You are on page 1of 38
VITRUVIO TRATADO DE ARQUITECTURA TRADUGAO DO LATIM, INTRODUGAO E NOTAS POR M. JUSTINO MACIEL ILUSTRAGOES THOMAS NOBLE HOWE is PRESS PR EAM BUL oO © S£cULO DE AUGUSTO 1, Havendo a tua im ms plo, 6 Inger Cha, nao» $F ‘com Império, prostrados com forca invicta todos os inimigos, tendo-se gloriado os cidadios com a tua vitéria e triunfo, dependendo do teu gesto todos os povos submetidos e sendo governados o Povo eo Senado romanos, livres de temor, pelos teus issimos pensa- Ineioseconslhos, nfo aus no meio de tntas coupe ito e concluido depois de profundas reflexdes, temendo encontrar desa grado no teu espirito, perturbando-te em tempo inoportuno. © IMPERIO E A EGREGIA AUTORIDADE DOS EDIFicios PUBLIcos com as provincias, mas também iblinbada pela egrégia autoridade dos edificios piblicos, julguei que no deveria adiar mas, bem pelo contrétio, te deveria apresentar, quanto antes, estes ‘escritos sobre estas coisas, até porque eu ja fora primeiramente reconhecido sobre estes ‘assuntos por teu Pai, cuja virtude sempre venerei. Como, porém, os deuses 0 colocaram nos ‘assentos da imortalidade e transferiram para o teu poder o seu império, continuando viva a "minha afeigao pela sua meméria, manteve-se em tio mesmo favor. B assim, com M. Aurélio, P. Minidio e Gn. Comnélio estive ao servigo na preparago de ‘alistas' © de escorpides?, bem como na reparagao das restantes miquinas de guerra e com les recebi os salérios que, tendo-me tu inicialmente coneedido o cargo, me mantiveste por “recomendagdo de tua irma, DEDICATORIA A ocTAVIO C£SAR AUGUSTO Balls i Livro J pies bulisas, miguinas de aremesso de peas Singular privados, para que sejam entregues & meméria dos vindouros como testemunho dos feitos notiveis. Redigi normas pormenorizadas, de modo que, tendo-as presentes, possas por ti fer conhecimento perante obras j4 construidas ou futuras, quaisquer que sejam! Ce A Pee Ue OT A CIENCIA Do ARQUITECTO 1.A cigncia do arquitect estando a sua eda (@©BW A privica consste na preparagio continua e exerctada da experiéneia, a qual secon ‘segue manualmente a partir da matéria, qualquer que seja a obra de estilo cuja execuglio se brsende Posin vez, aera ag ue ode FPS expla ve bla proporcionalmente ao engeno ea racionalidade A TEORIA E A PRATICA 2, Por isso, os arquiteclos que exerceram sem uma formagao teérica mas apenas com base na experincia das suas mai Jetras foram considerados como. fodavia, os que s ‘corto que protegidos por ie armas, atingiram mais depress, GHABRNE.aquito «que se propuseram © SIGNIFICADO E£ 0 SIGNIFICANTE ro deiewiscons 3. Na realidade, coo QD também na arguitectra, de uma figto especial, se verificam estas duas realidade: ‘que é significado i (GEETBOHD gua se fats 0 ce signin cceitos®, E, assim, parece que aquele que pretende ser arquitecto se deverd si . EEE. Conve gue ce 5 (GREATSERTAATRBLSATTEA como poder’ um arquitecto, que deve ser instruido em iversas artes, GSTS RRESTSORATGRTRNET crane de n’cSaneRRtstereon ‘mento, mabe deSUPeratoOSOSMSIESGc, com suma insti, eutivaram com tenacidade cada uma das especialidades? A OBRA E 0 SEU FUNDAMENTO EPISTEMOLOGICO 15, Nesta questdo parece que Pitio errou, porque nio se apercebeu de que cada uma das artes é composta de duas coisas @0RSMEMMMMEOEB; todavia, destas duas coisas, uma € propria daqueles que se exercitaram nas suas especialidades, ou seja, a execugio da obra; ‘ outra é comum a todos os letrados, ou seja, a teoria, A ideia de ritmo existe tanto para os _médicos como para 0s misicos, seja ele o cardiaco ou o do movimento dos pés; mas se for preciso cuidar de uma ferida ou livrar do perigo um doente, ndo vird um misico, antes © ‘trabalho sera préprio do médico. Também num érgio" néo seré o médico mas o misico a tocar, a fim de que os ouvidos recebam a suave graga das cangdes, LIVRO T vow toro que exerce a ante