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LETA 16- ESTUDO DAS TEORIAS E REPRESENTAÇÕES

http://iliadaemportugues.blogspot.com.br/2009/01/canto-xviii.html
tradução em versos de CARLOS ALBERTO NUNES,
Canto XVIII- Versos 412- 617
A representação do trabalho de representação. Se o escudo forjado por Hefestos para Aquiles é feito
com metais preciosos, de que é feita a narrativa de Homero?

Resumo: Antíloco dá a Aquiles a notícia da morte de Patroclo. — Dor profunda de Aquiles. — Tétis
com as Nereidas vem consolar seu filho. — Vendo-o animado do desejo de vingança, ela promete-
lhe para o dia seguinte uma nova armadura fabricada por Vulcano. — Despede as Nereidas e dirige-
se para o Olimpo. — Durante este tempo o combate se reanima em redor dos restos de Patroclo. —
Heitor se apoderaria do cadáver, se, impelido por Juno, Aquiles não houvesse lançado o terror entre
os Troianos. — Ao anoitecer os Gregos tomam o cadáver e o levam para a tenda de Aquiles. — Os
Troianos reúnem-se para deliberar. — Heitor repele os prudentes conselhos de Polidamas. — Os
Gregos lamentam a morte de Patroclo e lbe fazem as honras fúnebres. — Tótis vai ter com Vulcano.
— Benévolo acolhimento que teve a deusa, — Vulcano fabrica para Aquiles as melhores armas,
cuja descrição vai no fim deste canto.

Tira das chamas os foles depondo os demais utensílios com que folgava ocupar-se numa arca de
prata maciça. Com uma esponja depois limpa o suor e as escórias do rosto de ambas as mãos do
pescoço robusto do peito Veloso e após vestir alva túnica sai a coxear da oficina num ceptro forte
apoiado ladeado por duas estátuas de ouro semelhas a moças dotadas de vida –pois ambas
entendimento possuíam alento vital e linguagem sobre entenderem das obras que aos deuses eternos
são gratas. O amo elas duas ladeiam cuidosas. Coxeando o ferreiro foi para junto de Tétis num
trono luzente assentou-se toma-lhe a mão e falando lhe disse as seguintes palavras:
“Tétis de manto luzente que tanto venero e respeito qual o motivo de tua visita? Aqui vens
raramente. Fala o que queres que o peito me manda acatar-te o desejo se for de facto exequível e em
mim estiver realizá-lo.” Tétis então a chorar lhe responde as seguintes palavras:“Há porventura
entre as deusas Hefestos do Olimpo altanado uma que tenha no peito abrigado tão grandes pesares
quantos o Crónida Zeus mais que a todas me tem propinado? A mim somente obrigou entre todas as
deusas marinhas Zeus a casar com Peleu de mortal condição filho de Éaco e a partilhar-lhe do leito.
Ora a triste velhice o domina e em seu palácio se encontra abatido. Outros males me tocampois
consentiu que eu gerasse e educasse o mais belo dos filhos. Como oliveira vistosa cresceu de beleza
adornado. Após haver dele cuidado qual planta em terreno propício para Ílion o enviei nos navios
recurvos a fim de bater-se contra os Troianos. No entanto jamais deverei recebê-lo de volta à pátria
na casa do velho Peleu carinhosa. E enquanto vive e contempla a luz bela do Sol pesadumes tem de
sofrer sem que eu possa por mais que me esforce aliviá-lo. A bela escrava que em prémio os Aqueus
outorgado lhe haviam pelo possante Agamémnon foi-lhe dos braços tirada. Cheio de dor consumia-
se à parte. Os Troianos entanto vieram até junto às naus não deixando que os Dánaos saíssem para a
planície. Deprecam-lhe auxílio os mais nobres Aquivos inumeráveis presentes de preço infinito
ofertando. Ele inflexível se nega a livrá-los da ruína iminente; mas consentiu que sua própria
armadura o escudeiro vestisse Pátroclo e junto a outros homens o enviou em socorro dos Dánaos.
Das portas Ceias em frente até ao oceano a batalha estirou-se. E nesse dia a cidade teriam tomado se
Pátroclo quando maiores estragos causava não fosse vencido bem na dianteira dos seus por Apolo
que a Héctor cede a glória.Por isso agora a teus joelhos me tens. Venho ver se desejas para o meu
filho de curta existência aprestar elmo e escudo grevas formosas de belas fivelas que bem se lhe
adaptem e cintilante couraça que o amigo perdeu isso tudo. O coração excruciado na poeira o meu
filho se encontra.” Disse-lhe Hefestos de braços robustos então em resposta:“Ânimo! Que isso não
seja motivo de mais te afligires. Se em meu poder estivesse mantê-lo escondido da Morte
dolorosíssima quando o Destino vier procurá-lo como é certeza poder aprestar-lhe tão bela
armadura que para todos os homens que a virem será grande espanto.”
