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2003 CInfo Capurro 2003
2003 CInfo Capurro 2003
de Novembro de 2003. Tradução de Ana Maria Rezende Cabral, Eduardo Wense Dias,
Isis Paim, Ligia Maria Moreira Dumont, Marta Pinheiro Aun e Mônica Erichsen Nassif
Borges.
EPISTEMOLOGIA
E
CIENCIA DA INFORMAÇÃO
Rafael Capurro
Indice
Introdução
I. Correntes epistemológicas do Século 20
II. Paradigmas epistemológicos da ciência da informação
Conclusão: Conseqüências práticas dos paradigmas epistemológicas
Bibliografía
Resumo
Analisa-se na introdução o conceito de paradigma e identifica-se o escopo da
investigação epistemológica no campo da ciência da informação. A primeira parte
menciona alguns paradigmas epistemológicos que influenciaram a ciência da
informação, a saber: hermenêutica, racionalismo crítico, semiótica, construtivismo,
cibernética de segunda ordem e teoria de sistemas. Na segunda parte são
aprofundados três paradigmas epistemológicos. Em primeiro lugar expõe-se o
paradigma físico. Tomando como ponto de partida a teoria de Shannon e Weaver,
mencionam-se os experimentos de Cranfield e a teoria „informação-como-coisa“ de
Michael Buckland. Em segundo lugar analisa-se o paradigma cognitivo, representado
dentre outros por B.C. Brookes, Nicholas Belkin, Pertti Vakkari e Peter Ingwersen. Por
fim, expõe-se o paradigma social que tem suas origens na obra de Jesse Shera,
atualmente representado pelas teorias de Bernd Frohmann, Birger Hjørland, Rafael
Capurro e Søren Brier. Finalmente, indicam-se as conseqüências práticas dos
paradigmas epistemológicos para a concepção e avaliação de sistemas de informação
bem como para a investigação em ciência da informação.
Palavras-chave
Epistemologia – Ciência da informação – Recuperação da informação – Tecnologia da
informação – Paradigmas – Cognitivismo – Sociedade
Abstract
In the introduction the concept of paradigm as well as the scope of epistemological
research in information science are analized. The first part mentions some
epistemological paradigms that have influenced information science so far such
hermeneutics, critical rationalism, critical theory, semiotics, constructivism, second-
order cybernetics, and system theory. The second part is dedicates to a detailed
analysis of three epistemological paradigms in information science. The first one is the
physical paradigm that goes back to Shannon's theory of communication. The Cranfield
tests and Michael Buckland's conception of "information-as-thing" are mentioned. The
second one is the cognitive paradigm represented by B.C. Brookes, Nicholas Belkin,
Pertti Vakkari and Peter Ingwersen. Finally the social paradigm, going back to Jesse
Shera's "social epistemology", is explained with regard to criticisms and theories by
Bernd Frohmann, Birger Hjørland, Rafael Capurro, and Søren Brier. Practical
consequences of epistemological research concerning the design and evaluation of
information systems as well as research in information science are considered.
Introdução
Há aproximadamente vinte anos, a biblioteca do Royal Institute of Technology de
Estocolmo convidou-me para proferir uma série de conferências sobre a ciência da
informação, uma delas intitulada „Epistemology and information science“ (Capurro
1985). Foi a primeira vez que falei sobre a relação entre hermenêutica e tecnologia da
informação, fazendo uma exposição da tese que um ano mais tarde seria aceita pela
Universidade de Stuttgart como tese de pós-doutorado (‘habilitação’) em filosofia,
intitulada „Hermenêutica da informação científica“ (Capurro 1986). Nessa tese indicava
que desde o ponto de vista hermenêutico o conhecimento está ligado à ação,
mostrando os pressupostos e as conseqüências a respeito dos processos cognitivos e
práticos relacionados com a busca de informação científica armazenada em
computadores, assim como com a concepção de tais sistemas e seu papel na
sociedade.
