You are on page 1of 23
fl = UNSAV= CENTRO DE FORMAGAO TECNICO PROFISSIONAL, Texto de Apoio Teorias de Educagao e Diversidade Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife indice Pag. 1. INTRODUCAO, 3 2. PRINCIPIOS EDUCATIVOS.. rcs . seininnintineetnnnnecn ssa 3. AESCOLA COMO INSTITUICAO EDUCATIVA.. 7 4. DIMENSOES DA EDUCAGAO NA DIVERSIDADE. Een 4.1. Diversidade e Inclusao: 4.2. A importancia de olhar para dentro da diversidade como valor. 13 5. INCLUSAO COMO PROMOGAO DA CIDADANIA E RESPEITO A DIVERSIDADE. 13 5.1. Q espaco da diversidade no quotidiano escolar. 5.2. Exclusdo, diversidade e construgao da identidade... 6. CONCEPGOES E INTERPRETAGOES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE 6.4, Diversidade...rmnrnnnnnnnnnnnnnnnnnn snennnnnncnnennnne 62. Desigualdade... “ so 7. DIVERSIDADE, ALTERIDADE E -€ EDUGAGAO... 7.1. Alleridade e o reconhecimento do outro... 7.2. Desafios do professor em relagao a alteridade seen 8. MULTICULTURALISMO COMO DESAFIO PARA A EDUCAGAO... . sesnnnedO 8.1, _Desafios do professor em relagao a0 multiculturalismO 0.00 sooeeennnnnnnne 2 9. POLITICAS PUBLICAS PARA EDUCAGAO INCLUSIVA EM MOGAMBIQUE 21 Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 1. INTRODUGAO © presente Médulo pretende levar ao professor reflectir sobre 0 que vivemos em um mundo de diversidades, onde a individualidade humana deve ser respeitada, reconhecida e aceite, uma vez que, comprovadamente somos diferentes uns dos outros, © que faz com que todos nés tenhamos capacidades e limitagdes para aprender. Neste contexto, cabe ao professor reconhecer seu papel de mediador de aprendizagens, para todos os alunos, devendo ser esta mediagao desprovida de preconceito, estigma e exclusao. Acredita-se, portanto, ser necessario oferecer subsidios aos professores para auxilid-los na condugo de sua pratica pedagégica inclusiva, deste modo, o presente texto tem por objetivo re-significar 0 pensar e o agir do professor, frente ao processo de ensino e aprendizagem no contexto de uma escola aberta as diferencas, levando-os a pratica da agao-reflexéio-agao. A diferenga proveniente da pluralidade, forga a educagao a rever seus préprios pressupostos, renovando os objetivos da educagéo, que se desenvolvem por meio de uma diversidade de programas e expressam variantes de uma ideia de bem. As teorias de educagao servem como um instrumento para diagnosticar e analisar as diferentes formas de aprendizagem, servindo com uma base para o professor poder lecionar suas aulas com melhor qualidade e maior éxito. Cada teoria tem sua particularidade, que é determinada por sua escola ou representante Nas sociedades contempordneas, a pluralidade de formas de vida traz uma multiplicidade de bens que exige consensos minimos a partir de uma racionalidade publica, de modo a tomar possivel a convivéncia humana ‘A presente Ficha foi compilado pelo formador da Cadeira e pretende discutir as seguintes areas de aprendizagem: principios educativos; Escola como instituigao educativa; dimensées da educagao na diversidade; Incluséo como promogao da cidadania @ respeito a diversidade; concepgées @ interpretagdes de diversidade e de desigualdade; diversidade, alteridade e educagao e, multiculturalismo como desafio para a educagao. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 2. PRINCIPIOS EDUCATIVOS Os principios educativos sao elementos que, de uma ou de outra forma, esto sempre presentes @ sd os que justificam, em ultima instancia, toda a proposta educativa. Nos levam a analisar e a reflectir sobre como se tem desenvolvido a educagao ao longo da historia e quais so as constantes da tarefa educativa. A seguir apresentamos alguns dos varios principios educativos: Principio da orientagéo a um objectivo do processo educativo: a educacao significa, sempre, colocar objectivos, deixar dirigir-se por objectivos, ambicionar resultados, empregar todas e aproveitar todas as possibilidades para realizar os objectives ambicionados. Principio da complexidade da educagao: a consideragéo complexa (ou acesso ‘complexo @ educagdo) significa a influéncia consequente sobre todos os lados da personalidade (intelectual, civica, estética, moral, sexual,.). Isto exige uma tal organizagao das actividades dos educandos de forma que a aprendizagem, o trabalho, a actividade social, politica, estético-cultural, desportiva, etc., formem um sistema no processo educativo. Principio da unidade entre 0 desenvolvimento da personalidade individual e dos outros membros da comunidade educativa:a vida colectiva deve ser organizada de modo que as criangas e os jovens aprendam cedo a pér as suas aptidées ao servigo da comunidade e exercer actividades sociais sensatas, prudentes ¢ iteis Principio da consideragao das particularidades individuais e de idade:o professor deve conhecer as particularidades individuais, promover as qualidades positivas, interromper @ eliminar os desenvolvimentos problematicos. Por outro lado, a manifestacdo da individualidade é momento essencial da personalidade. Por isso é necessério desenvolver bem a individualidade de cada um. Principio da unidade entre o objective, 0 contetido, os métodos e as condigées:entre 0 objective, 0 contetido e os métodos da educacao existem conexées regulares. O educador (pedagogo) tem de partir do objectivo da educago, escolher 0 contetido da educagaio que deve ser assimilado pelos Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 5 educandos, ¢ determinar métodes que devem provocar e dirigir as actividades dos educandos e que estejam