You are on page 1of 765

SINOPSE

Ethan Borislav, filho do temido e sanguinário


chefe da maior organização criminosa já
existente. Foi treinado desde criança para ser
“O Soberano da máfia”.
Um homem frio e calculista que desde muito
cedo já demostrava ter um lado sombrio, sendo
considerado pelos seus inimigos como a
personificação pura do mal.
Cecília Demisovski, uma jovem de beleza
estonteante e mesmo vivendo uma vida cheia de
luxo e esplendor, sempre se mostrou generosa
com aqueles que precisavam. Criada dentro dos
moldes da máfia, ela sabia desde pequena qual
seria o seu destino.
Um acordo foi feito, unindo assim a vida deles
para sempre.
Ela não deseja se unir ao homem a quem foi
prometida ainda criança.
Ele jamais aceitará um não; como resposta.
Qual será o destino de Cecília ao estar sob o
jugo do SOBERANO?

ATENÇÃO
Este livro contém cenas de sexo explícito,
violência física e verbal, tortura e assassinatos
que podem deixar alguns leitores
desconfortáveis. Se este for o seu caso: Não
leia!
Esta é uma história de ficção, a autora não
concorda com os abusos relatados aqui. Tenha a
mente aberta. Boa leitura.
Proibido para menores de 18 anos.
Copyright © Anny Shwan, 2021
Revisão: Rosana Bezerra (Vivart - Criação
e Design)
Diagramação: Rosana Bezerra (Vivart -
Criação e Design)
Capa: T.v. Designer

Esta é uma obra de ficção. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.

O SOBERANO DA MÁFIA
Livro 03
AN N Y S H W AN
1ª Edição – 2021

Todos os direitos reservados. É proibido o


armazenamento, e/ou reprodução de qualquer
parte dessa obra – física ou eletrônica – através
de quaisquer meios (tangível ou intangível) sem
o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal 2018.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da
Língua Portuguesa. Todos os direitos
reservados.

SUMÁRIO
SINOPSE
DEDICATÓRIA
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
Outros livros da série
EM BREVE...
DEDICATÓRIA
Dedico com imenso carinho às meninas dos
grupos dos aplicativos de mensagens
instantâneas, que além de leitoras, são
companheiras muito queridas.
Ana Paula, Alessandra, Alexandra, Anna
Marques, Andrieli, Andreia, Ruanny, Graça,
Sara Leite, Joiele, Deuzenir, Maristela, Juliana
Silva, Marcilene,Tynna, Elaynne, Tatiane,
Gislaine, Betânia, Socorro, Herisa, Sara,
Daniella Pereira, Eliane, Tamirys, Carol Sousa,
Joelma, Amanda Feitosa, Stheffany, Carla,
Jakeline, Amanda Morgana, Kellis, Lluana,
Janaina, Ester, Lorena, Withamara, Lucimara,
Mauriza, Joy Crys, Valquíria Elisângela,
Regina, Paixão Braga, Iza Ramos, Iara,
Mariana, Clauzinete, Fabia, Deyse, Viviane,
Ingred, Clicia, Cassia, Alvanita, Deisiane,
Natila Germim, Areta Batista, Grace Machado,
Alexsandra, Eva, Erica Gomes, Zélia, Rose,
Marina, Uneissa, Francinete, Evellyn Marinho,
Helena, Marcia Pelegrini, Marisete, Cleudiana,
Fabiola, Cristina Morales, Bruna, Valdiria,
Sylvia, Valdete Ferreira, Cristiane Rodrigues,
Sandra Alves, Ricarda e Maridalva. Daniela
Carvalho, Edna, Liliana Lagareiro, Fábricia,
Rita kácia, Rita Kisters, Jacqueline, Sany, Eveli
Marques, Gracilene. Walquiria, Cassandra,
Eliana Roseane, Lana Nubia, Sonia, Raquel,
Márcia Regina, Cristiane Gerônimo, Silvana,
Fernanda Costa, Elaine, Laudiana, Sandreli,
Maria Aparecida, Iris Carvalho, Joelma Vera,
Valdete, Fátima Alana Dias, Vanessa, Ellen,
Mariana, Katia, Jandira, Patrícia Alicia, Lídia
Danielle, Celina, Teresinha, Mony, Paty
Helena, Frankilene, Maria Nazaré, Eliz,
Tarsilio, Cristiane Soares, Leticia, Jorgeane,
Gleucia, Suelyde, Maria, Janaína, Simone
Cruz, Autora Sol Dantas, Tatiane Olanczuk,
Elidineia, Patrícia Rodrigues, Fran, Maria Do
Carmo, Iara Gomes, Alexandra Silva, Bibi
Andrade, Andressa, Susana, Romilda, Nanda
Severgnini, Hildalisa, Márcia, Paty Araújo,
Dilma Pereira, Simone, Re Machado,
Luzilene, Tamara, Cirlene, Maria, Rosana,
krika, Lorrayne, Jhessikinhah, Maria Silva,
Meriellen, Claudia, Janete, Fernanda Costa,
Andrea Costa, Emilly Beatrice, Cristiane, Ana
Flor, Sonia Regina, Fernades, Laize Lucia,
Marizete, Maria Fonseca, Francisca, Marcia
Ribeiro, Michel Andrade, Gisa, Mile, Lidiane,
Jocimara, Jaqueline Cunha, Adriana Fernandes,
Karoline Souza, Gabriela, Luciane Pereira,
Sheila Alves, Edimarcia, Josiane, Nete Duarte,
Rosy Ramos, Celia Maria, Aparecida Oliveira,
Danielma Rodrigues, Elenize, Aninha Marie,
Italiana, Andria, Janete Andrade, Claudiana
Santos, Divina, Dayane Divino, Dienifer, Ádrya
Soares, Dieuma Silva, Sianeph, Lucia Nunes,
Nital Alves, Maria ,Ricardo Cossignani, Gaby,
Kelly Luane, Valdirene, Loira, Josiele Martins,
Olivia, Rayssa, Elizabete Maria, Cristiane
Coutinho, Vilma, Tereza Vaneide, Cecília
Velasco, Michele, Luciana, Thielly, Mapiá,
Adilma Melo, Ana Paula Santos, Karla
Bernardes, Reniajo, Tekinha, Maria, Tlen,
Cleide Dias, Larissa, Yashmim e Dedeca.
E ao clã de comentaristas oficiais da
plataforma de publicação de capítulos online,
pelo infinito apoio moral.
Débora, Raidalva, Simone Mendes, Victória,
Valdilene, Rosa Vieira, Elisabete Dusan, Taiane
Santos, Dirlene, Cris Jumes e Juliana Luce.
“Monstros são reais e fantasmas são
reais também. Vivem dentro de nós e, às
vezes, vencem.”
Stephen King
Prólogo
New York – Quatro anos
antes...
ETHAN BORISLAV
E stamos nos direcionando para o The
Brothel Empire, local que sempre
gosto muito de ir, para satisfação do meu
pai e desespero da minha mãe.
Enquanto estou ao lado de Luccas, que
mantém seu olhar e os dedos grudados
na tela do seu celular, minha atenção
está voltada para os dois homens que
estão nos bancos da frente do veículo.
Posso ser criança, mas sempre presto a
atenção em tudo à minha volta. Faz parte
do meu instinto.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunta
o meu mentor.
— A mesma ladainha de sempre, pois,
bastou dizer que Ethan iria para o bordel
que Luna, como num estalar de dedos,
mudou suas feições.
— Karen não foi diferente, disse que
não é um lugar apropriado para uma
crianç...
Deixo de prestar a atenção na voz deles
ressoavam no ar. A minha mãe não
consegue entender que já tenho sete
anos, eu não sou mais um bebê e sim o
herdeiro do grande Dusan Borislav.
Meus pensamentos foram interrompidos
assim que o carro parou.
Um clic sutil da porta do carro sendo
destravada se fez presente e ao sair do
carro, fui correndo em direção ao
corredor. Os gritos de Luccas ecoavam a
minha volta e só parei ao ficar em frente
à porta do lugar que sempre me traz uma
sensação inexplicável de paz, “a sala do
desespero”.

Horas depois...
— Você não está cansado? — pergunta
Luccas.
— Claro que não! — respondo o óbvio.
— Vamos! — diz Boris.
Com passos largos, caminhamos em
direção ao escritório do meu pai e no
momento que a porta foi aberta, meus
olhos foram de encontro à figura alta que
estava com ele no ambiente.
— Enzzo, esse é Ethan, meu filho.
Mesmo sabendo de quem se tratava, não
entendi o porquê da sua presença,
porém, como se tivesse uma bola de
cristal, o som da voz do meu pai
preencheu o cômodo matando a minha
curiosidade.
— A partir de hoje, para firmar o nosso
acordo e ter a unificação das duas
máfias, Cecília Demisovski está
prometida a Ethan Borislav. Juntos, além
de unificar as duas maiores
organizações, ainda iremos, exterminar,
aqueles ratos e ter o controle de seus
territórios.
Todos estavam com os olhos lançados
em minha direção. Boris sempre diz que
sou muito parecido com o meu pai.
Ainda não sou tão inteligente quanto ele,
mas vou estudar muito e assim me tornar
o “Soberano da máfia”.
Capítulo 01
Dias atuais...
ETHAN BORISLAV
D epois que os meus pais foram até o
meu quarto ontem, eu tentei dormir,
mas estava inquieto, algo dentro de mim
estava me queimando por inteiro. Peguei
o notebook e acabei por entrar no
sistema criado por meu pai, Dusan, e
passei boa parte da noite acessando
todos os arquivos da USAF (a maior e
mais poderosa força aérea do planeta).
Meus olhos brilharam assim que assumi
o controle de todos os mísseis, fiquei
analisando minuciosamente cada detalhe
que surgia na imagem a minha frente.
Minutos deram lugar a horas, e, vencido
pelo cansaço, acabei adormecendo.
Acordei num sobressalto assim que as
duas pirralhas invadiram o meu quarto.
— Feliz aniversário, irmão — gritaram
juntas e avançaram em minha direção,
mesmo sabendo que eu odiava tamanha
aproximação.
Isso de abraços, beijos e coisas do tipo,
me causavam certa inquietação e eu me
sentia agitado, sentia meu corpo
funcionando num ritmo alucinante. No
entanto, eu daria a minha vida para
mantê-las em segurança e quem fizer
algo de ruim a elas, eu não hesitaria em
mandar direto para o inferno.
Hoje estamos completando 11 anos, e,
enquanto elas estão ansiando pela
chegada da noite, já que terá uma
comemoração, depois da notícia que
recebi ontem, fiquei inquieto, pois,
aquela que foi destinada para se tornar a
minha esposa estaria presente. Uma
fedelha de quatro anos de idade, a qual
o meu pai e Enzzo Demisovski,
decidiram que seria a escolha perfeita.
No momento em que o nosso casamento
for oficializado, acontecerá à unificação
das duas maiores organizações
criminosa do mundo, tornando-me
assim, o mafioso mais poderoso ao ter
os dois maiores territórios sob meus
domínios.
Depois que tomei o meu banho e saímos
de casa, demorou quase 40 minutos para
chegar ao The Brothel Empire, após o
meu treinamento e do Luccas, o meu pai
e Boris, tiveram que resolver alguns
assuntos e nos deixaram aqui
aguardando. Entediado, peguei o
notebook e novamente invadi o sistema
da base aérea americana. O medroso
que estava ao meu lado, ao ver a
imagem que apareceu na tela do
aparelho, se manifestou.
— Acho que você não devia mexer aí —
o som da voz de Luccas me fez desviar
os olhos da tela.
— Eu acho melhor você deixar de ser
tão medroso.
Volto meu olhar para a tela do notebook,
enquanto um dos meus dedos se move
em círculos em volta do touchpad.
Semana passada, os Estados Unidos,
sofreu um ataque que atingiu duas bases
aéreas. O meu pai poderia com um
simples comando destruir qualquer
inimigo do nosso país, restabelecer
assim a paz, mas, sempre se manteve
direcionado somente para os assuntos da
máfia. E, novamente meus pensamentos
foram interrompidos pelos ruídos que
ressoaram no ambiente.
— Você não está pensando em usar isso,
não é? O chefe disse que não ia
interferir nesse assunto.
— Ao contrário do meu pai, eu serei o
soberano da máfia, o dono absoluto
desse território e não vou aceitar que
ninguém seja uma ameaça para o meu
futuro.
Sem hesitar, deixei o dedo fixo em um
único lugar e com o alvo já definido. O
comando foi dado e em questão de
minutos, os três mísseis atingiram a base
iraquiana que era ocupada por mais de
200 infelizes. Um sorriso largo surgiu no
meu rosto e todo o meu corpo vibrava
em harmonia, o desconforto que estava
sentindo deu lugar a uma sensação de
alívio e paz.
— Ethan!
Olhei para Luccas que estava
petrificado, olhando para tela. Seus
olhos se arregalaram de forma tão
surpresa que cheguei a pensar que iriam
saltar de suas órbitas e antes que ele
saísse do estado catatônico em que se
encontrava, fechei a cara e disse num
tom rude e intimidador.
— Você não dirá nada aos nossos pais
ou esqueço que somos amigos.
Se antes ele já estava com uma
expressão de medo, agora parecia que o
pânico havia tomado conta de todo o seu
corpo. Terei um longo trabalho pela
frente para tonar esse medroso o meu
homem de confiança, nem parece que é
filho de mafioso.

Horas mais tarde...


Música e risos se misturavam e
ecoavam por todos os cantos da casa.
Além da minha família, alguns membros
da organização e os Demisovski,
estariam presentes. Dessa forma todos
poderiam conhecer a minha prometida.
Suspiro fundo, olhando para o meu
reflexo no espelho e em seguida começo
a caminhar em direção a porta e assim
que ela é aberta por mim, Luccas
aparece em minha frente.
— Sua mãe mandou chamá-lo.
— Então vamos.
Seguimos pelo corredor, mas paro
quando ele volta a se manifestar.
— Você não está curioso para conhecê-
la?
— Claro que não. Ela será só a mulher
com quem vou dividir a cama.
Retomo a caminhada e depois de alguns
passos, chegamos à escada e logo
depois descemos os degraus. Meus avós
e a minha tia Mila são os primeiros a
virem ao meu encontro. Dentre as
diversas manifestações melodramáticas
como abraços, apertos de bochechas e
felicitações, eu sobrevivi e, não
demorou muito para os meus pais
surgirem ao lado do casal ao qual já
sabia de quem se tratava.
— Ethan! — meu olhar fica cravado em
Enzzo. — Essa é a minha esposa
Helena.
Seguro a mão da mulher a minha frente
que é dona de uma beleza estonteante,
posso ser jovem, mas sei reconhecer a
beleza de uma pessoa, ela só não é mais
linda do que Luna Borislav, que sempre
será vista por mim como a mais bonita,
inteligente e o melhor exemplo de
mulher que vai muito além da beleza
exterior. Deixo os devaneios de lado
quando ouço o som da voz da minha
mãe.
— Vocês dois podem ir lá ao jardim.
Além das suas irmãs, Ana e Cecília
estão lá, brincando — informa.
Luccas parecia empolgado, porque saiu
me puxando para fora de toda aquela
multidão. Com os passos apressados,
não demorou muito para avistar as
quatro, porém, todas estavam de costas e
pareciam estar conversando.
— Vamos Ethan.
— Silêncio!
Com passos cautelosos, me aproximo e
assim que ouço as palavras que são
ditas, meu coração dispara e uma força
descomunal me envolve, fazendo o ódio
inflamar em minhas veias.
— Você está empolgada para conhecer o
meu irmão?— Ayla perguntou.
— Não! E, se eu pudesse escolher não
me casaria com ele.
Capítulo 02
ETHAN BORISLAV
M eus olhos estavam ardendo, a
sensação que eu tinha era de que
estavam faiscando.
— Vem irmão, conhecer a Cecília —
disse Clara.
Luccas foi o primeiro a chegar onde elas
estavam, depois de mais alguns passos,
acabei com a distância e uma voz
melosa ecoou no espaço.
— Prazer, meu nome é Ana — disse a
garotinha sorrindo, enquanto eu fiquei
calado, já a outra que estava com a
cabeça abaixada, se levantou.
— Então essa é a pirralha que é a minha
prometida?
— E você é o velho com quem vou me
casar?
A garota, ao contrário da irmã que
ostentava um sorriso contagiante de
orelha a orelha, tinha um olhar
desafiador, o que fez meu corpo vibrar
com tanta intensidade, que eu jamais
havia sentido antes. Os olhos
esverdeados ganharam uma tonalidade
azulada e minha única vontade era
apagar aquele brilho intenso que vinha
deles.
— Ethan!
O som da voz de Ayla me arrancou dos
meus pensamentos, rompendo o silêncio
que pairava a nossa volta.
— Você não vai abraçá-la? Cecília vai
fazer parte da nossa família.
— Não tenho porque abraçá-la — digo
num tom rude, porém, se antes eu já
estava queimando de raiva, um
sentimento muito maior me envolveu. A
garota não se manteve quieta e num tom
de voz suave, mas firme, proferiu.
— Quem disse que quero seu abraço.
— Eu quero! Você é tão bonito — falou
o clone da garota e a resposta veio logo
em seguida, dada pela própria irmã.
— Se você quiser podemos dizer para o
papai que em vez de mim, você seja a
prometida dele — essa menina está
achando que sou algum brinquedo.
Minha boca se tornou seca, no mesmo
instante em que minha garganta se fechou
por alguns segundos, respiro fundo e
novamente o som da minha voz ecoa no
ar.
— É você, fedelha, quem vai se casar
comigo e não ela.
— Você me chama de fedelha, mas saiba
que daqui a alguns dias vou fazer cinco
anos e quando chegar o dia do nosso
casamento, você já vai ser um velho.
Aquelas palavras me atingiram com
mais força do que os golpes que levava
durante o treinamento e antes que eu
tivesse qualquer reação, ela saiu
puxando a irmã para dentro da casa. No
entanto, um pensamento se formou em
minha cabeça; Eu só espero que os anos
passem bem rápidos e quando chegar a
hora, eu a farei pagar por cada palavra
dita hoje.
No dia seguinte...
DUSAN BORISLAV
Meus olhos estão atentos no grande telão
a minha frente. Em todos os noticiários
se falavam sobre o bombardeio no
Iraque, que deixou duzentos mortos.
Pego o controle e aumento o volume.

"Depois do atentado contra os Estados


Unidos, os principais lideres do
governo iraquiano, que antes
afirmaram que os ataques visaram
danificar a estrutura americana no
Oriente, ontem sofrerem as
consequências dos atos ao travarem
uma guerra com o país que tem a maior
base aérea do mundo". Todos temem
que isso leve a uma próxima guerra
mundial.