Uma definição clássica da ciência da informação diz que essa ciência tem como objeto
a produção, seleção, organização, interpretação, armazenamento, recuperação,
disseminação, transformação e uso da informação (Griffith 1980). Essa definição é
válida naturalmente também para campos específicos, de modo que, se queremos
identificar o papel de uma ciência da informação autônoma, devemos transportá-la a
nível mais abstrato. Para isso torna-se necessária uma reflexão epistemológica que
mostre os campos de aplicação de cima para baixo, ou top down, e desde que se veja
também a diferença entre o conceito de informação nessa ciência em relação ao uso e
à definição de informação em outras ciências assim como em outros contextos, como o
cultural e o político, e é claro também em outras épocas e culturas. Essa investigação é
uma das tarefas mais amplas e complexas de uma futura ciência da informação
unificada, que não seja meramente reducionista, mas que veja as relações análogas,
equívocas e unívocas entre diversos conceitos de informação e respectivas teorias e
campos de aplicação (Capurro/Hjørland 2003). Peter Fleissner e Wolfgang
Hofkirchner, dois colegas da Universidade Técnica de Viena, batizaram com meu nome
esse problema entre as relações análogas, equívocas e unívocas dos diversos
conceitos da informação, chamando-o de „o trilema de Capurro“ (Fleissner/ Hofkirchner
1995).
1) O paradigma físico
A ciência da informação inicia-se como teoria da information retrieval baseada numa
epistemologia fisicista. A esse paradigma, intimamente relacionado com a assim
chamada information theory de Claude Shannon e Warren Weaver (1949-1972), que já
mencionei, e também com a cibernética de Norbert Wiener (1961), denominou-se o
„paradigma físico“ (Elis 1992, Øron 2000). Em essência esse paradigma postula que há
algo, um objeto físico, que um emissor transmite a um receptor. Curiosamente a teoria
de Shannon não denomina esse objeto como informação ("information"), mas como
mensagem ("message"), ou, mais precisamente, como signos ("signals") que deveriam
ser em princípio reconhecidos univocamente pelo receptor sob certas condições ideais
como são a utilização dos mesmos signos por parte do emissor e do receptor, e a
ausência de fontes que perturbem a transmissão ("noise source" – fonte de ruído)
(Shannon/Weaver 1972). Uma vez que essas condições sejam apenas postulados
ideais, a teoria propõe uma fórmula, na qual se parte do número de seleções
("choices") que implica tal codificação, assim como de um fonte de perturbação no
momento da transmissão. É justamente tal número de seleções que é chamado por
Shannon de „informação“ ("information"). À maior quantidade de seleções possíveis
corresponde maior informação e, portanto, maior insegurança por parte do receptor em
virtude da possibilidade de ruído ("noise"). Aqui se vê, claramente, como o indica
Weaver, manifestando estranheza, que esse conceito de informação é justamente
oposto ao uso dessa palavra em linguagem comum, quando afirmamos que
precisamos da informação porque queremos reduzir uma situação de insegurança ou
de não saber. Em outras palavras, na terminologia de Shannon, é a mensagem e não a
informação que reduz a incerteza ("uncertainty").
Essa teoria, tomada como modelo na ciência da informação, implica numa analogia
entre a veiculação física de um sinal e a transmissão de uma mensagem, cujos
aspectos semânticos e pragmáticos intimamente relacionados ao uso diário do termo
informação são explicitamente descartados por Shannon. Os famosos experimentos de
Cranfield, realizados pelo Cranfield Institute of Technology em 1957 para medir os
resultados de um sistema computadorizado de recuperação da informação, marcam o
começo, problemático sem dúvida, da influência desse paradigma em nosso campo ou,
mais precisamente, em uma subdisciplina desse campo, a information retrieval, na qual
os valores de recall e precision em relação a um sistema de indexação, são
controlados em situação similar à de um laboratório de física (Ellis 1992). Vêem-se aqui
claramente os limites da analogia entre a linguagem, ou mais precisamente, entre os
conceitos semântico e pragmático da informação, e um mecanismo de transmissão de
sinais. O desenvolvimento posterior da teoria de Shannon e Weaver mostra a intenção
de incluir as dimensões semânticas e pragmáticas excluídas por Shannon, fazendo
referência seja ao processo interpretativo do sujeito cognoscente, seja a situações
formalizadas de intercâmbio (Mackay 1969, Bar-Hillel 1973, Dretske 1981,
Barwise/Perry 1983, Barwise/Seligman 1997, Perez Gutiérrez 2000). Torna-se evidente
que, no campo da ciência da informação, o que esse paradigma exclui é nada menos
que o papel ativo do sujeito cognoscente ou, de forma mais concreta, do usuário, no
processo de recuperação da informação científica, em particular, bem como em todo
processo informativo e comunicativo, em geral. Não por acaso, essa teoria refere-se a
um „receptor“ (receiver) da mensagem. Não é de se estranhar que os limites dessa
metáfora hajam conduzido ao paradigma oposto, o cognitivo.
