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F i s i o t e r a p i a M a n i p u l a t i v a
Volume 7 nº 30 Março/Abril de 2009 - Brasil R$ 40,00 • Portugal € 16,00
SUMÁRIO
Editorial....................................................................................................................................................................................................................... 03
Artigos Originais
• Classificação de Adultos Jovens pelo Índice Anamnético de Fonseca e sua Relação com o Sinal de Emg dos Músculos
da Mastigação e dos Valores Antropométricos
Young Adults Classification By The Fonseca Anamnesis Index And His Relation With The Chewing Muscles Emg Sign And The
Anthropometric Values.............................................................................................................................................................30
• Estimulação Tátil e Dor em Recém-Nascido Pré-Termo Submetido à Ventilação Mecânica: Estudo Piloto
Tactile and Pain Stimulation in Newborn Pre-Term Submitted to the Mechanical Ventilation: Pilot Study.........................................43
Agenda de Eventos....................................................................................................................................................................................................75
Normas para publicação............................................................................................................................................................................................76
EXPEDIENTE
Editor Chefe
Prof. Dr. Luís Vicente Franco de Oliveira
• Fisioterapeuta • Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade de
Ter Man. 2009 Brasília - UnB – DF, Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa -
CNPq e Professor do Programa de Pós-graduação Mestrado em Ciências
Jan-Fev 7(30) da Reabilitação da Universidade Nove de Julho - UNINOVE - SP
Conselho Científico
Prof. Dr. A. Nardone • Médico• Doutor em Neurociências Fisioterapeuta • Doutora em Ciências da Saúde pelo Centro Prof. Dr. Paulo Heraldo C. do Valle • Fisioterapeuta
pela Universidade de Milão • Professor do Posture and de Ciências da Saúde – CCS da Universidade Federal do Rio • Doutor em Ciências Fisiológicas pela UFSCar, Professor da
Movement Laboratory – Medical Center of Veruno - Itália. Grande do Norte – UFRN, Professora do Programa de Pós- Universidade do Ibirapuera – UNIB, SP.
Prof. Dr. Antonio Geraldo Cidrão de Carvalho Graduação Mestrado em Fisioterapia da Universidade Federal Prof. Dr. Paulo de Tarso Camillo de Carvalho •
• Fisioterapeuta• Doutor em Nutrition Humaine et do Rio Grande do Norte – UFRN, RN. Fisioterapeuta • Doutor em Ortopedia, Traumatologia e
Atherogenèse - França, Professor do Departamento Prof. Dr. Jamilson Brasileiro • Fisioterapeuta • Reabilitação - FMRP/USP - Ribeirão Preto – SP, Professor da
de Fisioterapia da Universidade Federal da Paraíba Doutor em Fisioterapia pela Universidade Federal de São Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região
- UFPA. Carlos - UFSCar • Professor do Programa de Pós-Graduação do Pantanal - MS.
Profª. Dr a . Arméle Dornelas de Andrade • Mestrado em Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Profª. Drª. Regiane Albertini • Fisioterapeuta
Fisioterapeuta • Doutora em Pneumoalergologia pela Grande do Norte - RN. • Doutora em Engenharia Biomédica pela UNIVAP – SP,
Universidade Aix-Marseille – França. Pesquisadora do Prof. Dr. João Carlos Ferrari Corrêa • Fisioterapeuta Professora do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da
CNPq e professora do Centro de Ciências da Saúde • Doutor em Morfologia pela Universidade de Campinas UNIVAP - SP.
da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, UNICAMP, Professor do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profª. Drª. Renata Amadei Nicolau • Odontóloga •
Recife - PE. em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho Doutora em Ciências Médicas pela Universitat Roviri i Vigili -
Profª. Dra. Claudia Santos Oliveira • Fisioterapeuta • – UNINOVE-SP. Réus/Espanha • Doutora em Engenharia Biomédica
Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília Profª. Dra. Josepa Rigau i Ma • Médica • Doutora em pela UNIVAP – SP, Professora do Instituto de Pesquisa e
- UnB, Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado Ciências Médicas pela Universitat Roviri i Vigili - Réus/Espanha, Desenvolvimento da UNIVAP - SP.
em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho Professora da Universitat Roviri i Vigili – Réus/Espanha. Prof. Dr. Renato Amaro Zângaro • Engenheiro
– UNINOVE -SP. Profª. Dra. Leoni S. M. Pereira • Fisioterapeuta • Eletrônico • Pós-Doutorado em Espectroscopia Laser pelo
Profª. Dra. Daniela Biasotto Gonzalez • Doutora em Fisiologia e Farmacologia – Instituto de Ciências Massachusetts Institute of Technology - MIT/EUA, Professor do
Fisioterapeuta • Doutora em Eletromiografia e Articulação Biológicas ICB/ UFMG, Professora do Programa de Pós- Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da UNIVAP - SP.
Temporomandibular pela Faculdade de Odontologia de Graduação em Ciências da Reabilitação da Universidade Prof. Dr. Roberto Sérgio Tavares Canto • Médico
Piracicaba - FOP/ UNICAMP, Professora do Programa de Federal de Minas Gerais – UFMG - MG. Ortopedista • Pós-Doutorado pela Universidade de Liverpool
Mestrado em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove Profª. Dra. Luciana Fernanda R. M. Fernandes • – Inglaterra, Professor pesquisador do Centro Universitário
de Julho - UNINOVE - SP. Fisioterapeuta • Doutora em Biodinâmica do Movimento UNITRI - MG.
Profª. Dra. Débora Bevilaqua Grossi • Fisioterapeuta Humano pela UNICAMP – SP, Professora da Universidade Profª. Dra. Sandra Kalil Bussadori • Odontóloga •
• Doutora em Ciências pela UNICAMP, Professora do Metodista de Piracicaba- UNIMEP - Piracicaba - SP. Doutora em Odontopediatria pela Universidade de São Paulo
Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Prof. Dr. Marcelo Veloso • Fisioterapeuta • Doutor - USP, Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado
Aparelho Locomotor da FMUSP - Ribeirão Preto - SP. em Ciências pela UNIFESP • Professor da UFMG - Belo em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho
Prof. Dr. Dirceu Costa • Fisioterapeuta • Doutor em Horizonte - MG. – UNINOVE-SP.
Ciências Biológicas pela UNESP/Botucatu - SP • Professor da Profª Dra. Maria de Fátima Alcântara Barros • Drª. Sandra Regina Alouche • Fisioterapeuta •
Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP/UFSCar - SP Fisioterapeuta • Professora do Departamento de Fisioterapia Doutora em Neurociências e Comportamento Humano pela
Prof. Dr. Edson Sanfice André • Fisioterapeuta • do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. USP - SP.
Doutor em Neurociências pela USP - SP Profª Drª Maria das Graças Rodrigues de Araújo Prof. Dr. Sandro Luz de C. Matos • Médico • Doutor
Profª. Dra. Eliane Araújo de Oliveira • Fisioterapeuta Fisioterapeuta – Doutorado em Nutrição pela Universidade em Neurologia pela UNIFESP, Professor da Universidade
• Doutora em Atividade Física e Saúde pela Universidade de Federal de Pernambuco (UFPE) – Professora do Departamento Bandeirante de São Paulo UNIBAN - SP.
Granada – Espanha, Professora da Universidade Federal da de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco Profª Dra. Selma Sousa Bruno • Fisioterapeuta •
Paraíba - UFPA - Paraíba (DEFISIO - UFPE) – PE Doutora em Ciências da Saúde pelo Centro de Ciências da
Profª. Dra. Elizabel de Souza Ramalho Viana • Profª Dra. Maria do Socorro Brasileiro Santos • Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Fisioterapeuta • Doutora em Ciências da Saúde pelo Centro de Fisioterapeuta • Doutora em Ciências pela Universidade – UFRN, Professora do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Saúde – CCS da UFRN – Professora do Programa Federal do Estado de São Paulo – UNIFESP/EPM, Professora Fisioterapia da UFRN - RN.
de Pós-Graduação Mestrado em Fisioterapia da Universidade do Centro de Ciências da Saúde da UFPE. Prof. Dr. Sérgio Swain Müller • Médico • Doutor em
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN - Natal Prof. Dr. Mário Antônio Barauna • Fisioterapeuta • Cirurgia - UNESP – Botucatu – SP, Professor do Departamento
Profª. Dra. Eloísa Tudella • Fisioterapeuta • Doutora Doutor em Educação Especial e Reabilitação pela Universidade de Cirurgia e Ortopedia da UNESP – SP.
em Psicologia Experimental pela USP – SP, Professora do Técnica de Lisboa – Portugal, Professor do Centro Universitário Profª. Dra. Tânia FernandEs Campos •
Núcleo de Estudos em Neuropediatria e Motricidade da UNITRI - Uberlândia - MG. Fisioterapeuta • Doutora em Ciências da Saúde pelo Centro
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar - SP. Prof. Dr. Mauro Gonçalves • Fisioterapeuta • Pós- de Ciências da Saúde da UFRN, Professora do Programa de
Profª. Dra. Ester da Silva • Fisioterapeuta • Doutora Doutorado em Biomecânica pela University of Alberta – Pós-Graduação em Fisioterapia da UFRN - RN.
em Ciências pela UNICAMP. Fellow pela Wisconsin Universyt, Canadá, Professor Adjunto do Laboratório de Biomecânica Profª. Dra. Thaís de Lima Resende • Fisioterapeuta
Professora da Universidade Metodista de Piracicaba -UNIMEP da UNESP - Rio Claro. • Doutora em Ciências da Saúde pela PUC - RS.
- SP. Profa Dra Nadia Fernanda Marconi • Doutorado em Profª. Dra. Vera Lúcia Israel • Fisioterapeuta • Doutora
Prof . Dr . Fernando Silva Guimarães • Fisioterapeuta Controle Motor pelo Departamento de Fisiologia e Biofísica do em Educação Especial pela UFSCar - SP • Professora da
• Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da UFRJ, Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. Universidade Federal do Paraná - UFPR - PR.
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e Professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Prof. Dr. Wilson Luiz Przysiezny • Fisioterapeuta •
Centro Universitário Augusto Motta – UNISUAM - RJ. Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho – Doutor em Engenharia de Produção na área de Ergonomia
Profª. Dra. Gardênia Maria Holanda Ferreira • UNINOVE - SP. pela UFSC - SC.
Responsabilidade Editorial
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é uma publicação bimestral destinada a fisioterapeutas e acadêmicos de fisioterapia e áreas afins. A distribuição é feita em âmbito nacional e possui uma tiragem
trimestral de 3.000 exemplares, informando e estimulando a publicação de trabalhos científicos na área da Terapia Manual e Postural • Direção Científica: Prof. MSc
Afonso S. I. Salgado • Supervisão Científica: Prof. MSc. Daniel C. L. Ribeiro • Revisão Bibliográfica: Michele Mologni • Bibliotecária - CRB-9/1526
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Andreoli
Diagramação Andréia Garcia • Produção Gráfica Equipe E&A • Impressão e acabamento Expressão e Arte
EDITORA ANDREOLI Rua Padre Chico, 705 - Pompéia - CEP 05008-010 - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3679-7744
Editor Chefe
No Brasil já são 380 cientistas atuando na fisioterapia e terapia ocupacional com bolsa de produtividade em
pesquisa, mais de 500 profissionais com doutorado e milhares com mestrado em programas reconhecidos pela
Capes. Um censo do CREFITO-SP feito pela VUNESP em 2008 revelou que 75% dos profissionais do Estado de
São Paulo possuem Pós-graduação Lato Sensu.
Somos uma população jovem, mas que ainda vive uma década a menos do que as pessoas dos países
desenvolvidos, devido à alta incidência de doenças crônicas, deficiências físicas, entre outras. Essas doenças
e disfunções podem e devem ser combatidas com a oferta dos serviços de nossos profissionais à sociedade.
Para tanto, basta que o Governo cumpra a Constituição Federal e oferte os serviços de nossos profissionais à
sociedade. Lembrando que 75% da população depende do SUS para ter acesso aos serviços de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional, enquanto hoje menos de 5% de nossos profissionais prestam serviços para o Estado. Por
outro lado, os Planos de Saúde também mantém nossos profissionais trabalhando por preço vil e dificultando o
acesso dos seus usuários aos nossos serviços.
A boa notícia é que essa situação de afronta à dignidade de nossos profissionais e de desrespeito aos direitos
do cidadão está mudando. Ações políticas e jurídicas do CREFITO-SP têm logrado êxito em fazer com que os
serviços de nossos profissionais sejam colocados para garantir a longevidade e a qualidade da vida.
A era em que a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional serão ofertadas a toda a população, com uma remune-
ração digna aos profissionais, só depende de você. Prescreva nossos serviços e oriente seus pacientes a fazer
valer seus direitos, exigindo das autoridades competentes a oferta dos atendimentos de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional. Ao fazer a sua parte você está contribuindo para que o futuro chegue logo. Esse é o legado que
devemos deixar para as próximas gerações.
Artigo original
Resumo: Os distúrbios assimétricos da articulação sacroilíaca podem desencadear perda da funcionalidade e limi-
tações das atividades de vida diária, representando cerca de 40% das dores lombossacrais. O objetivo foi analisar
a efetividade de protocolo cinesioterapêutico-proprioceptivo para redução angular e de dor em pacientes que apre-
sentam assimetrias torcionais pélvicas em voluntárias com idade entre 20 a 35 anos, apresentando anteversão.
Dividiu-se a pesquisa em três etapas: (1) avaliação inicial da angulação pélvica e de dor percebida das voluntárias
(escala visual analógica), (2) intervenção fisioterapêutica através de exercícios concêntricos para músculos isquio-
tibiais e exercícios excêntricos para músculo quadriceps durante 45 dias (três sessões semanais com três series de
dez repetições), e (3) reavaliação da dor e da angulação pélvica. Esta foi realizada por meio da biofotogrametria
computadorizada, na qual mensuramos o ângulo de anteversão iliaco. Para o protocolo foram adotados exercícios a
20% de carga submáxima. Na avaliação biofotogramétrica inicial observamos 18,69º de anteversão e posteriormen-
te 12,05º. A avaliação subjetiva de dor apresentou média de 5,65 pontos iniciais e 4,49 pontos na avaliação final.
Ambos os dados com diferenças significantes entre os momentos. O protocolo mostrou-se efetivo para correção de
assimetrias em anteversão para as voluntárias estudas, com diminuição do quadro álgico.
Palavras-chave: Fisioterapia, Terapia Manual, Pelve, Propriocepção.
Abstract: The sacroiliac joint assymmetries may cause loss of functionality and daily life activities limitations, representing
about 40% of low-back pains. The purpouse of this study was to analyze the effectiveness of kinesiotherapeutic-
proprioceptive protocol in patients who have torsional pelvic anteversion asymmetry aged 20 to 35 years-old. The
research was divided into three stages: (1) initial evaluation of volunteers pelvic angle and pain level (visual analogue
scale), (2) physical therapy intervention through concentric exercises to hamstrings muscles and concentric exercise
to quadriceps muscle for 45 days (three sessions/week, three series of ten repetitions), and (3) revaluation of pain
and pelvic angle. This was performed by biophotogrammetry, measuring the pelvic angle. The protocol included 20%
sub-maximum exercises levels. Initial biophotogrammetric evaluation showed 18,69º and the final, 12,05º of pelvic
anteversion. Pain subjective evaluation showed initial mean of 5,65 points and 4,49 points on final evaluation, both
datas demonstrate significant differences between the moments. The protocol demonstrates effectiveness to treat
anteversion asymmetries on the studied group, with pain decrease.
Keywords: Physical Therapy, Manual Therapy, Pelvis, Proprioception.
dados pessoais e o exame físico em pronação e membros inferiores A normalidade dos dados foi
realizado. Seguiu-se a avaliação em flexão de quadril e extensão de verificada pelo teste de Shapiro-
da anteversão pélvica com biofo- joelho. Solicitamos exercícios excên- Wilk. Considerando que os dados se
togrametria computadorizada pelo tricos do músculo quadríceps, utili- mostraram normais, optou-se por
software ALCIMAGE®, com as vo- zando resistência no tornozelo, as tratamento paramétrico nas com-
luntárias trajando roupa adequada. voluntárias realizaram o movimento parações realizadas. Os momentos
Identificamos e a demarcamos os de flexão do joelho e a terapeuta re- de avaliação foram comparados
pontos anatômicos espinha ilíaca alizou o movimento de extensão, re- pelo Teste t pareado e pelo ANOVA
ântero-superior (EIAS) e póstero tornando à posição original, ou seja, 1 via para verificar diferenças.
superior (EIPS), de forma palpatória a voluntária não realizava a volta do
manual. Estes pontos foram identi- membro à posição original. Em se- Resultados
ficados por marcadores adesivos guida, as voluntárias realizaram a Foram observadas as médias
e, traçando retas: uma paralela ao segunda parte do protocolo, onde o de angulações feitas pela biofoto-
solo – 180o entre 2 retas – e outra exercício concêntrico dos músculos grametria inicial (M1) de 18,69º ±
entre os pontos anatômicos marca- isquiotibiais era preconizado em de- 1,83º, e na avaliação final (M2), ob-
dos – vértice na EIAS (figura 1). cúbito ventral. Neste, as pacientes servamos uma redução angular para
A intervenção fisioterapêutica faziam flexão de joelho também 12,05º ± 2,21º na média (Figura 2).
foi desenvolvida por cinco semanas. com a resistência no tornozelo e, Diferenças significantes foram ob-
As voluntárias realizaram três ses- durante a volta (extensão do jo- servadas entre os dois momentos.
sões semanais com três séries de elho), a terapeuta auxiliava, não Na avaliação da dor subjeti-
dez repetições de cada exercício permitindo que a voluntária desen- va, encontramos média de valores
proposto, ministrados pela tera- volvesse força excêntrica. em M1 de 5,65±2,90 pontos e em
peuta. As sessões foram realiza-
das em maca e, durante a terapia,
as voluntárias trajavam roupas
de ginástica. Comando verbal foi
utilizado, com vocabulário de fácil
compreensão às voluntárias.
A proposta de protocolo visou
a correção de AT em anteversão, de
forma a minimizar a predominância
dos músculos flexores de quadril
(reto femoral para este estudo – es-
tímulo quadricipital) sem perda da
estabilidade pela contração muscu-
lar isotônica excêntrica como alter-
nativa ao tratamento para estímulo
proprioceptivo específico.
De modo análogo, o uso de
exercícios concêntricos foi preconi- Figura 2. Biofotogrametria. Diferença significativa assinalada (p<0,05).
zado para os músculos isquiotibiais
(semi-tendinoso, semi-membrano-
so, bíceps da coxa), fornecendo es-
pecificidade proprioceptiva ao sis-
tema. Sendo os mecanorreceptores
musculares ou articulares providos
de estímulos de prioridade proprio-
ceptiva adequada ao distúrbio que
deseja-se corrigir. Os exercícios re-
sistidos foram realizados a 20% da
carga submáxima, evitando a piora
proprioceptiva.
Os exercícios foram realizados
na posição sentada, com os braços
estendidos poiando-se na maca, mão Figura 3. Escala Visual Analógica. Diferença significativa assinalada (p<0,05).
