt, nI tl,rn·tdll( t', 11 "1 (,. 1,1 \O do podt r ·
. 1 1) Otinn
. , > fn ' l)Ht i\mpl.ro. , ,-. t,nlwl,,e1do. pl'lo Cl 1 1, g-1·11ndt d( •)~,ri,
t'lllllpl' lllltll1 1,( l ' ' . , • , , , t' • 1 ºMOR
1 ,hrn·•1r ~H'll~ ·1 )r1)tlri ,. dor11nw 11t,0H (\ 11110 d11t.11-1 írnl.01-1
pw,~~• n P i • • • • . • ,
roproch .
,
ti n1
. (t', ., 111·,·< , 1111 ,, 11 prvi!-!ttO do nhrnnH ,•m rn-it,nirio:,; rhvc n -l<>H
t q11 , ncn, , '- · · ' · · . . • "•
0 lon O ck minhn bn• t' t'. 1wr1f 11cm 1
cn1110 doel'lll .t, re ·ebi urnn 1-!Ót•i
Ol' rlito~ "lmtdo~ p.·it·nl6gicoH", que Ptll nnrl111-10 n1-1Hornolhnv11rn n un do.
1
·unwnl.o (,t•cnico. 1~ iwln <'xi~t.ouciH rlP luudo~ pHt~udoL6eni 'OH ·omo OHfi H
qtw ll '.'i , 11 •i,, PRknl{>1,·.icn 1wrdt euctn Vü1/. rrnri~ suu c1·t~clihilidHdo a pont,~
1

dl' cont.inu:mH nt.t~ :-:ler tnxnrln cmno npendi · \ .m íst.ico <ln ·i 'n ·i.u.
1

Nan uhstunt<~uo~ prc · ~it.08 (~~t:ubolecidm:i no (, )digo d' l~ti ·a do Pro.


(issionnl Psi ·ôlog'<> ( 'Pl\ 2005) ori nto m 'tts nlunoH H s mpr, re 'peitar
os pi1nhn ,t,ro~ jâ pnw.istm; p ,10 CFP puru u 'labor açáo d' Manuai ~ de
J o ·unu'11tos Es TitoH (C~,P. 200, ).
Es~~1 mis ·elnn 'ª docun u.m tul a ~ubu. · ontrib uindo para outra proble-
máti · l, que ta, 1b m r 1pr \s \nt 1 riRco pata o psicólogo que e a rotin ira
e nfu ão ntre par 'C r laudo psi ·oló )'i · >.

Parecer versus laudo psicológico

O par" r ) a de laraçã o psi ·o.lógica não são docum ento· que resultam
da avaliação psicológica, embor a 1nuitas v .\zes apareçam dessa forma. Apre-
s ntain distinções quando c01nparados aos dmnais docum entos psicológicos.
O par 'l c r un1 docu1 nento funda incnta do e resum ido sobre uma
que tão focal do a1npo psicológico, cujo resultado pode ser indicativo
ou conclusivo. Tem por finalidade aprese ntar resposta esclare cedora , no
campo do conhe in1cnto psicológico, por meio da avaliação especializada.
Visa dirünir dúvida s que esteja m interferindo na decisão, sendo, portanto,
uma r :-.sposta a uma consulta, que xigc competência de quem se habilita
a responder sobre d t rminado assunto (CFP, 2003).
Diamctraln1ente inverso ao par cer, o laudo psicológico constitui-se
como instru mento de caráte r científico que descreve circunstâncias,
condições psicológicas e seus multid etcrm inado s averiguados no decorrer
do proce so de avaliação psicol ógica. Seu desígnio é relata r orientações,
intervenções e diagnóstico, e con ignar progn óstico e progre sso docas?,
aléin de nortea r, indicar e/ou r qu rer un1a propo sta terapê utica (HEN-
RIQUE, ALCHIERI, 2011; CF P, 2003).

18
Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO D
E LAUDOS PSICOLÓGICOS · UM GU IA DESCOMPLICADO

En1 linhas . 00 erais , O parecer cons1·dera a op1n1ao


· · - de um espcc1a · ta
· 11s
so?r ?~t rrninado assunto muito con1umentc após a análise do laudo
psicologic~. Por exen1plo: u1n psicólogo especialista en1 transtornos do
d serwolvunento h1unano pode observar uma criança con1 traços comuns
de se co_mportrunento e, ao perceber que os dados da avaliação psicológica
se relacwnan1 a d tern1i nado comportamento desadaptado, elabora uma
hipótese diagnóstica específica.
Outro exemplo é o que geralmente ocorre em equipe multidisciplinar.
No atendimento de un1 paciente idoso que apresenta sutis alterações
cognitivas, o 1nédico neurologista pode solicitar uma avaliação de outros
profissionais da saúde, inclusive do profissional de Psicologia e, após obter
os resultados por meio de laudos técnicos, elaborar um parecer sobre o
real do estado do paciente.
Além de apresentarem objetivos claramente distintos, outro ponto que
deve e pode ser empregado para distinguir laudo e parecer psicológico é
o relacionado à estrutura de ambos os documentos.
Os elementos que compõe um parecer são: 1) identificação; 2) exposição
de motivos; 3) análise; 4) conclusão. Cabe ao psicólogo parecerista reali-
zar a análise do problema apresentado, destacar os aspectos relevantes,
opinar a respeito e considerar os quesitos apontados, com fundamento
em referencial teórico-científico (CFP, 2003).
O laudo psicológico é uma peça de caráter científico e deve apresen-
tar narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia,
tornando-se acessível e compreensível ao destinatário. Os termos técnicos
devem, portanto, estar acompanhados das explicações e/ou conceit~ação
retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam. E fun-
damental que o relatório psicológico contenha, no mínimo, cinco itens:
1) identificação; 2) descrição da demanda; 3) procedimento; 4) análise;
5) conclusão (CFP, 2003).
Observados os pontos citados, conclui-se que há parâmetros para a
elaboração de um laudo apropriado e são acessíveis. Cabe a você respeitar
tais instruções e elaborar laudos em consonância com o modelo proposto.

19

Scanned by CamScanner
3
A ESTRUTURA DO LAUDO
PSICOLÓGICO

O laudo ou relatór io psicológico consiste em um relatóri o técnico de


na~ur:z ~ descrit iva e interpr etativa que expõe situações ou condições
ps1cologicas e suas consignações históric as sociais políticas e cultura is
pesquis. ad as no process o da ' ica. ' '
avaliação psicológ
Como qualqu er outro docum ento psicológico, o laudo deve ser auxi-
liado por dados alcança dos e avaliados, à luz de um instrum ental técnico
e embasa do em referen cial científico e técnico adotado pelo profiss ional
de Psicolo gia (CFP, 2003; CRUZ, 2002). O laudo psicológico, a ser apre-
sentado de farma escrita , constit ui uma conclusão sobre uma avaliação
psicológica (GUZZO, 2001).
O laudo psicológico é visto como instrum ento de saber-poder que, além
de possibi litar a investi gação acerca da condição subjeti va dos indivíduos,
em relação aos dispositivos sociais normalizadores e à população em geral,
permit e, o que é mais extraor dinário , ser um instrum ento efetivo sobre
o modo de conhec er fenômenos ou processos psicológicos que ocorrem
neles (CRUZ, 2002). É ainda um instrum ento frequen tement e utilizad o
como forma de comuni cação dos resulta dos obtidos após determ inado
processo avaliat ivo, podend o ser útil aos profissionais de Psicologia para
as seguin tes situaçõ es: elaboração de diagnóstico e prognóstico, planeja-
mento de interve nções e/ou sugestã o de projeto terapêu tico, tomada de
decisão, solicita ção de acomp anham ento psicológico, evolução do caso e
realiza ção de encam inhame ntos (HENR IQUE; ALCHIERI, 2011).
A finalida de de um laudo é identifi car as carater ísticas de um indiví-
duo ou grupo para entend er seu processo de desenvolvimento, bem como
esclare cer ou explici tar aquilo que não é de conhec imento ou que não
se tem juízo razoáve l, limitan do-se a fornecer soment e as informações
necessá rias relacio nadas à demand a, à solicitação ou à petição (ALVES,
2009; CFP, 2003; CRUZ, 2002).
21

Scanned by CamScanner
Co11tn 1)~1 d(•n111i ·c,lo1:i1 :n1, 11 1111,1 11 d<·v
111 l.1 ·111111•111.1111 p 111
rt .dn w> l t•111 t-.1 .1111.11111d11 t d•·lt11 id ,, ( pr1 11 1111 · o qw , ohii i Lfl
1
, , pt p· 1111.
, . I, ll ( t)t)lll , 1
HJH'l', ' <•t d II r ordt•1111 · 111 q uc 1 pt •1 ·11111, 1 1 c·oi 11pt't CH 11 1 10 du h!il.or, p,,,. i 111 t·i , 'l
t'Oll. ' irll'l'III' H (
1
: Lntl ,111 ' l p1 •11pu ;I, 1 C' l'l l lj flil. l fl l ll 'I J t 111'0 f'J .I 01 1, \11
. , , . H ''M <: j
('lt lllPllf.n, (Ili<' l'l't~'l ' ll\ ' \ ' l('l'tl.11 1, 1(' 1)1( ' 11 (( '. l•'I , 1.00:n , (' Ir 1 ~
qui vuh, pnr, 1ll,t' 1 t 1 : i1dHi:1,llH 1 11Lc 1 1n1tiLw1nc1tdf 1ril,·,
11111
, <1n p1111v
. . I'1i1To 11, <' w1·1l.11
nl'l~l hun t'.'<T1Ln
..
f' J1r, ,z:u,
1 r 11 1, 1111 c·on 1 , .• .,. , n11,,
,. ,
nmcorifüwin \<'rhnl ro1H ,·,·ul.< 1 111 t n1
1 11
u~.
t.011 pnlwocln,o ll ' t<J· ,
<1<· rui
!K1!n1
' "º
' . . . ) . { •l Uf f'Hd{i '
<' qw' frnttl1 11, u111 nf.t• l\lu, 1110 11 11111 ~u I11 d< proíiH ionul (IIH• 1Vi.1H
• . 1 , OH U1
a1l(lf't
111mn·11w um ~mcwn L<' q t H ohH(n·vn II ni Ot'ro d• gr-idia < m '1t,
t'm quulqut'r outt·o doc1111w11l.o colllo vocc ad 111 que ,.,,. e•
. um 1~11id,
. , l ' 1ll
. I · · 1 , . ' , , <!nl.1r1;t') (11
u11portnnto o Y.t' n nu rn-icr1tn, po1H<!o ~ n<: 'OH1•l 1t·1<,. Umu V<~z t)U. , · · •
"d. . ,1 r· 1· 1 ' CHtr 'V
1110s par-1111' 1 'OH ps1 ·o o ·rot-i OHOllltf 1 ,logo,.;, J 'UHgogoM, pa í.en l . · 1

A :onstru :ão_ do luudo _PHÍ ·olúgi ·o HU J<io O mprego d, xp~~:8; ·.


propria · do proh ·s1onul PH1 · ilogo, m~H li m pr :i~dicar a clCtividadc d
con1un1ca ao e tan1pou ·o usar u var1 dud c.lc 1:-11gn1íicuçôcs da 1· I

.. · . ingua.
cre1n utilizada pelo · nso comum, po.1.i; o laudo H rá apr •ciado por outro 1

profi ·i~ nais (CFP, 200~). D •" s • m<'.do, não i;_ •ria. i ntcressan te empr ga:
cxpres oes con10: o p ac1cn te e i fraco das tdeau,, ou o paciente parcc
muito amuado".
Conforme discutido no capitulo antc ri.or, os elementos que compõem o
laudo psicológico ão: identificação, descrição da d manda, procedimentos,
análise e conclusão.
De modo resumido, pode-se informar que:
- a identificação revela os sujeitos envolvidos na avaliação psicológica
(psicólogo e solicitante).
- a descrição de demanda denuncia a queixa relatada peJo paciente e
analisada pelo terapeu. ta. .
- o procedimento retrata o trabalho delimitado para avaliar a queixa.
- a análise retrata im.p rcssõos iniciais apó a correção do ' rc ultado
obtidos na avaliação, e a cone Ju sao ,., rcprcs nt a a 1·n· - ção .de dado da
. t, ogr~a 1

descrição da demanda e os resultados ·on idcrados na análise. .


~ estrutura de um
A se 6ruir observam-se os elementos que compoom ª ·
°\
d nte
. ' , . . . 1 d.
laudo ps1colog1co. Sobre cada um de os se IHCU ir . t. á mais detalha ame
é! , '

adiante.

22
Scanned by CamScanner
li I A, I { 'l I l li I l
1 f , tt f r. 1 , 1< Jr}

oQUE /d} l lf li/\


\l~J/1 1Ih )11 l

COMO f I AH<HH 1

MINI I/\ lt,J11 r1Vf ~H 1


1\() _l

QUAIS DA[)( J<,


()I\JIVf ( OM t,
INfl RVI NCAfJ!

Figura 1. Modelos de laudos inadequados.

23

Scanned by CamScanner
Rockson Costa Pessoa

O
l . AUDO PS IC OL ÓG IC

omc:
. . ~ . e o, iii?H
D:1ra de Nt •e mH.:11 te . 1 ■
•• •

Idade: 56 an<>-'
Esr.,do i:ivi l: casr~da

f f - PARECER:
ma rço dc ill lli .
Avaliaç.'io realizada cm resentou bo
ran te a av ali açã o psi co lóg ica _Maria Jo sé ap 01
Du lmd a. revelando~ Contaro
do de mane ira ad< .,'Q se s-
int rpc
t~ sso aJ. int era gin · cg11ra
_. .
ccnrrada e co fab úra trv a ·
de pensamento coere nte con
l a rearda
Demonstrou conteúdo e curso - .
e sem d'
1 de.
octonaJ. bom aspecto fis1co
.
Apresenta bom estado cm· · , re
- e· ser
R·e íl ct. da •fic
_. - de~ rcsponsabir _ ªde~ufd
· - cm os soc iai s. rda de e
de r-clacmnam pesso ais e profissionais
s qu estõe s
comprometimento co m sua
indícios de distúrbios. ps,·.coJógicos.
No mome nto. não foram observados
-
LU SI VO :
UI - PARECER CO NC
ica verifi
tidos na av ali aç ão ps ico lóg
Ar ravés dos n,--suhados ob de professo ra. ica~se que
ta pa ra ex erc er a fun ção
1( · 1 · está ap

E . il [!

CRP: 7 1 7 i 9

do psicológico.
Figura 2. Exemplo de lau

24

Scanned by CamScanner
ELAB ORAÇ ÃO D OMPLICADO
E LAUDOS PSICOLÓGICOS - UM GUIA DESC

RELATÓRIO PSICOLÓGICO

A TOR RELATOR - )( f · ;; 21'


CRP :Nº. ._
s:e E7 i ii?iit ? i :sr 1
LNTERESSAOO - MINISTÉRIO PÚBLICO DO

l ' ·· . • · · ·
'T• ps-·1-co og1ca para lms de processo JUd1c1al
' -1c=-1<)
ASSU r TO·· Av·11i

1. l111roduçào
radora de Ju ·ti~·a Ora.
O prcsenre Relatório tmta de solid1ação da Exma Procu
tério Público
do Centro de Apoio ao Consumidor e Conlribuintc do Minis
do Esrado do para procedimento de Avaliação Psicológica. objetivando
a empresa t 177 1; i .. z
subsidiar ação movida pela Sra. lil--•■ contra
Lima. comprou o pacote
• ;· · A reclamante, juntamente com seu cônjuge, Vinicius
ressaltar que para u1ili1.ação
·'Casa Impossível ", da referida empresa de viagens. Cabe
o de lobotomia parcial. Após
do daquele pacote faz-se necessário um procedimem
utili7..ação dos serviços contrntados, a Sra. alega que seu esposo começou a
de histeria. Segundo conta. as
apresentar comp011amento e.stranho, inclusive com crises
a ocorrer alguns dias após a
oscilações de humor, além de sintomas físicos, começaram
experiência virtual.

U. Descrição
pela descrição dos
Os dados coletados na primeira enlrevistn, fornecidos
aio, palpitação. desarranjo
sintomas (medo intenso, falta de ar, sensação de desm
intestinal. consciência da irracionalidade do medo.
comportamento evitante de certas
situação), a postura corporal
situações ou sofrimento demasiado quando enfrenta a
e as conseqüências negativas
observada (gagueira, inquietação, tremor nas mãos)
vivido pelo
(isolamento sociaJ) indicam que o distúrbi.o de ansiedade
assumiu proporções impeditivas na sua vida.
têm indicado serem os
Estudos recentes apresenrndos em várias publicações
na população em geral. Em
distúrbios de ansiedade os mais freqüentemente encontrados
experiência traumática.
alguns casos, esses disturbios se manifestam após uma
ficudos como quadro
De acordo com aJgumas características. eles são classi
complicações ensejam busc.i de
patológico. cuja evolução. comprometimento e
trntumento medicamentoso e/ou psicológico .

25

Scanned by CamScanner
RELA TÓRIO PSICOLÓGICO

A TOR REL TOR ... tt , · li


CRP: ll . . .

