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eat Nulriciond NO ESPORTE RUBIO SUPLEMENTACAO Nutricional NO ESPORTE Organizadores Organizadores Aricia Motta Arantes Lustosa Professora de cursos de Pés-graduacao em Fisiologia do Exercicio, Nutrigao Es- portiva, Nutricao Clinica e Esportiva na Universidade Veiga de Almeida (UVA), RJ, Instituto de Pesquisa Ensino e Gestio em Satide (IPGS), RS e no Centro de Estudos Avangados e Formagao Integrada Cursos, GO. Diretora da Aricia Motta Nutrico em Goids e Orlando, EUA. Membro da Academic Society of Funcional Foods and Bioactive Compounds (AS- FFBC). Membro do American College of Sports Medicine (ACSM). ‘Membro da Associacao Brasileira de Satide (ABS). ‘Membro da Professionals in Nutrition for Exercise and Sports (Pines). Mestre em Cigncia da Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco (UCB), RI, Pos-graduada em Atividade Fisica e suas Bases Nutricionais pela UVA. Pos-graduada em Esporte e Recuperacdo pela Escola Superior de Educacao Fisica @ Fisioterapia do Estado de Goias (Esefego). MBA em Gestao em Saiide pelo Grupo Caproni, SP. Graduada em Nutrigao pela Universidade Federal de Gods (UFC), Professional and Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), International Association of Coaching (IAC), European Coaching Association (ECA), Global Coaching Community (GCC). Behavioral Analyst pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC). Leader Coach pela IBC e Behavioral Coaching Institute (BCI). Curso de Atualizagao em Alimentagio e Esporte pela Universidade da Marcia e Centro de Alto Rendimento de Alicante, Espanha. Curso de Terapia Cognitivo Comportamental para Nutricionistas pela Faculdade ‘Autonoma de Diteito (Fadisp), SP. Allys Vilela de Oliveira Professor da Pontificia Universidade Catélica de Goids (PUC-Goi Nutricionista na Aricia Motta Nutrigéo, GO. Mestre em Nutrigao e Saiide pela Universidade Federal de Goias (UFC). ). P6s-graduado em Nutri¢do Esportiva pela Faculdade Redentor (FacRedentor), RJ. Pos-graduado em Engenharia Corporal pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), RO. Curso de Aperfeicoamento em Nutricdo pela Federacio Internacional de Educa- gio Fisica (FIEP), GO. Curso de formacao em Estratégias de Nutricao e Suplementacao para o Exercicio pela UVA. Graduado em Nutricao pela UFG. Ana Paula Nunes Bento Mestre em Nutrigo e Sade pela Universidade Federal de Goias (UFG). Pos-graduada em Nutricdo Esportiva pela Faculdade Redentor (FacRedentor), RJ. Graduada em Nutricdo pela UFG. Graduada em Medicina pela UFG. Colaboradores Aaron B. Morton Doutor em Fisiologia Aplicada pela University of Florida, EUA. Mestre em Ciéncia do Exercicio pela The University of West Florida, EUA. Bacharel em Ciéncia do Exercicio pela Harding University, EUA. Ana Gabriella Pereira Alves Doutoranda em Ciéncias da Satide pela Universidade Federal de Gois (UFG). Mestre em Ciéncias da Satie pela UFG. Especialista em Nutrigo Esportiva pela Faculdade Redentor (FacRedentor), RJ. Graduada em Nutrigo pela UFG. Andrea Zaccaro de Barros Presidente da Associacéo Brasileira de Nutricéo Esportiva (ABNE). Mestre em Ciéncias da Satide pela Universidade de Séo Paulo (USP). Especialista em Fisiologia do Exercicio pela Uni- versidade Federal de Sao Paulo (Unifesp).. Graduada em Nutricéo pelo Centro Universitario Sao Camilo, SP. Camila Lemos Pinto Doutoranda em Nutricao e Metabolismo pela Uni- versity of Alberta, Canada. Mestre em Nutricdo e Satide pela Universidade Fe- deral de Goiés (UFC). Especialista em Nutricao Aplicada ao Exercicio Fi- sico pela Universidade de Sao Paulo (USP). Graduada em Nutricdo pela Pontificia Universida- de Catolica de Goias (PUC-Goids). Carla Cristina de Morais Doutoranda em Ciéncias da Safide pela Universida- de Federal de Goids (UFG). Mestre em Nutricéo e Sadde pela UFG. Graduada em Nutrigao pela UFG. Cibele Aparecida Crispim Doutora em Nutrico pela Universidade Federal de Sao Paulo (Unifesp). Mestre em Nutricao pela Unifesp. Especialista em Fisiologia do Exercicio pela Uni- fesp. Especialista em Nutrigao Esportiva pela Associagao Brasileira de Nutricao (Asbran), Graduada em Nutricao pelo Centro Universitario ‘Sao Camilo (Unisc), SP. Cristiane Cominetti Pés-Doutorado pela Universidade de Sao Paulo (usr). Doutora em Ciéncias dos Alimentos pela USP. Mestre em Ciencias dos Alimentos pela USP. Graduada em Nutrigao pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), PR. Daniel de Christo Mestre em Genética pela Universidade Federal do Parana (UFPR). Graduado em Farmacia Industrial pela UFPR. Danielle Macedo Mestre em Estresse e Consumo Alimentar pela Uni- versidade de Séo Paulo (USP). Especialista em Aprimoramento em Nutricdo pela Usp. Graduada em Nutrigao pela Universidade Federal de Goids (UFG). Erick Prado de Oliveira Doutor em Patologia pela Universidade Estadual Paulista “Jilio de Mesquita Filho” (Unesp). Mestre em Patologia pela Unesp. Graduado em Nutricio pela Universidade Metodis- ta de Piracicaba (Unimep), SP. Erika Reinehr P6s-graduada em Nutricao para Alto Rendimento e Fitness pela Universidade de Volta Redonda, RJ. Graduada em Nutricéo pela Universidade de Bra- silia (UnB). Eveline Gomes Rosa de Moura Mestre em Nutricdo e Salide pela Universidade Fe- deral de Goias (UFG). Pés-graduanda em Nutrigdo Esportiva e Fisiologia do Exercicio pela UFG. Graduada em Nutrigdo pela UFG. Joao Felipe Mota Doutor em Ciéncias pela Universidade Federal de So Paulo (Unifesp). Mestre em Patologia pela Universidade Estadual Paulista “Jdlio de Mesquita Filho” (Unesp). Aperfeicoamento em Bioquimica Nutricional e Die- tética pela Unesp. Especialista em Cuidados Nutricionais do Paciente e Desportista pela Unesp. Especialista em Nutri¢do Clinica Ortomolecular pela Fundacdo de Apoio a Pesquisa e Estudo na Area da Satide (Fapes), SP. Graduado em Nutricao pela Pontificia Universida- de Catotica de Campinas (PUC-Campinas), SP. Juliana Toledo de Faria Especialista em Nutri¢go em Satide Publica pela Universidade Federal de Goias (UFG). Especialista em Atividade Fisica e suas Bases Nu- tricionais pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), RI. MBA em Marketing pela Fundacao Getélio Vargas (Fav), Rd. Graduada em Nutricao pela UFG. Lana Pacheco Franco Mestre em Nutrigo e Sadde pela Universidade Fe- deral de Gots (UFG). Especiatista em Nutrigo Esportiva pela Faculdade Redentor (FacRedentor), RJ. Graduada em Nutri¢éo pela UFG. Marcus Vinicius Lucio dos Santos Mestre em Ciéncias pela Universidade Federal.de Sao Paulo (Unifesp). Especialista em Nutricao Esportiva: Bases Fisiol6- gicas, Bioquimicas e Moleculares pela Fundacdo de Apoio 2 Pesquisa e Estudo na Area da Saide (Fapes), SP. Pés-graduando em Fisiologia do Exercicio Aplicada 4 Clinica pela Unifesp. Graduado em Nutrigo pelo Centro Universitario S80 Camilo (CUSC), SP. Maria Aderuza Horst Pés-doutorado em Ciéncias dos Atimentos pela Uni- versidade de Sao Paulo (USP) © em Ciencias Biol6gi- ‘as pela Universidade Federal de Sao Paulo (Unifesp).. Doutora em Ciéncias dos Alimentos pela Universi- dade de Séo Paulo (USP). Graduada em Nutricao pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), PR. Maria Carliana Mota Doutora em Ciéncias da Saide pela Universidade Federal de Uberlandia (UFU), MG. Mestre em Ciéncias da Sade pela UFU. Graduada em Nutricéo pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal), MG. Maria Sebastiana Silva Doutora em Alimentos e Nutricao pela Universida- de Estadual de Campinas (Unicamp), SP. Mestre em Cincia e Tecnologia de Alimentos pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz pela Universidade de Sao Paulo (ESALQ-USP). Especialista em Nutrico pela Universidade de Sao Paulo (USP). Graduada em Nutrigao pela Universidade do Sagra- do Coracao (USC), SP. Mario Flavio Cardoso de Lima Mestre em Ciéncia da Nutrigdo pela Universidade Federal de Vicosa (UFV), MG. Especialista em Medicina do Esporte e da Ativida- de Fisica pela Universidade Estdcio de $8 (Une- sa), RJ. Graduado em Nutrigo pela Universidade Federal de Gofds (UFC). Michael P. Wiggs Pés-doutorado pelo Departamento de Satide e Per- ‘formance Humana na Texas A&M University, EUA. PhD em Fisiologia do Exercicio pela Texas A&M University, EUA. Bacharel em Ciéncias (Fisiologia do Exercicio Apli- cada) pelo Departamento de Satide e Cinesiologia do Texas A&M University, EUA. Murilo Dattilo Doutor em Ciéncias pela Universidade Federal de Sao Paulo (Unifesp). Mestre em Ciéncias pela Unifesp. Especialista em Nutrigio Desportiva e Qualidade de Vida pela Faculdades Integradas de Santo An- dré (Fefisa), SP. Graduado em Nutrigéo pelo Centro Universitario S40 Camilo (CUSC), SP. Narayana Reinehr Ribeiro Pés-graduada em Nutrigéo para o Alto Rendimento e Fitness pela Universidade de Volta Redonda, RJ. Graduada em Nutrigao pela Universidade de Bra- silia (UnB). Scott K. Powers PhD em Fisiologia pela Lousiana State University, EUA. Doutor em Fisiologia do Exercicio pela University of Tennessee, EUA. Mestre em Educagao Fisica/Fisiologia do Exercicio pela University of Georgia, EUA. Bacharel em Educacao Fisica pela Carson Newman College, EUA. Simone Biesek Mestre em Educacio Fisica pela Universidade Gama Filho (UGF), RJ. Especialista em Nutrigao Cli Federal do Parand (UFPR). Graduada em Nutricao pela UFPR. ica pela Universidade Vivian Costa Resende Cunha Doutora em Psicologia, com foco em Comporta- mento Alimentar pela Pontificia Universidade Ca télica de Goids (PUC-Goiés). Mestre em Ciéncia da Nutriggo, do Esporte e Me- tabolismo pela Faculdade de Ciéncias Aplicadas (FCA) da Universidade de Campinas (Unicamp), SP. Especialista em Nutricéo Aplicada ao Exercicio Fisico pela Escola de Educacao Fisica e Esporte pela Universidade de Sao Paulo (USP). Graduada em Nutricdo pela Universidade Federal de Goids (UFG). Viviane Cacioli Jaime Rodrigues Especialista em Nutricéo Esportiva e Qualidade de Vida pela Faculdades Integradas de Santo André (Fefisa), SP. Graduada em Nutrigéo pelo Centro Universitario Sao Camilo, SP. Viviane Soares Doutora em Ciéncias da Sade pela Universidade Federal de Goias (UFG). Mestre em Ciéncias da Satide pela UFG. Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual de Goids (UEG). Graduada em Fisioterapia pela Pontificia Universi- dade de Gois (PUC-Goids) Dedicatoria Dedicamos este livro a todos aqueles que se interessam pela ciéncia, e também aos avidos por conhecimento sobre nutricio, satide e desempenho. ‘Aos que buscam mais do que a superficialidade das informacoes cortiqueiras e do senso comum, que este livro seja um guia e uma fonte confidvel de informacées cientificas a respeito de suplementacio. Agradecimentos A Deus, criador de todas as coisas que faz nascer o sol e cair a chuva no seu devido tempo e para todos os seres humanos, toda honra e gléria. ‘Aos meus pais, que sempre me ensinaram a viver com integridade, dedicacao e compromisso. A minha familia, que sempre tem me apoiado. A Suzana Coelho, nossa fiel escudeira, e 8s nossas estagidrias Fernanda Coelho, Anna Passos, Gabriela Borges e Kétolly Vilela: sem vocés este projeto nao seria concretizado! ‘Ao Duda Lustosa, meu marido, que torna a minha jornada mais segura e divertida. A Maria Eduarda e a Ana Luisa, minhas filhas, que tém sido minhas verdadeiras fontes de alegria e cresci- mento diarios. Amo vocés! Aricig Motta Arantes Lustosa A minha familia, em especial meus pais, que, apesar das adversidades, me instrufram e apoiaram para alcancar meus objetivos de vida. A minha esposa, Stela Ramirez, por todo carinho e companheirismo. _ _Aos meus mestres, em especial minha orientadora, Professora Doutora Maria Raquel Hidalgo, por me ensinarem a buscar o conhecimento. As minhas companheiras de consultori ‘tempo para trabalhar neste projeto. As nossas estagiarias Fernanda Coelho, Anna Passos, Gabriela Borges e a Kétolly Vilela, minha sobrinha, que foram primordiais para a conclusdo deste livro. Suzana Coelho, sem sua organizacao nao conseguiria Allys Vilela de Oliveira Primeiramente a Deus, pela oportunidade. ‘Aos meus pais, pelo amor e pelo apoio incondicional. Por sempre me estimularem a seguir os meus sonhos e pelo exemplo de honestidade, ética e comprometimento. ‘Aos meus irmaos, por me ensinarem sobre respeito e companheirismo. A minha eterna orientadora, Doutora Maria Margareth Veloso Naves, pelo rigor cientifico com que sempre me ensinou e por ter me acolhido em sua vida como filha. A Aricia Motta e Allys Vilela, pelo papel fundamental que tiveram na minha formacao profissional e pela amizade e pelo carinho. Ana Paula Nunes Bento Apresentagao 0 sucesso para muitos esta vinculado mais em parecer bem-sucedido do que em desfrutar dos beneficios desta condicéo. Ainda mais quando consideramos que o conceito de sucesso é relativo para cada individuo ou grupo de pessoas. Na sociedade atual, ser magro, forte ou ter uma definicdo muscular extrema representa 0 sucesso para muitos. Enquanto professores universitarios se queixam do desinteresse dos alunos pela ciéncia e da limitacdo de vocabulério, ortografia e gramética, milhdes de pessoas seguem recomendacdes ou “dicas” nutricionais e de treinamento de individuos sem formacao académica em Nutricdo, Educacdo Fisica ou Medicina. Esses que prescrevem treinamentos e dietas, além de divulgarem varios suple- mentos diferentes, nao possuem o conhecimento aprofundado dos seus efeitos e riscos. AA situacao agrava-se ao identificarmos indmeros casos de profissionais graduados nas reas supracitadas que baseiam suas prescricdes e recomendacées ao piiblico em informacées divulgadas pelos chamados blogueiros. Tal fato aumenta a crenca de que a corrup¢éo humana nao se resume a uma esfera de nossa sociedade, mas esta presente também entre os nossos pares, aqueles que tecebem comissdes de empresas e laboratorios para prescreverem os produtos indicados, indepen- dentemente das necessidades de seus clientes. E preciso cautela na prescricdo de suplementos nutricionais, pela dificuldade na definicdo de sua eficacia e a real efetividade deles em um contexto mais ample da estratégia nutricional a ser adota- da com um praticante de exercicio fisico. Isso acontece muitas vezes pela qualidade metodolégica dos estudos cientificos em que se observam os mais variados vieses: falta de grupos-controle para comparacéo com os tratamentos, amostras muito reduzidas, extrapolagio dos resultados encon- trados nos dados obtidos e conflito de interesses relacionados com patrocinadores das pesquisas.. Em muitos casos, o ambiente controlado utilizado nas pesquisas nao condiz com as condicdes reais de vida dos individuos. Condutas profissionais baseadas nos dados apresentados em tais es- tudos séo extrapolados para situacdes em que nao sdo aplicaveis. Um exemplo bastante comum € 0 uso da suplementagéo de proteina do soro do leite, visando a hipertrofia muscular, por haver comprovacao de que a ingestio pode estimular a sintese proteica muscular, Alguns fazem uso de altas doses sem avaliar a necessidade proteica didria individual, como se nao houvesse qualquer in- fiuéncia do consumo total de protefnas na hipertrofia do individuo ou como se esse tipo de proteina fosse 0 Gnico a gerar estimulo para sintese proteica muscular. Nesse contexto, encontramos ainda na literatura estudos que demonstram caracteristicas assus- tadoras quanto ao mercado internacional de suplementos. Por um lado, temos entre 40% e 70% dos praticantes de exercicios fisicos que consomem algum tipo de suplemento nutricional, sendo que cerca de 10% a 15% contém substancias proibidas. Segundo estudo realizado por Outram e Stewart, publicado com o titulo “Doping through supplement use: a review of the available empirical data” no The Intemational Journal of Drug Policy em 2015, entre 6,4% e 8,8% das violages antidoping esto relacionadas com 0 uso de suplementos. A informacdo é especialmente relevante quando conside- rados os casos de atletas envolvidos em competi¢des esportivas, situacao em que o consumo desses produtos pode acarretar prejuizos gigantescos para suas carreiras. A cigncia nao consegue responder a todos os questionamentos sobre a melhor conduta nutricio- nal a ser mantida para os praticantes de exercicio fisico, até porque o conhecimento cientifico nao traz respostas finais. As dlividas sao cicticas e constantemente renovadas por uma nova descoberta. No entanto, a partir das respostas fornecidas por estudos cientificos, temos as maiores chances de chegar perto da verdade ou de acertar uma intervencao nutricional. Assim, buscando fornecer informagées embasadas em ciéncia para suprir as lacunas de conhe- cimento de acadamicos e profissionais de nutricao e de areas afins, nasce este livro, cujo sentido € complementar e justificar condutas fundamentadas em resultados no desempenho esportivo e na seguranga dos individuos. 2 Aricia Motta Arantes Lustosa Prefacio 0 tema Nutrigéo Esportiva tem sido cada vez mais discutido, analisado, estudado e necessadrio na atuagio dos profissionais da area, nao sé na orientacao a atletas, mas também em situacées clinicas de controle da obesidade e da sindrome metabética. Atualmente, a necessidade do incentivo a pré- tica de esportes e do combate ao sedentarismo como implemento de satide, o conhecimento basico de nutrigao e a fisiologia do exercicio transitam pelo campo técnico de nutrigao esportiva e todos os aspectos que envolvem o assunto. Foi com muita alegria que recebi o livro Suplementacao Nutricional no Esporte, dos queridos amigos e competentes profissionais Aricia Motta, Allys Vilela e Ana Paula Nunes Bento, com © honroso convite para prefacia-lo. Nao era surpresa que a obra organizada por estes otimos profissionais teria rigor cientifico e cuidado literario para a melhor informacao ao leitor, mas a leitura foi mais prazerosa pela profundidade e pela amplitude dos aspectos abordados, ineren- tes & suplementacdo nutricional, sem deixar de enaltecer a importancia dos alimentos no con- texto geral da Nutricdo Esportiva. Percebi o cuidado ético na escolha dos autores que compoem 0 livro ~ todos experientes e comprometidos com a ciéncia e o respeito humano necessario na orientacao do esportista/atleta. Sobre o tema central - Suplementos -, a obra apresenta capitulos independentes, porém inte- grados. Isso auxitia o conhecimento especifico de um assunto escolhido em um capitulo ou em mais de um, como leitura complementar. Jé no primeiro capitul, encontra-se uma atualizacdo cientifica sobre a influéncia dos alimentos no organismo ativo. Nos seguintes, ha dados