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FNP se manifesta sobre a desoneração dos combustíveis

O anúncio feito nessa segunda-feira, 6, de zerar o ICMS sobre os


combustíveis, objeto de uma PEC ainda não apresentada, teria impactos
vultosos nos cofres municipais, com consequências dramáticas para a
população. Se, de um lado, é natural que o cidadão espere iniciativas para pagar
menos impostos, de outro, são exatamente esses recursos que sustentam os
serviços públicos essenciais.

Em 2021, o ICMS dos combustíveis arrecadou R$ 112 bilhões. Estima-se


que o valor poderá chegar a R$ 130 bilhões já neste ano. Considerando que 25%
do imposto pertence aos municípios, seriam cerca de R$ 16 bilhões em renúncia
de receitas até dezembro, o suficiente para manter, por ano, mais de 2 milhões
de alunos nas escolas públicas.

Já o PLP 18/2022, aprovado na Câmara, estabelece um teto de alíquota


em 17% e prevê um mecanismo inócuo para a compensação dos cerca de R$
21 bilhões/ano de prejuízo dos municípios. Por isso, a Frente Nacional de
Prefeitos (FNP) defende, no Senado, a instituição de um Fundo, financiado pela
União, para compensar efetivamente essas perdas.

Evidentemente que prefeitas e prefeitos, das médias e grandes cidades,


apoiam iniciativas que beneficiam a população, especialmente neste momento
de crise econômica que o Brasil atravessa. No entanto, é preciso destacar que,
nos municípios, serviços na saúde e na educação serão comprometidos, pois
metade do ICMS é destinado para essas áreas.

A FNP calcula que os prejuízos podem chegar a R$ 65 bilhões, dos quais


R$ 16 bilhões seriam devidos aos municípios. No entanto, de acordo com a
União, a expectativa de ressarcimento por parte do governo federal está entre
R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões, valores insuficientes para compensar as reais
perdas, cujos mecanismos de compensação ainda não foram divulgados.

A desoneração de impostos, embora bem vista pela população, pode abrir


um precedente temerário para a responsabilidade fiscal, especialmente no último
ano de mandato, justamente porque deixa a conta para o futuro levando a
eventual descontinuidade de serviços públicos.

Brasília, 07 de junho de 2022.

Frente Nacional de Prefeitos

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