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EIPARA CCONHECER ‘igo da rgogem “line Galle Mara Cte Fg Soe Fonte Fong do Paramus Basico Teal Cisne See Vat Gong Narr Ginian LezcnVoe Moriogia ‘Marie Citine Foie iv Alans Bhat de Mere, oma ng (Cr Ale Fy An Marie Ziles ‘semintca “Ane Quai Gomare Laine Senches Mend sina Ean Keed Gabe de Ala Ocere Soctlnguitea fn Leah Colo, dai Maris Gini, Cisne Mai Nd Soe ¢ Gilera Hei May dear de eps Rena Miguel Bao Inte Lehal Cosh 6: Probie epee ror ou pac em qualquer iis semantoino ec d ore (Oriani ena de ‘Eder ala eons pl canted. (Or Aor enka of ems ple ui pone, saeincoe x operabinn perio ‘Coste maze ailoge ema « Uinas hnpmantaem wedi Eduardo Kenedy Gabriel de Avila Othero PARA CONHECER intaxe @ editoracontexto g APRESENTAGAO ‘A Sintaxe & a rea da Linguistica que investiga como as palavras si0 ‘organizadas de modo a formar frases em uma Kingua natural, como, por ‘exemplo, o portugués, a Libras, o karajé, 0 espanhol ou o inglés. Por isso, ccostumamos dizer que o dominio minimo da andlise de um sintaticista é limitado pela palavra investigar 0 comportamento de elementos menores do que um iter lexical é tarefa de um morfélogo ou de um fondlogo (acer- ca dos componentes da gramética diferentes da sintaxe, veja os demais livros da colegio “Para Conhecer”, como, por exemplo, Para conhecer ‘fonética e fonologia, Para conkecer morfologia e Para conhecer seménti- ‘ed). Por sua vez, 0 dominio maximo de investigagio em Sintaxe costuma sera frase, muito embora existam sintatcistas que estudern também as te- lagBes entre frases, conforme mostraremos nos capitulos finais deste liv. ‘De qualquer maneira, conhecer sintaxe é, em geral, pesquisar fendmenos gramaticais que acontecem nos li Quando falamos ou escrevemos,utiizamos as palavras de nossa lin- gua para organizarmos nossas ideias em sequéncias sonoras ou escritas, estruturadas ¢ ordenadas. Néo promtunciamos nem escrevemos palavras de ‘maneira aleatéria na cadeia de fala ou de escrita. Com efeito, @articulago, entre palavras muma frase é controlada por regras e prinefpios basicos de ordenagiio ¢ de concordincia. Por exemplo, uma sequéncia arbitréria 2 entre a palavra ea frase. races Se de palavras, como se vé em (1), nfo resulta numa frase vila em lingua portuguesa, ainda que todos os itens dessa pseudofrasefaam pate do re pertério lexical de nossa lingua. (1). “Amigos Maria Jodo os da o conhecem. Conforme notagao corrente em teoria linguistica, uilizamos neste livro © asteriseo para indicar uma sequéncia sintaticamente malformada naling Para que (1) se tore uma frase legitima em portugues, é preciso or denar essa sequéncia de palavras de uma maneira muito especifica, Por exemplo: nessa lingua, artigos devem preceder linearmente os substan- tivos. Desse modo, so aceitaveis as sequéncias [os amigos), [# Maris}, {o Jofo}, mas nao as cadcias *famigos os), *[Maria a}, *[JoRo o}, Além disso, numa dada frase, arranjos de palavras como (os amigos), [da Ma- ria] e [o Jof0] devern ser concatenados entre sina forma de constituintes ordenados, ou seja, devem ser dispostos lado a lado sob certas limitagdes csinuturais, do contritio o resultado serd novamente uma sequéncia de pa lavras inaceitivel na Kingua. & por essa razo que (2) continua sendo uma cstrutura sintaticamente malformada em portugues, apesar de a regra sobre ‘0 ordenamento entre artigo ¢ substantivo estar aqui sendo preservada, (2) *0s amigos da Maria 0 Joo conhecem. “Todas as linguas naturais possuem um padriio bisico para. disposica0 linear dos constituintes de uma frase. Em portugues brasileiro (PB), esse padrfo é manifestado na ondenagdo sujeito —> verbo — complemento, Oo fseja, sempre que temos, em nossa lingua, frases com esses trés consttuin- tes, eles normalmente aparecem nessa ordem ~ com excego dos contextos dds énfase ou de contraste, que demandam outro tipo de linearizagao. Ne sequéncia em (2), a ordenaggo basica do portugues foi violada sem que s¢ tratasse de algum contexto especial. essa violagdo que dispara a sensasl0 de inaceitabilidade da frase. Repare, na representagio sintitica de (2), feita em (3a) a seguir, que essa frase possui constitutes ordenados de maneira diferente do que se vé em (3b). E somente nesse iltimo caso que, em acor- ddo com o padrfo frasal do PB, 0 sujeito antecede o verbo, que é sucedido por seu complemento. 10 onsets @)_ a. *[Os amigos da Maria, b. [Os amigos da Maria [0 J040), jena [conhecem, Toonhecem),,., [0 Joao, jen Desvendar as regras e os principios que controlam a formagao de frases nas diferentes linguas humanas o principal objetivo da pesquise em Sin- taxe, Nesse empreendimento cientfico, a ordenagio linear de palavras e de consttuintes é apenas um fendmeno entre muitos outros na agenda de tra- balho de sintaticistas no Brasil e no restante do mundo. De fato, as propric~ dades sintéticas das linguas naturais so diversas e complexas. inclusive, possivel que um fato sintético se manifeste em interface com outro compo- nente da gramética de uma lingua. Por exemplo, a concordincia é uma dea de interagio entre Sintaxe ¢ Morfologia conhecida como Morfossintaxe. ‘Um sintaticista deve estar atento a esse ponto de interface porque restrigdes de natureza morfossintitica podem limitar a composigo de estruturas frasais tanto quanto o podem 0s fenémenos puramente sintiticos. Repare como (4) também nao é uma frase bem formada em portugués, apesar de nfo haver rela nenhuma violagdo das regras de ordenagdo linear da lingua (4) *[O amigos do Maria, [Conhego} a. [28 JO%0] © que falta para (4) ser considerada uma frase gramaticalmente acei- tével em PB é, justamente, a concordncia entre os elementos da frase. Com efeito, em todas as modalidades do portugués, artigo ¢ substantive devem manifestar os mesmos tragos de género. Assim, por exemplo, [Jodo], sendo um substantive masculine, ndo pode ser antecedido por um artigo feminino como [a]. Por sua vez, os tragos de ndimero nfo sfo, em PB, compartilhados entre artigo e substantivo de maneira tio rigida como 0s de género, Na verdade, uma das mais evidentes caracteristicas do portu- gues do Brasil éa variabilidade das regras de concorddncia de uimero em constituintes nominais ¢ verbais. Nas modalidades da lingua consideradas no padrdo, a expresséo do plural em sequéncias compostas por artigo © substantivo se dé normalmente apenas no artigo, porém nfo no substanti- ‘vo, que permanece em sua forma de singular, sem, portanto, manifesta- ¢40 