O som vindo da porta sendo aberta


chamou minha atenção e Boris, logo
surgiu no meu campo de visão.
— Todos estão comentando sobre o
ataque — disse ele
— Ele está indo mais rápido do que eu
pensei — um sorriso perverso surgiu em
meu rosto. Boris deu mais alguns passos
e ao diminuir a distância, voltou a se
manifestar.
— Hoje pela manhã, assim que Karen
ligou a TV. Os olhos de Luccas pareciam
que iam saltar do rosto, por alguns
segundos achei que contaria quem foi o
responsável pelo ataque.
— Se ele tivesse feito isso, mesmo
sendo seu filho, jamais voltaria a treinar
junto com Ethan. A lealdade não tem
preço e se vai ser o braço direito do
futuro herdeiro da máfia, deve saber
manter-se calado.
— Eles dois já estão no refeitório e
daqui a pouco já podemos ir embora.
Derick, meu motorista, assumiu o
volante do carro, enquanto Boris estava
no banco da frente ao seu lado e no
banco traseiro, além de mim, estavam
Ethan e Luccas. Com mais três carros e
alguns dos meus homens dentro deles,
deixamos o The Brothel Empire.
Enquanto, os dois projetos de mafiosos
estavam concentrados no telefone em
suas mãos, olhei para tela do meu, lendo
a mensagem enviada por Enzzo. Meus
pensamentos foram interrompidos
quando ouvi a voz de Ethan ecoando
dentro do veículo.
— Pai, por que tem tantas armas aqui
embaixo?
— Resolvi deixar algumas em casa,
nunca se sabe quando iremos precisar.
— Se o meu pai levar, minha mãe não
vai gostar — disse Luccas, que logo foi
repreendido pelo pai. Boris era sem
dúvida um grande mafioso, mas quando
o casal açúcar estavam juntos. Era karen
quem dava as ordens.
O carro saiu em disparada pela estrada,
rumo ao nosso próximo destino. Assim
que passamos pela ponte e seguimos
pela estrada, um estrondo terrível ecoou
a nossa volta e um som grave repercutiu
dentro do veículo.
— Chefe, estamos sendo atacados.
Meus olhos foram de encontro ao
menino que segurava o celular e as mãos
do coitado tremiam mais que vara verde
em tempestade. Desvio o olhar para a
direção de Ethan, e, ele já estava todo
agitado com os olhos cravados na
direção da janela. Deixo os devaneios
de lado quando ouço a voz de Boris.
— Faremos do modo fácil ou difícil?—
perguntou se referindo se iríamos acabar
com os inimigos usando o Olho de Deus
ou seria mesmo através da forma
tradicional e uma rajada de tiros tomaria
conta do espaço.
— Nunca fujo de uma boa confusão. Já
estou com a arma em mãos.
Ele passou instruções para os outros três
carros e novamente um estrondo se fez
presente, seguido pela voz de um dos
meus soldados.
— Senhor! Nosso carro foi ating...
Nesse instante, vários carros escuros
surgiram a alguns metros à nossa frente e
quando abri a janela, tanto eu, quanto
Boris começou a atirar e em meio aos
ruídos dos tiros ricocheteando na lataria
dos veículos, o som fraco da voz de
Luccas, se fez presente.
— Você não está com medo, Ethan?
— Isso aqui é treinamento de verdade.
Bota para torar...
O garoto parecia que foi envolvido por
um estado de grande entusiasmo. E, a
cada tiro dado, ele gritava dizendo para
matar os inimigos. Quando o carro que
estávamos parou, eu vocifero.
— Vocês dois vão ficar aqui.
Saí logo em seguida ao lado de Boris,
os outros dois veículos pararam fazendo
uma pequena barreira. De um lado os
homens do inimigo, do outro, os meus
em pequeno número. Com minha arma
em punho, avancei para linha de frente e
meu fiel companheiro estava ao meu
lado. Tiros e mais tiros foram
disparados e no momento que Boris, foi
se mover, um dos homens surgiu em sua
frente e agindo mais rápido que ele dois,
disparos foram feitos. Quando seu corpo
foi de encontro ao chão, parece que tudo
parou ao meu redor e só ouvi um grito
alto que ecoou a minha volta e há muito
tempo não sentia essa adrenalina que se
apoderou de todo o meu corpo.
— Paiiiii...
Virei à cabeça para o lado e tanto Ethan,
como aquele que minutos atrás estava
tomado pelo medo, e que tinha agora o
ódio espelhado nos olhos, estavam
segurando uma pistola nas mãos. Saí do
transe que estava quando o meu filho
apontou a arma em minha direção e
antes que eu girasse o pescoço, o
barulho do tiro ressoou e foi abafado
pelo impacto do corpo do infeliz, que
ele havia acabado de acertar ao cair no
concreto. Os olhos azuis estavam em
chamas, faiscando, o que fez um sorriso
aparecer entre meus lábios e ao levantar
umas das mãos para cima, a calmaria
reinou a nossa volta, para logo em
seguida Enzzo e Hulk surgirem no meu
campo de visão e Boris que estava
jogado no chão, se levantar.
Tanto Ethan, quanto Luccas, pareciam
estar perdidos em meio aos seus
pensamentos. O homem atingido por ele
também se levantou, já que as balas
eram de borrachas e todos estavam
usando coletes.
— O que está acontecendo?— perguntou
Ethan.
— Vocês dois acabaram de provar que
estão prontos para o próximo nível do
treinamento.
Capítulo 03
DUSAN BORISLAV
A ssim que a porta do carro foi
destravada, o pirralho que hoje
mostrou mais coragem que muitos
infelizes que cruzaram o meu caminho,
saiu correndo em direção à porta, ele
passou o percurso todo de volta para
casa indagando de quando iria realmente
participar de um confronto de verdade.
Mantive uma expressão indecifrável no
rosto, porém, por dentro meu corpo todo
estava vibrando com o resultado obtido.
Nem mesmo toda luz vinda daquela que
afastou parte das trevas que habitavam
em meu coração, foi capaz de ofuscar o
lado sombrio que vi em seus olhos,
desde o momento que meu olhar ficou
cravado naquele pacotinho dentro da
sala daquele hospital.
Ethan, será temido e respeitado no
mundo da máfia, saberá acabar com
qualquer inimigo sem precisar viver nas
sombras do próprio pai. O que ninguém
além de mim jamais soube, foram das
últimas palavras sussurradas pelo
desgraçado do Vladimir antes de morrer
e isso só foi possível porque o fiz
acreditar que Luna realmente estava
morta. Eu sozinho nunca fui uma ameaça
para ele, para sua ambição, no entanto,
seu desejo em acabar com Luna era
justamente porque sabia que a
verdadeira profecia daquela velha
estava voltada para o menino que
nasceria da união das trevas e a luz e em
seu caminho, assim como aconteceu
comigo, estaria o anjo, dona de uma
grande sabedoria, o que seria essencial
para, “o soberano da máfia” chegar à
glória.
Deixando os pensamentos de lado,
caminho na mesma direção que ele foi e
no instante que abro a porta, toda
atenção estava voltada para o garoto que
se encontrava eufórico relatando o que
havia acontecido.
— Você não teve medo irmão? —
perguntou Clara.
— Claro que não, eu senti um calor
intenso pelo meu corpo todo. Foi muito
bom.
— E o Luccas? — desta vez foi a voz de
Ayla que se fez presente e as feições de
Ethan logo mudaram.
— Por que você quer saber dele? —
seus olhos azuis ficaram mais escuros.
— E... Eu só fiquei curiosa para saber
se ele foi corajoso como você.
— No começo ele parecia uma marica,
tremendo como se tivesse levado um
choque. Eu já estava quase dando um
soco nele, mas, hoje ele ganhou meu
respeito, pois, quando os tiros
ressoaram a nossa volta e um deles
acertou Boris. Luccas ficou furioso e
assim como eu, pegou uma arma. Só não
foi melhor porque o pai disse que era só
um treinamento e senti a raiva me
queimar por dentro quando o sujeito que
eu havia dado um tiro se levantou. Eu
queria ter matado ele de verda...
— Ethan!
Todos desviaram o olhar na direção da
mulher que tinha uma expressão fechada.
O silêncio tomou conta do ambiente
durante longos segundos e eu sabia que
ela estava indignada pelas palavras que
foram ditas pelo próprio filho.
— Não quero que você fale mais essas
coisas perto das suas irmãs. Você é só
uma criança e não pode achar que tem o
direito de tirar a vida de ninguém. Você
não é Deus, agora vai tomar banho.
Ele deu alguns passos e se deteve ao
parar perto da escada e o som da sua
voz reverberou no espaço, me deixando
satisfeito, porém, Luna ficou perplexa.
— Somente Deus é o meu juiz e assim
como o significado do meu nome, eu sou
forte, resistente e duradouro. E, jamais
terei medo e nem piedade de ninguém
além da minha família.
Ele subiu correndo os degraus e não
demorou muito para desaparecer do meu
campo de visão.

Horas depois...
Desvio o olhar do celular para o rosto
da minha esposa que adentrou o nosso
quarto. Desde o ocorrido com Ethan, ela
estava emburrada. Contínuo observando
cada movimento seu, ela tira o robe,
ficando só de camisola e deita na cama.
— Eles já estão dormindo?
— Sim — respondeu em um tom seco.
Num pulo, levantei-me e depois de me
livrar da minha cueca, avancei em cima
dela. Suas orbitas azuis logo
encontraram o meu rosto e quando
comecei a esfregar o meu pau contra a
sua boceta, através da camisola. Senti
todo o seu corpo vibrar em antecipação.
— Você sabe que não gosto de vê-la
desse jeito.
— Ele é só uma criança, porque tem que
passar por tudo isso?
— Ele é o meu primogênito, o herdeiro
da máfia. Sendo o único menino, precisa
ser treinado desde cedo, porém, eu
jamais colocaria a minha família em
perigo. No entanto, não importa o que eu
faça ou de que forma aconteça, o destino
de Ethan Borislav, já foi traçado. O
nosso filho será o maior entre todos
aqueles que sempre cobiçaram o poder.
Agora deixei de se preocupar atoa e
mostre ao seu professor o quanto a aluna
se tornou implacável em seu
aprendizado.
Sua carranca logo se transforma em um
sorriso travesso e a voz da safada
ressoou no cômodo.
— Pronto para minha dancinha da
vitória?
— Se você der conta de domar o
garotão aqui, veremos quem fará essa
dancinha.
Sem delongas, minhas mãos encontraram
a barra da sua calcinha, em um puxão,
rasguei a peça, deixando sua boceta
gulosa, exposta a mercê da minha posse,
comecei a desfrutar do seu belo corpo.
Minha boca devorava com avidez os
seus mamilos, enquanto o anjo não
parava de se remexer, esfregando o seu
corpo no meu.
Deixei os seus seios de lado e assim que
meus lábios tocaram os seus, a minha
língua invadiu a sua boca entreaberta,
num carinho ganancioso, enroscando-a
na sua por alguns segundos, saboreando-
a, para depois travar uma batalha com a
dela, explorando cada canto da sua
boca. Meu pau já estava rachando de
duro e quando a cabeça do meu pênis
tocou a sua entrada quente, um calor
insuportável pairou sobre mim. Entre
sussurros ela começou a suplicar.
— E... Eu quero você ago...
Antes que ela terminasse de proferir
suas palavras, pois, eu já estava
ensandecido pelo desejo, meu cacete
deslizou para dentro da sua vagina
apertada, me fazendo sentir o aperto de
sua abertura ao meu redor.
— Deliciosa.
— Quero que você me foda com força
— dito isso, ela abriu as pernas mais um
pouco para mim, eu aceitei o convite,
investindo todo o meu membro
endurecido para dentro.
Gemidos ecoavam dentro do quarto e
minhas estocadas se tornaram mais
rápidas, tocando as paredes aveludadas
do seu sexo, fazendo com que ela o
apertasse como se quisesse espremer o
meu pênis, como se fosse uma laranja. A
mulher mais parecia uma cobra no
deserto, querendo se esquivar da areia
escaldante, pois, não parava de se
contorcer sob o meu corpo. A
velocidade dos meus movimentos ia
aumentando conforme ela gritava
embriagada de prazer.
Meu pau potente chegava cada vez mais
fundo e ao contrário do duelo que
travamos com a língua, uma dança
erótica e frenética apoderou-se de nós
dois, me incitando a possuí-la com mais
força, preenchendo-a com golpes
rítmicos. Minha gostosa respirava com
dificuldade e no momento que ataquei
novamente sua boca e uma sequência de
estocadas foram dadas contra o seu sexo
faminto, chegamos juntos ao ápice do
clímax, num orgasmo delicioso e
devastador.
O único som que se ouvia no cômodo,
era das nossas respirações que ainda
estavam ofegantes e os batimentos
cardíacos acelerados. O som da voz de
Luna quebrou o silêncio que
predominava a nossa volta, deixando o
meu corpo todo em chamas.
— Está pronto para a próxima rodada?
— Com você e para você sempre.
Capítulo 04
CECÍLIA DEMISOVSKI
O s meus pais sempre conversaram
comigo de que haviam feito um
acordo para o bem da nossa família, eu
sei que sou só uma criança, mais sempre
observei tudo ao meu redor e embora o
meu papai seja mafioso, ele jamais fez
nada de ruim com quem era inocente.
Ele sempre diz que não podiam ter
escolhido um nome melhor para mim do
que Cecília, que significa sábia, e por
isso sou tão inteligente para minha
pouca idade.
Minha mãe disse que quando chegasse à
idade certa, eu terei que deixar a nossa
casa e viver com o homem que foi
escolhido para ser o meu esposo. No
começo eu chorava muito, mas depois
comecei a entender que era para o bem
de todos e para não ser tão difícil, eles
resolveram me trazer para New York,
para que eu pudesse conviver um pouco
com ele. Só não esperava encontrar um
menino tão chato, muito diferente das
irmãs, que são gentis e doces.
Desde ontem que a minha irmã vive
falando daquele menino mal educado,
achei estranho, pois, hoje não quis
brincar comigo e quando resolveu se
aproximar de mim, foi para perguntar se
o papai mudasse de ideia, se eu ficaria
zangada por ela se casar com Ethan.
Disse que não, afinal, eu já não gostei
daquele garoto e duvido que isso vai
mudar algum dia. Deixei de pensar
quando a porta foi aberta.

— Pai!
Corri na direção do meu papai assim
que ele passou pela porta. Levantei os
braços para que ele me carregasse,
enquanto Ana permaneceu no mesmo
lugar ao lado da minha mamãe, que
estava sentada no sofá.
— O pai está suado, princesa.
— Eu não ligo, me carrega paizinho.
O homem mais bonito do mundo e que
mais amo na vida, me pegou com seus
braços musculosos, me tirando do chão.
Movi meus bracinhos agarrando o seu
pescoço e o abracei com bastante força,
ele logo encheu o meu rosto de beijo e
em seguida começou caminhar comigo
até o centro da sala.
— Amor, você demorou muito — disse
minha mãezinha.
Assim que se sentou, me colocando no
colo e começou a falar.
— Hoje fizemos uma emboscada contra
o pessoal de Dusan. Como parte do
treinamento de Ethan e Luccas, o garoto
sem dúvida comandará com punhos de
ferro as duas organizações.
— Ele é tão novo.
— Sim, ele é. Mas, tem muito potencial.
Não hesitou em atirar em um dos meus
homens quando foi preciso. E,
aproveitando nossa estádia em New
York, será bom acompanhar de perto o
treinamento daquele que um dia será o
esposo da minha pequena.
Senti uma raiva me queimando por
dentro ao ouvir aquilo. Meu coração
começou a bater forte, tanto que até doeu
no meu peito. Ana que antes estava
concentrada no celular, se manifestou.
— Ele é muito lindo — disse exibindo
um sorriso bobo no rosto.
— Então você pode ficar com aquele
garoto chato. Sempre tivemos gostos
diferentes mesmo. Eu só quero é ficar
para sempre ao lado do meu papai —
falei firme.
— Filha, o pai já explicou ontem que
você foi a escolhida e o acordo não será
desfeito.
— Eu queria ter nascido um menino,
assim não casaria e você poderia me
ensinar a defender a nossa família.
— Por que eu não fui escolhida papai,
eu gosto dele?— retrucou a minha irmã.
— Ana, você vai esquecer isso, ele será
o esposo da sua irmã. Vocês duas são
irmãs e isso é mais forte que tudo —
disse minha mãe com uma expressão
séria no rosto e Ana começou a chorar.
Será que ela realmente gosta tanto dele
assim ou é só porque sabe que eu fui
escolhida. Sempre fazia isso quando o
papai trazia algum brinquedo diferente
para mim, chorava tanto que eu acabava
dando para ela e no outro dia, já estava
jogado pelo canto da casa.

No dia seguinte...
ETHAN BORISLAV
— Vem Ethan — disse Luccas, que
estava brincando no jardim com Clara e
Ayla. Hoje não teve treinamento e o meu
pai tinha uma reunião com os membros
da máfia, por isso o meu amigo veio
com a tia karen para almoçar conosco.
Meus pensamentos foram interrompidos
quando ouvi novamente me chamarem.
— Vem irmão — dessa vez foi Clara
quem falou.
— Eu vou pegar o ipad no quarto para
mostrar para vocês o jogo que criei
ontem à noite.
Enquanto os três voltaram a correr,
comecei a andar na direção da porta.
Entrei dentro de casa e quando me
aproximei da escada, ouvi a voz da
minha mãe vindo da sala. Subi o
primeiro degrau, mas, de repente, algo
me fez parar, me puxando naquela
direção, desci e com passos lentos, fui
em direção das vozes. Meu coração
bateu mais forte quando ouvi as palavras
que foram ditas.
— Você contou que está grávida?
— Não, eu ia contar ontem, mais fiquei
desnorteada depois que soube do
ocorrido no treinamento.
— Eu também fiquei espantada quando
Luccas chegou contando. Eu não gosto
do meu filho no meio desse mundo cheio
de sangue, mas será em vão ir contra, já
que Boris disse que é o destino dele.
— Eu fico pensando e se forem dois
meninos? Eles terão o mesmo destino do
Ethan. Tão novo e já vive num mundo
tão sombrio.
— Lú, eu sou testemunha de quanto você
sofreu e dos obstáculos que enfrentou,
mas sempre se mostrou muito forte.
— Se eu não fosse não teria chegado até
aqui. A cada prova daquele treinamento,
só Deus sabe o quanto eu estava prestes
a chegar ao fundo do poço. Dusan quase
me destruiu.
— No entanto, no jogo que o predador
queria domar sua presa, vocês acabaram
descobrindo o amor.
— O que não foi fácil, pois as paredes
daquele bordel podem ser muito mais
que um lugar marcado pela luxúria, pois,
a cada prova, eu sempre buscava vencer
os meus próprios limites. Ele me fez
conhecer o meu próprio corpo, não
precisou me quebrar fisicamente, mas,
mentalmente, ele quase me levou até a
beira do abismo. Como dizia o demônio,
o anjo seria sua submissa, o seu
brinquedinho, que ele poderia quebrar
em mil pedaços.
Rapidamente me afastei e alcancei a
escada. Sempre fiquei curioso para
saber como uma pessoa tão boa e
iluminada acabou amando um homem tão
perverso quanto o meu pai. Luna
Borislav, além de ser inteligente, é a
melhor mãe do mundo e se tornou a
melhor dama para um mafioso. Mas, ela
disse que o meu pai fez muitas coisas
dentro daquele bordel e será dessa
forma que farei aquela fedelha pagar
pelo que disse, se tornando a esposa
perfeita para mim, a minha submissa.
Capítulo 05
YAN MARTINS

