You are on page 1of 18
eee A INTERPRETACAO PSICOBIOLOGCA DA CLINICA PsicoLecca! POR QUE A PSICOTERAPIA FUNCIONA? PoRrQUE psiCOLOGs CLINICOS DEVEM PRESCREVER DROGAS PSICOTROPICAS? J. Landeisa-Fernanden* A. Pans M. Crue? “Tees gue ser pacientes e aguardar roves métades ¢ oportunidedes se pea. Drcemcs tamivom exer prontes pare abandorar um car: ho que civemas segundo por coo tempo, se nat parece que ele ni a 14 um bom finn. Serene os event, que exigcn que a eiéncia sa em shettuta para 0 ccecore qu 0 abasdonaram, culpa io pexgeica dor por dewnselier ou mesmo modifica eu: pontis de vita. ‘Sigmund Freud (1926, p. 85) IntropucAo ‘No ha divida de que grande parce daqueles que buscam uma for- magio profissional na drea da psicologia, apresenta interesse dircta- mente voltado para uma atuacio clinica, eujas teorias técnicas, por via de regra, dispensarn conheciménins detalhados da neuzobiologia (Sanzos, 1989; Botomé, 1979; Carvalho e Kavano, 1982). Isso parece justificar parte do desinicressc dos alunos € dos profssionais da psico- logia pelas disciplinas de cunho bioligico. O objetivo desce trabaihe é ‘mostrar ao psicélago clinico a imporeincia do conhecimento neuroti- olégico para a compzeensio dos efeicos produsidos na pritica clinica da necessidade do fortalecimento do ensino devas disciplinas durame © curso de psicologia. Um dos principais motivos que justifica © ensino de disciplines biolégicas a0 estudante de psicologia é0 de que a pritica clinica psico- {eégica leva a ume methora de uma disfungéo mental que perturba um determinara individuo gragas ao podar que « peicoterapia tem om Crowne 2¢ Puco:oan 9 er rabelecidas. Embo- sa alguns possam ficar surpresos, iremos, ao longo deste texto, Mostrar Tecizor que toda atividade mental humana tem um substrate materi- c (Bunge. 1980: a, par snals produstir reestruturagdes sindpricas previamente 2, posiggo essa denominada de materialismo em Kovacs. 1997; Searle, 1987) e que toda forma d. materiel ow espiritual que possa parecer, age em tecido nervoso, alte- do © padrio da comunicacio neural da mesma forms que drogas pstcoudpicas odo capazes de alterar a atividade mental de um indivi- ‘ive, Essa idéia ndo ¢ nova (ves, por exemplo, Brandze, 1995; Biondi, 1995; Eisenberg, 1995: Gabbard, 1992; Lewis, 1994; Tresan, 1996) © tem sido colocada pelo neurobidlogo Eric Kandel (1979) da se- _guinte forma: “eu gostaria de levantar uma idéia simplisca, mas val- vez relevance, segundo 2 qual o nivel final de zesoluséo para x com- preenséo de como a intervengio psicorerapéurica funcions é idénti- «2.20 afvel com que nds estamos atualmente buscardo entender como intervensbes psicofarmacoldgicas funcionam: ao sivel individual de células nervosas ¢ suas conexdes” (p. 1028). Mas ences de entrarmos nas quesc6es centrais desce trabalho, gostarfamos ds definir 0 que en- tendemos por arividade mental e qual a funcao da psicoterapia na vida psicoldgica do sujcita. A nogio de mente ¢ figura central zanto na eiéncia como na pritica psicoligica. Dada a dificuldade em se encontrar consenso em tomno de uma tinica definiego da mente humana, podem-se buscar algumas ca- sac.eriticas que 3 compocm, fofmulando-tc assim amma expécie de de- finisio operacional, Estudos antropolégicos mostam que certas ca- racteristicas mentais, tais como crencas, mitos, descjos, fantasias, von- tades, emogées, pensamento, conscigacia ca utilizagdo de uma lingua- gem simbélica, vém sendo compartilhadas por todos os individuos da especie humana desde sua origem e de forma independente da culuara m que estiveram inscridos (Chomsky, 1968; Eibl-Eibesfeld, 1972; Ekman, Sorenso & Friensen, 1969; DeMatea, 1981; Lévi-Strauss, 1970). Esses dados parecem indicar que a mente humana & compasta por cereas estraturas comuns a todos os seres humanos © sempre pre- sentes nas mais variadas cultures. Variagdes especificas dessas estrutu- as, ow caractersticas univensais que formam 4 mente hsmana, defi- nem 2 acividade psicolégics do individuo e ¢ exatamente isso que dé forms a