adequadas ao objectivo e ao contetido vi. Principio de estabilidade ¢ durabilidade dos resultados da educagao ¢ do seu uso no processo educativo ulterior:a educagao esta orientada a resultados a lograr quer na educaco das criangas e do adolescente singular, como de varios educandos. A actividade educativa esté orientada a conseguir resultados educativos estaveis e duraveis. Ora, © sucesso formative numa instituigao educativa inclusiva depende da formagao dos seus actores principais. Alias, toda a formagao baseada em padrées de competéncia requer do formador algumas competéncias ou habilidades que peculiares dai que urge questionar: Quem é o formador na pratica pedagégica escolar? Na praxis pedagégica o formador 6 aquele que tendo adquirido 0 nivel de cultura (conjunto de saberes diversificados que caracterizam uma determinada sociedade) necessario para o desempenho de sua actividade, dé direccao ao processo educativo! Ele assume o papel de mediador entre a cultura elaborada, acumulada e em proceso de acumulagao pela humanidade, e 0 formando, © formador fara a mediagao entre 0 colectivo da sociedade e 0 individual do formando. Ele exerce o papel de um dos mediadores sociais entre o universal da sociedade e o particular do formando. Para que possa exercer 0 seu papel, o formador deve possuir conhecimentos @ habilidades suficientes para poder auxiliar 0 formando no processo de elevagao cultural. Deve ser suficientemente preparado para compreender cada formando como um ser singular, isto é, com particularidades individuais que o diferencia de um outro formando. Para tanto, o formador deve possuir algumas competéncias ou qualidades, tais como: compreensao da realidade com a qual trabalha, competéncia no campo tedrico de conhecimento em que actua, competéncia técnico-profissional, etc. Assim, vamos passar a discutir cada uma das competéncias que julgamos sejam indispensaveis para * Luckesi, Cipriano Carlos. Filosofia da educagdo. 22ed., Cortez, Sdo Paulo, 1994. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 6 que o formador desempenhe da melhor forma possivel o seu papel de mediador entre o conhecimento e os formandos. a. Compreensao da realidade social na qual actua Em primeiro lugar, o formador dificilmente podera desempenhar seu papel na praxis pedagégica se nao tiver uma certa compreensao da realidade social na qual actua. Precisa compreender a sociedade na qual vive, através de sua historia, sua cultura, suas relagdes, suas perspectivas de transformacao, ete. Enfim, o formador ndo podera ser ingénuo no que se refere ao entendimento da realidade na qual vive e trabalha. Caso contrario, sua actividade profissional nada mais sera que reprodugao da sociedade, via senso comum hegeménico. b. Dominio técnico-cientifico da area em que actua Em segundo lugar, o formador necesita conhecer bem o campo cientifico com o qual trabalha. Independentemente do campo tedrico em que trabalha, o formador tem necessidade de possuir competéncia tedrica suficiente para desempenhar com adequagéo sua actividade. Nao pode, de forma alguma, mediar a cultura (saberesiconhecimentos) de sua rea se no detiver os conhecimentos ¢ habilidades que a dimensionam. Nao é apenas com rudimentos/ragmentos de conhecimentos adquiridos nos livros didacticos que um formador exerce com elevada competéncia 0 ‘seu papel. O livro formador é util no processo de ensino, mas ele nada mais significa do que uma cultura cientifica estilizada. E muito pouco para o formador que deseja e necessita deter os conhecimentos de sua area. c. Dominio dos métodos e técnicas de ensino Em terceiro lugar, o formador deve deter habilidades e recursos técnicos de ensino suficientes para possibilitar aos formandos a sua elevacao cultural através da apropriago da cultura elevada. Ensinar ndo significa, simplesmente, ir para uma sala de aula onde se faz presente uma turma e “despejar” sobre ela uma quantidade de contevidos. Ensinar é uma forma técnica de possibilitar aos formandos a apropriagao da cultura elaborada da melhor e mais eficaz forma possivel. Para tanto, sera necessario deter recursos técnicos e habilidades de comunicagao que facilitem a apropriagao do Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 7 ‘que se comunica. © formador necesita possuir habilidades na utilizacdo e aplicagao de procedimentos de ensino. c) Amor pela actividade educativa Por Ultimo, esses elementos todos se completam com uma habilidade afectiva. E preciso ter paixao pela actividade. Grasmci, lembra que os intelectuais, na maior parte das vezes, esquecem-se do sentimento em suas actividades. E preciso estar em sintonia afectiva com aquilo que se faz. O formador que faz de sua actividade apenas um meio para ganhar dinheiro dificilmente estara comprometido com a elevagao cultural dos educandos. O salario ndo paga os trabalhos inerentes a docéncia. Por isso, torna- se importante, para além da competéncia tedrica e técnica, uma paixdo pelo que se faz. ‘Sem essa paixdo as demais qualidades necessarias ao formador, tornam-se formais ¢ frias. Faga um mapa conceptual que resume as principais ideias patentes no texto com fundo cinzento. AUTO-AVALTACAO 3. A ESCOLA COMO INSTITUIGAO EDUCATIVA O que é, entéo, a escola? Esta pergunta é susceptivel de uma pluralidade de respostas. Nao hd dividas de que estamos em presenga de uma invengao histérica, contemporanea da dupla revolucéo industrial e liberal que baliza o inicio da modemidade e que introduziu, como novidades, o aparecimento de uma instancia educativa especializada que separa o aprender do fazer; a criagéo de uma relagdo social inédita, a relaco pedagégica dentro de uma classe, etc; A compreensao deste conjunto de novidades apela a uma distingdo analitica entre trés lensdes da escola que pode corresponder a uma tentativa de definigao: a escola é uma forma, é uma organizagao e é uma instituigéo. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 8 A forma escolar representa uma nova maneira de conceber a aprendizagem, em ruptura com os processos de continuidade com a experiéncia e de imersao social que prevaleciam anteriormente. A escola corresponde, também, a uma nova organiza¢ao que, tendo tornado possivel a transigao de modos de ensino individualizados (um mestre, um aluno) para modos de ensino simulténeo (um mestre, uma classe), viabilizou a emergéncia dos sistemas escolares modernos. A escola é uma instituigéo que, a partir de um conjunto de valores estaveis e intrinsecos, funciona como uma fabrica de cidadéos, desempenhando um papel central na integragdo social, na perspectiva durkheimiana de prevenir a anomia? e preparar a insergdo na divisdo social do trabalho. Como instituigao, a escola desempenha do ponto de vista histérico, um papel fundamental de unificagao cultural, linguistica e politica, afirmando-se como um instrumento fundamental da construgao dos modernos estado- nagao. A escola é um dos meios de adaptagao ou ajustamento de que a sociedade se serve para subsistir. Por meio da escola a sociedade conserva suas caracteristicas, perpetua suas instituigdes e formas de vida. A escola tem assim, antes de mais nada, uma misso conservadora, de formar as geragées jovens no espirito da sociedade. Ou seja, a escola é reprodutora dos valores sociais. Porém, nao s6 deve ser reprodutora, deve ser também transformadora, ou seja, tem de constituir-se como um lugar de melhoramento social, pois, ela néo deve ser mero reflexo da sociedade, mas sim aspiragaio ou melhoramento dela. Dai que se deve olhar para a realidade social que a circunda, os problemas de seu tempo, etc. A escola realiza um trabalho educativo mais eficiente do que a sociedade, por varias raz6es, a saber: a) executa no periodo da vida de maior plasticidade®, a infancia 2 um conceito que se refere ao estado social de auséncia de regras e normas, onde os individuos desconsideram o controlo social que rege determinada sociedade. Assim, as ditas sociedades andmicas sé consideradas andrquicas, pois as pessoas deixam de seguir as referéncias sociais e morais que foram outrora estabelecidas por uma ordem comum. 2A plasticidade cerebral é a capacidade que 0 cérebro tem em se remodelar em funcdo das experiéncias do sujeito, reformulando as suas conexdes em funcdo das necessidades e dos factores do meio ambiente. Compiiado por: Ma Anibal Froncsco Naife 9 adolescéncia; b) realiza de forma sistemdtica; c) é dirigida ou realizada por pessoas especialmente preparadas para essa misséo, os educadores; d) dispde de meios técnicos e materiais adequados. Contudo, alguns autores alertam para o actual cenario da escola. Sera que a escola tem futuro? O diagnéstico sobre a situagao actual da escola é sombrio. O problema pode ser sintetizado em trés facetas: a escola, na configuracdo histérica que conhecemos (baseada num saber cumulativo e revelado), 6 obsoleta, padece de um défice de sentido para quem nela trabalham (professores e alunos) e é marcada, ainda, por um défice de legitimidade social, na medida em que faz 0 contrario do que diz (reproduz e acentua desigualdades, fabrica exclusdo relativa). Nao é possivel adivinhar nem prever o futuro da escola, mas é possivel problematiza-lo. Ou seja, 6 desejavel agir estrategicamente, no presente, para que o futuro possa ser 0 resultado de uma escolha e nao a consequéncia de um destino. E nesta perspectiva que pode ser fecundo e pertinente imaginar uma “outra” escola, a partir de uma critica ao que existe. Assim, a construgao da escola do futuro devera orientar-se por trés finalidades fundamentais* i. Ade construir uma escola onde se aprenda pelo trabalho e nao para o trabalho, contrariando a subordinagao funcional da educagao escolar a racionalidade econémica vigente. E na medida em que o aluno passa a condi¢ao de produtor que nos afastamos de um concep¢éo molecular e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da repeticao de informago para a produgdo do saber; ji, A de fazer da escola um sitio onde se desenvolva e estimule 0 gosto pelo acto intelectual de aprender, cuja importancia decorrerd do seu valor de uso para “ler” e intervir no mundo e nao dos beneficios matérias ou simbélicos que promete o futuro; ili, A de transformar a escola num sitio em que se ganha gosto pela politica, isto é, onde se vive a democracia, onde se aprende a ser intolerante com as injustigas ea exercer 0 direito a palavra, usando-a para pensar o mundo e nele intervir. 