1 TERESS, DO - MI lST ~RIOP ' AUCOI 03:C?i?lttTll?í3 iiDll?I

'
·aL' ;"I{) p .·, . 1l1<. 1 1ru
ASS ·I TO·· v•,1, "'' s o

pam fums uc
.1 .
processo JllC . 1
11·cm

1. ln1roduç:\ >

O prcscn1c Relatório trnta de solidtação du Exma Procuradora de Justiça Ora.


do Centro de Apoio ao onsumidor e Contribuinte do Ministério Público
do Estado do para procedimento de Avaliação Psicológica. objetivando
subsidiar ação lllO\ida pela Sra.•--•■ contra a empresa
l,. · A reclamante, juntamente com seu cônjuge. Vinicius Lima. <.:omprou o pacote
·"Casa Impossível " , da referida empresa de viagens. Cabe ressaltar que para utilização
do daquele pacote faz-se necessário um procedimento de lobotomia parcial. Após
u1ili1.açào dos serviços contnttados, a Sra. alega que seu esposo começou a
apresentar comportamento estranho, inclusive com crises de histeria. Segundo conta. as
oscilações de humor, além de sintomas físicos, começaram a ocorrer alguns dias após a
experiência virtual.

U. Descrição
Os dados coletados na primeira entrevista, fornecid<)S pela descrição dos
sintomas (medo intenso, falta de ar, sensação de desmaio, palpitação. desarranjo
intestinal. consciência da irracionalidade do medo, comportamento evitante de certas
situações ou sofrimento demasiado quando enfrenta a situação), a postura corporal
observada (gagueira, inquietação. tremor nas mãos) e as conseqüências negativas
(isolamento social) indicam que o distúrbio de ansiedade vivido pelo
assumiu proporções impeditivas na sua vida.
Estudos recentes apresentados em várias publicações têm indicado serem os
distúrbios de ansiedade os mais freqüentemente encontrados na população em geral. Em.
alguns casos, esses disturbios se manifestam após uma experiência traumática.
De acordo com algumas carac:terísticas, eles são classificado, como quadro
patológico. cuja evolução. compromctimemo e compticaçõcs ensejam busca de
tratamento medicament()S0 e/ou psicológico.

25

Scanned by CamScanner
CRP N.

Figura 3. Exemplo de relatório psicológico.

Conforme se pode observar, a estrutu ra de um laudo não é algo complexo,


uma vez que os parâme tros são claros. Entreta nto, em busca rápida pela
interne t, foi possível encontr ar modelos de documentos denominados laudos
e relatórios psicológicos que em nada se assemelham ao referido documento.
O primeir o exempl o de laudo (Figura 2), conforme visto, evidencia
um docume nto que, além de aprese ntar estrutu ra imprópria, é muito
simplório. Entreta nto, até mesmo laudos bem elaborados podem estar
errados , como visto no segund o exempl o (Figura 3).
Os modelos aqui disponi bilizad os demon stram claramente que, in<le·
penden tement e da qualida de da elabora ção das ideias ou achados clínicos,
a inobser vância dos parâme tros estrutu rais pode invalidar um laudo ou
relatóri o psicológico. ,
Outro aspecto relevan te que deve ser ressaltado nesses d01·s laudos ea
,.,
ausenc1.a de instrum
. . , . A
entos ps1cologi.cos. o e1aborarem os documen,. tos,os
tros
psicólogos realiza ram inform es que não estão embasados em parame
científicos, o que fragiliz a a avaliação.

26
Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO DE LAUDOS PSICOLÓGICOS - UM GUIA DESCOMPLICADO

O segundo modelo de relatório, por exemplo, esclarece que o assunto


do laudo psicológico é uma avaliação psicológica, o que causa estranheza,
pois não se identifica emprego de instrumentos psicológicos.
A avaliação psicológica caracteriza-se como procedimento que está
inserido em todas os campos de atuação do profissional de Psicologia,
de modo que, antes de se iniciar qualquer intervenção psicológica, é im-
prescindível que se realize a análise do funcionamento do(s) indivíduo(s)
para acolher satisfatoriamente suas demandas (NUNES et al., 2012).
O uso de instrumentos psicológicos é uma das primeiras referências
profissionais do profissional psicólogo (GOMES, 2009). Por esse motivo,
é imperioso ratificar a necessidade de assegurar a cientificidade do laudo
psicológico a ser realizado para, além de assegurar uma avaliação con-
sistente e adequada, permitir respaldo técnico em casos de contestação
do relatório elaborado.

Scanned by CamScanner
4
T A

RES DISTINTOS SOLICITANTES: O


/

INICIO DO LAUDO

Discussões realiza das d 1· . .,. . . ..


. . , e 1nearemos o laudo ps1colog ico que se 1n1c1a
com o sohc1tante. Utiliza
remos o t ermo sohc1ta
· · nte com o 1ntu1to
· · de abran-
ger as terminolocrias c11·e t · e. Com0Ja · .,. d1to,
· o laudo começa
• • b.L n e e pacient com
o. sohc1ta
. nte que na ma· · d ·
., 10r1a as vezes, traz a queixa ou demanda que
Justifica esse primeir o contato.
Propomos aq~i três solicitantes distintos e fictícios para que, com base
em suas demand as, possamos construir passo a passo o laudo psicológico.
Eles represe ntam as demand as comuns no campo psicológico. Seja ele
no atendim ento psicoterápico, na avaliação psicológica resulta nte de
encami nhame ntos ou no atendimento multidisciplinar.

Personagem 1: sra. Beatriz e a queixa de memória

A sra. Beatriz tem 40 anos, é solteira, não tem filhos, reside com os
pais e tem ensino médio completo. Trabalh a como auxiliar administrativa
em uma empres a na área de logística. Procuro u atendim ento psicológico
por conta de um comprometimento relacionado à memória. Informou que
sempre teve muita dificuldade para assimilar novos conteúdos e relem-
brar situaçõ es diversas, mas que, nos últimos quatro meses, a situação
se agravo u e o que era uma dificuldade se tornou de fato um problema.
Ao ser questio nada acerca da existência de algum evento que explicasse
a piora no campo mnemônico, informou que, nos últimos cinco meses, a
empres a vem sofrendo por conta das dificuldades financeiras e isso a deixa
muito preocupada. Inform ou ainda que não faz uso de medicamentos e
que habitua lmente costum a dormir muito tarde e acordar muito cedo.
29

Scanned by CamScanner
Rockson Costa Pessoa

A respeito de sua histór ia pregressa, disse que seu parto fora


sem nenhu m tipo de alteração, de modo que cumpriu todas a horll'la.1
.
o esper a º· ao t·eve niterc
do desenvolvimento conforme d N,. . s cta •
orrê ,· ~&a
decorrer da infância e adolescência e tampouco no início da vida l'lct& tlo
Em relação ao histórico ~amil'.ar, ~ã?há rela~o de quadros neuro~~~lt,.
e tampouco psiquiátricos. E váhdo mform ar ainda que, quando q gicoa
t .
ao agravo do Uesti
nada sobre sua dificuldade de mem Óna .
an er1or . o,
disse ser muito ansio sa e que geral mente apres entav a baixo rcnd~Uadro,
na sema na de prova, por mais que domin. . · une11
asse o assunto. to

Personagem 2: A impulsividade do jovem Rubem

Rube m tem 22 anos, unive rsitár io, não tem filhos, reside com Pai
não traba lha. Procu rou atend iment o psicológico por conta de estar mu;te
impulsivo e isso o faz ficar agressivo e intole rante ; essa impulsividade~
vivenciada nos últim os três meses. Segun do o solicitante, esse novo corn~
porta ment o assus ta, pois nunca foi uma pesso a explosiva, mas agora isso
tem se torna do um hábit o muito indesejado. Inform ou que sua mudança
de comp ortam ento fez sua família ficar preoc upada e que até mesmo
amigos de longa data evitam estar com ele. Disse que seu pai, por vezes08
conve rsou sobre os perigos das droga s e que, por mais que assegurasse
,
não fazer uso de entor pecen tes, parec e não ter crédit o com seu pai, que
0
segun do ele, o entris tece muito .
No tocan te ao dia a dia, inform ou que é estud ante de Direito e que,
quand o não está em sala de aula, estud a e frequ enta academia. Pelo
meno s uma vez por dia, exercita-se.
Ao ser questionado sobre algum evento que pudesse ter desencadeado sua
alteração no comportamento, informou que nada ocorrera. Quando ratificou
sobre o não uso de drogas, disse apena s que consumia anabolizantes e que
não considerava que eles fossem nocivos, uma vez que muitos conhecidos
os utilizam. Disse que faz uso de nandr alona (conhecida no Brasil por Deca-
-durabolin) com posologia de 200 mg por sema na há sete semanas, sem
nenhu ma orientação médica.
Com relaçã o à sua histó ria pregr essa, não foram observados dados
anorm ais. Gesta ção muito tranq uila e desenvolvimento dentr o do espe-
rado. Da infân cia até a adolescência, nenh uma interc orrên cia importante
foi considerada.

30

Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO DE LAUDOS PSICOL ÓGICO S· UM GUIA DESCO
MPLICA DO

A apreciação do histórico familiar pode explicar a alteração do com-


portamento, pois o avô materno apresenta diagnóstico de 1.'ra~st~r?o
Afetivo Bipolar (r.,31) há 5 anos, e um tio, por parte de pai, tem h1storico
de abuso de álcool.

Personagem 3: A tristeza do sr. Firmino

O sr. Firmino tem 74 anos, é agricultor aposentado e viúvo há oito


anos. Foi encaminhado a seu consultório por um neuropsicólogo, que
deu continuidade à avaliação multidisciplinar iniciada por um médico
geriatra. Este primeiro solicitou avaliação neuropsicológica com vista
s
a investigar possível quadro demencial. O profissional neuropsicólogo
em questão, após avaliação neuropsicológica, não observou indícios de
demência, no entan to notou padrões que sinalizam possível quad ro de
depressão. Por esse motivo, ele realizou a investigação.
No primeiro contato com o sr. Firmino, ele realizou a escut a do idoso
e de seu filho para melhor compreender a problemática do caso.
Primeiro ele concretizou a escuta do filho do sr. Firmino, o qual in-
formou ser filho único e ter sido responsável por encam inhar o genit
or
ao atendimento com médico geriatra, em virtude de perce ber que seu
pai apresentava estar muito triste nos últimos quatr o meses e tamb ém
desorientado. Isso o fez teme r que algo errado estivesse ocorrendo com
o
pai. Informou ainda que ele tem boa saúde e que semp re foi muito ativo
e independente. Afirmou desconhecer o motivo da triste za do pai, uma
vez que ele é bem assistido, tendo até mesmo uma cuidadora. Por fim,
esclareceu que sempre teve excelente relação com o pai e que se preoc upa
muito com seu bem-estar.
Após a entre vista com o filho do solicitante, foi realizada a escut a do
referido idoso e, com base nela, o neuropsicólogo destacou algun s pon-
tos. Sr. Firmino informou que muito o incomodava estar diant e de outro
"doutor" por considerar estar muito bem, mesmo que seu filho acred ite
que esteja doente.
Quando questionado sobre a alteração de humor, disse que senti a
saudade de seu sítio localizado em um município dista nte e que, desde
que seu filho o trouxe para viver com ele na cidade grande, isso há um
ano, havia perdido o sentido da vida. Disse ainda que a casa em quest ão
é muito grande e solitária e que não enten dia por que ela tinha
tanta s
31

Scanned by CamScanner
Rockson Cosia Pessoa

.
se sentia prision e1r
grades , J.á que não era criminoso. Contou que _ 0
que sempre foi indep enden te, mas que seu filho nao comp reend ia i e
Ressaltou também que, desde essa mudança, tem estado muito 1 irr·tªº·
. ado
e impaciente, o que o faz ter dificuldade para inicia r o sono pela n 01te
até mesmo a perde r a forne. e
É importante salien tar que tanto o pai quan to o filho disseram ~
haver na família histórico de trans torno s neurológicos e psiquiátr· nao
Foi constatado que o idoso não faz uso de medicamentos. icos.
Agora que os casos já foram descritos, iniciaremos a elaboração d08
referidos laudos passo a passo, para que você ·possa compreender sua
- . M-aos a, obra.
cons t ruçao

32

Scanned by CamScanner
5
lDENTIFICAÇÃO

Em lin ha s ge rai s a id t· c .
. en 111caç-ao co nsi. ste no co mp on
complexid ad e do lau do ps1·colo" en te de me no r
_ mco, mas, · ·
raçao ~o de ge rar equívocos qu
t) ... po r ma is qu e seJa de tac "" 1·1 el b
a o-
e podem inv ali da r seu rel ató rio .
en ten did a co m? a pa rte su pe rio Pode ser
r do pri me iro tópico do lau do psi
ª
qu e tem fin ali da de de ide nti fic
ar o au tor /re lat or, o
cológico
int ere ssa do e a raz ão
do do cu me nto (CFP, 2003).
No ide nti fic ad or deve co ns tar im
pre ter ive lm en te no me do psicól
nú me ro de reg ist ro e no me do ogo,
int ere ssa do pelo lau do (H EN RI
AL CH IE RI , 2011). E aq ui cabe QU E;
um a observação im po rta nte , no
int ere ssa d9 , o pro fis sio na l de Ps cam po
icologia inf orm ará o no me do au
pedido (se a sol ici taç ão foi da Ju sti tor do
ça , da empresa, da en tid ad e ou do
te). Logo, em cas o de avaliação clien-
de crianças, po r exemplo, o int ere
ser á se u res po ns áv el legal. Em co ssa do
ntr ap art ida , se a escola en ca mi nh
cri an ça pa ra rea liz ar um a avali a um a
ação, o req ue ren te é a escola.
Em rel aç ão ao ca mp o ass un to,
é válido inf orm ar qu e mu ita s ve
uti liz am os a fra se: avaliação zes
psicológica relacionada à problem
desencadeadora do ate nd im en to ática
psicológico.
Como já ref ere nd ad o pelo CFP,
esse campo tem a função de ide nti
tan to o pro fis sio na l de Psicolog fic ar
ia qu an to o solicitante. Se já res
qu e im pre ter ive lm en te o psicólog sal tam os
o deve inf orm ar o nú me ro de seu
tro , é im po rta nte de sta ca r qu e regis-
da me sm a for ma os dados do sol
de ve m se r no tif ica do s. ici tan te
A ma ior ia do s lau do s, exceto os
relacionados ao campo jur ídi co
ob ten ção da Ca rte ira Na cio na l eà
de Ha bil ita ção (CNH), até m- se
co mu nic açã o do no me do int ere ap en as à
ssa do , nã o inf orm an do RG, escola
e profissão do int ere ssa do . Inc lua ridade
esses su bit en s no seu rel ató rio ,
forme os exemplos: con-

33

Scanned by CamScanner
Identificação - Caso clinico 1
1
Autor: Rockson Costa Pessoa _ CRP 20 / 03665
Interessado: Beatriz Assunção Venâncio
Idade: 40 anos RG: 134376764-4 Estado civil··"o .
S Iteira
Escolaridade: Ensino médio completo
Profissão: Auxiliar ad1ninistrativa
Assunto 1: Avaliação psicológica relacionad a a queixa • no
mnen1ônico. . . _ . comporta111e11lo
Assunto 2: Solic1taçao de investigação . psicolócric º.. a de dºfi
l culdade de
L... º.. cn~·c~a~d~e~al~~~~-~
As_s_u_n_t_o_3_:_R_e_su_lt_a_do_d...:..e-=-a:....:..v-=al=1a~ã:.::::o:.__,1p::'.:s~ic~o~lo~' rnelllóh~
era ao da mem'or1a.
. 'lil.

Identificação - Caso clinico 2


Autor: Rockson Costa Pessoa - CRP 20 / 03665
Interessado: Rubem Francoso Gusmão
Idade: 22 anos RG: 8232323-0 Estado civil: Solteiro
Escolaridade: Ensino superior incompleto
-----
Profissão: Estudante -
Assunto 1: Avaliação psicológica relacionada a investigação de comportamen~
impulsividade.
Assunto 2: Solicitação de investigação relacionada a comportamento impulsivo.
Assunto 3: Resultado de avaliação psicológica de comportamento impulsivo.