sua personalidade ¢ individualidade. Calcada nesta definigfo, a psicologia, tal como ciéncia, deve buscar campreender 0 desenvolvimento. a organizacio ¢ © Funcionamenta dessas eseruzuras ou caracteristicas que comapdem a mente humana pas: que téenicas ou procedimentos terapéuticos possam ser desenvolvides « incorporados & sua pritica clinica. No entanto, esse caminko com sido o inverso. Tipicarente. tscnicas surgem primeiro, gracas 4 geata- lidade ow a ineuigéo do terapeuta e a partir dai surge a necessidade da descavolvimenca de um corpo tedrivo capaz de acomodar essa pritica pricoreripica. Este problema nio exclusiva da psicologia. Por exem- plo, « homem ja pracicava a engenharia antes do surgimento de fisiea Praticava também a medicina antes da origem da biologia. Da mesma forma, a odontologis, vererinitia, agronomia, farmacologis e tantas coutras priticas surgem muito antes da origem das ciéncias que dever- minaram os seus respectivos avancos. A regra éa de que a pritiea de uma dada atividade humana precedes origem da sua ciéncia. Assim, « pritica psicaligica precede a origern da psicologta como ciéncia. Em pouco mais de um século de psicologia, os modestos avangos xeGricos na drea nio foram suficientes para explicar a natureza multifar torial da atividade meatal humana ¢ suas desordens. O que sustenta “chido a pritia clinica? Independent das causa tesponséveis pea or ‘gem da disfungfo mental (endégena ou exdgena), néo hi quem possa uclel aie: clectrophysiological econing in conscious cat. Seen for Nowrocioner Abssrect. LAPLANTINE, E Anerepolegia de doongs,Sio Paulo: Martine Fontes, 1991 LENT, R Cem bilhoes de neurénios, Ciéneia Hoje, 1,47-52, 1982. EEVISTRAUSS, C,duirapoigia arrumrel Ri de Jancico: Tepe Brae 1970 LEWIS, B. Pychotheapy, neuroscience, and philosophy of mind. Aneiece FournalofPocbocherapy 4885.93, 1994 UL CH. CHUNG, D, bolation and srwcture ofa untiakontapepside with pias activi fom cama) pituitary. Poedng ef the Nasional cadery of Scene USA, 73, 145.1448, 1976. LIEBERMAN, JA, RUSH, ALJ. Redefining she sole ofpeychiscy in mei Ne Areca Jornal of Pchiary, 193, 1388. 159F, 1996, MACHADO, ABM, Newoenstomis funcional Rio de ance: Acheneu, 1985. activates topographical orgae rive Newoscion- Capen a: Pecococa a? 9 MADDEN. J, ABIL, H. PATRICK, RL, BARCHAS, .D. Sues induced Parallel changes in cenual opioid! levels and pain responsiveness noha , 358-360, 1977, MARTIN, S. APA to persue pescripson privileges, APA Monitor 9, 6, 1908, MARTINEZ, Lily DERRICK, B. Long-term pozeniton and leaming amuat Review of Pychniigy, 47, 173-203, 1996, MATTREWS, G. Ne 19, 219.285, 1996, MCCABE, 8... HORN, G. Learning and memory: regional changes in Nemethyl-D-asparaze receptors in the chick brain afer imprinting Proceedings ofthe Nacional Acnderny of Seiense OSA, 85, 2849-2855, 1988. MELLO-FILHO, E Piconomtita hoje. Rio de jancico: Ares Médicas, 1995, MISERANDINO, M..D., SANANES, C.B.. DAVIS, M. Blocking of ae {uistion buc aoc expression of condcioned fear-povertiation srs hy NMOA antagonist in che amygdala. Mature, 345, 716-718, 1990 O”BRIEN, CP, EHRMAN, RN., TERNES, JW, Clusia condoning in ‘human opioid dependence fn: GOLBERG, S.2. &e STOLERMAN. (cditores). Rebevienel anabsis of drug dependence, New York: Avateme Press, 1986. PACHMAN, J. The dawa ofa zevoluton in mental health. Am. Boch, 51, 213.215, 1996. PERT, CB, SNYDER, SH. pine reo ‘ue Seen, 179, 1011-1088, 193, PETERSEN, S\E., FOX, BT, POSNER, M.L., RAICHLE, ME, Pestson mission tomographic saudi ofthe cortical anatomy of ingle wond prom cessing, Nasare, 331, 585-539, 1988. PHILLIPS, R.G., LEDOUX, J. Differential eontsibuton of amygdala and Sippocampus to cued and contextual ear conditioning. Behavioral New veriencey 108, 274-285, 1992. PURVES, D., LAMANTIA, AS. Number of blobs in the primary vital cones of neonaral and adult monkey. Procedings of the National dead 21 of Science USA, 87, 3764-5767, 1990. sotrasmatter release. drmnaal Review of Menrosicnce, Couns: Pecans 9 iss

You might also like