4 CANARIO, R. O que é a Escola? Um “olhar” sociolégico. Porto Editora, Porto, 2005 p.87 Compilado por: Ma Anibal Francisco Noife 10 A transformagao da escola actual, implica agir em trés planos distintos®: iii. Os Pensar a escola a partir do ndo escolar. A experiéncia mostra que a escola é muito dificilmente modificavel a partir da sua propria ldgica. A maior parte das aprendizagens significativas realizam-se fora da escola, de modo informal, e sera fecundo que a escola possa ser contaminada por essas praticas educativas que, hoje, nos aparecem como portadoras do futuro. Desalienar 0 trabalho escolar, favorecendo o seu exercicio como uma “expressao de si", quer dizer, como uma obra, o que permitira passar do enfado ao prazer. Pensar a escola a partir de um projecto de sociedade, com base numa ideia do que queremos que sejam a vida e 0 devir colectivos. Nao serd possivel uma escola que promova a realizagéo da pessoa humana, livre de tiranias e exploracao, numa sociedade baseada em valores e pressupostos que sejam o seu oposto. professores e os alunos séo, em conjunto, prisioneiros dos problemas @ constrangimentos que decorrem do défice de sentido das situages escolares. A construgdo de uma outra relagao com o saber por parte dos alunos e de uma outra forma de viver a profissao por parte dos professores tém de ser feitas a par. A escola exigiu historicamente, como requisito prévio da aprendizagem, a transformagao das criangas e dos jovens em alunos; construir a escola do futuro supde, pois, a adopgao do procedimento inverso: transformar os alunos em pessoas. Sd nestas condigdes a escola poderé assumir-se, para todos, como um lugar de hospitalidade. AUTO-AVALIACAO Faga um mapa conceptual que resume as principais ideias patentes no texto com fundo cinzento. Sibidem, p.88 Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife u BIBLIOGRAFIA BASICA BERTRAND, Yves. Teorias Contempordneas da Educagdo. Instituto Piaget, 1991. CHAUQUE, Venancio. Léxico Pedagégico. Educar, Maxixe, 2014. CANARIO, R. O que é a Escola? Um “olhar" sociolégico. Porto Editora, Porto, 2005. CHIOSSO, Giorgio. | significati dell'educazione: teorie pedagogiche e della formazione contemporanee. Mondadori Universita, Milano, 2013. CRATO, Nuno. O Eduqués em Discurso Directo: uma critica da Pedagogia Romantica ¢ Construtivista.13 ed., Gradiva, Lisboa, 2011 D'COSTUMES, Gregério. Do Senso Comum Pedagégico 4 Pedagogia Cientifica de Gaston Bachelard, Educar, Maxixe, 2014. D'COSTUMES, Gregério. Da urgéncia da formagéo do ‘professor intercultural’ na sociedade das diferengas. Guthi: Letras e Humanidades + Revista Cientifica da UP- Maxixe, Vol 1, 2018, pgs 17-24. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da educacao. 22ed., Cortez, So Paulo, 1994 PERRENOUD, Philippe. A Pedagogia na Escola das Diferengas: fragmentos de uma sociologia do fracasso.2* ed., Artmed, Porto Alegre, 2001. 4, DIMENSOES DA EDUCAGAO NA DIVERSIDADE ‘A escola deve ser vista como um espago neutro, publico, de todos e, portanto, deve facilitar uma convivéncia das pessoas bem como possibilitar a educagao mais ampla de pais, alunos, educadores no sentido de buscar, problematizar as situacdes da propria escola, seu entomo, da cidade e do pais bem como almejar a melhoria das condigées de vida e de existéncia dos seres do Planeta, Nesse sentido, no entendimento do conceito de democracia como um espago onde os participes se manifestam livremente, exteriorizam suas ideias e valores, deve ser permeado pelo respeito mesmo e apesar dos conflitos e interesses divergentes. Nesta linha direito a verbalizagao das ideias, opinides e decisao devem ser supremas no espaco escolar. Lembrando que esse espaco é piiblico, ¢ de todos e a participagao se da na apresentagdo da opinido. E neste ponto que se apresenta a primeira dimensdo da Compitado por: Ma Anibal Francisco Nate 2 diversidade, qual seja, 0 reconhecimento das diferengas entre os seres humanos como trago caracteristico da nossa natureza. Ora, no espago pliblico que é a escola, percebe- se a presenca de pessoas que pensam de forma diversa uma das outras e que assim mesmo precisam “negociar’ os interesses diversos, assim jd de inicio se inicia o processo de reconhecimento, mesmo que tacito, da diversidade, uma vez que para existir de facto esse respeito é preciso reconhecer que na escola hd diferentes pessoas oriundas de diferentes classes sociais, culturais, religiosas etc. e por sua vez esto em permanente interagao que envolve interesses, culturas, visées de mundo e desta feita nao pode haver o maniqueismo da verdade ou de valores e tampouco seu monopdlio.. Segundo Carvalho, 2002, p.44: 16 “[...] a escola precisa abandonar um modelo no qual se esperam alunos homogéneos, tratando como iguais os diferentes, e incorporar uma concepgao que considere a diversidade tanto no mbito do trabalho com os contetidos escolares quanto no das relagées interpessoais.” 4.1, Diversidade e Inclusao: Segundo 0 dicionario (Aurélio, 2015) a palavra diversidade é apresentada como uma qualidade ou condigéo do que é diverso, diferenga, dessemelhanca, multiplicidade, oposigo etc. No entanto para a educagao diversidade tem haver, no actual contexto, como democracia, respeito, oportunizar, aceitar, solidarizar, compreender, conviver. Como fazer para que as diferengas, em vez de nos separar, nos fortalegam? Como impedir que a diversidade se transforme em desigualdade e exclusdo social? Mais do que isso, como estimular a diversidade e aprimorar agdes para a construgéo de uma sociedade mais justa e equitativa? Essas sdo questées que devem pautar o trabalho realizado na Educagao Integral, a medida que ela busca 0 desenvolvimento pleno de criangas e adolescentes. Isso sé & possivel se considerarmos que cada um tem suas singularidades e seus determinados contextos. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife B 4.2, Aimportancia de olhar para dentro da diversidade como valor A abordagem a diversidade ¢ feita por meio do olhar para dentro da Organizagao/Instituigses da Educagéio, em uma reflexdo sobre a sua histéria e suas praticas. Os marcadores sociais de raga/etnia, género, sexualidade, religido, cultura condigéo de deficiéncia, séo alguns dos aspectos que determinam o processo de educagao na inclusdo e na diversidade. A ideia no é alinhar pessoas diferentes umas das outras para se ter 0 conceito de diversidade. Valorizar a diversidade é mais do que isso. Tem a ver com relagdes nao hierarquizadas pelos marcadores sociais. O que quer dizer isso? Que a opinido de um homem nao seja mais valorizada do que a de uma mulher, que 0 posicionamento de uma pessoa heterossexual nao tenha mais fundamento que uma pessoa homossexual simplesmente por conta de género ou sexualidade......", A partir desse olhar, se pode pensar como agir e se mobilizar para promover uma cultura de inclusdo e valorizagao da diversidade, tracando metas e objetivos que tratem das desigualdades sociais que se encontram na Organizagaolinstituigses da Educagao @ até mesmo dentro do sector no geral. O racismo possui um papel estrutural na sociedade, de modo que o seu enfrentamento 6 necessério para que tenhamos uma sociedade efetivamente democratica e justa. Por isso, cabe a toda sociedade e dirigentes a todos os niveis, o grande desafio de se despirem, de reverem seus discursos e praticas. Até porque o racismo nao se faz presente apenas por meio de ataques explicitos, o que fica nas entrelinhas e até mesmo os siléncios também podem revelar situagées de discriminagao racial. 5. INCLUSAO COMO PROMOGAO DA CIDADANIA E RESPEITO A DIVERSIDADE A incluso dos alunos que apresentam deficiéncias, com vista a um ensino de qualidade para todos, provoca e exige da escola novos posicionamentos, exige que esta se modernize e que os professores para acompanharem estas mudangas também reformulem suas praticas. E_ uma inovagdo que implica num esforgo de reestruturagao das condig5es actuais da maioria de nossas escolas. O eixo condutor da luta pela Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 4 incluso de todos os alunos nos sistemas educacionais, é, sem diivida, a qualidade de ensino das escolas publicas e privadas, de tal forma que se tornem aptas a responder as necessidades de cada um deles de acordo com suas especificidades. Trata-se de uma adequagao das praticas pedagégicas a diversidade dos aprendizes, reconhecendo e respeitando-os em suas diferentes manifestagSes diante da construgéo do conhecimento. E a compreensao e o reconhecimento de que as dificuldades de alguns alunos nao s4o apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. [.] A escola comum € 0 ambiente mais adequado para garantir 0 relacionamento dos alunos com ou sem deficiéncia e de mesma idade cronolégica, a quebra de qualquer a¢ao discriminatéria e todo tipo de interagao que possa beneficiar 0 desenvolvimento cognitivo, social, motor, afetivo dos alunos em geral. (MANTOAN, 2003 p.38). A incluso escolar é um tema polémico, especialmente quando consideramos a responsabilidade delegada ao professor em relagdo a inclusdo. Mesmo que prevista nos curriculas e garantida na escola através das politicas educacionais, a inclusdo permanece uma fonte de constantes discussdes. Varios questionamentos a respeito surgem entre professores nos mais diversos momentos: como planificar uma aula para uma turma com alunos tao diferentes? Como atender tantos alunos ao mesmo tempo e incluir os alunos especiais? De que forma pode se tratar 0 aluno especial igual aos demais? Ou dar atengéo especial a esses alunos? Simplesmente permitir que o aluno frequente a escola ¢ 0 mesmo que incluir? Em Mogambique, hd uma politica de incluso que norteia esses processos nas escolas, a concepgao da politica inclusiva aponta para a necessidade de superar a visdo excludente do aluno com necessidades especiais. Para alcangar esse propésito a inclusdo é entendida como uma forma de repensar a educagdo e transformar a soviedade, ou seja, a inclusdo é social, ndo é tarefa apenas para o professor em sala de aula, mas para toda a sociedade. A educagao inclusiva deve atender a todos através de uma pedagogia voltada para a crianca Compitado por: Ma Anibal Francisco Naife 15 O principio € que as escolas devem acolher a todas as criangas, incluindo criangas com deficiéncias, superdotadas, de rua, que trabalham, de Populagées distantes, némades, pertencentes a minorias linguisticas, étnicas ou culturais, de outros grupos desfavorecidos ou marginalizados. Para isso, sugere que se desenvolva uma pedagogia centrada na relaco com a crianga, capaz de educar com sucesso a todos, atendendo as necessidades de cada um, considerando as diferencas existentes entre elas (MEC, 2005 apud PAULON; FREITAS; PINHO, 2005, p. 20). Dessa forma, a inclusdo é fundamental para compreender a questao da diversidade na educacao. Afinal, compreender a diversidade exige reconhecé-la em suas mais variadas express6es e incorpora-la ao quotidiano escolar numa pratica pedagégica voltada para a construcao da cidadania. A diversidade representa muito mais que as miltiplas culturas, diferentes classes sociais € orientagdes sexuais. O debate sobre diversidade trouxe para as instituigdes se ensino novos sujeitos, até entao restritos a outros espagos escolares. A politica de incluso tornou mais desafiador para educadores e gestores levar o discurso do respeito diversidade para a pratica. Contudo, a politica de inclusdo por si sé nao garante a incluso como realidade nas escolas do Pais. O caminho a ser percorrido coloca diante de nés, educadores, a superagao de barreiras construidas ao longo de anos de exclusdo e preconceito social. E importante uma parada para reflexdo. A realidade mostra que nossa sociedade nao est preparada para a plena inclusdo social. 