acerca da especifici- dade da atividade fisica e de suas implicacdes na hidratacao e na acdo antioxidante dos nutrientes. Além disso, 0 leitor tem acesso a informacdes sobre o impacto dos macro e micronutrientes no desempenho atlético, na recuperagio e na hipertrofia muscular e no emagrecimento. Com as mesmas profundidade e qualidade, os suplementos nutricionais néo nutrientes e os derivados ou subprodutos nutricionais, disponiveis no mercado © os mais pesquisados hoje em dia, so apresentados com discusséo técnica e metandlises. Tal estrutura oferece subsidios para a melhor conduta nutricional e decisio sobre a escolha e a aplicabilidade dos suplementos. Isso porque esta decisio profissional deve ser pautada em evidéncias cientificas para os suplementos ainda nao classificados como tal pela Agéncia de Vigilancia Sanitaria, érg3o regulador e fiscalizador de produgéo, distribuicao, rotulagem e orientagdo de consumo dos suplementos de venda livre em territério nacional. Vejo este livro como uma grande contribuicao cientifica profissional na rotina dos profissio- nais nutricionistas, como referéncia aos professores dos cursos de graduacdo em Nutri¢ao e pés- ~graduacao em Nutricdo Esportiva, e ainda como base de leitura a todos os interessados no assunto. Parabéns a Aricia Motta, Allys Vilela e Ana Paula Nunes Bento pela organizacio e a todos os colabo- adores convidados para compor esta importante publicacdo. Aproveitem! Tania Rodrigues Nutricionista pela Universidade de Mogi das Cruzes (UNC), SP. Especialista em Fisiologia do Exercicio pela Universidade Federal de So Paulo ~ Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM). Especialista em NutrigSo Esportiva pela Associacao Brasileira de Nutrologia (Abran). Presidente Fundadora da Associacéo Brasileira de Nutricéo Esportiva (ABNE). Sécia Diretora Técnica da RGNutr, SP. Membro da Camara Técnica do Conselho Federal de Nutricionistas (GFN) e do Consetho Regional de Nutricionistas (CRN). Docente dos cursos de pés-graduacio do Centro de Estudos de Fisiologia do Exercicio e Treinamento (Cefit) e do curso de Nutricao Clinica e Esportiva do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutricdo dda Pontificia Universidade Catdlica de Goiés (CEEN-PUC). Siglas e Abreviaturas 3-MH (E-BP1 25(0H)D ACR AACR Ac Acetil-CoA Acil-CoA, ACSM ADA, ADT AGCL AGE AGI AGL AGMI AGP! AGS AIDS AIS ALA Alfa-KGDH Alfa-TTP AMP. AMPc AMPK 3-metit-histidina proteina 1 ligante do fator de iniciagdo eucaridtico 4 25-hidroxivitamina D, aminodcidosde cadeia rai aminodcidos de cadeia ramificada- transaminase anticorpo acetilcoenzima A acilcoenzima A ‘American College of Sports Medicine ‘American Dietetic Association difosfato de adenosina cidos graxos de cadeia longa cidos graxos essenciais 4cidos graxos insaturados 4cidos graxos livres 4cidos graxos monoinsaturados 4cidos graxos poli-insaturados 4cidos graxos saturados sindrome da imunodeficiéncia adquirida Australian Institute of Sport alfalacto albumina; acide graxo alfa-linolénico alfaceto glutarato desidrogenase icada proteina transportadora de alfa-tocoferol monofosfato de adenosina monofosfato de adenosina ciclico, proteinocinase ativada por monofosfato de adenosina Anvisa ATP ATP-CP AVE BA BMNC BcMo1 BIA BLG BSA. cate CACR ck cHO cK cA ConA, cP Pk cr Creat pc DcNT Dev DEXA, DHA ‘Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria trifosfato de adenosina trifosfato de adenosina — creatina-fostato acidente vascular encefélico beta-alanina células sanguineas mononucleares betacaroteno mono-oxigenase 1 bioimpedancia elétrica betalactoglubulina albumina do soro bovino (bovine serum albumin) calcio cetodcidos de cadeia ramificada capacidade antioxidante total; catalase colecistoquinina carboidrato creatinocinase Acido linoleico conjugado concavalina A fosfato de creatina creatinofosfocinase carnitina palmitoiltransferase ‘transportador de creatina Dietitians of Canada doencas crénicas nao transmissiveis doenga cardiovascular absorciometria de raios X de dupla energia Acido docosaexaenoico DHEA-S DM DMF DNA DPM DRI EFR EGCG EGRAC ela EN eNos EPA ERA, ERN ERO ETA FAD FAO FDA FADH Fes FMN Fos FOsHU FTE GABA, GAD G-CSF cep, GED GER GET GH Glut mo GsH GPx H,0 desidroepiandrosterona diabetes melito dilatacdo mediada pelo fluxo 4cido desoxirribonucleico degradacéo proteica muscular ingestao dietética de referéncia exercicio fisico resistido epigalocatequina-3-galato coeficiente de atividade da glutationa-redutase dos eritrécitos fator de iniciagao eucariético 4G estado nutricional 6xido nitrico sintase endotelial Acido eicosapentaencico elementos de resposta antioxidante espécies reativas de nitroganio espécies reativas de oxigénio efeito térmico dos alimentos dinucleotide de fiavina e ader a Food and Agriculture Organization Food Drug Administration hidrogeno flavina adenina dinucleotidio proteinas ferro-enxofre mononucleotidiodeflavina fruto-oligossacaridios Foods for Specified Health Use flavoproteina transferidora de elétrons acido gama-aminobutirico glutamato desidrogenase fator estimulador de colénia de granulécitos (granulocyt e colony-stimulating factor) gasto energético basal gasto energético didrio gasto energético de repouso gasto energético total horménio do crescimento transportadores de glicose glicomacropeptidios glutationaredutase glutationaperoxidase agua HDL HIV HLA HMB. HMB-Ca HMB-FA, HMG-CoA, Holo-Te lam. IEN-gama iNos loc 1oM IRS-1 Isovaleril CoA ISSN JECFA, ki LAK LDH LoL LDL-ox Lec LHS uc ur uv LPL hipertensio arterial sistémica lipoproteina de alta densidade virus da imunodeficiéncia humana antigeno leucocitario humano hidroximetilbutirato ou beta-hidroxi-beta-metilbutirato hidroximetilbutirato ligado ao calcio hidroximetilbutirate ligado ao Acido livre holotranscobalamina infarto agudo do miocardio interferon gama imunoglobulina imunoglobulina € imunoglobulina G imunoglobulina M fator de crescimento si insulina lara interleucina antagonistado receptor da interleucina-1 sintase induzida do éxido nitrico International Olympic Committee Institute of Medicine substrato do receptor de insulina 1 isovaleril-coenzima A International Society of Sports Nutrition Joint FAOWHO Expert Committee on Food Additives alfacetoisocaproato células assassinas ativadas por linfocina lactato desidrogenase lipoproteina de baixa densidade oxidacao das lipoproteinas de baixa densidade liquido extracelular enzima lipase hormonossensivel liquido intracelular liquido intersticial liquido intravascular enzima lipase lipoproteica uc MALT MAPK MAT mc cM MIF MIP-1beta mtDNA THF mor NAC NAD NADH NADPH- oxidase NATA NCAA NF-KB NK NO nNOS Nrf2 oO, oGe1 oH coms p70s6k PCr PCR PDHC PFK PGC-1-alfa PGEZ liquido transcelular tecido linfoide associado as mucosas proteinocinase ativada por mitégeno metionina adenosiltransferase massa corporal massa corporal magra fator inibidor de macréfagos proteina ‘betainflamatéria demacrofagos DNA mitocondrial metilenotetra-hidrofoletoredutase proteina-alvo da rapamicina em mamiferos Neacetilcisteina dinucleotidio de nicotinamida e adenina nicotinamida adenina dinucleotidio fosfato de dinucleotidio de adenina e nicotinamida-oxidase Nicleo de Gestao e Teoria Aplicada ao Esporte National Collegiate Athletic Association fator nuclear de transcrigao kappa-B células exterminadoras naturais (natural killer cells) éxido nitrico 6xido nitrico sintase neuronal fator nuclear eritroide 2 relacionado com 0 fator 2 Anion super6xido 8-oxoguanina DNA glicosilase radicals hidroxila Organizac3o Mundial da Satide proteina cinaseribossomal $6 de 70KDA fosfocreatina proteina C-reativa piruvato desidrogenase fosfofrutocinase coativador-1-alfa do receptor ativado por proliferador de peroxissomo (proliferator activated receptor coactivator 7 alpha) prostaglandina-E2 pH P PLP PPAR-gama PTH PIP Pry RAE REP RDA, RL. RNA, RNAm RXR S6KI SBME SDH sigA SIRT SNC SNS sop sop SPM succinil-Coa svet TAB Taw Tc TcM TGF-beta TG! Th Tk TR potencial hidrogeniénico fésforo inorganico fosfato de piridoxal receptores de ativacéo da proliferacéo de peroxissomos gama paratorménio ou horménio da paratireoide poro de transicao de permeabilidade peptidio YY equivalentes de atividade de retinol receptor de Acido retinoico proteina de ligacdo do retinol ingestdo dietética recomendada radicais livres Acido ribonucleico cide ribonucleico mensageiro receptor X do acicio retinoico cinase proteica 1 ribossomal $6 Sociedade Brasileira de Medicina do Exercicio e do Esporte succinato desidrogenase imunoglobulina A secretoria sirtuina sistema nervoso central sistema nervoso simpatico superdxido dismutase (enzima) sindrome do ovario policistico sintese proteica muscular succinil-coenzima A. transportadores de vitamina C dependente de sédio taxa metabética basal gua corporal total (total bodywater) trigliceridios de cadeia longa trigliceridios de cadeia média fator de transformacao do crescimento beta trato gastrintestinal linfocitos T auxiliares (T helper) enzima transcetolase; timidinacinase receptores tipo toll (toll like receptors) TNF TPP TRS TR UFC ul UL fator de necrose tumoral tiamina pirofosfato trato respiratério superior proteina transportadora de tocoferol transtirretina unidades formadoras de colénias unidade internacional limite de ingestao maxima tolerdvel uve ver DR \VDRE vet VLDL vo WADA raios ultravioleta B valor calérico total receptor de vitamina D elementos de resposta a vitamina D valor energético total lipoproteinas de densidade mi baixa via oral World Anti loping Agency Sumario a Alimentos Funcionais. 