da pierre | lasts: o gue segue a rato ples, Ver nota segaits atl plasea: ane enica da escultura. Registe-e também, ‘com a graf latina, a tlizago do taro greg plases, ‘gnifieandoescultor, modelader, artista plastic, $ antes: Nitnivo considera aqui como arte (as) a arqutecture 6, bem assim, cate outas, a gramética, a misica, a pigur, a escultura¢» medicina 5 Opms: obra, agi expressamente como terme splicivel toda auer obra de te, emiboa a pals tna um significado nas vaste obra, constugo, abalho edi, forma edi. 9 Vid nota 5. © Vid, nova 45, PARALELISMO COM OUTRAS CIENCIAS 16, Do mesino modo, €comum entre os astténomos ¢ os misicos « STE “Tharmonia das estas e dos acordesmusieis. er gudhinn c es inzulos, em quaeos em quintas;e entre os primeiros os gedmitras é sobre a viso, que em grego se chama Jogos opts; e em todas as ouraseitncias, muitas ou mesmo todas as coisas so comuns, 0 menos para se poderem aprofundar as questde. Porém, a autora das obras qu se apro, ximam da perfeigdo, seja pelas mios, seja com recurso a instramentos, pertence aqueles que se educaram partcularmente no exercicio de apenas uma arte, Por isso, parece ter actunde brstante bem aquele gu, em cada um dos amos do sa DO ARQUITECTO AO MATEMATICO 17, Passam além do oficio de arquitect, tomando-se mateméticos, agueles a quem a natureza atribui inteligéncia, agudeza deespirito ememéria, de modo a poderem{GEUTGSASEHSHED les poderio fecilmente argu- mentar acerca daquelas disciplinas, porque estdo armados com os dardos de muitos saberes, Todavia, estas pessoas encontram-se raramente: como no passado Aristarco de Samos, Filolau e Arquitas de Tarento, Apolinio de Perga, Eratéstenes de Cirene, Arquimedes e Fscopinas de Siracusa, que deixaram & posteridade muitas coisas sobre mecénica e gnom6- nica, descobertas e explicadas pela teoria dos mimeros e pelas leis da natureza VITROVIO ESCREVE Como ARQUITECTO 18. Como, por conseguint, n2 ESRF eee ee , © come o ofc + de arqutecto deve ser exerci tendo em conta todos 0s saberes, pois a rzto,devido & sus amplitude, nfo permite atingir a plenitude do conhecimento desejado mas apenas um saber modiano das via especialidads (S>OTSTRARACORSREEIN c 2 daueles que hionde ler estes livros®, de modo a eu vir ser desculpado se algo do que é explcado estver pouco de acondo com as rearas date da gramstica, Com fete, no foi como sum fiso', nem como retro eloquente, nem como graméteoexertitado nos mais profundos meandos da arte, ms como argutectoimuido destes eonhecimentos, que me esforcei por escrever estas coisa, aieemneti tain. Mo ERTS, corm estes livros, como espero, a disponibilizar, niio 86 aos que edi- Kean con CTT 0, sem qualquer divide e com a maxima autoridade, os Sonbectentos <1 aS Peete Ue OSIGSUENESOTAE C AP fTULO 11 DEFINIGOES DA ARQUITECTURA | Na realidade, a arquitectura consta de: @IGREGEBER que em grego se diz taxis”, GD 4D, § qual os Gregos chamam ciarhesis CHAD”, CSRASTATIER , AESOP" GHUTIEADD. esta em grego dita oeconomia®, ° Ondinatio:ordenaso,acg2o de pt om order. A sei bo tena, deni tain, ‘Taxis: significa em grogoordenag,colocagto em onlem. © Das depos, presen, rersenas. Aes, to texto, a defini vteuviana, ) ALTARS HISTOR na cide das partes da obra consderadas 7 8h sae dass danbaste GORTERIA”, ge em gre go se diz poses. Ea, POF sos amin ‘it e2COSISESOMERMOUUIOS”' ce porgses da propria obra e na execugaio da totalidade REED 8 2255201500, etn wisn slesla, com base em cada uma das partes dos seus membros. © Decor: decoro, conveniéneia, o que convém, © que fica bem. GGTESRNRETHUETNEERD esnSTUMUNNDs. Si eats ax espcies de isposigdo, 017 Sa ee G08 a jue em grego se dizem ideae”®; ienografia”’, ortografia”, cenografia” QAUGHORMEMRBBsis- © Csconmic: polars gra que sinica distbulgho TLLUNLONAETERATIOOMUPAOTEAEAUD, cp clase fern os desenhos. "8 Se sone hs formas nos terenos das