de concordéncia: {03 amigo]. J6 nas modalidades padrao, sobretudo fem géneros formas e escritos, © nimero plural & quase sempre marcado nas duas palavras, veiculando, assim, concordéncia: [os amigos). Para um " rencovec stn sintatcista, © interessante nesse caso & identficar as regras subjacentes 40 uso variével da concorcncia verbo-nominal no PB. Por exemplo, em ‘enhuma modalidade dessa lingua a expressti do plural ¢feita somente no Substantivo eno no artigo: *[o amigos]. Tal restrigdo, dente outras, revela que a concordéncia de mimero ndo ¢ estabelecida de m iodo aleatério pelos falantes brasileiros, mas, antes, é também re Por regras e prinefpios, Para uma discussfo sobre as modalidades da Ningua portuguesa no Brasil, sia Para conhecer sociolinguistica e Para conhecer narma lingustoa, desta colegio, i 0 é uma lingua fortementemarcada pla concordinia verbal e nominal ‘arvel. Embore nem sempre estejam conscientes disso, os falantes das va, riedades padro da lingua também produzem e compreendem normelmente Sequéncias nominais sem concordéncia, como [Os amigo da Mara], [Miz sts ob] ee, bm como squnca veto sone eo ae como (0s amigo de Maria conhece : ‘A comparagdo de fendmenos snttios entre diferentes linguasé es- Pecialmente importante para um sinttcsta, Com base no miéodo compa. ‘atv, ele poderédescobrir como eetosparimettossnttcos ou moron Sintiticos se manifesam ou nto da mesma maneira em idiomas dstntes, Por exemplo, em inglés, o nimero plural na sequénca [artigo + substant 0] é expresso num paulo estrutural sem concordéncia oposto ao encon. tralono Pe no padro, Naquela lingua, o plural deve ser marcado pene 20 substantive eno no artigo: [the frends] versus [thes fiend) Jt no fianesfalado padrio, o plural sem concordancia se expressa somente no ‘igo, mas nfo no substantvo tal como ocome nas vriedades nto pa, defo do PB, Noutras linguas, como nos diferentes daltos do chinés, oma fenbmeno como a couordancia de género ede nimerosimplesmente nto eniste, Neses casos, a dstinedo entre masculno e feminino ou entre sin, fular plural é feta no componente pragmitico ~e nfo na fnterayto da Sintxe com a morfologi, Conhecer as diferengs snttcas entre ss lin. 1s ¢ importante para compreendermos a variabildade da sintane dentro de uma mesma lingua especifia O sintaticista 6 portato, um estudioso que se dedica a observar, descrevere explieat as regras os principios gramatisis que ubjasem 12 te aos fendmenos sintiticos das linguas natuais,tais como ordem e concor- dancia. O propésito do presente volume da colegio “Para Conheccr” ¢ apresentar ao leitor os fundamentos do fazer desse tipo de Hinguista suas ferramentas basicas de anélise ¢ suas opoées tedricas € metodolégicas mais produtivas. Se nosso objetivo for alcangado, este lvro servrd a estudantes pro- fessores universirios como uma introdugio teoricamente “neutra” a0 es- tudo da Sintaxe. Isto 6, este volume iniciaréo leitor aos prineipais temas da Sintaxe sem se limitar a nenfuma teora sinttica especifica. Nosso ob- jetivo aqui é apresentar 0s conceltos-chave dos estudos sintéticos, revisar 4 nomenclatura sobre fungSes sinttices que encontramos nas gramiticas normativas tradicionais ¢ despertar a curiosidede linguistca do leitor pare & investigago de algumas propriedadessintticas da lingua portuguesa. £ verdade que parte do que apresentaremos nos préximos quatro capitulos set influenciado pelos conceitos basilares da Sintaxe Normativa tradl- cional, da Sintaxe Gerativa e da Sintaxe Funcional. Nao obstante, em rnenlnum momento do livro exigiremos do leitor qualquer conhecimento provio sobre essas abordagens linguistcas ‘Antes de passarmos propriamente ao inicio deste livro, devemos re- sistrar aqui nosso agradecimento a algumas pessoas: o professor Renato Basso (UFSCar) e a professora Izete Coelho (UFSC) leram todo © manus- crito e colaboraram enormemente com a redago final do trabalho; Luciana, Pinsky, nossa editora, foi paciente e receptiva 20 nosso projeto, mesmo quando decidimos alterarsignificativamente toda aestrutura e grande parte do contetido do livro; os professores Sergio Memuzzi (UPRGS), Humberto Menezes (UFR}) © Marcus Maia (UFR3), nossos orientadores de pés-gra- duagdo ¢ possiveimente os principais “culpados” por trabalharmos com Sintaxe hoje, inspiram nossas investigagbes cotidianas sobre a linguagem e silo 05 responsiveis indiretos por grande parte do conterido deste livro; por fim, mas nfo com menos importincia, todos os nossos alunos, que ao lon- 0 de décadas vém nos forgando a ser cada vez mais precisos e, ao mesmo tempo, cada vez mais didéticos na tarefa nada ficil de ensinar Sintaxe de luna maneira cientficamente adequada, Todas as inconsisténcias no texto, no entanto, sdo de nossa inteira responsabilidade B 8 A NOGAO DE CONSTITUINTE Objetivos gerais do capitulo ‘> Constituintes — discutiremos a nogdo de constituinte sinttico ¢ relacio- ‘aremos essa nogdo as fungdes sintaticas; ‘> Hierarquia sintagmética — apresentaremos a estrutura interna dos sin- tagmas, com as relag5es entre mécleo, complemento e especificador, bem como suas relagdes externas, com a adjungo; ‘> Sintagmas em portugues — descreveremos quatro tipos de sintagmas em lingua portuguesa: sintagma nominal (SN), sintagma verbal (SV), sin- tagma preposicional (SP) e sintagma adjetival (SA), demostrando suas constituigdes hierirquicas internas. coven sre 1. UNIDADES DE ANALISE: CONSTITUINTES SINTATICOS Vimos, na apresentagto deste volume, que a Sintaxe é um nivel espe- cifico da descriedo linguistica e que a unidade minima de andlise nese nivel ¢ a palavra. Outros niveis descritivos de uma lingua dedicam-se a0 estudo das unidades inferiores& palavra, como a Fonologia ea Morfologia, ‘mas é somente quando o dominio desses componentes se esgota, com 4 ‘nogdo de item lexical pleno, que a descrigio sintitica tem inicio. A Sintaxe possui também uma unidade méxima de andlise: a frase, entendida como Perfodo ou sentenga. Acima dessa unidade, tém lugar fenémenos mais Complexos da linguagem, tais como o texto e o discurso, os quais, por sua ez, costumam ser objeto de estudo de outros niveis da descrigdo linguisti- a, como a Pragmitica ea Andlise Discursiva, Um fato interessante no estudo da sintaxe é que as unidades mini- ‘mas desse componente linguistico (as palavras) niio formam diretamente 48 suas unidades maximas (as frases). Entre um extremo ¢ outro da ani Se, 2 Sintaxe opera sobre unidades intermedidrias, que so