Deixa-a depois de falar dirigindo-se para os seus foles que pôs no fogo ordenando que logo o
trabalho iniciassem. Vinte eram eles ao todo e em fornalhas também de igual número. Logo se
põem a soprar por maneira contínua e variável com mais vigor quando Hefestos animado ficava;
mais lentos quando o queria o ferreiro ou o trabalho dessa arte o exigia. Bronze infrangível não
cessa de ao fogo lançar duro estanho ouro de grande valor e também muita prata; Em seguida pôs
sobre o cepo a maior das incudes e o malho pesado numa das mãos sustentando a tenaz na outra
firme segura. Grande e maciço primeiro fabrica o admirável escudo com muito esmero lançando-lhe
à volta orla tríplice e clara de imenso brilho. De prata a seguir fez o bálteo vistoso. Cinco camadas o
escudo possuía gravando na externa o hábil artífice muitas figuras de excelso traçado. Nela o
ferreiro engenhoso insculpiu a ampla terra e o mar vasto o firmamento o sol claro e incansável a lua
redonda e as numerosas estrelas que servem ao céu de coroa. Pôs nela as plêiades todas Órion
robustíssimo as Híades e mais ainda a Ursa também pelo nome de Carro chamada -a Ursa que gira
num ponto somente a Órion sempre espiando e que entre todas é a única que não se banha no
oceano. Duas cidades belíssimas de homens de curta existência grava também. Numa delas
celebram-se bodas alegres. Saem do tálamo os noivos seguidos por seus convidados pela cidade à
luz clara de archotes; os hinos ressoam. Ao som das flautas e cítaras moços dançavam formando
roda em cadência agradável. Nas casas de pé junto das portas viam-se muitas mulheres que o belo
cortejo admiravam. Cheio se achava o mercado que dois cidadãos contendiam sobre quantia a ser
paga por causa dum crime de morte: um declarava ante o povo que tudo saldara a contento; o outro
negava que houvesse até então recebido a importância. Ambos um juiz exigiam que fim à contenda
pusesse. O povo à volta tomava partido gritando e aplaudindo. A multidão os arautos acalmam; no
centro os mais velhos num recinto sagrado sentados em pedras polidas nas mãos os ceptros mantêm
dos arautos de voz sonorosa. Fala cada um por seu turno de pé e o seu juízo enuncia. Quem
decidisse com mais equidade dois áureos talentos receberia que ali já se achavam no meio de todos.
À volta da outra cidade se vêem dois imigos exércitos com reluzente armadura indecisos nos planos
propostos: ou devastá-la de todo ou fazer por igual a partilha das abundantes riquezas que dentro
das casas se achavam. Os cidadãos não se rendem contudo e emboscada preparam. E enquanto as
caras esposas as crianças e os velhos cansados cheios de ardor se defendem de cima dos muros bem
feitos seguem os homens guiados por Ares e Palas Atena. Altos e belos armados tal como convém
aos eternos e facilmente distintos da turba dos homens pequenos de ouro ambos eram e de ouro
também os luzentes vestidos. Logo que o ponto alcançaram que haviam adrede escolhido perto
dum rio vistoso onde vinha beber todo o armento sem se despirem das armas luzentes se põem de
emboscada. Duas vigias colocam dali a pequena distância para avisá-los se ovelhas e reses
tardonhas viessem. Dentro de pouco aparecem trazidos por dois condutores que ao som de gaitas se
alegram sem nada cuidarem da insídia. Os da emboscada acometem de súbito e em pouco se
apossam dos tardos bois das ovelhas vistosas dotadas de lúcido velo tirando a existência aos
incautos e imbeles pastores. Os sitiadores que estavam reunidos em junta ao ouvirem a gritaria do
assalto aos rebanhos depressa abalaram em seus velozes corcéis alcançando na margem do rio
aos da cidade e travando com eles renhida batalha onde aéneas lanças furiosas causaram recíprocos
danos. Via-se a fera Discórdia o Tumulto e a funesta e inamável Parca que havia agarrado um ferido
um guerreiro ainda ileso e pelos pés arrastava um terceiro que a vida perdera. Dos ombros pendem-
lhe as vestes manchadas de sangue dos homens. Como se fossem mortais comportavam-se na
áspera luta e arrebatavam das mãos uns dos outros os corpos dos mortos. Para a lavoura apropriado
um terreno também representa largo e amanhado três vezes no qual lavradores inúmeros juntas de
bois conduziam no arado dum lado para o outro. E quantas vezes o extremo do campo lavrado
atingiam vinha encontrá-los um homem que um copo de mosto lhes dava doce e agradável. Depois
de beber novos sulcos abriam só desejosos de o linde alcançar do agro pingue e profundo. Preta era
a terra que atrás lhes ficava apesar de ser de ouro e parecia revolta –espectáculo em verdade
estupendo. Um campo real também grava onde messe alourada se via e os segadores que a ceifam
na mão tendo foices afiadas. Molhos caíam sem pausa por terra ao comprido dos sulcos.
