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CARTILHA DE CRIACAO DE Tenébrio molitor PARA INICIANTES *Casé Oliveira Bugs Cook, Ramon Santos de Minas e “Angela Kwiatkowski Organizadores ‘Prof. Casé Oliveira (Bugs Cook) 2Ramon Santos de Minas “Angela Kwiatkowski 2. CLASSIFICAGAO do Tenébrio Molitor (Traga das farinhas) 1- Filo: Artropoda 2- Classe: Insetos 3- Ordem: Coleptera 4- Familia: Tenebrionidae 5- Nome comum: Tenebrio, Tenebra 6- Nome cientifico: Tenebrio molitor “Essa cartilha foi desenvolvida para ser distribuida de forma gratuita e em hipotese alguma deve ser comercializada. Os autores Casé Oliveira Bugs Cook, Ramon Santos de Minas e Angela _~—_- Kwiatkowski disponibilizam a mesma apenas com a finalidade de incentivar a criagéo do Tenébrio molitor. De maneira didética essa apostila contém as fases de criago, bem como outras informagoes para criagéo em ambiente doméstico de Tenébrio molitor que 6 utilizado para complementar a dieta de animais insetivoros e monogastricos, a fim de possibilitar a independéncia de compra e possivel geracao de renda” INTRODUGAO. © conhecimento que homem tem sobre os diferentes tipos de insetos remonta a tempos antigos, e isso pode ser comprovado, quando se observa, em templos e cidade antigas, pinturas e escultura que demonstram tamanha intimidade entre 0 homem e os insetos. Uns dos lugares onde isso pode ser demonstrado sao os monumentos do Egito antigo, dos Maias, hindus, entre outros. As abelhas e os escaravelhos parecem que eram os preferidos, dada a quantidade de informagées que se encontram nesses sitios. Os gafanhotos sao citados no Antigo testamento como a décima praga que atingiu o Egito durante a escravidao dos Hebreus, mas também como fonte de alimentagéo no livro de Levitico. No entanto, é importante salientar que a ciéncia, como nés conhecemos hoje, denominada de Entomologia, s6 ganhou impulso com Aristételes (384-322 A.C), que escreveu 0 resumo mais importante sobre as observagées feitas por ele em relago aos insetos daquela época. Posteriormente as observagées de Aristételes, novos povos vieram a se interessar pelo estudo e pelas possiveis utilizagées dos insetos; entdo, os romanos passaram a estudé-los, os gregos, e, depois, outros povos também se interessaram. No entanto, nao se obteve grandes avangos. Naquela época, o mundo detinha um equilibrio ecolégico mais estavel, e, com cada um fazendo 0 seu papel, era um estudo de curiosidades, nunca configurando a entomologia uma ciéncia, como conhecemos hoje. Apés a quedado Império Romano, a Inquisigéo da idade média tratou de obscurecer de vez ‘08 conhecimentos cientificos, e assim foi até a Renascenga, periodo da historia da humanidade, —caracterizado pela renovaco cientifica, ar realizada nos séculos XV e XVI. ica e literdria, Nos periodos que se estabeleceram apés o século XVI, buscaram se envolver mais com as pesquisas e trataram de trabalhar mais com a observagao dos fatos e a criagao de uma classificagao. Sendo que, a partir do inicio do estudo aprofundado, as pesquisas geraram o conhecimento dos grandes fundamentos biolégicos, descobertos no século passado. Na América Latina principalmenteno Brasil, as pesquisascom entomologia iniciaram-se no século passado com a relevante ajuda de varios pesquisadores estrangeiros, sendo que, neste século, muitas pesquisas foram realizadas por centenas de cientistas que se dedicaram a entomologia. Dentre os insetos mais estudados, temos os tenébrios, sAo0 besouros da familia Tenebrionidae, podendo ter de alguns milimetros até alguns centimetros, tendo seu representante mais conhecido os Tenébrios da Farinha Tenebrio molitor. Os tenebrios, assim como a grande maioria dos besourosidentificados até o momento, so holometabolos, e isso significa que 0 seu desenvolvimento se completa apés ele passar por todos os estagios de desenvolvimento: ovo - larva - pupa - adultos; possuem um par de asas anteriores rigidas, chamadas de élitros, que a protegem; as asas membranosas que séo mais delicadas apresentando se praticamente transparente (Figura 1) ‘ eraonrose “om “ O ANIMAL © Tenébrio molitor, pertencente a ordem dos coledpteros, suas larvas se constituem na mais pratica e econémica opgdo de alimentagao para animais insetivoros e monogastricos, é rico em proteina, minerais, calcio, fésforo e fibras. TENEBRIO MOLITOR © Tenébrio molitor caracteriza-se pela boa taxa de reprodugao com desova de 200 a 400 ovos por animal em sua fase adulta(besouros). Seu desempenho