M2 de 4,49±2,96 pontos, havendo cinética fechada. Observando-se para que os sinais lesionais fossem
também diferença significante en- os músculos extensores do quadril minimizados em detrimento do re-
tre as avaliações (Figura 3). vê-se o contrário: uma insuficiência sultado com o controle motor. Es-
dos ísquiotibiais e do glúteo máxi- tudos recentes demonstram que o
Discussão mo, juntamente com os retos ab- treino sensoriomotor pode induzir
As articulações sacroilíacas, dominais em estabilizar o excesso diferentes adaptações neurais que
sendo articulações sinoviais e pos- dos flexores. Como o objetivo final afetam especificamente o recru-
suidoras de movimento, estão su- consiste em músculos bem contro- tamento e as taxas de disparo de
jeitas à diversos mecanismos e lados, a proposta, em nosso proto- unidades motoras no início da con-
condições que afetem a sua função. colo experimental, foi de não ape- tração voluntária20. Neste sentido,
Geralmente o trauma é o principal nas alongar os músculos flexores do ainda não temos dados para afir-
fator, agudo ou repetitivo. Outros quadril, especificamente o reto fe- mar se as adaptações de controle
incluem desuso, alterações postu- moral. Para este, propusemos prio- motor foram no aumento dessas
rais, causas inflamatórias ou doen- rizar o exercício isotônico excêntri- taxas de disparo ou na quantidade
ça . A manutenção das posturas
13
co, pelos benefícios do treinamento total de fibras que reforçam o posi-
assimétricas denota ocorrência de e para o estímulo proprioceptivo cionamento pélvico, porém clinica-
microtraumas cumulativos intra e específico, desejando um músculo mente temos, pelos dados obtidos,
periarticulares. As alterações posi- que estabiliza excentricamente o a melhora na condição álgica e
cionais de um ilíaco em relação ao sistema16. O exercício isotônico ex- postural das pacientes estudadas.
outro, associadas à disfunção pélvi- cêntrico tem a propriedade de gerar
ca, ocasionaram estresses nas arti- maior tensão ao músculo do que o Conclusões
culações sacroilíacas, sendo esta a exercício isotônico concêntrico ou Os resultados biofotogramé-
causa mais comum e menos diag- o isométrico17, porém é o exercício tricos e a análise da dor percebida
nosticada da disfunção pélvica14,15. que também mais ocasiona micro- pelas voluntárias sugerem que o
Não foram constatados, neste es- traumas teciduais musculares por protocolo cinesioterapêutico-pro-
tudo, quaisquer fatores descartas- ruptura de retículos sarcoplasmá- prioceptivo aplicado foi efetivo para
sem a causa postural, pelo contrá- ticos e extravasamento de Ca+2, minimizar a assimetria torcional
rio, o resultado biofotogramétrico que ativa o processo de espasmo em anteversão, bem como para
demonstrou assimetria torcional (tensão passiva) e de inflamação redução de dor e consequente me-
presente em todas as pacientes es- para subsequente reparo tecidual, lhora funcional. Estudos para ve-
tudadas (anteversão), e disfunção exigindo adaptações teciduais mus- rificação de desempenho muscular
sacroilíaca com dor lombossacral. culares e conjuntivas . No entan-
18 em situações análogas, bem como
Na anteversão, fator posicio- to, exercícios excêntricos, quando em associação com outros protoco-
nal deste estudo, podemos obser- adequadamente prescritos e repe- los de tratamento e avaliação estão
var a predominância dos músculos tidos de forma subseqüente, geram em desenvolvimento pelo Núcleo
flexores de quadril (ílio-psoas e reto redução dos sintomas e proporcio- de Pesquisa em Fisioterapia Trau-
femoral) e dos paravertebrais (qua- nam o efeito de treinamento mus- mato-Ortopédica – NUPEFIT.
drado lombar em cadeia cinética fe- cular . A carga aplicada, o número
19
ilíaco a que se fixam. A contração foram fundamentais para minimizar À Faculdade Seama e ao NU-
PEFIT pelo apoio dado aos pesquisa-
muscular é então realizada e manti- tais alterações e consequentes da-
dores durante o desenvolvimento da
da por estes grupos para a ocorrên- nos teciduais. Preconizamos o tra-
pesquisa e na revisão do trabalho.
cia da báscula anterior em cadeia balho a 20% de carga submáxima
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Artigo Original
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar eletromigraficamente os músculos: reto femoral (RF), bíceps femoral
(cabeça longa) (BFCL), eretor da espinha (ES) e glúteo máximo (GM), de ambos os lados nas fases excêntrica e
concêntrica durante a execução do exercício agachamento, que podem ser realizadas com ou sem a utilização de um
cinto pélvico. Participaram deste estudo (10) voluntárias praticantes do agachamento, com idade de 20 a 22 anos, e de
antropometria semelhante e sem antecedentes de lesões músculo esqueléticas. Com os resultados obtidos, concluiu-
se que: o uso do cinto não apresenta um efeito significativo sobre as ações da RF, BFCL, ES e GM músculos, este fato
ocorrendo apenas para o direito músculo glúteo máximo, que apresentou um maior nível de atividade, sem o uso do
cinto. Todos os músculos apresentam maior atividade na fase concêntrica do movimento.
Palavras-chave: Eletromiografia, Agachamento, Músculo.
Abstract: This study examined the electromyographic muscles: rectus femoris (RF), biceps femoris (long head)
(BFCL), erectors spinae (ES) and gluteus maximus (GM), on both sides during eccentric and concentric during execution
the squat exercise, which can be taken with or without the use of a belt pelvic. Participial this study (10) voluntary
practitioner’s squat, aged 20 to 22 years, and similar anthropometry and without a history of skeletal muscle injury.
With the results obtained, it was concluded that: the use of the belt does not present a significant effect on the actions
of the RF, BFCL, ES and GM muscles, this fact occurring only for the right gluteus maximus muscle which presented
a greater level of activity without the use of the belt. Regarding the movement phases, all of the muscles presented
greater levels of activity while raising the load.
Keyword: Electromyographic, Squat, Muscle.
RESULTADOS
Tabela 1 – Valores de RMS normalizados médios e desvios padrão dos músculos reto da coxa (RC), bíceps da coxa
(cabeça longa) (BCCL), glúteo máximo (GM) e eretores da espinha (EE), do lado direito e esquerdo, durante o exercício
agachamento, nas fases de descida e a subida, com cinto (CC) e sem cinto (SC).
MÚSCULOS
DIREITO ESQUERDO
R.C. B.C.C.L. E.E. G.M. R.C. B.C.C.L. E.E. G.M.
46,47 k 27,96 m 56,66 a 21,71 o 42,42 l 32,30 n 57,65 b 20,22 p
DESCIDA ± 50,58 ± 23,10 ± 40,83 ± 18,30 ± 43,72 ± 26,92 ± 44,12 ± 20,56
SC
124,48 c 45,10 108,73 40,26 j v 105,15 57,73 104,75 33,04
SUBIDA ± 107,85 ± 39,27 ± 112,05 ± 38,82 ± 64,89 ± 45,40 ± 103,55 ± 33,37
Teste de Friedman, para p< 0,05 e teste DMS Todos os músculos analisados
a. p< 0,05 em relação ao músculo GD na mesma fase SC. apresentaram maior atividade ele-
b. p< 0.05 em relação ao músculo GE na mesma fase SC. tromiográfica durante a fase de su-
c. p< 0,05 em relação ao músculo BD na mesma fase SC. bida, independente do uso ou não
d. p< 0,05 em relação ao músculo GD na mesma fase CC. do cinto, devido ao fato da direção
e. p< 0,05 em relação ao músculo GE na mesma fase CC. a favor da gravidade imprimir uma
f. p< 0,05 em relação ao músculo GD na mesma fase CC. aceleração que por um período
g. p< 0.05 em relação ao músculo GD na mesma fase CC. muito rápido não exige uma ação
h. p< 0,05 em relação ao músculo GE na mesma fase CC. muscular efetiva, o que reinicia ao
i. p< 0,05 em relação ao músculo GE na mesma fase CC. final do movimento com intuito de
desacelerar e proteger as estru-
turas ósteoligamentares e iniciar
Teste Wilcoxon para p< 0,05 a fase de subida18. Nesta fase de
j. p< 0,05 em relação ao músculo GE, na mesma fase SC. subida o movimento é concêntrico
k. l, m n, o, p, p< 0.05 em relação ao mesmo músculo na fase de subida SC. para todos os músculos analisados,
q. r, s, t, u, p< 0,05 em relação ao mesmo músculo na fase de subida CC. o que torna geralmente a atividade
v. p< 0,05 em relação ao mesmo músculo na mesma fase CS. eletromiográfica maior para com-
pensar a desvantagem mecâni-
ca que gradativamente se impõe,
DISCUSSÃO mentar ainda mais sua atividade o que é somado a sua realização
Com e sem o uso de cin- pois atua como um extensor do contra a força de gravidade e por
to pélvico verifica-se que existiu tronco11-14. este motivo o registro eletromio-
uma diferença significativa para O músculo reto da coxa direi- gráfico foi maior, com exceção para
os músculos eretor da espinha to e esquerdo, com e sem o uso o músculo glúteo máximo direito e
direito e esquerdo em relação ao de cinto pélvico na fase de subida esquerdo com o uso do cinto pél-
glúteo máximo direito e esquerdo apresentou diferença significativa vico cuja atividade foi semelhante
respectivamente durante a fase em relação ao músculo glúteo má- para as duas fases, provavelmente
de descida e subida, sendo o ere- ximo direito e esquerdo nas mes- pela estabilização do tronco pelo
tor da espinha aquele que apre- mas condições, sendo o músculo cinto reduzindo assim a velocida-
sentou maior atividade em ambas reto da coxa foi o que apresentou de angular do quadril e exigindo
situações, pelo fato do músculo maior atividade uma vez que pela constantemente uma atividade em
eretor da espinha além de ser um extensão do joelho estes atuam ambas as fases com objetivo de
músculo antigravitatório, particu- como motores primários13,15-17, promover um momento extensor
larmente nesta situação necessita destacando-se algo muitas vezes que compensasse o momento fle-
manter a carga da barra sobre o contrário aos objetivos dos prati- xor promovido pela carga durante
tronco o que enfatiza sua ativida- cantes desta modalidade os quais este movimento.
de durante a fase de descida ao acreditam ter o glúteo máximo
mesmo tempo que para vencê-las uma atividade muito intensa em CONCLUSÕES
durante a subida necessita au- ambas as fases. Conclui-se com este estudo
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Artigo Original
Resumo: A osteoartrose (OA) é uma doença articular crônico-degenerativa de caráter inflamatório que provoca
destruição da cartilagem articular levando a deformidade da articulação e quando sintomática progride em um padrão
que inclui dor articular, perda de força, incapacidade para marcha e redução da aptidão física. O presente estudo teve
o objetivo de avaliar os sintomas e capacidade física em indivíduos portadores de OA de joelho. Foram avaliados 30
voluntários, provenientes do Centro de Reabilitação da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região
do Pantanal – UNIDERP, com média de idade de 64,5 (±10,8) de ambos os sexos. A avaliação foi feita por meio de
questionário algo funcional de Lequesne. Pode-se observar maior número de voluntários (33,3%) com índice de
gravidade classificado como grave. Quando testado a hipótese de correlação entre idade e capacidade física, observou-
se dependência positiva, no coeficiente de correlação linear de Pearson mostrando que quanto maior a idade, pior
o índice de gravidade obtido pelo score (p=0,0242). O peso e a relação peso/altura caracterizada pelo IMC não
demonstrou correlação no resultado final do score de Lequesne. Com os resultados obtidos neste estudo, conclui-se
que o maior número de pacientes (33,3) encontra-se com índice de gravidade classificado como grave; e que quanto
maior a idade, pior o índice de gravidade de lesão da osteoartrose.
Palavras-Chave: Osteoartrose, Joelho, Capacidade Física.
Abstract: Osteoarthritis (OA) is a chronic, degenerative joint disease of character that causes inflammatory destruction
of articular cartilage leading to joint deformities and when symptomatic progresses in a pattern that includes joint
pain, loss of strength, inability to walk and reduced physical exercises. This study aimed to evaluate the symptoms and
physical capacity in individuals with OA of the knee. We assessed 30 volunteers from the Rehabilitation Center of the
University for Development of the State and the Region of the Pantanal - UNIDERP, with a mean age of 64.5 (± 10.8)
of both sexes. The evaluation was made through a questionnaire algo funcional of Lequesne. It was possible to observe
that most of volunteers (33,3%) with severity index, classified as serious. When tested the hypothesis of correlation
between age and physical ability, there was positive dependence in coeficiente linear correlation of Pearson showing
that the greater the age, the worst rate of gravity obtained by the score (p = 0.0242). The weight and the weight /
height characterized by BMI showed no correlation in the final score of the Lequesne. The results from this study, it
appears that the largest number of patients (33.3) is to index of severity classified as serious, and that the greater the
age, the worst index of severity of injury of osteoarthritis.
Keywords: Osteoarthritis, Knee, Physical Capacities
1 Curso de Fisioterapia da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP - Campo Grande – MS,
Brasil.
2 Docentes do Curso de Fisioterapia da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP - Campo
Grande – MS, Brasil.
Tabela 1. Característica da amostra estudada e valores dos domínios do Questionário algo funcional de
questionário de Lequesne. (n=30) Lequesne validado e traduzido por
RESULTADOS
Foram avaliados 30 pacientes
com diagnóstico de Osteoartrose
de joelho, com média de idade de
64,5±10,8 (variação entre 42 e
83) anos, sendo 5 (16,7%) do sexo
masculino e 25 (83,3%) do sexo
feminino avaliados pela aplicação
do questionário de Lequesne.
As características antropomé-
tricas mensuradas e os domínios do
questionário estão demonstrados na
tabela 1.
Foi realizada a distribuição de
frequência de acordo com o índice
de gravidade obtido pela aplicação
Figura 1. Associação entre a idade e o score de Lequesne. Correlação Linear de Pearson.
(n=30) do Questionário Lequesne. De uma
forma geral o maior número de pa- nário) estrangeiro sem realizar a do maior número de pacientes ter
cientes (33,3%) se encontra com sua validação para o país em que apresentado o índice de gravidade
índice de gravidade classificado se deseja aplicá-lo, quando se ob- classificado como grave e quanto
como grave. Os valores de frequ- jetiva usá-lo em uma população de maior a idade pior a gravidade da
ência e frequência relativa estão cultura e idioma diferentes do país doença pode ter ocorrido devido ao
expostos na tabela 2. onde o instrumento foi gerado2. fato da maior parte dos participan-
Para investigação da hipótese Em um estudo realizado9 o tes serem idosos e poderem apre-
de associação do resultado do sco- Índice Algo funcional de Leques- sentar a AO há algum tempo.
re do Questionário de Lequesne ne juntamente com o Índice Algo Segundo Toffoletto4, a osteo-
foi aplicado o teste de correlação funcional de WOMAC apresentam a artrose não é sinônimo de envelhe-
linear de Pearson, o nível de deci- eficácia para a avaliação da quali- cimento, porém uma vez instalada,
são para confirmação da hipótese dade de vida em pacientes porta- progride com a idade.
foi estabelecido em p<0,05. dores de OA, porém nesse estudo De acordo com Alves15, a pre-
Quando testamos a hipótese eles preferiram a utilização do Ín- sença de uma artropatia aumenta
de associação observamos depen- dice de Lequesne, por ser validado em 59% a chance do idoso ser de-
dência somente entre a variável para a língua portuguesa. pendente nas atividades instrumen-
idade e score de Lequesne, mos- De forma geral no presen- tais da vida diária (AVD’s). A dificul-
trando que quanto maior a idade, te estudo pode-se observar que o dade na realização dessas tarefas
pior o índice de gravidade obtido maior número de pacientes apre- representa um risco elevado para a
pelo score (p=0,0242). O peso e a sentou índice de gravidade classifi- perda da independência funcional.
relação peso/altura caracterizada cado como grave. A manutenção da capacida-
pelo IMC não mostraram influência E quando testamos a hipótese de funcional é um dos requisitos
no resultado final do score de Le- de associação neste estudo obser- para o envelhecimento saudável.
quesne (tabela 3, figura 1). vamos dependência somente entre A função física é um indicador uni-
a variável idade e score de Leques- versalmente aceito do estado de
DISCUSSÃO ne, mostrando que quanto maior saúde e importante componente
O objetivo desse estudo foi a idade, pior o índice de gravidade da qualidade de vida. Do ponto
avaliar os sintomas e capacidade obtido pelo score. de vista individual, a função física
física em indivíduos portadores de O estudo realizado por Marx2, é necessária para manter o indiví-
Osteoartrose de joelho, através da a grande quantidade de pacien- duo independente e participante na
aplicação do questionário Algo fun- tes com osteoartrose classificados comunidade. Dessa forma, a inca-
cional de Lequesne. como muito grave foi (32,22%) e pacidade funcional é um problema
Segundo Marx2, quando se extremamente grave (34,44%), se- social, que traz maior risco de ins-
institui um tratamento, devem-se gundo o questionário de Lequesne, titucionalização e altos custos para
possuir instrumentos capazes de provavelmente ao fato de muitos os serviços de saúde14,16-20.
monitorá-lo. No caso da osteoar- dos entrevistados terem sido sub- Sugere-se a realização de no-
trose de joelho e quadril, as áreas metidos aos questionários quando vos estudos para a avaliação da ca-
de maior interesse são as referen- internados para intervenções cirúr- pacidade funcional que contenham
tes à dor e incapacidade funcional. gicas no quadril ou joelho, decor- a história do paciente, correlacio-
Questionários que inquiram aspec- rentes da doença em questão. nando tempo de lesão, mecanis-
tos de dor, disfunção de marcha e Já outro estudo14, observou mo, entre outros.
atividades da vida diária (AVD) são valor médio do índice de Lequesne
preciosos para avaliação do esta- para OA de joelho de 9±7 (grave) CONCLUSÃO
diamento da doença e resultados para OA de quadril foi 9,5 (grave) Com os resultados obtidos nes-
do tratamento. e para OA de joelho e quadril foi te estudo, conclui-se que o maior
A maioria dos instrumentos 14,1±3,9 (extremamente grave). número de pacientes (33,3 %)
utilizados na avaliação de osteoar- Os resultados demonstram que a encontra-se com índice de gravida-
trose é baseada em questionários. OA apresenta uma forte influência de classificado como grave; e que
No entanto, não há como aplicar um na capacidade funcional do idoso. quanto maior a idade, pior o índice
instrumento de avaliação (questio- No presente estudo, o fato de gravidade da osteoartrose.
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Artigo Original
Luciana Maria Malosa Sampaio1, Elisangela Cristina Ramos2, Julio César Mendes de Oliveira2, Valéria Duarte
de Souza3, Luis Vicente Franco de Oliveira1, Adriana Marques Battagin4
Resumo: O objetivo da pesquisa foi avaliar a força muscular ventilatória em pacientes asmáticos submetidos ao
treinamento muscular respiratório. Compuseram a amostra 15 pacientes que realizaram o treinamento muscular
ventilatório (TMV). Todos foram submetidos a uma avaliação inicial, a qual constou de anamnese, exame físico,
avaliação de força muscular ventilatória, através das pressões ventilatórias máximas (PImáx e PEmáx) e do teste de
caminhada de seis minutos. Os pacientes foram submetidos a um programa de TMV, 3 vezes por semana, durante 6
semanas consecutivas, totalizando 18 sessões de treinamento, com duração aproximada 1 hora cada. Essas sessões
constituíram-se de orientação sobre padrões respiratórios, exercícios de coordenação da respiração associados a
movimentos de tronco e membros, alongamento geral da musculatura e relaxamento muscular. Utilizou-se o dispositivo
Threshold para a realização do TMV, durante 10 minutos, com uma carga de 40% da PImáx obtida na avaliação diária.
Após o período de treinamento, ambos os grupos foram reavaliados. Foram observadas diferenças significativas nos
valores da PImáx (55,5±18,5 para 81,7±21,2 cmH2O) e PEmáx (54,1±22,8 para 75,8±25,8 cmH2O) e aumento na
distancia percorrida em metros (545,3±56,7 para 676,3±83,6 m). Esses resultados permitem concluir que o TMV
proporcionou um aumento na força muscular inspiratória e na distância percorrida de sujeitos asmáticos promovendo
consequentemente, melhora no padrão respiratório e na performance de caminhada.
Palavras-chave: Asma, Treinamento Muscular Ventilatório, Força Muscular Ventilatória, Padrão Respiratório.
Abstract: The propose of study was evaluate the ventilatory muscles strength in asthmatic patients undergoing
respiratory muscle training. The sample was composed of 15 patients underwent ventilatory muscles training (VMT). All
were subjected to an initial assessment, which consisted of history, physical examination, measurement of ventilatory
muscles strength, through the peak respiratory pressure (MIP and MEP), and the test of a six-minute walk test.