denominadas Constituintes ou sintagmas. A rigor, hd casos em que uma tinica palavra Pode se, ela mesma, um consttuinte/um sintagma, assim como una frase, em termos estrits, é também um sintagma, No entanto, ¢ uma convengio centre os estudiosos da Sintaxe reservar o termo “sintagma” as unidades intermediérias da analise ~ os constituintes maiores do que a palavra e Imenores do que a frase. Com efeito, quando estudamos as tradicionais fungdes sintéticas (Conforme veremos no préximo capitulo), devemos atentar que ni sto as palavras, isoladas, que desempenkam as fungdes sintéticas em uma frase, Via de regra, so os sintagmas — isto é, os agrupamentos de palavras-— que desempentiam tis fungdes. Veja a andlise da frase a seguir, por exemplo (1) 0 Pedto sabe que a Terra é redonda. O sujlto de (1) ndo é 0 artigo definido 0 nem o substantive Pedro, imas oconstituine formado pelo conjunto dessas duas palavras:[o Pedro], ‘Da mesma forma, o predicado é também um eonjunto de palavras, isto 6, um sintagma, um constituinte: (sabe que a Terra & redonda]. Ao anali. ‘amos as fangGes sintitcas no interior desse predicado, verificamos que 16 rag cecntite © complement da forma verbal sabe & toda a oragio encaixada [que a Terra € redonda}, a que, dessa forma, se configura como um novo sintag- ‘ma, inserido dento de outro (0 predicedo). Note, portant, que as fungtes sintitias (sujeito, predicado e objeto, por exemplo) s80 desempenhadas Por sintagmas isto é, por um conjunto de palavras que esto sob alguma ‘omnizario, Note, também, que os sintagmas podem ser inseridos dentro de outros sintagmas. Veremos detalhes sobre esse aspecto recursivo dos sintagmas mais adiante, ainda neste capitulo. Eventualmente, como dissemos, uma inica palavra pode ser um cons- fituimte e, dessa forma, serd capaz de desempenhar uma fungi sinttica, como ¢ caso do predicativo do sujeito da oraglo [que a Terra é redonda] Aqui, © sujeto da oragdo encaixada é o sintagma [a Terra], enquanto seu predicativo se expressa simplesmente pelo nome adjetivo [redonda}. ‘Adjetivos e substantivos so subcategorias da categoria “nome”. A elissi- 2 oposigéo machadiana ~ em Memérias péstumas de Bris Cubas ~ entre “defunto autor” (um morto que escreve) e “autor defunta” (um escrtor que ‘morreu) bem ilustra que ambos os nomes (“autor”e “defunto”) 56 se distin- ‘guem como adjetivo ou substantive em seu emprego sintagmiitico, Esse 0 so da grande meioria dos nomes em lingua portuguesa. Sobre esse assumn- ‘0, uma discussto acessivel ao letor pode ser consultada em dois livros do professor Mario Perini: Perini (1989) e (2006). Repare que, no exemplo (1), [redonda] também é um constituinte, ou seja, um sintagma. Vejamos por qué. Ora, os sintagmas sto sempre um. ‘conjunto e, conforme sabemos da matemitica elementar, conjuntos podem ser unitérios ou até mesmo vazios (sem nenhur elemento visivel). Nesse caso, o predicativo do sujeito na oragao encaixada [que a Terra é redonda] € um sintugma constituido de um tinico elemento, isto é, trata-se de um conjunto unitario, Trae © Pedto sabe que a Tera &redonda] (onsen © Peo] = sujito (do verbo saber) (onsen SHbe que a Terra &redonda] = predicado Cvrnaa $0¢# Terra &redonda] = complemento verbal Cmca & Tera = sujeito (do verbo ser) (oncrawanrdnnfedonda] = predicativa do sueto 7 roa re ‘Acventual coineidéncia entre unidade minima (palavra) ¢ unidade in- termediria (sintagma) na andlise sintitica no deve nos confundir, Assim como [redondal é, no exemplo, um predicativo do sujeito, seria muito bem possivel encontrar [levemente redonda] em seu Tugat. (2) 0 Pedro sabe que a Terra [levemente redonda], Agora, o predicativo do sujet & constituide por um conjunto for- ‘mado por mais de uma palavra,fato que tora mais ficil sua identficagao como sintagma: [levemente redondal. ‘Concentre-se nos pontos centrais acerca dos constituintes de uma fra- se, que sto elencados a seguir. (@)_sfo eles que estruturam 0 periodo, eno as palavras isoladamente; (ii). slo eles que desempenham fungSes sintiticas na frase (sujeito, predi- cado, predicativo do sujeito etc.) © nfo palavras isoladas; (Gif) eles si0 denominados sintagmas e correspondem normalmente # um conjunto de patavras; {iv) cles podem ocorrer como sintagmas unitirios ou vazios, tal como acontece com os conjuntos da matemitica, ‘Ainda que essencial ao entendimento da sintaxe, a nogio de consti- tuinte infelizmente costuma ser ignorada pelos estudos sintaticos de na- tureza normativa tradicional. Com raras excepdes (a gramética de Celso Pedro Luft, Moderna gramidtica brasileira, sendo wma delas), as graméti- ‘cas normativas de base tradicional ignoram os constituintes sintiticos que formam as oragles e as frases em portugues. ‘SINTAXE NORMATIVA TRADICIONAL {Quando falamos de Sintaxe Normativa Tradicional, estamos nos referinde 0s estudos sintéticos comumente perpetrados pela tradigdo das gramiticas rnormativo-prescritivas que foram, por muito tempo, usadas em salas de aula no ensino de lingua portuguesa no Brasil. Um texto que aborda com detalhes o tema é o capitulo “Sintaxe Normativa Tradicional”, do professor ‘Tosé Carlos Azeredo (Azeredo, 2015). Vejamos um exemplo dessa situagdo. Nas graméticas normativas tradicionais, um pronome pessoal normalmente é definido como um ele~ 18 neg eomenar mento que pode substituir um nome substantivo. E 9 que aparece nesta definigao que encontramos na gramética de Cegalla (Novissima gramti- a da lingua portuguesa), por exemplo: “Pronomes pessoais so palavras que substituem os nomes e representam as pessoas do discurso” (Cegalla, 1996: 170), Se essa noydo acerca do uso de um pronome pessoal estiver correta © um pronome de fato substituir um substantivo, enttio poderiamos substi- tuir 0s substantivos do préximo exemplo pelos pronomes correspondentes, como mostramos a seguir. (3) Os amigos da Maria conhecem 0 Jodo. Substantive Pronomes amigos eles Maia ela oo le Ou seja, se essa definigdo estiver correta, poderemos substituir os substantivos amigos [masculino, plural], Maria [feminino, singular] ¢ Jodo masculino, singular], pelos pronomes pessoais correspondentes de 3* pessoa: eles (masculino, plural], efa (feminino, singular), ele [mascu- lino singular], mantendo a corregdo gramatical da frase. Contudo, nfo & isso o que acontece. Repare como as sequencias a seguir sio malforma- das em portugués, (@) 0s eles da Maria conhecem o Joto. (3) *Os amigos da efa conhecem o Joka, (© *0s amigos da Maria conhecem o ele. ‘Nenhuma dessas sequéncias ¢ uma frase bem formada na lingua. Isso acontece porque, nesses exemplos, aplicamos uma regra gramatical que lo explica adequadamente os fenOmenos sintiticos do portugués ~ e, na verdade, de nenhuma lingua conhecida, Essa regra da Gramética Norma ‘iva Tradicional falha justamente por ignorar que as frases de uma lingua (unidades méximas da sintaxe) no sto estruturadas diretamente por pala- ‘vras (unidades minimas), mas, sim, por constituintes sintticos, os sintag- ‘mas (unidades intermediérias), Portanto, ao contrério do que podem dizer alguns graméticos tradicionais, pronomes ndo substituem nomes. 