Identificação - Caso clinico 3


Autor: Rockson Costa Pessoa CRP 20 / 03665
Interessado 1: Firmino de Paes Freitas
Interessado 2: (NOME DO PROFISSIONAL GERIATRA)
-
Interessado 3: (NOME DO NEUROPSICÓLOGO )
Idade: 74 anos RG: 21293239-5 Estado Civil: Viúvo ----
-----
Escolaridade: Ensino fundamental completo
Ocupação: Aposentado - de humor.
Assunto: Avaliação psicológica relacionadaª alteraçao ·t de depressão.
. , . 1 . ada a suspe1 a
-----
Assunto 2: Investigação ps1cologica re acion .. de humor.
. l" . de alteraçao
Assunto 3: Resultado de avaliação ps1co ogica

34

Scanned by CamScanner
i I Fl()R ~A() PI l AllD0 9 P..dÇOl.()GIC0,1 . UM GUIA D COMPLICADO

>h, t ""' (}llt', no Cnso a, ht\ v,-'\ria~ possibili.dados de solicitante e,


l\ , ~, t'H,· P t m º~Pf1cin l. noc · t1st1rio considerar dois pontos. O primeiro
1

\ h'Pl'h' 'l'll' ~nm nt.t o .r .. pon~óvol logal podo solicitar intervenção psico-
\ · ·k, t 1 i,'.'() ~t npli 'H uos monor 'H do 18 anos o a pacientes adultos que,
w tn mst.orno~ ou ondiçôos diversas, passam a ter um representante
l ~ \L O ~('j,.!'\ tndo ponto orionto quo podemos elaborar o laudo para dois
lidtm,t.o~. Dossa forma, .labora-se um laudo tanto para o profissional
1

l\W l)\1 ·mninhou opa iontc, quanto pura o paciente em questão ou seu
t'(\."pon~ú, t l.
\ úlido destacar tamb m que todos os componentes do laudo devem
• ,. Plnl orados d' 1nodo articulado. O informe dos sub.itens, como idade e
~.:X)lnridndc , d ve constar por eles serem importantes para a compreensão
dt\ {'$ ~lho do instrumento aplicado, uma vez que existe público etário-
.. Ivo, da m ~SJna forma que alguns instrumentos apresentam normas que
. fü,id ~rum a escolaridade do indivíduo.

35

Scanned by CamScanner
6
DESCRIÇÃO DE DEMANDA

Diametra lmente oposta


ao 1·tem 1n1ormaç
· e -
ao · -
a descnçao da deman da
é um dos elemento s _mais complexos do laudo' psicológico, junto com 9
com?one nte c~nclusao, que também exige habilidade do profissional. E
a ma elabo:aç ao desse elemento que mais gera entraves para a concre-
tização do informe técnico.
A descrição da demanda é o item destinado à exposição das infor-
mações alusivas à problemá tica exibida e das razões para se elaborar o
documento. Nessa peça do laudo, deve-se expor a análise que se faz da
demanda de forma a abonar os procedimentos tomados (HENRIQUE;
ALCHIERI, 2011; CFP, 2003).
Um dos erros mais comuns neste item é considerá-lo como apresen-
tação simplista , onde, além de ater-se ao informe da data de realização
da avaliação, insere-se dados desconexos relacionados à história do soli-
citante da avaliação psicológica.
A descrição da demanda deve considerar uma série de itens que vai
desde o informe da data até a escolha dos instrume ntos para a avaliação
psicológica. Vejamos a seguir os itens que devem ser respeitados para a
construçã o adequad a da descrição de demanda do laudo psicológico.
No esquema a seguir, observam-se os elementos que compõem ades-
crição de demanda e sua interação.

Ob,ervação do
t nrnportt"J111t-11to

37

Scanned by CamScanner
Rockson Costa Pessoa

Sobre a queixa ou demanda


é base de uma boa avaliação psicolóo-i
Esse elcmcn t o 8
. , . dele que O percur so para. a rea11zaçao
· - o.tca, Utri
desse pr · a v
que e p01 1110 0 • oce880 ~ ~
·irquite tado. . "a
.1
8 deman
· da é complexa e multif acetad a. Mesmo qUen·
e.
Emgc1•a,
,
scmp1
·J . ·e possível explicitar todos os seus elementos, o avaliador d
,. . bdi . _ . eve
ªº
~i~
n., "li
at nto para recoi~hece~ as dec?rrenc1as, su visoes e unplicações ~~
~i 011 ificativas da s1tuaçao especifica (TAVARES, 2012). lllélia
hA êUnpliação d~ queixa é ~ma prime ira concepção do sujeito em
contex to existencial que o aJuda a elabor ar o que estava viven . Se~
E sas elaborações permi.tem ao pacien . t e re fl et.Ir b
so renov as forrnc1andº·
lidar cmn suas dificuldades (HERZBERG; CHAMMAS, 2009). as de
Existem quatro fatore s prelim inares , básicos ao processo de avalia .
psicológica: a) análise da deman da: contem pla a relação do psicóIÇáo
avalia dor com o profissional que solicit a a avalia ção e as influên~go
institu cionai s; b) avaliação da compreensão: o sujeito apresenta es'ds
demand~ -. sua postura_ e atitud es ~~ relaçã o à avaliação psicológica;~
caracteristlcas da relaçao entre o pszcologo avalia dor e o SU]eito: expõem.
-se no prime iro contat o e na entrev ista inicial, gerand o as formulações
iniciais que vão direci onar o processo; d) infiuê ncia de atributos pessoais
do psicólogo avalia dor (TAVARES, 2012).
Para o desvel ar da queixa de modo satisfa tório, o profissional psicólogo
deve fazer uso da (a) entrev ista clínica e da (b) anamn ese. Discutir-se-á
sobre esses eleme ntos adiant e.

Entrevista clinica
Etimo logica mente , a entrev ista psicológica refere -se à "visão entre"
duas ou mais pessoa s e consti tui-se de troca, conve rsa, relação, diálogo
ou encon tro (ALMEIDA, 2004; ANASTASI; URBINA, 2000).
A entrev ista clínica não pode ser vista como uma técnica única, pois há
diversas, cada uma pertin ente ao objetivo propo sto na intervenção. Pode
ser definida como conjun to de técnic as invest igativa s, de tempo abalizado e
conduzida por um entrev istado r treina do, que faz uso de modo competente
de conhecimentos psicológicos (TAVARES, 2000). É a correspondência entre
compo rtamen to verbal e não verbal e é ainda utiliza da por psicólogos no
exercício de suas ativida des nos mais divers os campos (ALMEIDA, 2oo4;
BECKERT, 2001). A entrev ista clínica consis te na técnic a e habilidadeern

38
Scanned by CamScanner
bsti tuív eis do pro-
t 1~~,, t d, nt,1 ~v I tur, -t ( n1·notoríHtiol'lA hnRalA o insu
f i H('.\ I h· , n1· ·lti ,, nl o monf:nl ( UALOALARHON
DO, 2008; ALMEIDA,
J' 1 l l l.l\..\N, l \ :ll
1

ó fundamental,
l-~w·-1 t'I \l " "' ' l ,,r1~nn d \ rtf'mm ,ctn, n, ntl'Ovista clínica
l k , , 1td '\d\ l\t\h\ Q \t) n quoi n Cf UO muitaA voios surg
u inco rpór ea começa
s<:tjam elab orad os.
~ m:th\t ii,B m \ d,\ moeto quf' m1 o~jctivoH torapôuticos
sujeito em
ri ~,-w · ·- 000 \l t ntu lll , nn ont.rtwi~tn, so dos~ja reco nhec er o
1

quo levou à entr evis ta.


l '" ru" Ht., lt, J)t pPn i m<lo u (.,'<H11J roondor a quoixa
con heci men to
{ r,r ·ult Hln t \ nmi\ f\nt,rtw1stn lopondo amp lam fmte do
t in h.,hili i \ h do (,1-oí\:4, ionnl rto Psicolog
ia (ALMEIDA, 2004; 'I'AVA-
R~:~. m{)),
Anamnese
aná = traz er de
A l •\lmT n w 1m11 e~ • timolog-icamonte orig ina- se de
er à men te todo s os
n.lllu, t'l'l'll l hw l' m n "St' = momôr.ia. Significa traz
adoe cido (PO RTO ,
•1 mh ·i.11wnto~ t'( ln ionados à doen ça o ao indi vídu o
hist ória dese nvo lvi-
:J lt).J . 'nn.._·istl' rn rolnto possoal do paci ente de sua
0), que é util izad o
mentul, rumiliu1~ m ·di ·a ante rior (VANDENBOS, 201
X>tn o intuit.o dn ompr ·, ndor o suje ito
à luz de sua sing ular idad e.
lida des par a
C nsidcru~ ' C qu u ana.1nnese é alca tifad a de pote ncia
gên cias e aspi raçõ es
a cHr·1 'leri i it;iio do outr o, du p -'ssoa, de suas indi
implí ·it l,\ un ..· ios t mor 'S (SOARES, 20.14).
com o paci ente qual i-
A :1prcdnçâo o i o no tab Iecimento do cont ato
fiaun um 1 boa a11amn ~ , 'mbo ra o avanço tecn
ológico tenh a leva do mui tos
mes mo desn eces sária .
a considen.i-la · undária (DICHI: DICHI, 2006). E até
que tem obje tivo e
Em ' UH s .. "nci a, a anamnese é uma entr evis ta
foi elab orad a com o
finaJidad b m d ,}imitado e qu , hist oric rune nte,
ça, desc onsi dera ndo a
in ·uit,o d dir ionu r o olha r do médico para a doen
etra lme nte opo sto à
pes oa do nt -) ( OAR ES 2014). Na Psicologia, diam
em sua sing ular idad e,
per pe ti a m dica eu emp rego valo riza a pess oa
s útei s para a reso luçã o
d forma qu s u emp rego busc a eluc idar elem ento
ada de seu orga nism o.
da qu ixa que do ~ujeito e não cons equê ncia isol

Observação do comportamento
and a é a obse rvaç ão
Out ro e1 m nto indi spen sáve l na descrição da dem
sua cheg ada no setting,
do sujeito da avaliação (NU NES et ai., 2012). Desde
39

Scanned by CamScanner
Rock
. son Cot:ila P

Sobre a quef xa º"º'


ou demanda
Es·, . ,J '1Tl ·,nto .
gu ' ~ por n1 'io de.1 ' a base de uma boa .
arqu1t tado. que o percurso P ., avaliação .
a1 c1 a rc 11· Psico}ó
E .rn go ra i u d rna. nda 6 ª zaçã 0
· dess IDca, llh-1
s ".rnpr PO~ sível . • . complexa e . e Ptoc . ·· ~ v.
at 'llto ')'l. . xphc1tar todos multifacetad esao~.t(
• . .r- .. r a reconhece . . os seus ele a. Mes ··'l!t&
ign tficat.i vas da i tt : as decorrências mbe.~tos, o ava1?1º 1 %e n·
A arnpliação da
' 1açao esp "f' ' su d1v · -
'.\ . - . ec1 1ca ('1:AVAR ªº
isoes e itnado.r devQ .''l!j~.li,.

'ontcxto existcnciJue1xa é uma primeir ES, 2012). Phcaçõea e6¼,


Es a elab . . - que o ajuda a concepção triai, .
lid . oraçoes permitem a _elaborar o que do ª4ieito
ai com suas dificuld d ao paciente reflet. estava viv e~ Seij
. Existem quatro f: t a es (H~RZBERG· C~sobre novas ;nc1ani1o.
psicológica. a) a "l·~ ores preliminares ba',. . MAS, 2009) orlllag de
. · na ise d d , s1cos ao .
a valiador com
. . o profiss1on 1
.ª emanda: cont 1 processo de .
emp a a rel - avalia.
institucionais· b) a t · ~ a que solicita a av 1· - açao do Psic·1Çào0
d:\ . ' va iaçao da a 1açao e a . oog
emanda - sua post ura e at ·t d compreensão·· o sUJe1to .. s Influênc·
ias
características da rela ·ão I u es ~m relação à avalia ãoapr~senta essa
~se no primeiro con tatço entre o psz~ólogo avaliador e~ su~s_icológica; e)
· · · e na entrev t · · '}eito· ex •
1n1c1rus que vão di . 1s a 1nICial, gerand · Poern.
d . rec1onar o processo· d) . ,., o as formula(
o psicólogo avaliador ('11A.VA nEs , znfiuencia de atributos ·º~s
pa ..~a d l .nn , 2012). pessoais
O esve ar da qu · d
d e.LI.
eixa e modo satisf. t,, ·
eve fazer uso da (a) entrevista cl" . aª or10, o profissional. psicólogo
inica e a (b)
so bre esses elementos adiante. anamnese. Discutir-se-á

Entrevista clínica
Etimologicamente, a entrevista psicológica refere-se à "visão entre"
duas ou mais pessoas e constitui-se de troca, conversa, relação, diálogo
ou encontro (ALMEIDA, 2004; ANASTASI; URBINA, 2000).
A entrevista clínica não pode ser vista como uma técnica única, pois há
diversas, cada uma pertinente ao objetivo proposto na intervenção. Pode
ser definida como conjunto de técnicas investigativas, de tempo abalizado e
competente
conduzida por um entrevistador treinado, que faz,.uso de mododênc1a entre
E
de conhecimentos psicológicos (TAVARES, 2000). a correspon . ,1gos 00
,. . d t11·1. ada por ps1co o
comportamento verbal e não verbal , e e run a u z A 2004;
. d. ampos (ALMEID '
exercício de suas atividades nos mrus iversos· e t , cn1ca
. e hab·lidadeeJll
1
BECKERT, 2001). A entrevista clínica consiste na e
38

Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO DE L
AUDOS PSICOLÓGICOS - UM GUIA DESCOMPLICADO

realizar tais entrevistas, as características basais e insubstituíveis do pro-


fissional de saúde geral e mental (DALGALARRONDO, 2008; ALMEIDA,
2004; SULLIVAN, 1983).
Para elaborar a descrição de demanda, a entrevista clínica é fundamental,
Pois é com base nela que a queixa que muitas vezes surge incorpórea começa
a materializar-se de modo que os objetivos terapêuticos sejam elaborados.
'ravares (2000) salienta que, na entrevista, se deseja reconhecer o sujeito em
profundidade, propendendo a compreender a queixa que levou à entrevista.
O resultado de uma entrevista depende amplamente do conhecimento
e da habilidade do profissional de Psicologia (ALMEIDA, 2004; TAVA-
RES, 2000) .

Anamnese
A palavra anamnese etimologicamente origina-se de aná = trazer de
volta, recordar e mnese = memória. Significa trazer à mente todos os
acontecimentos relacionados à doença e ao indivíduo adoecido (PORTO,
2004). Consiste no relato pessoal do paciente de sua história desenvolvi-
mental, familiar, médica anterior (VANDENBOS, 2010), que é utilizado
com o intuito de compreender o sujeito à luz de sua singularidade.
Considera-se que a anamnese é alcatifada de potencialidades para
a caracterização do outro, da pessoa, de suas indigências e aspirações
implícitas, anseios e temores (SOARES, 2014).
A apreciação e o zelo no estabelecimento do contato com o paciente quali-
ficam uma boa anamnese, embora o avanço tecnológico tenha levado muitos
a considerá-la secundária (DICHI; DICHI, 2006). E até mesmo desnecessária.
Em sua essência, a anamnese é uma entrevista que tem objetivo e
finalidade bem delimitados e que, historicamente, foi elaborada com o
intuito de direcionar o olhar do médico para a doença, desconsiderando a
pessoa doente (SOARES, 2014). Na Psicologia, diametralmente oposto à
perspectiva médica, seu emprego valoriza a pessoa em sua singularidade,
de forma que seu emprego busca elucidar elementos úteis para a resolução
da queixa que é do sujeito e não consequência isolada de seu organismo.