zons contr. RGRAIHR por seu tin, definese como iron ans su shan ain ‘algado™ do frontispicio ¢ Figura pintada 4 medida © de acordo com a disposig2o da obra") etd emer Naas fulura. Por fim, a cenografia @(5ISGSGUB do frontispicio com as partes laterais em perspec= ull! mmslos, meuidas. Simla ovine tiva'e a correspondéncia de todas as lnhas em relasdo ao centro do clrelo, Estas espécies > et aspeto xia fa stiniva spar A ORDENACAO E A DISPOSICAO neva. A soguit no texto + Onogrephs oops gl signcano 0 aksd im satisfigdo pessoa, em relagdo ao objectivo proposto, QGRSEMGGNTEREORERE ss =. de disposigo nascem da reflexdo ¢ da invengao. A reflexto caracteriza-se pela dedicag30—winuusicsonaa Ses Me pena a0 estudo © a0 trabalho, sendo também o resultado de uma atengto constante, com |e een whi: enor, gu no sel rena PGRN: obccurnscconhecimento de ums nova realidade descoberta. > Rg pan tania met com dindmico vigor. Sao estas as definigdes da disposigao. " Imago erecta: algado ou projecgao vertical de um edificio. (@BOBWBWBs. Tal verfica-se quando as partes da obra sio proporcionais na altura em relago & largura, nesta em relagdo ao comprimento, em suma, quando todas as partes corresponderem 4s respectivas comensurabilidades. A COMENSURABILIDADE «ora ver.» cemented conse no Sonveniene auido do CEOS COTTON CIATED", entre as partes separadas, com a ~ hamonia do conjunto da fiw ssi como no corpo amano esse siméticn <> euitmia a partir do 6vado, do pé do palo ede outes pequenas partes, o mesmo acontece no completo acabamento das obras. Em primero lugar nos templos sogrados, ej peas espessu- ras das colunas*”, seja pelo triglifo*' ou mesmo pelo embarer*; na balista, pela abertura a que ‘os Gregos chamam peritreton; nas embarcagdes, pelo espago entre dois toletes, que se diz ‘dipe- cia igualmente a patie das partes de outta obras se descobre uma lgica de simetis © DECORO CUMPRINDO UM PRINCIPIO 5.0 decoro é 0 aspecto intepreensivel das obras, dispostas com autoridade através de coisas provadas. Consegue-se pelo cumprimento de um principio, que em grego se diz shematismos, segundo costume ou naturalmente. Consegue-se pelo cumprimento de um principio, quando se levantam edificios sem telhado ¢ hipetros® a Jupiter Relimpago, ao Céu, a0 Sol © & Lua; de facto, vemos 0 aspecto do céu e as obras destes deuses presentes no mundo aberto e luminoso, A Minerva, a Marte e 4 Hércules levantam-se templos* déricos; com efeito, convém que a estes deuses, devido sua forga, se ergam edificios despojacos de omamentos. Os dedicados a Vénus, a Flora, 2 Prosérpina e is Ninfas das Fontes parece que deverdo ter as caracteristicas préprias do ‘género corintio, porque se pensa que, devido a delicadeza destas, os templos a elas levan- tados se revestem de uma justa conveniéncia, sendo mais gréceis efloridos, assim omados de folhas e de volutas. Se forem construdos templos jénicos a Juno, Diana, ao deus Libero ¢ todos os deuses andlogos, ter-se-4 em conta a sua posigfo intermédia, porque o teor das suas caracteristicas ficard convenientemente disposto entre o severo costume dos déricos ¢ a delicadeza dos corintios. © DECORO EXPRESSO SEGUNDO 0 COSTUME 6, Eim segundo lugar, GEST peiMeaeseemnGOOEOSTMMEN ano se constroem vestibu- Jos com elegiineia e conveniéneia para edificios com interiores magnificos. Efectivamente, se 08 interiores tiverem acabamentos de bom gosto, ¢ as entradas forem modestas e sem nobreza, no terdo conveniéncia, Do mesmo modo, se no Ambit dos epistilios déricos se ‘esculpirem denticulos*” nas cornijas ou se nas colunas pulvinadas* ou nos epistilios jénicos se inseeverem ties RSA SeeTRRSCRUs Aids TREN AASTESTCTTD (GRUTTTERTIGRTUAIGUGSTPERETEBER, uma ver que, do antecedente, foram insti (uldss deter OT TTT © DECORO CONSEGUIDO NATURALMENTE 7, Bm tereciro lugar, o decoro consegue-se de modo natural se, em primeiro