O bservo atentamente Hiroyubi


Sanada, o chefe da Yakuza, desde o
acordo que fiz com o homem que está
em minha frente, que o meu maior desejo
é acabar com a existência de Dusan
Borislav e Enzzo Demisovski.
Eu sou Yan Martins, e, depois de me
livrar do desgraçado do Lian Zhao,
acabei me tornando o chefe da maior
tríade chinesa, a poderosa Sin Yee On,
que controla uma imensa porção do
submundo criminoso de Hong Kong e da
China.
— Yan!
O som da voz de Sanada me arrancou
dos meus pensamentos e segundos
depois, ele voltou a se manifestar.
— Precisamos impedir que eles façam a
junção das duas máfias e para isso
precisamos acabar com os dois
pirralhos.
— Aproveitando que o maldito não
conhece quase nada em New York,
consegui colocar dois infiltrados dentro
da casa de Enzzo, já que hoje a noite
será o aniversário das duas fedelhas.
Será mais fácil se eliminar logo as duas,
assim não terá mais risco de uma união.
— Em breve teremos o controle das
duas maiores máfias do mundo e todos
aqueles que cruzarem o nosso caminho.
O destino será somente a morte.
ETHAN BORISLAV
A família toda ficou em festa quando
ontem, a minha mãe contou sobre a
gravidez. Sendo filhos de Luna e Dusan,
e, tendo o mesmo sangue que eu, não
teria como não me alegrar diante da
situação. Só espero que sejam dois
meninos, pois, já estou cansado de ter
tantas mulheres ao meu redor.
— Ethan!
Aquele que vive atrapalhando os meus
pensamentos, me trouxe de volta a
realidade.
— Vamos comer!
Medroso e ainda por cima esfomeado.
Sem alternativa, ao seu lado, segui pelo
corredor indo em direção ao grande
salão e ao chegar perto da porta, me
detive ao ver que um novo carregamento
de mercadorias havia chegado. O meu
pai observava minuciosamente cada uma
delas, porém, a ruiva que ficou olhando
fixamente para ele, despertou minha
total atenção.
A garota não fez questão de esconder o
seu súbito interesse, pois, a malícia
estava visível em seu olhar predador.
Depois que ele já tinha proferido
algumas palavras, disse aos soldados
que estavam presentes para levar todas
para o setor B, com a intervenção da
minha mãe, muitas veteranas da casa,
hoje já não tem o final trágico ao serem
substituídas. Deixo os devaneios de lado
quando em uma fileira, começaram a
passar perto de mim e assim que a
desconhecida se aproximou, vocifero
num tom rude.
— Pare!
Assim que ganhei atenção de todos,
disse:
— Se você quer continuar viva,
mantenha seus olhos e o corpo inteiro
longe do meu pai ou eu mesmo darei um
jeito para que sua estadia aqui acabe
antes de começar.
Todos ficaram olhando-me incrédulos,
comecei a me mover e antes de sumir do
campo de visão deles, voltei a falar.
— Vamos Luccas, à noite teremos uma
festinha que será inesquecível.
Mais tarde...
— Ethan, por que você trouxe isso? —
disse Luccas quando mostrei a arma que
estava comigo.
— Não vou matar ninguém, seu
medroso, mas aquela fedelha estava se
achando porque ia fazer cinco anos,
como se isso fosse mudar o fato de ela
mal ter deixado de fazer xixi nas fraldas.
Eu só vou animar a festinha dela.
— Isso vai dar confusão.
— Contanto que ela se lembre para
sempre que comigo ninguém brinca, eu
estou disposto a assumir as
consequências.
Os adultos estão fazendo a festa dentro
da mansão, todos os presentes estavam
parabenizando o meu pai, pela notícia
da gravidez da minha mãe. Parece que
Dusan Borislav, se tornou uma máquina
de fazer filhos e se não fosse pelos
cuidados que minha mãe deve ter tido
antes, era bem capaz de a nossa
organização ser formada somente pela
grande quantidade de herdeiros. Deixo
os pensamentos de lado e minha atenção
se volta para a pequena multidão a
minha frente, além das minhas irmãs, da
pirralha e o clone dela, havia mais
quatro crianças que eram filhos de
membros da máfia. Eu e Luccas
começamos a caminhar até eles e assim
que acabamos com a distância que havia
entre nós, a primeira a se manifestar foi
o clone, que tinha os lábios pintados de
vermelho, um lanço na cabeça e mais
parecia uma boneca de tão enfeitada.
Muito diferente da irmã, que mantinha os
cabelos longos, soltos, com pontas bem
onduladas, seus olhos verdes que hora
estavam num tom azulado, faziam um
contraste perfeito com seu belo rosto.
Mas, que diabos esta acontecendo
comigo? Afasto os devaneios de lado.
— Ethan, vamos brincar? — olhei para
Ana que tinha um largo sorriso no rosto,
mas desta vez, eu saberia tirar proveito
da situação.
— Que tal esconde-esconde?
— Oba! — todos disseram em uma só
voz.
— Vocês podem ir se esconder que eu
faço a contagem.
Nos instantes seguintes, já estava me
aproximando do número 20.
— Quinze... Vinte. Aí vou eu...
Com um único alvo em mente, saí feito
um caçador a procurar da sua presa, eu
só vou da um susto naquela metida, pois,
tenho certeza que assim que ouvir o
barulho do tiro, vai entrar em pânico.
Com passadas largas, saí na direção que
a vi correndo e não demorou muito para
ouvir o som de algumas vozes, dizendo.
— Um, dois, três, salve eu... — entre
elas, nenhuma era de Cecília, muito
menos de Ana, já que as duas falavam
um inglês com sotaque albanês.
Continuo caminhando e cada vez ouvia:
um, dois, três, salve eu. Pela minha
contagem, só faltavam as duas, o que era
estranho. Quando me aproximei de um
grande arbusto, eu ouvi o som de um
choro abafado e em seguida, a voz da
garota que é capaz de fazer o meu corpo
ficar em chamas.
— Solte a minha irmã, socor...
A raiva percorreu cada centímetro da
minha pele, meus pulmões pareciam
estar queimando, quando o barulho da
sua voz foi silenciada pelo ruído de um
tapa que ecoou a minha volta e um choro
dolorido, que a cada soluço, parecia
sentir uma dor mais profunda se fez
presente.
— Cale a boca infeliz — disse uma voz
firme.
— Pegue logo as seringas e vamos
acabar com isso — desta vez era outra
pessoa que estava falando.
Dei mais alguns passos, tendo a visão de
dois brutamontes que seguravam com
força o clone, enquanto Cecília estava
jogada no chão. No instante que um
deles pegou o objeto, levando de
encontro ao seu corpo indefeso, senti
algo gritar dentro de mim e um alvoroço
como se tivesse alguma coisa além dos
meus órgãos internos e tinha vida
própria, pois, senti meu rosto se
contorcer. Minha respiração ficou
acelerada e antes que ele alcançasse a
pele dela, puxei a arma e o primeiro
disparo dos três que atingiram o seu
corpo dele, foi feito e, quando dei por
mim, a arma já estava na direção do
outro infeliz que parecia atordoado,
parecia não saber de que direção ou
quem havia dado os tiros e antes que ele
fizesse de Ana seu escudo de proteção,
o barulho de outro tiro reverberou no
espaço. Saí do meu esconderijo e ao ver
o rosto da fedelha todo vermelho, um
ódio descomunal libertou aquilo que
estava dentro de mim e já não conseguia
mais parar de puxar o gatilho. Não tinha
noção de quanto tempo havia se
passado, só sei que as 16 balas da
pistola, já haviam sido usadas e o corpo
do homem, assim como do primeiro,
estava esparramado no chão. Voltei ao
meu estado de consciência quando uma
grande movimentação aconteceu a minha
volta e senti, além do toque da mão do
meu pai, o seu hálito quente, assim que o
som da sua voz ecoou próximo ao meu
ouvido.
— Já acabou, filho.