5.1. O espaco da diversidade no quotidiano escolar Como nos mostra Louro (2007), género e sexualidade estdo presentes em instituicdes, discursos, normas e praticas e, por este motivo, atribuem sentido a sociedade. E para compreender essas questées é necessario passar a pensé-las como questées individuais e passer a reconhecé-las como sociais e culturais: “As formas de viver a sexualidade, de experimentar prazeres ¢ desejos, mais do que problemas ou questées de individuos, precisam ser compreendidas como problemas ou questées da sociedade e da cultura” (p. 204). Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 16 ‘As questdes de género e sexualidade compéem esse universo, na medida em que a escola vivencia os reflexos de situagdes como a violéncia contra a mulher e a homofobia. Considerando esse contexto, fica evidente a relevancia desse debate para a educagao e para a promogao da garantia do acesso e permanéncia de todos na escola eno respeito a diversidade. 5.2. Exclusao, diversidade e construgao da identidade O processo de exclusao atinge os mais diferentes grupos de alunos de nossas escolas, ‘08 que so pobres, os que ndo conseguem frequentar as aulas porque trabalham, os que de tanto serem reprovados desistem de estudar e aqueles que historicamente so discriminados: os que tém alguma deficiéncia real ou circunstancial E fundamental uma mudanga qualitativa nas politicas educacionais, contrariando os mitos que impedem uma educagao que efetivamente beneficie a populagao como um todo e nao reforce o privilégio de alguns grupos. Espera-se que: "a educagao prepare os individuos para o exercicio da cidadania plena, ajudando-os a exercer seus direitos associados as responsabilidades e deveres de todo cidadéo consciente e critico, portanto, socializando na realizagao da agao comum, e ao mesmo tempo oferecendo fa todos @ oportunidade de realizar seu potencial". (D' Ambrésio, 1999, pagina 54 6. CONCEPCOES E INTERPRETACOES DE DIVERSIDADE E DE DESIGUALDADE 6.1. Diversidade A diversidade se apresenta de diferentes formas, podemos reconhecer elementos da diversidade nas relagdes sociais que envolvem cultura, identidade, género e estratificago social, por exemplo. A cultura é uma das nogdes mais presentes nas ciéncias humanas e podemos definir cultura como’ Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife v ‘As formas de vida dos membros de uma sociedade ou de grupos dentro da sociedade [..] aqueles aspectos da cultura que sio antes aprendidos do que herdados. Esses elementos culturais so compartilhados por membros da sociedade e tomam possivel a cooperacdo e a ‘comunicago. Formam um contexto comum em que os individuos numa sociedade vivem suas vidas. A cultura de uma sociedade compreende tanto aspectos intangiveis — as crencas, as ideias e os valores que formam 0 contetido da cultura -, como também aspectos tangiveis — como objetos, os simbolos ou a tecnologia que representam esse contetido (GIDDENS, 2005, p. 38) A diversidade cultural encontra-se nas variagdes das praticas e dos comportamentos humanos, ou seja, vai além da variedade de elementos que compéem a cultura de um determinado grupo social. Além disso, é importante ressaltar que a cultura tem simultaneamente o papel de perpetuar os elementos culturais e promover a oriatividade e as mudangas desses elementos (GIDDENS, 2005). 6.2. Desigualdade Uma das caracteristicas mais perversas da sociedade mogambicana é a desigualdade de renda. O Pais ocupa a pior posigao entre varios se nao maioria dos paises do mundo. Muitos factores estéo na origem dessa situagao, entre eles o sistema econémico, a auséncia de uma politica agraria real e efectiva, as herangas, a repressao aos movimentos sociais organizados, 0 monopélio dos meios de comunicagao usados para propaganda das “verdades” que interessam as elites e as politicas educacionais excludentes. ‘A educagao tem sido um instrumento para a reproducao das desigualdades. So para exemplificar, actualmente, continuamos a registar abando de criangas 4 escola, antes de completar 0 Ensino Basico e praticamente a totalidade delas ver dos sectores familias economicamente mais desfavorecidos. Enquanto que para criangas de familias empoderadas estes continuam a estudar e até em melhores escolas. Assim, ao escolarizar mal as criangas e jovens mais desfavorecidos, nosso sistema educacional esta contribuindo para preservar ou mesmo acirrar nossas desigualdades Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 18 econémicas, respondendo aos designios das elites econémicas, que consideram inaceitavel qualquer destinagao de recursos piblicos para fins sociais, inclusive para a educagdo publica. 7. DIVERSIDADE, ALTERIDADE E EDUCACAO 7.1. Alteridade e o reconhecimento do outro conceito de alteridade pode ser compreendido em diversos contextos, usualmente, no universo de estudo da antropologia ¢ filosofia, e remete a construgao da identidade individual em relagao ao outro Nesse sentido, educar na diversidade coloca diante de nés 0 desafio quotidiano de superar a fragmentacao e construir novos significados no contato com o outro. No processo de ressignificar nossa relacao com o outro é possivel compreender o passado € construir 0 presente. O reconhecimento das diferengas faz parte do cotidiano da educagao. Segundo Guérios e Stoltz (2010), a educagao vai além da transmissao de conhecimentos, educar requer preparar 0 sujeito em diferentes sentidos, como o autoconhecimento, e em diferentes niveis, como 0 corpéreo, 0 mental o