Patients underwent a program of VMT, 3 times a week, for 6 consecutive weeks, totaling 18 training sessions lasting
approximately 1 hour each. These sessions consisted of orientation of breathing patterns, exercises for coordination of
breathing associated with the movement of trunk and limbs, general lengthening of the muscles and muscle relaxation,
and used the Threshold Inspiratory Muscles Training (IMT) for 10 minutes, with a load of 40% of MIP obtained in the
daily valuation. It appeared that there were significant differences MIP (55.5±18.5 to 81.7±21.2 cmH2O) and MEP
(54.1±22.8 to 75.8±25.8 cmH2O) and increase walking distance (545.3 ± 56.7 to 676.3 ±83.6 m). These results
demonstrate that the VMT has an increase in muscle strength and the distance traveled thus encouraging these.
Keywords: Asthma, Ventilatory Muscle Training, Ventilatory Muscle Strength, Respiratory Pattern.
1 Docentes do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo – SP, Brasil.
2 Aluno do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo – SP, Brasil.
3 Aluna do curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo – SP, Brasil.
4 Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo – SP, Brasil.
muscular inspiratória e expirató- cientes no inicio e no decorrer do so, em decúbito dorsal, sentado e
ria respectivamente, sendo obti- teste a caminhar mais rápido pos- em pé.
das segundo o método de Black & sível, sendo que o encorajamento Por um período de 5 minutos,
Hyatt14. Para tanto, os indivíduos foi padronizado16. exercícios de relaxamento, onde
permaneceram na posição ortostá- Foram realizadas intervenções o paciente ficava em uma posição
tica usando o clipe nasal. Foi uti- durante seis semanas, com frequên- confortável (em decúbito dorsal
lizado um manovacuômetro ane- cia de 3 dias por semana. ou sentado reclinado), realizando
róide escalonado em cmH2O, com Utilizou-se o dispositivo exercícios respiratórios relaxando
limite operacional de +300 a - 300 Threshold IMT com uma carga de os músculos acessórios da respira-
cmH2O da Gerar (Gerar Comércio 40% da PImáx obtida na avaliação ção, promovendo relaxamento glo-
e Indústria), equipado com adap- diária de cada paciente, realizando bal, ajudando a diminuir a ansieda-
tador de bocais e contendo uma 5 séries de 15 repetições. Consi- de associada a falta de ar.
válvula de escape através de um derando que os indivíduos neces- Foi aplicado o teste Kolmogo-
orifício de aproximadamente 2 mm sitavam primeiramente de uma rov Smirnov, determinando que a
de diâmetro, a fim de prevenir a reeducação do padrão respiratório amostra apresentava distribuição
elevação da pressão da cavidade diafragmático, somente a partir da normal. Para a comparação pré e
oral gerada exclusivamente por 3a sessão de treinamento é que se pos intervenção utilizou-se test t
contração da musculatura facial15. introduziu o Threshold IMT como Student pareado e não pareado. O
A PImáx foi obtida por meio de um recurso para o TMV. nível de significância adotada foi de
uma manobra de inspiração má- Foram realizados exercícios p< 0,05.
xima, partindo de uma expiração sem cargas para os membros su-
máxima e a PEmáx foi obtida por periores e inferiores, associados à Resultados
meio de uma manobra de expira- reeducação funcional respiratória Quinze pacientes foram ini-
ção máxima, partindo de uma ins- (RFR), estando os pacientes pri- cialmente triados no estudo. Qua-
piração máxima. Cada manobra foi meiramente sentados e depois, na tro pacientes não conseguiram
mantida por um mínimo de dois posição ortostática. Foram utiliza- concluir o estudo por exacerbação
a três segundos. Tanto a PImáx dos bastões e bolas, incentivando e um desistiu do protocolo. As ca-
quanto a PEmáx foram realizadas sempre a respiração diafragmáti- racterísticas basais dos 20 pacien-
no mínimo três vezes para cada ca. Sendo esses exercícios descri- tes se encontram apresentadas na
paciente, sendo que, para efeito de tos a baixo. Tabela 1.
análise, computou-se a média dos Por um período de 10 minu- A força da musculatura venti-
três valores obtidos. tos, exercícios de membros supe- latória foi determinada pela PImáx
Todos os indivíduos foram riores associados a mobilidade de e PEmáx (cmH2O), apresentando
submetidos a seis minutos de ca- tronco, realizado nas diagonais de valores significativos de 55,5±18,5
minhada (TC6’), sendo este re- Kabat para melhor recrutamento para 81,7±21,2 cmH2O e 54,1±22,8
alizado em uma superfície plana dos músculos motores secundá- para 75,8±25,8 cmH2O respectiva-
de trinta metros de comprimento rios ao movimento. Os exercícios mente após o treinamento mus-
e um metro e meio de largura. foram realizados em séries de 10 cular ventilatório de acordo com a
Cada paciente foi acompanhado repetições, com pausas de repou- tabela 2.
pelo examinador, o qual monito-
rou o teste com um oxímetro di-
gital portátil (Nonim 8500 A), que Tabela 1. Característica demográfica dos pacientes avaliados
verificou a saturação periférica de
oxigênio (SpO2) e a frequência n=10
cardíaca (FC) a cada dois minutos.
Sexo 3M 7F
Além disso, a sensação subjetiva
de dispnéia foi avaliada através da Idade, anos 23,4±7,0
escala de percepção de esforço de Peso, Kg 54,5±6,8
Borg CR10.
Altura, cm 161,0±6,1
Visando evitar interferência
da aprendizagem no teste e procu- VEF1 /CVF (% predito) 78±2,4
rando garantir maior fidedignidade
VEF1 (% predito) 57,3±6,2
nos resultados, foram realizados
IMC - Índice de Massa Corpórea , F - Feminino e M- Masculino; VEF1 volume expiratório
dois TC6’ na avaliação. O exami-
forçado no 1 segundo; CVF= capacidade vital forçada
nador orientou e incentivou os pa-
Tabela 2: Dados da força muscular ventilatória, distância percorrida antes e temente do TMV ter sido direciona-
após o treinamento muscular ventilatório. do mais aos músculos inspiratórios,
este proporcionou aumentos tam-
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Artigo Original
Resumo: Um dos movimentos funcionais mais utilizados é o passar do sentado para em pé que representa um
importante passo para a mobilidade e independencia do paciente hemiparético. Objetivo: avaliar a latência de ativação
do músculo quadríceps em hemiparéticos durante o movimento de levantar. Participou da pesquisa um grupo de 12
hemiplégicos, com histórico de lesão cerebral única, 15 idosos saudáveis e 15 adultos jovens saudáveis. Foi realizado
avaliação por eletromiografia com os dados coletados a partir do músculo vasto lateral bilateral. A análise dos valores
de eletromigrafia mostrou o atraso na latência de ativação do músculo vasto lateral no movimento de levantar sem
apoio no grupo hemiplégicos, todos do lado afetado, com média de 126,11ms (+26,92); quando comparado ao grupo
de idosos e jovens saudáveis. Verificou-se que a latência de ativação múscular do quadríceps nos músculos afetados
alertam sobre a falha de planejamento ou execução motora no paciente pós AVC.
Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral, Paresia, Eletromiografia, Atividade Motora.
Abstract: Sit-to-stand represents an important step towards mobility and independency hemiparetic patient. To
evaluate the latency of activation of the quadriceps muscle in hemiparetic during sit-to-stand movement. Group of 12
hemiparetics, 15 healthy elderly subjects and 15 healthy young adults. Assesment was performed by eletromiografia
with data collected from vasto lateralis bilateral muscles. Result: The analysis of the values of eletromygraphy showed
delay on latency of muscles at sit-to-stand movement without support on group hemiparetics at affected side. I`as
with an average of 126.11ms (+26.92), compared to elderly and young healthy groups. Conclusion: I’as found that
latency on vastus lateralis muscles affected alert on the failure of planning or motor control in patient after stroke.
Keywords: Stroke, Paresis, Electromyography, Motor Activity.
1 Fisioterapeuta Pós-graduada em Fisioterapia Clínica em Neurologia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Cascavel
- PR, Brasil.
2 Mestrando em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) – São José dos Campos - SP, Brasil.
3 Docente do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia Clínica – Universidade Estadual do Oeste (UNIOESTE), Cascavel - PR,
Brasil.
mulheres), saudáveis e com idade hemiplégico menos o lado sadio. O por uma lesão cerebral. A latência
média de 21,3 (+2,7). início das contrações foi identifica- encontrada nos pacientes do grupo
Os indivíduos foram orienta- do através de rotina desenvolvida hemiplégicos não se verificou nos
dos a permanecer sentados, com em MathLab (MATHWORKS, versão grupos jovens e idosos. A atividade
os pés posicionados de forma si- 7.0). Os dados foram analisados de levantar representa uma ativi-
métrica, e após comando verbal por ANOVA e pós-teste Tukey com dade básica de vida diária e embo-
teriam que levantar. Os participan- nível de significância em 5%. As ra possibilite de forma reprodutível
tes estavam acomodados em uma análises foram realizadas pelo pro- o estudo de diversas variáveis as-
cadeira de madeira, sem apoio para grama BioEstat versão 4.0. sociadas ao controle motor é indi-
os braços e com os pés sobre uma cada em casos restritos por ser de
placa sintética. O tempo estabele- RESULTADOS execução complexa.
cido de coleta foi de 6 segundos. O A análise dos valores de ele- A incapacidade de transferir
procedimento foi repetido 5 vezes tromiografia dos sujeitos avaliados peso sobre o membro inferior pa-
com intervalo de 1 min e utilizado (Figura 1) mostrou o atraso na la- rético pode ocorrer devido à dor,
para análise o valor médio excluí- tência de ativação do músculo vas- espasticidade, déficit de equilíbrio,
dos o melhor e pior resultado. to lateral no movimento de levantar comprometimento sensorial, ne-
Os dados da eletromiografia sem apoio no grupo hemiplégicos, gligência, fraqueza muscular e
foram coletados a partir do músculo todos do lado afetado, com mé- alteração do controle postural16. A
vasto lateral bilateral. Previamente dia de 126,11ms (+26,92); quan- descarga de peso no membro in-
a pele foi preparada e os eletrodos do comparado ao grupo de idosos ferior afetado tende a ser espon-
(0,9cm2, Meditrace – USA) foram saudáveis o atraso encontrado foi taneamente evitada, prejudicando
posicionados no terço inferior da 36,11ms (+20,92); nos jovens a realização correta do movimento
coxa, face anterio-lateral. A am- o atraso encontrado foi 18,92ms sentado para em pé e, possivel-
plificação do sinal foi 1000x com (+9,39). Comparado os grupos foi mente, a independência do indiví-
filtragem banda de 20-500hz. O verificada variação de +90,84% duo, tornando-se um mau hábito e
equipamento utilizado foi EMG entre jovens e idosos (p>0,05); incentivando o desuso e compen-
1000 (Lynx, Brasil) e a frequência jovens e hemiplégicos 566,47% sações22. De acordo com as neces-
de amostragem de 2000Hz. (p<0,0001) idosos e hemiplégicos sidades motoras e sensoriais dos
A latência para os grupos jo- +249,23% (p<0,0001). pacientes com hemiparesia[8] faz-
vens e idosos foi estabelecida pela se necessário uma avaliação apri-
diferença entre o instante de inicio DISCUSSÃO morada para verificar sua evolução
das contrações. Para o grupo hemi- Este trabalho ilustra as condi- durante o processo de reabilita-
plégico a diferença foi estabelecida ções de planejamento neuromus- ção23 e o movimento funcional de
entre o inicio da contração do lado culares em um sistema influenciado levantar possibilita caracterizar dé-
ficits e compensações prejudiciais
a este processo24.
Indivíduos hemiparéticos de-
monstram alteração na seqüência e
redução da atividade eletromiográfi-
ca dos músculos do membro inferior
parético com aumento de atividade
muscular compensatória do lado
não afetado durante a atividade de
passar de sentado para em pé. Além
disso, uma menor ativação do mús-
culo quadríceps no membro parético
pode afetar a simetria e distribuição
de peso no indivíduo25.
A simetria18 possibilita a me-
lhor realização do movimento de
levantar e reduz o risco de quedas.
Mas afirma que mesmo a simetria
seja prioridade do processo de re-
Figura 1. Boxplot da comparação entre os grupos jovens, idosos e hemiplégicos.
abilitação do paciente não existem
(***p<0,001). evidências de que esta exerça um
papel importante no desempenho do joelho no desempenho do hemi- terizar a amostra de acordo com
funcional. O autor ainda ressalta a parético no movimento de levantar. sua capacidade funcional e a pre-
importância do movimento funcio- Sua ativação vai caracterizar a ve- disposição desses indivíduos a um
nal de levantar na fase de reabili- locidade e suas limitações durante episódio de queda.
tação, pois este adapta o paciente esta atividade funcional por ser uma Galli et al.34 quantificou o mo-
para a marcha. atividade de caráter importante no vimento de levantar em hemipa-
De acordo com Chou et al.24 o controle postural do indivíduo. réticos através da cinemática das
treinamento funcional do movimen- Nos estudos13,31 foram Realiza- articulações e obteve como resul-
to de passar de sentado para em dos a avaliação por EMG nos múscu- tado alguns parâmetros significan-
pé pode ser uma tarefa apropriada los dos membros inferiores durante tes para a caracterização motora,
para indivíduos hemiparéticos que o movimento de levantar, compa- como a inclinação e rotação de
necessitem melhorar a força mus- rando a ativação dos músculos do tronco anormal, déficit na transfe-
cular e o controle motor do membro membro afetado com o saudável. rência de peso para o membro in-
inferior afetado a fim de alcançar Os autores ressaltam a importân- ferior parético e assimetria eviden-
melhor desempenho na marcha. cia do músculo quadríceps, pois foi te. No mesmo estudo é ressaltado
Nos estudos23,26,27 é colocada considerado um dos principais mús- a importância da avaliação do mo-
à importância de se avaliar indiví- culos geradores desse movimento, vimento de levantar e de marcha
duos saudáveis no movimento de quanto maior sua ativação melhor nesses indivíduos para assim obter
levantar para então ser comparado seu desempenho. Destaca também maior êxito na reabilitação.
com indivíduos paréticos, pois es- a grande variabilidade nas latências O paciente hemiplégico apre-
tes apresentam alterações impor- musculares durante a realização de senta-se como um importante ins-
tantes durante esse movimento, levantar em hemiparéticos. trumento para o aprendizado do
sendo destacado a lateralizacão Mazza et al.32 realizou uma controle motor sendo foco de di-
do centro de massa, a fraqueza avaliação em indivíduos hemipa- versos estudos e abordagem me-
do músculo quadríceps no mem- réticos, por sequela de AVE, du- todológicas. Mas consolida-se o
bro parético e a transferência de rante a passagem do movimento consenso sobre o estudo da ativi-
peso para o membro não afetado. de sentar e levantar. Com o uso dade muscular em hemiplégico as-
O mesmo estudo conclui que os da plataforma de força observou- sociado a uma atividade funcional,
indivíduos paréticos já partem de se que esses indivíduos não des- indicadora de independência e mo-
uma postura assimétrica, mesmo locavam seu Centro de gravidade bilidade que contribua no processo
sentados, e que o posicionamento anteriormente durante o movi- de reabilitação.
do pé parético para trás proporcio- mento, mas sim de forma rotacio-
na uma melhora na simetria moto- nal com lateralização. Foi quan- CONCLUSÃO
ra. Salmela et al.28 em seu estudo tificado no estudo as estratégias Em conclusão, verificou-se
também avaliou o posicionamento utilizadas durante o movimento, nesse estudo que a latência de
dos pés durante o movimento de juntamente com a velocidade, ativação muscular do quadríceps
levantar associado com a analise prejuízos e habilidades funcio- encontrado nos músculos afetados
de EMG em quadríceps, tibial an- nais. A assimetria foi fator impor- descrita neste trabalho alertam
terior e sólio, e concluiu uma maior tante nesse estudo. sobre a falha de planejamento ou
ativação desses músculos com os No trabalho de Belgen et al.33 execução motora que o paciente
pés posicionados de forma simétri- foram avaliados nos hemiparéti- pós acidente vascular encefálico
ca durante o mesmo movimento. cos os déficits do equilíbrio, força apresenta e propõe a investigação
Brunt et al.29 e Cameron et e mobilidade funcional através da da participação deste evento na as-
al.30 afirmam em seu estudo a im- escala de Berg e do movimento de simetria postural e implicações na
portância dos músculos extensores levantar. Assim foi possível carac- postura estática.
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Artigo Original
Resumo: Os Índices Anamnéticos são ferramentas apropriadas aos estudos epidemiológicos que envolvem a população
geral e podem classificar e caracterizar a Disfunção Temporomandibular (DTM), assim como a Eletromiografia (EMG)
que tem sido amplamente empregada na avaliação dos desequilíbrios musculares de indivíduos com DTM. O objetivo
deste trabalho foi classificar indivíduos com e sem sinais e sintomas de DTM por meio do Índice Anamnético de Fonseca
(IAF) e correlacionar com o sinal eletromiográfico dos músculos da mastigação, com o peso corporal, a idade e a
estatura. Para tanto, foram avaliados 33 voluntários de uma Universidade Privada da Grande São Paulo, sendo todas
do gênero feminino, com idade média de 20,73±1,20 anos. As voluntárias foram divididas em dois grupos, sendo
um com DTM (DTM) composto de 17 sujeitos e um sem DTM (s/DTM) com 16 sujeitos, segundo a pontuação obtida
pelo IAF. Foram coletados os sinais de EMG em posição postural de repouso da mandíbula, aferidos o peso, a idade
e a estatura dos participantes, para correlacionar com a classificação obtida pelo IAF. Houve uma maior prevalência
de DTMs de grau leve na amostra estudada (33,3%), e a presença de dor, cansaço da musculatura, ruídos articulares
e o hábito de ranger ou apertar os dentes foram mais prevalentes nos sujeitos com DTM. Apenas o peso corporal
apresentou relação positiva com a severidade da DTM na classificação pelo IAF (p=0,0137).
Palavras-chave: Disfunção Temporomandibular, Eletromiografia, Índice de Fonseca.
Abstract: Anamnesis indexes are appropriate tools to epidemiological studies that involve the general population. It may
classify and characterize Temporomandibular Disorders (TMD) just as Electromyography (EMG) that has been extensively
used in the assessment of unbalanced muscles of TMD subjects. The purpose of this study was to classify individuals with and
without TMD signs and symptoms with the Fonseca Anamnesis Index (FAI) and correlate such finding with the masticatory
muscles electromyographic signal, body weight, age, and height. Thirty three volunteers from a private university located
in the region of São Paulo city were assessed, and they were all female subjects with average age of 20.73±1.20 years.
They were divided into two groups according to the score obtained in the FAI, in which one group with TMD was comprised
of 17 subjects, and the other group comprised of 16 subjects without TMD. EMG signals were collected during mandible
rest postural position. Also, participants’ weight, age, and height were collected to further correlate with the FAI scores
obtained. A higher prevalence of mild TMD was detected in the assessed sample (33.3%), and the presence of pain, muscle
fatigue, articular noises, and habits like grinding and clinching of teeth were observed with higher prevalence in the TMD
subjects. Body weight alone presented positive correlation with TMD severity obtained with FAI classification (p=0.0137).
