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Texto1 1
ECONOMISTAS
CIP-Brasil. Catalogação-na-Publicação
Cámara Brasileira do Livro, SP
A Economia Mundial e
o Imperialismo
Esboço Econômico
@
1984
EDITOR: VICTOR CIVITA
'Ftulo original:
A Economia Mundial e
o lmperialismo*
Esboço Econômico
Prólogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
PARTE PRIMEIRA
3
4 SUMÁRIO
PARTE SEGUNDA
PARTE TERCEIRA
PARTE QUARTA
A luta dos Estados nacionais, que é apenas a luta entre grupos da mes
ma ordem da burguesia, não cai do céu. Não se poderia considerar esse
choque gigantesco como uma colisão de dois corpos no espaço material.
Muito pelo contrário, ela é condicionada pelo meio parücular em que vi
vem e se desenvolvem os "organismos econômicos nacionais". Estes últi
mos deixaram, há muito tempo, de ser um todo fechado, "economias isola
das", à moda de Fichte ou de Tunin. Fazem parte de uma esfera infinita
mente mais ampla: a economia mundial. Assim como toda empresa indivi
dual constitui uma parte componente da economia nacional, cada uma des
sas “economias nacionais" é também parte integrante do sistema da econo
mia mundial. A partir dai - e do mesmo modo que consideramos a luta
entre empresas individuais como uma das manifestações da vida social eco
nômica - é necessário encarar a luta dos corpos económicos nacionais an
tes de tudo como uma luta entre as diversas partes concorrentes da econo
mia mundial. Nessas condições, a questão do imperialismo, de sua defini
ção económica e de seu futuro, passa a ser uma questão de apreciação das
tendências de evolução da economia mundial e das prováveis modifica
17
18 A ECONOMlA MUNDIAL E O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL
' MARX. KARL. Le Capital. Livro Primeiro, t. ll. p. 251. Tradução de J. Molitor. Não nos referimos.
nos exemplos abaixo, aos países em que o produto mencionado é, em geral_ produzido. mas unicamen
te aos países de onde é exportado.
A NOÇÀO DE ECONOMIA MUNDLAL i9
7 FRIEDRICH, Ernst. Geographic des Velthandels und Weltuerkehrs lena, Gust. Fischer. p. 7.
20 A ECONOMlA MUNDlAL E O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL
"Os produtores só entram em contato social por meio da troca dos produ
tos de seu trabalho, e é nesse intercâmbio que se manifestam os caracteres so
ciais especificos de seus trabalhos individuais. Em outras palavras: os traba
lhos individuais só se revelam como elos do conjunto do trabalho social por
meio das relações que a troca estabelece entre os produtos do trabalho e, por
intermédio destes, entre os produtores.”
° HARMS, Bemhard. WoIkswinscha/I und WeIlwinscIra/t. Versuch der Bcgrunrfung einer IVelriuirscha/rs
fehre. lena, Gusl. Fischer, 1912 p 176
7ZIVERKING, G. Politiquc Commercialc Exrérieure. São Petersburgo_ 1908. Lilrrairc Hcltling, 1905
" BALLOD. C. Grundriss der Slatistik p IIH.
A NOÇÁO DE ECONOMIA MUNDIAL 23
" Ê evidente que, no primeiro caso, a dllerença entre custos de produção tem igualmente um papel a
desempenhar. Ela exprime, entretanto, o lato de se produzirem produtos de naturem diversa; no segun
do caso, ela não o exprime.
'° WOLF. Julius. "Das Internationale Zahllungswesen". Lelpzlg. 1913. p. 62. Int Verófjentlichungen des
Mitteleuropãíschen Wirtscha/Lsuereínsln Deutschland. Fascículo XIV.
" MARX, Karl. Op. cit., p. 55-56. O grilo é nosso.
A NOÇÃO DE ECONOMIA MUNDIAL 25
está submetida. É por esse motivo que nenhum elemento pode servir de si
nal constitutivo determinante para a compreensão da economia social em
geral, e da economia mundial em particular.