'Na verdade, pronomes podem substitu sintagmas de valor nominal, ito 6, sintagmas cujo nicleo ¢ um nome substantive, os sintagmas nominais — ve- remos detalhes sobre os tipos de sintagmas mais frente, ainda neste capitulo, Por ora, basta dizer que, no caso do exemplo (3), ha tes constiintes desse tipo: [Os amigos da Maria}, [a Maria] e [o Jodi]. Esses trés sintagmas pos- ‘suem a mesma natureza gramatical, Por exemplo, todos eles podem ocupar as fungBes sintiticas de sujeito e de objeto do verbo. Repare como podemos formaras frases a seguir, em que tas sintagmas esto desempenhando a funeo de sujcito (7) e de objeto do verbo com preposigto (8) ou sem preposiiio (9), (4. [Os amigos da Maria],.,,estudam Sintaxe. ». [A Marial,,.,,estuda Sintaxe © [0 Jodo, estuda Sintaxe. (a. Bu gosto dfos amigos da Maria. ». Eu gosto da Maria. «. Eu gosto do Joao], (4 Ontem i noite eu vi fos amigos da Maria]... », Ontem & noite eu vi [a Maria]... «©. Ontem a noite eu vi fo Jodo]... ‘Ou seja, estamos aqui diante de agrupamentos de palavras que for- ‘mam um constituinte sintético, encabecado por um nome substantive (um sintagma nominal, portanto). Como dissemos anteriormente, é essa gene- ralizagto que muitas vezes escapa aos estudos sintéticos de base normative tradicional. Veja, a seguir, como podemos usar pronomes para substituir sintagmas nominais e obtermos frases gramaticalmente bem formadas na lingua, ao contrério do que vimos em (4) a (6) (10) Os amigos da Maria conhecem o Jotio, Siataginas nominaie Pronomes [os amigos da Maria] eles [a Maria) ela [o.otol ele (11) Eles conhecem 0 Joao, (12) Os amigos deta conhecem 0 Joao. (13) Os amigos da Maria conhecem ele 20 regio sectte [Na prOxima segio, analisaremos alguns testes e métodos capazes de identificar os diferentes constituintes das frases de uma lingua natural 2 TESTES DE IDENTIFICAGAO DE CONSTITUINTES. Subsiuir constitutes por pronomes é, na verdade, um conhecido teste, em literatura sinttica, que usemos justamente para identiica sn- tagmas nominas. fo chamado teste da pronominalizago. ‘Teste da pronominalizagdo: um constituinte sintitico de natureza nominal pode ser pronominalizado (ou seja, substituido por um pronome pessoal). ‘Além da pronominalizagio, existem outros testes que capturam ou explicitam nossas intuigdes linguisticas acerca dos constituintes de uma frase. Vejamos alguns desses testes de constituintes, aplicados a dados do Portugués. Tais testes nos permitirio reconhecer de que forma sintagmas dda mesma natureza apresentam 0 mesmo comportamento gramatical. 1 O teste da interrogasao Esse teste é, na pritica, um subtipo de pronominalizagao. No caso, iden- tificaremos um sintagma caso uma palavra (ou uma sequencia delas) puder ser ssubstituida por um pronome interrogativo como quem, 0 que, quando, onde ete, No exemplo (11) anterior, o sintagma [Os amigos de Maria] foi pronomi- nalizado pelo item eles, Se utilizarmas o teste da interrogagdio, esse mesmo sintagma seré substtuldo pelo pronome quem: [{Quem] conhece Jato? TI) O teste do deslocamento Uma das caracteristicas de um constituinte sinttico & poder ser des- locado para diferentes posigSes ao longo da frase. Apesar de a frase, em Portugués, apresentar a ordem candnica sueito-verbo-objeto (SVO, como costumamos encontrar na fiteratura), temos na lingua alguma liberdade para mover consituntes para diferentes posigSes lineaes, especialmente quando se trata de elementos de natureza adverbial. Esses deslocamentos nfo podem ser feitos com palavrasisoladas, nem com “‘pedagos” de cons- tituintes.E iss0 0 que observamos nos exemplos a seguir. 2 ewonbe Se (14) Visitei o men vetho amigo de infancia ontem. (15) [Ontem] visitei o meu velbo amigo de infincia. (16) Visitei fontem] o meu velho amigo de infncia, (17) [O meu velho amigo de inf8ncia, visitei ontem. Em (15), (16) e (17), deslocamos 0s constituintes fontem] ¢ [O meu veto amigo de infincia) de sua posigio original representada em (14). O teste do deslocamento foi, portanto, capaz de revelar que [ontem] [0 meu velho amigo de infincia) so sintagmas, uma vez que podemos mover esses ‘constituintes para outras posigSes na frase. Repare que, quando se trata de sintagmas formados por mais de uma palavra, deslocar apenas wma parte ‘leatéria desse constiinte tornaré a sequéncia agramatical em portugués. (48) *[0 meu velho} ontem visitei [amigo de infincia). (49) *{De infineia] ontem visitei [o meu velho amigo}. ‘A impossibilidade de deslocamento representada em (18) ¢ (19) nos indiea que [o meu velho} e {de inficia] ndo so constituintes independentes ‘a ponto de poderem ser deslocados, pois estfo inseridos nouto constituinte raior, como parte constitutiva dele, Ao deslocarms tais fragmentos, esta~ mos “rompendo” a unidade de um consttuinte sinttico, fato que provoca & agramaticalidadeatestada em (18) ¢ (19). Dado que um constitunt se com porta como uma ‘nica unidade sinética, essa operasio de movimento exige {que o respective constiuinteseja deslocado em sua integraliade, TID O teste da clivagem Clivagem é uma operagto sinttica formada pela sequencia: [forma do verbo ser] +{constituinte elivado] + (particula ue}. Ou seja, uma construgio clivauls apresenta um constsuinte “ensan~ duichado” entre um verbo como &... (ou Foi...) € 0 item que... (ou quem, ‘em algumas circunstincias), conforme vemos a seguir. (20) Foi o Joo que leu Os Lusiadas nas férins. (21) Eo Leonardo que sabe grego antigo. ‘0 interessante dessa operagio & que s6 ¢ possivel clivar constituintes sintéticos, mas nfo palavras isoladas. Trata-se, portanto, de um bom teste para identificago de sintagmas. Vejamos mais alguns exemplos. 