Keywords: Temporomandibular Disorder, Electromyography, Fonseca Index.
do uso de qualquer medicamento. dos grupos da pesquisa, o ques- antebraço do voluntário por uma
Para o registro EMG foram uti- tionário elaborado por Fonseca16 fita de velcro e ligado a um dos ca-
lizados: (1) Sistema de Aquisição intitulado de Índice Anamnético de nais do eletromiógrafo.
de Sinais-Módulo Condicionador de Fonseca (IAF). O sinal eletromiográfico foi
Sinais da Lynx Eletronics Ltda., por- Foi utilizada ainda, uma ba- captado com a mandíbula em po-
tátil, com 16 canais, 12 bites de re- lança antropométrica digital da sição postural de repouso por um
solução de faixa dinâmica, filtro do marca Líder® modelo P150C para período de 15 segundos, sendo
tipo Butterworth de passa-baixa de aferir a estatura e o peso corporal analisados apenas 10, sendo por-
509 Hz e passa-alta de 10,6 Hz e dos voluntários. tanto, eliminados os 2,5 segundos
ganho de 100 vezes; (2) Placa con- Primeiramente, a todos os iniciais e finais da coleta.
versora A/D, modelo CAD 12/32 da voluntários da pesquisa foram es- Para os registros eletromiográ-
Lynx Eletronics Ltda., de 12 bites e clarecidos dos objetivos e proce- ficos, os voluntários permaneceram
(3) Software Aqdados versão 5.0 da dimentos adotados durante todo sentados em uma cadeira, com as
Lynx Eletronics Ltda. para apresen- o estudo e solicitado o preenchi- costas completamente apoiadas no
tação dos sinais dos diferentes ca- mento do consentimento formal de encosto, plano de Frankfurt paralelo
nais simultaneamente, e tratamento participação, aprovado pelo Comitê ao solo, olhos abertos, pés paralelos
do sinal (valor RMS, média mínimo, de Ética em Pesquisa da Universi- e apoiados no solo, e braços apoia-
máximo e desvio padrão) com fre- dade de Mogi das Cruzes (Processo dos sobre os membros inferiores.
quência de amostragem de 2000Hz. 049/07; CAAE: 0048.0.237.000-02). Foram realizadas três capta-
Os canais de entrada dos ele- Após sua aceitação em par- ções do sinal eletromiográfico de
trodos foram calibrados diariamen- ticipar do estudo, os voluntários repouso com 1 minuto de intervalo
te. Esse procedimento é realizado receberam o IAF, sendo estes pre- entre cada uma delas.
para atribuir como valor zero de enchidos na presença do exami- Os sinais eletromiográficos re-
referência à voltagem registrada nador. Após o preenchimento do gistrados foram armazenados em
durante o curto-circuito do eletrodo questionário, o examinador aplicou arquivos na memória do computa-
ativo e o eletrodo de referência. a chave de correção para classificar dor e em CD para análise (off-line).
Foram utilizados quatro ca- os voluntários em “com disfunção” A análise do Índice Anamné-
nais de entrada dos eletrodos, para (DTM) ou “sem disfunção” (s/DTM), sico Fonseca (IAF) foi executada
a coleta do sinal eletromiográfico, determinando assim a constituição pela chave de correção contida no
sendo os canais correspondentes dos grupos da pesquisa. próprio questionário, determinan-
aos músculos estudados: Canal 0 Foi solicitado ao participante do desta forma a classificação de
- porção anterior do músculo tem- que subisse na balança antropo- DTM dos sujeitos da pesquisa.
poral direito; 1 - músculo masseter métrica da marca Líder® onde fo- O sinal eletromiográfico dos
direito; 2 - porção anterior do mús- ram aferidos seu peso corporal e músculos estudados foi utilizado
culo temporal esquerdo; 3 - mús- estatura, com os mesmos vestindo para derivar análises no domínio do
culo masseter esquerdo. roupas leves, sem calçados e man- tempo e amplitude sendo apresen-
Foram utilizados eletrodos de tendo a postura ereta com o olhar tada através dos valores da Root
superfície diferenciais compostos no horizonte. Solicitou-se também Mean Square (RMS), que é compre-
por duas barras retangulares (10x1 a apresentação de documento para endido como a amplitude de uma
mm) paralelas, de prata pura (Ag), a comprovação de sua idade. corrente elétrica contínua virtual.
espaçadas por 10 mm e fixas em A coleta dos registros eletro- Para obtenção do padrão de
um encapsulado de resina acrílica miográfico foi iniciada pela limpeza ativação muscular, o primeiro passo
de 20x41x5mm, da Lynx Eletro- da pele com algodão embebido em do processamento do sinal eletro-
nics Ltda. Estes eletrodos possuem álcool 70% e adequada colocação miográfico foi a retificação comple-
impedância de entrada maior que dos eletrodos ativos diferenciais de ta do sinal eletromiográfico bruto
10GΩ, CMRR mínimo de 84 dB e superfície no ventre dos múscu- para obtenção de um valor abso-
ganho de 20 vezes (Figura 2 A). los masseter e porção anterior do luto de todo o traçado, de maneira
Para redução de ruídos de músculo temporal, sendo orientada que as deflexões negativas serão
aquisição utilizou-se um eletrodo pela direção das fibras musculares convertidas a valores em módulo.
de referência (terra), de aço ino- e prova de função de cada um dos O passo seguinte foi a supres-
xidável, sendo este untado em sua músculos estudados, a fim de evitar são das altas flutuações da ampli-
interface de contato com gel à base erros no posicionamento dos ele- tude do sinal através do alisamento
de água (Figura 2 B). trodos ativos diferenciais. (smooth) do sinal. Este alisamento,
Foi utilizado para a classifica- O eletrodo terra foi fixado na conhecido como envoltório linear
ção dos indivíduos e constituição região anterior da porção distal do do sinal, foi realizado após a re-
tificação do traçado obtido. Além Tabela 1. Frequências e porcentagens da distribuição das classificações do
disso, foram calculados os coefi- grau de DTM da população estudada pelo Índice de Fonseca.
cientes de variação das curvas de Grau de DTM Frequência Porcentagem
cada um dos músculos estudados Normal 16 48,5%
de cada voluntário. Leve 11 33,3%
O processamento dos sinais Moderada 5 15,2%
eletromiográficos brutos registrados Severa 1 3,0%
foi realizado por rotinas do softwa-
re MATLAB versões 7.0.1, especial- Tabela 2. Modelo de regressão logística de chances proporcionais para a
mente criadas para os sinais pro- variáveis classificação de DTM para o repouso.
cessados pelo software Aqdados.
Variáveis Erro Odds Ratio
Assim, os valores de RMS Estimativa p-valor
(médias) padrão (IC95%)
obtidos durante atividade mas-
Idade 0.5683 0.4458 0.2024 -
tigatória bilateral simultânea de 1.366 (1.066 -
Peso 0.3117 0.1264 0.0137*
cada um dos músculos estudados, 1.750)
foram retificados e normalizados Altura -15.8872 12.2804 0.1958 -
para posterior análise estatística TD -0,5027 0,4131 0.2236 -
pelo software MATLAB (versão TE 0,5554 0,5343 0.2020 -
7.0.1).
MD 0,6071 0,5343 0.2558 -
Após o tratamento dos da-
ME -0,2974 0,5714 0.6027 -
dos estes foram analisados atra-
TD=Temporal Direito, TE=Temporal Esquerdo, MD=Masseter Direito e ME=Masseter
vés do Software SAS for Windows®
Esquerdo.
v.9.1.3, considerando o nível de
significância de 5% ou p-valor cor- Considerando a classificação tas em cada item foram compa-
respondente. da DTM em normal, leve, modera- rados pelo teste de diferença de
Inicialmente foi feita uma da e severa como variável respos- proporções. Os resultados constam
análise descritiva com o cálculo de ta, foi ajustado um modelo logísti- das Tabelas 3, 4 e 5.
média e desvio padrão das medi- co de chances proporcionais já que Podemos observar na Tabela
das coletadas dos sujeitos (peso, a variável resposta é ordinal e con- 4, referente as respostas “não” as-
altura, idade, TD, TE, MD e ME) na siderou-se peso, idade, altura, TD, sinaladas no IAF, que as questões
posição postural de Repouso dos TE, MD e ME como variáveis expla- 3, 4, 6, 7 e 8 apresentaram dife-
grupos DTM e s/DTM. natórias. Como foram três medidas rença estatisticamente significante
Após a classificação de DTM em cada voluntário, ajustou-se entre os grupos DTM e s/DTM. Para
(normal, leve, moderada severa), o modelo levando-se em conta a a questão 3, que avaliou a presença
foi ajustado um modelo de regres- repetição aninhada a voluntários. de cansaço da musculatura quando
são logística de chances proporcio- Como não houve significância nes- mastiga, no grupo DTM 23,5% dos
nais considerando a variável res- se efeito, considerou-se a média sujeitos responderam “não”, en-
posta a classificação de DTM como das medidas para o ajuste final. Os quanto que o grupo s/DTM 93,8%
ordinal e as medidas coletadas dos resultados constam da Tabela 2. responderam “não” apresentarem
sujeitos e da RMS de Respouso. Considerando a categoria cansaço ao mastigar.
Considerando o questionário normal como a linha de base para Na questão 4, que pergun-
de Fonseca, foi feita uma compa- o modelo, o teste do modelo de ta se sente dores na cabeça com
ração do número de respostas sim, chances proporcionais forneceu um frequência, 23,5% dos sujeitos do
não e às vezes utilizando o teste de p=0,8631, ou seja o modelo está grupo DTM responderam que “não”
comparação de proporções. bem ajustado. Nota-se aqui que contra 68,8% do grupo s/DTM. Em
somente a variável peso foi signi- relação a questão 6, sobre a pre-
Resultados ficativa e, sendo o coeficiente po- sença de dor no ouvido ou na re-
As frequências para a classifi- sitivo, indica que a quanto maior o gião da articulação temporomandi-
cação através do Índice Anamnéti- peso, maior a chance do indivíduo bular (ATM), 41,2% dos sujeitos do
co de Fonseca (IAF), do grupo DTM, ser classificado com DTM severa. grupo DTM responderam que “não”
demonstraram uma prevalência de Considerando as respostas do e 100% dos voluntários do grupo
DTM de grau leve, com 33,3% dos questionário Fonseca dos voluntá- s/DTM responderam “não” apre-
entrevistados, seguido do grau Mo- rios, foram calculadas as frequên- sentarem dor nesta regiões.
derado com 15,2% e grau Severo cias de respostas “não”, “às vezes” Para a questão 7, que pergun-
com apenas 3,0% (Tabela 1). e “sim”. Os percentuais de respos- ta sobre a presença de ruído nas
ATMs quando mastiga ou abre a Tabela 3. Frequências absolutas e percentuais de respostas “não” para o
boca, 23,4% dos sujeitos do grupo questionário Fonseca e teste de comparação dos percentuais.
DTM responderam “não” ter ruído
Respostas não
contra 93,8% do grupo s/DTM. Fi-
Questão DTM % DTM s/DTM % s/DTM χ2 p-valor
nalmente, na questão 8, referente
a presença de hábitos de apertar 1 14 82,4 16 100,0 1,3376 0,2475
ou ranger os dentes, 35,3% dos 2 15 88,2 16 100,0 0,4701 0,4929
sujeitos do grupo DTM responde-
3 4 23,5 15 93,8 17,1123 <0,0001*
ram que “não” apresentam tais há-
4 4 23,5 11 68,8 17,1123 <0,0001*
bitos contra 81,3% dos sujeitos do
grupo s/DTM. 5 8 47,1 11 68,8 0,8238 0,3641
Em relação as respostas “às 6 7 41,2 16 100,0 10,5623 0,00098*
vezes”, apresentadas no preenchi- 7 5 29,4 15 93,8 11,7228 0,00061*
mento do Índice de Fonseca, apenas
8 6 35,3 13 81,3 5,3694 0,02049*
a questão 3, referente a presença
9 11 64,7 15 93,8 2,604 0,10660
de cansaço durante a mastigação,
apresentou diferença estatistica- 10 3 17,6 6 37,5 0,7895 0,37410
mente significante entre os grupos
estudados; sendo que 58,8% dos
sujeitos do grupo DTM responde- Tabela 4. Frequências absolutas e percentuais de respostas “às vezes” para
ram “às vezes” e apenas 6,3% dos o questionário Fonseca e teste de comparação dos percentuais.
sujeitos do grupo s/DTM apontaram
Respostas às vezes
a mesma resposta (Tabela 5).
Questão DTM % DTM s/DTM % s/DTM χ2 p-valor
Na Tabela 5, onde são apre-
sentadas as estatísticas das respos- 1 3 17,6 0 0,0 1,3376 0,2475
tas “sim”, apenas as questões 7 e 8 2 2 11,8 0 0,0 0,4701 0,4929
apresentaram diferenças significan- 3 10 58,8 1 6,3 8,0225 0,004262*
tes estatisticamente, sendo que na
4 8 47,1 5 31,3 0,3277 0,567
questão 7, referente a presença de
ruídos na ATM, 35,3% dos sujeitos 5 8 47,1 5 31,3 0,277 0,5670
do grupo DTM relataram ter ruídos e 6 5 29,4 0 0,0 3,4943 0,06158
nenhum sujeito do grupo s/DTM re- 7 6 35,3 1 6,3 2,604 0,10660
latou a presença de tal sinal clínico;
8 4 23,5 3 18,8 0,8062 0,36930
já em relação a questão 8, sobre a
9 0 0,0 0 0,0 - -
presença de hábitos de apertar ou
ranger os dentes, 41,2% dos sujei- 10 9 52,9 7 43,8 0,0332 0,85750
tos do grupo DTM responderam ter
pelo menos um estes hábitos, já no
grupo s/DTM, nenhum sujeito assi- Tabela 5: Freqüências absolutas e percentuais de respostas “sim” para o
nalou a alternativa “sim”. questionário Fonseca e teste de comparação dos percentuais.
Respostas sim
DISCUSSÃO
Questão DTM % DTM s/DTM % s/DTM χ2 p-valor
A caracterização da amostra
aponta para uma semelhança en- 1 0 0,0 0 0,0 - -
tre os grupos estudados, DTM e s/ 2 0 0,0 0 0,0 - -
DTM, em relação aos valores de 3 3 17,6 0 0,0 1,3376 0,2475
RMS, pois não apresentaram dife-
4 5 29,4 0 0,0 3,4946 0,06458
rença estatística entre eles, este
5 1 5,9 0 0,0 0 1,0000
achado corrobora com os dados de
diversos autores10,12,31 que identifi- 6 5 29,4 0 0,0 3,4946 0,06158
caram alterações nos traçados de 7 6 35,3 0 0,0 4,7333 0,02958*
EMG e sintomas de DTM em indiví-
8 7 41,2 0 0,0 6,0797 0,01367*
duos sem DTM.
9 6 35,3 1 6,3 2,604 0,10660
Após a classificação dos volun-
tários pelo IAF podemos observar 10 5 29,4 3 18,8 0,0948 0,75820
uma prevalência maior de DTMs de A diferenciação dos grupos ruídos ao mastigar ou abrir a boca,
grau leve na população estudada DTM e s/DTM pelo IAF demonstrou cansaço na musculatura masti-
(33,3%), seguida de moderada que o grupo s/ DTM não apresenta gatória e os hábitos de ranger ou
(15,2%) e uma menor parcela de dor no ouvido ou na ATM (100%), apertar os dentes se mostraram
grau severo (3,0%), este achado não apresentou ruídos e nem can- mais prevalentes no grupo DTM,
vem ao encontro dos estudos de saço ao mastigar (93,8%), não este achado vai ao encontro aos
Nomura et al.17 ; Gracia et al.12 e apresenta hábitos de apertar ou relatos de Yap et al.32, que relatou
Bevilaqua-Grossi et al.18. que re- ranger os dentes (81,3%) e não que ruídos e cansaço ao mastigar,
lataram uma maior prevalência de relatam dores na cabeça com fre- dores na ATM foram as queixas
DTMs de grau Leve, sobre as Mo- quência (68,8%); já os indivídu- mais apontadas em seus estudos,
deradas e Severas. os do grupo DTM, apesar de não assim como o ranger dos dentes
Na análise pelo modelo de sentirem dificuldades em abrir a apontados por Magnusson et al.33.
regressão logística de chances boca (82,4%) ou movimentar a
proporcionais, apenas a variável mandíbula (88,2%), apresenta- CONCLUSÃO
peso corporal apresentou relação ram mais o hábito de ranger ou A população estudada apre-
com a classificação proposta pelo apertar os dentes (41,2%), rela- sentou maior prevalência de DTMs
IAF, apontando para um aumento tam com mais frequência que, ás de grau leve, sendo o grau de se-
na severidade das DTMs com o au- vezes, apresenta cansaço para veridade agravado pelo aumento
mento do peso corporal, embora a mastigar (58,8%), apresentaram do peso corporal, não apresentan-
literatura não tenha apresentado maior prevalência de ruídos nas do relação direta com o sinal de
estudos que investigassem tal rela- ATMs quando mastigam (70,6% EMG; as queixas que diferenciaram
ção, acreditasse que o aumento do sim e ás vezes) e maior prevalên- os dois grupos foram dor, ruídos
peso corporal provoque mudanças cia de queixas de dores no ouvido articulares, cansaço ao mastigar
posturais que estão relacionadas ou ATM (58,8% sim e ás vezes). e hábitos de ranger ou apertar os
as DTMs. Portanto, a presença de dor, dentes.
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Artigo Original
Resumo: O uso da crioterapia para diminuir hipertonia em músculos espásticos tem se mostrado um recurso bastante
conhecido e utilizado na reabilitação. Com isso, uma melhor compreensão dos efeitos do resfriamento em movimentos
voluntários pode proporcionar uma percepção dos mecanismos da espasticidade, que contribui à inaptidão funcional
no paciente. A proposta deste estudo foi de determinar o efeito do resfriamento na musculatura espástica, por meio
de uma escala clínica; o padrão da ativação muscular em um teste de movimentos repetitivos e subseqüentemente
avaliar as diferentes reações da coordenação muscular durante o resfriamento dos músculos tibial anterior e gastroc-
nêmio; e medidas eletrofisiológicas. Os voluntários foram submetidos a exame clínico do reflexo tendinoso patelar e
aquileu, no lado afetado, além da avaliação do clônus, atividade eletromiográfica e da variação angular da articulação
do tornozelo. Pelos resultados demonstrados neste estudo, verificamos que o efeito do resfriamento para a adequação
de tônus de pacientes hipertônicos por meio da crioterapia mostrou-se extremamente valioso e de uma importância
significativa.
Palavras-chaves: Crioterapia, EMG, Espasticidade.
Abstract: The use of the cryotherapy to diminish hypertonia in spastics muscles if has shown a resource sufficiently
known and used in the rehabilitation. With this, one better understanding of the effect of the cooling in voluntary mo-
vements can provide a perception of the mechanisms of the spasticity, which contributes to the functional ineptitude in
the patient. The proposal of this study was to determine the effect of the cooling in the spastic muscles, by means of a
clinical scale; the standard of the muscles activation in one test of repetitive movements and subsequently to evaluate
the different reactions of the muscular coordination during the cooling of the muscles tibialis anterior and gastrocne-
mius; and electrophysiological measured. The volunteers had been submitted the clinical examination of the tendinous
reflexes to patellar and aquileu, in the affected side, beyond the evaluation of clonus, eletromyographic activity and of
the angular variation of the joint of the ankle. For the results demonstrated in this study, we verify that the effect of
the cooling for the adequacy of tonus of hypertonics patients by means of the cryotherapy revealed extremely valuable
and of a significant importance.
Keywords: Cryotherapy, EMG, Spasticity.