Observação do comportamento

Outro elemento indispensável na descrição da demanda é a observação


do sujeito da avaliação (NUNES et al., 2012). Desde sua chegada no setting,
39

Scanned by CamScanner
probm1do1 d ve " 'l', •~to t mu . t\jt ito l m mu lh,p l 0
. 'll. > <'on t nl)o
• tvnu
./ no uu,
ap1 ' S .nt \ no I rim _. . (u\
J
wnlinçu( 'Hodo . to"1( 1 1

ünport.an Lt:' pnru u nni li~\. >, llnt itcrn ln


...1· d' t J • .
Ao r e ':.u.rnHr nt 'n lll\l'n ,t tu' ·rmn~u~. por t xt lllplo l\\tt'1
,· l~
1 11
to ite1n d' t'xtr 'nm irnpmt tnwin. O mudo l'otno < ' ~ Pl H it·n ,
. . , .1n mtn• fltit
t11111da ou mtUs e~pontuneu~H l'Xt rupoln no 'Ol\t l,tu age . ª< 1
1,
. . , • no por1t 1)111
exagcradam 'U t l' ou s' ' ,ta d' modo ~·i t 'llln t i ,0 Clll 0 d, &br 1
. • . I11 lf ll Ot' t'1 fü,
tudo pa · ·1 ,1 d ) 1n ihs '. Pod to \~r
Com óm ~- ' S ai tal' quc os ikns d1 d< 8 ·riçf10 du d 'mond %
n1 nt rela onados tuna , z qn, a upro •iaçu.o do ·om .u Stdointini
. .
po d e d nunCJar 't
nlodo 8a.
.
Jeito n1tu ·o ·ob rc 1qu 'Jxn..
Por oss m-POttam
t·.
. . . o ,t vo aob . u.
do cmnportainento d cv \ s1nalrnur aspectos gurais do . • .·. ' orva"â
~ d l 'd r, • 8llJ tt.o quo
e un1 e"con 1eci o .para o pro111; 1011 tl p icólogo S 18 l o
, . un .toso d Prior·r,
aparente111ente cansado n rvo o. O sttj ~ito 8 'Xpr , d ' _esatont0 l
. · 8sa var1 d ·
mas e o con1portainento é tun 1te111 qu ., pode prediz 'I' b , . ª .ªªfor.
0
r OInd1víd lto,

Rapport

O rapport pode ser con1preendido ou expresso por relacion


.al 1 d d d' . amento
co~d1 , re axa ?
e ent~n. n~e~lto, aceitação _e compatibilidade simpática
mutua entre d01s ou mais 1nd1v1duos. Na prática psicoterápica, consiste na
meta indireta significativa para o terapeuta a fim de facilitar e aprofundar
a experiência terapêutica e promover progresso e melhora do paciente ou
cliente (GAVA, PELISOLI; DELL,AGLIO, 2013; MENEZES, QUEIROZ;
CRUZ, 2013; VANDENBOS, 2010).
Quando aplicado de maneira eficaz, o rapport favorece a colaboração
do candidato e o encorajará a responder de modo satisfatório os objetivos
dos testes e instrumentos psicológicos (ANASTASI; URBINA, 2000). Do
mesmo modo que permite o relato sincero. .
, • fi
Indispensável para a adequada pratica pro sswn , · al O ra:p1nort é muito
mais que um elemento considerado na atuaçao e imca
- r · l' .
do profiss10na1
ercute
. r . o seu uso rep
de Psicologia. Na elaboração do laudo ps1co ogic , c r satisfatório,
eia se seu emprego 10
na sinceridade do documen t o, ou s ~ , - d .tens de aprec1açao
. •

aumenta-se e muito a probabilidade da obtençao e i


próximos da realidade. . . compromisso saber estª·
O profissional psicólogo tem por obrigaçao e

i Expressa a ideia de sujeito em avaliação,

40

Scanned by CamScanner

ELABORAÇÃ O DE LAUDOS PSICOLÓGICOS - UM GUIA DESCOMPLICADO

belecer r~p~ort no momento da avaliação e no atendime nto clínico. Por


isso, o psicologo_ deve estar acautelad o de que está abordand o a situação
de modo apropria do, ressalvan do a qualidad e do rapport (NUNES et al.,
2012; TAVARES, 2012).
O emprego do rapport inicia-se na intervenç ão psicológica de modo
conjunto com: (a) entrevis ta clínica, que deve estender -se até a coleta de
dados da (b) anamnes e, quando se realiza na própria sessão.
No tocante ao tempo despendido no rapport é válido destacar duas
situações. A primeira situação refere-se à prática clínica de modo geral,
em que o rapport está atrelado efetivam ente à entrevis ta clínica e ao
preenchi mento da anamnes e, e pode estender -se até o término da pri-
meira sessão. A segunda situação compreende seu emprego na avaliação
psicológica, mais precisam ente em situações que recebemos um paciente
encaminhado para uma avaliação específica. Em casos como esse o rapport
não pode ser superior a 10 minutos. Como bem referend~do por autores
da área de avaliação psicológica (ELY, NUNES; CARVALHO, 2014; MAR-
QUES, SARRIERA; DELL'AGLIO, 2009). Sua aplicação é consider ada
em diversos estudos no campo da avaliação e perícia psicológica (GAVA,
PELISO LI; DELL'A GLIO, 2013; NUNES et al., 2012; SCHAE FER,
ROSSETTO; KRISTE NSEN, 2012; OLIVEIRA-CARDOSO; SANTOS ,
2012; TAVARES, 2012; BRODSKI, ZANON; HUTZ, 2010; SISTO, NO-
RONHA; SANTOS, 2005).
A figura a seguir retrata a interdep endência entre os elemento s: rap-
port, entrevis ta clínica e anamnes e.

Figura 4. Rapport, entrevista clínica e anamnese: interdependência.

41

Scanned by CamScanner
no, ,k, on 'o ln Po on

ln .orm _ do t te a se r ut ili za do
() ult .irno (' '"'º II WI \OA impo
rt,nntc co mp on en te da descr
t n ilif i,r1 1u do t.PM
t c II Kct· or np r •gn do , qu e,
i
7
· • ulé m de . · çao d~d~rn
do prc ,fl, r, icm 1 • 1
n p~1u• , nn-o e m t·olu o i
eAco lh a eficaz dse .1arece.. o t\ti,t.
1 • '
,., ) ng wo , ' \l'H 1n nn. <'11 1nc o ri 1.,.) l do '"I
nu " 'Hse comp on en te do " la.u
c 1ns trun-.
1
c-t nl., ~ ) 1 1; NOH,O_~ 1-1/\, :l009 d . •11 Qnto"''~
; CRUZ, 2002; ANAS TASJ; uº~PAcAN Ili! 8
()p ~H· lo "') hnlnht, ,do om pr 'cn de ae
.
no,· p~wol ) ''I<. oA . ( ,,nd u um d
xif.,te" nc1·a· d . 81NA 2~
l 'S po "
de na maiori·a d e um a sé . ' ~
.
p,H· nw,o do 1.t Ht. '' H d1.vc rso ,· as vezes se rte de f(!ná, .).
s (KA'rSURAYAMA et al. '11li
l'I H.1•:H, :.!01 :.! ; 1'HADrfü, FERR .' r tnensur
EIRA; FAIAD, 2012· Ü20 1
TT !:t ll EN o, 2o~
S/\.'I Nl /\'. l'I ~00:1). .
' l,NO}loN~!•.
Dos~ ' nwdo , o m for1nc no final da descriç
. l l ão d . d .
Jll gnn1 "n to . . .frn. ·o acerca
1

de um fenômeno desveelado emanda ex


qnc1x· n u
. va 1nos a.os exemplos. a ~ Pressa o
Pos aná
· ·}1•se da
Descrição de demanda - Ca
so clinico 1
No dia 12 de fevereiro de 2015, a
paciente Beatriz Assunção Venãn
ano ", oltcira e residente na cidad .
.
ló&TJCO . . e de M anau s, pr oc urou atendim toeiº'. 40
em vi rtu de de es tar apresentando, en P8ico.
no com po ne n te mnemon,. 1c. o. Qua d d no.r s últ
.
imos quatro meses
• n o o re1erido atendimento observ ,agravo
qu e a pa cie nt e ap ar en tav a es tar • • ,
VIs1velmente extenuada e muito OU-se
Na re ali za çã o da en tre vi sta clí des atenta
nica e coleta de ite ns da anamne
do co ns id er ad o o es tab ele cim se, sen-

l
en to de rapport, alguns dados
fo ra m ob se rv ad os . In fo rm ou importantes
qu e nos últimos cinco meses est
pr eo cu pa da po r co nt a de pr ob ava muito
lem as relacionados ao campo
e qu e, po r m ai s qu e nã o fizes de trabalho
se us o de medicamentos, apres
re du zi do ne ss e período. Ou tro entava sono
dado qu e merece destaque é o
pr o ba nd a af irm ar qu e se m pr fato de a
e ap re se nt ou muito ansiedade,
ba ix o re nd im en to na s pr ov as a ponto de ter
m es m o qu an do sabia o assunto
à su a hi stó ria pr eg re ss a, nã . No tocante
o fo ra m observados elemento
ra ss em a qu ei xa at ua l, do m s que corrobo-
es m o modo qu e nã o há histórico
in dí cio s clínicos qu e pr ed iss familiar de
es se m a dificuldade de memó
ne ss as in fo rm aç õe s, op to u- se ria. Com base
~ i·cos· Escala
pe la escolha dos te st es ps1·co1og
Be ck - in ve nt ár io de An sie da · .
de (BAI); Te ste Dígitos - WAI
Co m pl ex a de Rey (FCR) - m ,
S III; Figu~:
. . al . d'
em or ia v1su e ime iata·' Teste de Atença
Di vi di da (T EA DI ); rre ste de Teste de
At en çã o Al te rn ad a (TEALT),
At en çã o Co nc en tra da (TEA e
CO-FF).
42

Scanned by CamScanner •
ELABORAÇÃO DE LAUDO S PSICOLÓG ICOS
• UM GUIA DE COMP LI CADO

oescrição de demanda - Caso clinico 2


Ern 8 de março de 2014, o paci ente Rubcm [?ra nços o
Gus m ão, 22 ~no~,
solteiro e resi den te na cida de de Ma naus, proc urou
aten dim ento psicolo·
jco em virt ude de esta r apre sent and o, nos últim
os três mes es, co~ por ·
fa.rncnto impulsivo. Por con ta disso, tinh a com portame ntos
~grc ssivos e
irritadiços. Ao longo do aten dim ento , observou•sc
que o paci e nte ci;ta va
excessivamente ansioso, a pon to de fazer uso de repe
rtór ios com port a·
mentais que den unc iava m sua ansiedade, tais como:
tam bori lar os ?ed~ s,
mexer os braç os e bala nça r as pern as de modo con
stan te. Na re~h zaça o
da entr evis ta clínica e cole ta de iten s da anamnese,
send o con side rado
estabelecimento de rapport, algu ns dados imp orta ntes
fora m obse rvad os.
Informou que , nas sete últi mas sem anas , fez uso
do ana boli zan te n~n ·
dralona com posologia de 200 mg por sem ana, sem
orie ntaç ão méd ica.
Referente à apre ciaç ão de sua hist ória preg ress a, não
fora m obs erva dos
dados suge stiv os para escl arec er sobr e com port ame
nto des ada ptad o.
Entr etan to, no que com pete à anál ise do hist óric o
fam iliar , é váli do in·
formar que o avô mat erno do referido paci ente apre
sen ta diag nós tico de
Tran stor no Afetivo Bip olar (F31) há cinco ano s e
que um tio, por par te
de pai, tem hist óric o de abuso de álcool. Con side rado
s os dad os, opto u-
-se pela esco lha dos test es psicológicos: Inve ntár io
de Ans ieda de Bec k
(BAI), Esc ala de Avaliação de Impulsividade (ESAVI·B),
Esc ala Bar rett
de Impulsividade (BIS-11) e Inve ntár io Fato rial de Pers
ona lida de (IFP -II)
e Escala de Aut enti cida de, Agressividade e Inib ição
(Ed AAI ).

Descrição de demanda - Caso clinico 3


Em 23 de junh o de 2014, o paci ente Firm ino de Pae
s Fre itas , 74 ano s,
viúvo, apo sent ado e resi den te na cidade de Man aus,
foi enc ami nha do por
profissional neuropsicólogo em continuidade de aval
iação mul tidis cipl inar ,
em razão de um sugestivo qua dro de depressão. Por
esse mot ivo, foi real i-
zada entr evis ta com o referido idoso e escu ta de seu
filho, o qua l proc urou ,
inicialmente, aten dim ento com médico geri atra . Qua
nto ao que imp orta
pon tuar sobr e o com port ame nto do idoso, obse rvou
-se que ele dem ons -
trou incômodo por esta r em novo aten dim ento , uma
vez que con side rava
esta r bem de saúd e, do mes mo modo que apre sent ou
suti l desa tenç ão. No
tocante à realização da entr evis ta clínica e anamne
se, send o obs erva do o
rapp ort, algu ns dad os mer ecem dest aqu e. Ver
balizou que , desd e qua ndo
passou a resi dir com seu filho há cerc a de um ano
, perd eu o sent ido da
vida e que sent ia falta de seu sítio. Con form e rela
tou o filho do idoso, 0
43

Scanned by CamScanner
R0r.k son Cnfllll PfilSSOA

•, rl n , tos "aprese nta embotam


pndPnt,t' nuo ln,1, nRo o m 'º'
1• ,
ª 1 11
. . • .
d, ap t1tc e d1hculdade P·
ento ari
• , .. . , • l
h:, ePl'l'H <ir quntro me~rn,, pct CIH E%.
,. ara efct'1 vo
. du l118
sono noturno. N 1 unn 11~m · ·t,tH 1u pregressa nao há dados Pre "a"'o
Á ,.
1A · · '
·
rttnte~ purn t'xµhcnr l "' d , httinor do mesmo modo Ponri
nu t,eruçuo e . . '. . , . '.\ _que não h 'lO,
fmnilin, histúri ·o do tramitornos psiqmátrwos e neu~ológicos. c á, ~
0111
nt's~nH informuçôes optou-se pela escolha dos seguintes instru base
. ME:,·
E M) 'L,. C 1 lllent
Mini 'xnm, d< Estudo M ,ntal ( ◄, _ · , .L' ig~ra omp e~a de Rey (F 0s:
- momúri11 visual, imediata~ cvocaçao_ tardrn; lnvcnt~r10 de Depre C~I
d" Be 'k Versão II (BOI-II); Escala Bat_1sta de ~epress ao (EBADEp_88ao
Es ala de D '.\pressão Geriátr ica- versao reduzid a (GDS-15). A)e
Nos casos 1 2 e 8, os dados da Entrevi sta clínica e Anamnes
. .
mtnnam ente relacionados a" queixa. . d 1· e esta·
e aJU ama exp 1car o transtor o
comportamento indesejado. O psicólogo deve ser sensível para ext/? ou
dados da avaliação psicológica. a.ir os
A seguir, observa-se um esquem a que demons tra como se organ·
1
os elementos na descrição de demanda. Esse plano permite orquest ~ani
de modo harmonioso, o que facilita sua elaboração adequada. ralos

• ·----- -- - - - r - - .

-~-.
~ ·
:=.==::::::,.
1. Data da avaliaçã o
2. Explicita ção da queixa
3. Observaç ão do comport amento
4. Rapport
5. Entrevist a dínica e Anamnes e
6 - Infonne de instrume ntos

Figura 5· Or · - dos
gamzaçao elementos na descrição da demanda.

O outro dado interess an t e re1ac10nad


· o a, descrição da demanda e, que
esse componente é út1·1/ para 1'd 'fi • - s e competencias
. al enti car aptidoe do profis·
A •

sion que os elabora· E t/ 1


percep 1ve que, em todas as descrições e demanda

44

Scanned by CamScanner
ELAB ORAÇ ÃO DE LAUDOS PSICOLÓGICOS - UM
GUIA DESCOMPLICADO

aqui elaboradas, foram considerados inst rum ento s psicomé


tricos e não
projetivos, o que dem onst ra conformidade à perspectiva
psicométrica.
Os teste s psicométricos são os inst rum ento s psicológicos
que fazem
uso de med ida mat emá tica para avaliar o sujeito. Os resu
ltad os alcança-
dos e trab alha dos esta tisti cam ente são comparados com
uma tabe la do
resultado para a população em geral.
Os teste s projetivos compreendem os inst rum ento s psic
ológicos que
realizam a anál ise dos indivíduos pelo emprego da projeção
, perm itind o
que o indivíduo man ifes te aspectos relacionados à sua hist
ória ou de sua
personalidade, mesmo que não perceba isso.
A predileção pelos teste s psicométricos expressa apen as a
expe rtise do
profissional e sua orie ntaç ão teórica. Logo, se seu apor te
teórico orie nta
ao emprego de projetivos, você pode considerá-los tran quil
ame nte.