2) O paradigma cognitivo
Comecemos por lembrar que, na idéia de uma bibliografia universal de Paul Otlet y
Henri Lafontaine, que levaria à fundação do Institut Internacional de Bibliographie de
Bruxelas em 1895, denominado posteriormente Institut International de Documentation
(1931) e finalmente Fedération Internationale de Documentation (FID) em 1937, está
explícita a intenção de distinguir entre o conhecimento e seu registro em documentos.
A documentação e, em seguida, a ciência da informação têm a ver, aparentemente, em
primeiro lugar com os suportes físicos do conhecimento, mas na realidade sua
finalidade é a recuperação da própria informação, ou seja, o conteúdo de tais suportes.
Isso nos leva à ontologia e à epistemologia de Karl Popper que influenciaram
diretamente o paradigma cognitivo proposto por B. C. Brookes (1977, 1980), entre
outros. A ontologia popperiana distingue três „mundos“, a saber: o físico, o da
consciência ou dos estados psíquicos, e o do conteúdo intelectual de livros e
documentos, em particular o das teorias científicas. Popper fala do „terceiro mundo“
como um mundo de „objetos inteligíveis“ ou também de „conhecimento sem sujeito
cognoscente“ (Popper 1973). Essa é a razão pela qual se costuma designá-lo como
modelo platônico (Capurro 1985, 1986, 1992), se bem que o mundo popperiano dos
„problemas em si próprios“ não tenha caráter divino como é o caso do „lugar
celestial“ (topos ouranós) das idéias de Platão. Brookes subjetiva, por assim dizer, esse
modelo no qual os conteúdos intelectuais formam uma espécie de rede que existe
somente em espaços cognitivos ou mentais, e chama tais conteúdos de „informação
objetiva“. Dado o seu caráter cognitivo potencial para um sujeito cognoscente, não é de
se estranhar que Peter Ingwersen tente integrar dinamicamente o objeto perdido desse
paradigma cognitivo sem sujeito cognoscente, que é o usuário (Ingwersen 1992, 1995,
1999). Mas, apesar desse enfoque social, sua perspectiva permanece cognitiva no
sentido de que se trata de ver de que forma os processos informativos transformam ou
não o usuário, entendido em primeiro lugar como sujeito cognoscente possuidor de
„modelos mentais“ do „mundo exterior“ que são transformados durante o processo
informacional. Ingwersen toma elementos da teoria dos „estados cognitivos
anômalos“ ("anomalous state of knowledge" abreviado: ASK), desenvolvida por
Nicholas Belkin e outros (Belkin 1980, Belkin/Oddy/Brooks 1982). Essa teoria parte da
premissa de que a busca de informação tem sua origem na necessidade ("need") que
surge quando existe o mencionado estado cognitivo anômalo, no qual o conhecimento
ao alcance do usuário, para resolver o problema, não é suficiente. Tal situação inicial
geralmente também se denomina „situação problemática“ (Wersig 1979). A teoria dos
modelos mentais tem tido impacto no estudo e na concepção de sistemas de
recuperação da informação, como mostram as análises empíricas realizadas por Pertti
Vakkari com relação à conexão entre estado anômalo do conhecimento e estratégias
de busca (Vakkari 2003). Nesse sentido, podemos falar, tanto no caso de Ingwersen
quanto no de Vakkari, de uma posição intermediária entre o paradigma cognitivo
mentalista de Brookes e o paradigma social.