Horas depois...
ENZZO DEMISOVSKI
— Maldição!
Continuo andando de um lado para o
outro, totalmente incrédulo e indignado
pelo ocorrido de horas atrás. Como
pude deixar que os desgraçados
chegassem tão perto das minhas
princesas, meus tesouros, por quem eu
daria a minha vida só para mantê-las em
segurança.
Se não fosse pela travessura de Ethan
em querer dá um susto em Cecília, o
pior teria acontecido. O que era para
repreender o garoto pelo ato que
poderia resultar no acidente, fez dele o
herói, não só daquela que já lhe foi
prometida a ele, como da pequena Ana,
mantendo assim o acordo feito entre as
duas organizações. Enquanto Ana ficou
em choque, a fúria me dominou ao ver o
rosto de Cecília mais vermelho que um
tomate.
Aqueles dois infelizes, dois malditos
abutres que vivem escondidos nas
sombras, mandando terceiros fazerem o
trabalho sujo, mas, algum dia, eles
sairão do buraco sujo e asqueroso em
que vivem e terei todo prazer em enviá-
los direto para as profundezas do
inferno. Meus pensamentos foram
atrapalhados quando ouço a voz da
minha mulher.
— Elas já estão dormindo.
O que era para ser motivo de
comemoração, depois do ocorrido, não
tinha mais clima para continuar com a
festa. As duas não paravam de chorar, e,
Dusan também, ao ver o estado do filho,
que parecia ainda em transe, acabou por
achar melhor levá-lo para casa.
— Nunca iria me perdoar se algo ainda
pior tivesse acontecido.
Helena deu alguns passos e ao ficar a
centímetros de distância, seus braços
envolveram a minha cintura e o som da
sua voz repercutiu dentro do ambiente.
— Calma, amor, você sempre foi o
melhor pai do mundo, protetor e
carinhoso.
Quando eu estava prestes a beijá-la, a
porta do nosso quarto foi aberta e meus
olhos caíram sobre o pequeno anjo e
algo dentro de mim vibrou intensamente
com as palavras que foram ditas por ela.
— Papai, eu quero que o senhor me
treine para ser forte, não quero ter mais
medo.
Capítulo 06
Durrês (Albânia) – Alguns
anos depois...
CECÍLIA DEMISOVSKI
D epois da sessão de ioga, me
levanto do chão e caminho até a
banheira que já estava cheia com água
morna, pois a mesma ajuda a segurar a
respiração, enquanto a fria, faz a pessoa
perder rápido o fôlego. Entro dentro do
objeto e deixo água tomar conta do meu
corpo inteiro, submergindo por
completo.
O silêncio debaixo d'água e em todo
ambiente é predominante a minha volta,
em minha mente, só há um único
pensamento, já que precisava superar o
tempo da semana passada. Quanto mais
tempo conseguir ficar sem respirar, o
meu pai disse que isso seria fundamental
para minha sobrevivência.
Segundos e minutos, tudo acabou se
transformando em uma eternidade,
porém, a calmaria foi quebrada pelo
som da voz de Ana, atrapalhando a
minha concentração.
— Vamos viajar amanhã e você continua
com esse treinamento ridícul...
Segurei o máximo que pude, enquanto
ela continuava falando sem parar e
quando os meus pulmões já não estavam
mais aguentando, emergi das
profundezas da banheira. Respirei
profundamente, enquanto os olhos dela
estavam cravados em mim, assim que
recuperei um pouco de fôlego, levando o
ar de volta para os meus pulmões, o som
da minha voz ecoou dentro do cômodo.
— Você sabe que não gosto que
atrapalhem a minha concentração.
— Daqui a dois dias será o seu
casamento e você continua agindo como
se fosse um garoto. Se fosse eu, teria
passado o dia todo em um Spa.
Comecei a sentir uma revolta incontida,
algo que cresceu e se transformou em
raiva. Tudo isso já estava enchendo a
minha paciência, pois, mais de quatorze
anos se passaram e ao longo deles, eu
ouvi por incontáveis vezes a mesma
ladainha. Se fosse ela, iria ver aquele
homem todos os anos. Ela jamais,
pegaria em uma arma ou ia ter seu corpo
suado diante do treinamento que o meu
pai impôs, era muito melhor ir ao
shopping e fazer um monte de compras e
se ela tivesse nascido primeiro, teria
sido a escolhida.
Aquilo que parecia uma birra de criança
acostumada a ter tudo que queria,
acabou se transformando em uma
obsessão. Quando seus lábios se
moveram, antes que algum som saísse
pela sua boca, num pulo, me levantei e
peguei a toalha, enrolando-a em volta do
meu corpo e saí de dentro da banheira.
— Ainda que nós duas sejamos
fisicamente iguais, temos personalidades
muito diferentes, totalmente o oposto.
Então, irmã, já chegou a hora de parar
com essas comparações. Eu não sou
você e mesmo que não seja da minha
vontade, serei eu quem vai se casar com
Ethan Borislav, e, depois que isso
acontecer, não vou aceitar que você
continue falando dele como se não fosse
o meu marido.
Suas feições logo mudaram, seu rosto
ganhou um tom avermelhado e sua
respiração ficou pesada, indicando que
não tinha gostado do que eu havia dito.
— Você sempre teve tudo.
— Nós duas sempre tivemos tudo, a
única diferença é que eu por ser sua
irmã, jamais desejei algo que fosse seu.
Sempre fiz suas vontades, por ser a mais
velha, porém, tem coisas na vida que
não se pode dividir e sendo ruim ou
bom, Ethan, se inclui nessa exceção.
Assim que eu terminei de falar, ela deu
de ombros e começou a caminhar para
fora do ambiente. Se não fosse um
acordo onde o meu pai deu sua palavra,
eu mesma já teria desistido e ela
poderia ter o que tanto desejava, mas
por outro lado, tudo isso é justamente
porque é algo que ela não pode ter.
Deixando os pensamentos de lado,
caminho na direção do box. Amanhã
iremos para Belgrado, pois, lá
acontecerá a cerimônia de um casamento
que será uma gaiola na qual estarei
presa pelo resto dos meus dias.
New York
ETHAN BORISLAV
Hoje, olho para trás e vejo o quanto o
tempo se passou rápido, quase quinze
anos para ser exato. Ora, o que são
quinze anos? Embora seja pouco para
muitos, pois, acreditam que não se pode
escrever uma história em um período de
tempo tão breve, na minha vida e de
todos ao meu redor, muita coisa mudou.
Todavia, nos dias, meses e anos que se
passou, a família cresceu com a chegada
de Luana e Alice, aquelas que fizeram
com que o meu pai se tornasse ainda
mais protetor. Ayla e Clara trilharam
caminhos diferentes e se mostraram ter a
inteligência dos Borislav.
Boris e karen ficaram ainda mais
grudentos com a chegada da pequena
Sophia, e, por pouco não matei aquele a
quem tenho como um irmão ao descobrir
o seu envolvimento com Ayla. Eu
sempre fui desconfiado de que havia
algo entre eles, mas depois de ter jogado
tantas indiretas em forma de ameaças,
achei que o medroso não fosse adiante.
No entanto, ninguém melhor que ele para
cuidar da minha irmã e depois da minha
união com aquela fedelha, assim que
terminar a residência médica que Ayla
está fazendo, os dois irão se casar.
Falando na pirralha, durante todo esse
tempo, eu só a vi quando ainda tinha 12
anos, desde então, passei a focar
exclusivamente nos ensinamentos do
meu pai e nos estudos. Sempre ouvia o
mesmo discurso de como ela e a mini
Barbie, estavam cada vez mais bonitas
e, embora ela já tenha feito 18 anos
desde o ano passado, tive que
reconhecer que a insolente era muito
mais inteligente do que eu pensei. Ela
terminou a educação básica com apenas
15 anos e devido a isso, ficou decidido
que o casamento só aconteceria, após os
seus 19 anos, quando já tivesse
concluído a faculdade.
Deixei os pensamentos de lado quando
cheguei ao corredor 666, meses atrás,
depois de se mudar de vez para
Belgrado, o meu pai me entregou toda
responsabilidade, não só do bordel,
como de todos os assuntos em New
York. Continuo andando enquanto
observo algumas modificações que
foram feitas e assim que chego ao meu
destino, abro a porta e meus olhos
passearam em volta do lugar que ficou
conhecido por muitos durante o legado
do temido Dusan, como: "A sala do
desespero", mas, hoje, depois de toda
reforma que fiz, terá um novo nome: "A
fonte do meu prazer", o lugar onde
aquela atrevida aprenderá que entre
quatro paredes, a sua submissão e a sua
dor, podem me proporcionar ainda mais
prazer. Hoje deixarei esse lugar rumo a
Belgrado e quando retornar em sua
companhia, ela conhecerá a sua gaiola
dourada.
— Ethan!
Saio do estado de devaneio que me
encontrava quando a voz de Luccas
ressoou a minha volta. Os anos
passaram-se, mas algumas coisas nunca
mudam, assim que ganhou minha total
atenção, voltou a proferir algumas
palavras.
— Todas já estão no salão.
No instante que assumir o controle do
lugar, fiz totalmente o oposto do que o
meu pai fazia quando vinha para New
York, onde as prostitutas só saiam daqui
mortas, no entanto, as mulheres que já
estavam com idade avançadas, foram
dispensadas, porém, antes todas foram
avisadas que se algo fosse dito por elas
do que aconteceu dentro desse lugar. Eu
mesmo iria atrás de cada uma e nem que
fosse ao inferno, as acharia, só para ter
o prazer de mutilar o corpo delas até
arrancar o coração com minhas próprias
mãos.
Muito mais prazeroso que matá-las, foi
ver o medo em seus olhos quando
ouviram as minhas palavras, isso sim fez
os meus demônios internos ficarem em
êxtase. Afastei as lembranças e ao lado
dele, segui para fora do ambiente, alguns
minutos depois, já estava me
aproximando das portas duplas que
davam acesso ao hall.
De repente, todos os órgãos dentro da
minha caixa torácica começaram a
funcionar num ritmo alucinante. Minha
mandíbula tremeu e por alguns segundos,
meus olhos arderam como se estivesse
em brasas e, quando o desconforto
passou ao entrar no salão, meus olhos
repousam sobre a mulher de beleza
exuberante.
Capítulo 07
ETHAN BORISLAV
U m desconforto enorme pairou sobre
mim, algo estava me queimando
por dentro, fazendo todos os meus
demônios despertarem. Dei alguns
passos e me detive ao me aproximar da
desconhecida, que além de ter um belo
rosto, tinha um corpo cheio de belas
curvas. Meu olhar ficou fixo na bela
imagem a minha frente e meus
pensamentos se misturaram até se
tornaram um só, o tempo pareceu que
havia parado ao meu redor e um silêncio
constrangedor tomou conta do espaço,
até que a temperatura do meu corpo
voltou ao normal e o som da voz de
Luccas ressoou no ambiente.
— Ethan! Scarlett chegou.
Saí do transe que estava e meus olhos
caíram sobre a mulher que surgiu no meu
campo de visão.
— Desculpe a demora, mas estava num
engarrafamento interminável.
— Quero que todas vocês conheçam
Scarlett, ela é a médica responsável por
acompanhar a saúde de cada uma de
vocês. Todas irão passar por uma
bateria de exames e os chips serão
trocados. Essa semana vocês ficarão em
observação sem nenhuma atividade
sexual, desta forma, ela irá observar se
alguém tiver algum efeito adverso ao
implante contraceptivo. Como todas já
passaram pelo treinamento na filial de
Manhattan, já podem ir diretamente para
os quartos.
No instante seguinte, todas foram
conduzidas para fora do salão por
alguns soldados, em direção aos
cômodos destinados às prostitutas que
vivem nesse lugar. Olhei para William
que estava ao lado do primo Luccas e
então disse;
— Luccas te passará tudo que deve ser
feito até o nosso retorno. Você será o
único responsável não só pelo The
Brothel Empire, como caíra sobre você
à culpa se algo vier a aconteceu na
nossa ausência.
— Darei sempre o meu melhor, chefe.
— Disso eu não tenho dúvida, caso
contrário, não estaria num posto tão
elevado.
— Quanto a você Scarllet, venha
comigo.
Ao lado da mulher caminho em direção
ao meu escritório. O meu pai acabou
pensando em tudo durante a minha
infância, Scarlett foi preparada pela mãe
para assumir o legado de Lauren, que se
mostrou sempre fiel a máfia Sérvia,
assim como William, que além de ser
sobrinho de Boris, foi treinado pelo
próprio pai para se tornar o chefe de
segurança do soberano da máfia, no
caso eu. Todo pessoal liderado pelo pai
dele durante o confronto entre Dusan e
os membros traiçoeiros do conselho, se
mostraram os mais dignos de
continuarem a fazer parte da nossa
organização, pois, colocaram acima de
tudo, o juramente de honra e fidelidade
ao chefe.
Assim que cheguei dentro do meu
escritório, meu olhar ficou cravado no
rosto da mulher a minha frente e no
momento seguinte, contei a ela tudo que
deveria fazer...
— Você já sabe que deve manter sigilo
sobre isso.
— Nem precisava dizer e farei
exatamente como você ordenou.
Horas depois...
Já estávamos dentro do carro que nos
levaria até a pista de pouso, quando o
veículo entrou em movimento, o som da
voz de Luccas ressoou a minha volta.
— Eu jamais tinha visto você ficar tão
interessado por uma das mulheres do
bordel. No entanto, ficou nítido seu
interesse pela tal Amber.
— Ela é bonita e assim como todas as
outras, estará à minha disposição.
— Não é segredo que ao longo dos anos
você fez uma verdadeira coleção entre
as centenas de mulheres que passaram
pelo lugar, porém, com seu casamento,
achei que isso iria ficar no passado.
Dei uma gargalhada que chamou atenção
até do homem que estava com as mãos
no volante. Desde os meus 15 anos,
quando tive minha primeira experiência
sexual, e, foi justamente com uma das
novatas que tinha 16 anos e ao contrário
de muitas outras que chegaram ao bordel
através de pagamento de dívidas, essa
veio por livre espontânea vontade, já
que sempre viveu na miséria. A garota
era virgem, entretanto, assim como no
dia que matei aqueles dois infelizes,
senti algo se quebrando novamente
dentro de mim.
Meu corpo foi envolvido por um calor
escaldante, meus demônios internos
gritavam como se tivessem em êxtase ao
se deliciarem do medo e a dor que ela
estava sentindo. Sempre tive um pênis
bem avantajado para um garoto naquela
idade, porém, o meu pai sempre dizia
que de nada adiantaria se não soubesse
usá-lo ao meu favor e até então, não
entendia direito o significado das suas
palavras, até aquele dia, ao ver o quanto
estava causando sofrimento a garota,
rasgando-a por dentro e quanto mais ela
gritava, mais o monstro que habita
dentro de mim vibrava fortemente.
Depois disso, acabei por ter todas as
mulheres daquele lugar. Não sou
piedoso com elas, as fodo com
brutalidade e sinto um prazer
indescritível ao vê-las contorcendo-se
de dor.
Luccas e suas perguntas, mas, o que
esperar de um virgem e vai continuar
sendo até se casar com Ayla, pois, se
tiver a audácia de colocar sua minhoca
para brincar com alguém, é bem capaz
de tê-la cortada por mim. Deixo os
pensamentos de lado e com o olhar
cravado, vocifero em tom rude.
— Eu aceitei me casar com aquela que
foi escolhida pelo meu pai, pois, acima
de tudo vêm os interesses da nossa
organização. Mas, não pretendo viver
em castidade no matrimônio e muito
menos ser exclusivo de alguém tendo
afetividade sexual para uma única
pessoa.
O silêncio reinou dentro do automóvel e
só foi quebrado quando entramos dentro
do avião.
— Amanhã terá um jantar que seus pais
organizaram.
— Não me informaram de nada.
— Ayla acabou de me mandar uma
mensagem avisando.
Isso só deve ser coisa da minha mãe e
não estava em meus planos ter que
encontrar Cecília antes do casamento,
porém, veremos como ficou a aparência
da fedelha mimada e se contínua tão
atrevida como antes. Para o bem dela,
espero que tenha sido ensinada de qual
deve ser o papel de uma esposa de
alguém como eu, caso contrário, ela que
só viu a minha parte boa, e vai conhecer
o meu lado ruim, pois, estando sobre os
meus domínios, irá aprender a quem ela
pertence.
Belgrado / Capital da Sérvia
No dia seguinte...
CECÍLIA DEMISOVSKI
— Filha! O que aconteceu?
Minha mãe perguntou assim que entrou
no meu quarto. Sua expressão era de
pura preocupação, respiro
profundamente e assim que me sinto
mais aliviada, respondo.
— Foi só uma tontura, hoje fez sete dias
que iniciei o uso do remédio e o meu
corpo já está se adaptando ao
medicamento.
— Seu pai e muito menos Dusan
Borislav, podem imaginar que você está
fazendo uso de anticoncepcional. Todos
esperam que logo venham os herdeiros.
— O sonho de toda mulher é ser mãe,
mas antes disso acontecer, eu preciso
estar preparada. Um filho no início do
casamento seria mais um ponto para
aquele metido ter domínio sobre mim.
— Você sabe o quanto essa união é
importante para todos, entretanto, acima
de tudo está a sua felicidade e ainda dá
tempo de parar com tudo isso. Não
importam as consequências, eu estarei
do seu lado.
Seguro firme em suas mãos e novamente
volto a falar.
— Um acordo foi feito e jamais iria
contra a palavra do meu pai. Acima da
minha vontade, está minha fidelidade
com a nossa organização e o meu amor
por Enzzo Demisovski.
— Você foi a melhor escolha e será
muito mais que um rosto bonito ao lado
do soberano da máfia. Agora vamos que
todos já estão esperando e, a sua irmã
não fala em outra coisa além desse
jantar.
Levanto-me e juntas deixamos o
cômodo. Assim que passei pelo
corredor, um calafrio percorreu a minha
espinha e uma sensação de desconforto
pairou sobre mim. Era como se algo
estivesse por vir, uma certeza, um
presságio diante de toda a empolgação
de Ana, que era por reencontrar
novamente o garoto que agora já era um
homem, assim como nós duas já não
éramos mais as fedelhas que ele
conheceu.
Capítulo 08
Belgrado – Sérvia
CECÍLIA DEMISOVSKI
A ssim que chegamos ao topo da
escada, olhei para Ana que estava
tão arrumada, como se o casamento
fosse acontecer hoje. Saio dos meus
devaneios quando escuto o som da sua
voz.
— Até que fim vocês apareceram — sua
expressão era de pura irritação.
Dei mais alguns passos e depois de me
livrar do último degrau, o som da minha
voz ecoou no espaço.
— Ana, quem deveria estar aqui
empolgada era eu, o que não é bem o
caso, não sei o motivo de tanta pressa se
o jantar foi feito para os noivos .
— Mas o convite veio para toda família
— disse como se sua preocupação não
fosse só para ver logo Ethan.
Ela fingiu demência, o que já estava me
irritando e quando estava prestes a me
manifestar novamente, o som da voz
dela se fez presente.
— Vamos pai, não é educado deixar as
pessoas esperando.
Ela saiu puxando o nosso pai em direção
à porta. E minha mãe, assim como o tio
Hulk e minha avó fizeram o mesmo. Em
passos largos, comecei a andar e só
parei ao chegar perto do carro que
estavam os meus pais e a minha irmã.
Depois que o mesmo entrou em
movimento, enquanto todos estavam
entretidos, onde meu pai estava falando
sobre a nomeação que Ethan receberá
assim que acontecer o nosso casamento
e Ana por sua vez não parava de elogiá-
lo, vários pensamentos se fizeram
presentes em minha mente. Desviei meu
olhar em direção ao vidro da janela,
procurando organizar os meus
pensamentos.
Eu tinha a sensação que todos colocaram
uma venda nos olhos para não enxergar
que ela cresceu e que agora suas
palavras eram proferidas por uma
mulher e não uma fedelha. Passei toda
infância tendo que vê-la querendo
competir em tudo e por amor sempre fui
a única a ceder e só espero não ter que
entrar em uma competição com a minha
própria irmã.
Eu cresci lendo sobre a história das
mulheres no mundo da máfia, fiquei
horrorizada perante tantos de maus
tratos e sofrimento, algo que a minha
avó passou por muitos anos nas mãos
daquele que só trouxe desgraça e
destruição na vida dos meus pais. Ao
longo dos anos, as mulheres sempre
foram vistas como alguém que devia ter
fidelidade ao marido, cuidar da casa e
dos filhos. Os homens podiam tudo, e
até hoje, muitos vivem cercados de
várias amantes e tratam as esposas como
sua propriedade.
Eu fui preparada para ser a esposa de
Ethan Borislav e respeitar o meu
marido, mas não para ser um objeto que
ele pode usar, pisar, quebrar e
reconstruir para quebrar novamente. E
muito menos para ter um marido que
seja infiel, pois, assim como eu, ele teve
um bom exemplo no casamento dos pais
dele e embora entre nós dois nunca haja
amor. Assim como um objeto que
quebrou e então foi colado, a confiança
refeita nunca volta a ter a sua estrutura
inicial e jamais irei perdoar uma
traição.
— Filha! — meus pensamentos se
perdem quando ouço a voz da minha
mãe. — Chegamos princesa.
Fiquei tão distraída que acabei
perdendo a noção do tempo
transcorrido. Ana por sua vez, foi a
primeira a descer do veículo, estava tão
afoita que se pudesse entrava sozinha
dentro da casa. Com todos já fora dos
dois carros, seguimos até a entrada
principal e assim que as portas foram
abertas, eu fiquei atordoada com o
tamanho do imóvel. A mansão era
imensa, com móveis luxuosos, dos
lustres de cristal, ao mármore do chão e
os tapetes.
— Sejam bem-vindos.
O som da voz da minha sogra, que ficou
ainda mais linda com o passar dos anos,
reverberou no espaço. Instantes depois,
todos começamos a nos cumprimentar,
dei um abraço bem apertado em Ayla e
Clara e apesar de tê-las visto poucas
vezes, tinha um carinho imenso pelas
duas. Luana e Emilly estavam enormes,
já que a última vez que nos encontramos
elas só tinham seis anos.
Fiquei conversando com Clara, Ayla e
Luccas, enquanto os demais foram para
sala de estar. Não demorou muito para
Ana aparecer e o som da sua voz ecoar a
nossa volta.
— Cadê o irmão de vocês? — falou
olhando para todos os lados a procura
dele.
— Achei que Cecília era quem ia fazer
essa pergunta— disse Ayla e nesta hora
queria ser descendente de um avestruz,
só para poder enfiar minha cabeça
dentro de um buraco. A calmaria
predominou por alguns segundos e foi
interrompido por Luccas.
— Creio que ele já esteja vindo.
Assim que ele terminou de proferir suas
palavras, o barulho de passos descendo
pelos degraus da escada ganhou atenção
de todos. Eu estava de costas, mas, pelo
sorriso largo e estampado no rosto da
minha irmã, eu sabia que era ele e
quando suas passadas se tornaram mais
próximas. Virei-me e meus olhos
ficaram cravados no homem a minha
frente, no mesmo instante que ele parou
de se mover e suas orbitas azuis me
encaravam intensamente.
De repente, meus batimentos cardíacos
dispararam terrivelmente, como se meu
coração fosse saltar para fora do meu
peito. Minha garganta fechou-se como se
tivesse um nó gigantesco que me
impedia de respirar. Ethan tinha uma
expressão totalmente indecifrável, seus
olhos insondáveis, não piscavam e
continuavam a me observar e eu podia
sentir a vibração magnética que vinha
dele, fazendo todo o meu corpo
estremecer.
O demônio tinha um belo rosto e havia
se transformado em um homem de beleza
estonteante que poderia atrair várias
mulheres a sua volta. Saí dos meus
devaneios quando ninguém mais e
ninguém menos que Ana, quebrou o
silêncio que pairou ao nosso redor.
— Ethan, estava justamente procurando
por você — disse ela num tom de voz
irresistivelmente meloso, como se
estivesse sussurrando versos de amor.
Ele, que até então estava em silêncio,
proferiu algumas palavras.
— Pelo tanto de maquiagem em seu
rosto e as roupas chamativas, suponho
que seja a Ana.
— Sim, sou eu mesma — acredito-me,
que ela não estava no seu juízo normal,
pois, achou que aquilo fosse um elogio,
no entanto, meu coração deu um salto no
peito quando ele deu dois passos se
aproximando de mim. Minha respiração
parou por um instante, mas quando ele
voltou a falar, a raiva me dominou, pois
o seu tom de voz era irônico.
— Os anos caíram bem a você, já que a
pirralha se tornou uma bela mulher.
Eu sabia que devia me controlar, mas
senti o sangue pulsar violentamente em
minhas veias e o nó que antes estava
preso se desfez e não consegui controlar
as palavras que saíram pelos meus
lábios.
— E você, apesar da bela aparência,
acabou se tornando um velhote
comparado com a bela mulher que a
pirralha se transformou.
Ele me olhava com olhos mortais, sua
face ficou completamente transformada e
bastou um passo, para ele ficar a
centímetros de distância de mim. Não
consegui desviar meus olhos dos dele, o
magnetismo que saia de lá me prendiam,
como se ele tivesse lançado um feitiço.
O cheiro do seu perfume amadeirado e
cítrico me invadiu, ele estava tão
próximo, que eu podia sentir sua
respiração quente em meu rosto.
— Te mostrarei amanhã o que o velhote
aqui pode fazer — disse com voz baixa
e controlada, fazendo-me por pouco não
perder o equilíbrio das minhas pernas,
que de repente ficaram fracas e pesadas.
— Vejo que estão se dando muito bem.
Desvio o olhar para o dono daquela voz,
que tinha um esboço de um sorriso no
rosto. Meu sogro se aproximou do filho
e colocou uma das mãos em cima do
ombro dele e então disse:
— Além de ser muito inteligente, você
terá uma esposa tão linda quanto um
anjo.
Ethan, calado estava, calado ficou, mas,
pelo olhar lançado em minha direção, eu
sabia que ele estava possuído de raiva.
— O jantar ainda vai demorar a ser
servido, podemos ir para sala de jogos
— disse Clara, exibindo um sorriso
contagiante. Nós seis caminhamos em
direção ao corredor e depois de quase
um minuto, chegamos ao ambiente que
ela havia dito. Um cômodo bem luxuoso,
que foi mobiliado com elementos
decorativos como cartas de baralho,
tinha uma mesa de sinuca, uma televisão
enorme fixada na parede, uma mesa
redonda com cadeiras e uma maquina de
pinball.
— Vamos jogar em dupla — murmurou
Ayla.
— Eu vou fazer par com o Ethan — Ana
disse, se aproximando dele e se antes eu
já estava morta de vergonha por ela ser
tão inconveniente, ao ouvir a resposta
do homem a minha frente, eu fiquei
completamente sem reação.
— Sendo você e Clara as únicas que
estão sobrando, que façam uma dupla às
duas.
Ela parou de se mover no mesmo
instante e o seu sorriso morreu.
Enquanto os demais estavam colocado
as bolas em cima da mesa, olhei para
minha irmã e ela respirou ofegante, e a
expressão que tomou seu rosto, eu
conhecia muito bem, era uma fúria
contida e seus olhos estavam cravados
em minha direção. Desta vez a conversa
entre nós duas será na frente dos nossos
pais, pois, não terei como rival a minha
própria irmã.
Capítulo 09
ETHAN BORISLAV
D eixei o meu quarto e quando
cheguei ao corredor, já dava para
ouvir o som das vozes vindo do andar
de baixo. No instante que comecei a
descer a escada, o primeiro rosto que vi
era de uma beleza estonteante, o que fez
algo vibrar dentro de mim, porém, pelos
trajes e toda maquiagem em sua face, eu
sabia que só podia ser a pirralha que
mais parecia um chiclete de tão
grudenta, o que não mudou muito depois
de tantos anos.
Uma sensação semelhante a que senti
anos atrás, no entanto, muito mais
poderosa percorreu cada fibra do meu
corpo, como um fogo líquido me
incendiando por dentro me dominou
quando direcionei meus olhos para o
corpo da mulher que estava de costas
para mim.
Fiquei totalmente imóvel no momento
que ela se virou e os meus órgãos
internos dispararam, funcionando a todo
vapor, meu corpo estava tão quente,
parecendo uma fornalha, fazendo todos
os meus demônios se manifestarem de
um jeito que eu nunca tinha sentido
antes. Pareciam estar em festa ao se
deparar com a imagem de um anjo em
forma humana, um anjo capaz de deixá-
los descontrolados e ao mesmo tempo,
acalmá-los. Entretanto, ela continua
ainda mais atrevida e ao ouvir suas
palavras e ver em suas órbitas
esverdeadas aquele brilho intenso e
desafiador, o calor em volta da minha
pele se intensificou. Algo dentro de mim
era semelhante a um vulcão em erupção,
senti um desejo enorme em apagar
aquela luz refletida em seus olhos.
Contudo, quanto mais ela se mostra
insolente, só fazia aumentar a minha
vontade em domá-la. Os meus
pensamentos foram quebrados pelo
barulho da voz de Clara.
— Primeiro será eu e Ana contra Ayla e
Luccas.
Os quatros começam a jogar, enquanto
Cecília sentou-se no estofado. Dei
alguns passos e ao me acomodar ao seu
lado, o som da minha voz se fez
presente.
— Você já arrumou as suas malas?
— Algumas já estão prontas e trouxe de
Durrês, porém, achei que só íamos para
New York daqui a três dias.
— Não! Vamos viajar amanhã logo após
a cerimônia.
— Mas, eu quero ficar mais um tempo
com a minha família — sua voz soou
com aspereza.
— Você já passou 19 anos ao lado deles
e como minha esposa, irá aonde eu
determinar.
Sua expressão endureceu com uma ruga
vertical na testa. Sua respiração ficou
pesada e assim que seus lábios se
moveram, nem dei tempo de ela dizer
mais nada ou acabaria perdendo a minha
paciência.
— Ficaremos três dias em Florença,
depois iremos para New York.
— Droga! — resmungou o clone assim
que Luccas e Ayla ganharam a partida.
— Irmão é a vez de vocês — falou Ayla.
Com algumas passadas, ficamos em
frente à mesa e ao pegar os tacos, notei
que Cecília estava inquieta. Dei mais
alguns passos e praticamente colei o
meu corpo ao dela, o seu cheiro
alcançando minhas narinas. Dos seus
cabelos emanavam um perfume
delicioso e inebriante.
— Não me diga que você não sabe
jogar? — falei próximo ao seu ouvido,
colocando as minhas mãos em sua
cintura. Dava para sentir o quanto o seu
corpo ficou trêmulo.
— Claro que ela sabe e, é até melhor
que todos vocês — a voz da Barbie
ressoou a nossa volta, fazendo com que
sua irmã achasse o momento propício
para se esquivar do meu toque.
— Vamos começar — disse ela, com um
tom de voz ofegante e as maçãs do rosto
vermelhas igual tomate.
Nos instantes seguintes, fiquei
impressionado com o ponto de mira
dela, pois, a cada tacada, a bola em alvo
era encaçapada. Pelo visto, além de
inteligente e atrevida, a minha futura
esposa tem algumas habilidades que
certamente acredita que pode passar
despercebida por mim. Vamos ver o
quanto ela pode suportar, caso contrário,
jamais teria sido escolhida pelo meu
pai.