(isto é, os interesses nacionais das classes dominantesi” Nem por isso, en
tretanto, a economia mundial deixa de ser economia mundial. '3
'3' STAHLER. Paul. Der Girouerkehr. sefne Entwickfung und intemationafe Ausgestaltung. Leipzig.
1909. p. 127.
“ Essas observações referem-se a opiniões falsamente difundidas sobre a natureza da economia mun
dial. Kalver, por exemplo_ propõe a expressão economia de mercado mundial (Weltrnarktwimchaft).
Segundo Harms, somente os tratados internacionais autorizam a utilização do termo "economia mun›
dial" em sua aplicação à epoca presente. De acordo com Kobatsch (ver sua obra- La Politique Écono
mique Intemationafe. Paris, Ed. Giard et Briére, 1913), uma economia mundial pressupõe forçosamenr
ie um Estado mundial. A expressão “economia mundial" implica em iim de contas. uma classificação
baseada na amplitude dos laços económicos. e de modo algum na diferença dos meios de produção
Eis por que é um absurdo criticar os marxistas (como faz Han-ns), por verem por trás da economia capi
talista tão-somente a economia socialista. sem se darem conta da economia mundial. Harms confunde
classificações que se relacionam a coisas muito diferentes,
CAPÍTULO ll
' "A divisão do trabalho no selo da sociedade, no período manulaiurcirci, é amplamente facilitada pela
expansão do mercado mundial e pelo sistema colonial, que entram na esfera de suas condições gerais
de existência." (MARX, K. Le Capital. t. ll, p. 254.) isso também é verdadeiro para nossa época.
27
28 A ECONOMlA MUNDIALE O PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL
l
MULHALL The Dictionary of Statistics p 439_ WEBB New Dictionary of Statistics p. 450.
2 WEBB. Opfcit _Statistisches Jahrbuch fur das Deutsche Reich
3 MULHALL e WEBB
4 lbid
meios de trabalho. Uma parte cada vez mais restrita do trabalho social é,
em contraposição. consagrada à produção dos artigos de consumo - e é
essa a razão por que a massa específica destes últimos, como valores de
consumo, aumenta desmesuradamente. No plano econômico, esse proces
so traduz-se. sobretudo. pelo aumento da composição orgânica do capital
social. pelo crescimento sempre mais intenso do capital fixo, em relação ao
capital variável, e pela redução da taxa de lucro. Ora, se no capital, decom
posto em parte constante e parte variável, produz-se um incessante aumen
to relativo de sua parte constante, esta, por sua vez, faz igualmente surgir
um crescimento desigual do valor de seus componentes. Se se decompõe
o capital constante em capital fixo e capital circulante (é a este último que,
em geral. se relaciona o capital variável), descobre-se a tendência a um
crescimento mais intenso do capital fixo. Aí, em suma, se manifesta uma
mesma lei, segundo a qual (nas condições de uma crescente produtividade
do trabalho) as operações preliminares de produção (a produção dos
meios de trabalho) devem absorver uma parte sempre maior de energia
social?
Explica-se assim a formidável expansão assumida pela indústria extrati
va e pela indústria metalúrgica. Se, de modo geral, pode-se avaliar o grau
de industrialização de um pais segundo o índice de seu desenvolvimento
econômico, a importância da indústria pesada define o nível de desenvolvi
mento econômico nos paises industrializados. Eis porque o surto das forças
econômicas do capitalismo mundial encontra sua expressão mais nítida na
expansão desses ramos industriais.
4*Marx foi o primeiro a descobrir claramente essa lei e a apresentar uma análise brilhante de suas mani
festações, em seu estudo sobre as causas da queda da taxa de lucro (ver Le Capital. t. Ill, cap. l). Na
pessoa de Bõhm-Bawerk, que considera toda a teoria de Marx como um castelo de cartas. a Economia
Politica burguesa de ho'e plagia com ardor, embora tomando o culdado de mascarar a "fonte". certos
aspectos dessa teoria. É o caso da teoria de Bõhm-Bawerk sobre "os caminhos desviados da produ
ção", teoria que não passa de formulação plorada da Iel de Marx sobre a lonnação da composição or
gânica do capital.