8 Suplementagdo para Hipertrofia Maria Sebastiana Silva Muscular...... 129 Ana Gabriella Pereira Alves Murito Dattilo Viviane Soares ‘Marcus Vinicius Lucio das Santos Hidratacdo em Atletas .. 19 eee aol Andrea Zoccaro de Banos 9 Suplementagao para Reducéo Viviane Cocioti Jaime Rodrigues acacia careerct 149 Suplementacao de Vitaminas Vir asta Resende faba no Esporte .... 10 Suplementacao e Imunidade..........165 Carla Cristina de Morais Simone Biesek Lana Pacheco Franco Daniel De Christo Maria Aderuza Horst Gistiane Cominetti 11. Suplementacao para Recuperacdo Suplementacéo Antioxidante een an para Atletas e Individuos Ativos.. Ita Mot Are Lie Michael P. Wiggs Ana Paula Nunes Bento Aaron 8. Morton Eveline Gomes Rosa de Moura Scott K. Powers 12 Suplementacao no Overtraiiing.......215 Suplementago em Esportes pena a de Endurance........ Narayana Reinehr Ribeiro Camila Lemos Pinto ; = Jodo Felipe Mota 13 Topicos Especiais em Suplementagio para Exercicios de Forga .. eerotscueosirsnsst LOL Wério Flévio Cardaso de Lima Juliana Toledo de Faria Suplementacdo de Agentes Anticatabélicos - Acéo do Beta-hidroxi-beta-metilbutirato .. Cibele Aparecida Crispim Erick Prado de Oliveira Maria Cortiana Mota Suplementacao Vivian Costa Resende Cunha Danielle Macedo Aricia Motta Arantes Lustosa Allys Vilela de Otiveira 233 indice. eee ee Alimentos Funcionais Maria Sebastiana Silva Ana Gabriella Pereira Alves Viviane Soares INTRODUCAO A alimentacdo consiste em requisito basico para a promocio e a protecao da salide, possibilitando o crescimento e o desenvolvimento humano, de modo a garantir qua- lidade de vida e a cidadania. Coletivamente, a alimentacao & direito do homem, con- forme consta na Declaragao Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948 e reafirmada no Pacto Internacional sobre Direitos Econdmicos, Sociais e Culturais, em 1966. Na legisla¢ao brasileira, tais direitos foram ‘incorporados em 1992.** A alimentacao € a nutrigéo como ciéncia comecaram a ser abordadas mais subs- tancialmente a partir de 1898, embora desde o século 5 a.C. Hipécrates, 0 “Pai da Me- dicina”, ja reconhecesse a importdncia destas para a sate. Hipdcrates referia-se a0 alimento como se este fosse um remédio.* Devido a estreita relacdo entre alimentos salide, pesquisas vém sendo realizadas com 0 objetivo de identificar substancias nestes que desempenhem fungdes espectficas no corpo. O primeito estudo que estabeleceu tal relaco e passou a trazer um novo con- ceito para o alimento foi realizado no Japéo, na década de 1930, pelo médico Minoru Shirota, que identificou os efeitos da bactéria Lactobacilus casei, presente no iogurte, na regulagem do intestino e na prevencdo de doencas neste 6rgao. Contudo, foi em 1980, também no Jap3o, que houve a implantaclo do Programa FOSHU (Foods for Specified Health Use), 0 qual introduziu e regulamentou a expresso “alimento funcional’, me- dliante estudos comprovando a utitizacéo de alimentos benéficos @ satide da populacao.** Os primeiros estudos cientificos que associaram alimentacdo e satide, pautados nas evidéncias negativas do consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras saturadas e com altos teores de acticares (sacarose), ocorreram na década de 1960. Em decorréncia dos varios estudos e dos agravos a salide causados pelo consumo excessivo de alimen- tos altamente caléricos, desde os anos 1980 vem crescendo 0 comércio de produtos considerados saudaveis, entre eles os diet e light. Atualmente, 0 apelo tem sido para ‘0 consumo dos alimentos denominados funcio- nais. Nessa nova perspectiva, os alimentos e produtos alimenticios, além de terem suas fun- ées nutricionais, nao podem trazer maleficios a satide e devem exercer fungdes terapéuticas. Desde 0 inicio do século 21, os compostos fun- ionais foram os principais predicados para ala~ vancar 0 comércio de alimentos.* ALIMENTO - PROPRIEDADES FUNCIONAIS E NUTRACEUTICAS Os alimentos funcionais séo semethantes aos convencionais e apresentam beneficios além de sua propriedade nutricional, como a prevencao de osteoporose, cdncer, doenca cardiovascular (DCV) e obesidade. No que se refere ao controle do peso corporal, a inclusdo de alimentos que podem aumentar 0 gasto energético (GE) ou promover a saciedade tam sido um dos grandes apelos. Entre eles, destacam-se 0 leite, as gor- duras dietéticas, os chas e as castanhas.” Outro termo frequentemente utilizado para designar alimentos que desempenham funcdes especificas no organismo “nutracéutico”. Ele foi instituido em 1991 pela Foundation for In- novation in Medicine para se referir aos alimen- tos com componentes bioativos que promoviam beneficios a satide.*® Genericamente, pode-se considerar que os alimentos funcionais ou nu- tracéuticos so aqueles que, além da funcao de nutrir, tém como caracteristicas preservar a satide e reduzir 0 risco de doencas. 0 alimento funcional produz efeitos metabélicos e/ou siolégicos com beneficios a satide, e seu consu- mo deve ser seguro sem superviséo médica. No Brasil, existem diversos alimentos fun- cionais com finalidades especificas disponiveis no mercado: = Iogurtes com probiéticos. ® Leites enriquecidos com ferro. ® Ovos e margarinas enriquecidos com Acidos graxos poli-insaturados 6mega-3. Suplementacdo Nutricional no Esporte 1 Bebidas como sucos e chas industriatizados com alta concentracao de vitaminas C e do comple- xo B ou com fruto-oligossacaridios (FOS).° Contudo, as alegagoes de propriedades fun- cionais e/ou de satide para um determinado pro- duto que contenha ingredientes ou componen- tes funcionais devem ser aprovados pela Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria (Anvisa)," me- diante comprovacao da eficécia da alegac3o do alimento. As substancias presentes naturalmente nos alimentos ou adicionadas em produtos ali- menticios em quantidades predeterminadas, que tém alegagéo de propriedade funcional aprova- das pela Anvisa, estado listadas na Tabela 1.1." Entre as finalidades dos alimentos funcio- nais, podem-se destacar:"*"* ® Redugo de risco de doencas e aumento da longevidade, = Incremento no crescimento e no desenvol- vimento. ™ Defesa do organismo contra espécies reati- vas de oxigénio. ™ Beneficios para os sistemas imunol6gico, cardiovascular e gastrintestinal. ™ Beneficios para o estado mental e para fun- ges comportamentais e psicoldgicas. ™ Auxilio na performance fisica. ‘Tabela I. Substincias com alegacio de propriedade funcional aprovadas pela Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria * Betaglucana ™ Dextrina resistente ® Fibras alimentares * Fitoesterdis ' Fruto-oligossacaridios = Manito! = Omega-3 = Polidextroses ® Probidticos ® Proteina de soja (FOS) = Psillium = Goma-guar = Quitosana parcialmente * Sorbitol hidrolisada * Xilitol = Inulina = Zeaxantina * Lactulose * Licopeno = Luteina Fonte: adaptada de Brasil, 2008." Alimentos Funcionais a | Os alimentos funcionais e nutracéuticos séo consumidos pela populacdo geral para os mais variados fins e tém se destacado no mercado esportivo. S80 exemplos as bebidas esportivas € energéticas € os suplementos proteicos para © aumento de forca e da massa muscular, entre outros, 0 que tem impulsionado as pesquisas cientificas. Com relacao aos atletas, varios fatores po- dem influenciar sua imunossupressao, como os estresses fisico, ambiental, psicolgico e nutri- cional. No que se refere ao estresse fisico, a alta carga de trabalho fisico durante os trei- nos intensos e prolongados, para o aumento da forca e da massa muscular, demanda um maior gasto energético total (GET) e acarreta estres- ses agudos e/ou crénicos e maior risco de serem acometidos por infeccdes oportunistas. Quan- to ao fator nutricional, as deficiéncias ou os excessos de determinados nutrientes da dieta podem agravar a supresso do sistema imuno- lagico (SI). 0 ST é uma importante barreira de defesa do corpo humano formado por células, orgaos e estruturas que neutralizam e destroem mi- crorganismos estranhos e substancias nocivas. No entanto, a pratica de exercicios fisicos pode interferir de modo ambiguo no SI. Assim, os exercicios fisicos de leve a moderada intensi- dade atuam positivamente na funcdo imunol6- gica, enquanto aqueles intensos e exaustivos teduzem a defesa do corpo contra agentes in- fecciosos, podendo ocasionar depressdo tem- pordria e alteracdes na proliferagio de linfo- citos, citotoxidade das células exterminadoras naturais (natural killer [NK]), secregio de imu- noglobulina A (IgA) na mucosa salivar e au- mento na producéo de citocinas como as in- terleucinas (IL) e 0 fator de necrose tumoral (TNF).”” Por outro lado, existem evidéncias de que © exercicio fisico regular pode melhorar a ca- pacidade antioxidante total (CAT) por modular a sintese de antioxidantes celulares como 0 su- per6xido dismutase (S00), a catalase, a gluta- tiona redutase (GSH), a glutationa peroxidase (GPx), a ceruloplasmina e as metalotioneinas nos miisculos esqueléticos e no figado, entre outros érgaos. Essa modulagdo pode reduzir a peroxidacdo lipidica, o estresse oxidativo pos- prandial e a oxidacdo da lipoproteina de baixa densidade (LDL), além do dano ao acido deso- xirribonucléico (DNA), pelo aumento da expres sao de enzimas de reparo do genoma do mtiscu- lo estriado esquelético.