1 Discente do PPG em Ciências a Reabilitação da Universidade Nove de Julho, São Paulo - SP, Brasil.
2 Profa Dra do PPG em Ciências a Reabilitação da Universidade Nove de Julho, São Paulo - SP, Brasil.
3 Profa MSc do Curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho, São Paulo - SP, Brasil.
4 Prof Dr do PPG em Ciências a Reabilitação da Universidade Nove de Julho, São Paulo - SP, Brasil.
pés estejam livres para realizar o Os eletrodos de superfície fo- tensão elétrica convertidos, por ca-
teste de reflexo tendinoso (percus- ram colocados sobre o ponto motor libração, em graus de movimento
são do tendão por um martelo clí- dos músculos tibial anterior e gas- articular, durante o movimento das
nico), além do teste de movimento trocnêmio do lado comprometido hastes, e que foi utilizado para me-
repetitivo (RM), o qual foi instruído (espástico), acompanhando o sen- dir o movimento de flexo-extensão
a realizar de maneira repetitiva a tido longitudinal das fibras muscu- da articulação do tornozelo durante
dorsiflexão e flexão plantar máxi- lares (fixados junto à pele por meio o RM17.
ma do tornozelo do lado afetado de uma fita adesiva de dupla face, Como sistema de referência,
pela espasticidade. O movimento internamente, e outra fita adesiva utilizamos as medidas sugeridas
foi realizado em um ritmo confor- usada externamente aos eletrodos, pela American Academy of Orthopa-
tável, estabelecido pelo próprio pa- proporcionando assim uma melhor edic Surgeons, onde a posição neu-
ciente durante 30 segundos. fixação destes). A técnica de loca- tra da articulação do tornozelo deve
Ambos, teste de reflexo ten- lização do ponto motor empregada ser igual à 0º, apud Araújo et al.15.
dinoso e teste RM foram realizados foi a mesma sugerida por Dainty e
antes e após os 2 experimentos, a Norman14, e que conforme relatado RESULTADOS
saber: por Araujo et al.15, está sujeita a
- Experimento 01: temperatu- menos erros sistemáticos. Análise Eletromiográfica
ra ambiente da sala de experimento Após o tratamento do sinal, Para apresentar a análise com-
(± 24ºC); um traçado médio do teste de mo- parativa da atividade eletromiográ-
- Experimento 02: resfria- vimentos repetitivos (RM) foi obti- fica dos músculos TA e GA, pode-se
mento com saco de gelo triturado do, sendo representativo da ativi- fazer comparações entre o padrão
focalmente posicionado sobre o dade funcional do músculo de cada do sinal EMG de um único voluntá-
nervo sural por 30 minutos5; voluntário. Finalmente, um traçado rio, obtendo desta forma o padrão
O sistema de aquisição de si- médio representativo da atividade intra-sujeito, assumindo o valor
nais EMG utilizado consistiu de dois funcional dos voluntários da amos- médio como valor representativo.
pares de eletrodos de superfície do tra foi obtido e submetido à análise Os dados referentes ao pa-
tipo ativo, bipolar e diferencial, uti- estatística comparativa, entre os drão intra-sujeito, quando do ciclo
lizado para captação da atividade músculos analisados16. completo da dorsi-flexão ativa da
elétrica dos músculos. O sinal foi Quanto ao eletrogoniômetro, articulação do tornozelo, do mem-
pré-amplificado no eletrodo dife- o sistema foi programado para ex- bro hemiplégico, podem ser visua-
rencial com ganho de 10 vezes e pressar seus valores de variação da lizados nas Figuras 1 e 2.
razão do modo comum de rejeição
igual a 80 dB e uma frequência de
amostragem de 2000 Hz; além de
um eletrogoniômetro (constituído
de duas hastes plásticas, interliga-
das por um potenciômetro linear e
resistência de 10 KΩ), sobre o eixo
articular de rotação da articulação
do tornozelo em estudo, cuja téc-
nica permitiu o registro da variação
angular contínua e automática.
Esses dois componentes do
sistema de aquisição de sinais fo-
ram conectados a um módulo con-
dicionador de sinais, da empresa
“EMG System5”, onde os sinais
analógicos foram filtrados com fil-
tro passa banda de 10 Hz a 500 Hz,
e amplificados novamente, com um
ganho de 100 vezes, totalizando Figura 1. Atividade eletromiográfica do músculo Tibial Anterior (TA), durante ciclo com-
portanto um ganho final de 1000. pleto de dorsi-flexão ativa da articulação do tornozelo, ciclo este demonstrado em forma
de porcentagem (0-100%), pré e pós-utilização da crioterapia como forma de adequa-
ção tônica do padrão extensor desta articulação.
Tabela 01. Pontuações médias obtidas pré e pós aplicação da crioterapia sobre o nervo sural pelo período de 30 minutos.
Pré-Crioterapia Pós-Crioterapia
Mensuração Clínica
Clônus 5±1 3±1*
Reflexo Patelar 4±1 4±1
Reflexo Aquileu 4±1 3±1*
Mensuração Eletrofisiológica
Latência Reflexo Patelar (ms) 24,81 (±6,7) 25,13 (±3,9)
Latência Reflexo Aquileu (ms) 22,29 (±12,31) 36,73 (±5,8)*
Valor p teste Student e post hoc de Tukey: * p < 0,05.
Isto talvez se explique pelo Nota-se que a variação angular não conseguimos realizar tal aferi-
fato de ocorrer uma resposta refle- (Figura 3) tanto pré, quanto pós- ção, a não ser de modo invasivo,
xa deste músculo frente ao estímulo crioterapia são correspondentes que entre outras explicações, não
de estiramento causado pelo mús- tanto no que diz respeito ao padrão seria rotineiro na clínica.
culo tibial anterior (motor principal desenvolvido durante todo o ciclo Podemos encontrar uma varia-
da dorsi-flexão) durante o início do do movimento, quanto aos valores ção muito grande da quantidade e
ciclo completo da dorsi-flexão. médios do CV encontrados. profundidade do tecido entre a pele
Como parte de nosso objetivo, Annaswamy et al.3, em seu e o músculo a ser atingido duran-
verifica-se que as curvas produzidas estudo de correlação do torque te um tratamento; variação inter
pelos músculos TA e GA, durante es- comparado com a escala modifi- e intra-indivíduos da temperatura
ses mesmos tipos de movimentos, cada de Asworth, apresentam em corporal basal; variação da tempe-
mostram-se muito semelhantes, seus resultados uma fraca corre- ratura climática, incluindo variação
apresentando um desvio padrão e lação desta escala na avaliação intra-dia e entre estações do ano
com valores do CV muito próximos da espasticidade, o que nos leva a (verão e inverno, por exemplo);
aos valores médios, o pode carac- sugerir o método quantitativo pro- além da modalidade de resfriamen-
terizar a existência de um padrão posto neste estudo, como mais um to (técnica) escolhida; entre outras
de ativação eletromiográfica seme- recurso prático e rápido na avalia- variáveis, que limitam e muito nossa
lhante entre esses músculos nesta ção da espasticidade. certeza do tempo de aplicação desta
análise intra-sujeito. Verifica-se (Tabela 1), pelos da- modalidade terapêutica. Neste estu-
Outro ponto que corrobora dos obtidos, o efeito significante da do adotamos para resfriamento um
com esta afirmação é o valor mé- crioterapia, aplicada no nervo sural saco de gelo triturado focalmente
dio dos coeficientes de correlação pelo período de 30 minutos, sobre posicionado sobre o nervo sural pelo
cruzada (medida de similaridade o reflexo aquileu e clônus da articu- período de 30 minutos, conforme
entre duas amostragens em fun- lação do tornozelo; já esse resulta- relatado no estudo de Lee, Bang e
ção do tempo) encontrado para do não mostra-se evidente sobre o Han5; contudo reconhecemos a di-
as curvas eletromiográficas pro- reflexo patelar, isso explica-se pelo ficuldade de reprodutibilidade deste
duzidas pelo voluntário, durante fato do efeito do resfriamento pro- estudo no uso clínico diário.
os 10 ciclos completos da dorsi- vocado pela crioterapia ocorrer na Outro ponto que merece
flexão, para os músculos tibial an- inervação abaixo daquela responsá- destaque, apesar de não ter sido
terior (0,987503), e gastrocnêmio vel pelo reflexo sobre o tendão pate- avaliado sob critérios metodoló-
(0,998512). lar, portanto, algo já esperado. gicos, que torna necessário estu-
Já na Figura 02, referente Uma limitação importante, dos a cerca dessa observação, foi
ao padrão EMG desenvolvido pelo que deve ser relatada, diz respeito o resultado pós-crioterapia18, cujo
músculo gastrocnêmio, percebe- a temperatura intramuscular, ne- apresentou-se satisfatório apenas
se que o músculo em questão, cessária para alcançarmos o feito por um curto período de tempo.
apresenta diferença significati- da crioterapia sobre a espasticida-
va; a atividade pré-utilização da de. Lee, Bang e Han5, encontraram, CONCLUSÃO
crioterapia, denota uma maior em seu estudo controlado, realiza- Podemos concluir, pelos resul-
atividade elétrica deste músculo do em coelhos, que é necessário tados demonstrados neste estudo,
durante a fase de 0 a 60% (fase atingirmos a temperatura entre que o efeito do resfriamento para a
da dorsi-flexão), período este em 25 e 30 graus Celsius para termos adequação de tônus de pacientes
que o músculo gastrocnêmio no- uma esperada diminuição dos pa- espásticos por meio da crioterapia
tadamente não tem sua atividade râmetros clínicos observados neste mostrou-se extremamente valioso
evidenciada. estudo; contudo, no ser humano e de uma importância significativa.
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Artigo Original
Resumo: Na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) o recém-nascido pré-termo (RNPT) é submetido à diver-
sos procedimentos dolorosos, assim, várias escalas foram desenvolvidas para avaliação da dor.No intuito de contribuir
com seu bem estar, o presente estudo teve como objetivo avaliar a dor em RNPT sob ventilação mecânica submetido a
estimulação tátil. Ensaio clínico, duplo cego, realizado no Conjunto Hospitalar do Mandaqui. A estimulação tátil (toque)
foi realizada por acadêmicos de 4o ano do curso de fisioterapia, sendo realizado fisioterapia torácica e aspiração de
cânula orotraqueal e vias aéreas superiores seguida da estimulação tátil. Ao término da sessão se reavaliava os sinais
correspondentes à escala NIPS. A análise estatística mostrou que não há diferenças estatísticas significativas entre os
valores medianos de NIPS antes e NIPS após (p-valor = 0,312). Em relação as variáveis da escala NIPS, na expressão
facial, 5 (83,3%) apresentaram melhora da dor após a estimulação tátil, no choro, se observou que 6 (100%) não
demonstraram choro, ou desconforto após a estimulação tátil e na consciência, 6 (100%) após a estimulação tátil se
mantiveram sem alteração.A estimulação tátil promove maior conforto nos indicadores comportamentais de dor como
a expressão facial, choro e consciência, pois se apresentaram alteradas na pré estimulação tátil e após cessaram.
Palavras-chave: Recém-Nascido Pré-Termo, Estimulação Tátil, Dor.
Abstract: In the Terapy Intensive Unity Neonatal (UTIN) the premature newborn (RNTP) is submitted to several painful
procedures, several scales were developed for evaluation of the pain. In intention to contribute with your welfare, the
present study had as objective evaluates the pain in premature newborn under to mechanical ventilation submitted the
tactile stimulation. Clinical trial, duble blind, executed in Conjunto Hospitalar do Mandaqui. The tactile stimulation (touch)
did by students of 4o year to physiotherapy course, they executed chest phydiotherapy and endotracheal succion and the
upper aerial ways following tactile stimulation. In the final of the session the signs correspondents were assessed with the
scale NIPS. The statistic analysis present that there weren’t significant statistic difference between the intermediate values
before and after NIPS (p-valor = 0.312). In relation to scale variables NIPS, in the face expression, 5 (83,3%) improve the
results of the pain after of the tactile stimulation, in the crying, was observed 6 (100%) that didn’t demonstrate crying, or
discomfort before the tactile stimulation and in the conscience, 6 (100%) after the tactile stimulation still be without rele-
vant changes. The tactile stimulation offered better comfort in the indicators behaviors of the pain as the face expression,
crying and conscience, because it was not regular before the tactile stimulation and it be regular after.
Keywords: Premature Newborn, Tactile Stimulation, Pain.
1 Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP e docente da Universidade Nove de
Julho – São Paulo – SP, Brasil.
2 Graduanda do curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho– São Paulo – SP, Brasil.
3 Neonatologista. Diretora do núcleo de neonatologia do Conjunto Hospitalar do Mandaqui – São Paulo – SP, Brasil.
4 Fisiotearapeuta. Doutora em Ciências da Saúde pela UnB, professora do mestrado em Ciências da Reabilitação Universidade Nove
de Julho– São Paulo – SP, Brasil.
INTRODUÇÃO histamina, assim os efeitos hemo- própria onde não necessita de uma
O ambiente da unidade de dinâmicos são minímos11-14. experiência posterior20,21.
terapia intensiva neonatal (UTIN) O RNPT quando submetido a Os estudos relacionados a dor
proporciona uma experiência ao ventilação mecânica (VM) observa- no RNPT são de extrema importân-
recém nascido pré-termo (RNPT) se pela sua mimíca facial dor e/ou cia, afim de se evitar comprome-
diferente da vida intra-uterina. desconforto, mas esses sinais po- timento no seu desenvolvimento e
Assim, o recém nascido (RN) é ex- dem ser aliviados através dos medi- também contribui para o seu bem
posto á luzes intensas, barulhos, camentos opiódeos que irão trazer estar10,21.
mudanças de temperatura, inter- uma analgésia e um conforto maior A estimulação tátil proporcio-
rupção do sono, monitoramento que são percebidos pela modifica- na diversos benefícios, ao RNPT,
constante, sondas e catéteres cau- ção da mimica facial e pela diminui- considerando o uso da VM causa-
sando desconforto, sofrimento e ção da frequência cardíaca .
9,15,16
dor de dor, o seguinte estudo se
dor1-3. A estimulação tátil através do justifica diante da possibilidade de
Sabe-se que o RN possue to- toque tem diversos efeitos bené- maior conforto ao RNPT.
dos os componentes funcionais e ficos para o RN contribuindo com O presente estudo teve como
neuroquímicos para a percepção e o ganho de peso, melhorando o objetivo avaliar a dor em recém-
transmissão de estímulos doloro- vínculo afetivo, o comportamen- nascido pré-termo sob ventilação
sos, sendo assim capaz de respon- to, aumentando o tempo de sono, mecânica submetido a estímulos
der a estímulos através das modi- proporcionando menor agitação, táteis.
ficações fisiológicas e comporta- saturação de oxigênio estáveis,
mentais, apesar de não existir um menores crises de apnéias, frequ- MÉTODO
medidor para se avaliar a dor, os ência respiratória e cardíaca mais Ensaio clínico, duplo cego, re-
profissionais da saúde conseguem estáveis, assim como a promoção alizado na UTI neonatal do Conjun-
identificar a dor através de expres- de maior conforto e consequente- to Hospitalar do Mandaqui localiza-
sões faciais, mas mesmo com este mente, contribuindo para um me- do na cidade de São Paulo.
recurso de fácil aplicação os profis- nor tempo de internação3,17-19. A coleta de dados foi iniciada
sionais encontram ainda dificulda- Devido o caráter subjetivo da após aprovação do comitê de ética
des para saber a real necessidade dor, vários métodos são adotados em pesquisa nº 164375 / 2008 e
de analgésia para o RN4-7. para uma avaliação adequada. autorização dos pais e/ou respon-
Existem alguns indicadores de Geralmente as ferramentas utili- sável do RN através do termo de
dor de fácil aplicação que são a fre- zadas são as características que consentimento livre e esclarecido.
quência cardíaca, frequência respi- o RNPT apresentam após um es- Os critérios de inclusão foram
ratória, pressão arterial, saturação tímulo como os batimentos cardí- RNPT com menos de 37 semanas
de oxigênio e de dióxido de carbo- acos, saturação ou até mesmo as de idade gestacional, hemodina-
no e dosagens hormonais, ligadas à mímicas faciais após os estímulos. micamente estáveis, em intubação
resposta endócrino-metabólica de Afim de uma melhor avaliação da orotraqueal (IOT) sob ventilação
estresse, mas essas medidas fisio- dor foram desenvolvidas diversas mecânica e com indicação de fisio-
lógicas não estão especificamente escalas como PIPP “ Premature in- terapia conforme prescrição mé-
relacionadas à dor segundo alguns fant Pain Profile”, NFCS “ Neonatal dica, totalizando assim os 6 (seis)
autores. Assim, as principais vari- Facial Coding System”, entre elas a RNs. Foram excluídos os RNs com
áveis de dor são o choro, mímica NIPS “Neonatal Infant Pain Scale” mais de 37 semanas de idade ges-
facial e atividades motoras8-10. frequentemente utilizada na UTIN tacional, hemodinamicamente ins-
No tratamento da dor no RNPT devido sua fácil aplicabilidade4,9. táveis, em respiração espontanêa
são administrados medicamentos A NIPS é indicada para RNPT ou sem indicação de fisioterapia.
como os analgésicos não-opióides, estáveis nas primeiras seis sema- Após avaliação fisioterapêutica
indicados para dores de baixa in- nas após o nascimento e avalia as realizada por um acadêmico do 4o
tensidade e para dores mais in- alterações comportamentais frente ano do curso de fisioterapia, englo-
tensas os analgésicos opióides. O a dor4,9,13. bando aspectos clínicos do recém-
fentanil é bastante utilizado na UTI A avaliação comportamental nascido e sinais de dor através da
neonatal por ser um opióide semi- da dor fundamenta-se nas modi- escala NIPS. Dando continuidade à
sintético com rápida ação, sua ficações de determinadas expres- rotina fisioterapêutica, o graduan-
potencia é considerada maior que sões comportamentais após estí- do realizava manobras de higiêne
a morfina porque possuem uma mulos dolorosos4,9,13. brônquica como vibração, acele-
maior atividade nos receptores O RN tem percepção da dor, ração do fluxo expiratório (AFE) e
opiódes e não aciona a liberação de pois é uma condição primária e aspiração de cânula orotraqueal e
RESULTADOS
A dor no recém-nascido pré-
Figura 3. Comparação pré e pós estimulação tátil sobre o indicador choro. termo foi analisada através da es-
cala NIPS (figura 1), antes e após
a estimulação tátil, sendo usado o
teste estatístico não paramétrico
de Wilcoxon para as duas amostras
relacionadas (dependente), pois a
mensuração antes e depois é feita
no mesmo individuo23,24. Este tes-
te verifica se há diferença entre
o valor mediano de NIPS antes e
após a intervenção. O p-valor do
teste, calculado no software SPSS
16, mostrou que não há diferenças
estatísticas significativas entre os
valores medianos de NIPS antes e
Figura 4. Comparação pré e pós estimulação tátil sobre o indicador consciência. NIPS após (p-valor = 0,312).
Em relação a variável da es- pecíficos para avaliar a dor aguda De acordo com a literatu-
cala NIPS, expressão facial, figura em recém-nascidos pré-termo ou ra pesquisada a estimulação tá-
2, 5 (83,3%) RNPT apresentaram termo em Unidades de Terapia In- til beneficia o RNPT no ganho de
melhora da dor após a estimula- tensiva Neonatal, por ser um mé- peso, comportamento, bem estar
ção tátil. todo sensível e não invasivo25. e desenvolvimento, diminuição no
Em relação ao choro, na figu- Em relação ao choro, segundo período de internação e de compli-
ra 3, observamos que 6 (100%) Guinsburg9, é considerado um mé- cações; além de ser uma forma de
dos RNPTs não demonstraram todo primário de comunicação nos terapia que apresenta baixo custo
choro, ou desconforto após a es- recém-nascidos, revelando o estres- segundo o estudo de Figueiredo26.
timulação tátil. se como medida de dor, sendo um A estimulação tátil age direta-
Em relação a consciência, fi- instrumento útil para avaliar a dor mente na redução da dor, devido
gura 4, os 6 (100%) RNPTs após quando associado a outras medidas sua ação no nível do corno pos-
a estimulação tátil se mantiveram como indicadores da escala NIPS. terior da medula, estimulando os
sem alteração. Para Guinsburg9, dentre as aferentes que transmitem mensa-
Nas variáveis respiração e po- respostas mais conhecias do or- gens menos nocivas, assim esti-
sicionamento dos braços apenas 1 ganismo humano ao estímulo do- mulos não dolorosos, como o tato,
RN (16,6%) apresentou alteração loroso agudo, se destaca a taqui- podem ser empregados para redu-
ao término da aplicação da estimu- cardia22, o que contrasta com nosso ção da dor25.
lação tátil e em relação a variável estudo, pois não observamos alte-
posicionamento das pernas 3 RNs rações sugestivas de aumento da CONCLUSÃO
(49,9%) apresentaram alteração. frequencia cardíaca com a estimu- O estudo foi proposto afim de
lação tátil. qualificar um melhor atendimento
DISCUSSÃO Observamos no presente es- para os RNPT, já que estão cons-
A presente pesquisa revelou tudo que a escala comportamen- tantemente expostos a dor, mesmo
que a estimulação tátil promove tal NIPS é de fácil aplicabilidade diante da necessidade dos procedi-
maior conforto nos indicadores com- no âmbito hospitalar, favorecendo mentos dolorosos.
portamentais de dor como a expres- sua utilização pelos profissionais Devido ao tamanho da amos-
são facial, choro e consciência, pois da saúde visando a distinção de tra ser inferior ao esperado, os da-
se apresentaram alteradas na pré dor e/ou desconforto nos diversos dos são sugestivos de melhora nas
estimulação tátil e após cessaram. procedimentos realizados com os variáveis expressão facial, choro e
Segundo alguns autores, a mesmos. No estudo de Guinsburg9 consciência. Assim, salientamos a
resposta motora é mais específi- observamos que a escala NIPS tem necessidade de outros estudos ou
ca ao estímulo doloroso, quando se mostrado útil para avaliação da ampliação da amostra na aplicação
comparada á resposta fisiológica. dor em recém-nascidos pré-termos da técnica, no intuito de contribuir
Assim, a expressão facial é consi- corroborando com a presente pes- com a diminuição da dor nessa po-
derada um dos métodos mais es- quisa. pulação.