30 A ECONOMIA MUNDIAL E o PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO0o CAPITAL
PRODUÇÃO MUNDIAL:
PRODUÇÃO MUNDIAL
Aumento de Aumento de
187201907 185001907
Importações Exportações
1903 101 944 000 Estados Unidos 78 77
1904 104 951 900 Inglaterra 43 52
1905 113 100 600 Alemanha 105 107
1906 124 699 600 França 25 54
1907 133 943 500 Rússia 100 85
1908 124 345 400 Países-Baixos 110 90
1909 132 515 000 Bélgica 105 84
1910 146 800 300 Índia 75 62
1911 153 870 0001 Austrália 35 74
China 64 79
Japão 30o 2332
' St. Jahrb. f. d. D. R. p. 39; The Statesmank Year-Book.
2 HARMS. Op. clt., p, 212.
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL 35
l LEWIN, D. Der Arbeitslohn und die soziale Entwickelung. Berlim, 1913. p. 141; FlLlPPOV, J. L'Émi
gration. p. 13. O último dado é retirado de The American Year-Book. 1914. p. 385.
2 LEWIN. Op. cit., p. 141.
l Dados de 1902.
2 HARMS. Op. cít., p. 228-229; lSSAlEV. L'Économle Mondlale. p. 82-83.
3WALTERSHAUSEN, Sartorius von. Das uolkswirtschaftliche System der Kapltalanlage im Auslande.
p. 56.
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL 39
Alemanha Bélgica
(Em milhões de marcos) (Em milhões de marcos) (Em milhões de francos)
Argentina ' 92,1 Luxemburgo 32 EstadosUnidos 145,6
Bélgica 2,4 México 1039 Holanda 70
Bósnia 85 Holanda 81,9 França 137
Brasil 77,6 Noruega 60,3 Brasil 143
Bulgária 114,3 Áustria 4021,6 Itália 166
Chile 75,8 Portugal 700,7 Egito 219
Dinamarca 595,4 Roménia 948,9 Alemanha 244
China 356,6 Rússia 3453,9 Argentina 290
Finlândia 46,1 Sérvia 152 Congo 322
Grã-Bretanha 7,6 Suécia 355,3 Espanha 337
Itália 141,9 Suíça 437,6 Rússia 441
Japão 1290.4 Espanha 11,2 Diversos 338'
Canadá 152,9 Turquia 978,1 Total: 2,75bllhões
Cuba 147 Hungria l506,3
'5BOGOLIEPOV, M. "Le Marché Américain". In: Vestnlk Flnansou. n.° 39, 1915.
42 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE [NTERNAClONALlZAÇÃO DO CAPITAL
"l LIEFMANN, R. Op. cit., p. 99-104. E evidente que o financiamento pode não se limitar as filiais. As
sim, em 1912, a firma Knopp financia (em associação com as fimias Vladimir Soloviev e Kraft Irmãos)
a Manufacture de la Caspienne (sociedade anónima), a qual adquiriu os bens de um estabelecimento,
hoje liquidado, fundado no Daguestão pelo industrial moscovita Rechetnikov, pelo banqueiro siberiano
Petrokokino e pelo Banque de Paris et des Pays-Bas (Bideuyie Viedomosti. 15, IV, 1915).
44 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE INTERNACIONALILAÇÁO DO CAPITAL
'9 La Vle Internationale. t. V, 1914. n.” 5, p. 449 (publicado pelo Office Central des Associations Interna
Iionales. Bruxelas).
DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL 45
2° Dr. RIESSER. Dle Deutschen Grossbanken und fhre Konzentratlon ln Zusammenhang mit der
Entwicklung des Gesamtwfrtschaft in Deutschland. 4.' ed., 1912. p. 354.
1' Consultar, em Riesser, a rubrica: "Die gemelnsamen Tochlergesellschaften der deuischen Kredltban
ken zur Pflege überseelscher und auslãndlscher Geschaftsbezfehungen" na obra mencionada acima, à
página 371 et seqs.
71Ibid., p. 375. Deve-se assinalar o rápido desenvolvimento dos bancos alemães: 4, em fins de 1850; 6.
com 32 sucursais, em 1903; 13, com 70 sucursais em 1906.