** Contudo, estudos apontam que a ingesto de alimentos contendo antioxidantes pode au- mentar a CAT do sangue dos fiuidos biol6- gicos. Entre os alimentos com esse potencial, estéo 0 suco concentrado de uva e as frutas vermelhas (cereja, amora e morango), além da ‘ingestéo regular de azeite de oliva, frutas hortaligas. 92 Atualmente, muitos atletas e praticantes de exercicios fisicos estao utilizando, como su- plemento nutricional, os alimentos ditos com propriedades funcionais para aumentar a per formance e 0 tecido muscular. Devido aos pos- siveis efeitos benéficos destes alimentos em di- minuir 0 cansaco mental e fisico, aumentar a disposicao para pratica de exercicios fisicos e promover methora do SI, muitos atletas conso- mem quantidades superiores as recomendadas, © que pode, em alguns casos, provocar efeitos deletérios. Foi encontrado, por exemplo, que doses acima de 10g de cafeina/dia podem au- mentar a frequéncia cardiaca, o risco cardiovas- cular e a incidéncia de dependéncia e, ainda, ‘induzir a insénia.* Ha evidéncias, também, de que a alta ingestao de isoflavonas, presentes na soja, pode inibir o efeito fisiologico da testos- terona.** No que se refere ao consumo de ali- mentos-fonte de nutrientes com caracteristicas antioxidantes, ha especulacdes sobre o risco de intoxicagées. Com objetivo de contribuir com informagdes cientificas sobre alguns alimentos com indica- gao funcional, utilizados entre atletas e prati- Suplementacao Nutricional no Esporte cantes de exercicios fisicos, estao descritas a seguir a5 propriedades funcionais e as quanti- dades sugeridas de ingestao de cada um deles. [ Semente de linhaca A tinhaga é comercializada e consumida como grao integral ou mofdo ou na forma de dleo. A semente de linhaca pode conter de 14,1% a 21% de proteina; de 32,3% a 41% de lipidios; e de 28% a 33,5% de fibra alimentar, HA duas varie- dades de linhaca, a marrom e a dourada. 0 Brasil produz apenas as sementes de cor marrom, sen- do estas menos pesquisadas na literatura cienti- fica. Sua designagao como alimento funcional 6 atribuida ao 6mega-3 (Acido alfalinolénico), 20 alto teor de lignanas e as quantidades conside- raveis de fibras alimentares. 0 6mega-3 representa cerca de 60% dos li- pidios da semente de linhaca e é importante na prevengao de doencas cardiacas e céncer. Além disso, 6 rica em lignanas (Fendlicos) que so fitoestrogenos. As fibras soliveis representam um terco da fibradietética da linhaca, e seus efeitos esto ligados & manutencao dos niveis de glicose no sangue e & reducio dos niveis de colesterol sanguineo. As proteinas tém efeitos nas funcées imunolégicas no organismo.® As pesquisas cientificas indicam que 0 con- sumo da semente de linhaca tam efeitos positi- vos na reducdo de colesterol total e do LDL-co- lesterol na agregacao plaquetaria e estimula a betaoxidacao, evitando o acimulo hepatico de lipidios. Também previne a aterosclerose, a obesidade, o aumento do ganho de massa cor- poral e @ perda éssea; e auxitia na manutencio da massa corporal. Assim, reduz a glicemia de jejum e bloqueia as prostaglandins. Contudo, a dose ou a quantidade exata para que seus efei- tos sejam alcancados ainda nao foram estabele- cidas pela comunidade cientifica nem se 0 uso em excesso a médio ou a longo prazos pode causar algum prejuizo a satde.%% Em um estudo de Prasad (2008),:” realizado com coethos com colesterol elevado, confirmou- se que a ingestdo de 7,5g de semente de linha- Ga por quilograma de peso corporal, associada a dieta convencional, reduziu as lesdes ateros- cleréticas em 46% dos animais quando compa- rados com 0s controles. Outro estudo realizado por Elias et al. (2012) com ratos Wistar mos- trou que doses de 50mg/kg e 100mg/kg dessa semente reduziram as alteragdes glicémicas. Ja a dose de 100mg/kg diminuiu os niveis plas- maticos de colesterol total. Uma alta dose de 500mg/kg e 750mg/kg revelou o aumento sig- nificativo de triglicerfdios, quando os ratos fo- ram suplementados durante 21 dias. Isso suge- re que tais dosagens podem aumentar o risco de doencas cardiovasculares. Sales et al. (2010)* suplementaram animais diabéticos com 4g de uma mistura que continha semente de linhaca para cada 100g de massa corporal, por 50 dias. Eles encontraram reducdo de 32% nos niveis dos trigliceridios e 33,9% na concentracéo de LDL-colesterol, quando compa- rados com 0s animais diabéticos que nao rece- beram suplementacao alimentar. Em humanos, a suplementacéo com dleo de peixe reduziu a dor muscular apés exercicios extenuantes."* J Carcuma A cércuma, também conhecida como agafréo (Curcumatonga Linn), & um item indispensével da alimentacao na india e esta tradicionalmen- te ligada a diversas propriedades medicinais.722 Recentemente, varios estudos esto sendo reali- zados para comprovar os efeitos positivos do seu principio ativo, a curcumina, na aptidao fisica e na performance de atletas amadores @ profissio- nais.°° Os mecanismos que incidem na melhora nos aspectos fisicos ainda ndo esto claros, mas esto ligados 8 supressdo do estresse oxidativo € a reacdo inflamat6ria, a qual inibe a produ- Gio de peréxido de hidrogénio e a expresséo de nicotinamida adenina dinucle6tidio fosfato-oxi- Alimentos Funcionais dase (NADPH-oxidase) e TNF-alfa.** Aspectos re- lacionados com o sistema cardiovascular, como © aumento na complacéncia arterial e a redu- Gio da pés-carga do ventriculo esquerdo com- binado com treinamento aerébio (trés vezes por semana), e a melhora na funcao endotelial ava- liada pela dilatagio mediada pelo fluxo (DMF), também estdo associados aos efeitos benéficos do consumo de curcumina (150mg/dia).239%% As melhorias alcancadas sio verificadas em pessoas que realizam treinamento aerobio. No entanto, o estudo de Balajie Chempakam (2010) mostrou que o consumo de altas do- ses de clircuma induz ao quadro de toxicidade. Dos 200 compostos presentes na circuma, 186 apresentam alguma toxicidade para algum 6r- go ou sistema. Tal toxicidade esta direcionada 2 ago mutagénica (136 compostos), carcino- génica (153 compostos) e de hepatotoxicidade (64 compostos). Para a Joint FAO/WHO Expert Committeeon Food Additives (JECFA), 0 consu- mo didrio aceitavel de curcumina deve ser até 3mg/kg de massa corporal para evitar efeitos ‘toxicos para a satide, ] Soja A soja é amplamente estudada por suas caracte- risticas nutricionais, como aumentar a concen- tracdo proteica e conter minerais, fibras e fla- vonoides, além da baixa quantidade de gordura saturada e colesterol.”” Os estudos demonstram a redugao dos riscos de doencas crénicas como as DCV, alguns tipos de cénceres e a osteopo- rose. Contudo, em contrapartida, ha evidéncias de que o consumo exagerado influencia no fun- cionamento da glandula tireoide, aumentan- do a tiroxina circulante em ratos tratados com proteina de soja isolada com extracao de eta- nol ou adicionando-se casefna a composi¢ao (0,36mg/q de proteina).”* Com relagao a performance, um estudo rea- lizado por Balmir et al. (1996)* com muthe- res pOs-menopausa que treinaram com exerci- cios resistidos confirmou que a atividade fisica aumenta 0 gasto energético de repouso (GER) massa muscular. No entanto, quando esta se associou a suplementacao (25g de proteina da soja e 25mg de isoflavona), o incremento foi ainda maior: 158kcal, com exercicio e suple- mentacdo, € 110kcal s6 com exercicio.” Outro estudo confirma 0 efeito do consumo de pro- teina da soja e das isoflavonas na redugao da leptina e da TNF-alfa e no aumento da concen- tracdo da adiponectina.* Yeh et al. (2011)** en- contraram melhora na performance fisica com 0 consumo de 150mg de proteina da soja, 50mg de taurina, 45mg de isoflavona e 30mg de gin- seng ap6s 15 dias de consumo. Houve reducao na concentra¢ao de lactato e maior utilizacéo de acidos graxos como fonte de energia durante exercicio prolongado. J Aveia A aveia comum (Avena sativa) € um cereal uti- lizado para consumo humano e considerado um alimento funcional, devido avs seus efei- tos especificos relacionados com a satide. Suas acées fisiolégicas séo a saciedade e a absor- ao retardada de nutrientes, além de evitar vi- Tios distérbios do trato gastrintestinal (TGI).©? Os principais componentes da aveia séo as fi- bras soliveis de uma classe de polissacaridios conhecidos como betaglucanas. E uma cadeia de moléculas de glicose encontrada na aveia e na cevada com ligacdes mistas de unidades- -beta-D-glucose (1,3) e (1,4), em que 70% das ligacdes glicosidicas beta (1-24) ocorrem em sequéncias de duas ou trés unidades de glico- se, interrompidas por uma ligagio beta (1-3) isolada. De acordo com a Food Drug Administration (FDA), consumo de farinha de aveia pode suplementar até 3g de fibra solivel por dia. Quando consumida com uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol, pode reduzir 0 isco de DCV. Ainda segundo a FDA, quando ha consumo de 750mg de betaglucana na por- 40 do atimento, podem ser observados efei- tos benéficos para a satide.