lugar para todos, (0 templos, depois e sobretudo para os dedicados a Esculdpio, a Salus, bem como os daqueles dlouses por cujas medicinas um muito grande mimero de doentes parecem ser curados, forem escolhidas as orientagdes mais saudiveis e as fontes adequadas nestes lugares onde ferguem os santuérios. Quando, com efeito, forem levados corpos doentes de uma zona pestilenta para um local sadio e Ihes for facultado 0 uso de dguas provenientes de fontes salutares, convalescerao mais rapidamente, E assim se verificari que, devido & natureza do lugar, a divindade acolheré uma maior fama, com o crescimento do mérito. Igualmente, > huaver decoro segundo a natureza se, nos cubiculos” e nas biblioteca" « luz. for tomada de Oriente: nos banhos® e compartimentos hibernais®, do Poente de Inverno; nas pinacotecas** FETE TERRANCE eve ser tomada de norte, uma vez ‘que este lado do céu nao é nem batido nem obscurecido pelo curso do Sol, antes se manifesta ‘em continua imutabilidade durante 0 di. A DISTRIBUIGAO 5 CASTE CROT SRS IOAORROAMORIMEIOSIENMONOIONAsim como um equilibrio ‘econémico nas contas de despesa das obras. Observar-se- isto se 0 arquiteeto no procu- tar primeiro aquelas coisas que ndo se podem encontrar ou preparar a niio ser com grande despess intes cada coisa nasce no seu lugar, sendo 0 seu transporte dificil ¢ dispendioso. Devers ser usada areia fluvial ou marinha lavada onde * Caementun: pera mids, ee ey ae ae stbul, entrada, pio de ingress, também em 6 nrada, aesso de um edi is. dentculo, poquena projecsto de sector lar, lembrando um dente, com altura igual & Sobre 0 fHs0 jo, segundo 3, 4. 1 agi também no sentido de or isso, uerescentamos este timo adjctiva a tadugso Par signifies fem, Viiv wiliza também, como se pode vorificar neste parigrao, (Onio em um sentido mais dinimico, exressando o acto de ordenar ou dispar, mas, coma veremos ein 4 2, 20 & noses ois que gems, género, expec, tipo. Vitrvio usa quace sempre ese limo temo para aul qe ls peat de orden agus 2 também ust ond, o vacibulo que aeabou por cra Histria da Ate rem arouitectinica 6 Ti ‘modo, uso ou estilo aquiteetinieo % Cubiculan:eubicuo, quarto de dormit, Os eubicula sto referidos também em 6,4, 126,81 Biblorhoa: biblioteca, também em 6,4. 1 © 65,2 ou bane: anos, aque Vtrvie dedica 0s Caps, 10 © 11 do Livro xo ue em toute ‘com outros despedicios, sei, cle ua, permite faze fem caldeamemo, ch iio simples nv em 1, 5, 125,10 como the cham 2,2. Vejase também 5, 12,3 a, @A wil, casa rstca, Vid, Livro V nstrugbo de eligos ou quad he Vi, Livro X sto frtiticadoe, por mtn, cidade. tanga, proteomic ats, santdade,osagrado, Hedin, wuilidade pda fm HEE. Distingue-se da porta dupe np. 12. Livre le oman. Vid. Capt do Livro ¥ era coberae ladcada de colun de ciculao, passeios, 2 imo existe areia fsil. As fultas de abeto ou de tibuas dessa érvore serd0 colmatadas uili- zando 0 cipy choupo, 0 olmo, o pinheiro; OUTRO TIPO DE DISTRIBUICAO 9. Haverd outro grau de distribuigao quando se dispdem os edificios de outra seordo como interes des propre SECON Pois parece que as residéncias®® urbanas deverdo ser construidas de um modo, ¢ aquelas as uals fluem os fratos das propriedades” rurais, de outro; © 0 mesmo se dr para as casas os usurdros, diferentes das dos opulentos e dos delicados; todavia, para os poderosos, de Cujos pensamentos a coisa publica overna, planear-se-io conforme essa finalidade; e em "digas eis a prtonada sana CAP fT UtLo Ty y PARTES EM QUE SE DIVIDE A ARQUITECTURA S, uma das quais consiste noise iblicc outra diz respeito 8. Por sua vez, as obras comuns piiblicas dividem-se cm ts classes, sendo a primeira (UCN, onus, i diversos usos. Assim, as traves so colocadas sobre as colunas, as parastiticas?? © as juisio sos wnnles anes er er ae ee eee alumen:cumeeia,paide-fileira, a se verifcae evolu directa da pala inherit: asas do vigamenta do telhado, suport oblique dato surat: cial, parte superior ‘salient das parse sobre a qual assentao Beira do tela ddo madeirameno da cabertra, logo po cima das asnas € mediatamente por baxo do ripado, Como, por asim diz travam paso dosnt nome que hes poder ta aver com sentido primitivo de em « e on: tiplogia e onder, Embora ests palaras po ser considers snd no texto vtuviano, ¢ sa clocaglo nparflo nesta passage destaceo ter ond mais sentido d ode tino, que cons de 1,2, Mat is obra de asta de capita iis aritices de qulguer ats, que taba em materiais 3. Agu, slo os carinteiros que. nos templos de madeira Tabelle: bol de madeira, tbuas esqudtiads,tabuinhas «que foram senda substituidas por plas de tera de podra Singular: table ® Cerulea:azu-cerilo, 0 charade azal-egipeio. Ver 7. 1.1 antas®; nos vigamentos®, pranchas* e tibuas*, Sob os telhados®”, se houver vilos maio- res, vigas transversais™ ¢ caibros”; se forem normais, o pau de fileira®? ¢ asnas"!, estas salientes até & extremidade da cimalha’?; sobre as asnas, as travessas™; finalmente, em ‘cima, sob as telhas, ripas™ de tal maneira salientes que as paredes sejam cobertas pelo seu avangamento. A ANTIGA OBRA DE CARPINTARIA 2. Assim, cada coisa tem a ver com 0 que Ihe ¢ proprio, seja o lugar, seja a tipologia ou a ordem*s, Foi a partir destas realidades ¢ da obra de carpintaria*® que os artfices imitaram, na escultura das construgdes de pedra e de mérmore, as disposiges dos templos sagrados, julgando que deviam ser seguidas estas invengbes. A este respeito, os antigos carpinteitos™, construindo em determinadlos lugares ¢ tendo colocado vigas salientes, indo das paredes interiores até as outras extremidades, ordenaram (08 espagos entre o madeiramento e, com obra de carpintaria, aperfeigoaram em cima as comijas ¢ os frontes, dando-Ihes um aspecto mais agradvel, cortando de seguida, segundo 2 linha perpendicular das patedes, as projecturas das vigas, quando formavam saliéncias; como, porém, Ihes parecesse desagradivel o aspecto, fixaram, no topo recortado dessas vigas, tabelas"™ apresentando uma forma semelhante aos trglifos que hoje se fazem, ¢ pintaram-nas de cerileo™, usando a técnica da encéustica®, a fim de que os cortes, assim dissimulados, no ofendessem a vista; por isso, a distribuigto das pranchas, ocultas pela disposigao dos triglifos, fez com que nas obras déricas houvesse entre elas espago das métopas. ORIGENS Dos TRIGLIFOS & DOS MUTULOS 3. Posteriormente, outros em outras obras destacaram a verticalidade dos triglfos sob os topos salientes das asnas, limando-Ihes as projecturas. Por isso, assim como os triglifos foram criados a partir da ordenagdo das vigas, assim a disposigo dos miitulos sob as cornijas surgiu a partir das saliéncias das asnas. Assim, normalmente, 0s miitulos sto esculpidos nas obras de pedra e de mirmore com um perfil inclinado, porque se imitam as préprias asnas; Porquanto so necessariamente dispostos com inclinaglo por causa do escorrimento das ‘iguas da chuva, Foi, pois, por esta imitag20, que foi inventada a disposigao dos triglifos e 4dos mitulos nas obras déricas. ORIGENS DAS mETOPAS 4, E nfo que os trglfos sejam representagdes de janelas“, como alguns, errando, disscram, uma vez que eles sio colocados nos dngulos ¢ sobre os eixos das colunas, lugares nos quais nfo se admite de todo a abertura de vaos, Pois as junturas desfazem-se nos fingulos dos edificios se nlas forem deixadas aberturas de janelas. E também, se se pensasse que onde hoje se disper ‘0s trigifos antigamente tenham existido espagos para frestas, pareceria que, pelas mesmas raz0es, os denticulos das obras jénicas ocupariam os lugares das janelas, Pois tém o nome de métopas tanto os intervalos existentes entre os denticulos como os que existem entre os triglifos. Com cfeit, os Gregos chamam ope aos agulheiros”, das