espiritual Para tanto, 0 desenvolvimento do aprendizado passa pelo seu relacionamento com o outro. Aprendemos quando estamos em contato com outros sujeitos, aprendemos através de relagdes com sujeitos de caracteristicas, contextos e culturas diferentes. Os novos olhares que direcionamos aos outros nos levam a novos olhares que podem conformar e transformar a nés mesmos. Cabe @ educagao apresentar o diferente e, mais além, promover a vivéncia da diferenga. Tais momentos podem ocorrer nas interagdes sociais e também nas interagdes com a natureza (GUERIOS; STOLTZ, 2010). ‘A nogao de alteridade, assim como a de multiculturalismo, nos permite ampliar nossa reflexdo em relacdo a diversidade. Considerando a area da educagdo, a alteridade representa nosso encontro com o outro e os desafios e enfrentamentos que esse encontro provoca para alunos, professores, gestéio e para a comunidade escolar. A escola constitui um espago de estranhamento, pois 0 encontro com o outro revela um processo de entrar em contato com o desconhecido, um processo que desperta diversos sentimentos. Compitado por: Ma Anibal Francisco Nate 19 Considerando esse contexto, a alteridade se constréi de duas formas: “existe a tentativa de fusdo com 0 outro, nao sendo reconhecida a sua diferenca” (THONES; PEREIRA, 2013, p. 510), ou seja, o momento em que o encontro com o estranho desperta a necessidade de contato, de aproximagao, de criagdo de lagos; e em outra forma, “a impossibilidade de identificagéo com 0 outro, de um sujeito que se depara com uma alteridade para a qual é apresentada uma diferenga sobremaneira radical" (THONES; PEREIRA, 2013, p. 510), nesse ponto desenvolvese o estranhamento, a angiistia e a hostilidade diante do outro, diante daquele que é diferente de nés. Nesse sentido, podemos destacar a questdo da deficiéncia como anormalidade. No contexto educacional o deficiente representa a anormalidade. Ao realizar o julgamento de reconhecer a si mesmo ou ao outro se estabelece também o incluir € 0 excluir, ou seja, se configura uma organizagao que determina quem esta dentro e quem esta fora (THONES; PEREIRA, 2013). Quando atribuimos a pedagogia a nogao de pilar da educago no sentido de formar a base da educagao do sujeito, atribuimos a pedagogia a tarefa de reconhecer no sujeito em formagdo a figura do outro e colocar diante dele nossa cultura. Porém, preciso estar atento a forma como se encaminha esse proceso. 7.2. _Desafios do professor em relagao a alteridade © processo formativo no qual todos os sujeitos possam encontrar as mesmas condigdes para adquirir novos conhecimentos e desenvolver competéncias e habilidades, constitui um desafio para a escola e para os professores, isto porque exige uma postura aberta para 0 outro. Nesse sentido, quando nos deparamos com o outro, com o diferente, sentimos um estranhamento e essa percepgdo é natural, pois em diversos momentos néo desenvolvemos uma identificagao ou empatia imediata em relagéo a individuos diferentes de nés e tentamos enquadra-los em nossos padrées culturais (THONES; PEREIRA, 2013). Em outras palavras, a educagao pode ser diferente. E possivel olhar para o diferente, para aquele que ndo se encaixa nos padrées socialmente estabelecidos, reconhecendo o estranho ndo como algo a ser transformado, adaptado, escondido ou excluido, mas como parte da nossa prépria percepcao. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 20 8. MULTICULTURALISMO COMO DESAFIO PARA A EDUCAGAO, O termo multiculturalismo faz parte do universo tedrico da educagao. Ao analisar a obra “O jogo das diferengas’, o termo multiculturalismo é um grande desafio para a educagao ‘Ao articular multiculturalismo e educago, objetiva-se atingir um ppiblico definido segundo critérios de equidade, ansioso por politicas publicas que revertam desigualdades baseadas em diferengas de raga, género, preferéncias sexuais, geragio etc. (MOREIRA, 2005, p. 280) Reconhecendo esse desafio, Werneck (2008) destaca 0 paradoxo em relagao a conciliagao entre respeitar as particularidades culturais e manter o carater transformador da educagao. Na teoria podemos observar correntes que partem do pressuposto da aceitacao das diferencas culturais sem uma andlise critica, pois todas seriam igualmente validas. 8.1. Desafios do professor em relagao ao multiculturalismo Diante de tantos paradoxos, como pode agir 0 professor? Qual o papel da educacao diante de tamanhos desafios? Inicialmente, esse cenario exige dos profissionais da educagao constantes reflexdes acerca das relagdes entre cultura e educacdo. Os ctitérios de avaliago devem ser concebidos considerando a perspectiva da diversidade e do multiculturalismo. Além disso, o professor deve respeitar as nogées de dignidade humana e a justica, pois no ha homogeneidade cultural, cada sujeito atribui diferentes sentidos e significados sociais. A diversidade cultural que compée as sociedades impée desigualdades decorrentes da estratificacdo social. Em muitos casos, a cultura representa uma desvantagem social. Essa desvantagem pode ser observada em situagdes como a competi¢ao por uma vaga no mercado de trabalho em relacao a formagao educacional ‘A compeligio social ndo ¢ iniciada somente com a busca de um trabalho, como muitos poderiam pensar, mas comeca na vida escolar. A instituigéo é mantida e organizada pela classe média, Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 21 sendo assim, possui padrdes culturais bem diferentes do grupo social desfavorecido, Portanto, a competi¢ao comega na escola (MACHADO, 2002, p. 26). Diante desse contexto, pode-se reconhecer como educagéo multicultural aquela que preserva as caracteristicas culturais hegeménicas de uma sociedade, reconhece a existéncia do multiculturalismo, incentiva comportamentos de solidariedade e reciprocidade entre as culturas, demonstra as injustigas resultantes da assimetria cultural e adota um projeto pedagégico voltado para a interculturalidade e o combate & discriminagao (MACHADO, 2002). 