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Artigo Original
Resumo: Para o processamento normal das funções como deambulação e sustentação do peso corporal, é consi-
derado que a integridade do membro inferior é de fundamental importância. O presente trabalho tem por finalidade
avaliar e quantificar os pés de crianças das primeiras e segundas séries do ensino fundamental, com idade entre 6 a
12 anos, elaborar palestras sobre a importância da patologia, orientando e conscientizando os responsáveis sobre a
mesma. Foi obtido um total de 153 amostras. Verificou-se que houve normalidade dos pés em 57 crianças (37,25%)
da amostra, 44 crianças (28,75%) apresentaram pé plano tipo dois, 31 crianças (20,26%) o pé cavo e em 15 crian-
ças (9,8%) encontrou-se o pé plano tipo três. A normalidade foi prevalente no sexo masculino, com um total de 31
crianças contra 26 do sexo feminino, também a presença de pé plano tipo dois foi prevalente entre os sexos, com 30
indivíduos masculinos contra 14 para o sexo feminino. Embasando-se nos resultados encontrados, foram elaboradas
palestras para explanar aos responsáveis sobre a importância da patologia e da realização de um tratamento. Contu-
do, foi possível orientar e conscientizar aos responsáveis, da importância de uma visão criteriosa no desenvolvimento
podálico das crianças, evitando-se dessa forma a instalação de possíveis patologias e deformidades, decorrentes do
incorreto desenvolvimento plantar.
Palavras-chave: Pé Chato, Criança, Prevalência.
Abstract: For the normal processing of the functions as walking and sustenance of the corporal weight, is considered
that the integrity of the inferior member is of fundamental importance. For so much, the present work has for purpose
to evaluate and to quantify the children’s of the first ones feet and second series of the fundamental teaching, with age
among 6 to 12 years totaling 153 samples. It was verified that there was normality of the feet in 57 children (37,25%)
of the sample, with the foot plane type two in 44 children (28,75%), in 31 children (20,26%) the concave foot and in
15 children (9,8%), he/she was the foot plane type three. The normality was prevalence in the masculine sex, with a
total of 31 children against 26 of the feminine sex, the presence of foot plane type two was also prevalence among the
sexes, with 30 masculine individuals against 14 for the feminine sex. Being based in the found results, lectures were
elaborated to explain to the responsible on the importance of the pathology and of the importance of a treatment.
However, it was possible to guide and to become aware to the responsible, of the importance of a discerning vision in
the children’s development podálico, being avoided in that way the installation of possible pathologies and deformities,
current of the incorrect development to plant.
Keywords: Flatfoot, Child, Prevalence.
interna durante o contato inicial, Outubro de 2007, com as devidas ra onde eram orientados a ficarem
reação ao peso, suporte terminal e autorizações da coordenação do em posição ortostática, relaxados
pré-oscilação11. educandário, dos pais dos alunos com o olhar fixo horizontalmente.
No adolescente, o pé plano constituintes da amostra e dos Com a câmera sob o vidro, a uma
dificulta a prática de atividades es- professores. Foi realizada uma se- distância de aproximadamente 50
portivas, no adulto, é incômodo e no qüência de coleta que se iniciou cm, foram tiradas fotografias da
idoso torna-se um pé incapacitante. com uma análise da massa corpo- planta do pé. Os instrumentos uti-
Podendo acarretar consequências ral dos indivíduos, seguida de uma lizados na coleta de dados foram
compensatórias ao nível dos joelhos, avaliação da estatura e obtendo a obtidos através da fotografia da
quadril e coluna, principalmente se a fotografia da imagem dos pés em face plantar dos indivíduos através
deformidade for unilateral12. ortostatismo sobre uma platafor- de uma máquina digital Cybershot
Cada seguimento corporal ma de vidro com 1 cm de espessu- Sony® DSC-S600.
equilibra-se sobre o adjacente em
um processo ascendente. O pé
equilibra-se e adapta-se ao chão,
a perna sobre o pé, a coxa sobre
a perna, a cintura pélvica sobre os
membros inferiores, a coluna lom-
bar sobre o quadril, a coluna dorsal
sobre a lombar, sendo o objetivo
final desse equilíbrio à boa posi-
ção no centro de gravidade acima
da base de sustentação do corpo,
por isso a importância da base de
apoio para o equilíbrio estático,
que depende da forma do pé e da
forma da superfície de apoio2.
O presente artigo tem por fi-
nalidade avaliar e quantificar os pés
de crianças da primeira e segunda
série do ensino fundamental.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa de
campo do tipo observacional descri- Figura 2. Ilustração do procedimento (fotografia da face plantar).
tiva transversal, realizada em crian-
ças da 1ª e 2ª séries (85 meninos e
68 meninas) matriculados no segun- A avaliação podálica foi reali- porcentagem simples.
do semestre letivo de 2007 no Colé- zada com o auxílio de um progra-
gio Nossa Senhora Aparecida, da ci- ma de computador para Avaliação Resultados
dade de Boa Ventura do São Roque/ Postural – SAPO, sendo realizada Na tabela 1 pode-se obser-
PR, com idade entre 6 a 12 anos, a medição do ante-pé, médio-pé e var os dados antropométricos das
num total de 153 sujeitos. A esco- retro-pé, para a classificação dos crianças avaliadas. Nota-se que a
lha da faixa etária embasou-se no indivíduos como normais, pés pla- idade média ficou em 6.38 anos na
conhecimento das etapas matura- nos tipo um a cinco e pés cavos, primeira série e 7,72 anos na se-
cionais do desenvolvimento podálico descritos por Bricot4 e Valenti5. A gunda. O Índice de Massa Corporal
normal, considerando o período de análise estatística dos dados co- (IMC) ficou 15.09 nas primeiras sé-
alterações fisiológicas, na busca por letados consistiu na aplicação de ries e 15.59 nas segundas.
uma ação preventiva precoce. Este
trabalho foi aprovado pelo Comitê
de Ética da Universidade Estadual do
Tabela 1. Dados Antropométricos dos indivíduos avaliados.
Centro-Oeste, (nº 053/2007), se-
Idade Altura Peso IMC
gundo a Resolução 196/96 do CNS.
A coleta de dados foi realiza- 1ª Série 6.38 1.2 21.91 15.09
da entre os meses de Setembro e 2ª Série 7.72 1.28 25.88 15.59
Em relação aos tipos de pés e trabalho, destaca-se o estudo de Jordão e Bertolini14 pesquisa-
ao sexo, tanto no gênero masculi- Abrantes, Lamounier e Colosimo 13
ram a incidência de pé plano nos
no como no feminino houve a pre- onde a prevalência de sobrepeso diferentes gêneros, sendo que, em
valência da normalidade com 31 em adolescentes variou entre 1,7% seu estudo a porcentagem de me-
meninos (36,47%) e 26 meninas no Nordeste, e 4,2% no Sudeste. ninos com pé plano (66,2%) so-
(38.23%). Na sequência, encon- A prevalência de obesidade em bressaiu-se ao número de meninas
tramos o pé plano tipo dois, que adolescentes variou entre 6,6% e (33,8%), em uma amostra de 304
no gênero masculino obteve um 8,4%, e em crianças entre 8,2% e crianças entre 7 e 9 anos. O nú-
total de 30 indivíduos da amostra 11,9%, nas regiões Nordeste e Su- mero de crianças com pé plano na
(35,29%) e no sexo feminino 14 deste, respectivamente. Agrupan- rede particular de ensino foi supe-
indivíduos (20,58%) apresentaram do-se os dados das duas regiões, a rior aos da rede de ensino munici-
essa patologia. prevalência no sexo feminino foi de pal, sugerindo que o uso constante
Na tabela 3, nota-se que a 10,3% de obesidade entre crian- de calçados tem trazido conseqü-
predominância na primeira série ças, 9,3% de obesidade e 3,0% de ências negativas para a morfofisio-
foi de 29 crianças com pé plano, sobrepeso entre adolescentes. No logia dos pés.
26 crianças com pé cavo, 18 com sexo masculino, a prevalência foi Beloto et al.15 avaliaram 400
pé normal e 11 com pé plano tipo de 9,2%, 7,3% e 2,6%, respecti- indivíduos de diversas faixas etá-
três. Na segunda série observa-se vamente. rias, referindo que existe uma pre-
que a predominância foi para o pé Em nosso estudo pode-se ob- valência de pé plano em crianças
cavo com 28 crianças, 16 crianças servar que as crianças avaliadas menores de 9 anos, com predo-
com pé normal, 15 crianças com pé através de balança digital não apre- minância de pés planos no sexo
plano tipo dois e 5 crianças com pé sentaram sobrepeso, estando à mé- masculino (30,4%) em relação ao
plano tipo três. dia de peso nas primeiras séries em feminino (14,8%).
21,91 Kg e nas segundas séries em Lucena12 realizou um inquérito
Discussão 25,88 Kg, sendo assim, o IMC ficou de prevalência para pé plano, que
Com relação aos dados an- dentro dos parâmetros normais para contou com um questionário e uma
tropométricos obtidos no presente a idade das crianças avaliadas. ficha de avaliação da face plantar,
com auxílio de pedígrafo. Foi inves-
tigada a associação entre preva-
Tabela 2. Tipos de pé e suas porcentagens com relação ao gênero no grupo lência de pé plano, tipo de escola,
avaliado sexo e idade. Em relação aos seus
resultados ocorreu à prevalência
Gênero Masculino Feminino
de pé plano, com predomínio no
Normal 31 26 sexo masculino.
No estudo proposto, obteve-se
Plano 43 22 uma maior prevalência do pé plano
no sexo masculino com um percen-
Plano 1 0 1
tual de 50,58%, e de 38.23% de pé
Plano 2 30 14 normal no sexo feminino, corroban-
do com os estudos citados acima.
Plano 3 9 6 Por outro lado, outro estudo
teve como objetivo calcular o índi-
Plano 4 3 1
ce do arco plantar de Staheli e a
Plano 5 1 0 prevalência de pés planos. Para tal,
utilizaram-se do pedígrafo e, atra-
Cavo 11 20
vés deste, foi realizado o cálculo. A
casuística do trabalho foi composta
por 100 crianças, as quais foram
Tabela 3. Tipos de pé nas séries avaliadas.
divididas em 5 subgrupos, que cor-
Plano Plano Plano Plano Plano respondias as idades de 5, 6, 7,
Cavo Normal 8 e 9 anos completos, e conside-
1 2 3 4 5
radas clinicamente sem afecções.
1ª Série 1 29 11 3 0 26 18 Cada subgrupo era constituído por
20 crianças distribuídas, quanto ao
2ª Série 0 15 5 0 1 28 16
sexo, em 10 meninas e 10 meni-
nos. Concluíram com este estudo No estudo de Vianna e Vian- são plantar, e sua associação com
que os valores médios do índice na18 foram avaliadas 30 crianças escoliose. Após análise estatística
do arco plantar, entre os cinco e os de ambos os sexos, dessas 19 dos resultados não se observou as-
nove anos de idade são estáveis e (63,33%) eram do sexo femini- sociação significante entre as vari-
estão entre 0,61 e 0,67 na amostra no e 11 (36,67%) do masculino. áveis correlacionadas. Dessa for-
estudada, o que é considerado nor- Do total das crianças avaliadas ma, nessa população, não foi en-
mal pela “Pediatric Orthopaedic So- 12 (40%) apresentaram queda no contrada associação considerável
ciety”. Não foi observada diferença arco plantar, sendo que das crian- entre pés cavos e escoliose, seja
significativa entre os sexos16. ças que apresentaram pé plano 7 ela evidente ou não, nem entre a
Em estudo de Prado17 foi re- (58,33%) eram do sexo masculino magnitude da curva e a presença
alizado a comparação da ocorrên- e 5 (41,67%) do sexo feminino. O do pé cavo20.
cia de pés planos e pés cavos em mesmo relata que o pé chato qua- No presente estudo pode-se
crianças de populações carentes se sempre é indolor, mas quando observar uma prevalência de pé
e não-carentes assintomáticas, não tratado pode acarretar desvios cavo no sexo feminino (29.41%)
através de exame clínico e análise posturais, afetando joelhos, quadril em relação ao masculino.
de podograma. Verificaram que a e coluna vertebral.
ocorrência de pés planos nas crian- O estudo de Zuri 19
teve como Conclusão
ças não-carentes em relação às objetivo analisar a distribuição da Pode-se concluir através da
carentes, não era estatisticamente pressão plantar de crianças do sexo pesquisa, que a incidência de pé
significante, porém estatisticamente masculino, normais, com sobrepeso plano foi maior em meninos do que
significante foi a maior prevalência e obesas, de 6 a 10 anos de idade, nas meninas na primeira serie, e
de pés planos nos meninos em re- por meio da baropodometria. Os que as meninas apresentam mais
lação às meninas, nas duas classes resultados encontrados demonstra- pé cavo na segunda série do ensino
socioeconômicas. Em relação ao pé ram que as crianças obesas apre- fundamental.
cavo, sua ocorrência foi significati- sentaram pressões maiores nas Portanto, é de fundamental
vamente superior no grupo não-ca- três regiões plantares (ante, médio importância que as crianças sejam
rente (38%) em relação ao carente e retropé) com relação aos indiví- encaminhadas desde cedo para
(11,7%). Diferença significativa foi duos eutróficos e com sobrepeso. uma avaliação podal minuciosa,
encontrada entre os dois sexos nas No estudo em questão não foi com a finalidade de detectar pos-
crianças carentes, sendo o pé cavo observado as pressões plantares síveis alterações, a fim de manter
mais freqüente no sexo feminino. das crianças, porém as impressões a integridade das funções do mem-
Conclui o autor que as diferenças plantares obtidas digitalmente po- bro inferior, já que sabemos que o
observadas provavelmente estariam dem favorecer a análise destas seu funcionamento normal é im-
relacionadas com os hábitos de vida pressões. prescindível para um bom desen-
dos dois grupos, como atividades lú- Outro estudo teve como obje- volvimento do processo de deam-
dicas, prática de esportes, tipos de tivo analisar a incidência e o grau bulação e de sustentação do peso
calçados e alimentação. dos pés cavos, através da impres- corporal.
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Artigo Original
Resumo: Com o aumento da expectativa de vida da população, a incidência da osteoartrose vem aumentando, o que
estimula a busca por novas terapêuticas. Diante do exposto, realizou-se este estudo, objetivando avaliar os efeitos pro-
duzidos pelo Método Kaltenborn na gonartrose, levando-se em consideração parâmetros como dor, trofismo, amplitude
de movimento e espaço articular. O estudo constou de uma amostra de 23 participantes com idade média de 49 anos.
A amostra como um todo apresentava diagnóstico de gonartrose e não estava fazendo uso de medicamentos ou outras
terapêuticas que pudessem influenciar os reais efeitos do tratamento proposto. Os participantes foram submetidos a uma
avaliação inicial e em seguida realizaram 15 atendimentos com cinco técnicas eleitas do método Kaltenborn. Cada técnica
foi aplicada por cinco minutos em cada atendimento, totalizando 25 minutos por sessão. Obtiveram-se resultados positivos
com tal modalidade terapêutica. 74% dos participantes apresentaram ganho de perimetria da musculatura envolvida; 70%
obtiveram aumento de espaço articular, o que foi constatado comparando-se radiografia pré e pós tratamento. Além disso,
todos os participantes relataram redução do quadro álgico em maior ou menor proporção de acordo com a escala visual
analógica. Foi possível constatar também a influência causada pelo sobrepeso no tratamento da gonartrose, em que dos
sete participantes que não obtiveram ganho de espaço articular, cinco estavam acima do peso considerado normal. Com
esses resultados, conclui-se que o método Kaltenborn é de grande valia no tratamento da osteoartrose de joelho.
Palavras-chave: Osteoartrose, Joelho, Kaltenborn.
Abstract: With the increase of life expectancy of the population, the incidence of osteoarthritis is increasing, which
stimulates the search for new therapies. In face of the above took place this study, to evaluate the effects produced by
Method KALTENBORN in gonarthrosis, taking into consideration parameters such as pain, trophism, range of motion and
joint space. The study consisted of a sample of 23 participants with a mean age of 49 years. The sample as a whole
had a diagnosis of gonarthrosis and was not using drugs or other therapies that could influence the actual effect of the
proposed treatment. The participants were subjected to an initial assessment and then held 15 consultations with five
technical method of Kaltenborn elected. Each technique was applied for five minutes in each service, totaling 25 minutes
per session. There were good results with this therapeutic modality. 74% of participants had won the perimeter of the
muscles involved; obtained 70% increase in joint space, which was found comparing the radiographs before and after
treatment. In addition, all participants reported reduction in pain to a greater or lesser proportion according to the visual
analogue scale. It can also see the influence caused by overweight in the treatment of gonarthrosis, in which the seven
participants who have been unsuccessful in articulating space, above the five were considered normal weight. With these
results, it appears that the method Kaltenborn is of great value in the treatment of osteoarthritis of the knee.