45

Scanned by CamScanner
7
.PROCEDI~IENTO

~' ~ _m,pnnl'Utt' do lnudo qu' apre 'entará os r cur os e instrumen-


h ~ t ·n t ~ c,ni ' ' ,:ado~ na "" l t d · f' - , -
· .. " ., · "' , '\ ,a as m ormaçoes (numero de sessoes,
~\.~$tkl~ nt 'lldldllS, t'k.) à luz d referencial teórico que os embasa. O
t '?-{in11eut:-. en,pl't'gndo deve ser coe1 nte para avaliar a complexidade
dú que 't•1 ~ ndo exigido lHENRIQUE; ALCHIERI, 2011; CFP, 2003).
O y1, ~d_unont,o ~npreond o primeiro momento da testagem psi-
rol JlC i, po1" refi t o np1 go do insti·un1entos de modo dinâmico e
C\

rgiuü ido. 1\tl ol ~1 " 1to a "S gura o respeito às normas dos instrumentos,
do 1uesn10 n1odo qu bu ca as egurar a validade da operacionalização do
processo awlliativo.
Ess itein pod ser n1ai bem ompreendido em uma organização de
bloco , co1n d staqu para: a) nún1ero de encontros para realização da
é\

a aliaçào; b) garantia da alidade da avaliação psicológica; c) respeito às


normas do instrun1ento psicológico.
O 11ú111ero d encontros estabelece que deve ser informado, nesse item,
em quantas sessões foi realizada a avaliação psicológica. Sendo seu prin-
cipal objeth o garantir qu o suj · ito foi submetido à avaliação psicológica,
de modo que "'ua interrridade psíquica tenha sido resguardada. (Exemplo:
o paciente não foi subn1 tido a uma avaliação extenuante).
A garantia. da valida.d da avaliação psicológica é observada quando o
profissional de Psicologia inforn1a obr · particularidades do instrumento
na aplicação. (Ex 1nplo: no t st Figuras Complexas de Rey, existe um
segundo momento de avaliação , para ar alização dele, o avaliador não
deve ultrapassar o t mpo nu\ximo d tr s minutos para fazer a aplicação).
A garantia de validad "onstitui uma m didade segurança para o pró-
prio psicólogo, un1 a v z qu · util para provar que todos os procedimentos
técnicos forSJn r sp itados em d terminada avaliação. . ,
O respeito às normas de avaliação é fundamental. N_el_a o ps1cologo,
indubitaveln1 nt , d v avaliar s o paciente está em condiçoes de ser sub-
47

Scanned by CamScanner
n1etido à avalinçü o, n1-1sim ·omo ro~p< it,111· n int.,1g'l'idnd< elo muhirn,to l clt Hl1 u
pessoa d, modo qu, osso:; lht.nrc::1 núo int< ' 1·1\1·11111 11•~:-1 1·t11•-n tlindoH tloH tt Hlta,
?s s 'guintcs itens de vem H •r obi;u rvudoH:. 11 rn to dl Hono nd llll H ln
o nao uso de ps i •ot r6picrn, d •mui:; Huhstfl 11 ·1111; qu poHHum Hl ,. p , , :
1
.. , 101
d. IC.tRJs ao · resulta dos; pudrooi; de cstr •ssc, nco t . i , li.
n ·, c tn,oi1Lo s trí,M"icoa Olt
nnpacta ntcs, ulirncn tação, t •.
Outra possibilidade d, inform) no proc 1diln nto é o iompo doHpondido

1 entre um t este e outro e a ordem do uplicuçü o os(,a b locid - ontrc l ltn


outro. Vamos aos exmn plos.
0

Proce dimen to - Caso clinico 1

Antes do início da avaliação psicológica, que ocorreu em uma única sessão


foi averigu ado se a proban da estava apta a sub1nct er-se aos instrumento~
psicológicos, a qual foi conside rada compet ente para a execuçã o dela. Desse
modo, iniciou- se a avaliação com aplicação do instrum ento BAI, sendo em-
pregad o sete minuto s para sua realização. Em seguida , aplicou-se o teste
dígitos, sendo despend ido um tempo de dez minuto s (compre endendo ordem
direta e inversa do instrum ento). Dando prosseg uimento , foi aplicado teste
Figura Comple xa de Rey (padrão cópia) e, após ser conside rado o tempo
limite de três minuto s do instrum ento, realizou-se o padrão memór ia. Para
esses dois momen tos em FCR, foi utilizado um tempo de nove minutos
pela proban da. Em seguida, foram aplicados os testes TEADI e TEALT
(sendo respeit ados os tempos limites de cinco minuto s e dois minuto s e 30
segund os, respect ivamen te). O último instrum ento foi o TEACO-FF, sendo
despen dido um tempo de oito minuto s para a realizaç ão da tarefa.
No proced imento anterio r se observa o cuidado do profissi onal de
Psicolo gia para assegu rar a integrid ade da avaliaç ão ao averigu ar a ap-
tidão da proban da e, mais do que averigu á-la, é necessá rio inform ar sua
realiza ção como forma de respald o técnico e legal.

Proce dimen to - Caso clinico 2

A avaliaç ão em questão ocorreu em uma única sessão, sendo obser·


vada a aptidão do proban do para sua realizaç ão. Após ser constat ada
compe tente para ser avaliad a, a aplicaç ão de instrum ento iniciou com 0

48

Scanned by CamScanner
ELAB ORA ÇÃO DE LAUD
OS PSICOLÓGIC
OS - UM GUIA DESCOMPLICADO

mprego do ins tru me nto BAI d


e alização. O próximo ins tru men 'se n º_despendido cinco minutos par a sua
·1·
reor nove min uto s. Em seguida foito fo1. o ESAVI -B, uti 1zado pelo probando
aplicado O BIS-11, em seis min utos. Na
p uência foi aplicado O in s t rum ent •
o EdAAI , send o espend1do pelo pro-
d
5eq t
do o tem po de 20 min - o u, lt'1mo 1ns
· trument o
ban a avaliação foi O IFP -II u os par a sua. .realiz açao .
, sendo utilizado pe1o pro band o 12 m1n · u t os.
dessT\T sse pro ced ime nt d . - do
l"e o, esta ca-se a realizaçao - d out ra atri'b u1ç ao
- d a aval· -
con cre t1·zaçao , . e .
• 'l go na •
Psico. od I b iaçao- ps1co1ogica: o informe do tem po
d
u
tihza. o pe o pro and o par a a execuçao e cada um dos inst rum ent os.,
t'l •
Esse info rme con figu rar- se como medi'd a u, 1 , p01s, em a1gun s casos, e
.
considerado ele me nto de avaliação.

procedimento - Caso clínico 3


o aten dim ent o e, ant es
A avaliação psicológica foi realizada em um únic
liar a aptidão do pro ban do
de ser iniciada, foi rea liza do rast reio par a ava
que ele esta va apto. A par tir
para efetivar-se a avaliação, o qual constatou
do FCR (cópia do desenho)
disso, iniciou-se a avaliação com aplicação
rea liza da a evocação ime-
e, após um tem po infe rior a três minutos, foi
que o pro ban do fez uso de
diata do tes te par a dua s tare fas do FCR em
aplicado o MEEM, sen do
dez min uto s. Dan do seq uên cia à avalição, foi
a respondê-lo. Em seg uid a
despendido pelo pro ban do nove min uto s par
pro ban do um tem po de
foi util izad a a EBADEP-A, sendo empregado pelo
solicitado que o pac ien te
13 minutos. Após 30 min uto s de avaliação, foi
(evocação tardia), em seguida
desenhasse ma is um a vez o estímulo do FCR
um tem po de nove min uto s
fez-se a aplicação do BDI II, sendo utilizado
o foi o GDS-15, em que foi
pelo pro ban do. O últi mo ins trum ent o aplicad
idoso.
despendido um tem po de dez min uto s pelo
em info rma r o per cur so
O Caso clínico cita do ilus tra bem o cuidado
rodução de me mó ria do es-
já estabelecido no ins tru me nto FCR. Na rep
u o tem po de três min uto s,
tímulo, o ava liad or sali ent a que não excede
conforme orie nta ção das nor ma s do test e.

49

Scanned by CamScanner
8
AN ÁL ISE

Psicologia
É o com pon ente do documento na qual o profissional de
a, objetiva e fiel
realiza uma ª?re sen taçã o descritiva de forma metódic
xos à dem and a em
dos dados obti dos e das circ unst ânci as vividas cone
técnicos: o processo
sua complexidade. Como apre sent ado nos princípios
s desse processo
de avaliação psicológica deve pon dera r que os elemento
(as questões de orde m psicológica) têm consigna
ções políticas, históricas,
; CFP, 2003).
sociais e econômicas (HENRIQUE; ALCHIERI, 2011
info rme o mai or
Na anál ise é espe rado que o profissional de Psicologia
dos com o emp rego
número de elem ento s relacionadas aos resultados obti
dos inst rum ento s.
o CFP, o profissio-
É válido ress alta r que nesse item, como bem orie nta
os info rme s que
nal psicólogo deve rela cion ar os resultados obtidos com
inicial de explicação
compõem a descrição de demanda, em uma forma
o).
da queixa (a final evidencia-se na conclusão do laud
obtidos não deve
Na elaboração da análise, o informe dos resultados
cação dos inst ru-
obrigatoriamente resp eita r a ordem utili zada na apli
o. O critério para
mentos, conforme info rma do nos procedimentos do laud
os relacionados a
construção da aná lise deve resp eita r informes conclusiv
os em um paciente,
dimensões. Por exemplo: se se avaliam dois fenômen
inst rum ento s em
como atenção e mem ória , e foram utilizados qua tro
te C + Teste D, não
uma ordem específica, como Teste A + Teste B + Tes
ordem de aplicação.
necessariamente hav erá resu ltad os respeitando essa
mais significa-
Os dados obtidos na aplicação do Teste D podem ser
Teste A, uma vez
tivos e inti mam ente relacionados aos resultados do
e o Teste A atenção
que o Teste D aval ia aten ção e mem ória de trab alho
strução rela tand o
concentrada. Do mes mo modo, pode-se iniciar a con
ia memória visual,
resultados imp orta ntes obtidos no Teste B, que aval
mem ória tard ia.
e associá-los com os achados do Teste C, que avalia
51

Scanned by CamScanner
Rocks,onCos
aP e~

As po ~ ib il id
ades d e _e la b o ra
. al d e p ic o lo
p ro fi . ., 10
çã ~ a n á li se sã ? d
n g ia a p re c a u ça i~ er sa s, cabendo
cn o n a co m u n 1 c açao des8 es d
m od o a r e º~ ia rd a.r a in te g ri d a . d ll(1
p ru d ê n c ia no m d e do 1ns tr u m.c . a
o m e n to d e re la . n to p si co ló gico be os, d~
c io n a r o s rc su lt
do in d iv id u o . V
am o a o e xe m ad os ao co mp,o rtll1. co
p los. all:\et'rit\
1\lQ
Análise - Caso
clinico 1
A pa rt ir d a apre
ciação dos dado
afirmar que a p ro s obtidos com a
b a n d a a p re se n ta avaliação, é Prud
d e rável déficit a g ra u moderado en
tencional. E m c de ansiedade eco
nico , que foi a q o n tr a p a rt id a , se ~
ueixa desencad u desempenho m
in st ru m e n to BA eadora d a avalia nen s~.
ção, foi satisfató
classificação m o
I, alcançou u m a
pontuação de 26 ri ~~
d e ra d a de ansie p on tos, o que lhe atº·ribl'H
u:
)
ção , observa-se d a d e . N a avaliação do co ·
q u e a p a c ie n te a mponente ate 1
mento. N a a te n p re se n to u u m signif
ç ã o concentrad icativo comprome~
e n a a te n ç ã o a lt a, avaliada pelo ~
e rn a d a , a n a li sa in st ru m e n to TEA
obteve re sp e c ti v d a pelo in st ru m CO-FF
a m e n te , percenti e n to TEALT, a pr
in fe ri o r n o d e se l 20 e 10, o que lh obanda
m p e n h o dos refe e c o nferiu classificação
atenção dividida ridos componen
, m e n s u ra d a pelo tes atencionais.
lh e confere class te st e TEADI, ob Já na
ificação m é d ia teve percentil 20,
e in v e rs a) o b te inferior. No te s 0 que
v e u m p e rc e n ti te dígitos (ordem
in fe ri o r e e n d o l 16, q u e lh e co direta
ss a o comprom nfere classificaçã
m e ti m e n to n a etimento atencio o média
m e m ó ri a de tr a n a l, b e m como comprer
d e se m p e n h o n a b a lh o . E n tr e ta n
m e m ó ri a im e d ia to , apresentou exce
classificação su ta e v is u lente
perior. al, obtendo u m
percentil 80 e

Análise - Caso
clinico 2
O s re s u lt a d o s o
b ti d o s n a avalia
a n si e d a d e , c o n fo ção d e m o n st ra m
rm e a p o n ta d o n considerável grau
o b te v e 2 8 p o n to o in s tr u m e n to B de
s, in d ic a n d o a n AI, em que o pro
s e m p e n h o o b ti d si e d a d e modera bando
o n o in s tr u m e n d a . N a apreciação do de
n o s fa to re s: c o to ESAVI-B, ob -
n c e n tr a ç ã o e p serva-se alto ~es
d e m o n s tr a dific e rs is tê n c ia ; a u d em penho
uldade p a ra li d a á c ia e temendad 0
a c a rr e ta n d o dif r com d e m a n d a s ~, q~e
iculdade p a ra c c o ti dianas por di5traça
u m p ri r ta re fa s, o,
do mesmo modo
que age
52

Scanned by CamScanner
PSI CO Ló
ELABORAÇÃO DE LAUDOS GICOS . UM GUIA D :::8COMJJLICADO

d
ida da me nte a po nto de de sco ns'1 ar as conscquúnciaa de auuH nLmt.
f: ctr
desctlentou ba ixo de sem pe nh o n os .a ores· pl · .
res gnit1v. o qu e sin ali za qu . · an~Jamonto luturc> o cc,n ..
AP 0 o,
co m os efe ito s de se e otp ac1 ent0 não so proocupu do man •in.1
trole e da a os e que age :r • • d
degua na s co ns eq uê nc ias N us ál' pr.oc1püa am
· •
on to, sem
a
sar ta- se a co ns on ân · a an 1se dos d8 d08 0 b tidos no mstrumonto
·
pen,A AT, no
1í1
eia, um a vez". que'. rap res on tou oscoro t~xtrcrno
pdJ "'P> to ra ess ivi da
de
· Os da do s obtidos com o IFP-1.1 o BIS-1, 1 forum
fa gr lt d
alto no aos res u a os ob tid os . · · · I.
8 com os ins tru me nto s ESAVI-13 o EdAA
conexo ·
t ste IFP-II, .o pro ba nd o ati n giu escores ex tre mo s na s su bcscalas:
:No e (ne ces sid ad e de lut ar e r ·a · ·,1u ~ •
são , _ . " evi ar 111 ria), autonomia (tendência
a,gres . sten cia pa ra cu mp rir ordens). No ins tru me nto
a resistir ª co erç ao , res i
o
classifica como indivíduo com a.lt
BIS-11, ob~eve p~n~uação 83, qu e o
0

padrão de 1mpuls1V1dade.

Análise - Caso clinico 3


av ali açã o ge ral do de sem pe nh o do idoso uti liz an do os
Com ba se na re-
me nto s ap lic ad os, é pru de nte afi rm ar qu e o pro ba nd o nã o ap
ins tru
ind íci os de de pre ssã o. Ta l afi rm ati va é fei ta com ba se na
senta sin ais ou ssã o.
do s ins tru me nto s qu e av ali am sin tom as e indícios de de pre
análise
BD I, o ido so alc an ço u esc ore 13, o qu e sin ali za de pre ssã o
No ins tru me nto qu e o
a, me sm a co nd içã o de tec tad a no ins tru me nto EBADEP, em
mínim
ore 62 , ind ica nd o sin tom ato log ia leve de de pre ssã o. Já
idoso ob tev e esc ssã o,
tru me nto GD S-1 5 nã o de tec tou indícios de sin tom as de de pre
o ins
po ntu aç ão alc an çad a foi 4 po nto s. Co rro bo ran do co m os
uma vez qu e a foi
s de sse s ins tru me nto s, o de sem pe nh o do proba nd o no ME EM
achado
po ntu ou ac im a do po nto de co rte , de mo ns tra nd o bo m
satisfatório, po is -
ent o co gn itiv o, da me sm a for ma qu e a an áli se do seu de sem pe
funcionam qu e o
de sin tom as depressivos, um a vez
nho no FC R de nu nc ia a au sên cia
tev e os seg uin tes pe rce nti s e classificações: cópia do de sen ho
probando ob nti l 50 -
eri or) , me mó ria im ed iat a (pe rce
(percentil 80 - cla ssi fic açã o sup
o mé dia ) e ev oc açã o tar dia (pe rce nti l 50 -cl ass ifi ca çã o mé dia ),
classificaçã de .
de mo ns tra de sem pe nh o mn em ôn ico sat isf ató rio pa ra su a ida
o que

53

Scanned by CamScanner
9
CoNctusÃo nos CAsos

A conclusão do laudo psicológico ,


resultado e/ou considerações a respei:oªfeça ~o doc~me~to que expõe o
,. • .1. e SUa investigaçao com base nas
referencts ~ue ª ~ tar.am .ª realização do trabalho. Os resultados obtidos
pela ava iaçao p~ico ogica informam ao solicitante o exame da demanda
em sua complexidade e o processo de avali·aça- · , • d
:.. 1 d t • 0 ps1co1ogica como um to o.
ª
. Vc1.1e es ac~ importânci~ de _propostas e planos de trabalho que apre-
ciem a comple~idade das var1aveis envolvidas ao longo do procedimento.
Após a narrativa conclusiva, o documento é finalizado com informe do
local, data de emissão, assinatura do psicólogo e núm~ro de registro no
CRP (HENRIQUE; ALCHIERI, 2011; CFP, 2003).
Habitualmente , quando leciono sobre laudo psicológico, discuto com os
alunos sobre a seriedade do domínio das teorias e técnicas psicológicas. A
conclusão do laudo requer habilidades que estão condicionadas ao exame
adequado de uma teoria e, mais do que isso, familiaridade com ela. Por
esse motivo, a perícia na elaboração da conclusão sempre será reflexo do
percurso acadêmico satisfatório. Não se pode esperar que um acadêmico
que não domine uma teoria ou aporte teórico desenvolva a conclusão
de um laudo, valendo destacar que sua elaboração está condicionada ao
domínio de uma doutrina científica.
Desde a apreciação da demanda, passando para a escolha de instrumen-
tos específicos, a realização do procedimento de testagem e da avaliação
dos resultados na análise, constatamos que foi necessário o emprego de
uma teoria. Não obstante, na conclusão, esse mesmo conhecimento teórico
será útil para desvelar O objetivo principal do relatório psicológico, que é
esclarecer a queixa ou demanda desencadeadora da ~v~iação ..
O profissional de Psicologia, com base na apreciaçao dos itens ~ue
permitem O desvelar da queixa (observação do comportamento, entrevista
clínica e anamnese) e conciliação desses elementos com os resultados
55

Scanned by CamScanner
r
1
1
Sendo que esse \;t,
· d0 8 11· 1st rum Cllt'º ·A' devo encer rar sua inv "''"t'\f)
obt idos pela a ná hsc_
Át•mmo ncrn
' ~ ·
RCIOP
·t
rc repres en ta a consta tação d '\ p l!ll\<:ttl
·, qu(' n1u.I e.,>ª psic6l ogoH
-
nao consig
.
am vi·"'\
nto1 1.
Oo:
ou transt orno, por maIH . ' · U"'L '"'\11
0

·••ut~~
essa possib.ilidadc no la udo .