3) O paradigma social
Birger Hjørland desenvolveu, junto com Hanne Albrechtsen (Hjørland 2003, 2003a,
2000, 1998, Hjørland/Albrechtsen 1995) um paradigma social-epistemológico chamado
„domain analysis“ no qual o estudo de campos cognitivos está em relação direta com
comunidades discursivas („discourse communities“), ou seja, com distintos grupos
sociais e de trabalho que constituem uma sociedade moderna. Uma consequência
prática desse paradigma é o abandono da busca de uma linguagem ideal para
representar o conhecimento ou de um algoritmo ideal para modelar a recuperação da
informação a que aspiram o paradigma físico e o cognitivo. Uma base de dados
bibliográfica ou de textos completos tem caráter eminentemente polissêmico ou, como
o poderíamos chamar também, polifônico. Os termos de um léxico não são algo
definitivamente fixo. O objeto da ciência da informação é o estudo das relações entre
os discursos, áreas de conhecimento e documentos em relação às possíveis
perspectivas ou pontos de acesso de distintas comunidades de usuários (Hjørland
2003). Isso significa, em outras palavras, uma integração da perspectiva individualista e
isolacionista do paradigma cognitivo dentro de um contexto social no qual diferentes
comunidades desenvolvem seus critérios de seleção e relevância. Essa seleção está
conectada ao conceito hermenêutico de pré-compreensão („Vorverständnis“) assim
como à crítica da concepção de sujeitos isolados, separados do mundo exterior,
derivada do pensamento cartesiano (Capurro 1986, 1992). Informação não é algo que
comunicam duas cápsulas cognitivas com base em um sistema tecnológico, visto que
todo sistema de informação está destinado a sustentar a produção, coleta,
organização, interpretação, armazenamento, recuperação, disseminação,
transformação e uso de conhecimentos e deveria ser concebido no marco de um grupo
social concreto e para áreas determinadas. Só tem sentido falar de um conhecimento
como informativo em relação a um pressuposto conhecido e compartilhado com outros,
com respeito ao qual a informação pode ter o caráter de ser nova e relevante para um
grupo ou para um indivíduo.
A diferença entre mensagem, ou oferta de sentido, e informação, ou seleção de
sentido, é, ao meu ver, a diferença crucial de nossa disciplina entendida assim como
teoria das mensagens e não só como teoria da informação. Para dizê-lo em termos da
teoria de sistemas, trata-se da diferença entre o que o sociólogo alemão Niklas
Luhmann chama „mensagem“ („Mitteilung“) ou também „oferta de
sentido“ („Sinnangebot“), e a seleção feita pelo sistema com base em sua estrutura e
seus interesses, um processo que Luhmann denomina com o termo
„informação“ („Information“), que em alemão é, na linguagem cotidiana, sinônimo de
„dar notícia“ („Mitteilung“). O sentido selecionado pelo sistema é integrado através de
um processo de compreensão („Verstehen“) em que sua estrutura dessa maneira
realiza a sua autogênese cognitivamente e, portanto, também vitalmente. Luhmann
chama comunicação à unidade desses três momentos: oferta de sentido, seleção e
compreensão (Luhmann 1987).
Vê-se aqui claramente que a avaliação de um sistema de informação não está baseada
meramente no matching de um dado de entrada (input) com outro dado previamente
registrado, mas que esse dado registrado é concebido como uma oferta frente à qual o
usuário desempenhe um papel eminentemente ativo. Tal atividade procede não só de
sua consciência ou de seus „modelos mentais“, mas seus conhecimentos e interesses
prévios à busca estão de início entrelaçados nas redes social e pragmática que os
sustentam. O assim chamado „estado cognitivo anômalo“ é na realidade um estado
existencial anômalo. Vakkari é objeto de mal entendido quando escreve que o conceito
hermenêutico de informação é idêntico ao de pré-compreensão e, portanto, inadequado
para ser utilizado em nossa disciplina (Vakkari 1996, Ørom 2000).