22 ogame (22) Foi [0 Jodo} que leu Os Lusiadas nas férias. (23) Foi [Os Lusiadas] que 0 Jodo leu nas férias. (24) Foi {nas férias] que Joto leu Os Lusiadas. {@5) E [0 Leonardo] que sabe grego antigo. (26) B [grego antigo] que o Leonardo sabe. Nio é possivel clivar elementos maiores do que um constituinte © ‘tampouco “quebrar” um constituinte para clivar apenas uma de suas partes internas, fal como a mé-formagio dos exemplos seguintes atesta (27) 29 Foi [Os Lusiadas nas férias] que 0 Joto le. (28) 77 E [grego] que 0 Leonardo sabe clissico. sas duas dltimas frases soam um tanto estranhas, mas é possivel que uma pronincia © um contexto bem especificos possam legitimar sua aceitabilidade, E por iss0 que, seguindo notagao corrente entre sintaticis- tas, marcamos essas fases com dois pontos de intrrogagao (72). Vis, que as sequéncias malformadas na lingua (agramaticais) foram, até agora, assinaladas com um asterisco (confira os exemplos agramaticais das péxi- ‘as anteriores). J4 sea frase soa estranha, mas sua aceitabilidade ¢ duvido- sa, podemos marcé-Ia com um ponto de interrogago ou dois (conforme 0 ‘maior ou menor grau de estranhamento da frase). (GRAMATICALIDADE E ACEITABILIDADE ’, “aceitével” ou “inaccitivel”. Como jd anunciamos, a ‘sequéncias de palavras que julgamos nao fazer parte de nenhum dialeto do. linguistica de Chomsky, do professor Max Guimaries (Guimaries, 2017) 23 Considerando-se que a construgio clivada tem o papel de “realgar” ou “enfatizar” um elemento da frase, poderfamos pensar num contexto em ue (27) (28) pudessem ser aceitiveis. Por exemplo, no didlogo a seguir, isso nos parece possivel (29) a. Ei, eu ouvi dizer que 0 Jofo leu 4 Miada durante o més de provas, ’. Nilo, nfo foi nada disso. Foi [Os Lusladas nas férias] que 0 Joao leu endo A Hiada durante as provas. "esse caso, contudo, note que a clivagem se aplica, na verdade, sobre ois constituintes e nao apenas um: [Os Lusiadas] e (nas férias). Se apli- ‘carmos um dos outros testes que até agora ja conhecemos, essa intuigio ficaré bem clara Interrogagio. 0 Jodo leu (Os Lusiadas] nas férias ++ O Joao teu [0 que] nas férias? 0 Jofio leu Os Lusiadas {nas férias] +O Jodo leu Os Lusiadas [quando]? Deslocamento: 0 Joto leu Os Lusiadas nas férias [Nas fas], 0 Joto leu Os Lusiadas. + 0 Jofio, {nas férias), leu Os Lusiadas + 0 Jodo leu {nas ferias] Os Lusiadas ~ [0s Lusiadas] 0 Joo leu nas férias. Efeito semethante tem a frase (30): podemos imaginar um diélogo em que (28) parece ser usada com menos estranhamento. (0) a. © Leonardo conhece grego modemno ¢ latim classico. b, Nao € nada disso! E [grego] que o Leonardo sabe clissico. E nto latim, A fungi informacional da construgao clivada (um fenémeno semén- tico-pragmitico) pode “embagar” um pouco a clareza dos testes de iden- tificagio de constituintes sintaticos. Por isso, ¢ fundamental conhecermos diferentes testes. A depender da frase especifica, um teste pode revelar-se mais adequado do que outros. 4 Ammo secentarts ‘CLIVADAS E ORDEM DOS CONSTITUINTES NA FRASE ‘As construgSes clivadas tém uma rica bistria de investigagiio em port ‘ques. Aqui, usamos as clivadas apenas como um “instrumento” para diag nosticar constituintes, Para saber mais sobre as construgSes clivadas e seu papel na aticulago informacional discursiva, remetemos 0 leitor a Modes- ‘0 (2001, 2003). ‘A ordem dos constituintes na frase muitas vezes tem motivagdes funcio- nais, Isso quer dizer que @ organizacdo sintética dos elementos de uma frase & também o resultado de exigéncias comunicativas e de natureza infor cional. Eleboramos mais sobre esse assunto no iltimo capitulo, na segéo destinada a Sintaxe Funcional, TV) O teste da interpolagao ‘Vimos que, na lingua portuguesa, podemos destocar elementos na fra- se, com alguma liberdade, desde que esses elementos sejam constituintes sintéticos independentes. Tais elementos deslocados “se movem"” de sua posigdo original para outra na frase. Considerando-se isso, o que o teste da interpolagio vai nos mostrar é que o “lugar de pouso” de um constituinte deslocado no pode ser o interior de outro constituinte. Para ilustrar tal restrigfo, retomemos os exemplos (15), (16) ¢ (17). (15) [Ontern] visitei fo meu velho amigo de infiineia. ‘Abaixo, deslocaremos [ontem] para duas posigSes distintas, nas fra- ses (16) € (17), ambas As margens do sintagma nominal [o meu velho ami- g0 de inflncial, (16) Visitei (ontem] [o meu velho amigo de inffineia]. (17) Visitei [o meu vellio amigo de infincia] [ontem}. Entretanto, nfo podemos deslocar [ontem] para interior de [0 meu melhor amigo de inflincia]. Observe, nos exemplos a seguir, como, caso essa inserglo seja feta, tais construgdes resultam em sequéncias gramati- calmente malformadas. Bl) *Visitei [0 [ontem] meu velho amigo de infineia}. (32) *Visitei (o meu [ontem] velho amigo de inffncia], 2 mone see (33) *Visitei [o meu velho [ontem] amigo de infincia}. (34) *Visitei (o meu velho amigo [ontem] de inffincia} 35) *Visitei [o meu velho amigo de [ontem] infincia}. ‘Vemos aqui que no é possivel inserir um constituinte em outro de tal ‘maneira que a integridade do segundo seja afetada, A interpolagio ¢, por- tanto, um teste itil para verificarmos a extenso de um sintagma, dado que info podemos mover um constituinte alheio para o seu interior ‘V) Oteste dacelipse (© teste da elipse ¢ também itil na identificagto de constituintes sintit- cos. Para realizi-lo, basta omitir uma palavra (ou uma sequéncia delas) numa ‘etrutura coordenada, fazendo com que essa palavra ou sequéncia ndo seja foneticamente produzida e tenba de ser inferida. Quando & posstvel fazer esse tipo de omissto,o contitunte clidido ¢ um sintagms, Vejamos dois exemplos (36) a, A Paula (vin a novela] na sala e 0 Jofo, no quarto. b. A Maria [faltou & aula] ¢ 0 José também. Em (362), [viu a novela] softe elipse na segunda oragto, o que indica que esse & um constituinte da frase. A mesma coisa acontece em (36), quando [faltou& aula hoje] ¢elidido na oragio coordenada, logo depois do advérbio “também”. “Ainterpretagao de (36a) e de (36b) € feita como segue: (G6) a. APPaula [viu a novela] na sala 0 Joko [virenovela] no quarto. ‘, A Maria [faltow & aula] ¢ 0 José também [faitou atta] Repare como a virgula€utlizada, em (368) para marcar elipse do const- tuinte, aqui indicada com tm risco subte 0 constituints elidido, Trata-te de tum uco interessante de um recurso de pontuagio, em prol da interpretaelo sintitica (¢ semntica) da frase. importante acerca de todos os testes de idenificagao de constituin- tes 6 que pelo menos um deles funcionard quando precisarmos delimitar os sinlagmas numa determinada frase. Por exemplo, numa frase ambigua ‘como (37), & possivel usar o teste da interrogacio (ou outro) de modo a jdentificar as duas estruturas sintitieas possiveis. 