•+ -
• figura 6. Conclusão.

A conclusão do laudo é o térmi no da investigação científica e, co


toda investigação científica, basei·a-se h" ~ t . tno
em ipo eses, as quais, em cert
momentos, confirmam-se, e em outros_ n~o. • E'd in epen dentemente de
os
confirmada ou não a hipótese, uma funçao impo rtante deve ser realizad
pelo componente conclusão: indic ar possibilidades ao solicitante. a
Quando se encer ra um laudo psicológico, dev~-s_e ter em mente que
esse documento será lido por outra pessoa que esteJa interessada em obter
um dado conclusivo, mesmo que dados irreto rquív eis não sejam alcança.
dos. Por mais que em algumas situações os dados não sejam conclusivos
indep enden teme nte disso, há um sujeito que busca orientação; deve-s~
elabo rar uma conclusão que perm ita avali ar possibilidades.
Imag ine uma mãe que procu ra uma avaliação psicológica por suspeitar
que seu filho tenha Tran storn o do Deficit de Atenç ão e Hiperatividade
(TDAH) e que, ao térmi no desse proce dime nto, você conclua, com base
em dados empíricos e rigor osa análi se, que a crian ça não apresenta o
trans torno . No laudo, possi velm ente você apon tará os possíveis fatores
respo nsáve is pelo comp ortam ento desaj ustad o da crian ça. Presume-se
ainda , que solici tará que a crian ça seja assis tida por um psicólogo infantil.
Outro dado impo rtant e relac ionad o ao item conclusão é o empregode
refer ência s bibliográficas. Em muito s laudo s psicológicos, é comum ouso
de subsí dios científicos como form a de expli car fenômenos. Entretanto,
muito s profi ssion ais, ao empr egá-l as, não infor mam a obra, artigo ou
estud o que faz tal infer ência . É prud ente utiliz ar dados científicos como

56

Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO DE LAUDOS PSICOLÓGICOS. UM GUIA DESCOMPLICADO

de sustentar uma afirmação e lembrar-se de informar as referências


fol'Jllª carnPº abaixo da conclusão.
erO ll~tem dois elementos que comumente estão atrelados à conclusão:
B~e e encam1n · h amen t o. A s1ntese
, é muito empregada quando se
síotet~fica um transtorno e é preciso atribuir um código da Classificação
11 1
1·de acional das Doenças (CI D-10). Ja, o encaminhamento
· que pode ou
terJlv .,. '
1~ er informado no laudo, e o campo que identifica o nome do profis-
11.ª0 ~ que o solicitante deve buscar após o recebimento do laudo. Pode
s1 ºJ1desde outro psicólogo para realização de psicoterapia até outros pro-
ser. nais da área da saúde, educação etc. Há ainda um item denominado
fiss10 - -
. d. ação ou recomendaçao, que compoe o texto da conclusão, mas pode
1J1 JC
utilizado em campo distinto, como pauta de trabalho elaborado pelo
ser p • • l1
profissional de s1co1ogia. vamos aos exemplos.

conclusão - Caso clinico 1


É muito comum os pacientes informarem que têm comprometimento
de memória quando, na verdade, o deficit está no funcionamento da aten-
ção, conforme observado no deficiente desempenho de sua atenção. Para
consolidação da memória, é necessário que o comportamento atencional
esteja ajustado, pois, quando apresenta comprometimento, impede a con-
solidação de novas informações, o que gera a falsa impressão de memória
prejudicada. Uma vez que seu desempenho mnemônico foi satisfatório. No
caso em questão, a ansiedade demonstra ser fator preponderante para esse
prejuízo no campo atencional e demonstra estar atrelada às preocupações
vividas em seu trabalho. A classificação de ansiedade moderada atribu-
ída pelo instrumento BAI reforça essa afirmação, uma vez que estudos
sugerem que a ansiedade interfira na atenção (MASCELLA et al., 2014;
COSTA; BORUCHOVITCH, 2004). Ainda em relação à ansiedade, é im-
portante salientar que estudos demonstram que mulheres no climatério
são mais suscetíveis à ansiedade (PEREIRA, SCHMITT; BUCHALLA,
2009), do mesmo modo que pesquisas demonstram ser as mulheres as
maiores vítimas da ansiedade (FREEMAN; FREEMAN, 2014).
1, Desse
. modo considera-se necessário o acompanhamento médico e psico-
ogico para a resolução ou atenuação dos comportamentos desadaptados.
Indicações: acompanhamento psicológico
Encaminhamento: médico ginecologista
57

Scanned by CamScanner
■ Rockson cosia Pessoa

R ferências ndo relações e-ntre


e UCHOVI'I1C·H ' E. Compreende · r.
, D · BOR ade de alun os do ensm o iund ame ntaI d estra ~
cosrrA, E: ., 8
. sied
4, 2004. e Catllh ·~\
de 8 pren_d1zagflei~ E_: :~rf tica . v. 17, n. l, p. 15-2 t'I~
. l ,aia· Re ,exao ~ p
. l d,e. ~Sao J L& ~
Psico ob · . FREEMAN, J. Ansie( a au o: PM Edit ,
. ores, 20
FREEMAN, D, 11.
et al. Stre ss, sint oma s de ansi eda de e depressão
V. · Rau lis' ta de P.sico em
· logia v · ·•,uJh
MASC ELLA ' .eça Boletim Academia
h,

b ' . 34, n c,-,!ij


com dor de ca .
· 87, n.
4o7-428, 2014.
W: M. P. et al. Ans ieda de no clim atér io: prev alên c·ia e f:
REIRA . • . nto hu
d esenvol vime
rnan,0ator~~
PE , . cime nto e
. d Revista bras ileir a de cres
associa os. 'V, 19
n. 1, p. 89-97, 2009. 1

conclusão - Caso clínico 2


s à entrevista cl' .
Com base na aná lise dos con teúd os relacionado Inica. e
. t - 'd
das informaçoe 1 as na ana mn ese e na 1n egraçao essas inforni
- s obt'd
ica, é crível afirmar ªÇoes
aos resu ltad os alcançados na avaliação psicológ · consequên que
. e agressiv
· uls1vo . o d o pro ban d o seJa . 0
com por tam ento 1mp c1ado
dro lon a. Pes qui sas dem ons tram que O cons u
uso de ana bol izan te nan
a comportamentos ~rn, rno
de ana bol izan tes está inti mam ent e relacionado -e,i.es.
sivos (BARBOSAetal., 2014; FER RE IRA etal .,
2014; LIMARAMALI-Io
O, 2001), e a impu1:
2013; SOUZA CR IST OFO LIN I et al., 2011; RIBEIR
HA, 2011; PEDROSO
sividade ao abu so des sas sub stân cias (BARQUIL
dro lon a utilizada pe1;
2008). No que com pete ava liar a sub stân cia nan
os achados das pesquisas
probando, algu ns estu dos tam bém confirmam
idade (STROGULSKI
relacionados ao uso de ana bol izan tes e à agressiv '
2013; KALININE, 2011; ANDRADE, 2009).
pac ient e seja avaliado
Dia nte disso, considera-se eme rge ncia l que o
dição clínica e acompa-
por profissional médico par a avaliação de sua con
o nos comportamentos
nha do por profissional psicólogo par a inte rve nçã
de impulsividade e agressividade.
Indicações: aco mpa nha men to psicológico
Enc ami nha men to: médico end ocri nol ogi sta

Referências
tes na ado lesc ênci a: questões
BARBOZA, J. S. et al. Uso de ana boli zan
ence: Biopsychosocial Questions,
biopsicossociais/Use ofAnabolic Age nts in Adolesc
.
Revista Ciências em Saú de, v. 3, n. 4, p. 71-79, 2014
58

Scanned by CamScanner
---
ELAF30RAÇÀO D LAUDOS PSICOLÓGICOS
' . UM GUIA DESCOMPLICADO

,,~ (J rLHA. G. Uma unálise da incidência de efe. .


,~Ah- nunholizant' s {:>raticantes _ itos colate rats em usuários de
de mus . 1açao d ·d d
•..J " º
,., cu
,r()lllv " . .
c~f:<· , ·~ta ]3ras,.l,•u·a de Prescrição e .Fisiolo . ·1O :,a ci a. e de Bauru. RBPFEX
.,. N1·1 •1,• , . . • g1,a e Exerc fcw, v. 3, n. 14, 2011.
, ,f [R.A. L. O. ct al. Efoitos colate ra 1·8 associados ao .
t 'd
"l I◄' (\. 1 ~
t ~
\ d
t·1znutos an r6gen os auto relata d . . uso de es erm es
. os por pratic ante d e museu Iaçao - d
1ho. · .
d . S 'd s o
11111 11u1sctilino. Revis ta Brasi leira de Ciênc ias
~c)'.O ·• ª au e, v. 18, p. 35-42 2014.
s comp ortam entai s neu , . .'
, r tNl'Ng, K dEftito . . . d ·' roquim 1cos e metab ólicos do
J.;. A ·' · . ecano ato e nandr olona em camu nd 2011
tnl t,,-,,111 ,nt,o com ongos, .
BARONI ' E • A• Us 0 m · d.IScrim. . .
!\,..A., RAMALHO, L." A.; mado de esterm des
Lf1v., • .
Dinâm ' t d' • z·
· 1bolizantes
11111 _ andro
gemc
_
os. Arqui vos do Muse · u zco 1n er iscip mar, v.
2013
7. n. 2, p. lt3 16'
Paulo:
LOBO, A. I~ '.e ?t t~. O uso indevido de anabo lizant es na cidade de São
ulll estudo quahtat1vo. Jorna l Brasileiro Psiquiatria,
v. 52, n. 1, p. 25-34, 2003.
rn, v. 98,
pEDROSO, J. L. Ester oides Anab olizan tes e o Sistem a Nervoso. Conce
P· 1-12, 2008.
lizant es e
RIBEIRO, P. C. P. O uso indevido de substâncias: esteroides anabo
energéticos. Adolesc. Latin oam., v. 2, n. 2, p. 97-101, 2001.
antes
SOUZA CRISTOFOLINI, G. et al. O padrã o de conhecimento dos pratic
leira de
de musculação sobre estero ides anabolizantes. RBPF EX - Revista Brasi
Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 2, n. 12, 2001.

Conclusão - Caso clinico 3

Os achados da avaliação psicológica desca rtam quadro de depre ssão


no probando, uma vez que os resul tados são inexpressivos e não suge
rem
gravidade no quad ro de humo r. Sendo mais prude nte considerar leve alte-
de
ração que está mais próx ima de uma classificação normotímica do que
quadro hipotímico. Entre tanto , conforme relatado pelo idoso, a muda nça
de residência tem repre senta do um grand e dilema para o pacie nte e ne-
cessita de acom panh amen to. Diversos estudos apon tam que a muda nça
de residência para os idosos é um fator preditivo para depressão (SILVA
et al., 2014; GALHARDO, MARIOSA; TAKATA. 2010; CUPERTINO et
al., 2006; CARVALHO, FERNANDEZ; PAPALÉO NETTO, 2002).
Por
to
es~e motivo, é prepo ndera nte orientação familiar e acom panh amen
Psicoterápico para o idoso.
Síntese: Ausê ncia de F32
Indicação: Acom panh amen to psico teráp ico
59

Scanned by CamScanner
Rockson cosia Pessoa

Referêndas
e. Fm.·nandcz, M. E.) ("'D.;. Papaléo Nett O
.'At'VH 11llO,. JlA D· F.,ÉO
V.· PAl · ''
NI~Trro ' 'h
M. (Ürg. . :rerontologia. s-ao Pa~VJ., J)
epl'
idoso. n. J).
. Ulo: l\tqes~o
I!iO· 7;1, 2002.
ial ~a infãncj e~l!\i,~
Cupcrtino, A. P. F. ~- ct ai. Estress~ e supo~te soc ·
Pstcol. Re a e ªdo
relacionados com smtomas depressivos em idosos.
3 p. 371-378, ,200 6. \',} ~,a
fiex. Crit.,le3~
.
~, M. A: S.;_ T1\K ATA , J. P. I. D 9, 1
Galhardo, V. A. C.; ~I OS 88 . 0
sociodemográfico e clímcoGde idos os mst1tuc10nalizados sem epre 'fi ª e :.l~
· de Min
·ista Médica · as erai·s, v. 20 , n. 1, p. 16-21, 20I0 . de cit co~:~
Rev 1
em id ti10
Silva, P. C. D. S, D. et ai. Avaliação da depressão
arterial sistémica. Revista da Rede de Enferm
agem do ~sos corn hi
l) en...
ordeste-Ver.1>e11 "QI)
15, n. 1, 2014. '-iene·,v,

60
Scanned by CamScanner
-,

10
MODELOS DE LAUDO

Laudo psicológico - Caso clinico 1

Autor: Rockson Costa Pessoa - CRP 20/03665


Interessada: Beatriz Assunção Venâncio
Idade: 40 anos RG: 134376764-4 Estado civil: Solteira
Escolaridade: Ensino médio completo
Profissão: Auxiliar Administ rativa
Assunto: Avaliação psicológica relacionada à queixa no comportamento
mnemônico

1. Descrição de demanda
No dia 12 de fevereiro de 2015, a paciente B. A. V., 40 anos, solteira
e residente na cidade de Manaus, procurou atendime nto psicológico em
virtude de estar apresenta ndo, nos últimos quatro meses, agravo no
componente mnemônico. No referido atendime nto, observou-se que a
paciente aparenta va estar visivelmente extenuad a e muito desatenta .
Na realização da entrevist a clínica e coleta de itens da anamnese, sendo
considerado o estabelec imento de rapport, alguns dados importan tes fo-
ram verificados. Informou que nos últimos cinco meses tem estado muito
preocupada por conta de problema s relacionados ao campo de trabalho e
que, por mais que não faça uso de medicamentos, apresenta sono reduzido
nesse período. Outro dado que merece destaque é o fato de a probanda
afirmar que sempre apresento u muita ansiedade, a ponto de ter baixo
rendimento nas provas mesmo quando sabia o assunto. No tocante à
sua história pregressa , não foram observados elementos que corroboras-

61

Scanned by CamScanner
r
Rockson Costa Pessoa

~ern n queixa atual, nem há, no histórico familiar ind' .


P.r diss sscm a d.ificuldadc de _memória. Com bas~ n tcios cl{h:
. . essa • •t.1eo
optou-s:. pela escolh~ dos test~s ps1cológ.1cos: Escala Be 8 •n~ºl'ni ª~\i~
de Ansiedade (BAI) .reste Dígitos - WAIS III, Figura C ck . . •n\re a.çCl~a
(FCR) - m '."\nHSr!a visual e imediata, 'I'este de Atenção Di;~_Ple>ta d:¼ti~
Teste d ' Atençao Alternada ('rEALT) e '!'este de Aten _1d1da í'l'Ji:~ºl
(TEACO-FF). Çao Concerit l),
tada
2. Procedimentos
Antes do início da avaliação psicológica que ocorre
- c- • • d b
sessao, 101 averigua o se a pro anda estava apta a sub t
u ern urna ú.ni
. l" .
trumen t os psico ogicos, uma vez que foi considerada
llle er-se aos inca
. , 1 I . . a1· - . - cornpetent s.
real1za- a. nic10u-se_ a av iaçao com aphcaçao do instrumento B e Para
empregados sete minutos para sua execução. Em seguida ~' sendo
teste dígitos, em que foi despendido um tempo de dez min 'tPhcou-se 0
endendo ordem direta e inversa do instrumento) Dando Pu os (compre.
· rosse ·
to, foi empregada a Figura Complexa de Rey (padrão cópia) e gu~lllen.
considerado o tempo limite de três minutos do instrumento 'ª~08 ser
- , . p al. - d . , ap1icou-se
o pad rao memoria. ara a re izaçao esses d01s momentos em FCR .
utilizado um tempo de nove minutos pela probanda. Em seguid e ' foi
. a 1orain
aphcad~s os t~stes TE~I e ~EALT (sendo respeitados os tempos linu.
~es_ de c~nco minutos e ?01s minutos e 30 segundos, respectivamente).
0
ultimo instrumento foi o TEACO-FF, levando 8 minutos para realizar
a tarefa.