Horas depois...
CECÍLIA DEMISOVSKI
A raiva me dominou quando ele disse
que íamos viajar logo após o casamento,
porém, não sei o que aconteceu com o
meu corpo que ficou em chamas assim
que senti o seu toque. Minhas pernas
ficaram bambas novamente e era
incrível o efeito devastador que ele
causava em mim.
Disposta a não pensar nisso naquele
momento, deixei os pensamentos de lado
e nos minutos seguintes, me diverti
bastante no jogo, já que foi uma das
primeiras provas impostas pelo meu pai
durante o meu treinamento, pois, dessa
forma podia treinar a minha mira. Já o
ogro, era capaz de encaçapar todas as
bolas de olhos fechados.
O restante da noite foi quase perfeita, a
não ser pela minha irmã, que fazia
questão de ficar perto de Ethan e sempre
levava um coice da forma mais
grosseira possível. Depois que saímos
da mansão Borislav, o tio Hulk e a
minha avó resolveram dar uma volta
pela cidade, enquanto nós viemos direto
para casa, afinal amanhã seria o grande
dia esperado por todos.
Deixo as lembranças de lado quando o
carro para e Ana foi a primeira a sair do
veículo, rapidamente fiz o mesmo e
enquanto os meus pais ainda ficaram na
garagem, nós duas já estávamos alçando
a porta principal. Assim que entramos
na casa e ela caminhou em direção a
escada, o som da minha voz ressoou
entre os quatro cantos do ambiente.
— Preciso falar contigo!
— Eu estou cansada e com sono.
— O seu sono vai ter que esperar, pois,
precisamos ter uma conversa em família
e o assunto não pode ser adiado.
— Eu vou para o meu quarto — falou e
já estava no primeiro degrau, avancei
em sua direção e antes que ela colocasse
os pés no segundo, segurei firme um dos
seus braços.
— Solte-me sua troglodita — disse
tentando puxar o braço como se tivesse
mais força do que eu.
— Você só vai sair daqui quando
colocarmos as coisas no seu devido
lugar.
— Filha, o que está acontecendo? —
minha mãe disse assim que passou pela
porta.
— Já que Ana está com pressa, então
vamos logo direto ao ponto. Ao longo
dos anos vocês vêm se fazendo de
cegos, simplesmente porque
acostumaram a minada da minha irmã a
ter tudo que deseja. Mas tudo já está
passando dos limites e depois de todos
os ensinamentos que nos passaram, é
vergonhoso que a minha própria irmã
esteja se oferecendo para o homem que
me foi prometido.
— Você deve está com ciúmes, porque
sabe que sou tão bonita quanto você.
Quem sabe ele não queira fazer uma
troc..
— Ana, cale a boca agora!
Vociferou o meu pai em um tom
grosseiro, como nunca tinha falado com
nenhuma de nós duas antes. Ele deu
algumas passadas e suas órbitas azuis
estavam faiscando, estava totalmente
irreconhecível. Era como se seu lado
mais obscuro tivesse assumido o
controle do seu corpo. Soltei de
imediato o braço dela, pois, ela tremia
feito, vara verde e seu coração batia tão
forte, que dava para ouvir o barulho.
— Sua irmã diz que colocamos uma
venda para não ver o que estava
acontecendo diante dos nossos próprios
olhos. Sempre fiz vista grossa por achar
que você agia dessa forma por acreditar
que Cecília, fosse mais favorecida por
ser a mais velha, por ter sido escolhida
para um casamento que nem foi à
vontade dela.
— O senhor sempre gostou mais dela —
Ana disse num tom alto.
— Muito pelo contrário, sempre fizemos
todas as suas vontades, mas, você desde
criança sempre foi a mais distante,
sempre recebendo mais e dando menos
afeto.
Meu pai fez uma pausa e quando olhei
para Ana, seu rosto estava banhado em
lágrimas, porém, meu olhar se voltou
para o nosso pai quando ele voltou a
falar.
— Hoje foi a gota d'água e você já
passou de todos os limites. Se dentro do
seu coração existir algo que herdou de
ruim daquele infeliz, eu farei de tudo
para exterminar.
— Eu não sou malvada e não tenho nada
daquele facínora — disse aos prantos,
no entanto, seus olhos ficaram
arregalados. O medo tomou conta dela e
lágrimas grossas desceram em
abundância pelo seu rosto diante das
últimas palavras ditas pelo nosso pai.
— Assim espero e já te aviso. Esqueça
essa obsessão por algo que não te
pertence ou assim que chegarmos a
Durrês, eu te mandarei para um convento
na Coréia, pois, é muito melhor que ter
uma filha mau-caráter e ambiciosa.
Capítulo 10
CECÍLIA DEMISOVSKI
A cordo no meio da noite,
sobressaltada, molhada de suor.
Tento respirar fundo e meu coração
parece que vai explodir, sinto um aperto
no peito.
— Ana!
Num pulo levantei-me da cama e saí
correndo em direção à porta, depois de
passar por ela, só me detive quando
cheguei frente ao quarto da minha irmã.
Minha respiração estava ofegante, sendo
cortada pelo incômodo forte em meu
peito e assim que abri a porta, meus
olhos ficaram fixos na imagem dela
esperneando-se sobre a cama.
— Não! Não! Eu não sou igual a você.
Se afaste de mim.
Com passadas largas, eu me aproximei
do seu leito. Ana estava toda suada e
com lágrimas descendo pela sua face,
porém, seus olhos estavam fechados me
dando a confirmação de que ela estava
em meio a um pesadelo. Sentei-me na
cama e segurei uma de suas mãos, em
seguida o som da minha voz repercutiu
entre as paredes do cômodo.
— Acorda Ana, acorda!
Sua expressão era de desespero e
continuou a se debater e quando voltei a
chamá-la. Um grito de medo ressoou no
ambiente a fazendo se sentar na cama.
— Nãooooooo...
O choro dela, que surgiu logo em
seguida, é profundo. Seu corpo todo
estava trêmulo e diante da sua dor, a
minha única reação foi abraçá-la
fortemente. Segundos e minutos se
passaram, quando seu pranto cessou, ela
se afastou um pouco e olhando fixamente
para mim disse.
— Você pode dormir comigo?
— Eu jamais iria deixar você sozinha.
Ana se deitou e fiz o mesmo. Ficamos as
duas, uma de frente para outra, nos
encarando, o que me fez lembrar-me da
garotinha que após aquela noite terrível
em New York, onde Ethan salvou as
nossas vidas, passou sempre a ter
pesadelos e acordava aos prantos
pedindo para dormir comigo. Meus
pensamentos foram interrompidos pela
voz dela.
— Você também acha que puxei para
aquele homem?
— Claro que não. Você é a minha irmã e
dentro do seu coração existe muita luz,
só precisa entender que as pessoas não
são os brinquedos que você tinha
quando criança, que podia brincar,
quebrar e depois descartar porque
sempre teria outro para fazer a mesma
coisa.
Ela ficou em silêncio por alguns
segundos e de alguma forma, eu era tão
culpada quanto os meus pais, pois,
sempre fiz as vontades de Ana, mesmo
sabendo que ela estava errada.
Novamente a calmaria foi interrompida
por ela.
— Eu tenho muito medo de me
transforma em um monstro — disse e as
lágrimas voltaram a inundar o seu rosto.
Passei uma de minhas mãos em seu
rosto, limpando as lágrimas que desciam
pela sua face avermelhada.
— Isso jamais vai acontecer, tanto os
nossos pais, quanto eu, faríamos o
impossível para que a escuridão nunca
tome conta do seu coração. Se fosse
desleal, eu restauraria a sua fé. Se
perdesse a fé, eu a converteria de novo.
— Obrigada.
— Você tem uma família que te ama
incondicionalmente e no momento certo,
a pessoa que está predestinada a você,
irá surgir em sua vida.
O silêncio tomou conta do ambiente, ela
parecia perdida nos próprios
pensamentos, até que foi vencida pelo
cansaço e logo em seguida eu também
me entreguei a um sono profundo.

No dia seguinte...
Eu estava dentro do box do banheiro,
com os cabelos todo ensaboado e as
lembranças de horas atrás invadiram a
minha mente. Fui acordada por Ana, que
já estava a todo vapor e há muito tempo
não a via sorrindo como hoje, tinha um
brilho diferente nos olhos. Mesmo com
toda empolgação da minha irmã e de
todos os outros, acordei sentindo um
desconforto no peito, muito mais intenso
do que da noite anterior. Contudo, tentei
aproveitar ao máximo todos os minutos
na companhia daquele que amo, já que o
casamento seria só na parte da tarde.
Além do café da manhã delicioso, o
almoço feito pela vovó Yolanda, que
mesmo aos 80 anos está esbanjando
saúde, foi um verdadeiro banquete, a
comida estava esplêndida, a sobremesa
divina e o mais importante, ter todos
eles reunidos no momento que eu estava
tomada por uma sensação de
desconforto, um sentimento de medo
pelo que estava por vir.
Entretanto, nem tudo foi só alegria, pois,
uma hora depois do café da manhã, a
minha mãe recebeu uma visita totalmente
desconhecida por mim e para meu
tormento, fui forçada a fazer depilação.
Acredito-me que até os soldados em
volta da mansão escutaram os meus
gritos, e, eu preferia mil vezes passar
pelas provas impostas pelo meu pai, do
que ter novamente a minhas partes
íntimas sendo massacradas por uma
desconhecida que por pouco não deu
vontade de estrangular. De nada
adiantou suas palavras de conforto,
dizendo que ela já estava bastante tempo
fazendo aquele trabalho, pois, quando a
mulher começou a puxar a cera, gritos e
mais gritos ecoaram dentro do cômodo e
já estava prestes a me levantar, quando a
minha mãe entrou no cômodo.
— Eu não vou mais fazer isso.
Tanto ela, como a mulher, começaram a
sorri e só aí me dei conta de que ainda
não havia terminado o serviço. Contra
minha vontade deixei que ela concluísse
e ruborizei, só de imaginar que assim
como ela, aquele homem também olharia
as minhas partes íntimas. Arrepiei-me
da cabeça aos pés, aquela constatação
me fez estremecer e depois de vários
pelos arrancados da forma mais
dolorosa possível, eu sobrevivi, porém,
tinha a leve sensação de estar toda
ardida.
Afasto as lembranças e assim que
desligo o chuveiro, saio de dentro do
box. Instantes depois, estava vestindo
uma belíssima lingerie branca, corselet
com bojo em renda, um roupão por cima
e com uma toalha nos cabelos úmidos.
Segui para dentro do quarto e quando
entrei no cômodo, o barulho provocado
pelas batidas na porta chamou a minha
atenção.
— Filha! O pessoal já esta aqui.
— Pode entrar mãe.

Assim que a ordem foi dada, ela surgiu


com mais três mulheres em minha frente.
— Vou deixa você aos cuidados da
equipe de Raquel.
A mulher havia sido indicada pela minha
sogra, além de muito bonita, ela também
pertencia à máfia Sérvia. Fizeram-me
sentar na poltrona em frente ao espelho e
assim foi longas horas da minha tarde,
enquanto a manicure fazia o trabalho
dela, Raquel, em posse da sua maleta de
maquiagem, entrou em ação e em
seguida foi a vez dos meus cabelos
serem cuidados.
Entre um puxa aqui e outro ali, que até
me fizeram perder a noção do tempo
transcorrido, finalmente terminaram e
quando ela pediu que eu levantasse, meu
olhar foi de encontro ao vestido que
escolhi e estava em cima da cama. Era
branco, tomara que caia estilo princesa
e com detalhes delicados em volta da
cintura, feito com rendas italianas, nada
chamativas ou extravagantes, era
próprio para um casamento no jardim
durante a primavera.
Elas me ajudaram a colocar a peça e
alguns minutos depois, assim que
colocou um pouco mais de spray nos
meus cabelos, já estava pronta.
— Você está belíssima — disse Raquel.
— Uma princesa — falou à manicure
que se chamava Isabel.
— Obrigada.
Em seguida as três se despediram e
assim que sumiram da minha frente,
virei-me para o espelho e meu coração
disparou ao ver o meu reflexo, mesmo
não gostando da ideia de me casar, eu
tinha que reconhecer que estava muito
bonita. O vestido havia encaixado
perfeitamente em meu corpo. Nos meus
cabelos foi feito um coque clássico e na
lateral uma grinalda com pedras de
diamantes.
Fiquei olhando a imagem lindíssima
refletida nele e não acreditava no que
via.
— Você está perfeita — a voz chorosa
da minha mãe me trouxe ao presente.
— Obrigada mãe, estou nervosa —
minhas mãos estavam frias e ela as
segurou firme.
— Vai dar tudo certo. Por mais sombrio
que seja o coração do seu futuro marido,
ele não resistirá a você.
Não sei o porquê ela disse aquilo, como
se eu fosse ter a sorte em viver num
casamento assim como o dela ou da
minha sogra, que apesar de tudo, o amor
prevaleceu. Fomos interrompidas pelo
meu pai.
— Está na hora.
Os olhos azuis me analisaram e mesmo
tentando disfarçar, aquele homem
enorme estava muito emocionado.
— Vamos! — disse minha mãe,
quebrando o silêncio a nossa volta.
— Cadê Ana?
— Foi com sua avó e Hulk.
Nós três deixamos o cômodo e minutos
depois, estávamos dentro do veículo que
corria veloz pela estrada rumo ao lugar
onde aconteceria não só uma, mas duas
uniões. A unificação entre duas
organizações que fortaleceria o
território da máfia albanesa e um
casamento que me deixava assustada
pela perspectiva de como será a minha
vida ao lado dele. Antes, eu era só a sua
prometida e daqui a alguns minutos, me
tornarei a sua esposa, a dama da máfia e
como tal, devo agir com cautela e
sabedoria. Minhas incertezas foram
interrompidas com a chegada ao lugar
destinado para selar a união.
Minha mãe foi a primeira a sair do
veículo e foi se juntar aos demais.
Quando chegou a minha vez, o meu pai
me ajudou e logo em seguida uma
melodia ressoou no espaço. Respirei
fundo, minhas pernas do nada
começaram a ficar bambas, ele vendo o
que estava acontecendo, apertou com
força a minha mão e disse.
— Você está linda minha filha, uma
verdadeira princesa. Quando soube da
sua existência e da sua irmã, senti uma
emoção nunca vivida até ali, e, hoje não
é diferente — ele toca meu rosto e
continua. — Apesar de parecer frágil e
delicada, nunca se esqueça de que você
pode ser uma mulher, mas, é muito mais
forte do que imagina. Sempre mantenha
sua cabeça erguida e jamais deixe que
nenhum obstáculo lhe enfraqueça.
— Eu o amo pai. Obrigada!
— Também a amo minha princesa.
Confiante, assim que ele entrelaçou o
seu braço no meu, em perfeita sintoma,
caminhamos em direção ao corredor e
quando ele parou, fiquei olhando para
tudo a minha volta. O jardim estava
impecavelmente bem decorado, as flores
brancas predominavam e deixava tudo
em perfeita harmonia. A cada passo
dado, encontrava rostos familiares e
também desconhecidos e novamente
minhas pernas ficaram pesadas quando
os meus olhos focaram na figura dele,
elegantíssimo em um belo terno azul-
marinho, impecável, o traje caia
perfeitamente em seu físico.
Quando nossos olhares se cruzaram, o
homem mantinha uma expressão fechada
e não dava para saber o que passava em
sua mente tenebrosa. Lembrei-me das
palavras do meu pai e com passos
firmes cheguei até o altar.
Quando paramos em sua frente, o meu
pai beijou as minhas mãos e me entregou
a Ethan. A cerimônia iniciou com o
padre fazendo um pequeno sermão,
depois que nós dois falamos sim e em
seguida foi feita a troca de alianças, ele
nos declarou marido e mulher. Então o
homem vestido de branco a nossa frente
disse:
— Pode beijar a noiva.
Fiquei petrificada e engoli em seco com
as palavras ditas, mas logo saí do transe
que estava, quando Ethan segurou firme
em minha cintura e me puxou para mais
junto de si. Meus olhos ficaram tão
arregalados que pareciam que iam saltar
a qualquer momento do meu rosto.
Aproximou a sua boca da minha, meu
coração disparou assim que seus lábios
tocaram os meus e ele aprofundou o
contato. Meu corpo ficou tão leve, que
parecia que tinha sido transportada para
outra dimensão e quando os aplausos se
fizeram presentes, ele interrompeu o ato.
Desvinculei-me de suas mãos assim que
os convidados vieram nos cumprimentar.
Estava ao lado da minha mãe e de Ana,
quando o meu pai chegou ao lado de um
desconhecido e só então ele apresentou
o homem que se chamava Gael, este
manteve seu olhar direcionado para
minha irmã, que parecia desconfortável
perante a situação.
O resto da festa fluiu animada, após o
brinde que fizeram desejando vida longa
ao novo chefe supremo da máfia,
comecei a dançar ao lado de Ana, Clara
e Ayla. Por fim, nos últimos minutos, já
estava com lágrimas nos olhos ao saber
que estava chegando a hora de sair da
festa e ir trocar de roupa.
— Vamos! — Ethan fala próximo ao
meu ouvido e antes de se afastar,
sussurra. — Agora você é só minha —
suas palavras de posse fizeram um
calafrio atravessar a minha espinha.

Enquanto isso...
— Yan! — atendo a ligação.
— Acabei de enviar o pessoal para
Itália, como combinado.
— Dessa vez, Sanada, espero que os
infelizes façam o trabalho direito —
digo por entre os dentes.
— Um raio não cai duas vezes sobre a
mesma pessoa e com as informações que
tivemos, teremos tempo suficiente para
encurralar e exterminar os dois.
— Agora mais do que nunca, eles
precisam ser enviados ao inferno e
depois disso, será mais fácil acabar com
Dusan e Enzzo. Veremos o quanto
ficarão devastados com o que está por
vir.
Encerro a ligação sentindo o gostinho da
vitória.
Capítulo 11
ETHAN BORISLAV
E ntre o mundo de luz e trevas, eu
preferir deixar que a escuridão
fosse predominante em minha vida.
Luna, a iluminada, minha mãe fez de
tudo para não deixar que elas tomassem
conta do meu coração por inteiro, mas
isso não era uma escolha dela. Não foi o
treinamento sombrio que recebi pelo
meu pai que fez com que eu me tornasse
quem sou, pois desde criança eu sentia
uma força inexplicável dentro de mim.
Era como se tivesse duas pessoas
dividindo o mesmo corpo.
Ao contrário do que aconteceu com
Dusan, eu não fui moldado para me
transformar num monstro. Não fui
forçado a me transformar naquilo que
não queria, foi da minha vontade me
entregar de corpo e alma a esse mundo,
onde apenas os fortes sobrevivem e os
fracos são estraçalhados sem nenhuma
piedade.
Isso tudo me deixar alucinado. Ceifar a
vida dos malditos que cruzam o meu
caminho me proporciona uma sensação
que sempre deixam os meus demônios
em êxtase. No entanto, um ser tão
pequeno, com olhos que mais parecem
duas esmeraldas gigantescas, se tornou a
razão deles estarem em um confronto
terrível, como se cada reação dela
pudesse acalmá-los, como também
agitá-los.
No instante que ela surgiu ao lado do
pai, meu coração começou a bater em
um ritmo alucinante, um calor escaldante
apoderou-se do meu corpo inteiro.
Quando cumprimentei meu sogro e
toquei em seu braço, um tremor
involuntário me percorreu de alto, a
baixo, me deixando em alerta, mas assim
que meus lábios tocaram os seus, era
como se toda agitação que estava
sentido antes se dissipasse e uma
sensação que eu nunca tinha sentido,
tomou conta de mim da cabeça aos pés.
Deixamos a casa dos meus pais em
direção à pista de pouso. Ela, durante
todo o percurso estava perdida em seus
próprios pensamentos, porém, agora já
não será mais vista como a princesinha
da máfia Albanesa e sim como a minha
mulher. Cecília agora é minha e nada e
nem ninguém colocará as mãos no que
me pertence.