vigas e das ripas, como entre nés os buracos dos pombais!. Razio pela qual o espago entre duas opae seja por eles chamado de metope. ORIGENS DOS DENTICULOS 5. Foiassim também inventada a disposigao dos triglifos¢ dos miitulos nas construgdes déricas © 0 mesmo particularmente aconteceu com a constituigao dos denticulos nas jénicas; por ‘outro lado, assim como os miitulos representam as projecturas das asnas, também nas obras jjonicas os denticulos se apresentam como uma imitagdo das saliéneias das ripas. Pot isso, nas obras gregas, ninguém dispés denticulos sob os miitulos, dado que as ripas niio ‘podem ficar por baixo das asnas, Pois se aquilo que, na verdade, se deveri colocar por cima estas ¢ das travessas surgi representado por baixo, a disposi¢o do edificio resultaré defeituosa. Os Antigos também nao aprovaram nem estabeleceram que se pusessem matulos ou denticulos nos fastgios, mas apenas simples comijas, porque nem se colocam asnas nem ripas sobre as fachadas dos frontdes nem sequer ai elas podem sobressai, uma vez que sio dispostas com incli- nago para o escorrimento das éguas da chuva. Aquilo que, sem diivida, nfo se pode, na verdade, fazer, também ndo poders, segundo pensavam, ter uma loyica correcta na sua representagao UMA ARQUITECTURA DE ACORDO COM A NATUREZA 6. Com efeito, partindo de uma base segura assumida das verdadeiras leis da natureza, eles transferiram tudo para os acabamentos das obras © aprovaram apenas, nos seus raciocinios, aquelas cujas realizagdes se fundassem numa ldgica de verdade. E assim nos deixaram, a partir destas origens, comensurabilidades ¢ proporedes constituidas para cada um dos géneros aarquitecténicos. Seguindo-Ihes os passos,falei acima das disposigbes jénicas e corintias; agora cexporei brevemente a doutrina dérica eo seu superior aspecto. TIVRO Dy Mew sina: janlas,aberturas,vi0s, Singular fenestra medic, No Livto VI v a palara exprime ag tum sentido iio, que Ihe ver ivr orginal 0 verbo cubo, que significa estar deitao, endido, ri: pombais, columbais. Si iagulhezos, cavidades para apoio ou saida das traves quot compartimento para domi, quo. q Cc A P T U LO ft4d. DIFICULDADES NA CONSTRUGAO DOS TEMPLOS DéRICOS |, Alguns arquitectos antigos afirmaram nio ser conveniente contruir templos sagrados segundo 0 modo dérico, porque neles as correlagdes modulares se tormavam defeituosas e discordantes. Assim o declararam Areésio, Pitio e no menos Hermégenes, Com efeito, tendo este iltimo preparado uma quantidade de mérmore para a construgdo de um templo dorico, procedeu a uma alteragao completa e, com 0 mesmo material, levantou um jénico a0 deus Libero. E no porque o aspecto, o estilo ou a dignidade da forma sejam deselegantes, mas porque ¢ dificultosa e desagradivel a distribuig&o dos triglifos e dos lacunétios. DISTRIBUIGAO DAS METOPAS E DOS TRIGLIFOS 2.E por ser necessirio que os trigifos fiquem csntrados sobre o topo das colunas, que as métopas ® colocar entre eles tenham tanto de langura como de altura. Contrariamente, acontece que 0s triglifos comespondentes és colunas angulares sio estabelecdos nas extremidades e no central zados sobre o topo daquelas. Edesse modo resila que as métopas que esto préximas dos rglfos angulares nao so quadradas, mas mais oblonges em metade da lagura de um trglifo, Por outro lado, aqueles que querem fazer essa métopas jguais contrac os intercoinios das extremidades em metade da largura de um trglifo. Ora isto € incorrecto, sea por se fazerem slongamentos das ‘métopas, sea por se efectuarem contractures dos intercolinios. Por isso & que os Antigos consi- Aeraram de evitar a dizposigo do sistema de nvaids dérco nos tempos sagrados. AS PROPORCOES DORICAS 3. Nés, porém,testemunhamos aqui o que reeebemos dos nossos mesires, como postula a propria cordem* dériea, para que, se alguém quisertratar destes prineipios e