3. Análise
Com base na apreciação dos dados obtidos com a avaliação, é prudente
afirmar que a probanda apresenta grau moderado de ansiedade e conside-
rável deficit atencional. Em contrapartida, seu desempenho mnemônico,
que foi a queixa desencadeadora desse processo, foi satisfatório. No ins-
trumento BAI, alcançou pontuação de 26 pontos, o que lhe atribui clas-
sificação moderada de ansiedade. Na avaliação do componente atenção,
observa-se que a paciente apresentou significativo comprometimento. ~a
atenção concentrada, avaliada pelo instrumento TEACO-FF e, na atençao
alternada, pelo instrumento TEALT, a probanda obteve respect·1vamente '
percentil 20 e 10, o que lhe conferiu classificação inferior no desempenho
.
dos referidos componentes atenc1ona1s. . Ja,, na atençao
~ d" ·d·d
IVI 1 a, m.
ensura-~
.b .
da pelo teste TEADI, obteve percentil 20 o que lhe atri m e assi I ficaçao

62

Scanned by CamScanner
o

ELABORAÇÃO DE LAUDOS PSICOLÓGICOS - UM GUIA DESCOMPLICADO

. iriferior. No te ste ~ígito~ (or~e1:° ~iret~ e inversa), obteve percentil


éd1tl lhe confe~e classificaçao media inferior, o que endossa o compro-
111
J6, ~tl:Jlto atenc10nal, bem como o comprometimento na memória de
J11et1J1l Entretanto, apresentou excelente desempenho na memória
tftlbt.1lhº· e visual, obtendo percentil 80 e classificação superior.
iata.
iJlled
co11ciusão . .
1· tlluito comum os pacientes informarem que têm comprometimento
S /ria quando, na verdade, o. deficit está no funcionamento da aten-
etll0
de ll1 forme observado no deficiente desempenho de sua atenção. Para
çé.0, col~ação da memória, é necessário que o comportamento atencional
• d
copSO . 1dequado, p01s, quan o apresenta comprometimento, impede a con-
teJª a · r c , .
es . ão de novas in1ormaçoes, o que gera a 1alsa impressão de memoria
N

soh~ªJicada. Uma vez que seu desempenho mnemônico foi satisfatório.


preJU Oern questão, a ansiedade demonstra ser fator preponderante para
Nº c~ejuízo no campo atencional. A classificação de ansiedade moderada
es~~:u.ída pelo instrumento BAI reforça essa afirmação, uma vez que es-
at~os sugerem que a ansiedade interfere na atenção (MASCELLA et al.,
tu 14. COSTA; BORUCHOVITCH, 2004). Ainda em relação à ansiedade, é
2º'
. ortante salientar que estudos demonstram que mulheres no elimat'eno .
~prnais suscetíveis à ansiedade (PEREIRA, SCHMITT; BUCHALLA,
sao
que pesquisas demonstram ser as mulheres as
2009), do mesmo modo_
maiores vítimas da ansiedade (FREEMAN; FREEMAN, 2014).
Por esse motivo, considera-se necessário o acompanhamento médico e psi-
cológico para a resolução ou atenuação dos comportamentos desadaptados.

Indicação: acompanhamento psicológico

Encaminhamento: médico ginecologista

Referências
COSTA, E. D.; BORUCHOVITCH, E. Compreendendo relações entre estratégias
de aprendizagem e a ansiedade de alunos do ensino fundamental de Campinas.
Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 17, n. 1, p. 15-24, 2004.
FREEMAN, D; FREEMAN, J.Ansiedade. São Paulo: L&PM Editores, 2014.
MAsCELLA, V et al. Stress, sintomas de ansiedade e depressão em mulheres
:~rn dor de cabeça. Boletim Academia Paulista de Psicologia, v. 34, n. 87, p.
7-428, 2014.

63

Scanned by CamScanner
r Rockson Costa Pessoa
1

PEREIRA, W M. P. et al. Ansiedade no climatério: prevalê .


associados. Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento ~eia e fato
n. 1, p. 89-97, 2009. Utnano, \t re~
. 19
1

Manaus, 17 de fevereiro de 2015

Rockson Costa Pessoa


Psicólogo - CRP 20 / 0376789

Laudo psicológico - Caso clinico 2

Autor: Rockson Costa Pessoa - CRP 20/03665


Interessado: Rubem Francoso Gusmão
Idade: 22 anos RG: 8232323-0 Estado civil: Solteiro
Escolaridade: Ensino superior incompleto
Ocupação: Estudante
Assunto: Avaliação psicológica relacionada à investigação de compor-
tamento impulsividade

1. Descrição de demanda
No dia 8 março de 2014, o paciente R. F. G, 22 anos, solteiro e residente
na cidade de Manaus, procurou atendimento psicológico em virtude de
estar apresentando, nos últimos três meses, comportamento impulsivo
e que, por conta disso, tem comportamentos agressivos e irritadiços.
No atendimento, observou-se que o paciente estava excessivamente
ansioso, de tal modo que, no decorrer da sessão, fez uso de repertórios
comportamentais que denunciavam sua ansiedade, tais como: tambo-
rilar dos dedos, mexer braços e balançar as pernas de modo constante.
Na realização da entrevista clínica e coleta de itens da anamnese, sen-
do considerado estabelecimento de rapport, alguns dados importantes
foram verificados. Informou que, nas sete últimas semanas, fez uso do
anabolizante nandralona, com posologia de 200 mg por semana sem
orientação médica. d
Referente à apreciação de sua história pregressa, não foram observa os
dados sugestivos para esclarecer o comportamento desadaptado. Entre·
tanto no que compete à análise do histórico familiar, é válido informar que
' . a· , t· d Transtorno
o avô materno do referido paciente apresenta 1agnos 1co e
64

Scanned by CamScanner
o

ELABORA ÇÃO DE LAUDOS PSICOLÓ GICOS - UM GUIA DESCOM PLICADO

. ]3ipolar (F31) há cinco anos e um tio, por parte de pai, histórico de


Afct,tV~ álcool. Considerados os dados, optou-se pela escolha dos testes
11 bt1
50
\os: Invent ário de Ansiedade Beck (BAI), Escala de Avaliação
016
psic ~sividade (ESAVI-B), Escala Barret t de Impulsividade (BIS-11) e
111
dCI ~~rio Fatorial de Personalidade (IFP-11) e Escala de Autenticidade,
roven ~vidade e Inibição (EdAAI).
j\gress1
proce dimen tos
; avaliação em questão ocorreu em uma única sessão, sendo observada
.d~ 0 do probando para sua realização. Após se consta r compe tente

P:
apti :er avaliada, a aplicação de instrum ento iniciou com o emprego do
sendo despendido cinco minuto s para sua realização. O próximo foi
13 ESAVI-B, sendo utilizado pelo probando tempo de nove minuto s. Em
ida foi aplicado o BIS-11, onde o tempo gasto foi de seis minuto s, e,
0

se~equência, o instru mento EdAAI, sendo despendido pelo proban do o


~:rnpo de 20 minuto s para sua realiza~ão. O último foi o IFP-II, sendo
utilizado pelo proban do tempo de 12 minutos.

3. Análise
Os resultados obtidos na avaliação demon stram considerável grau
de ansiedade, conforme apontado no instrum ento BAI, em que o pro-
bando obteve 28 pontos, indicando ansiedade moderada. Na apreci ação
do desempenho obtido no ESAVI-B, observa-se alto desem penho nos
fatores: concentração e persistência, audácia e temeri dade, o que de-
monstra dificuldade para lidar com demandas cotidianas por distraç ão,
acarretando dificuldade para cumpr ir tarefas, do mesmo modo que age
descuidadamente, a ponto de desconsiderar as consequências de seus
atos. Apresentou baixo desempenho nos fatores: planej ament o futuro
e controle cognitivo, o que sinaliza que ele não se preocupa de manei ra
adequada com os efeitos de seus atos e que age de manei ra precip itada
sem pensar nas consequências. Na análise dos dados obtidos no instru -
mento Ed.AAI, observa-se consonância, uma vez que aprese ntou escore
extremo alto no fator agressividade. Os dados obtidos com IFP-11 e BIS-11
foram conexos aos resulta dos dos instrum entos ESAVI-B e EdAAI. No
teste IFP-11, o probando atingiu escores extremos nas subescalas: agressão
~necessidade de lutar e revida r injúria) e autono mia (tendência a resisti r
\coerção, resistência para cumpr ir ordens). No instru mento BIS-11,
? teve pontuação 83, o que classifica como indivíduo com alto padrão de
nnpulsividade.
65

Scanned by CamScanner
4.. ,Oll\: luStttl
{ m b.,~, n \ nnn~i~ do~ c~Hlt.tH'uio. ,. 1~l'ionndo, 1\ <"1ttr•
ln, inform \~'Íll'~ 1ih_t ui v n , nn unrn, 11 _1'. mt.1.~rn~ H dl'R ~ ~ l ~
1

'h-....~ t't'~ult ui ~ )bt.,do~ m, u, 1lu,çHo p. t(ol > 1, ,, e .,. . , 1 ~nlor~


lmport un , ntn 1mpul:1Yo " l r \ , i o rln proh u, fo ~ .1 Uftrn, r &
4
J , 1
o orn1. I't ' ~qu ,sn.
. 'I ~ cor
d tt~( ic, nnnb h• .nnh t .1Rottt1q~. .
.
m11u,1 domonH
• . .
i anal lli .nuh'~ <'~t \ mt,mnmPntt1 l'P 1n ·101u,rlo . r1,rn . ~ .
no 8 . . rn ql1
0 0
a\ 1-r,~~i\' )~ ~H \HH )s \ l'(. nl.. 01 ·1: l•'li~ltHblHA ot nl., icn!~>rtaflt l1
1

l \.LHO.· 01:1: ~ ll 'l Clll 'l'Ol•'OLl~l ct. ai., 2011· HJB~a' LIMA 11 (
imf ukiv idnde l HbUSl dl'"~tts ~u b~t fm ·tn~ (BARQ UJLHA 20 Ro, 2001 ·
. n su b1.ctun ~ . 11·' ~l'tl. 1·
~ 008 . No qu, ~,mp t<' ova 1uu· ·1n nHndrolona' t·i·
prc b indo. al,~1m~ t'studos tnmb m onfirmam os achados da u 'lzad··a ,
1
1 lncionuda ~ ao n~o d' anaboliiRntcs e à agr :is ividade (STR~Pesqui
:..013: KALININE, 2011; ANDRADE 2009). Diante disso e G~ts~I
·a1
111 ro · nci que o paCl. ·'nte seJa . 1· d
ava 1a o por profissional, Inéd' ons1de,. ,
{a. l

avaliação de sua ondição línica e acompanhado por profissional te? Para


. - nos cmnpor t run ll t os d .
para 1nten nçao e 1mpu ISlVI . .dade e agresPstcó}l'lrl..
.. v5u
s1v1dade.
Indicação: acon1panhrunento psicológico
Encaminhamento: médico endocrinologista

Referências
BARBO ZA, J. S. et al. Uso de anaboli zantes na adolescência: quest"
biopsicossociais. Revista Ciências em Saúde, v. 3, n. 4, p. 71-79, 2014. oes
BARQUILHA, G. Uma análise da incidênc ia de efeitos colaterais em usuários d
esteroid es anaboliz antes pratican tes de musculação da cidade de Bauru. RBPF~
- Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 3, n. 14, 2011.
FERREI RA, L. O. et al. Efeitos Colatera is associados ao uso de Esteroides
Anaboli zantes Andróge nos Auto Relatado s por Pratican tes de Musculação do
sexo Masculino. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, v. 18, p. 35-42, 2014.
KALINI NE, E. Efeitos compor tamenta is, neuroqu ímicos e metabólicos do
tratame nto com decanoa to de nandrol ona em camundongos. Tese de mestrado.
Univers idade Federal do Rio Grande do Sul, 2011.
LIMA RAMALHO, L. A.; BARONI, E. A. Uso indiscrim inado de esteroides
anaboliz antes androgênicos. Arquivos do Museu Dinâmico Interdisciplinar, v.
7, n. 2, p. 13-16, 2013.
LOBO, A. P. T. et al. O uso indevido de anaboliz antes na cidade de São Paulo: um
estudo qualitativo. Jornal Brasieiro de Psiquiatria, v. 52, n. 1, p. 25-34, 2oo3. ,

66

Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO DE LAUDOS PSICOLÓGICOS
- UM GUIA DESCOMPLICADO

J. L. Esteroides anabolizantes e .
r~ºJ."a Osº ,
2008.
o sistema
nervoso. Concern, V. 98,
1~12,
p· O P. C. P. O uso indevido de substân 1. . .
arJ3B I~ ' Adolesc. Latinoam. v. 2 n 2 p c ª · estermdes anabolizantes e
8
J~ 'tJC 0 5 . , ' . ' · 97
' - 10 1 2001
erge _ ' ·
efl C et al. O padrao de conhecimento dos .
soúZ~d s. anabolizantes. RBPFEX- Revista B. pr~t~candtes de musculação sobre
teroI e: . 2 n 12 2011 , rasi eira e Prescrição e Fisiologia
es oxercicW, v. ' . , .
do P
!\fanaus, 13 de março de 2014

son Costa Pessoa


Roek
. o'logo - CRP 20 / 0376789
p51C

Laudo psicológico - Caso clínico 3

Autor: Rockson Costa Pessoa - CRP 20/03665


Interessado: Firmino de Paes Freitas
Idade: 74 anos RG: 21293239-5 Estado civil: Viúvo
Escolaridade: Ensino fundamental completo
Ocupação:Aposentado
Assunto: Investigação psicológica relacionada à suspeita de depressão

1. Descrição de demanda
Em 23 de junho de 2014, o paciente F. P. F., 74 anos, viúvo, aposentado
e residente na cidade de Manaus, foi encaminhado por profissional neu-
ropsicólogo em continuidade da avaliação multidisciplinar, em razão de
um sugestivo quadro de depressão. Foi realizada entrevista com o referido
idoso e escuta de seu filho, o qual procurou, inicialmente, atendimento
com médico geriatra. Quanto ao que importa pontuar sobre o comporta-
mento do idoso, observou-se que ele demonstrou incômodo por estar em
novo atendimento, uma vez que considerava estar bem de saúde, e sutil
desatenção. No tocante à realização da entrevista clínica e anamnese,
sendo observado o rapport, alguns dados merecem destaque. Verbalizou
que desde quando passou a residir com seu filho há cerca de um ano,
perdeu o sentido da vida e que sentia falta de seu sítio. Conforme informe
do filho do idoso, o paciente não faz uso de medicamentos e apresenta
~mbotamento afetivo há cerca de quatro meses, perda de apetite e dificul-
ade Para efetivar o sono noturno. Na análise da história pregressa, não
67

Scanned by CamScanner
hn d11dP1 11, p,, nt 1- l u, H P plicn r n nIte rn••fl
l't\" t,, ti ·, 1 h
' 1, ., e e un
1
f '""" ' IH t.t,H' ( 0 tlt t,l'HIH t,n, l\() })Hi qui, t.ri 'OH ( 11CUrolór,lor, nen-. L
'li r\á
. 1
b coR. Co ,~~
"' t ,~ in lrn mu~n, t, npto11 H pt ln Pl•H'nlhu doi; 8 .
1

Minl l~~Nl\l Ht dn K,t.udo Mt nt.nl (Ml•~li!M) f1'ju•11r cºM'lllntoR instru,'n''fltlt l't\h !


r-, ll ,Ofllpl d
m 1\\( 1·1u, LnuL ,n,u,Hntn l , vo,·u~ o t.urdin l
. 1 1
. ~a oH'Y (F <l ·:
D
d, Ht l'I \, rd,o 11 (Hl),I li), 11:Hculu BntiHta d \ nvontár10 d' Dc!p ttti
, 'dopr liHâo(t,,ll
l ..J 1) (' · , . rottij·
,
1•,. ,~n u ut t prc t. HI o ~, ru t.1·tt·n vurHuo rod ui.1 , i:, l\l)Fh ªri
a (GDS-1 r: .u).
r-.AJ

~. l'rot1 t dinu ntos


A m nlinçOt> pHi(•olc g.i.cn loi l'onliiuda om u ·. ·
. . , . ,• .J l . . . m umco atendirn
l ll~ , ~ l H\H H.\un, 10UVP rustr010 p,u·a avaliar a aptidão do entoe, ant

t)h t.,v ln u qnul ·on!!lt.otou qu, oi , estava aP't o. 0 1antedis ~robanct0 P 1

. 1· . . .. .. ara
n n n H\t.;t o l~om aphcuçuo do FCR (cópia do dcsen , h so, iniciou.
. (' , .. . . . o). Apó se
m.t1101 nt1 \s mmutos o·orrouacvocaçãoi med'•t d suniternPo
f~ ,J ':, ,. ia a o teste p
<u, , turr• us <10 1◄ R o probando fez uso de dezmmut
J
, . · ara du~n
. d M ~' . os. Nase .. ~
up ll " i o o h l◄ M, s \ndo de pendido por nove m.mu, tos para resp quenc1a, foi
~
'E' 'd r . . . 0 nde.Jo.
~m s )·m tl J.OJ ut1hzuda a EBAO:EP-A, com tempo de 13 .
min itos d;) .flvuliaçio, solicitou-se que o paciente de,senhasse mmut~s. Após ao
mais
o \stímulo do FCR ( ·'vocação tardia). , e depo1·s .f.'ez se 1· tuna vez
' i, - . a ap icação d B
O
-11 com uso de 9 minutos pelo probando. o último instrumento aphcad . DJ.
, . G I) 15
101 o . 1. .. • • , cm que foi despendido um tempo de 10 minut l . 0
os pe o idoso.
3. Análise
Com base na avaliaçã o geral do desempenho do idoso utilizando os
. . d
instrum entos ap11ca .os, é prudente afirmar que o probando não are-
senta sinais ou indícios de depressão. Tal afirmativa é feita com bas! na
análise dos instrumentos que avaliam sintomas e indícios de depressão.
No instrumento BDI, o idoso alcançou escore 13, o que sinaliza depressão
mínima, mesma condição detectada no instrumento EBADEP, com esco-
re 62, o que indica sintomatologia leve de depressão. Já o instrumento
GDS-15 não detectou indícios de sintomas de depressão, uma vez que a
pontuação alcançada foi de 4 pontos. Corroborando com os achados de~s
instrumentos, o desempenho do probando no MEEM foi satisfatório, pois nto
.r, •
pontuou acima do seu ponto de corte, demonstrando bom 1unc10narne
cognitivo já o FCR revela ausência de sintomas depressivos, uma vez que
, . . 1 , 'fi - . cópia do desenho
o paciente, obteve os segmntes percentis e e ass11caçoes. ta (percentil. 50_
. , · · d·18
(percentil 80 - classificação super10r), memoria 1me _ 'di)
. açao
class1fic
- a· (
, . e evocaçao tar 1a percen 1
. media) t'l 50-classificaçao me
.d d
a.
· "' t , · para sua 1 e.8
Isso demonstra desempenho mnemônico sat1s1 a orio
68