“*A Anvisa (2008) considera como “alimento com alega¢ao de propriedade funcional” aquele que tenha 3g de betaglucanas por porcao de alimento soli- do ou a metade dessa dosagem para alimentos liquidos. A ago da betaglucana no SI especifico e/ou inato ocorre por meio da ativacio direta de re- ceptores especificos da betaglucana nos macto- fagos, nos neutréfilos e nas células NK ou indi- retamente apés a ativacao de células M pinociti- cas, localizadas nas manchas de Pyer no intesti- no delgado.** Varios componentes do SI inato esto comprometidos durante uma (inica e re- petida sessio de exercicio exaustivo. Este pode induzir distarbios no SI e, consequentemente, aumentar a suscetibilidade a infeccdes do trato respiratorio superior.” 0 exercicio fisico afeta os niveis de citocinas sistémicas, como TNF-alfa, IL-1 beta e IL-6. De acordo com 0 estudo de Donato et al. (2008), realizado em animais, com 0 objetivo de avaliar o efeito da suplementacdo de farelo de aveia sobre 0 tempo de exaustao, estoques de glicogénio e peril das citocinas; 60min de exercicios aquaticos, cinco vezes por semana, associados a suplementacao de aveia, aumenta- ram 0 tempo pata exaustdo em 1h e 30min. No estudo, observaram menores niveis de IL-6, IL- 10 e corticosterona, quando comparados com © grupo que realizou somente exercicio. Tam- bém foi observado que os estoques de glico- génio hepéitico reduziram-se em 61% no grupo que realizou exercicio associado a suplementa- do e em 87% no grupo que realizou somente exercicio. No misculo séleo, a concentracao de Glicogénio para o grupo exercicio e suplementa- Gao diminuiu 47% e, no grupo exercicio, 78,5%, em comparago com 0 grupo-controle. 0 estudo concluiu que as fibras soliveis reduzem a de- plecdo de glicogénio hepatico e muscular e as concentragées de citocinas pré-inflamatorias.” Suplementagdo Nutricional no Esporte La Rocha et al. (2012)* avaliaram se suple- mentacio crénica com farelo de aveia era ca- paz de promover mudangas antropométricas e bioquimicas em corredores de rua entre 18 e 52 anos de idade (treinamento de 50min didrios, cinco vezes por semana). Com a suplementacao, houve uma reducao no indice de massa corporal (IMC), na circunferéncia de cintura e nas con- centracbes séricas de imunoglobutina A (IgA) e ‘imunoglobutina G (IgG). Em outro estudo de Pedersen (2006), no qual maratonistas receberam como suplementa- 40 250mg e 500mg de betaglucana, observou- ~se que, apés quatro semanas, os atletas apre- sentaram reducdo de infecgdes do trato respi- ratorio e melhora da saide geral e do humor, quando comparados com o grupo placebo."* Com base em diferentes resuttados de pesquisas, a suplementagao com betaglucana em atletas que realizam exercicios com intensidade de modera- da a alta pode reduzir significativamente a in- cidéncia de infecgdes do trato respiratorio su- perior.*¥8 J tomate 0 suco de tomate, fonte de licopeno, € capaz de methorar a resposta do lactato desidrogena- se e da creatinaquinase em treinos anaerobicos realizados por atletas.** 0 licopeno é um carote- noide conhecido por sua atividade antioxidante a nivel celular, evitando a peroxidacao lipidica @ 0 dano ao DNA.* Além do licopeno, outros nuutrientes essenciais a sadde estdo presentes no tomate. O consumo de tomate, mesmo que com bai- xos niveis de licopeno, & capaz de reduzir o es- tresse oxidativo, Os beneficios do seu consumo vao além daqueles apresentados pelo licopeno, com efeito sinérgico deste carotenoide com ou- ‘tros nutrientes presentes no tomate, como a rutina, 0 alfatocoferol e demais vitaminas.** 0 suco de tomate foi capaz de reduzir a producao de espécies reativas de oxigénio (ERO) induzi- ‘Alimentos Funcionais das pelo exercicio fisico intenso quando ava- liados 15 individuos saudaveis nao treinados, submetidos a ingestio de 150mL do suco (15mg de licopeno) ao dia em dois periodos de cinco semanas, intercalados por um periodo de cin- co semanas sem a ingestao. Houve supressio da concentracao sérica de 8-hidroxi-2’-desoxigua- nosina, um marcador de estresse oxidativo.* 0 exercicio leva a uma producéo excessi- va de ERO que causam estresse oxidativo, com possivel dano muscular.*” No caso dos treinos de endurance, pode haver uma disfuncao endo- telial vascular.*** No estudo de Samaras et al. (2014), avaliaram-se a suplementacao de suco de tomate industrializado sob estresse oxidati- vo e a fungdo endotelial em 15 corredores de ultramaratona, Apés dois meses de suplementa- G40, houve um aumento significativo da funcao endotelial vascular e da atividade antioxidante, além de reduzir os nfveis de carbonila, subs- tancia altamente reativa e citotéxica, capaz de prejudicar a fungéo de enzimas e proteinas.:*% Houve também uma reducio dos niveis de co- lesterol total e LDL-colesterol, possivelmente devido 4 melhora significativa da funcdo endo- telial vascular. A creatina fosfoquinase (CPK) e a lactato desidrogenase (LDH) séo marcadores biol6gi- cos importantes de varias doencas do miocar- dio e leséo muscular induzida pelo exercicio. Nove atletas, com niveis séricos de CPK e LDH aumentados, apés suplementagdo com suco de tomate industrializado, também por dois me- ses, durante e depois o exercicio anaerébico, tiveram os valores destes dois marcadores redu- idos quase aos niveis recomendados.** | Banana A banana é uma fonte de energia utilizada por atletas de endurance pelo fato de este alimento ser conhecido como uma 6tima fonte de carboi- drato e de potdssio.* Em estudo de Mitchell et al, (2000),*? dez corredores fizeram seis séries de 10km na esteira 1h apés ingerirem 900mL de agua (grupo placebo), ou solucéo contendo 8g/100mL de xarope de mitho rico em frutose (72g de carboidrato), ou solugao com 6g/100mL de glicose, ou solucéo com 6g/100mL de uma mistura de sacarose e glicose, ou banana com Agua (volume total de 900mL, contendo 54g de carboidrato), ou 675ml de solugéo com 8g/100mL de xarope de milho rico em frutose, sendo as quatro dltimas solugées contendo 549 de carboidrato. Ndo foi identificada diferen- ¢a de rendimento durante o exercicio entre os variados tipos de carboidratos consumidos an- teriormente. Em todos os casos, houve melhor retengio de fluidos antes do exercicio, quan- do comparado com 0 grupo placebo. Em ou- tro estudo realizado por Nieman et al. (2012),¢" 14 cictistas do sexo masculino foram divididos entre um grupo que consumia banana e outro com bebida com 6% de carboidrato, ambos in- gerindo carboidrato na proporcéo de 200mg/ kg de peso corporal a cada 15min e uma dose de 400mg/kg antes do exercicio durante dois percursos de 75km. As amostras de sangue an- tes, imediatamente depois © 60min depois do exercicio evidenciaram que os nfveis de glicose sérica, performance, nivel de imunidade, infla- magio e estresse oxidativo foram semethantes entre 05 grupos. Isso indicou que o consumo de banana antes e durante exercicios longos e in- tensos seria uma estratégia eficiente no aporte energético e no performance.* 0 consumo de 300g de banana por 9 ho- mens, ao final de 60min de cictismo moderado a vigoroso, proporcionau elevacéo do nivel de po- tassio sérico quando comparado com o aumento observado com 0 consumo de 150g e quando nao houve ingestio.® Além disso, nao se obser- vou diferenca significativa entre a porcentagem de alteragio do potassio sérico nestas duas dl- timas condigdes. Com relacdo a glicose plasmé- tica, seu valor foi maior no consumo de 300g, seguido de 150g aos 15, 30 e 60min apds a ingestio. Sem 0 consumo da banana, nao hou- Suplementagao Nutricional no Esporte ve alteragdo na glicose durante os GOmin apés © exercicio fisico. Apesar do aumento do po- téssio sérico, sua elevacdo nao foi clinicamen- te relevante. Assim, sugere-se que parte dessa quantidade tenha sido excretada na urina ou nas fezes. Além disso, ndo houve mudanca ré- pida o suficiente nas concentracdes de potdssio € glicose que auxiliasse atletas de modalidades de curta a moderada duragio ou os propensos a caibras ao final das competicées.” A banana apresenta também efeito prebicti- co, sendo uma boa fonte de FOS. Um estudo rea- lizado por Mitsou et al. (2011)* com 34 mulhe- res com sobrepeso identificou que a ingesto de duas bananas por mais de 30 dias foi capaz de elevar a quantidade de bifidabactérias da micro biota fecal, porém sem diferenca significativa. Nao foram encontrados estudos em atletas que avaliassem a aca prebidtica da banana. J ovo Por ser fonte de colesterol, 0 ovo é muitas ve- zes evitado ou reduzido, mas ele contém subs- tanclas na sua composigo que proporcionam diversos beneficios & satide quando consumido regularmente. Ele possui quantidades conside- raveis de luteina e zeaxantina biodisponiveis e de carotenoides conhecidos como potentes an- tioxidades naturais.** Uma boa visio é essencial para os atletas de modalidades em geral, so- bretudo naquelas em que pequenas vantagens podem levar a grandes ganhos, como é 0 caso do basquete." Além disso, a capacidade visual pode ser melhorada por meio da ingestio dos carotenoides lutefna e zeaxantina.” Em um estudo com 24 mulheres que consu- miam 6 ovos/semana, duante 12 semanas, Wen- zelet al. (2006)* observaram 0 aumento da den- sidade optica do pigmento macular. Ja um es- tudo de Teixeira et al. (2009), o qual avaliou a suplementago de luteina em 20 atletas de ca- noagem altamente treinados, identificou que a ingest de uma combinacio de antioxidantes, ‘neluindo a luteina (2mg), por quatro semanas, nao protegeu os atletas do estresse oxidativo e dano muscular apés uma prova de 1.000. 