Søren Brier (1992, 1996, 1999) mostrou como a semiótica de Charles S. Peirce (1839-
1914) ligada à cibernética de segunda ordem, leva ao que Brier chama de
„cybersemiotics“, a qual considera a relação entre signo, objeto e intérprete como
dinâmica e adaptável a diversos contextos. Essa relação triádica permite também
integrar os aportes e metodologias dos paradigmas físico e cognitivo, abrindo-lhes a
dimensão social. Nesse sentido, pode-se dizer que a „cybersemiotics“ de Brier é uma
hermenêutica de segunda ordem que amplia o conceito de interpretação para além do
conhecimento humano relacionando-o a todo tipo de processo seletivo.
Essa análise coincide exatamente com minha tese sobre uma hermenêutica da
informação científica de que falei no começo (Capurro 1986, 2000). Todo processo
hermenêutico leva a uma explicitação e com ele também a uma seleção. Como
dizíamos anteriormente, a diferença em que se baseia a ciência da informação consiste
em poder distinguir entre uma oferta de sentido e um processo de seleção cujo
resultado implica na integração do sentido selecionado dentro da pré-compreensão do
sistema, produzindo-se assim uma nova pré-compreensão. É claro também que toda
explicitação é de certa maneira uma tipificação, já que, como sugere Wittgenstein, não
existe uma "linguagem privada". Esse é o fundamento epistemológico para a criação de
estruturas de (pre-)seleção ou de pré-compreensão objetivada, chamadas em suas
origens "disseminação seletiva da informação" ("selective dissemination of information"
SDI) ou também perfis informacionais individuais ou de grupo que permitem ao usuário
reconhecer sua pré-compreensão na redundância e ver também o novo e
potencialmente relevante, ou seja, a informação. A comunicação e a informação são,
vistas assim, noções antinômicas (Bougnoux 1995, 1993). Pura comunicação significa
pura redundância e pura informação é incompreensível. A ciência da informação se
situa entre a utopia de uma linguagem universal e a loucura de uma linguagem privada.
Sua pergunta chave é: informação - para quem? Numa sociedade globalizada em que
aparentemente todos comunicamos tudo com todos, essa pergunta torna-se crucial. À
globalização segue-se necessariamente a localização (ICIE 2004).
Vê-se aqui também claramente, como as proposições epistemológicas não podem ser
desligadas das perguntas éticas, e como ambas as perspectivas se entrelaçam em nós
ontológicos que giram hoje em dia em torno da pergunta: quem somos como sociedade
(s) no horizonte da rede digital? É evidente também que tal pergunta surge não apenas
como conseqüência de um mero estado anômalo de conhecimento, mas de um estado
anômalo existencial que nos acostumamos a chamar de exclusão digital. Em outras
palavras, toda epistemología está baseada numa epistemopraxis. No centro dessa se
encontra a sociedade humana entendida como sociedade de mensagens com suas
estruturas e centros de poder (Capurro 2003).
É claro que a rede digital provocou uma revolução não apenas mediática mas também
epistêmica com relação à sociedade dos meios de comunicação de massa do século
XX. Mas é claro também que essa estrutura, que permite não só a distribução
hierárquica, ou one-to-many, das mensagens, mas também um modelo interativo que
vai além das tecnologias de intercâmbio de mensagens meramente individual, como o
telefone, cria novos problemas sociais, econômicos, técnicos, culturais e políticos, os
quais mal começamos a enfrentar teórica e práticamente. Esse é, ao meu ver, o grande
desafio epistemológico e epistemoprático que a tecnologia moderna apresenta a uma
ciência da informação que aspira a tomar consciência, sempre parcial, de seus
pressupostos. Aldo Barreto sinaliza a direção em que teremos que avançar com estas
palavras:
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