Keywords: Osteoarthritis, Knee, Kaltenborn.
lênios como recurso terapêutico; terapêutica eleita em participantes “Avaliação de Joelho”, após prévia
no último século adquiriu cientifici- com diagnóstico clínico de gonar- explicação de alguns termos técni-
dade e passou a ser definida como trose, atendidos na Vital Clínica de cos aos participantes e assinatura
técnica de terapia manual. Existem Reabilitação Física, proporcionando do “termo de consentimento livre e
vários métodos dentro da terapia à amostra estudada, os efeitos tra- esclarecido - TCLE”, que informou
manual, sendo o método Kalten- zidos por esse método. aos voluntários os objetivos do es-
born, o eleito para este estudo. As O objetivo geral do estudo foi tudo, bem como sua participação
técnicas descritas por Kaltenborn avaliar os efeitos gerados pelo mé- no mesmo, permitindo a realização
são utilizadas nos casos de hipomo- todo Kaltenborn nos participantes do estudo, exposição de fotos e dos
bilidade e dor. No joelho, trata-se do estudo; e os específicos: anali- dados obtidos, sem que houvesse
da mobilização da superfície articu- sar o quadro álgico através da es- divulgação de sua identidade. Tal
lar côncava da tíbia em relação aos cala visual analógica – EVA antes e avaliação foi confeccionada pelas
côndilos femorais e da superfície após o tratamento; verificar a am- fisioterapeutas responsáveis pelo
articular posterior côncava da pa- plitude de movimento ao final do artigo e aplicada pelas mesmas du-
tela em relação à tróclea femoral. tratamento; comparar o trofismo rante os meses de agosto e setem-
O método é baseado na mecânica muscular inicial e final, comparar bro. A avaliação foi composta de
articular, considerando vetores de o espaço articular pré e pós trata- identificação, diagnóstico clínico,
compressão, movimentos muscu- mento e relacionar a influência do queixa principal, história da doença
lares, superfícies articulares e os sobrepeso com o ganho de espaço atual, histórias de patologias pre-
movimentos permitidos no com- articular após a aplicação do mé- gressas, exames complementares,
plexo articular do joelho30,31. todo Kaltenborn. exame físico (goniometria, perime-
O método Kaltenborn consis- tria, grau de força muscular, pre-
te em um conjunto de técnicas de Metodologia sença ou não de crepitação, ava-
terapia manual que trabalha com O presente estudo teve ca- liação de tônus, trofismo e teste de
movimentos de folga articular de ráter prospectivo transversal não sensibilidade).
tração, compressão e deslizamen- controlado Após a primeira avaliação os
to, em que a compressão é utili- Participaram deste estudo 23 participantes foram tratados por
zada como método de avaliação e voluntários com diagnóstico de quinze sessões de aproximada-
os outros dois tanto como avalia- gonartrose. Os critérios de inclu- mente vinte e cinco minutos cada
ção como tratamento. A tração é são da amostra estudada foram: através das seguintes técnicas do
um movimento translatório de fol- faixa etária entre 40 e 60 anos método Kaltenborn: deslizamen-
ga articular (movimento acessório com média de 49 anos e não es- to distal da patela para restrição
que não está sob controle voluntá- tar fazendo uso de analgésicos ou da flexão; deslizamento posterior
rio, produzido com um movimento antiinflamatórios para não mas- da tíbia para restrição da flexão;
passivo linear ao osso) e é utiliza- carar os resultados, além de não deslizamento lateral da tíbia para
da para reduzir a dor, aumentar a apresentarem grandes deformi- restrição da flexo-extensão; des-
mobilidade da articulação ou para dades em membros inferiores. Os lizamento anterior do joelho para
testar os movimentos acessórios critérios de exclusão são: indiví- restrição da extensão; tração do
(rotação interna e externa da tí- duos com idade inferior a 40 anos joelho para dor e hipomobilidade.
bia). A compressão funciona como e superior a 60 anos, indivíduos O tratamento foi realizado cinco
teste na diferenciação de lesões que estejam fazendo uso de an- vezes por semana, totalizando três
articulares e extra-articulares. O tiinflamatórios ou analgésicos e semanas, e depois da décima quin-
deslizamento é possível ao longo indivíduos que apresentem gran- ta sessão realizou-se nova avalia-
de curta distância em todas as ar- des deformidades de membros ção para análise de dados.
ticulações. É utilizado para testar a inferiores. O deslizamento distal da pa-
mobilidade passiva bem como para A pesquisa foi realizada na tela (Figura 1A) foi realizado com
mobilização articular para ganho Vital Clínica de Reabilitação Física, o paciente em decúbito dorsal
de amplitude31. localizada na cidade de São Luís/ com um apoio abaixo do joelho.
O objetivo das técnicas é au- MA, durante os meses de agosto e A área hipotenar das mãos do
mentar o espaço articular, diminuir setembro de 2008, a partir da ob- terapeuta ficava sobre a borda
o atrito e a dor, além de aumentar tenção da autorização por parte da proximal da patela enquanto os
a mobilidade do joelho31. instituição. antebraços repousavam sobre a
Desta forma, fez-se necessá- Seguida à seleção da amos- coxa do paciente e aplicava uma
rio realizar este estudo, destacando tra, foi realizada uma avaliação fi- força deslizando a patela no sen-
o Método Kaltenborn como conduta sioterapêutica específica intitulada tido caudal.
Discussão
Os indivíduos com gonartro-
se apresentam sintomas de dor ao
deambular, fraqueza ao redor da
articulação e dificuldade para subir
escadas. Com a progressão da pa- Figura 3. Graduação da dor.
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Artigo Original
Resumo: A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica, sistêmica e de etiologia desconhecida que
afeta primariamente o esqueleto axial, causando rigidez progressiva, diminuição da complacência pulmonar e da expan-
sibilidade da caixa torácica. Objetivo: verificar o efeito da fisioterapia respiratória na força muscular respiratória, expan-
sibilidade torácica e qualidade de vida de um portador de EA. Metodologia: participou do estudo um paciente portador
de EA, 43 anos e este foi submetido a 4 avaliações fisioterapêuticas, pré, pós 10 sessões e 20 sessões de tratamento e
após 2 meses seguintes sem tratamento, compostas por: avaliação da qualidade de vida (questionário SF-36), avaliação
da força muscular respiratória (pressão inspiratória e expiratória máximas) e da mobilidade toracoabdominal. As sessões
de tratamento tiveram a duração de 30 min cada, freqüência de duas vezes por semana e foram constituídas por exer-
cícios de Reeducação Funcional Respiratória e exercícios utilizando espirômetros de incentivo (Respiron e Threshould).
Resultados: Após 10 e 20 sessões de tratamento foi verificada a melhora na qualidade de vida evidenciada pela obten-
ção de escores maiores na maioria dos domínios avaliados pelo SF-36 além de aumento da força muscular respiratória
(aumento de PImáx e PEmáx) e da expansibilidade torácica em todos os níveis avaliados. Além disso, após 2 meses
sem tratamento, a melhora obtida com o tratamento tanto na qualidade de vida como na força muscular respiratória e
expansibilidade torácica, foi mantida. Conclusão: a fisioterapia respiratória promoveu a melhora do paciente portador
de EA evidenciada pelo aumento da força muscular respiratória, expansibilidade torácica e qualidade de vida.
Palavras-chave: espondilite anquilosante, força muscular, qualidade de vida, tratamento.
Abstract: Ankylosing spondylitis (AS) is a chronic inflammatory rheumatic disease, with unknown etiology, characterized
by insidious inflammation of the spine and sacroiliac joints leading to pain and rigidity resulting in limited motion of
the chest wall with the reduction in expansion of the ribcage, motion of the chest wall. Objective: The aim of this
work was to evaluate the effects of respiratory physical therapy in respiratory maximal pressure, respiratory muscle
strength, expansion of the ribcage and health quality in an AS patient. Methods: One male AS 43 year’s old patient was
submitted to an initial evaluation, before treatment and another two evaluations after 10 and 20 treatment sessions
respectively and another one after two months without treatment. Each evaluation was constituted by measure of
respiratory strength and maximal inspiratory and expiratory pressures, an evaluation of quality of life using the Short
Form-36(SF-36) Generic Questionnaire and the analysis of expansion of the ribcage in axilar, xyfoidean and abdominal
levels. Each treatment session had 30min duration, was realized twice a week and included functional respiratory and
spirometers (Respiron and Threshould) exercises. Results: The results obtained after 10 and 20 treatment sessions and
after 2 months without treatment showed increase in expansion of the ribcage, respiratory muscle strength and a an
improvement in the majority of SF-36 domains.
Conclusion: The respiratory physical therapy treatment induced improvement in the functionality and life’s quality of
an AS patient.
Keywords: Ankylosing spondylitis, muscle strength, quality of life, treatment.
1
Aluna de graduação em Fisioterapia, Universidade Nove de Julho – UNINOVE, bolsista FAPIC/UNINOVE;
2
Docente do Mestrado em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho – UNINOVE;
3
Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho – UNINOVE.
Endereço para correspondência: Raquel Agnelli Mesquita-Ferrari () Mestrado em Ciências da Reabilitação, Universidade Nove
de Julho - UNINOVE, Centro de Pós Graduação. Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca - CEP 05001-100, São Paulo – SP, Brazil,
phone: 55-11-3665-9325. e-mail: raquel.mesquita@gmail.com
as mulheres .
9,11
prevalente é a fibrose do lobo su- . Apresenta oito domínios: capa-
23
O processo inflamatório pode perior, que em alguns casos simula cidade funcional, aspectos físicos,
ter início nas articulações sacroi- a tuberculose. A gravidade da lesão aspecto emocional, saúde mental,
líacas e se estender em sentido pulmonar acentua-se por limitação aspectos sociais, vitalidade, dor e
ascendente na coluna vertebral da expansão torácica por compro- percepção geral de saúde. O esco-
re é de 0-100, com valores maio- Participou do estudo um pa- uma manobra de inspiração máxi-
res indicando melhor qualidade de ciente, 43 anos, sexo masculino, ma, precedida de expiração má-
vida8,16. com diagnóstico médico de EA, que xima ao nível do volume residual
Definir atividade de doença realizava tratamento fisioterapêu- (VR) e a PEmáx através de uma
em afecções crônicas é uma tarefa tico convencional (com ênfase em manobra de expiração máxima
difícil ainda mais no caso de doen- reabilitação motora) na clínica de precedida de uma inspiração má-
ças reumáticas de evolução lenta e fisioterapia da UNINOVE. Este foi xima, ao nível da capacidade pul-
com ausência de marcador labora- convidado a participar do estudo e monar total (CPT)24. Cada manobra
torial definido, como a EA. Assim, para isso foi devidamente esclare- foi realizada no mínimo três vezes,
diversos instrumentos para a ava- cido quanto à metodologia adotada sendo considerado o maior valor.
liação da atividade, a maioria em e assinou um Termo de Consenti- Para avaliação da mobilidade
forma de questionários, tem sido mento Pré-informado. (expansibilidade) toracoabdominal
desenvolvidos para auxiliar nesta Os critérios de inclusão adota- foi utilizada a cirtometria toracoa-
difícil tarefa 7,16. dos foram: diagnóstico médico de bdominal, que consiste em medir
Opções terapêuticas para pa- EA atestando, por meio de exames os perímetros torácicos nos pontos
cientes com EA são escassas. Dro- laboratoriais, que a doença não axilar, xifoideano e o abdominal ao
gas anti-reumáticas como anti-infla- se encontra em período de exa- nível supra umbilical, foi utilizada
matórios não hormonais são usadas cerbação; ausência de patologias uma fita métrica e considerado o
para controle de dor. Além disso, a associadas como estado depressi- valor no final de cada inspiração e
fisioterapia intensiva tem recebido vo severo; ausência de patologias expiração máximas 24.
cada vez mais atenção em virtude cardíacas ou pulmonares graves e
dos resultados positivos que têm doenças metabólicas não controla- Protocolo de Tratamento
causado aos pacientes, porém não das (diabetes, dislipidimias, hipo O tratamento constou da reali-
estão bem estabelecidos os proto- ou hipertireoidimos, entre outras). zação de 20 sessões de fisioterapia
colos e atividades mais eficazes 6. Já os critérios de exclusão foram: respiratória, realizadas com freqü-
Com base nos dados levanta- abandono ou faltas durante o pro- ência de duas vezes por semana e
dos fica evidente a necessidade do grama de tratamento que pudes- com duração de 30 min cada. Cada
estabelecimento de novos proto- sem comprometer os resultados, sessão foi composta por (a) exer-
colos de tratamento, direcionados desconforto do paciente na reali- cícios com os Incentivadores
especialmente à redução de limita- zação das atividades propostas; Respiratórios: Espirômetros de
ções funcionais que possam ocor- presença de doenças reumáticas incentivos como o Respiron (Mar-
rer em pacientes com EA devido às associadas. ca NCS®) (3 séries de 10 repeti-
alterações ocorridas na caixa torá- ções) e Threshold IMT® com carga
cica. Além disso, a baixa incidência Avaliação pré-tratamento (Marca Respironics®) (4 séries de
desta patologia justifica a impor- O participante foi submetido 15 repetições com 40% da PImax,
tância da realização deste estudo a uma avaliação fisioterapêutica, atualizada a cada sessão); (b)
de caso para um melhor entendi- na Clínica de Fisioterapia da UNI- Reeducação Funcional respira-
mento dos efeitos de ferramentas NOVE, constituída por avaliação tória incluindo exercícios para a
terapêuticas, como a fisioterapia da qualidade de vida utilizando o conscientização do padrão respi-
respiratória, para o tratamento questionário SF-36, da força mus- ratório diafragmático, juntamente
desta condição. cular respiratória por meio da veri- com exercícios para melhora da
Assim, o objetivo deste traba- ficação da pressão inspiratória má- expansibilidade torácica. Os exer-
lho foi verificar o efeito de um pro- xima (PImáx) e pressão expiratória cícios utilizados com este objetivo
grama de fisioterapia respiratória máxima (PEmáx) e da mobilidade incluíram exercícios sem cargas
na força muscular respiratória, ex- toracoabdominal. para os membros superiores e in-
pansibilidade torácica e qualidade A força muscular respiratória feriores, associados à Reeducação
de vida de um portador de EA. foi obtida pelas técnicas de medi- Funcional Respiratória (RFR), tanto
das da PImáx e PEmáx, através em posição sentada como ortos-
MATERIAIS E MÉTODOS de um manovacuômetro escalo- tática (3 séries de 10 repetições
A metodologia utilizada foi ela- nado em ± 300 cmH2O (Marca RE- cada); exercícios com bastões para
borada respeitando as resoluções CORD), equipado com adaptador membros superiores e o comando
196/96 do Conselho Nacional de de bocais, contendo um orifício de verbal para a realização da respi-
Saúde e foi aprovada pelo Comitê 2 milímetros de diâmetro, servindo ração diafragmática; manobras de
de Ética em Pesquisa da UNINOVE como válvula de alívio dos múscu- expansibilidade da caixa torácica,
(Protocolo número:133742/2008). los bucais. A PImáx foi obtida com costal e diafragmática em 2 séries
de 5 repetições cada; (c) Alon- tamento para avaliação dos efeitos tamento e pós período sem trata-
gamentos para tronco na lateral da reversibilidade do treinamento mento (pausa) permitiram verificar
e em decúbito dorsal, utilizando respiratório devido a pausa equi- que os valores de cirtometria em
bolas em três séries de 1 minuto valente ao período de tratamento nível axilar foram maiores após o
cada; (d) Relaxamento muscu- (2 meses). tratamento e o ganho obtido (20%)
lar geral realizando movimentos Foi realizada uma análise des- após o tratamento foi mantido após
lentos de membros superiores e critiva dos valores obtidos para PI- o período de pausa de 2 meses
inferiores associados a respiração. máx, PEmáx e Índice de Amplitude sem tratamento. Em nível xifoidea-
Torocoabdominal e para os escores no, o paciente apresentou manu-
Avaliação pós-tratamento e após dos domínios do SF-36 nas situa- tenção das medidas após o trata-
2 meses ções pré-tratamento, após 10 e 20 mento e elevação de 20% destas
Ao término da realização de sessões de tratamento e após 2 me- após período sem tratamento. Em
10 e 20 sessões de tratamento, ses subseqüentes sem tratamento. nível abdominal houve aumento da
o paciente foi submetido à ava- expansibilidade após o tratamen-
liação fisioterapêutica composta RESULTADOS to (66%), sendo este ainda maior
pelos mesmos itens citados para após período equivalente sem tra-
avaliação inicial. Além disso, este Avaliação da expansibilidade tamento (100%) (figura 1).
paciente também foi submetido à torácica
outra avaliação, idêntica a esta, Os resultados de cirtometria Avaliação da força muscular
após 2 meses do término do tra- torácica obtidos no pré, pós tra- respiratória
A avaliação da força muscular
respiratória permitiu verificar que a
PImáx sofreu aumento após as 10
sessões de tratamento (65%) e uma
pequena redução após 20 sessões
e 2 meses sem tratamento, porém
com valores ainda bem superiores
a condição pré-tratamento corres-
pondendo a melhora de 54,4% e
45,6% respectivamente em relação
a condição pré-tratamento.
Os valores de PEmáx sofreram
aumento após 10 sessões (12,9%)
e este foi maior após 20 sessões de
tratamento (22,2%). Porém, após
2 meses sem tratamento foram
Figura 1: Valores da diferença de cirtometria nos diferentes níveis (axilar, xifoideano, e apresentados valores levemente
abdominal) obtidos na inspiração e expiração.
superiores (3,7%) à condição pré
tratamento (figura 2).
to, 6 domínios dos 8 domínios (ca- aos valores encontrados por Leal brais torácicas e costovertebrais,
pacidade funcional, dor, estado ge- et al , evidenciando que este pa-
25
que podem diminuir a complacên-
ral de saúde, aspectos emocionais ciente apresentava redução na for- cia torácica e associar-se a uma
e sociais e saúde mental) eviden- ça muscular respiratória. capacidade vital diminuída. Além
ciaram aumento nos valores de es- Outros estudos, realizado por disso, estas fusões articulares po-
cores quando comparados a condi- Pagano et al 26 e Berber 27 avaliaram dem causar atrofia da musculatura
ção pré-tratamento, caracterizan- a qualidade de vida de pacientes intercostal que associada à redução
do, dessa forma, uma melhora de com fibromialgia utilizando como da mobilidade da parede torácica
75%. Contudo, houve leve redução instrumento o questionário SF-36. faz com que a ventilação torne-se
no escore do domínio vitalidade e Analisando os resultados destes cada vez mais dependente do dia-
manutenção do escore do domí- estudos é possível verificar que a fragma . Nossos achados per-
10, 29
nio limitação por aspectos físicos, EA parece afetar de forma menos mitiram verificar que o tratamento
voltando este último a apresentar intensa a qualidade de vida quando utilizando fisioterapia respiratória
um valor próximo a situação pré- em comparação a esta outra pato- causou o aumento da expansibi-
tratamento (figura 3). logia crônica, uma vez que nosso lidade torácica avaliada em três
Quando analisados os resul- paciente apresentou escores maio- níveis distintos do tórax, ou seja,
tados após o período de pausa de res na maioria dos domínios deste axilar, xifoideano e abdominal e
2 meses (sem tratamento) não foi mesmo instrumento de avaliação aumento de força da musculatura
verificada a piora (redução) nos va- de qualidade de vida, o SF-36. respiratória minimizando as con-
lores dos escores nos domínios que Braum et al28 avaliou a qua- seqüências nocivas desta patologia
apresentaram melhora após o tra- lidade de vida de pacientes com no sistema respiratório.
tamento de 20 sessões e o domí- diferentes patologias crônicas, in- Vanderschueren et al30 avalia-
nio vitalidade voltou a apresentar cluindo a EA, Insuficiência cardíaca ram 30 pacientes com EA, com ida-
valores próximos aos de pré trata- congestiva (ICC), Diabete Melito de média de 43 anos, e encontraram
mento. Apenas o domínio capaci- (DM), Hipertensão arterial sistêmi- valores médios de cirtometria axilar,
dade funcional voltou a apresentar ca (HAS) e depressão submetidos abdominal e diafragmática de 3,24,
valor próximo ao obtido antes do a tratamento medicamentoso uti- 4,12 e 3,79 cm respectivamente.
tratamento (figura 3). lizando o Etanercept. Os valores No presente estudo foi encontrado
obtidos para os domínios do SF-36 um valor um pouco superior para
Discussão no presente estudo comprovaram o nível axilar (5 cm) e um pouco
Os resultados apresentados que o paciente EA apresentou me- inferior para o nível abdominal (3
permitiram verificar que o trata- lhores escores em 8 domínios em cm), porém estes podem ser con-
mento de fisioterapia respiratória comparação com os pacientes que siderados semelhantes uma vez
proporcionou benefícios ao por- realizaram tratamento medicamen- que houve muita variação entre o
tador de Espondilite Anquilosante toso (etanercept) e que possuíam menor e maior valor encontrado
especialmente no que se refere a estas as crônicas citadas. nestes 30 pacientes para cada ní-
qualidade de vida, expansibilidade A gravidade da lesão pulmo- vel, dependendo da intensidade de
torácica, controle da dor e força nar na EA acentua-se por limitação acometimento pela EA. Além disso,
muscular respiratória. da expansão torácica por compro- estes mesmos autores verificaram
No estudo realizado por Leal metimento das articulações verte- nestes pacientes a PEmáx de 110
et al 25
foi feita uma comparação
entre valores de força muscular
respiratória entre sexo e idade de
indivíduos sedentários e os resul-
tados mostraram que os homens
de 41-50 anos apresentaram em
média PImáx de 97cmH2O e PEmáx
136cmH2O. Os valores apresenta-
dos para o portador de EA deste
estudo, que encontra-se na mes-
ma faixa etária descrita, evidencia-
ram que tanto a PImáx quanto a
PEmáx na pré avaliação foram de
57cmH2O e 108cmH2O respectiva-
Figura 3: Valores dos escores obtidos para os domínios de SF-36 pré, pós tratamento
mente, ou seja, ambas inferiores e após 2 meses sem tratamento.
cmH2O e PImáx de 75 cmH2O porém al31 uma vez que estes verificaram tada com a evolução da patologia.
com desvio padrão alto, em torno de redução da força muscular respira- Assim, pelos presentes acha-
30 em ambas medidas. Assim, es- tória em portadores de EA em com- dos fica evidente a importância da
tes valores se assemelham aos en- paração a indivíduos saudáveis, po- ênfase que deve ser dada a fisiote-
contrados em nosso paciente (108 rém, um aumento da mesma após rapia respiratória no tratamento da
e 57 cm H2O respectivamente) na o treinamento de “endurance”. EA uma vez que se trata de uma
condição pré-tratamento. Já ao tér- A EA é uma patologia de bai- patologia que acomete progressi-
mino do tratamento o paciente de xa incidência e que pode acarretar vamente a mobilidade torácica e
EA passou a apresentar valores de grandes limitações. Dessa forma, qualidade de vida de seus pacien-
132 e 88 cmH2O para PEmáx e PI- fica evidente a necessidade do tes. Em conclusão, o tratamento
máx respectivamente, evidenciando estabelecimento de novas ferra- proposto no presente estudo trou-
assim os efeitos positivos da reabili- mentas (protocolos) terapêuticas xe benefícios ao paciente portador
tação proposta no que se refere ao que possibilitem uma melhora da de EA proporcionando aumento da
aumento força muscular respirató- condição funcional e da qualidade expansibilidade torácica nos três
ria. Estes achados estão em concor- de vida destes pacientes, especial- níveis avaliados, aumento da força
dância com os dados encontrados mente no que se refere ao controle muscular respiratória e melhora da
no estudo realizado por Carter et da limitação respiratória apresen- qualidade de vida.