26 Ain 37) a, O Supremo julgou o deputado inocente. ’, © Supremo julgou quem inocente? (o deputado) ©. 0 Supremo julgou quem? (0 deputado inocente) ‘A ambiguidade em (37a) reside no fato de niio sabermos se [0 de- putado inocente} foi julgado ou se [o deputado] foi julgado c o veredito desse julgamento foi [inocente]. Em (37b), a interrogagto feita sobre 0 sintagma [o deputado) indica que [inocente] é, na verdade, outro sintagma, independente de [o deputado). Por sua vez, em (37¢), interrogamos todo 0 constituinte [0 deputado inocente}, substituindo-o pelo pronome (quem). Isso indica que, nesse caso, {o deputado inocente] é um tinico sintagma — dessa maneira, a inocéncia é apresentada como uma caracteristica inerente 0 deputado e nada se diz sobre qual foi o julgamento do Supremo, se cculpado ou inocente, Experimente realizar os testes da pronominalizagao da clivagem com o exemplo (37) para perceber ainda mais claramente 0 feito de ambiguidade estrutural dessa frase. ‘Agora que sabemos © que é um constituinte ¢ aprendemos a identifi- ciclo, vejamos a estnatura interna de quatro tipos de constituintes sintaticos do portugués, os sintagmas nominal, verbal, preposicional e adjetival SOBRE A REALIDADE PSICOLOGICA DE UM CONSTITUINTE SINTATICO. ‘Mais do que apenas ser uma “nogo gramatical”, os constituintes sintaticos siio fenémenos gramaticais que tm sua realidade psicolégica atestada, Isso {quer dizer que os falantes reconhecem, intuitiva e inconscientemente, um consttuinte esabem manipulé-lo, Foi o que tentamos mostrar com os testes anteriores, por exemplo. Outra evidéncia empirica anbre a exitténcia dos constituintes sintiticns {i apresentada nos trabalhos clissicos de Fodor Bever (1965) e Garret Bever e Fodor (1966). Os autores apresentaram frases com sequéncias de pelavras idénticas, como eu lia um livro do José de Alencar, a diversos informantes, Em algumas frases, essa sequéncia de palavras formava um consttuinte — como em (a) -, em outras ni ~ como em (b). ‘a. Enguanto (eu lia um livro do José de Alencar] minha irma telefonou, , Enquanto [eu lia] [um livro do José de Alencar cai da estante, or oscnecmsnie Os informantes ouviam frases como essas usando um fone de ouvi- do. Num dado momento, os pesquisadores “ (89) V(SN) (SP aoa) GA) (ORAGRO cape) (SP sa) ORAM RO stud Exemplos: [, é [yuma grande pessoa [,, com certeza]), [estou [gem casa {gy neste momento], parece [,, feliz [4,com o empregol]},[, nunca ‘yflamos [,, satiseitos[,, em viagens]} [ dise [geucin AWE Voc® € feliz Tonseio Wando ouve misicas]), [Vi fy VOCE [y 0 tat [gyno domingo [g, com um amigo [ogygxq ensuanto esperava 0 meu Uber]}}}]}. Os adjuntos, tipicamente SP e oragbes, podem, como dissemos, ser inseridos no interior de outros sintagmas de acordo com a intengo comu- nicativa dos falantes, sem se submeter aos rigores das relagOes estabeleci- das entre um micleo sintagmético, seu(s) complemento(s) e seu especifi- cador. Por essa razio, uma regra de rescrita que descreva todos 0s casos particulares de adjungto é virtualmente impossivel, diferentemente do que © estudo da transitividade verbal consegue fazer acerca de complementos. Vocé deve ter notado que, até aqui, todos os exemplos arrolados ‘apresentam apenas um verbo como niicleo de SV, porém isso nto quer dizer que a posigo sintagmética V seja sempre ocupada por um e so- ‘mente um verbo. De fato, dois ou mais verbos podem ocupar, em con- junto, a posiglio V, Quando isso acontece, estamos diante de uma to- ‘custo verbal, Nas locugdee verbais, um V é constituido por um verbo principal (pri) antecedido por um ou mais verbos auxiliares (aux). Um verbo principal possui valor lexical, é 0 predicador da frase e aparece ‘numa forma infinita (infinitivo, gerindio ou participio), enquanto um ‘verbo auxiliar possui valor gramatical (flextio, aspecto, modo), nfo faz predicagao e ocorre em forma finita. Por exemplo, o SV [vou trabalhar de manhal] ¢ estruturado como se segue. {oy voa¥OU yg abalhar [, de manta) 45 As locugdes verbais so uma boa ilustrapdo de que nem sempre 2 nogo de consttuinte coincide com a de palavra. Ao identificarmos o niicleo V, preci- ‘samos, portanto, estar sensiveis a0 fito de que niio é qualquer item verbal (pa- lavra) que projetaré um SV, mas somente aqueles de natureza lexical. Outros itens verbais de valor gramatical, como os auxiliares, podem ocorrer numa de- terminada frase sem nos fazer acreditar que eles projetardo seus préprios SVs. LOCUGOES VERBAIS-I [As locugdes verbais sio formadas por verbos auxiliares e verbos lexicais, (ou Seja, verbos que t&m apenas stamus gramatical e verbos que tém “estatuto semantico”, como vimos no exemplo anterior [vou trabalhar]. Repare como aqui o verbo ir é usado para marcar uma forma de futuro e carregar as ‘marcas flexionais de concordéincia de nimero; 0 verbo principal trabalhar, por outro lado, carrega a “carga semintica” do SV, no sentido de que esse vverbo & usado com seu significado lexical ~e nfo meramente gramatical. Existem, na literatura lingustica, alguns “testes de auniliaridade” que indi ‘eam se estamos lidando com uma construgo que apresenta dois verbos lex cais ou com uma esirutura de verbo auxiliar mais verbo lexical. Por exemplo, _um verbo auxiliar nfo costuma permitr a negacdo de seu verbo principal. Em ‘uma construso com dois verbs plenos (como & 0 caso das frases em (b), 20 contrtio, podemos negar tanto o primeiro como o segundo verbo: (@ 0 Jot vai trabathar de manha, 0 Jodo ndo vai trabalhar de manbi +0 Jodo vai ndo trabalhar de manka. (6) 0 Joti adora trabalhar de mana. 0 Joti nfo adora trabathar de mana, 0 Jodo adora nfo trabalhar de manbs (Joao no adora nao trabalhar de mana. Iteo significa, entre outras coisas, que o verbo i+ pode sar emprogado como auxiliar de futuro, mesmo em contrugGes condenadas por prescritivstas sem- pre prontos a “defender o idioms ptr: ew vou ir € uma construgdo grams ticalmente bem formada — e bastante Idgica —na lingua, assim como eu vou vir, Nessas construgdes, emos uma locugo verbal formada por um verbo au- xiliar (i) mareador de futuro e um verbo pleno (ire virem nossos exemplos). Dois textos cldssicos sobre os auxiliares em PB slo Pontes (1973) ¢ Lobato (1975), i acessiveis ao leitor. Uma discussdo resumida ¢ exemplificada pode ser encontrada em Othero (2008). 