46 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE lNTERNAClONALlZAÇÃO DO CAPITAL
l Mesmo os economistas burgueses começam a compreende-lo. Eis o que diz Goldsiein: "Que os car
téis e os trustes não estejam em condições de suprimir as crises é o que ressalta do fato de o truste do
aço - em cujas mãos se encontra, incluidas as empresas filiais,90% da produção de aço dos Estados
Unidos - só ter podido explorar pela metade a capacidade de rendimento de suas usinas etc".
(GOLDSTEIN, l. M. Les Syndicats Industriais et les Trusls et Ia Politique Économique Actuelie. 2.' ed.,
Moscou, 1912. p. 5.) Consultar igualmente TUGAN-BARANOVSKY. Les Crises lndustrielles.
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DA ECONOMIA MUNDIAL 49
2 Fizemos o levantamento dos cartéis internacionais na obra de Hanns, já citada, nas páginas 254 e se
guintes. Transcrevemo-lo aqui assim como as informações contidas nesse livro sobre os trustes e os con
sórcios bancários internacionais; sobretudo porque, pelo que sabemos, nada a esse respeito foi publica
do ern língua russa.
IDRMAS DE ORGANILRÇÁO DA ECONOMIA MUNDIAL 51
9 Sartorius von Waltershausen estima ser dos mais limitados o papel das organizações lntemacionais.
Consultar a obra citada, p. 150. Não parece provavel a formação e a existência de sociedades lntema
cionals com direção centrallmda da produção. É evidente, no entanto, que acordos podem vlr a con
clulr-se entre as grandes uniões naclonals a fim de dellmltar os "mercados": Harrns desenvolve um pon
to de vista diametralmente oposto.
'° SZABO, Envin. "Kneg und Wirtschaftsverlassung". ln: Archlv für Sozlalwlssenschafr und Sozlalpolitlk.
Publicado por Jatfé, t. 39, fasciculo 3, p. 647-648.
54 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE lNTERNAClONALlLAÇÃO DO CAPITAL
'l Que pensam os ldeólogos da burguesia contemporânea dessa "Intemaclonal dourada" (na medida,
bem entendido, em que não se trata de opor as "camadas superiores" as "camadas |nferiores"), é o
que mostram as seguintes palavras de Sartorlus: "A 'Internacional dourada' jamais poderá constituir
um Ideal para o homem que possui urna pátria e acredita que, nessa pátria, mergulham as raizes de sua
existência" (Op. cit., p. 14). Isso demonstra que é relativamente débll o processo de internacionalização
dos interesses capitalistas.
PARTE SEGUNDA
' Não podemos, neste livro, entregar-nos a uma explicação pormenorizada das diferenças existentes en
tre essas fonnas; dada a tarefa que aqui nos atribuimos, basta assinalar que não vemos diferença de
principio entre o cartel e o truste, já que este último constitui, a nosso ver_ uma forma mais centralizada
de um mesmo e único objeto. Todas as tentativas (puramente fonnais) (ver, por exemplo, HElLMANN.
Eduard. Ueber lndluiduallsmus e Solldarismus in der Kapitalistischen Konzentrution. Archives Jaffé. t
39. fasciculo 3) de estabelecer uma diferença de principio entre o truste "autocrático" e o sindicato (ou
cartel) "democrático" em nada modificam a essência das coisas, que decorre do papel dessas organiza
ções na economia social. Dai não se depreende_ porém, que nada os diferencia - e, sob esse ângulo
de apredação, é bom estabelecer essa diferença. De toda maneira, entretanto. ela não conáste em
opor um principio "democrático" a um principio "autocratico". Ver a esse respeito o livro de HlLFER
DlNG. Le Capital Finander. Em síntese, essa diferença traduz-se no fato de que. "inversamente à for
mação dO-SUUSÍOS. a cartelização não traz consigo o desaparecimento dos antagonismos entre as empre
sas isoladas que aderem ao cartel". (HlLFERDlNG. "Organlzaüonsmacht und Staatsgewalt". ln; Neue
Zeit. Ano 32, L ll, p. 140 et. seqs.)