9. POLITICAS PUBLICAS PARA EDUCAGAO INCLUSIVA EM MOGAMBIQUE Mogambique como a maioria dos paises no mundo adoptou no seu quadro legal a sua educagao como inclusiva, a partir de protocolos internacionais dos quais é signatario, tais como a Declaragao Mundial sobre Educagao para Todos a Declaragées de Jomtien (1990) e de Salamanca (1994) Sobre Principios, Politicas e Praticas na Area das necessidades educativas especial; incrementando também actualmente os objectivos tragados na Declaragao de Dakar, Senegal - 26 a 28 de Abril de 2000, O Marco de Accao de Dakar Educagao Para Todos. Nesse acordo 0 direito da pessoa com deficiéncia a educagao na escola publica esta bem claro no tocante a educago para todos e um dos maiores desafios era a erradicagao do analfabetismo nos paises periféricos garantindo assim que a educagao de pessoas deficientes seja parte integrante do sistema educativo. E recentemente a Declaragéo de Inchion (2015), tendo como foco, assegurar a educagéo inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, Rumo a uma educagao de qualidade inclusiva e equitativa e a educacao ao longo da vida para todos nos préximos 15 anos isso de 2016 a 2030, tendo como visdo “Assegurar a educagao inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” e suas metas correspondentes, desejando almejar uma incluso e equidade por meio da educagao. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 22 Estes documentos internacionais esto reflectidos na legislacéo Mogambicana, como a constituigdo da repiblica de (2004), lei do sistema nacional de Educagao (2018), entre outros ‘A Conferencia Internacional de Salamanca realizada entre 7 e 10 de junho de 1994, discutiu sobre a necessidade de encaminhar politicas publicas para reforma dos sistemas educacionais com vistas ao atendimento especializado. A Declaragdo de Salamanca reforga o direito a uma educago para todos independente da sua condicao social e fisica bem como uma educacao de qualidade e que inclua os mais diversos grupos sociais, construindo assim uma cultura em que se destréi qualquer tipo ou forma de discriminag6es e exclusdo escolar. Pode-se dizer que © conjunto de recomendagées e propostas da Declaracéo de Salamanca, 6 guiado pelos seguintes principios + Independentemente das diferengas individuais, a educagao é direito de todos; + Toda crianga que possui dificuldade de aprendizagem pode ser considerada com necessidades educativas especiais; + A-escola deve adaptar-se as especificidades dos alunos, e nao os alunos as especificidades da escola; + 0 ensino deve ser diversificado e realizado num espaco comum a todas as criangas. ORIENTACOES TRABALHO FINAL. Organize um portefélio constituido pelos trabalhos realizados nesta unidade curricular. |. Parte: Mapas conceptuais Il, Parte: Leia atentamente o livro da Prof? Ana Claudia Moser sobre Educagdo e Diversidade, escolhe um t6pico de cada AUTO-AVALIACAO Unidade e faga 0 resumo do que entendeu no (minimo de 1 pagina por cada t6pico e maximo de 2 paginas); Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife 23 Ill, Parte: Leia atentamente a unidade 3 do livro “Pedagogia da diversidade) de Osvaldo Neto Sousa Costa e faga: 1) uma sintese reflexiva das principais ideias discutidas em cada ponto (minimo 3 paginas e maximo 6 paginas), 2) Apresente uma reflexdo da sua autoria demonstrando de que modo as ideias discutidas neste médulo irao transformar a sua forma de actuagéo enquanto profissional de educagao (minimo 3 paginas e maximo 6 paginas). Imprima todos os trabalhos e faca uma encadernagao (use separadores para diferenciar cada uma das partes do seu portefélio), adicionando uma capa. Bibliografia Basica COLL, C, PALACIOS, J, MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicolégico e educagao. v. 2. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. VYGOTSKY, L. S. A formagao social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996. Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/pedagogialteorias-e- especialistas-da-educacao/ Arquivado em: Educacdo, Pedagogia LIBANEO, J. C.; PIMENTA, S. G. Formacdio dos profissionais da educagao — visio GUERIOS, Ettiéne; STOLTZ, Tania. Educagao e alteridade. In: GUERIOS, Ettiéne; STOLTZ, Tania (org.) Educacao e alteridade. Sao Carlos: EAUSFCAR, 2010. MACHADO, Cristina Gomes. Multiculturalismo: muito além da riqueza e da diferenca Rio de Janeiro: DP&A, 2002, MOREIRA, Nubia Regina. O jogo das diferencas: 0 multiculturalismo e seus contextos. Praxis Educacional. Vitéria da Conquista, n. 1, p. 279-282. 2005. PAULON, Simone Mainieri; FREITAS, Lia Beatriz de Lucca Freitas; PINHO, Gerson Smiech. Documento subsidiario a politica de inclusao. Brasilia: Ministério da Educagao, Secretaria de Educagao Especial, 2005. Disponivel em: . Acesso em: 15 ago. 2016. THONES, Ana Paula Bellochio; PEREIRA, Marcelo de Andrade. Um Entre 0 Outro e Eu: do estranho e da alteridade na educagao. Educagao & Realidade, Porto Alegre, v. 38, n. 2, p. 501-520, abr.jjun. 2013. Disponivel em: . Acesso em: 10 out. 2016. Compilado por: Ma Anibal Froncisco Noife

You might also like