CECÍLIA DEMISOVSKI
Quando chegou a hora de deixar a
mansão, quase não tive tempo direito de
me despedir da minha família. Cresci
sabendo que esse momento chegaria,
mas foi difícil conter as lágrimas e
fiquei com um aperto no peito ao pensar
que tão cedo não voltaria a vê-los.
Entrei no veículo e suspirei fundo, meu
olhar foi de encontro ao anel de
casamento ornando meu dedo e vários
pensamentos se fizeram presentes.
Fiquei tão distraída, que quando voltei
ao meu estado de lucidez, o carro parou
e a porta foi destravada. Seguimos em
direção a escadaria que conduzia para
dentro do jatinho, tudo era incrivelmente
luxuoso. Acomodei-me em uma das
poltronas e coloquei o cinto, Ethan por
sua vez, sentou-se ao meu lado e tal
proximidade deixava todos os meus
sentidos em total alerta devido às ondas
de energia poderosa que vinham dele.
Minutos depois, o avião começou a
taxiar pela pista e quando enfim
decolamos, meus olhos pesaram e
preferi me entregar ao sono a ficar na
companhia do homem que me deixava
atordoada.

Horas depois...
— Cecília! Acorda!
Acordo, sobressaltada, diante daquela
ordem, ainda desorientada, fico com os
olhos fechados por alguns segundos e
quando os abro me deparo com a figura
alta, com ar imponente, me olhando
fixamente.
— Chegamos — diz ele, que já estava
de pé e assim que me livro do cinto,
caminhamos em direção à porta. Assim
que saímos da aeronave, vejo que há
três carros nos aguardando, em seguida
entramos em um dos veículos rumo ao
lugar desconhecido por mim. Minutos se
passam e durante o percurso só dava
para ver as várias luzes da cidade, no
entanto, assim que o carro para, ao sair
do mesmo, fico encantada com a imagem
que surge em minha frente.
A fachada anuncia o nome do hotel
estampado entre duas estrelas. Era
enorme, todo iluminado, Ethan pega em
minha mão e me conduz em direção as
belas portas de vidro do lugar e quando
entramos, deparo-me com um lobby
magnífico, fico encantada com tudo a
minha volta, para onde se olhar, é
extremamente luxuoso, mas, sem
exageros e conforme andamos, algumas
pessoas que estavam no salão desviam o
olhar em nossa direção.
Em vez de ir até a recepção, seguimos
direto para o elevador e quando a porta
do mesmo se fechou, resolvi quebrar o
silêncio.
— Achei que iríamos até a recepção?
— Não é preciso, já que o hotel nos
pertence.
Fiquei surpresa, pois não sabia que ele
era dono do lugar, já que todas as
empresas da família Borislav têm a logo
DB. O elevador parou indicando que
havíamos chegado e instantes depois,
estávamos parado em frente a porta que
sem delongas foi aberta por ele,
revelando uma suíte exuberante, que era
maior do que muitas casas. Meus olhos
passeiam em volta do lugar que tinha
vários cômodos, dei alguns passos e fui
até a varanda grande que tinha uma vista
incrível. Continuei explorando o lugar e
havia uma sala de jogos, com uma mesa
de sinuca, depois de algumas passadas
fiquei petrificada olhando para cama
king size com lençóis de seda.
Meu corpo todo estremeceu quando um
dos seus braços ficou em torno da minha
cintura, fazendo minha pele se arrepiar
assim que a sua mão livre alcançou o
zíper do meu vestido e o desceu
lentamente, senti seu hálito quente assim
que ele começou a beijar o meu pescoço
e os meus ombros, e, enquanto isso
baixava as alças do vestindo, fazendo-o
deslizar até o chão. Fiquei só de
calcinha e quando o homem me virou
para ficar de frente para ele, minha
respiração acelerou ao ver que ele já
havia retirado a sua camisa. Engoli em
seco assim que meu olhar caiu sobre o
seu peitoral grande, braços musculosos
e abdômen definido.
Com a respiração ofegante e o coração
disparado, numa tentativa desesperada
de me esquivar dos seus toques. As
palavras saíram pelos meus lábios,
fazendo suas feições mudarem
rapidamente.
— Eu preciso tomar um banho — disse
firme, porém, ele me olhou intensamente
e em seguida puxou meu corpo para
junto do seu, apertando com forca os
meus quadris ao ponto de um gemido de
dor sair da minha boca e antes que eu
viesse a ter qualquer reação, Ethan
aproximou a sua boca da minha e a
tomou em um beijo que veio junto com
um furacão, abalando todas as minhas
estruturas.
Eu não estava preparada para a
avalanche de sensações desconhecidas
que estava sentindo.
Quando ele deixou a minha boca, o som
da sua voz grave ressoou dentro do
cômodo.
— Você é minha e eu quero você agora.
Não gostei do seu tom de voz e aquilo
fez uma revolta crescer dentro de mim,
porém, o homem aparecia que sempre
estava um passo a minha frente e antes
que eu fizesse algo, o meu corpo foi
suspenso e ele seguiu me carregando até
a cama. Ethan se afastou e quase me
engasguei com a minha própria saliva
assim que ele começou a se despir, a
imagem a minha frente parecia surreal,
me deixando horrorizada ao ver aquele
membro animalesco, com veias saltadas
por toda sua extensão, duro como uma
rocha e grosso como se tivesse a ponto
de estourar.
Um turbilhão de pensamentos se fazia
presente em minha cabeça. Na minha
imensa curiosidade, já havia visto um
vídeo com Ana, mas, nunca tinha
imaginado que pudesse haver algo assim
e entre os diversos devaneios, me
perguntava como tudo isso estava
escondido entre as suas calças. Meus
pensamentos se perderam quando o
homem avançou em minha direção e os
seus olhos agora em vez de raiva,
refletiam o mais puro e intenso desejo.
Naquele instante, eu senti um medo
absurdo apodera-se de todo o meu ser e
antes que me levantasse, Ethan deitou-se
sobre mim, beijando minha boca e
explorando meus seios com uma de suas
mãos, enquanto suas coxas me forçaram
a abrir minhas pernas.
Cada centímetro do meu corpo estava
envolvido pelo pânico. Ele, vendo a
minha reação, parou de me beija e disse:
— Você só precisa relaxar e deixar que
o seu homem faça o resto — sua voz
está rouca e envia vibrações pelo meu
corpo sem que eu tenha nenhum controle.
Dito isso, sua boca deslizou pelo meu
pescoço, chegando até os meus seios,
com a língua, ele foi contornando meus
mamilos, para logo depois continuar
uma brilha de beijos, até que alcançou o
meu ventre. Ainda desnorteada, senti
minha calcinha sendo arrancada do meu
corpo e ele colocou sua cabeça no meio
das minhas pernas e começou a passar a
língua na minha intimidade, eu não
conseguia acreditar que ele estava
fazendo aquilo e tudo ficou ainda mais
confuso quando arqueei meu quadril e
comecei a senti um alvoroço no meio
das minhas pernas e um calor escaldante
no interior da minha vagina.
Arfo e num impulso, entreabri mais as
pernas para senti-lo ainda mais, ele por
sua vez, continuou a passar a língua em
meu clitóris para depois pressioná-lo
com os lábios, chupando e o deixando
ainda mais inchado, fazendo o meu
corpo ficar cada vez mais ardente.
Fiquei totalmente perdida quando sua
boca deixou o meu sexo e o homem
novamente colocou o seu corpo sobre o
meu. As orbitas azuis estavam faiscando
de desejo, porém, meu corpo ficou
rígido quando ele aproximou a cabeça
do seu membro da minha entrada
intocável, que agora estava totalmente a
sua mercê. Senti todo o meu corpo
estremecer e novamente o medo pairou
sobre mim, em um impulso tentei fechar
minhas pernas e seus olhos buscaram os
meus.
— Não faça desse momento algo
doloroso para você.
Respirei profundamente, tentando
controlar a minha respiração quando ele
começou a mover os quadris forçando
sua invasão naquela área e a cada
movimento em torno da abertura estreita
da minha vagina, avançava um pouco
mais. Um ruído alto saiu por entre meus
lábios e meu corpo começou a tremer
com aquela pressão contra o meu sexo
úmido. Algumas lágrimas começaram a
descer pelo meu rosto e minha
expressão era de medo e desespero, e,
quando ele intensificou o contato, me
arqueei com um grito quando a dor
passou por mim, me fazendo cravar
minhas unhas profundamente em sua
carne. A dor era insuportável e a cada
movimento dele, era como se tivesse me
rasgando por dentro, mesmo com todo
cuidado.
Instantes depois, a dor foi se dissipando
um pouco, mas, eu sentia a cada
estocada sua o seu membro me
alargando por dentro e tocando um ponto
dentro de mim que causava um
desconforto intenso. De um vai vem
lento, os seus golpes ganharam um ritmo
acelerado, meus gemidos eram abafados
por sua boca que estava esmagando a
minha. E, quando achei que não poderia
senti nada além de dor, ele afastou a sua
boca da minha e num movimento
preciso, me virou, me colocando de lado
para logo em seguida introduzir
novamente o seu pênis para dentro de
mim. Entretanto, os seus dedos
começaram a acariciar o meu ponto
sensível e pareciam está em perfeita
sincronia com o ritmo das suas
estocadas. Se antes eu já estava quente,
meu corpo ficou fervendo e minha
respiração nas alturas assim que ele
acelerou ainda mais os movimentos
contra o ponto de nervos que estava me
levando ao limite do prazer.
A sensação era devastadora, senti seu
pênis aumentar e pulsar de forma
violenta, e, minha pele começou a
formigar. Ethan começou a rugir como
um animal, no mesmo instante que
tremores violentos se espalhavam por
todo o meu corpo. Ele continuou me
penetrando e jorrando um líquido quente
dentro de mim. Quando ele diminuiu o
ritmo dos seus movimentos, depois de
alguns segundos, saiu de dentro de mim.
O homem em seguida me puxou para
junto do seu corpo e o único som que se
ouvia era da nossa respiração e os
batimentos cardíacos acelerados.
Minutos se passaram e meus olhos já
estavam pesados, mas assim que
levantei a cabeça e seu olhar ficou
grudado no meu, o som da sua voz se fez
presente.
— Essa noite só está começando.
— Eu quero dormir — respondi de
imediato, o que fez um esboço de um
sorriso cínico surgir em sua face.
— Você terá todo tempo para dormir
depois, agora fará as vontades do seu
marido.
Num impulso, me levantei e fiquei
sentada na cama. Senti minha intimidade
latejar e segurei firme para não deixar
que nenhum um som saísse pela minha
boca, com os olhos fixos no dele, as
palavras saíram rasgando pela minha
garganta, contudo, as que ouvi em
seguida fez meu coração disparar.
— Você é o meu marido e não o meu
dono. Não pode me forçar a fazer nada,
afinal de contas, eu só casei com você
por causa do acordo feito pelos nossos
pais.
— Engano seu. Você se casou comigo
porque esse era o seu destino,
independente de acordo ou não. Com um
simples estalar de dedos, o meu pai ou
até eu, já teríamos acabado com todos
da máfia Albanesa, já que num confronto
jamais seriam vitoriosos. No entanto,
tudo sempre se tratou de você. É por
você, somente por você que esse acordo
foi feito e não importa de quem seja
filha, agora a sua vida está ligada a
minha e quem ousar a interferir, só terá
um único destino, "a morte".
Capítulo 12
CECÍLIA BORISLAV
M inha cabeça dói e tudo é silêncio
ao meu redor, só se ouve a minha
respiração pesada que se misturava às
fortes batidas do meu coração. Estou
exausta e cada pequena parte do meu
corpo estava dolorida, eu não sei que
horas são ou se aquele atroz está no
ambiente, pois acordei alguns minutos
atrás e contínuo paralisada em cima da
cama e de olhos fechados. Pouco a
pouco as lembranças fragmentadas da
noite anterior foram invadindo minha
mente e começam a me torturar.
Em meio ao medo, onde uma dor surreal
me invadiu por completo. A sensação
que eu tinha, era que estava sendo
rasgada ao meio e mesmo com tanto
cuidado, que ele estava tendo, eu não
conseguia acreditar como toda aquela
monstruosidade se ajustou dentro de
mim. Aos poucos, o desconforto que eu
estava sentido foi diminuindo, fui me
acostumando e muito maior que minha
dor, era o fogo incendiando as minhas
veias, se espalhando por todo o meu
corpo, fazendo minha vagina pulsar e o
calor escaldante dela atravessar o
membro dele, que começou a latejar
violentamente dentro de mim. Contudo,
eu não esperava encontrar o prazer e
nunca pensei ser envolvida por um
vendaval de sensações, pois, o desejo
ardente apoderou-se de todo o meu ser.
Mas, toda minha alegria se esvaiu e
fiquei atônita ao ouvir suas palavras e
naquele momento, eu fui tomada por
sensações e sentimentos ruins e só
conseguia sentir uma raiva colossal pelo
homem que agora é o meu marido.
Fui do medo ao prazer e quando
novamente ele começou a tomar posse
do meu corpo, eu fui do deleite para dor
e reagindo puramente por instinto, lutava
contra a dor que estava sentindo, pois,
ele ao ver que eu mais parecia uma
estátua, os olhos azuis foram envolvidos
pela escuridão e a outra face do
demônio que habita em seu interior,
despertou. Seus movimentos naquele
momento tornaram-se brutos,
comparados com momentos anteriores.
Meu corpo todo sacudia, enquanto o
monstro insaciável me invadia com
estocadas violentas, fortes contra a
minha carne sensível e, embora eu
pudesse fazer daquele momento algo
menos doloroso, as palavras ditas por
ele ficaram martelando em minha cabeça
e a raiva se tornou o meu pior inimigo,
dominando cada fibra do meu corpo,
inflamando em minhas veias.
Minutos que pareciam horas se
passaram e eu já havia perdido a noção
do tempo transcorrido. Meu corpo
parecia que estava anestesiado e eu só
conseguia sentir algo quando ele
alcançava o êxtase e seu sêmen me
invadia, fazendo a minha intimidade
arder. O homem devia ser uma fábrica
de esperma, já que seus jatos foram
derramados ao longo da noite umas
quatro vezes, e em questão de minutos, o
infeliz já estava recuperado e começava
tudo de novo. Teve momentos em que
ele acariciava o meu corpo do mesmo
jeito que a primeira vez, que seus dedos
habilidosos envolviam os meus mamilos
numa explosão que os deixavam
enrijecidos. Eu sentia meu corpo reagir,
mas estava determinada a me manter
firme, pois, não ia esquecer o que ele
havia falado e pensar que eles poderiam
ter exterminados todos aqueles que eu
sempre amei, só me deixava ainda mais
enfurecida.
Quando o guloso que parecia esfomeado
se deu por satisfeito, já estava
amanhecendo. Eu não conseguia me
mexer, ele, ao se levantar, me pegou em
seus braços e caminhou em direção ao
banheiro, depois do banho e ter
colocado um roupão de seda, acabei
sendo vencida pelo cansaço. As
recordações se foram quando resolvi
abrir os meus olhos e encarar novamente
a realidade, mas logo se fecharam com o
forte clarão do ambiente. Tento abrir
novamente os meus olhos e dessa vez
consigo, embora com a visão ainda
embaçada, mas logo vou me adaptando a
claridade, porém, assim que tento me
levantar, sinto um forte incômodo entre
minhas pernas e uma dor aguda no pé da
barriga. Meu peito se expandiu em um
suspiro súbito e profundo, e ao ficar de
pé, com passadas cautelosas, comecei a
andar na direção do banheiro.