Os molhos juntam em feixes ligados com junco flexível três atadores; aos pés uns meninos braçadas
de molhos continuamente lhes jogam que ao longo dos sulcos recolhem. O coração satisfeito de pé
bem no meio dum sulco o rei se achava sem nada dizer sustentando áureo ceptro. Sob um carvalho
os arautos um boi corpulento já haviam para o banquete imolado; as mulheres o almoço aprontavam
dos segadores cobrindo os assados com branca farinha. Representou uma vinha também carregada e
belíssima; de ouro brilhante era a cepa e de viva cor negra os racimos que sustentados se achavam
por muitas estacas de prata. De aço era o fosso gravado em redor; mas a cerca de cima de puro
estanho. Um caminho somente ia dar até à vinha que os vinhateiros percorrem no tempo da bela
vindima. Moços e moças no viço da idade de espírito alegre o doce fruto carregam em cestas de
vime trançado. Com uma lira sonora no meio do grupo um mancebo o hino de Lino entoava com
voz delicada à cadência suave da música e todos batendo com os pés compassados em coro alegres
o canto acompanham dançando com ritmo. De boi de chifres erectos manada vistosa ali grava. Uns
animais eram de ouro; outros feitos de estanho luzente. Saem do estábulo nessa hora a mugir para o
pasto que ao lado se acha dum rio sonoro com margens de canas flexíveis. Quatro pastores os bois
conduziam também de ouro puro; por nove cães protegidos de rápidos pés vinham todos. Mas de
repente dois leões formidáveis o gado acometem e o touro empolgam que o espaço atroava com
tristes mugidos enquanto os leões o arrastavam; mancebos e cães os perseguem. As duas feras
porém após haverem a rês lacerado o negro sangue e as entranhas lhe chupam. Em vão os pastores
os cães contra eles açulam pavor intentando incutir-lhes. Não se atreviam contudo os forçudos
mastins a atacá-los mas esquivando-se sempre dos leões só com ladros investem. Um grande prado
também representa o ferreiro possante num vale ameno onde muitas ovelhas luzentes se viam bem
como apriscos e estábulos e choças de boas cobertas. Plasma um recinto de dança ainda o fabro de
membros robustos mui semelhante ao que Dédalo em Cnossos de vastas campinas fez em louvor de
Ariadne formosa de tranças venustas. Nesse recinto mancebos e virgens de dote copioso
alegremente dançavam seguras as mãos pelos punhos. Elas traziam vestidos de linho; os rapazes
com túnicas mui bem tecidas folgavam em óleo brilhante embebidas. Belas grinaldas as fontes das
virgens enfeitam; os moços de ouro as espadas ostentam pendentes de bálteos de prata. Ora eles
todos à volta giravam com pés agilíssimos tal como a roda do oleiro quando este sentado a
experimenta dando-lhe impulso com as mãos para ver se se move a contento ora correndo
formavam fileiras e a par se meneavam. Muitas pessoas à volta o bailado admirável contemplam
alegremente. Cantava entre todos o aedo divino ao som da cítara ao tempo em que dois saltadores a
um tempo cabriolavam seguindo o compasso no meio da turba. Plasma por fim na orla extrema do
escudo de bela feitura a poderosa corrente do oceano que a Terra circunda. Após ter o artífice o
escudo maciço desta arte aprontado fez a couraça de brilho mais forte que os raios do fogo o elmo
com ricos lavores mui sólido e belo que às fontes bem se ajustasse provido duma áurea e luzente
cimeira e finalmente umas grevas formadas de dúctil estanho. Logo que as armas o artífice ilustre
aprontou sobraçando-as foi colocá-las aos pés da mãe triste de Aquileu divino. Como um gavião
desceu ela do Olimpo nevoso trazendo a refulgente armadura que Hefestos potente forjara.

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