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLÍTICA ALFANDEGÁRIA 59
7 lbid. Consultar igualmente RENARD, Georges e DULAC, A. A. L'Éuolution lndustrielle et Agricole De
puis Cent CinquanteAns. Paris_ 1912. p. 204. _
3 GOLDSTElN, l. Les Syndicats Industriais, Les Trusts et La Politique Economlque Contemporalne.
Moscou, 1912. p. 51,
" PHlLlPPOWlCH, Eugen von. “Monopole und Monopolpolltik". ln: Grünberg's Archlu für die Ges
chichte des Soziallsmus und der Arbeiterbewegung. Ano 6, 1915. Fascículo l, p. 158.
60 A ECONOMIA MUNDIAL E O PROCESSO DE NAC|ONALlZAÇAO DO CAPITAL
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A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLÍTICA ALFANDEGÁRLA 61
Não podemos fazer, neste trabalho, por falta de espaço, sequer uma
simples enumeração dos trustes principais, existentes nos diferentes ramos.
Limitamo-nos a indicar que_ à frente do movimento, operam 2 trustes imen
sos - o do petróleo (Standard Oil Co.) e o do aço (United States Steel
Corporation). Eles correspondem a 2 grupos financeiros: o grupo Rockefel
ler e o grupo Morgan.
Na Alemanha, observa-se um movimento semelhante do grande capi
tal. Em 1905, as estatisticas oficiais mencionavam 385 cartéis nos diversos
ramos da produçãos" O Dr. Tschierschky, conhecido teórico e organizador
do movimento de "canelização" na Alemanha, avalia entre 550 e 600 o
número dos cartéis alemãesF Os mais importantes são 2 sindicatos indus
triais: o Sindicato da Hulha do Reno e da Westfália (Rheinisch-Westfãlis
ches Kohlensyndikat) e o Sindicato do Aço (Stahlwerksverband). Segundo
dados de Raffalovitch, o primeiro produziu, em 1905, na bacia de
Dortmund, 85 milhões de toneladas de hulha, enquanto os demais produ
tores reunidos (isto é, os que não pertencem ao sindicato) produziram ape
nas 4,9%, ou 4,2 milhões.7 Em janeiro de 1913, a produção de hulha des
se sindicato elevava-se a 92,6% da produção total da bacia do Rhur e a
54% da produção nacional. O Sindicato do Aço elevou a 43/44% sua par
te na produção do país. O Sindicato do Açúcar (refinarias), que engloba 47
empresas, alcança cifras muito elevadas (70% da venda interna e 80% das
vendas no exterior).3 O truste da eletricidade (formado pelos trustes Sie
mens-Schukert e A. E. G.) representa 40% de toda a energia produzida
etc.
Nos demais países, os sindicatos não têm essa amplitude. Considera
do, porém, em sentido absoluto - e não em confronto com os Estados
Unidos e a Alemanha - o processo de "sindicalização" é, em cada um de
les, muito importante.
Na França, há grande número de sindicatos industriais na metalurgia,
na indústria do açúcar, na vidraria, na indústria do papel, na indústria do
petróleo, nas indústrias têxtil e química, na extração da pedra etc. Os mais
importantes são o Comptoir de Longwy, que vende quase todo o ferro fun
dido fabricado na França; o Syndicat du Sucre, cuja hegemonia no merca
do é quase completa; a Société Générale des Glaces de Saint-Gobain, que,
igualmente, exerce monopólio quase integral etc. E necessário mencionar
ainda toda uma série de sindicatos agrícolas, com relações estreitas com as
"Uma parte sempre maior do capital industrial não pertence aos industriais
que o põem em circulação. Contam com esse capital apenas por intermédio
do banco que, em face deles, representa os proprietários do dito capital. O
próprio banco, por outro lado, é obrigado a engajar na indústria uma parte
crescente de seus capitais. O resultado é que o banco se transforma, cada vez
mais, num capitalista industrial. Esse capital bancário, isto é, esse capitaI-dí
nheiro - que é assim efetivamente transfonnado em capital industrial- eu o
chamo de capitalfinanceiro?”