0 consumo de ovo, como fonte energéti- a, foi avaliada em um estudo de Hida et al. (2012)" no qual se utilizaram 15g de clara de ovo desidratada antes do exercicio de forca, por ito semanas, em 15 atletas universitdrias. Os resultados indicaram que a massa live de gor- dura e da forca muscular aumentou igualmen- te quando comparada com a ingestao de 17,5g de maltodextrina antes do treino, com aumen- to significativo da ureia e da citrulina sérica apenas no grupo com suplementacao proteica.”” Logo, 0 ovo deve, sim, fazer parte da alimen- taco, porém dentro de uma dieta balanceada. I Togurte 0 jogurte é um alimento fermentado no qual se encontram naturalmente os probiéticos.”' Pro- bidticos so microrganismos vivos capazes de alterar a microbiota intestinal transitoriamen- te, e utilizados para methorar a resisténcia a doencas. Eles modulam a imunidade do TGI 20 interagirem com diversos receptores presentes nas células epiteliais do intestino, além de cé- lulas Me células dendriticas, promovendo uma melhora na imunidade por meio da interacao com 0 tecido linfoide associado as mucosas (MALT). As espécies dos géneros Lactobaci- dus e Bifidobacterium so as bactérias mais co- mumente usadas como probidticos e, entre as caracteristicas essenciais para uma bactéria ser classificada como probiético, estéo a habilida- de em aderir e colonizar o TGI, a capacidade de antagonizar bactérias patogénicas, a de sobre- viver durante 0 transporte gastrico e a demons- tracdo de resultados clinicos de satide. Atual- mente, nao existe um consenso sobre uma do- sagem ideal de ingestdo de probiéticos para a inducdo dos seus efeitos benéficos. No entanto, as doses atuais variam de 10a 10" unidades formadoras de colénias (UFC).”*”* Alimentos Funcionais Quanto 8 melhora da performance, os pro- bidticos podem interferir indiretamente para a manutengao da funcao gastrintestinal, redu- zindo a suscetibilidade @ doencas e evitando a imunossupresséo causada pelo exercicio in- tenso.’ Em um estudo de Cox et al. (2010)" no qual se avatiou o efeito dos probiéticos em 20 cortedores de elite do sexo masculino, por meio da suplementacao com Lactobacillus fer mentum, por quatro meses durante a temporada de treinamento, ocorrida no inverno, observou- -se que aqueles com suplementacio tiveram um menor némero de dias com problemas respira- torios quando comparados com 0 grupo place- bo. Eles também apresentaram menos episédios de doengas graves.” Jé em outro estudo com 141 atletas, a suplementagao com Lactobacillus hamnosus por trés meses, antes de uma mara- tona, nao alterou significativamente a ocorrén- cia de doencas do trato respiratorio e episédios de sintomas gastrintestinais nas duas semanas apds a corrida, em comparacéo com 0 grupo placebo. Porém, houve uma tendéncia de me- nor duracao dos episédios de sintomas gastrin testinais no grupo suplementado.”* Em pesqui- sa realizada por Tiollier et al. (2007)”” com 47 cadetes franceses, a suplementagao com L. ca- sei por trés semanas durante um curso de for- magao, seguido por cinco dias de curso de com- bate, néo levou a uma diferenga na incidéncia de infeccdes do trato respiratério quando com- parada com 0 grupo placebo. Houve, no entan- to, uma ocorréncia significativamente maior de rinofaringite no grupo suplementado. A IGA di- minuiu apés 0 curso de combate apenas no gru- po placebo, porém sem diferenca significativa entre os dois grupos. Jé os valores de sulfato de desidroepiandrosterona (DHEA-S) apresenta- ram-se maiores no grupo probiético.”” 0 consumo tanto de iogurte convencional quanto 0 enriquecido com probiético foi capaz de estimular a produgdo de linfécitos T (CD4 08), porém em maior porcentagem no grupo que recebeu 0 iogurte nao suplementado.” J em estudo de Salarkia et al. (2013)” com 46 nadadoras, a ingestéo de iogurte enriquecido com probiéticos por oito semanas proporcionou maior redugao do tempo gasto nos 400m livre, em comparaco com o grupo que recebeu iogur- te convencional, Além isso, houve uma menor incidéncia de dispneia, dor de ouvido e infec- io respiratoria, 0 consumo por atletas, principalmente do sexo feminino, de alimentos-fonte de calci como 0 leite e seus derivados, incluindo o io- gurte, deve ser acompanhado, pelo fato de as dietas adotadas para controle de peso serem, na maioria das vezes, prejudiciais a satide éssea e a0 desempenho. Assim, é de grande importén- cia alcance de um pico de massa 6ssea eleva- do para a prevencao da osteoporose.® Mais es- tudos in vivo so necessérios para esclarecer 0s efeitos do uso de probiéticos em atletas, como dosagem, duracao e periodo de administragao, sobretudo pelo fato de este grupo ser mais sus- cetivel a doencas, devido a imunossupressio in- duzida pelo exercicio intenso e prolongado.”* [ Leite 0 leite é uma bebida que apresenta algumas ca- racteristicas semelhantes as bebidas esportivas disponiveis comercialmente, como o teor de car- boidrato (lactose), aminodcidos de cadeia rami- ficada (ACR), caseina, protefna do soro do leite e eletrélitos (como s6dio e potassio), sendo uma alternativa de consumo para recuperagao no pos- -exercicio.* 0 estudo de Elliot et al. (2006)" comparou 0 efeito de trés tipos de leite, 0 des- natado, o integral e uma mistura isocal6rica de ambos apés um exercicio de resisténcia. Todas as bebidas proporcionaram um aumento significati- vo no balango de aminodcidos (AA), porém com maiores valores apés a ingestado do leite integral, © que facilita a sintese proteica.® Hartmanet al. (2007) comandaram um es- tudo com 56 adultos jovens levantadores de peso, do sexo masculino, que realizaram cinco dias por semana um programa de exercicios de resistencia, durante trés meses. Eles foram di- vididos em trés grupos: os que consumiam leite desnatado, aqueles que consumiam uma bebida com proteina de soja desnatada e os que consu- miam um preparado com maltodextrina. As bebi- das foram ingeridas imediatamente e 1h apés 0 exercicio, Identificou-se que o consumo de leite desnatado resultou em maior hipertrofia muscu- lar, tanto das fibras musculares tipo I quanto II. J4 com relacao ao exercicio de endurance, uma pesquisa com oito homens saudaveis fot realizada por Lee et al. (2008)® com o intuito de investigar 0 efeito do leite sobre a capaci- dade durante o exercicio. Todos os individuos que participaram da pesquisa foram submeti- dos a ingesto de 1,5mL/kg de peso corporal de quatro bebidas, em quatro ensaios diferentes: Agua, bebida esportiva (contendo eletrélitos e carboidrato) e leite com 0,1% de gordura, com e sem adigao de glicose. A ingesto ocorreu an- tes e a cada 10min durante o exercicio em uma bicicleta ergométrica até a exaustdo. 0 consu- mo de leite nao influenciou na methora da res- posta metabélica, termorregulatéria e cardio- vascular durante 0 exercicio, quando compara- do com as demais bebidas. No entanto, o efeito do seu consumo foi semelhante ao observado com a ingestdo da bebida esportiva." O leite 6 uma bebida eficaz para a reidrata- Go no pés-exercicio. Um estudo realizado por Shirreffs et al. (2007)** com 11 adultos, de am- bos 0s sexos, avaliou a restauracdo hidroele- trolitica ap6s uma hipoidratacao induzida pelo exercicio intermitente em ambiente quente. Apés perderem 1,8% do seu peso corporal total, 0s individuos ingeriram o equivalente a 150% da sua perda de suor de quatro bebidas, em quatro ensaios experimentais diferentes: leite desnatado, leite desnatado acrescido de clore- to de sodio, bebida esportiva e agua. As bebi- das foram oferecidas 20min apés o término do exercicio, em intervalos de 15min até completar 60min. 0 volume urinario aumentou durante as Suplementacdo Nutricional no Esporte duas primeiras horas de recuperacdo em todos os grupos, porém essa elevacdo foi mais ate- nuada quando se tomou leite. Apés 4h de recu- peracao, a ingestao de leite manteve um balan- 0 hidrico positivo. J4 apés 1h de recuperacao houve © retorno do balanco hidrico negativo com a ingestdo de agua e de bebida esportiva.® | cafeina 0 consumo de café esta relacionado com o efeito estimulante no sistema nervoso central (SNC). Consequentemente, ha melhora do de- sempenho fisico, aumento do limiar de percep- Go de esforco durante o exercicio e ago lipo- litica devido ao grupo de bases de purina deno- minado cafeina. £ considerada uma substancia lipossoldvel, que ¢ rapidamente absorvida pelo TGI com 100% biodisponibitidade, alcancan- do um pico de concentragao maxima apos 15 a 20min depois da sua ingestao.” Seu efeito ergogénico tem sido comprova- do por diversos estudos, sendo a dose de 3 a 6mg/kg de massa corporal a mais efetiva."” Con- tudo, parece que seu efeito nao é observado em qualquer tipo de exercicio. Por exemplo, em praticantes de natacdo que receberam su- plementacdo com 5mg/kg cafeina, ndo se ob-. servou efeito ergogénico.