Minutos depois...
Uma sensação de alívio pairou sobre
mim assim que tomei o meu banho.
Acabei passando quase uma hora dentro
da banheira, a água morna me ajudou
bastante, já que ativa a circulação
sanguínea, levando mais oxigênio para
todo o corpo e, consequentemente,
diminuindo as dores musculares. Depois
do banho, fui até o meu closet e instantes
depois, já arrumada, ao pegar o meu
celular, fiquei desorientada ao ver que
já eram quase uma hora da tarde. Eu
queria ligar para minha mãe, mas acabei
adiando quando a maçaneta da porta foi
girada e ao ser aberta, a única pessoa
que não queria ver em minha frente,
surgiu e com ele, um dos funcionários
com um carrinho de serviço que tinha
várias bandejas com comida em cima
das três prateleiras.
O garçom entrou empurrando o objeto
em direção à varanda onde havia uma
mesa de refeição e em seguida arrumou
tudo e deixou o ambiente. Meu sangue
esquentou quando o silêncio foi
interrompido dentro do recinto e o
infeliz tinha um esboço de um sorriso
cínico no rosto.
— Vamos almoçar, que depois da noite
de ontem. Você deve está faminta.
Se ele estava a fim de me provocar, eu
não ia dar esse gostinho a ele. Dei de
ombro e segui rumo à varanda, não
podia negar que estava morrendo de
fome e quando cheguei ao lugar, meus
olhos ficaram cravados na mesa posta e
as delícias que estavam sobre ela.
Sentei-me e não demorou muito para ele
também fazer o mesmo. Começamos
pela entrada que era a famosa
bruschetta, feito com pão, que é tostado
em grelha com azeite e depois esfregado
com alho, a que geralmente se juntam
fatias ou pedaços de tomates.
O primeiro prato era um risoto, que por
sinal estava delicioso, mas nada
comparado com o segundo, que era
peixe grelhado acompanhado de batatas
ao forno. Eu devorei rapidamente e
achava que já estava satisfeita, mas a
sobremesa, essa eu não podia resistir e
o homem me observava minuciosamente,
porém, eu tratei de ignorar seu olhar e
comecei a comer duas fatias da caçarola
Italiana, que é um doce típico da Itália,
que parece com o pudim de outros
países, porém, mais consistente e feito
com queijo.
Agora sim, eu estava de barriga cheia,
ele também era muito bom de boca,
afinal, um homem grande em todos os
sentidos e com o corpo cheio de
músculos, certamente se alimentava
bem. Assim como foi durante o almoço,
o silêncio constrangedor predominou a
nossa volta.
Ethan, após ir ao banheiro, voltou para o
quarto e ficou com sua atenção voltada
para o notebook, aproveitei e peguei o
meu celular e fui até a varanda, já que
ele estava em cima da cama, eu tratei de
manter distância dele, passei um bom
tempo falando com a minha mãe e Ana,
que não parava de fazer perguntas, assim
que termino de falar com elas, ouço a
voz de Ethan.
— Quero que você fique no quarto até
eu voltar.
Não gostei nada do seu tom autoritário,
como se eu fosse alguma criança ou sua
propriedade, mas, assim que ia dizer
algo, ele vociferou num tomou ainda
mais rude.
— Eu...
— Nem tente sair dessa suíte. E, isso
não é um perdido e sim uma ordem.
Esse homem tinha o dom de fazer várias
sensações me envolverem e nem me
dando tempo para questionar, ele seguiu
até a porta e se foi.
Dei alguns passos e ao abaixar a cabeça,
fiquei olhando para enorme piscina e
acho estranho não ter ninguém nela.
Embora haja piscina na cobertura, eu
não vou ficar trancafiada nesse lugar
como se fosse uma prisioneira. Com
passadas largas, fui até o closet e
minutos depois, já havia colocado o meu
biquíni e um vestido estilo saída de
praia, deixei o quarto, pois com aquela
piscina a minha disposição e toda a
tranquilidade em volta, seria bom para
focar no meu treinamento.
Entrei no elevador e depois de passar
por alguns andares, ouvi uma grande
explosão. Todo o meu corpo ficou em
total alerta e quando o objeto parou e a
porta foi aberta, dei alguns passos e
havia várias pessoas no salão, incluído
crianças, mas, antes que eu viesse a me
mover novamente, o som de vários
disparos vindo do lado de fora ecoou a
minha volta e, meu olhar foi ao encontro
do homem que surgiu em minha frente
segurando uma arma que foi colocada
em minha direção e as palavras que ouvi
fez um tremor violento me atingir e uma
raiva descomunal tomou conta de cada
fibra do meu corpo.
— Esse é o seu fim, vadia.
Capítulo 13
ETHAN BORISLAV
C resci em um lugar aonde, muitas das
que chegavam, eram virgens, outras
eram transferidas da filial do bordel de
Manhattan. Já tive os mais variados
tipos de mulheres à minha disposição.
De várias idades, nacionalidades e
temperamentos, única e exclusivamente
para meu deleite, mas não esperava que
aquela que sempre vi como uma fedelha
mimada fosse tão gostosa.
Quando o meu pau, que estava mais duro
que uma rocha invadiu sua boceta
apertada, a rasgando por dentro, uma
sensação inexplicável percorreu por
todo o meu corpo, no entanto, naquele
momento, ao contrário do que acontecia
com todas as outras, eu queria ver suas
feições e ouvir seus gemidos de deleite
ao ter o meu membro engolido por sua
fenda minúscula, que ia se alargando
para receber toda extensão do meu
cacete que pulsava fortemente, e, era
acariciado pelo seu calor escaldante.
Aquilo me deixou alucinado e ao mesmo
tempo, eu queria que ela sentisse, assim
como eu, o prazer arder em sua pele e
quando atingi o êxtase total, algo dentro
de mim começou a vibrar freneticamente
e ansiava por mais. Contudo, ver sua
indiferença e como ela estava rígida, só
fez com que a escuridão que habita no
meu interior assumisse o controle do
meu corpo e meus demônios gritavam
me causando um desconforto terrível,
deixando-me ensandecido de tal forma,
que ia cada vez mais fundo e forte em
seu corpo pequeno e frágil, querendo
mais e mais, perdi totalmente a noção do
tempo, quanto mais me saciava do seu
corpo quente e totalmente imóvel, algo
dentro de mim vibrava querendo ainda
mais. Quando enfim, um grito
estrangulado saiu rasgando a minha
garganta, senti um prazer que parecia
surreal e ao ver que os olhos que antes
refletiam tanta luz, estavam sem brilho,
fiquei satisfeito.
Já estava predestinado que essa
insolente seria minha, porém, toda essa
luz emana dela, me causa uma
inquietação terrível e saber que ela se
propôs a se manter firme e disposta a me
contrariar, só faz com que eu queira
fazer dela a minha submissa e mostrar
que não importa o que aconteça, jamais
escapara das minhas garras.
Depois de dizer a ela para não sair do
quarto, segui rumo ao meu escritório e
minutos depois, entrei no ambiente, não
demorou muito para Fabrício, um dos
meus homens encarregado pela
segurança, surgir no meu campo de
visão.
— Chefe, os inimigos avançaram e o
lugar está todo cercado.
Algo que eu já cogitava, porém, foram
muito mais rápido do que eu esperava.
— Todos devem manter suas posições e
não devem deixar ninguém chegar até a
cobertura.
Enquanto ele saia da sala, meu olhar foi
de encontro ao telão fixado na parede.
Através das câmeras de monitoramento
colocadas em pontos estratégicos, tenho
a visão em torno de todo o prédio e
chegou a hora de enviar os malditos
direto para o inferno. Meus olhos
passeiam em volta de cada imagem
exibida na tela, desde a recepção, até os
dois elevadores. Meu coração disparou
e senti um nó se formando em minha
garganta ao ver quem estava dentro de
um deles, avancei em direção ao painel
de armas no momento em que um ruído
ensurdecedor se fez ouvir por todos os
lados. Com as duas pistolas em punho,
saí do ambiente, atravessei o corredor e
assim o barulho de rajadas de tiros
chegam aos meus ouvidos, corro até o
hall e é no exato momento que o
desgraçado estava com sua arma
apontada na direção dela.
Meus órgãos internos dispararam,
funcionando a todo vapor, meu corpo
estava tão quente que parecia uma
fornalha, fazendo todos os meus
demônios se manifestarem de um jeito
que nunca tinha sentido antes. Senti o
ódio inflamando em minhas veias,
correndo por todo o meu corpo e com o
alvo em mira, antes, porém, que o infeliz
pudesse puxar o gatilho, o disparo foi
feito por mim. A bala rasgou o ar e
atingiu o meio da sua testa, fazendo-o
tombar para trás e em seguida cair como
uma semente inerte no chão, para nunca
mais se levantar.
Com a mesma rapidez com que surgi no
ambiente e dei o tiro, vou até ela e pego
em seu braço para tirá-la dali.

CECÍLIA BORISLAV
Eu estava atordoada, minha mente um
turbilhão tentando processar ainda os
últimos acontecimentos, meus olhos
fixos na cabeça do homem que estava
envolvida por uma enorme poça de
sangue e quando um barulho alto
atravessou meus tímpanos, saí do transe
em que me encontrava e senti o aperto
em meu braço, logo após o som da voz
de Ethan.
— Eu avisei para você não sair do
quarto — disse enfurecido o que fez o
calor em meu corpo se intensificar, mas
novamente outro estrondo ressoou.
— O que está acontecendo?
— Alguns intrusos resolveram fazer uma
festa em comemoração a nossa lua de
mel — ele fez uma pequena pausa, o que
me fez lembrar-me das palavras do meu
pai. No mundo da máfia, nunca se tem
sossego e os inimigos sempre estão em
prontidão como um bando de tigres a
espreita e formando emboscadas,
perseguindo suas presas. Fui tirada dos
meus pensamentos por ele. — Venha! —
ele disse e saiu me puxando em direção
ao corredor.
— Você está me machucando.
Embora o som da minha voz conseguisse
se sobressair ao barulho infernal vindo
do lado de fora, ele se fez de surdo e
preferiu me ignorar. Continuou me
puxando, caminhando com rapidez e só
parou quando chegou frente a uma porta
e assim que a abriu, soltou o meu braço.
— Entre!
— Você não pode me deixar aqui com
tantas pessoas lá fora correndo risco.
— Disso cuido eu, agora entre! — disse
aos gritos. O homem segurou novamente
no meu braço e me empurrou para dentro
do cômodo e antes que eu tivesse
alguma reação, a porta foi fechada.
Tentei abri-la, porém, foi inútil e ao
observar o ambiente ao redor, toda
minha atenção ficou concentrada no
telão que mostrava tudo que estava
acontecendo em volta do hotel.
Do lado de fora haviam vários homens
vestidos de preto e fortemente armados,
eles avançando em direção a entrada
principal, meus olhos foram de encontro
as imagens vinda da recepção e o meu
corpo todo gelou ao ver a cena de vários
corpos no chão do salão e alguns
homens armados já no ambiente.
Minha respiração fica rápida e ofegante.
Meus batimentos aceleram como se meu
coração fosse saltar do peito e o que
veio em seguida me deixou atônita e não
conseguia desviar o meu olhar da grande
tela a minha frente. Os homens que
estavam do lado de fora invadiram o
hall do hotel e um deles esboçou um
sorriso de satisfação ao ver os corpos
sem vida no chão e o piso coberto de
sangue. Por alguns segundos, tudo ficou
em silêncio, até que a calmaria foi
interrompida pelo barulho da voz
horripilante do desconhecido que
preencheu todo o salão.
— Tragam os dois desgraçados vivos ou
mortos.
O maldito deu ordem para que o restante
procurasse pelos dois desgraçados, que
só então, entendi que se referia a mim e
Ethan. Os desconhecidos começaram a
se movimentar, porém, todos ficaram
paralisados quando em volta deles
apareceu um círculo gigante vermelho,
no mesmo instante, as portas dos
elevadores foram abertas e surgiram
alguns homens que tinham em suas
vestes o símbolo da máfia Sérvia. Não
dando tempo para que ambos puxassem
o gatilho, pois, na porta principal, o
homem lindo como um anjo, porém, sua
expressão era tão assustadora e parecia
o próprio demônio e seguido do som da
sua voz, uma gargalhada diabólica
reverberou no ambiente.
— Estava ansiando pela chegada de
vocês.
Os ruídos que saíram pela boca dele,
fizeram os homens que estavam dentro
do circulo despertarem do transe que
estavam. Num segundo, não só o salão,
como a sala que eu estava, foi
preenchida por uma barulheira de
disparos trocados de ambos os lados.
Embora o som dos tiros continuasse
pipocando na minha cabeça, eu não
consegui desviar os meus olhos do
monitor e observava minuciosamente
cada movimento a minha frente.
Quando alguns dos invasores tentaram ir
além do perímetro do circulo, gritos
ensurdecedores ecoaram no ar quando
receberam uma forte descarga elétrica
que parecia não cessar e devido à alta
tensão, eles começaram a se contorcer
em meio à dor e depois de alguns
minutos, os corpos dos que foram
atingidos caíram no chão sem vida.
Aquilo era muito mais intenso que os
confrontos que já tinha visto da máfia
albanesa em alguns vídeos que o meu
pai me mostrou, olhei para o homem que
agora é o meu marido e aquilo o deixou
em puro êxtase, como se matar desse-lhe
energia.
Minutos se passaram e entre as dezenas
de inimigos, só um permaneceu vivo e
entortava-se numa contração dolorosa,
devido ao choque que levou. A calmaria
havia voltado a predominar no salão e,
Ethan deu alguns passos, se aproximou
do homem e em seguida se abaixou,
depois de enfiar umas das mãos no
bolso dele e pegar o celular disse.
— Vocês limpem toda essa bagunça e
leve esse maldito direto para o porão.
Fiquei estarrecida quando meu olhar foi
de encontro ao corpo de duas crianças
que certamente eram hóspedes e o
choque da realidade pairou sobre mim,
ele já estava ciente que tudo isso iria
acontecer e deixou pessoas inocentes
serem vítimas de tamanha crueldade.
Não sei quanto tempo se passou, só
fiquei olhando para os corpos que
estavam sobre o chão frio. Mas, logo
voltei ao meu estado de lucidez quando
de repente a porta foi aberta e ele
apareceu no meu campo de visão.
— Venha! — fiquei parada no mesmo
lugar. Ele por sua vez, diminuiu a
distância e seus olhos azuis buscaram os
meus. — Eu estou falando com você ou
quer passar o resto da sua estadia
trancada nesse lugar — vocifera em tom
rude.
— Você sabia que eles iriam atacar e
deixou aquelas pessoas morrerem?
Um esboço de um sorriso surgiu em sua
face, o que me fez questionar se
realmente eu não havia me casado com a
própria personificação do demônio.
— Vidas inúteis, pois, para a unificação
entre duas máfias nada melhor que ter o
sangue do inimigo sendo derramado.
Eu me negava a acreditar em tudo
aquilo, não que lamentasse pelos
infelizes que foram mortos, pois, na
máfia, quem ferir um dos nossos, terá o
seu sangue derramado. Mas, eram
apenas crianças, não tive alternativa a
não ser sair dali, pois, tudo aquilo
estava me sufocando. Depois de alguns
passos, chegamos ao hall e os corpos
dos malditos estavam sendo retirados,
me aproximei de onde estavam os dois
meninos, e, um calafrio atravessou a
minha espinha quando ouvi a risada de
Ethan, e não só os dois garotos se
levantaram, como as pessoas que tinha
visto com vida antes de serem mortas
ficaram de pé.
Confusa e em meio as dúvidas, a
resposta veio em seguida.
— Além dos funcionários e alguns
soldados que vieram de New York, os
únicos hóspedes humanos somos nós
dois. Os demais são robôs humanoides
que foram comprados justamente para se
passarem por hospedes, já que eu tinha
ciência de que aqueles dois infelizes não
iam perder a chance de atacar ao
cogitarem que estávamos longe de todos
e despreparados.
De fato eu senti um grande alívio. Sabia
que ele era astuto, mas não esperava que
estivesse um passo a frente de todos e o
que escuto em seguida faz todo o meu
corpo vibrar intensamente.
— Agora vamos que o melhor da festa
vai começar. Afinal de contas você não
vai querer perder o tratamento vip que
vamos oferecer para o miserável que foi
enviado para nos mandar rumo a uma
viagem sem volta. Sua morte será um
aviso para os dois abutres de que ainda
estamos vivos e que em breve, irei
enviá-los direto para as profundezas do
tártaro.