étimo de reprodugao acontece em temperaturas entre dos 26 a 32 graus Celsius, e devem ser verificadas com usode um termémetro. Na fase adulta(besouro) os tenébrios nao voam a altura superior a 50 cm, sendo muito bem controlado em seu local de sendo recomendado cobrir a caixa de ctiagao com papel kraft ou similar além de serem mantidos em ambientes a meia luz durante 0 periodo diumo, sem qualquer tinta Gomais s4o proibidos em sua criacdo, pois contém chumbo). Sao animais tranquilos de se criar, pois nao possuem odor forte, nao séo pegonhentos (venenosos) ou possuem ferro, devem ser criados em ambientes secos com baixa umidade e sem qualquer outro tipo de ctiagao em consércio. Actiagao do Tenébriomolitor, torma- ‘se uma op¢do ideal por serem limpos, nao exigirem equipamentos especiais_e ‘ocuparem pouco espago (COSTA-NETO, 2003), Além da facilidade de criacdo, esta espécie de inseto tem uma caracteristica desejével do ponto de vista do processamento de alimentos que é a baixa quantidade de umidade (BEDNAROVA et al., 2013) MORFOLOGIA © Coleéptero Tenebrio molitor (besouro) adulto macho mede de 10 a 15mm sendo queas fémeas so um pouco maiores situando-se entre 10 ¢ 18 MM . Fig 2: Tenébrio molitor, tamanhos macholfémea ee Fonte: (wikimedia 2015) vourton rises SEXAGEM Fig 2: Tenébrio molitor morfologia macho Fonte: wikimedia 2018) Fig 4: Tenébrio molitor morfologia fémea Fonte: (wikimedia 2015) CRIAGAO DOMESTICA OBTENCAO DE TENEBRIOS. Para obter os tenébrios, procure vendedores através ASSOCIADOS A ASBRACIA(ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE CRIADORES DE INSETOS). Outra altemativa 6 a compra via mercado livre. Nesses locais de venda os insetos sao vendidos em sua fase larval e jé vem imersos na racdo/substrato. Ao chegar no local de criagéo, despeje-os na caixa numero 1 ja com o substrato dentro e observe diariamente pelo menos uma vez por dia, de preferéncia no final da tarde suas atividades. Com o passar dos dias, observa-se bastante atividade na caixa, ‘em especial a trituragao do substrato pelas larvas. Conforme forem crescendo iréo se transformar em pupas, nessa fase separe- as e coloque em uma caixa separada para este fim, CICLO DE VIDA Seu ciclo de vida, ocorre em quatro fases (metamorfose completa): ovo, larva pupa e besouro ou imago, completando todo o ciclo em aproximadamente quatro a cinco meses de duragao, podendo ainda se estender até doze meses dependendo das condigdes do ambiente. Cada fémea do besouro bota de 200 a 500 ovos no substrato da caixa de criagdo (caixas de plastico ou madeira com farelo de trigo grosso e aveia ou ragéo de codoma) e eclodem entre 10 a 15 dias, tomando-se visiveis a olho nu apenas pelo movimento observado no substrato. Durante seu crescimento efetuarao de § a 7 mudas de pele (ecdise) que devera ser retirada com ajuda de um aspirador ou um pincel apropriado para varrer a parte superior do substrato. © crescimento duraré aproximadamente 60 dias, quando atingirao 0 seu tamanho maximo cerca de 18 a 24 mm para em seguida virarem pupas, com coloragao brancae muito mole constituindo-se em excelente alimentd para Pets, CAIXAS DE CRIACAO Para se iniciar uma criago recomenda-se a utilizacdo de caixas de plastico ou madeira com furos na tampa e a colocagéo de um tecido ou tela de vedagao. As caixas podem ter formatos variados, no entanto, caixas de 40X40x30 possuemespago suficiente para realizagao das manutengdes. Exemplos nas figuras abaixo. = Fonte (Mercado livre) ‘A tampa com furos e 0 tecido com furinhos, evita a decomposicao contaminacao do substrato por fungos permite maior aeragao, evita as fugas, recomendamos a utilizagéo de quatro caixas, uma para larvas, outra para pupas, outta besouros e outta para ‘ovos/incubagao. MANEJO, — ESTABILIZACAO, = E CARCTERISTICAS DA RAGAO PARA UMA DA COLONIA. ALIMENTACAO © substrato/ragao deveré ser composto basicamente de cereais e derivados (farelo de trigo grosso e aveia ‘so preferenciais), e uma fontede umidade (legumes cortados, ex: cenoura, chuchu, abobrinha etc) “* atengao: os legumes devem ser trocados periodicamente a fim de nao estragarem e gerar fungos no substrato. Recomenda-se também como fonte de alimento para os tenébrios, ragao pronta de codoma na proporgao de 50% e 50% do farelo de trigo grosso. O substrato ou cama de criagdo, deve ter uma espessura maxima de 15 cm e umidade compreendida entre 8 a 10%. As caixas no devem ficar em ambientes imidos, com umidade acima de 75% de umidade relativa para