46 Aeon Por fim, um predicado pode apresentar um tipo de constituinte que nem sempre ¢ analisado apropriadamente nas gramaticas normativa f2- dicionas,razao pela qual devernos a ele dedicar especial atengao,‘Trts-se das minioragbes (Mo), também muito conhecidas por seu nome em inglés, small clauses, na iteatur ‘Uma miniorasio, tal como o term usado pelos sintaticitas sugere,€ _um protipo de uma oragdo com verbo de ligago/eopultivo. Bla presents uma estrutura de predcasio inférvel, com a paticularidade de nfo expi- citar nenhum verbo, Para compreender melhor isso, vamos um exemplo, (41) Bu achei a sua proposta completamente descabida. ‘Aqui, identificamos uma minioragio em [a sua proposta complets- mente deseabida), Perceba que [completamente descabida] caracterizase como um predicado acerca de (a sua proposta). Trata-se, semanticamente, de um juizo em relago a um tema, Ou sea, estamos cagdo entre um SA.¢ um SN, ainda que um verbo de ligagio/eopulativo nao esteja presente e poss, se quisermos, ser subentencido: [y @ sua proposta (6) [,, completamente descabida]} Em miniorag6es, encontraremos sempre o nécleo do SV seguido por ppelo menos dois sintagmas. Ora, devemos nos perguntar qual € 0 tipo de relagio sintitica que esses sintagmas estabelecem com V. Nas gramiticas nnormativas tradicionais, diz-se que verbos como achar, considerar,julgar, ‘chamar, declarar ete, nomeados como transobjetivos, manifestam um “sentido especial” de um verbo originalmente transitive. Pot esse motivo, cles selecionariam dois complementos interdependentes, um objeto (SN)¢ tum predieativo desse objeto (SA ou SN ou SP), ¢ caracterizariam um pre dicado miste, que sera ao mesmo tempo verbal e nominal, © chamado pre dieado verbo-nominal. Tal tipo de explicago parece falhar ndo somente por ser vaga ao mencionar um “sentido especial” de alguns verbos, mas principalmente por afirmar que em construgdes dessa natureza ocorreria uma espécie de verbo bitransitivo. Vejamos a seguir por que assumir que, em frases como (41) ¢ (42), V seleciona apenas um constituinte como com- plemento ~a saber, uma Mo -, parece ser descrtivamente mais adequado do que afirmar que verbos como achar possuem dupla complementasio. ite de uma predi- 7 ea coer (42) O professor achou aquele livro uma obra de arte. (43) O professor achou aquele livro. © que nos interessa,nesse cas, 6 observar que, sem a predicaglo que se estabelece entre 0s SNs [aquee livo] [uma obra de arte) no exemplo (42), 0 significado de achar ter de ser ouro: em vez de considerar, «au. séncia da predicaglo existente numa minioragéo conferni achar o sentido de encontrar, eomo ocore em (43). Com isso, estamos dizendo que os ver. bos que verdadeiramente slecionam dois complementos estabelecem, eles répries, @predicaglo de cada um de seus complementos. 0 que acontece com itens como ceder, dar, oferecer, colocar etc. Jé com os verbos. que sele- cionam como complemento uma miniorag se pass algo diferente: neles, Ilo 60 verbo que faz predicago; ela ¢ feta no dominio da Mo. Evidéncia 2 favor disso € fato de que, quando explictamos 0 verbo dentro da minio- raplo (¢, entio, teremos ums oragto plen, no mais uma “mini),daremos Vida a somente um consttuint, mas nio a dois Seno, vejamos. (44) Bu achei que [a sua proposta era completamente descabida). (45) 0 professor achou [que aquele livro cra uma obra de arte). Nesses dois casos, toma-se explicito que V seleciona como comple- ‘mento somente um constituinte ~ compare-os aos exemplos (41) e (42), respectivamente. Logo, nflo parece comreto afirmar que, sem a explicitagio do verbo de ligagto (isto é, numa Mo), 0 mesmo V passaria a selecionar dois complementos, Por tudo 0 que dissemos, devemos adicionar um tipo especifico de SV nossa regra de reescrita: aquele em que V sel ‘a uma miniorago. wfen VSN) (SP) (SA) (RAGA0) avo} Na proxima seglo,estudaremos a estruturaintema dos sintagmas pre- Posicionsis (SP), também denominados sintagmas preposicionados. 11, SINTAGMAS PREPOSICIONAIS Os SPs sto sintagmas que apresentam uma preposigio como nicleo. ‘Sua diversidade estrutural &representads na seguinte reescritura: 48 Aros tue SN (esp) P {SN i oRAGaO, Como se pode pereeber, trata-se de um tipo sintagmético bem menos varidvel do que os demais jé apresentados, Ele tipicamente manifestaré seu rmicleo seguido de um SN, da maneira como vemos a seguir. sp PsN Exemplos: [,com [g,poucos problemas], [, sem [jy ertezas], [,par [y a alegra de todos] Em sentengas cotidianas, P quase sempre selecionaré um SN como ‘complemento. Isso ocorre porque a presenga de uma preposigtio sem seu respectivo complemento é uma construgo agramatical em portugués, bem ‘como ndo é licenciada na lingua a manifestaglo do SN antes de P. Ilustra- ‘mos isso nos casos a seguir. (46) *Vamos construir uma casa de, (47) *Dinheiro, todo mundo precisa de. bem da verdade, existem exces6es a regra P+ SN. Entretanto, sfo ratos os casos de preposigdes lexicalizadas que podem ocorrer, numa fra- se, sem o seu complemento devidamente explicitado, Podemos verificar dois exemplos desse tipo incomum de construgdo ao ler as frases Eu sow contra e Vou falar sobre. [gualmente, so restrtas, em lingua portuguesa, as citcunstincias em que o SN pode ser deslocado para posigdes anterio- tes a P, como avontece em Internet, nZo consigo ficar sem. No obstante, devido a particularidades morfofonolégicas, em algumas linguas, como uno easu do ingles, a unteposigao do SN complemento de P é gramatical- mente licenciada. ‘Além da sequéncia P + SN, a estrutura de um SP pode ser comple- xificada com a anteposigdo de um especificador, que desempenhard uma fungdo adverbial, SP—+ (esp) PSN Exemplos: [,,,realmente com [.,pouces problemas], [,,q4ase , sem [yy certezas]] [., 6 , para [gy alegria de poucos))... 