"Só deveremos aqui", lê-se em seu livro, "tratar da legislação aduaneira co
mo instrumento de formação da indústria. As medidas de proteção só se justi
ficam quando representam um recurso destinado a encorajar e proteger a po
tência manufatureira interna - e isso apenas nas nações (...) chamadas a co
locar-se em pé de igualdade corn as primeiras nações agrícolas, manufaturei
ras, comerciais, e nas grandes potências navais e continentais."24
2" LIST, Friedrich. Gesammelte Schriften. Publicado por Ludwig Haüser. 3 parta, Stuttgart und Tübin
gen, 1851. "Das Nationale System der politischen Oekonomte". p. 302-303.
68 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE NAClONALlZj-\ÇÃO DO CAPITAL
5 MARX, Karl. Le Capital. Livro Terceiro. p. 118, nota de Engels. Nada disso, porém, impede que H.
Grunzel deixe de assimilar o sentido dos fenômenos assinalados acima. Ver sua Handelpolitlk. 4.' ed.
"Grundriss der Winschaftspolitik". p. 76. É justo, no entanto, reconhecer que a dllerença existente en
tre os direitos aduaneiros educativos e cartelistas é, de Brentano a Hilferding, um lugar comum na litera
tura referente à Economia Politica. Ver, por exemplo. HELLAUER, Joseph. System der Welthandelsleh
re. 1910. t. l, p. 37; TSCHIERSCHKY. Op. cit., p. 86 et seqs.
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLITICA ALFANDEGARIA 69
2”Não se deve esquecer que quando falamos de politica etc. dos paises queremos referir-nos à politica
dos governos e das forças sodais bem definidas, sobre as quals tals governos se apóiam. Infelizmente,
ainda é necessário recordar isso, nos dias de hoje, dado que "o ponto de vista nacional estatal que, sob
o ângulo da ciência. é absolutamente inconsistente", é o mesmo de homens do gênero de Plekhanov e
companhia. r
T' ISSAIEV. L'Economte Mondlale. p. 115-116. Seja dlto, de passagem, que as "explicações" do Prof.
Issatev não deixam de ser curiosas. A elevação das tarifas, de 1862 a 1864, explica-se, por exemplo, pe
las "inclinações proteclonlstas dos homens que admlnlstravam as finanças americanas". Textual! (p.
114-115). Ver igualmente GRUNZEL. Op. clt.
70 A ECONOMIA MUNDIALE O PROCESSO DE NACIONALIMÇÃO DO CAPITAL
z*ASCHLI, W. J. "La Conference Impériale Britannlque de 1907". ln: Revue Économique lntemationa
le. 1907. t. IV, p. 477.
2° Acréscimos de Kurtchlnsky à brochura, já citada, do Prof. Eberg, p. 411. Mesmo o Sr. Kunchlnsky
afirma que a majoração dos direitos alfandeganos sobre os artigos manufaturados alemães "foi pouco
vantajosa para a economia nacional russa" (p. 412). Não confunde, pois, "economias" com "emprega
dores". Aviso aos que, "no final de seus dias, relazem sua educação".
A ESTRUTURA INTERNA DAS ECONOMIAS NACIONAIS E POLÍTICA ALFANDEGÁRlA 71
3° Quando falamos de capital nacional, de economia nacional etc. não temos em mente o elemento na
cional, no sentido próprio da palavra, e slm, em todas as situações, o elemento territorial nacional da vi
da económica.
CAPÍTULO V
' MARX, Karl. Le Capital. t. IV, p. 267. Trad. Julian Borchardt e Hlppolyte Vanderrydt.