depois se dedicar ao seu estudo, possa dispor de comentirios sobre estas proporedes, através dos quais possa levar a bom {ermo, sem defeitos e sem erros, 0s acabamentos dos templos sagrados segundo 0 uso dérco. O frontispicio do templo dérico deve ser dividido, no local onde se irdo levantar as colunas, em vinte ¢ sete partes, se for ttrastilo, ¢ em quarenta e duas, se for hexastilo, Destas partes, luma serio médulo, que em grego se diz embater*, sendo a partir da constituigao deste médulo que se levam a cabo, através de raciocinios, as distribuigdes de toda a obra APLICAGAO DO MéDULO 4.0 didmetro das colunas seri igual a dois médulos, ¢ a altura, incluindo o capitel, de eatorze. A altura do capitel seré de um médulo, a largura ser de dois e um sexto. A altura do capitel serd dividida em trés partes, das quais uma sera para o plinto* com o seu cimécio, outra para © equino*? com os ans, e a terceira para o hipotraquélio®. A coluna terd a sua contractura segundo 0 método deserito no livro tercero a respeito dos templos jénicos. A altura do epistitio, incluindo o regulete™ eas gotas,serd igual a um médulo, Aquele teré um sétimo do médulo: a cextensiio destas sob o regulete, na direc dos triglfos, devers, incuindo o liste, encontrar-se suspense a uma altura de um sexto do médulo. Por seu lado, a largura do epistilio correspon- deri na base ao diémetro do hipotraquétio do alto da coluna. Sobre @ arquitrave dispor-se-4o os teglifos eas métopas com a altura de um médulo e meio, ea largura, na frente, de um médulo, sendo aqueles de tal maneira distribuidos que fiquem centrados sobre os topos das colunas aangulares ¢ das intermédias, sendo dois em cada um dos intercoliinios normais,e trés nos do meio do pronau e do lado posterior. Alargados assim os intervalos centrais, a entrada ficari desafogada para os que se dirigem as estétuas dos deuses. Os TRIGLIFOS 5. largura dos triglifos deve ser dividida, com auxilio de régua, em seis partes, cinco para 0 Ineo, ¢ duas meias partes a direita e a esquerda, Ao triglifo do meio seri dado 0 aspecto de ‘um fémur, que em grego se diz meros; no correr dele cavar-se-fo canaliculos*? demarcados, ‘ ponta de esquadro; de um modo continuo a estes dispor-se-4o outros fémures & dieita e a lesquerda; nas partes extremas, escavant-se para dentro semicanaliculos®. Dispostos assim os triglfos, deverdo ser colocadas as métopas que existem entre eles com uma altura igual a lar- ‘gura; também nas extremidades angulares serdo escavadas meias métopas™ com uma largura cequivalente a meio médulo, Desta forma, serdo corrigidas todas as imperfeigdes das métopas, dos intercolinios ¢ dos lacunrios, uma vez que se planearam repartigSes proporcionais. AS CORNIJAS (6. Os capitéis dos triglifos*® devem ser executados com a altura da sexta parte do médulo. Sobre eles dispor-se-4 a comija com uma projectura de dois tergos do médulo, tendo um ccimécio dérico® na base e, outro, no cimo. A comnija ter assim, com estas molduras, uma altura correspondente a meio médulo. Os alinhamentos das passagens*” e as distribuigées fem conseaéncia do med como ¢execitada a visio do espago do hin capitis do tilifo ou molduras no topo autor usa 0 term capil por compansgto com se rem. Trta-se da banda que coroa se cracerizasse por ser lisa, dada austeidade da orem assagens, vi tae, bavendo por Alscondincia quan ido conereto deta base da cornija de acordo com a ditecgio vertical dos triglifos & niimero de seis no comprimento das gotas dispor-s «do meio das méto e de trés na largura. Os espagos deixados livres, porque as métopas sto mais largas do que 05 trigfos, ficardo lisos, a no ser que ai se queiram esculpir divindades *, © no préprio ‘mento da cornija se faré uma incisdo linear chamada esedcia, Tudo isto, timpanos, molduras, comijas, seré executado como acima se escreveu para as obras jénicas, de