** No entanto, em individuos sob treinamento resistido, a suple- mentago aguda da cafeina pareceu melhorar 0 performance nos exercicios. Tal efeito pade ser observado no estudo conduzido por Annunciato et al., (2012)"*no qual os exercicios escolhidos foram 0 supino plano e o legpress 45°, reatiza- dos em trés sessdes em um intervalo de 72h. Os autores revelaram que o consumo de 6mg/ka de cafeina anidra aprimorou 0 exercicio em le- gpress 45° quando comparado com o grupo sem nenhuma substéncia suplementada. Recentemente, oito ciclistas/triatletas fo- ram avatiados por Hodgson et al. (2013)” quanto ao consumo agudo de café instantaneo (5mg/kg) e cafeina (5mg/kg), em comparacdo ‘Alimentos Functonais a0 café descafeinado e ao placebo. Os pesquisa- dores conseguiram demonstrar que ambos, café e cafeina, séo capazes de melhorar a performan- ce (tempo de exercicio) na mesma proporcao, quando comparados com o café descafeinado e 0 placebo.” Apesar dos efeitos da cafeina em aumentar a performance de praticantes de exercicios fisicos e atletas, importante destacar que ela pode apresentar alguns efeitos colaterais, sendo que as principais manifestagdes ocorrem no SNC no sistema cardiovascular, Ins6nia, agitacio e hiperexcitabilidade so manifestacées iniciais. Na hipersensibilidade a cafeina, a pessoa sente- se inquieta, agitada, com discreto mal-estar e ansiedade. A seguir, ocorrem taquicardia, sen- sagdo de zumbido no ouvido e distirbios visuais parecendo fafscas no ar. A musculatura torna-se tensa e trémula, e podem ocorrer palpitacdes. Um efeito adverso frequentemente sugerido & que a cafefna induz a maior diurese com con- sequente perda de eletrélitos e fluidos, além de diminuig2o do plasma sanguineo. No entanto, varios estudos que analisaram o volume urind- rio 1h apés a ingestao de cafeina néo indicaram alteracao da quantidade de urina, independen- temente da do exercicio ou nao.”” | Nozes e castanhas As nozes verdadeiras so frutas secas, espes- sas, que podem ou nao conter espinhos, como a améndoa, a noz, a castanha-do-brasil, a cas- tanha-de-caju, 0 pistache, a aveld e a maca- damia. Outras sementes comestiveis, com ca- racteristicas semelhantes as nozes verdadeiras, mas com classificacdo botanica diferente, so © amendoim e a améndoa-de-baru. As nozes verdadeiras, 0 amendoim e a améndoa-de-baru contém de 40% a 60% de lipidios e de 6% a 20% de protefnas. Os nutrientes e as substan- cias denominadas funcionais ou biologicamente ativas de destaque nesses produtos alimenticios sio:” = Perfil de acidos graxos, principalmente os Acidos oleico (C18:1) e linoleico (C18:2). = Relacéo dmega: :dmega-3. ™ Contetido de fitoesterdis, especialmente de betassitosterol. ™ Altos teores de célcio, ferro, zinco, selénio, potassio e tocoferdis, além de fibras inso- laveis. Em virtude da sua composicao, as nozes séo conhecidas por influenciarem beneficamente 2 satide. Assim, seu consumo est associado a: ™ Menor incidéncia de doenca arterial coronaria- nae calculos biliares, em homens e mulheres. ™ Menor incidéncia de diabetes metito (DM) em mulheres. ™ Reducdo da pressdo arterial, em homens mulheres. ™ Reducao do colesterol ¢ da adiposidade vis- ceral, em homens e mulheres. ® Melhora dos quadros de inflamacdo e do es- tresse oxidativo, em homens e mulheres. Todos estes aspectos indicam que as nozes e as castanhas tém um impacto benéfico sobre varios fatores de risco cardiovascular, além de outros beneficios 4 saide."*** Conforme divul- gado no Second International Nutsand Health ‘Symposium, em 2007, a partir das evidéncias epidemiologicas sobre os beneficios na saide, principalmente com relaco as DCV e ao cdncer, a FDA, desde 2003, recomenda o consumo de uma porgéo de 42g de nozes por dia. Um estudo realizado por John & Shahidi (2010)* com a castanha brasileira (castanha- -do-pard) demonstrou que ela continha quan- tidades substanciais de antioxidantes fendli- cos, capazes de controlar o estresse oxidativo. Isso indicava seu grande potencial no desen- volvimento de nutracéuticos ricos em antioxi- dantes como ingrediente de alimentos fun- cionais.% No que se refere a pratica de exercicios fi- sicos, a recomendagéo do consumo de nozes, castanhas e outras sementes botanicamente se- melhantes, deve-se a elas terem acidos graxos insaturados (AGI), especialmente 0 dmega-3, que em associacao ao calcio, ao zinco, ao selé- nio, as proteinas, as fibras, aos minerais e a ou- tras substancias antioxidantes, melhoram o SI @ promovem beneficios a saide dos seres huma- nos. Em se tratando do contetido do mega-3 presente nas nozes e castanhas, ele pode con- tribuir com a resposta anti-inflamatéria indu- ida pelos exercicios de alta intensidade. Essa sugestio pode ser constatada no estudo reali- zado por Andrade et al. (2007)” em atletas su- plementados com émega-3, no qual foram cons- tatados aumentos significativos de acido eico- sapentaenoico (EPA) e acido docosaexaenoico (DHA) no plasma; diminuigao do acido araqui- dénico © das prostaglandinas da série 2; au- mento da proliferacdo de células mononuclea- das do sangue; diminuigao no interferon gama (IFN-gama); reducao dos valores de TNF-alfa. Tais resultados indicaram que a maior disponi- bilidade de mega-3, proveniente da dieta, na membrana celular pode contribuir para reduzir a produgio de mediadores lipidicos inflamato- rios, ajudando a conter a grande resposta in- flamatoria resultante do exercicio extenuante.” Ainda ndo ha evidéncias cientificas com- provando que a utilizaggo de nozes e casta- nhas resulta em methora da performance de atletas profissionais e esportistas amadores. Contudo, 0 seu potencial como antioxidante constitui elemento importante para a indica- Gio desse alimento no planejamento alimentar de tais individuos. Além disso, recomendam-se mais estudos cientificos sobre as propriedades funcionais de nozes e castanhas para indivi- Suplementacao Nutricional no Esporte duos que realizam exercicios fisicos, de mode- rada a elevada intensidade, bem como as do- sagens a serem consumidas. CONSIDERACOES FINAIS Na pratica esportiva, o consumo de alimentos funcionais tem crescido. Assim, uma das princi- pais finalidades 6 prevenir e combater os danos celulares induzidos pelo esforco fisico. Por isso, em atletas e praticantes de exercicios fisicos, os alimentos funcionais podem contribuir po- sitivamente para promover e recuperar a sai- de, além de contribuir para a methora da per- formance. Entre os alimentos mais utilizados, os quais sao discutidos neste capitulo, as pro- priedades funcionais em destaque referem-se a capacidade antioxidante destes em melhorar a resposta anti-inflamatéria e potencializar os misculos em resposta ao esforgo fisico. A do- sagem ou a porcao recomendadas dos alimen- tos funcionais e de seus principios ativos na suplementagao esportiva so muito variaveis, conforme consta na literatura. Desse modo, ainda so necessérios estudos controlados randomizados para que se tenha um parametro de seguranga para a utilizagaio destes alimen- tos como coadjuvantes para o aumento da per- ‘formance relacionada com a pratica de exerci- cios fisicos. Vale destacar, também, que a toxicidade des- tes alimentos continua sendo uma incégnita. Ha evidéncias de que alguns principios ativos, con- sumidos em quantidades inadequadas, podem induzir 0 surgimento de cancer e toxicidade he- patica, entre outras manifestacdes indesejaveis. Na Tabela 1.2, consta um resumo com infor- magoes préticas sobre os alimentos funcionais apresentados neste capftulo. Alimentos Funcionais Tabela 1.2 Recomendacées praticas sobre o consumo de alimentos funcionais, conforme estudos cientificos Alimento | ‘Fonte Formade | Quantidade | Frequénciade| Periodo z consumo ‘consumo Tomate Harms-Ringdahl Suco de tomate | 150mL Diariamente Nao relatado et al. (2012)* Banana Miller (2012)? Fruta in natura | 300g No dia do Apés 0 exercicio exercicio Ovo Wenzel et al. Nao relatada 6unidades | Semanalmente | Nao relatado (2006)* logurte Salarkia et al. Enriquecido 400mL Diariamente | Nao relatado (2013)? com probiéticos Leite Hartman et al. Desnatado 500mL No dia do Apés 0 exercicio (2007)" exercicio café Hodgson et al. café Smg/kg Diariamente | No dia do (2013)” instantaneo exercicio Nozes e King et al. (2008)** | Grao integral in | 42 unidades | Diariamente Nao relatado castanhas natura ‘Semente de | Cordeiro et al. Semente 11,89 Diariamente | Nao relatado linhaga (2009) ‘Acafrao Hutchins-Wolfbrandt |Temperonas —_| 0,24g/kg Diariamente _ | Principais & Mistry (2011) refeigoes: refeices Soja Montanari (2009)'® | Graos cozides | 1 xicara Diariamente | Principais refeicoes Aveia Miranda et al, Acompanhada | 30g Diariamente _| Nao relatado (2015) de ingestao de liquido. Referéncias 6, Ikeda AA, Moraes A, Mesquita G. Consideracdes so- bre tendéncias e oportunidades dos alimentos fun- 1, Brasil. Ministério da Saiide (MS). Politica Nacional % 5 de Alimentacdo e Nutrigdo. 2. ed. Brasitia, 2003. Disponivel em: hit ‘gov.br/documentos/pnan.pdf. Acesso em: 15 de se- tembro de 2015. : MS, ‘wawnutricao.saude, Brasil. Decreto n® 591, de 6 de julho de 1992. Pacto Internacional sobre Direitos Econémicos, Sociais e Culturais. Disponivel em: http://mww.planatto.gov. br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0591.ntm. Aces- so em: 15 de setembro de 2015, Machado LV, Teixeira GIF. Histéria da alimentacdo. 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