73
74 A ECONOMIA MUNDIAL E O PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL
"O comércio internacional", diz ele, "traz um lucro cuja taxa é mais eleva
da porque oferece mercadorias a países menos avançados do ponto de vista
do processo de fabricação; e porque pode vendê-las acima de seu valor, em
bora a preços inferiores ao seu. O trabalho dos países avançados apresenta
se, nesse caso, como um trabalho de peso específico mais alto, e é estimado
como trabalho de qualidade superior, ainda que não seja pago como tal: daí,
necessariamente, uma elevação da taxa de lucro. O que não impede que o
produto seja fornecido ao país para o qual é exportado, a um preço inferior
àquele pelo qual esse país poderia produzi-lo, já que a quantidade de traba
lho nele introduzida pelo país exportador é muito menor que a que lhe seria
consagrada pelo país menos desenvolvido. Da mesma forma, ao aplicar uma
_novainvenção, um fabricante pode aproveitar-se, enquanto ela não se gene
ralizar, da produtividade específica mais alta do trabalho que realizou, e aufe
rir, assim, um lucro suplementarR vendendo suas mercadorias menos caro
que seus concorrentes, embora a um preço que ultrapassa sensivelmente seu
valor. Por outro lado, os capitais investidos nas colônias trazem lucros de taxa
mais elevada, pois, no plano econômico, essa é a regra nos países pouco de
senvolvidos, nos quais se fazem trabalhar escravos e coolies e se explora o tra
balho com dureza muito maior. Sob um regime de livre concorrência, nada se
opõe - a menos que certos monopólios façam sentir sua influência- a que
essas taxas mais elevadas contribuam para certa majoração da taxa geral de
lucro."
A França operou com sucesso nada menor. "A partir de 1870", escre
ve um imperialista francês, "assistimos a uma verdadeira ressurreição colo
nial. A lll República submete o Anam a seu protetorado, faz a conquista de
Tonquim, anexa o Laos, estende o protetorado francês ã Tunísia e às Co
mores, ocupa Madagascar, aumenta desmesuradamente suas possessões
do Saara, do Sudão, da Guiné, da Costa do Martim, do Daomé, das costas
da Somália, e funda a nova França, que vai do Oceano Atlântico e do Con
go ao lago Chade.” No ñm do século XIX, a superficie das colônias france
sas era 19 vezes superior à da própria França.
O imperialismo alemão intervém mais tardiamente: faz, entretanto, o
que pode para recuperar o tempo perdido. A política colonial da Alemanha
data de 1884. lnicia-se com a conquista do sudoeste africano, do Cama
rões, do Togo, da África oriental alemã; com a "aquisição" da Nova Guiné
e de uma série de ilhas (Terra do imperador Guilherme, arquipélago Bismarck,
ilhas Carolinas, ilhas Marianas etc.). A seguir é a conquista, em 1897, de Kiao
Tcheou e a preparação de uma exploração sem freios da Turquia e da Ásia Me
nor. Toda essa "evolução" realiza-seem ritmo verüginosoÍ
No que tange à política colonial russa, recordaremos ao leitor a con
quista da Asia Menor, a política manchu e mongol e, nestes últimos tempos,
a política persa da Rússia, encaminhada, como se sabe, com o concurso da
Inglaterra (o herói dessa politica é o coronel Liakhov).3
O mesmo sucede com a politica dos países situados fora da Europa,
entre os quais ocupam o primeiro lugar os Estados Unidos e o Japão.
Em seguida à partilha das regiões não ocupadas e, em grande parte,
dos mercados livres, a concorrência mundial entre os grupos capitalistas
"nacionais" devia fatalmente agravar-se ao extremo. O quadro na página
seguinte dá uma idéia da atual repartição dos territórios e dos habitantes.
As grandes potências adquirem assim, no periodo que vai de 1876 a
1914, cerca de 25 milhões de quilômetros quadrados, 2,5 vezes a superfí
cie da Europa. O mundo acha-se quase inteiramente dividido entre os “se
nhores" das grandes potências. Compreende-se, nessas condições, que a
concorrência assuma gravidade excepcional e que os impulsos da expan
são capitalista, nos paises ainda não ocupados, aumentem na mesma medi
da em que crescem as possibilidades de guerra entre as grandes potências
capitalistas?
° GAFFAREL, Paul. Histoire de !Expansion Coloniaie de la France Depuis 1870 Jusqu'en 1915.
(Preámbulo). _
7 KÕWlG, B. von. "Le Développement Commercial, Economique et Financier des Colonies Alleman
des". ln: Revue Écon. Int. 1907. v. 4, p. 130 et seqs.