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Artigo Original
Resumo: A plasticidade ou remodelamento do músculo esquelético em resposta a estímulos diferentes, tanto em situ-
ações fisiológicas como patológicas, tem sido demonstrada em vários modelos experimentais e estudos clínicos. Este
processo depende de uma ação coordenada entre a degradação e síntese da matriz extracelular (MEC) e, portanto,
as alterações nos componentes da matriz vêm sendo alvo de inúmeros trabalhos nos últimos anos. O objetivo do pre-
sente estudo foi revisar a literatura sobre o papel dos diversos tipos de colágeno, que são os principais componentes
da MEC, das metaloproteinases (MMPs) e dos inibidores de metaloproteinases (TIMPs) no processo de remodelamento
muscular esquelético.
Palavra-chave: Músculo esquelético; Matriz extracelular, Remodelamento muscular, Colágeno, Metalopeptidase.
Abstract: The skeletal muscle remodeling in response to several stimuli in physiological and pathological conditions
have been demonstrated by different experimental and clinical studies. This process depends on an interaction be-
tween the degradation and synthesis of extracellular matrix. Therefore, the modifications in the extracellular matrix
components have been studied in last years. The aim of this study was to revise the literature about collagen types
that are the main components of the MEC, metallopeptidases (MMPs) and metallopeptidases inhibitors (TIMPs) during
the skeletal muscle healing process.
Keywords: Skeletal muscle, Extracellular matrix, Muscle remodeling, Collagen, Metallopeptidase.
1
Cirurgiã-dentista. Mestre em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho.
2
Docentes do Mestrado em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho.
3
Fisioterapeuta. Aluna do Programa de Mestrado em Ciências da Reabilitação da Universidade Nove de Julho.
4
Fisioterapeuta. Ex-aluna de Iniciação Científica do Curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho e bolsista PIBIC/CNPq.
que os produz. As interações entre estar aumentada e alguns outros No músculo, o colágeno tipo
célula-célula e célula–MEC suprem tipos podem ser sintetizados local- IV é o principal componente da
as células com informações essen- mente tais como laminina -8,-9,- membrana basal sendo responsá-
ciais para homeostase, controle da 10, -11 e sindecano (13). vel pela manutenção da estabili-
morfogênese, funções tecido-espe- Os principais colágenos iden- dade mecânica da fibra muscular
cíficas, migração celular, reparo e tificados no músculo esquelético esquelética. Tem sido sugerido que
morte celular (3,10,11). são os tipos I e III no epimísio, pe- o colágeno tipo IV tem um papel
As principais macromoléculas rimísio e endomísio (Figura 1 a-f), crítico no arranjo dentro do tecido,
que compõem a matriz extracelular sendo que os tipos IV e V estão embora ele sozinho constitua uma
são representadas por proteínas presentes na membrana basal, pequena parte do total da MEC. No
colagênicas (colágenos) e não-co- em volta das fibras individuais do entanto, a tolerância da membrana
lagênicas (fibronectina, tenascina, músculo, fibras de músculo liso basal celular ao “stress” pode no
laminina, entre outras), proteo- de vasos sanguíneos e células de caso de lesões extensas, ser de-
glicanas, incluindo-se o ácido hia- Schwann (3). O tipo e a quantidade pendente da integridade do com-
lurônico, sulfato de condroitina e de colágeno variam de acordo com ponente colagenoso (16).
sulfato de heparana e fosfolipídios o músculo avaliado devido ao papel
(3,10,11). que o tecido conjuntivo apresenta 3. Remodelamento da ma-
No músculo esquelético, a em cada tipo de músculo (3,14). triz extracelular em mús-
MEC além de proporcionar a estru- Assim como, nas situações de dano culo esquelético frente a
turação do tecido possui um papel muscular gerado por exercício tem estímulos fisiológicos e
bioativo na regulação do compor- sido observado aumento da síntese patológicos
tamento celular, influenciando as- de colágeno durante a regeneração Modificações na composição
sim o seu desenvolvimento e o (15). da MEC em músculo esquelético
remodelamento tecidual fisiológico O colágeno I é importante humano sob condições fisiológicas
ou patológico (3,4,12). para a estabilização da arquitetura e patológicas têm sido demons-
A MEC circunda as fibras tecidual e é chamado de colágeno tradas (3,14,17) e, em especial,
musculares conferindo suporte e intersticial uma vez que forma es- são analisados os colágenos e as
proteção e é importante na ma- truturas fibrilares no espaço inter- MMPs.
nutenção da integridade funcio- celular (Figura 1a,b,c). O colágeno No que diz respeito ao com-
nal das fibras (5). Assim, frente a tipo I representa a maior parte do ponente colagenoso da MEC, uma
qualquer estímulo mecânico existe colágeno intramuscular variando íntima relação tem sido estabele-
uma adaptação da MEC que pro- entre 30% e 97% do colágeno to- cida entre aumento da síntese de
cura tornar o músculo mais resis- tal (2,3,15). colágeno e o processo regenerati-
tente ao dano, para permitir uma Os colágenos II e III também vo que ocorre no músculo esque-
transmissão adequada da força são chamados de colágenos inters- lético em resposta as diferentes
durante a contração muscular (3). ticiais, uma vez que formam estru- atividades físicas (3). Sendo que,
Além disto, a MEC possui im- turas fibrilares no espaço intercelu- o aumento da síntese de colágeno
portante papel no remodelamento lar. O colágeno III é mais presente após exercício pode representar
do tecido muscular, pois este ocor- em tecido conjuntivo frouxo, possui uma adaptação fisiológica ou parte
re a partir da ação coordenada da uma importante função na elastici- do processo de reparo com ou sem
degradação e síntese de proteínas dade do tecido (32). dano tecidual evidente (18).
intracelulares e dos componentes O colágeno IV é exclusivo de Estudos demonstram que o
da MEC (3,4,12). membrana basal e é produzido pe- colágeno IV aumenta nos músculo
No tecido muscular adulto, las células musculares sendo for- de ratos após longos períodos de
um grupo distinto de moléculas da mado por moléculas de colágeno treinamento (19), após contra-
MEC está envolvido na manutenção que não se associam em fibrilas, ções (20, 21), exercícios agudos
da estrutura e função normal deste mas prendem-se umas as outras (14,15,22,23) e hipertrofia com-
tecido. As proteínas predominantes pelas extremidades, formando uma pensatória experimental (40). As-
são a laminina-2 e 4 , fibronectina, rede semelhante a uma tela de ara- sim como, foi verificado o aumento
tenascina, colágeno I, III e IV, e as me (Figura 1g,h,i). Ele se associa dos níveis de RNAm de colágeno I
proteoglicanas como o sulfato de as várias moléculas não fibrosas e III no músculo esquelético de ra-
dermatano e de heparana. Nas si- da matriz extracelular e forma uma tos após corrida (18).
tuações onde é necessária a adap- membrana contínua que comparti- Koskinen et al. (14) estudaram
tação e regeneração do músculo a mentaliza certos tecidos denomina- o efeito do exercício intenso no re-
expressão destas moléculas pode da de membrana basal (3). modelamento da MEC do músculo.
Estes autores mostraram que o lágeno (25,26,27) mas com dimi- extracelular (MEC). Alterações da
dano muscular causado pelo exer- nuição na taxa de degradação do exigência do músculo esquelético
cício agudo em animais ocasiona colágeno (25,28). A imobilização (sobrecarga ou redução da ativi-
modificações na concentração de de membros de ratos leva a uma dade contrátil) promovem o remo-
colágeno IV intramuscular. Neste diminuição da atividade de biosín- delamento da MEC e consequente-
estudo foi observado que a MMP-2, tese de colágeno (3,26,29) eviden- mente ativam as MMPs específicas
enzima que degrada o colágeno tipo ciando-se pela diminuição dos ní- que garantirão este processo (35).
IV, esteve aumentada nas fases de veis de RNAm dos colágenos I, III As alterações na atividade
dano muscular severo e o aumento e IV após imobilização (17, 28). das MMPs podem também estar
de colágeno IV esteve associado à associadas a quadros patológicos
regeneração da membrana basal Metaloproteinases de Ma- uma vez que a excessiva ou ina-
da miofibrilas. TIMP-1, uma enzi- triz (MMPs) propriada expressão de MMPs con-
ma que inibe a atividade de MMP, As metaloproteinases de ma- tribui para a patogênese de muitos
parece estar ativada durante as triz (MMPs) compreendem uma fa- processos teciduais destrutivos, in-
fases iniciais do dano tecidual en- mília de pelo menos vinte enzimas cluindo artrite reumatóide, miosite
quanto que o inibidor TIMP-2 foi (endoproteases) que degradam um focal, esclerose múltipla e perio-
ativado nas fases tardias do dano ou vários componentes da matriz dontite (36) e falhas na atividade
muscular. extracelular, portanto, estão envol- de MMPS podem ser notadas nas
Mackey et al. (21) avaliaram vidas no remodelamento da matriz doenças fibróticas devido a uma
o efeito da contração excêntri- extracelular em situações fisiológi- maior deposição de MEC (10,11).
ca máxima no remodelamento do cas e patológicas (30, 31,32). Várias MMPs estão presentes
colágeno em humanos. Os volun- Com base em sua estrutura no músculo, mas particularmente
tários realizaram 100 contrações primária, organização, especificida- duas possuem um importante pa-
excêntricas máximas voluntárias de de substrato e localização celu- pel na adaptação muscular frente a
de extensão do joelho. Foram rea- lar, as MMPs tem sido classificadas alteração de demandas contráteis
lizadas biópsias musculares antes, em 6 subfamilias maiores quem e em resposta a lesão, sendo estas
após 4 e 22 dias de exercício. Os incluem as colagenases (MMP-1, a MMP-2 (também conhecida como
autores observaram um aumento MMP-8, MMP-13 e MMP-18), gelati- gelatinase A) e MMP-9 (gelatinase
do colágeno tipo IV no endomisio nases (MMP-2 e MMP-9), estromeli- B). Ambas pertencem a um grupo
após uma única contração excên- sinas (MMP-3, MMP-10 e MMP-11), de endoproteinases de cálcio e zin-
trica máxima sugerindo um remo- MMPs tipo membrana (MMP-14 até co que degradam o colágeno tipo
delamento da MEC. MMP-17), e outras MMPs como a IV e tem uma importante função
Moore et al. (24) avaliaram matrilisina (MMP-7), e metaloes- na homeostase da MEC durante a
o perfil do colágeno e de proteí- lastase (MMP-12) (33). O número morfogênese, proliferação e apop-
nas miofibrilares após contração de MMPs descritas tem aumenta- tose celular em uma larga gama de
muscular máxima em posição do, embora o atual conhecimento tecidos (37).
de alongamento e encurtamento sobre seus padrões de expressão Nos músculos esqueléticos
muscular. Ambas as situações de em vários tecidos permaneça in- normais os níveis de MMP-2 ativas
contração máxima provocaram completo (34). são relativamente baixos na MEC e
aumento na síntese das proteínas As MMPs podem degradar os a atividade da MMP-9 está ausente,
miofibrilares, entretanto durante componentes da matriz extracelular sendo que a expressão destas en-
o alongamento este aumento foi sendo que as colagenases (MMP-1 zimas sofre regulação por citocinas
mais rápido e maior quando com- e MMP-8) iniciam a degradação do e fatores de crescimento (37). No
parado a outra situação podendo colágeno tipo I, colágeno tipo II e entanto, o aumento de expressão
ocasionar hipertrofia muscular. outras fibrilas colagênicas; as gela- de ambas MMPs, -2 e -9, têm sido
A análise da síntese de colágeno tinases (MMP-2 e MMP-9) quebram demonstrado em várias miopa-
mostrou aumento desta proteína o colágeno tipo IV e outros com- tias e em condições inflamatórias
após contração máxima em ambas ponentes da matriz extracelular no músculo esquelético (Figura 2)
as formas de contração. enquanto que a MMP-9 também é (37,38). Além disso, o aumento da
Em contraste com o aumen- capaz de digerir colágeno tipo XI, MMP-2 também tem sido descrito
to muscular, durante o envelheci- and XIV (5,26). em situações de proliferação e di-
mento, imobilização e denervação, No músculo esquelético, as ferenciação de células musculares,
ocorre um aumento na concentra- MMPs desempenham um importan- cicatrização após injúria e manu-
ção da MEC no músculo sem uma te papel no desenvolvimento, ho- tenção do tecido conjuntivo circun-
alteração do conteúdo total do co- meostase e regeneração da matriz jacente (35).
Outros estudos evidenciaram estão implicadas na miosite focal, tivo e pode degradar vários coláge-
que a expressão de MMP-2 nos pois as amostras desta condição nos intersticiais (I-V) e a MMP-9 é
músculos esqueléticos sofreu au- não mostraram imunoreatividade produzida nos músculos principal-
mento após aplicação de estimu- para estas proteínas teciduais. mente pelas células inflamatórias e
lação elétrica crônica (39), após Reznick (42) avaliaram as sua expressão está aumentada em
corrida e após exercícios de alta MMPs após imobilização e verifica- condições inflamatórias severas.
intensidade (35). Já a expressão ram por meio de zimografia que a Apesar de MMP-2 e MMP-9 terem
de MMP-9 aumentou após aumen- MMP-2 sofre aumento de expressão os mesmos substratos elas são ex-
to crônico do fluxo sanguíneo (40), durante as 4 semanas de imobiliza- pressas e moduladas por diferentes
após corrida (35) e em fases ini- ção. Com relação a MMP-9 também citocinas e fatores de crescimento.
ciais da resposta inflamatória do foi possível observar uma aumento Por exemplo, TNF (fator de necrose
músculo frente à miotoxina (41), de expressão após esta imobiliza- tumoral) secretado pelos macrófa-
Rodolico et al. (36) estuda- ção e, além disso, deve ser ressal- gos regula positivamente mais a
ram o padrão imunoistoquímico das tado o fato de que esta protease MMP-9 do que a MMP-2.
MMPs 2, 7 and 9 em miosite focal e não foi detectada nos animais con-
compararam com polimiosite e der- trole, que não sofreram imobiliza- Inibidores de metalopro-
matomiosite. Os autores observaram ção. De acordo com os autores, o teinases (TIMPS)
que existe um aumento de imuno- papel da MMP-2 e MMP-9 provavel- Existem vários mecanismos
reatividade para MMP-9 nas células mente seja diferente uma vez que regulatórios que influenciam na
musculares em todas as miopatias e a MMP-2 é secretada por vários ação das MMPs sobre a degra-
sugerem que a MMP-2 e MMP-7 não tipos de células do tecido conjun- dação da MEC. Dentre estes, os
Figura 1: Fotomicrografias de marcação imuno-histoquímica para colágeno I, III e IV em músculos normais. O colágeno I (a,40x; b,100x;
c,400x) e III (d,40x; e,100x; f,400x) distribui-se de forma linear em torno do endomísio e perimísio. O colágeno III mostra uma marcação
mais intensa (d,e,f). O colágeno IV no endomísio (g, 40x) e perimísio (h, 100X; i,400x) mostra marcação mais delicada.
mais estudados são a regulação petitivas, é provável que a ativida- principalmente, para desenvolver
da transcrição, ativação de MMPs de da MMP proceda a atividade dos métodos de prevenção e reabilita-
latentes e inibição por TIMPs, uma TIMPs, e portanto, TIMPs servem ção de lesões musculares; seleção
família de proteínas que inibem como reguladores da degradação de tipo, carga e duração do exer-
seletivamente e reversivelmente terminal para garantir um limite de cício em treinamento físico e para
as MMPs (43). degradação. Para sustentar mais contribuir no desenvolvimento de
Os TIMPs são derivados das que uma reação de integração das novas terapias para doenças mus-
células musculares e secretados MMPs e TIMPs existentes, TIMP-2 culares congênitas e inflamatórias.
na MEC e se ligam as MMPs na tem se mostrando importante para Desta forma, o melhor entendimen-
forma de zimogênio regulando a uma ativação de pro-MMP-2 in to sobre a participação de MMPs e
formação e a maturação da MMP-2 vivo. TIMP-1 tem sido encontrada respectivos TIMPs na adaptação
e MMP-9 (31). TIMP-2 é conhecido correlacionada com ICTP em pa- tecidual frente aos diversos tipos
por se ligar mais efetivamente a cientes com câncer indicando ativi- de demanda torna-se um ponto
MMP-2, enquanto que TIMP-1 pos- dade em e controle da degradação crucial para o estabelecimento das
sui maior afinidade pela MMP-9. de colágeno (3). vias que estariam envolvidas e que
Assim, os níveis de atividade dos Embora MMPs e TIMPs sejam permitiriam o remodelamento do
TIMPs mudam em paralelo com as expressados no músculo, pouco é músculo esquelético.
alterações da atividade da MMP-2 e conhecido sobre seu papel no de-
MMP-9 (14,44). senvolvimento, remodelamento e Agradecimentos
Alterações no balanço entre função do tecido músculo esquelé- À Fundação de Amparo à Pes-
MMPs e TIMPs podem causar al- tico (46). quisa do Estado de São Paulo (FA-
terações na composição da MEC e PESP) pela bolsa de IC de Daya-
afetar as funções celulares (45). Considerações finais ne Aparecida Mesquita (processo
Curiosamente, TIMPs são as Os estudos sobre as modifica- no 07/55439-6) e de mestrado de
vezes ativados juntos com as MMPs ções da MEC no músculo esqueléti- Vanessa C.S.Pavesi (processo no
em resposta a atividade física in- co, em situações fisiológicas e pato- 07/52927-0). Ao Conselho Nacio-
dicando estimulação simultânea e lógicas, vêem sendo desenvolvidos nal de Desenvolvimento Científico
inibição da degradação. Em vez de para melhor compreender o papel e Tecnológico pela bolsa de Inicia-
considerar estas, como ações com- da cada proteína tecidual, mas, ção Científica de Juliana Baptista.
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Agenda de Eventos
13 A 16 de maio
II CIRNE
Congresso Internacional de Reabilitação
Neuromusculoesquelética e Esportiva
Minascentro, Belo Horizonte, MG
Informações: WWW.cirne2009.com.br
29 a 31 de maio
I Jornada de Fisioterapia Dermatofuncional do RS e o I encontro de ex alunos do curso de aprimoramento
profissional em Fisioterapia Dermatofuncional do Centro de Estudos e Qualidade de Vida.
Local: Porto Alegre- RS
Informações: (51) 3019-3373 ou www.vida-rs.com.br
Junho de 2009
XX CONGRESSO NACIONAL DA ABENEPI 10 A 13 de junho de 2009
The Royal Palm Resort, Campinas, SP
WWW.abenepi.com.br/xxcongresso
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