49 reun0 0 Ste Por fim tal como sucede com SN e SV, o micleo de um SP pode sele- cionar como complemento uma oragio encaixada, independentemente da presenga ou da auséncia de um especificador, Nesse caso, o complemento de P seri ORAGKO e, por isso, nfo haverd selegfio de SN como complemen- 10, afinal preposiges normalmente nio sto bitransitivas, SP— (esp) PoRAGAO Exemplos: [,, deliberadamente , para [oyycio iitar 08 vizinhos]},[p para Tonagro 4U€ Voo® se sinta melhor] ‘Antes de passarmos & anélise de outro tipo sintagmatico, € importante destacar que 0 portugués, a0 lado de outras linguas, manifesta o fendmeno das locugdes prepositivas, Portanto, em expressbes como para com todos, por entre os espacos ou 0 proscrito ante ao exposto etc, encontraremos ‘duas preposigdes contiguas. Nesses casos, & possivel interpretar que 0 cleo P seja constituido por dois elementos, em locugao, tal como descre- ‘vemos a respeito das locusdes verbais. Alternativamente, é possivel que ‘uma nova categoria, no caso um SP, seja adicionada a regra de reescrita do proprio SP, conforme postulado em Othero (2009), por exemplo. SN—+ (esp) P (SN oRagao, SP ‘Tal adigdo nos informa que um niicleo P pode selecionar como com- plemento um novo SP, dentro do qual uma preposigao ser encontrada, 0 {que fard com que a regra seja reaplicada, Pasaemos, finalmente, so ‘iltima tipo de sintagma que estudaremos aqui, o sintagma adjetival (SA), +z SINTAGMAS ADJETIVAIS Os SAs possuem a seguinte regra de reescritura, SA (esp) A a) i (ORAGAO), godt ‘Vemos, portanto, que 0 micleo A pode ser o ‘iico consttuinte de um SA como sintagma unitério. SAA Exemplos: (,inteligente, [, limitado], (, preocupada.. ‘Tal como se dé com os SNs € SVS, 0 miicleo de um SA pode figurar modificado por um especificador, quando € o caso de esse ser introduzi- do numa frase, Interessantemente, muitos especificadores podem ocorrer 4 direta ou & esquerda de um nicleo A em lingua portuguesa, lustramos isso a seguir. SA— (ep) A Exemplos: (,, muito , inteligente}, [_,extremamente , limitado}, [,, nada _aPreocupada], [, pequeno ,, demais),[, preocupada ., excessivamente]. Por fim, no interior dos SA pode haver SPs que ou so adjungidos Aaquelesintagma ou sfo selecionados por um ndcleo A. SA — (esp) A(SP) Exemplos:[, sujo (,,com graxa],[, consciente [da situaeZol), [, pouco , decora [com quadros] [completamente ,consciente (da situa]. esses exemplos, os adjetivos sujo ¢ decorada nfo manifestam pro- priedades selecionaise, desse modo, nfo possuem complementos, situagdo distinta do nicleo A consciente que seleciona un SP como complement ‘Além disso, © complemento de A com propriedades transitivas pode ser, cm vez de SP, uma orago encaixada SA— (esp) A (ORAGAO) Exemplos: [,consciente [ygygig ate © problema & grave), [,, muito ,an- i0S0 Loyacao QUE @ festa comece]). Repare que, nesses exemplos, pode ocorrer uma preposigo antes da loragilo encaixada: consciente de que o problema é grave, muito ansioso para que a festa comece, Nesse c4s0, 0 complemento de A seria um SP cujo niicleo P ¢ que seleciona uma ORAGAO como complemento: [, cons- ciente (44° Logaoao 406 © problema é gravel] muito ansioso[, para Lome 4H «festa comece}]) sage See 1 OUTROS SINTAGMAS? Nas se5¥es anteriores, descrevemos e analisamos os quatro prineipais sintagmas existentes na lingua portuguesa. Antes de encerrarmos este ca- pitulo, gostariamos de instigar o leitor com a seguinte indagagio: SN, SV, SP e SA sto todos os sintagmas que encontraremos ao estudarmos mais a fundo a sintaxe do portugues e de outras linguas? ‘A resposta a essa pergunta é negativa. Voc8 deve notar que todos os sintagmas até aqui apresentados possuem um nicleo de natureza lexical, {sto é, uma palavra que possui conteido referencial: nomes substantivos, ‘verbos, preposigies © nomes adjetivos, Essas quatro categorias soo sufi- ciente para deserevermos a tipologia sintagmitia lexical das linguas, mui- to embora autores como Othero (2009) inchuam, em suas anélises, mais ‘um consttuinte lexical, 0 sintagma adverbial (SAGv). Ora, se esses sto 0s sintagmas lexicais, voce pode se questionar: quais seriam os sintagmas sgramaticals (ou funcfonais) existentes nas Kinguas? ‘Ao Se aprofundar em seus estos de Sinaxe, voc descobriré que os sin- tagmasfincionais so essenciais para a estruturaglo ds sentengas ¢ dos sintag- ‘mas nominais. Por exemplo, no dominio da fase, o sintagma flexional (SF) 6 responsivel, entre outras fungSes, por atribuir uma flexo a0 micleo de um. ‘SV —c, por essa razio, seu micleo F pode ser preenchido por morfemas, por palavras (como os verbos aunilires, que entio nfo setio mais interpretados como uma locustio no interior do SV) ou ser foneticamente nul. Jéo sintag- ‘ma complementador, ou complementizador, (SC) desempenha o papel de ccanector entre oragdes ~e, por isso, seu niicleo C pode ser preenchido por uma conjungdo como que, além de marcar valores discursivos numa sentenga, tis, como forsailocucionéria,t5picoe foco. No dominio do SN, o sintagma deter- minante (SD) atribui aos nomes suhstantivos um vator funcional, estabelecen- ‘do sua definitude, sua quantificagdo ¢ diversos tipos de informagGes gramati- «ais veiculadas através de artigos, pronomes, numeraisc outras categorias que, anteriormente, descrevemos apenas como especificadores de N. ‘Ao dar sequéncia a seus estudos em Sintaxe, voo8 aprenderé a identi- ficar esses e outros tipos de sintagmas funcionais que so importantes para a compreensio de como os mecanismos gramaticais de uma lingua natural atuam sobre os tragoslexicais presentes nos SNS, nos SVs, nos SPs e nos SAS cde modo a construir sentengas em sua integral complexidade de estrutura. 52 A oat ects Leituras complementares ‘Ao longo do capitulo, apresentamos sugestdes de leitura sobre cada assunto espectfico que abordamos. A base da Sintaxe que apresentamos aqui pode ser vista também em manusis de Lingu(stica Gerativa, como Lobato (1986), Raposo (1992), Mioto etal. 2013) ¢ Kenedy (2013). Se © leitor desejar acessar diretamente a “Yonte” em que essas obras se ba- sciam, poderi consultar, por exemplo, uma recente traducio comentada do trabalho clissico e pioneiro de Noam Chomsky, Estruturas sintéticas (Chomsky, 2015 [1957). Grande parte do que discutimos nas descrigdes dos quatro tipos de sintagmas lexieais que vimos neste capitulo foi baseada em Lemile (1984), Lobato (1986), Souza e Silva e Koch (1993), Perini (1996) e Othero (2006, 2009, 2014), Todos esses trabalhos sto leturas acessiveis a0 leitor,apés 0 término deste capitulo. Exereicios 1. que é um sintagma? Exemplifique e aplique alguns dos testes que voce aprenden neste capitulo para identificar constituintes. 2. Por que 0 conceito de proname da Gramatica Normativa Tradicional esti equivocado? 3, Faga as drvores sintéticas das seguintes frases: ‘Derrubaram o muro ontem & noite. (Os meus amigos moram em Porto Alegre. Joo é um cara que nfo bebe. (O av8 do Pedro canton a sens netns suas peripécias de crianga, ‘A Maria quebrou a perna. ‘Maria quebrou a perna da Ana, , amigo da Ana disse que ela vai viajar para o Peru. 53

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