que o substrato nao estrague ‘ou fermente. As larvas e besouros podem utilizar-seda umidade do ar, noentanto,no verao, quando as temperaturas esto me altas e a umidade relativa cai a niveis muito baixos, 6 necessario fomecer suprimento de agua obtidas através desses vegetais citados acima, e sempre manter as caixas em um quarto seco num ambiente de penumbra (mais escuro). Os tenébrios, por serem de habito notumno,néo suportam a incidéncia direta dos raios solares. O substrato de criagdo ¢ a propria rago, fomecidana quantidade necesséria para alimentacao dos insetos durante 15 dias, quandoocorre a peneirageme adi¢ao de novo substrato. Seguem as quantidades de ragao fornecida em cada fase da criagdo: podendo variar de acordo com o volume de individuos por caixa. 4- Reprodug4o(120 a 150 dias) - 1000g 2+ Cria (0 a 30 dias) ~ nao é fornecida. As larvas recém nascidas se alimentam da ragdo da fase Reproducao. 3+ Recria (30 a 60 dias) - 1000g 4. Terminacao (60 a 90 dias) - 1000 fase 3 pupa -$-0-4 Fonte: (mercado livre 2020) Amedida queo ciclose desenvolve, @ apés se alimentarem, suas excretas vao para 0 fundodo substrato, formando uma camada de pé bem fino e de cor cinza escura que deve ser retirado com 0 auxilio. de uma peneira quando atingir 50 % do substrato (facil de observar, pois atingira aproximadamente 50 % do substrato), fazera peneiragem utilizandooutracaixa e sempre utilizando mascaras de protegao (EP!) 0 pd muito fino pode irritar as vias respiratérias e causar alergia, recomenda- se essa peneiragem de 15 em 15 dias, e deve ser descartado com adigao de mais ragao a fim de cobrir os tenébrios. © proceso de transformagaéo da larva para pupae besouro, ocorre de forma continua e abundante, se o ambiente estiver na temperatura e umidade ideais ( 26° a 32° graus Celsius e umidade relativa do ar em torno de 75%). Na caixa 2 estarao as pupas que se transformaréo em besouros e devem ser retirados colocados na destinada para esse fim e posteriormente deixados la por cerca de 15 dias, apés esse prazo, retire todos os besouros da caixa e coloqueem uma caixa com 5 cm de racao e este servird de incubadora/bergario que estara_ somente ‘com os ovos que eclodirao em cerca de 15 dias, iniciando assim um novo ciclo. PREDADORES E ORGANISMOS OUTROS Os furos das caixas estaréo com 0 ter jo ou tela, 0 que dificulta a agéo de predadores, mas fique atento pois os predadores do Tenébrio Molitor mais ‘comuns como a lagartixa por exemplo podem ser atraidos para sua criacao. Outro predador muito comum sao as fomigas que destroem muito rapidamente as criagdes e devem ser combatidas constantemente, ha também 0 ataque de mariposa pequenas medindo aproximadamente 8mm de comprimento e de cor bege esbranquigadasquejé vemno substrato comprado suas larvas ficam aglutinadas, transformando-se ao longo do tempo numa grande ramificagao atacando em especialas larvas em todas as fases do seu desenvolvimento, em — seguida, transformando-se — novamente em mariposa que voam quando abrimos a caixa contaminando todo o terrdrio. cuidado especial é quanto a presenga de mofo no substrato por excesso de umidade, caso isso ocorra, remova todo o substrato da caixa e troque-o. UTILIZAGAO PARA ALIMENTAGAO Atualmente a grande maioria dos criadores vendem esse tipo de alimentagao como alimento vivo na fase larval. Dependendo do tamanho do animal que ira alimentar, escolha as _larvas maiores e retire da caixa com uma pingaou através do processo de peneiragem. Essa cartilha 6 destinada a todos aqueles que querem ofertar uma alimentagéo mais saudavel aos seus animais de estimagao, utilizar para pesca ou mesmo iniciar uma criagao para geragao de renda. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS COSTA LIMA, A. M. Insetos do Brasil. Coledpteros. Escola Nacional de. Agronomia, Rio de Janeiro, v. 7-10, 1a- 2* partes, p. 372, 323, 289, 373. 1952. FILHO, E. B. Coledpteros de importancia florestal: 1- Scolytidae. IPEF, n. 19, p. 39- 43, 1979, HAINES, C. P. (Ed.). Insects and arachnids of tropical stored products: their biology and identification. 2. ed. Chatham, Kent: Natural Resources Institute, 246p. 1991 INSECTS, EDITED BY MICHAEL HUTCHINS, ARTHUR V. EVANS,ROSSER W. GARRISON, AND NEIL SCHLAGER. FARMINGTON HILLS, MI Grzimek's Animal Life Encyclopedia, 2nd edition. Volume 3; Gale Group, 2003. LAWRENCE, F. A. et al. Beetles of the world. A key and information system for families and subfamilies. 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