5Ver POKROVSKY, M. N. La Polltique Exténeure de Ia Rusie à la Fin du XIX' Siécle. Fascículo 35.
° Todos os conflitos internacionais que se produziram desde 1871 podem ser imputados à política colo
nial. Ver PRlDA, Joaquim Fernandez. Historia de los Conflitos lntemationales del Siglo XIX. Barcelona,
1901. p. 118 et seqs. Se a politica expansionista visa, em primeiro plano, às regiões ainda não ocupa
das. isso se deve tão-somente a que a burguesia segue a linha do menor esforço.
78 A ECONOMIA MUNDIAL E O PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL
Superfície
Superfície das colônias das TOM¡
metrópoles
Grandes
paramos 1876 1914 1914 1914
km” habit. km2 habit. km2 habit. km2 habtt.
"As leis do comércio", escreveu este último, "são leis naturais e, portanto,
leis de Deus".
' A respeito da "escola histórica", Marx observa maliciosamente em um de seus trabalhos que a histó
ria aponta apenas seu a posteriorl', como o fizera Jeová a Moisés. líssa observação fere, em cheio. os re
negados atuais do mandsmo.
2 Ver KUNOW, Heinrich. Partei-Zusammenbruch? Ein offenes Won zum inneren Parteistreir. Berlim.
1915.
"NECESSIDADE" DO lMPERlALlSMO E DO SUPERIMPERIALISMO 127
Por radical que se apresente ã primeira vista, nem por isso essa teoria
deixa de ser essencialmente reformista. Mais tarde, analisaremos, em seus
pormenores, a possibilidade de um "capitalismo pacífico", à maneira de
KautskV "su P erim P erialismo"). No momento, limitar-nos-emos a uma ob
jeção de ordem geral e formal, ou seja, que, pelo fato de ser o imperialis
mo uma questão de correlação de forças, não se pode deduzir que ele de
sapareça no contexto do regime capitalista, como foi o caso da jornada de
15 horas, dos salários anormais etc. Se a questão se resolvesse com tanta
sim licidade assaria a ser ossivel "tra ar a ers ectiva se uinte: sabe-se
p . p p _ _
q ue o ca P italismo P ressu P õe a a ro na ao da mars-valia elos ca P italistas.
Todo novo valor N decompõe-se em duas partes: N = V + m. Quantitati
vamente considerada, essa repartição depende da correlação de forças so
5 KAUTSKY, Karl. Nationalstaat, imperiallsticher Steat und Staatenbund; e artigos de Neue Zeir dos
anos 1914/15. Além disso, Kautsky se manlfeslava, muito antes, a favor do ponto de vista que se ex
põe a seguir. Foi esta, por exemplo, sua atitude na questão do “desarmamentdÍ
"NECESSIDADE" DO lMPERlALlSMO E DO SUPERLMPERIALISMO 129
9 Para evitar qualquer mal-entendido, constatamos que essa afirmação não contradiz, no que quer que
seja, nossa afirmação anterior, segundo a qual o desenvolvimento económico dos paises avançados
criou as "condições objetivas" para a organização social da produção. Sob esse ângulo. os paises adian
tados acham-se a um nivel quase igual. Não há contradição entre as duas afirmativas, dado que os ter
mos de comparação não são os mesmos.
132 O FUTURO DA ECGDMIA MUNDlALE O lMPERlALlSMO
* A burguesia tem plena consciência disso. Eis, por exemplo, o que escreve o professor alemão Marx
Krahmann (ver sua obra Krieg und Monranlndustrie. 1.' ed. da série Krieg und Volkswirtschaft): "Da
mesma forma que na pequena guerra mundial presente, na grande guerra que virá a seguir, e que porá
em choque a América do None e o Extremo Oriente, será Impossivel que um grupo de Estados agrá
rios se bata contra urna coalizão de Estados Industriais. l...) A paz universal estaria, portanto, assegu
rada se os Estados industriais pudessem pór-se de acordo. Acontece que, no momento, essa eventuali
dade está excluída " (p. 15).
a. -..
“NECESSIDADE" DO IMPERIAIJSMO E DO SUPFBINWERMLISMO 15.4