tal modo que as gotas surjam. OS TEMPLOS DORICOS TETRASTILOS E HEXASTILOS 7. Esta sera a metodologia a seguir nos templos diastilos. Sendo, todavia, sistilo e monottigl= fico, sera disposto de tal maneira que o frontispicio do templo seja dividido em dezanove partes € meia, se for tetrastlo, ¢ em vinte e nove partes, se for hexastilo, Uma destas partes sera 0 médulo, com referéncia ao qual, como acima se disse, se fatto as divisdes, A MAIOR AMPLITUDE DO INTERCOLUNIO CENTRAL 8. Assim, duas métopas ¢ dois triglifs serdo colocados por cima de cada pedra da arquitrave; ‘os Angulos, isto revela-se mais amplo, porque acresce um espago igual a metade de um hhemitriglifo". Sobre a pedra central, na direc¢do do fastigio, dispor-se-4 um espago para \ués triglifos e trés métopas, para que o intercolinio do meio proporeione um maior desafogo 05 que se dirigem ao templo © uma consciencializagao da dignidade de que se revestem as estituas dos deuses, AS ESTRIAS CARACTERISTICAS DOS FUSTES DORICOS 9. Convém canelar os fustes com vinte estas. Se estas forem facetadas, apresentardo vinte arestas. Mas se tiverem 0 findo eéncavo, tal deverd ser conseguido de modo que, partindo da largura da estria se desenhe um quadrado com os lados iguais a essa medida; e no meio deste quadrado se deverd colocar 0 centro de um compasso, descrevendo-se uma linha de cireunfe- rncia que toque os seus Angulos, escavando-se as caneluras com um sector correspondente 20 «espago entre o segmento de itculo e os Angulos do quadrado. Deste modo encontraré a coluna dérica os acabamentos das estrias caracteristicas do seu estilo. A ENTASE DA COLUNA DORICA 10, Quanto ao engrossamento que se Ihes acrescenta na parte média, far-se-inelas o mesmo que se determinou no terceiro volume para as colunas jénicas. Uma vez que se falou do aspecto exterior das correlagdes modulares dos templos corintios, doricos e jénicos, é também necessério expor em pormenor as disposigdes interiores das celas & do pronau, c AP f TULO Ly A CELA E 0 PRONAU 1. 0 comprimento do templo é planeado de modo que a largura corresponda a metade daquele, que a prépria cela seja um quarto mais longa do que larga, incluindo a parede onde ficarto as portas™, Os restantes ts quartos vio para o pronau, incluindo as pilastras das paredes, as quais deverio possuir a mesma espessura das colunas. Se o templo for de largura superior a vinte pés, colocar-se-do duas colunas entre as duas pilastras, as quais fardo a separagao do pteroma em relagao ao espago do pronau. Neste caso, 08 tr8s intercolinios que resultam entre as pilastras e as colunas serdo fechados por cancelas® lavradas de mérmore ou de madeira dispostas de tal modo que tenham portas** através das quais se faga a entrada no pronau. A CORRECGAO OPTICA PROPORCIONADA PELAS ESTRIAS 2, Sea largura do templo for mais do que quarenta pés, dispor-se-o colunas interores, nas direc- ‘e8es das que estiverem entre as pilastras. Deverdo ter a mesma altura das que estilo A sua frente; todavia o seu didimetro deveri ser reduzido segundo este método: se as colunas da frente tiverem ‘um diémetro correspondente & oitava parte da sua altura, as interiores tero a décima parte, e se aquelas tiverem a nona ou a décima parte, entio estas sero reduzidas na mesma proporgo. ‘Com efeito, se as colunas ficarem mais delgadas num espaco fechado, no se notari. Parecendo, todavia, muito estreitas, se as colunas exteriores tiverem vinte ou vinte e quatro caneluras, fiar-se-3o nas interiores vinte€ oito ou trintae duas, Deste modo, o que se retirar ao corpo do fuste LIVRO TY vteo Yaa: portes dps. ® Preroma: peroms, la de colunas em volta do tempo Ver3.3,9 04, 86 © Pla: tems nesta passagem 0 sentido de cancela ransena rade separadora de espagosargutetonicos, ‘are: poras, entradas, pasagens, com uso prticamente apenas no pra.

You might also like