Scanned by CamScanner
Ps1
ELABORAÇÃO DE LA Uo os COLóG1cos -W-AG
UIADEscoM
PLICADO
,.,
co nc lu sa o
4· ha dos da ava1·iaçao ~ psicoló .
ac g1ca dcsc t
os·obando, um a vez que os resultad ~ _ar am quadro d\e dopressão
os sao tn ".'
p1·dade no se u quadro de humor Sen do rn ·expressivos e nao sugerem
110 . · ·•
•8v1 · ,.
ta ma is pr óx im a da cla ssific:•,~ prudente considerar leve
g\eração qu~ e~ nr. çao normotímica do que de
co . En tre ta nt o co
til dI.0 hipotim1 ' .LOrme relat ado pelo idoso a mudan
a o gr an de d'I a p . ça
qtt i'dência tem re pr es en tad l em . '
isso ele
deres versos est d rua o paciente, por
essita de ac om pa nh am en to . Di _os apontam que a mudanç·a
ido so s é um fat or d~
11ec sidência pa ra os pre itivo P depressão. (SILVA
de re
l 2014; GALHARDO, MARIO
SA· KAT ara
rI'A
201 0; CUPER'rINO et
AL HO , FE RN AN DE z'. p1A p1, \ T ~-
et ª2'0' 06· CARV nLEQ NETTO, 2002). ~esse
al ~do é pr ' ep on de ra nt e orientação fam' ilil"lar e
so . acompanhamento ps1cote-
JJ~ . pa ra o ido
rap1co

Síntese: Au sê nc ia de F3 2
psicoterápico
Indicação: Ac om pa nh am en to

Referências
D. F. C.;,. FERN AN DE Z, M. E. D.; PAPALÉO NETTO, M.
CARVALHO, _V. rg.). Gerontologia. São Paulo: Atheneu,
so. Pa pa leo Netto M. (O
Depressão no ido
p. 160-173, 2002.
P. F. B. et al. Es tre sse e sup orte social na infância e adolescência
CUPERTINO, A. em idosos. Psicol. Refl,ex. Crit, v. 19, n.
m sin tom as depre ssi vo s
relacionados co
3, p. 371-378, 2006.
, V. A. C., MA RI OS A; M. A. S.; TAKATA, J. P. I. Depressão e perfis
GALHARDO titu cionalizados sem deficit cognitivo.
co e clí nic o de ido sos ins
sociodemográfi
v. 20, n. 1, p. 16-21, 2010.
Revista Médica de Minas Gerais,
D. S. D. et al. Av aliaçã o da de pressão em idosos com hipertensão
SILVA, P. C. , v.
ica . Re vis ta da Re de de En fermagem do Nordeste-Rev. Rene.
arterial sistêm
15, n. 1, 2014.

Manaus, 28 de ju nh o de 2014
Rockson Costa Pessoa
Psicólogo - CRP 20 / 0376789
d en c erra-se a primeira fase
e0 ncretizada a construção do s lau os,
ter ial izada em docu~~nto qu e
lat ór io psicológ ico , ma e re-
relacionada ao re ) prognostico
contempla ite ns como: diagnós
tic o (q ua n d h ou °ve r'

69

Scanned by CamScanner
Rockson Costa Pessoa

comendações terapêut icas adequad as ao caso. Ressaltando q


ele é mal elaborado, pode prejudic ar o paciente, em vez d~e, q~~l'ld()
(ARAÚJO, 2007). aux1há. 10
A formação em Psicologia deve propiciar ao psicólogo co h .
sólido nas áreas em que pretende atuar e na elaboração de dn ec1niento
. , .cos. Portanto
psicologi - do 1audo deve ocurnent
, a construç ao subsidiar be . . os
· d d fi d 1
minimiz ar a os, can o e aro que ava1·iaçao - imprecis
· a causa nefíc1os
d e
· · C b fi . 1 ·d
solicitan te. a e ao pro ss10na consi erar os recursos de det anos . ao
·1· d
grupo, visando f:aci itar o esenvo1vimento
· errninad0
e o bem-esta r do paciente
convive nesse contexto (BORSA et al., 2013; HUTZ, 2009). que

Scanned by CamScanner
11
OLUTIVA E
ASPECTOS ÉTICOS, DEV
GUARDA DO LAUDO

e de m ai s do cu m en to s deve ser centrada no


A construção de laudos al va de ve ser constante em todo
o
ve z qu e su a re ss
respeito à ética, um a .
no documento psicológico
processo que culminará m po ps icológico tem sido gigan-
ad a à ét ic a no ca
A discussão relacion va s de m an das sociais e vultosos
asil, da do qu e no
tesca e não apenas no Br ad o o su rgimento de conjunturas
e,
ia tê m de te rm in
progressos na Psicolog s co nf ig ur aç õe s de atuação (HUTZ,
ção de no va
consequentemente, avalia
2009).
fa ze r do pr of iss io na l ps icólogo, não obstante a
A ética es tá atrelada ao nt a do sofrimento humano
e que
qu e ta l pr át ic a dê co
isso, ambiciona-se ár io qu e o profissional de Psicologia
ta l, é ne ce ss
constitua sentidos. Para se r co nt ín ua , pa utada pela instru-
ação de ve
compreenda que sua form be le ce r re lação com o outro (NETO
;
ad a pa ra es ta
mentalização e habilit
2004).
PENNA, 2006; DUTRA, o Fe deral de Psicologia, que ap
rova o
01 0/05 , do Co ns elh
A Resolução n. go , co nf orme seu artigo 1ne alínea
,
io na l do Ps icó lo
Código de Ética Profiss on sa bilidades do psicólogo:
com um a da s re sp
que determinam tra ba lh o
de
rv iço s psico lóg ico s de qualidade , em condições
c) Pr es ta r se ,
tu re za de sse s se rv iço s, ut ili za nd o princípios
na
dignas e ap ro pr iad as à am ente fu nd am en tad os na
ciência
nic as rec on he cid
conhecimentos e téc , p. 8).
éti ca e na leg isl aç ão profissional (CFP, 2005
psicológica, na

ação de do cum en tos de ve ponderar sobre a ética,


Não apenas a elabor l m od o que ele personifica a ética
icó lo go de ta
mas sim todo fazer do ps ns qu e se alinham à ética no campo
tro s ite
em si mesmo. Existem ou vi st a devolutiva, que cumpri pa
pel
um de les a en tre
psicológico, sendo
psicológico.
significativo para o laudo
71

Scanned by CamScanner
Rockson CnslA Po ROA

A ent rc~ist~1 dev_olutiv_a é utili_iud,1. para comunicar resultados obt'


com a avahaçao ps1cológ1ca aos mt -'1. cssados pelo processo por . .1do~
•- . . ' rne1
dcvolutiva verbal ou pelo subHíd10 de um documento psicológico (BO de
SA et al ., 2013; NUNES et al ., 20: 2; NOR?NHA et ai., 2010; Alti\úO!t.
2007). Com ressalvas quanto aos ditames d.1spostos pelo Conselho F1 JO,
de Psicologia, que, por sua Resolução de n. 01/2002, que Regula odera1
Avaliação Psicológica em Concurso I),ubl'1co e processos seletivos
. darnenta.a
,
natureza, con f·orme · 6o e seus d01s
seu artigo ' i' salient lllesrna
· paragraios,
ª que:
A publicação do resultado da avaliação psicológica será feita
de relação nominal, constando os candidatos indicados. § 1u!~r ~~io
sobre os resultados obtidos na avaliação psicológica deverá ser sigi}~
do pelo psicólogo, na forma prevista pelo código de ética da cat1ªº~1-
profissional. § 2Q.- Será facultado ao candidato, e somente egoria
conhecer o resultado da avaliação por meio de entrevista dev: e~te,
(CFP, 2002, p. 2). utiva

Atualmente há razoável consenso de que os indivíduos têm o direito d


conhecer o~ resultados de suas avaliações, sendo esse direito assistido ne
Código de Etica da American Psychological Association (APA), que orien~
sobre a garantia ao indivíduo de ter acesso irrestrito a seu prontuário e
a todo os resultados de avaliações psicológicas, independentemente d
sua qualificação (HUTZ, 2009). e
A devolução da avaliação aos solicitantes propicia que os avaliadores
ratifiquem os achados do processo avaliativo e levantem novas informa-
ções pertinentes (BORSA et al., 2013). Na máxima de que o processo
avaliativo se dá em um contínuo.
A devolutiva não consiste apenas na comunicação de achados de uma
avaliação psicológica ou sugerir encaminhamentos - em geral para acom-
panhamento psicológico-, mas também no encerramento de um percurso
técnico-científico, que propicia ao solicitante o benefício de conhecer os
resultados relacionados à sua queixa. Devendo se ater em informar apenas
o necessário ao solicitado (LIMA et al., 2012; OLIVEIRA; SANTOS, 2006).
O informe da devolutiva consiste em planejamento, de modo a tornar
mínimo o risco de falhas na divulgação dos resultados, que deve ser fei-
ta de forma competente, sem extrapolar ou generalizar indevidamente
(HUTZ, 2009).
Geralmente a entrevista devolutiva decorrente da investigação psico~
lógica, que pod~ ser entendida como processo especializado de coleta de
dados por meio de estratégias psicológicas, tais como métodos, técnicas e
72

Scanned by CamScanner
ELABORAÇÃO D LAUDO P 'ICO Ó IC • UM ~IJIA UI }'lt' )Ml'l 1] AI O

.. rnentos para realizar infórm , H rosp .ito d nuõ11H nos pt!!i<·olt1 i<·oM
i~s_t\~dos pela avaliação psicológica (P~')LLIN~!; SÁ l ,MMl•i 2011 ).
lll'1; devolutiva a~eq~ada é aquela que incido na opurucioMli~aç o <lo
la convergência s1m~~tânea: por um lado a domand11 llPl't ·iud'.1 .' m
düP~ do informe do sohc1tantc \ por outro, a 8Ubjotividudt do HL\J01to,
~ª 0
r9 or 8ua angústia, seja pela proh ibilidudo d< tomada do conaciêmcia
se: ~udanç~ (AZOULAY, 2012): . • . . . . . .
e f. devolutiva certamente terá 1mphcaçoes na tro_10Vmu do v1do do in·
'duo portanto deve garantir ..}hc o direito de conlwcor os resultados do
diVl ' . . .
•[ll!l completa, mas sem desconsiderar que deve ser realizada de modo
foi mover o crescimento do indivíduo, e não o contrário (BOH A ot t1l.,
apr0 ll.. ,
; pELLINE; SA LEME, 2011).
2013 Aentrevista devolutiva propicia a avaliação do trabalho de compre-
nsão do paciente até então realizado. Vale ressaltar que os resultados
:a avaliação devem levar o indivíduo a apropriar .. se de seu percurso e
conectar-se à sua perspectiva de futuro (BO RSA et ai., 2013; OLIVEIRA;
sANTOS, 2006).
A devolutiva marca a evolução de um percurso estabelecido pelo pro ..
fissional de Psicologia e o solicitante, que se inicia pelo receio de falar
sobre si mesmo a alguém estranho e que se finaliza com momentos de
maior proximidade psíquica, os quais oportunizavam confidências, alívio
e reflexão.
ofinal da devolutiva compreende uma série de sentimentos por parte
do indivíduo. Esse processo geralmente encerrava-se com lamento, ex-
pressão inusitada e manifestação afetiva (OLIVEIRA; SANTOS, 2006).
Seguramente estamos hoje em condição melhor do que estávamos no
final do século XX, porém ainda são nítidos os problemas e desafios que
devem ser enfrentados, em especial quanto à formação de psicólogos. No
tocante às devolutivas, que se configuram como direito dos solicitantes e
elemento indissociável da avaliação, muitas vezes, elas mais atrapalham
do que fortalecem o indivíduo (BORSA et al., 2013; HUTZ, 2009).
Um último aspecto que deve ser considerado como elemento pertinen-
te do laudo psicológico é a sua guarda pelo profissional que o elabora.
Entretanto, pesquisas apontam problemas relacionados à guarda de
documentos psicológicos (HENRIQUE; ALCHIERI, 2011).
Dificuldades relacionadas à guarda dos documentos psicológicos devem
ser evitadas, uma vez que sua elaboração é responsabilidade do psicólogo
e/?U da instituição em que foi realizada a avaliação psicológica (PELLINI;
SA LEME, 2011).
73

Scanned by CamScanner
Rockson Costa Pessoa

A Resolução n. 007/2003, do Conselho Federal de Psico lo .


titui O Manual de Elaboração de Docum entos Escritos p g'la, qu 8 .
. l ' . e que revogroduz~1.d0 pll)a -
psicólogo, decorrentes de avaliação ps1co ogica 8
11
CFP 17/2002, adverte em seu artigo 2Q e inciso VI, quanto~ a:ResoJuç~
documentos e condições de prega que: a guarda r1 °
\lQ8

Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicol' .


todo o material que os fundamentou, deverão ser guar:~ca, heni ~
mínimo de 5 anos, observando-s e a responsabilidade p ª os Pelo Pra!))º
. . . _ or eles t 20
psicólogo quanto da mstitmçao em que ocorreu a avaliação . anto do
Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em 1 1_Psicológica
minação judicial, ou ainda em casos específicos em que 8eJa~ ' Por deter~
- . nece8
a manutençao da guarda por maior tempo. Em caso de exti _ Sária
viço psicológico, o destino dos documentos deverá seguir as nç~o de ser.
, orienta .
definidas no Código de Etica do Psicólogo (CPF, 2003, p. ll). Çoes

Diante dos fatos aqui expostos relacionados à ética, devolut'


guarda do laudo psicológico, é oportuno considerar que, quando ho:ª e
melhor formação de psicólogos, bem como o desenvolvimento de m,:er
dos e técnicas psicológicas adequadas ao nosso contexto, alcançare~ o.
a prática psicológica técnico-científica, ética e humana (NUNES et ~:
2012; NORONHA et al., 2010; PORTO; REPPOLD, 2010; PRIMI, 20IO·
'
HUTZ, 2009).

74

Scanned by CamScanner
CoNSIDERAçõns

rt Ção em P
sicologia, em sua
~ fo .llª de teori• ., · ,
s muit as atrib •,~
, d·
a s, praticas e tecn1.c
r> 'r il º
d0t1 · as psico\ó ln
Ulç
cu
oc s, eve garantt.r
11 põ
0 . co11l e um atributo
• · N
1nd1spensável pa O'- 8. CHBC campo
critll b ração de . ra O exercíc' . ,a
0 laudos ps1colo,gic .
10 c1en
, '""
es r,., ela_ boa fo os, como observad 1i111co.
rmação do profiss o ao longo des te
ional em Psicolog
dll l ' eiidoge 'nio e afinid
.íl ia, S endo hábito de
:, ·tui·~, l111 básic ade com teorias
,. p sico lógicas e prática da escrita
\el nto os p a ra a atuaça
e\el'lle s a éti . o coerente.
ca permeia toda
05 f,fíl síntes:
~ a entrevista a a construção de u
té m laudo, e sua ela-
raçá , des . •tante.
0 a e n treg a d o documento, pode
bº d o so1 P o rt a n to , qu e a ética seja elem impactar
Jda ic 1
ento primordial na
9- ção dos fu turos psicólogos, não apena d ' . 1·
foritl~ cl de a s uma 1s c1p ma, mas si.
gir. m
ull1 tl lº o

75
Scanned by CamScanner
Sim, às vezes naufraga -se pelo
caminho, mas, se tal me viesse a
acontecer, deverias escrever nos
anais do porto que o ponto a que
cheguei foi esse,
Queres dizer que chegar, sempre
se chega,
Não serias quem és se não o
soubesses já.

José Saramago (O conto da ilha escondida, 1997)

Scanned by CamScanner

You might also like