Minutos depois...
ETHAN BORISLAV
No momento que adentramos o
ambiente, enquanto ela mantinha seu
olhar no maldito, que já estava sentado
em uma cadeira e com os membros
superiores e inferiores presos pelas
algemas fixadas na cadeira, olhei para
câmera que estava ligada e centralizada
na direção em que ele estava. Tiro
minha camisa, vou até um canto que
tinha alguns bastões de ferro e escolho
um deles. Aproximo-me e ele, que até
então estava num estado de letargia,
desperta e seus olhos estavam cintilando
de raiva.
— Eu posso ser misericordioso com
você, seu filho da puta. Basta me dar a
resposta que tanto desejo — pego o meu
celular e após acessar a galeria, levo de
encontro a sua face. — Você deve
conhecer, então, me diga quem é?
Seu olhar era insondável e sua
expressão era uma máscara dura como
se lutasse para não deixar transparecer
nenhuma reação, mas, pelo movimento
das veias saltadas em seu pescoço e sua
respiração pesada, eu sabia que ele
conhecia, o que só me deu a
confirmação das minhas suspeitas.
— Já que você parece surdo, vamos
piorar ainda mais sua audição.
Seguro firme o bastão e o primeiro
golpe é desferido contra o seu ouvido
direito. Um grito ensurdecedor sai de
sua boca, porém, mesmo com a voz
fraca, o desgraçado ainda profere
algumas palavras.
— Você pode acabar com a minha vida,
mas, cedo ou tarde, não só vão enviá-lo
ao inferno, como espero que antes de
matar a infeliz que você tem como
esposa, todos da nossa organização
possam arrombá-la...
Uma fúria incontrolável toma conta de
mim ao ouvir o que o atrevido diz. Sinto
o ar se esvaindo dos meus pulmões e o
ódio tranca a minha garganta. A
sensação que se apodera de mim, é
muito mais forte do que aquela que
percorreu cada centímetros do meu
corpo ao ver aquele maldito com a arma
apontada na direção dela.
Enlouquecido, solto o bastão e fecho a
minha mão direita e as palavras dele
cessam assim que o soco duro e pesado
vai de encontro a sua boca, fazendo o
infeliz engasgar com o sangue que
começou a jorrar pelos cantos da sua
boca. Vou até uma mesa que tem num
canto da sala com alguns utensílios em
cima, e ao pegar o bisturi e uma adaga
em forma de um punhal, volto para junto
dele. Em todo tempo, sentia meu
coração bater num ritmo alucinante, o
meu sangue esquentando cada vez mais
em minhas veias, como se tivesse fogo
líquido percorrendo por todo o meu
corpo. Toda autoconfiança dele se
esvaiu assim que seu olhar foi de
encontro ao meu rosto e certamente, ele
podia ver os meus demônios através das
minhas feições, já que senti uma
queimação na minha face, como se
tivesse transfigurada e tudo que havia
em minha frente, por alguns segundos,
era somente a escuridão.
— A sua morte é algo inevitável, mas,
antes que os abutres devorem o seu
corpo, serei eu quem vai cortar essa
língua inútil.
Levo o bisturi em direção a sua boca e o
medo estava visível em seu olhar, no
entanto, o miserável trancou a boca,
mas, logo a abriu assim que cravei o
punhal que tinha na mão esquerda e em
dos seus olhos. Gritos e mais gritos
ecoaram no espaço e lentamente fui
deslizando o objeto cortante que estava
na minha mão pela extensão da língua
afiada do traste, enquanto sua boca era
preenchida pelo líquido avermelhado.
Nos momentos seguintes, fiz questão de
furar o outro olho e assim que terminei,
o libertei das algemas e depois de
lançar o seu corpo ao chão e desferir
vários chutes em suas costelas, avancei
feito um tigre faminto para cima do seu
corpo e com a ajuda da minha adaga,
deixei o maldito totalmente despido.
Desvio o olhar e, ela estava com seus
olhos cravados em nossa direção e sua
expressão era semelhante a de uma
criança quando está diante de um grande
espetáculo e embora não me agradava
em nada que ela olhasse outro pau que
não fosse o meu, isso serviria para que
ela soubesse que ninguém além de mim,
tocará em qualquer parte do seu corpo.
Ao me lembrar das palavras do
desgraçado, volto minha atenção
novamente para ele.
— Já que o seu desejo é que seus
companheiros venham a abusar da minha
mulher, vou fazer com você para que
sirva de lição para qualquer um deles, o
que farei em quem ousar a tocar em um
fio sequer do cabelo dela.
Com a adaga em mãos, cravei um pouco
abaixo do seu peito, já que não queria
atingir o coração do infeliz. Comecei a
deslizar por todo comprimento do seu
corpo até chegar ao seu pau murcho, que
mais parecia uma minhoca encolhida. Se
antes ele estava em pânico, começou a
espernear assim que passei lentamente o
objeto cortante por cima do seu cacete
enrugado e não demorou muito para
cravar com força a lamina em sua carne
e os ruídos que saíram pelos seus
lábios, só me incitaram a continuar e a
sensação de ver seu membro sendo
dividido ao meio, foi inexplicável.
Enquanto ele se contorcia em meio à
dor, não satisfeito, cravei com força o
punhal em sua barriga e fui subindo,
abrindo caminho até que tive a visão
privilegiada de seus órgãos internos
pulsando diante dos meus olhos. Seus
gritos eram horripilantes, mas, já não
tinha mais controle das minhas mãos,
que pareciam que haviam ganhado vida
própria e ao soltar o objeto que tinha em
mãos, comecei a puxar suas vísceras
contidas dentro da sua caixa torácica.
O homem já não respirava mais, porém,
eu continuava a tirar tudo que ainda via
pela frente e quando me dei por
satisfeito, levantei-me e antes de sair do
ambiente, me aproximei da câmera.
— Isso aqui foi só uma brincadeira para
relembrar meus tempos de criança, pois,
o que eu farei com vocês dois antes de
estraçalhar seus órgãos internos, será
mil vezes pior.
Girei a cabeça para o outro lado e meus
olhos ficaram cravados na mulher a
minha frente. O calor em volta do meu
corpo aumentou e só ela poderia fazer
com que esse desconforto pudesse se
dissipar.
Capítulo 14
CECÍLIA BORISLAV
N ão seria a primeira vez que assistia
a morte de alguém, porém, algo no
meu interior vibrou num ritmo frenético
ao ver a imagem do anjo se
transformando no demônio. Seu rosto
começou a se contorcer, até se
transformar numa máscara rígida e seus
olhos azuis ficaram num tom mais
escuro, onde o brilho deles deu lugar a
faíscas de ódio. Tomado por uma fúria
incontrolável e com requintes de
crueldade, ele fez aquele homem
agonizar até a morte, não sei se teria
coragem de matar alguém, contudo,
dentro da máfia, nesse mundo cercado
de dor, traição e uma disputa pelo poder,
vidas são tiradas e somente a morte é a
punição que deve ser dada ao inimigo.
Assim que saímos do lugar, ao chegar
dentro do elevador, resolvi perguntar
algo que estava me intrigando.
— Se você consegue enviar uma
mensagem para aqueles dois vermes.
Por que não acaba logo com tudo isso ao
descobrir a localização deles?
— Por anos os dois vêm sendo como
ratos que vivem no submundo e mandam
terceiros para fazerem a parte suja.
Embora entrando em contato, não são
tolos para não cogitar que a qualquer
deslize seriam pegos. O contato que
fazem com seus capangas vem de vários
servidores, tem todo um cruzamento de
dados, o que acaba não dando uma
localização exata de onde de fato eles
estão. Uma erva daninha deve ser
exterminada da forma certa para não
voltar a se enraizar e novamente
ressurgir ao nosso redor, o sangue
daqueles dois desgraçados estará em
breve em minhas mãos.
Fiquei pensando em tudo que ele havia
dito e fazia todo sentido. De fato, não foi
por acaso que tanto o meu pai, como o
meu sogro deixaram nas mãos de Ethan
o controle das duas organizações, sendo
ele maquiavélico, astucioso e
destemido, jamais deixará que aqueles
dois tenham o controle das duas máfias.
Instantes depois, chegamos ao andar da
cobertura e assim que entramos no
ambiente, meu corpo todo gelou quando
ouvi suas palavras e o olhar malicioso
lançado em minha direção.
— Já que você desobedeceu a minha
ordem para ir até a piscina. Vamos
tomar um banho juntos.
Temerosa que ele viesse a querer transar
comigo novamente, disse.
— O meu corpo esta todo dolorido.
— Se você estivesse com dor, não teria
saído desse quarto.
Eu nem tive tempo de pensar em nada,
Ethan me pegou em seus braços e
caminhou em direção à piscina. Quando
entramos na água e consegui me
esquivar da sua posse, nadei até o outro
lado, porém, ele que estava ainda no
mesmo lugar, retirou suas roupas e
acabou se movimentando. Assim ele me
alcançou, estremeci toda e não era de
frio e sim por ele ter colado seu corpo
junto ao meu, fazendo-me sentir todo o
poder da sua ereção.
Quando nossos olhares se encontraram,
nem uma palavra foi dita, entretanto,
suas mãos começaram a percorrer o meu
corpo com precisão, me acariciando, me
apertando, fazendo o meu corpo todo
arder com sua exploração, deixando-me
amolecida e acelerando a minha
pulsação. Sem demora, ele tira a peça
de cima do meu biquíni e logo em
seguida a minha calcinha, soltei um
gemido profundo quando seus dedos
tocaram a minha carne dolorida, mas à
medida que ele massageava a minha
intimidade o desconforto deu lugar a
algo que eu não queria sentir, porém, o
meu corpo parecia que estava em
chamas.
Enquanto ele continuava com seus dedos
no meu sexo, fazendo movimentos
circulares em meu clitóris, sua boca foi
de encontro ao meu seio direito, sua
voracidade era tanta que ele mais
parecia um bebê faminto, chupando e
sugando com voracidade, alternando
entre um seio e o outro. De repente, ele
deixou de torturar os meus seios e no
mesmo instante, sua mão abandonou a
minha intimidade e ao segurar firme os
meus quadris disse.
— Entrelaça suas penas na minha
cintura.
Fiz o que ele mandou e no momento
seguinte, Ethan inclinou a boca sobre a
minha, e por instinto colei minhas mãos
na nuca dele, sentido minha pele correr
em arrepios, quando sua língua sedosa
serpenteou em minha boca iniciando
uma dança erótica que de início foi lenta
e depois se tornou mais profunda e
intensa. Estremeci toda ao sentir as
carícias quentes de sua língua
habilidosa, enquanto suas mãos
deixaram minha cintura e seguram com
firmeza minhas nádegas.
Sua boca praticamente estava devorando
a minha, me deixando ensandecida. Seu
beijo se tornou ainda mais voluptuoso e
à medida que ele sugava os meus lábios
e sua língua acariciava a minha, fui
ficando embriagada de desejo e a
excitação deixou a minha cabeça
totalmente enevoada, tudo que eu queria
era que ele apagasse o fogo que estava
queimando a minha pele, fazendo o meu
corpo ansiar por uma libertação
semelhante a que eu senti quando ele me
fez sua pela primeira vez.
Um sorriso perverso surgiu em sua face
e num tom de voz pecaminoso, ele disse.
— Diga bonequinha, o que você deseja?
— Você.
As palavras escaparam sem que eu
pudesse impedir. Todavia, o pânico me
envolveu quando ele remexeu os quadris
para ter o encaixe perfeito e afastou um
pouco o meu corpo colocando a cabeça
do seu membro próximo a minha entrada
molhada e logo depois me puxou
novamente e me penetrou com um
movimento rápido. Um gemido alto saiu
do fundo da minha garganta e eu pensei
que havia entrado tudo, mas à medida
que ele foi se movimentando, eu podia
senti-lo me atravessando, todos os
nervos do meu corpo interligados e à
medida que seu ritmo ia aumentando, ele
ia me preenchendo.
— Aiiiii...
Outro ruído de dor sai por entre os meus
lábios e logo ele está todo dentro de
mim. Com a respiração alterada, meu
coração batendo forte e sentindo um
desconforto terrível, porém, ele
começou com movimentos de vai e vem
preguiçoso, aos poucos fui me
entregando e comecei a movimentar os
meus quadris, me esfregando nele, no
entanto, ele só ficou naquela tortura que
estava me enlouquecendo e como se
lesse os meus pensamentos, perguntou.
— Você quer que eu te foda com força?
— Sim — falei em um sussurro de voz.
— Deseja conhecer o inferno, anjo?
Fiquei calada e ele por sua vez deu uma
gargalhada e seus movimentos ficaram
intensos. Suas estocadas eram
implacáveis, crescendo em velocidade e
potência. Mordi os lábios, me
contorcendo numa excitação
incontrolável, ele novamente voltou com
seu vai vem lento.
— Quer que eu pare?
— Não para, por favor — falei com a
voz embargada pelo desejo.
Atendendo ao meu perdido, ele deslizou
o seu pênis com força e fundo e não
parou de me estocar, de meus lábios
saiam sons guturais, enquanto eu sentia
seu membro quente e volumoso
totalmente dentro de mim. Diante das
suas investidas estonteantes, comecei a
remexer novamente meus quadris com
maior rapidez, gemendo em êxtase,
enquanto aquela ereção imensa e
latejante era empurrada com mais força,
me levando à loucura. Meus seios
balançavam a cada movimento vigoroso,
que eram seguidos de estocadas fundas,
que atingiam até o meu ponto mais
profundo.
— Eth... Ethan... — as palavras me
faltaram, minha respiração estava
ofegante e meu corpo todo se
contorcendo em espasmos violentos.
— Goze junto com o seu homem —
disse num tom possessivo.
A habilidade carnal e os longos
movimentos rítmicos do seu membro
fizeram com que o meu corpo
obedecesse ao seu comando e foi um
impulso ao clímax.
— Ethaaaaannnnnn...
Eu gritei, gritei tão alto que senti minha
garganta reclamar, me contraindo e
pulsando ao redor dele. Ethan mete com
força uma última vez, para finalmente se
aquietar ao atingir o êxtase, enquanto eu
me deleitava na sensação de plenitude.
Horas mais tarde...
Depois dos últimos acontecimentos e do
que houve na piscina, assim que terminei
de tomar banho, acabei dormindo o
restante do dia e só acordei uma hora
atrás quando Ethan me chamou e disse
que como ainda estavam arrumando toda
bagunça, não só em torno do hotel como
dentro dele, iríamos jantar fora.
Pela localização do lugar e sendo da
organização os domínios de toda área
próxima ao hotel, não teria como chamar
atenção das autoridades e muito menos
que alguém fora da máfia tenha
conhecimento de tudo que aconteceu
hoje nesse lugar. Depois de ouvir suas
palavras, levantei-me e tomei outro
banho, logo em seguida fui ao encontro
do closet escolher uma roupa. Acabei
optando por um vestido longo e preto,
com decote em v, fiz uma maquiagem
bem leve e tratei de dar um jeitinho no
meu cabelo que a principio eu queria
solto, mas, acabei fazendo um coque que
deixou em evidência toda longa extensão
do meu pescoço.
Quando saí do ambiente, minha atenção
foi direcionada para a porta que foi
aberta por Ethan, enquanto eu tomava
banho, ele havia se arrumado. Como
sempre impecável, vestido com roupas
preta da cabeça aos pés, com um
sobretudo e os cabelos perfeitamente
alinhados, que fazia o contraste com sua
beleza masculina que era estonteante.
Em uma de suas mãos havia outro
sobretudo na cor vermelha, que foi
colocado em mim, assim que ele voltou
a se mover, disse.
— Vamos!
Juntos, deixamos o quarto e assim que
chegamos à garagem, haviam dois carros
nos aguardando e um deles faria a nossa
escolta. Seguimos para o restaurante o
qual só fui descobrir qual seria, assim
que o carro chegou ao nosso destino, ele
ficava no hotel Sanremo, que tem um
grande casino que ocupa todo o segundo
andar do lugar.
Comemos no restaurante que fica
próximo ao hall e por sinal tudo estava
delicioso, quando terminamos, fomos
para o segundo andar, onde ficava o
casino. Quando a porta do elevador foi
aberta, ouvi a melodia que preenchia
todo o ambiente, mas a cada passo que
dava, se ouvia os sussurros das diversas
vozes que tentavam se sobressair a
música tocada, que embora fosse num
volume normal, com a grande multidão e
o barulho das roletas girando e as vozes
de homens e mulheres se misturando, era
o único barulho que se dava para
compreender a certa distância.
Dois homens logo se aproximaram da
gente e pela conversa que começou entre
eles e Ethan, dava para ver que tinham
ligação com a nossa organização. Vendo
que eu estava inquieta, o homem ao meu
lado fez um pequeno sinal para um dos
responsáveis pela venda das fixas e
comprou uma grande quantidade.
— Se quiser se distrair, elas estão à sua
disposição.
Nem disse nada, peguei logo as fichas,
já que estava ansiosa para ir até a mesa
de Blackjack. Enquanto ele ficou
rodeado por aqueles homens, passei
alguns minutos observando os seis
homens e as duas mulheres que estavam
sentados na mesa de jogos. Alguns dos
jogadores saíram na primeira rodada, já
que ultrapassaram o valor permitido. O
Black Jack ou Vinte-e-um, é um jogo
praticado com cartas que pode ser
jogado com 1 a 8 baralhos de 52 cartas,
em que o objetivo é ter mais pontos do
que o adversário, mas, sem ultrapassar
os 21. O dealer só pode pedir até um
máximo de cinco cartas ou até chegar ao
número.

No momento que entre um deles surgiu o


vencedor, ao iniciar a segunda rodada,
me sentei em uma das cadeiras. Para
uma noite que pensei que seria chata, eu
acabei me divertindo muito e só ficou
ainda mais interessante, quando Ethan,
com um olhar desafiador, também
começou a jogar, já havia ganhado e
perdido várias rodadas, porém, não foi
tão fácil com um adversário tão bom
como ele e no final, ficamos apenas nos
dois travando um duelo na mesa de
jogos. Acho que passamos umas três
horas naquele lugar e agora estamos
dentro do veículo, seguindo para o hotel
e meus pensamentos foram
interrompidos por ele.
— Tendo dez jogadoras como você.
Casino sem dúvidas era um negócio que
eu jamais teria ou iria à falência.
Comecei a sorrir, confesso que gostei
muito e o jeito descontraído dele, nem
parecia o monstro que eu tinha visto
dentro daquele porão ao ceifar a vida
aquele homem.
Minutos depois...
ETHAN BORISLAV
Durante todo o tempo que passei
naquele casino, minha única vontade era
expulsar todos daquele lugar e colocá-la
sobre uma das mesas e fodê-la com
força até suas pernas ficarem bambas,
como se tivesse acabado de sair de um
ataque de câimbras. Contudo, a
chapeuzinho que estava vestida com
aquele casaco vermelho, seria devorada
hoje pelo lobo mau de qualquer maneira.
O percurso de volta foi feito num tempo
que parecia uma eternidade e assim que
chegamos ao andar da nossa suíte, ao
passar pela porta, era chegado o
momento de envolver a minha presa
numa teia que ela não poderia escapar,
se bem que isso jamais iria acontecer,
no entanto, queria tê-la completamente
entregue a mim.
Assim que ela caminha em direção ao
banheiro, seguro o seu braço e sua
atenção se voltou para mim.
— Venha comigo.
Nem dando tempo para que ela cogitasse
em questionar, a puxei em direção à sala
de jogos.
— Agora o jogo será entre nós dois, sem
plateia. Quero ver se suas habilidades
são tão boas como foi no casino.
Um sorriso sarcástico surgiu no seu belo
rosto e enquanto ela pegava os tacos, fui
até o bar. Com a garrafa de vinho e duas
taças em mãos, novamente me juntei a
ela. Enquanto servia a bebida, as bolas
foram colocadas em cima da mesa e dali
em diante o jogo começou, a cada duas
bolas encaçapadas, o líquido dentro das
taças eram sorvidos, quando dei por
mim, restou somente à bola branca a
garrafa já estava completamente vazia.
No entanto, ela acabou errando a sua
última tacada e sendo eu o vencedor, era
o seu néctar que a minha boca iria
degustar.
Antes que a sua saliva pudesse descer
pela garganta, minhas mãos já estavam
explorando todo o seu corpo e com um
movimento brusco, rasgo o seu vestido e
ao tirar sua calcinha minúscula, seguro
em seus quadris e a coloco em cima da
mesa, fico olhando para a bela imagem
esparramada a minha frente e ao levar
minhas mãos de encontro as suas pernas
e abri-las ao máximo, ela imediatamente
desperta do transe que estava e as fecha.
— Não resista bonequinha.
Enquanto ela estava travando uma luta
interna, me movi e inclino a cabeça a
levando de encontro a sua pele, fazendo
uma trilha pela sua barriga, até os seus
seios, contornando seus mamilos com a
língua e ao mesmo tempo sinto seu
coração bater ainda mais forte. Quando
comecei a devorar os seus seios com
minha boca, chupando, sugando em um
ritmo alucinante, ela aos poucos foi se
entregando e seus gemidos ecoavam por
todo o ambiente. Uma de minhas mãos
alcançou o seu ponto mais íntimo,
apalpando a sua bocetinha que já estava
melada.
— Quentinha.
Com um de meus dedos, esfrego o lugar
que sabia que seria a sua perdição,
massageando suavemente o seu clitóris.
E, quando comecei a sugar com ardor o
seu seio direito, fui deslizando
lentamente o meu dedo médio e assim
como a minha boca devorava um dos
seus pequenos mamilos, meu dedo se
movia em movimentos circulares em
torno da abertura minúscula do seu sexo,
abrindo caminho para que em breve
fosse substituído pelo meu pau que
estava pulsando para estar dentro dela.
Ao afastar minha boca dos seus seios,
inicio novamente uma trilha de beijos
até chegar ao meio das suas pernas que a
essa altura, num convite despudorado,
foram escancaradas por ela. Mergulho
de cabeça no meio delas e minha língua
desliza entre suas dobras brilhantes,
com movimento de cima para baixo e de
baixo para cima, apertando o seu clitóris
com os meus lábios para depois esfregar
suavemente minha língua em volta do
prepúcio, seu ponto de nervos
endurecidos. Ela, por sua vez, começou
a remexer os quadris esfregando sua
boceta em meu rosto.
— Hummmm...
Ruídos profundos e altos saiam do fundo
de sua garganta.
— Pare, por fav... Favor — quanto mais
ela implorava, mais minha língua
massageava sua carne ardente com
movimentos frenéticos. — Meu corpo
esta queimando.
— Eu vou incendiá-lo ainda mais.
Concentro toda minha atenção no ponto
que suplicava por libertação,
acariciando e chupando o seu clitóris
com grande entusiasmo. Sinto todo o seu
corpo tremer no mesmo instante que ela
começa a gemer e a se contorcer.
Quando abri bem a minha boca, dando
um beijo de boca aberta que envolveu
parte da sua boceta, ela começou a
pulsar e gotejar o néctar que foi sugado
cada gota por mim.
— Deliciosa.
A mulher parecia que havia levado uma
descarga elétrica, tremia feito vara
verde. Assim que me livrei das minhas
roupas, movendo-me numa velocidade
de um predador, subi em cima da mesa.
A respiração dela que estava ofegante,
foi às alturas quando comecei a esfregar
a grossa cabeça dilatada do membro que
foi se aconchegando dentro da sua
entrada apertada. Meu corpo, assim
como o dela, estava em chamas e como
um abrir e fechar de olhos, fui
empurrando o meu cacete e entre
gemidos que saíam dos seus lábios, sua
boceta faminta foi engolindo toda
extensão do meu pau. Contudo, mantive-
me firme ao senti suas paredes internas
beijando o meu cacete e o calor do seu
interior tomou posse do meu membro e
foi se espalhando por todas as partes do
meu corpo. Minhas estocadas se
tornaram duras e implacáveis, meu pau
entrava e saia em movimentos rápidos e
precisos.
— Você é minha.
— E... Eu vouuuu...
— Goze.
Sua intimidade se contraiu novamente,
apertando o meu cacete, o espremendo
fortemente. Seus gritos que antes eram
abafados, já não podiam mais ser
contidos, continuei aumentando a
velocidade dos golpes contra sua carne
escaldante. Os tremores tomaram conta
do meu corpo, o meu cacete pulsava
violento querendo alcançar o alivio que
tanto precisava, e quando a cabeça
pulsante tocou um ponto sensível dentro
dela, senti como se algo tivesse
explodido dentro de mim e o grito que
escapou da minha boca, foi abafado por
um barulho ensurdecedor dado por ela.
A mulher desta vez estava ainda mais
trêmula ao alcançar o limite do prazer.
Meus olhos foram de encontro ao rosto
molhado pelo suor, enquanto ela
mantinha seus olhos fechados.
— Seu corpo sabe a quem pertence.
Seus olhos se abriram de imediato e no
meu rosto estava estampado um sorriso
triunfante. Por mais que ela resista, e
tente se mostrar forte, será sempre a
minha vontade que vai prevalecer.
Capítulo 15
New York – Dias depois...
CECÍLIA BORISLAV
E ntre as várias sensações que senti
nos últimos dias, o prazer e a raiva
sempre estavam presentes. Por mais que
eu tentasse resistir, não conseguia
entender como o meu corpo reagia a
cada toque dele, o homem que ao mesmo
tempo parecia estar entregue, logo me
levava do paraíso direto para o inferno
particular dele. Contudo, eu pensei que a
viagem para Itália seria um mar de
tristeza, porém, vivi momentos
inesquecíveis lá.
Acabei passando toda viagem até New
York dormindo e só acordei quando já
estávamos sobre solo americano. Eu
estava cansada, embora sentindo prazer
por diversas vezes, o homem com que
cansei era insaciável, pois, praticamente
transamos em todos os lugares daquela
suíte. Meu olhar vai de encontro à janela
e fico olhando através dela os prédios
onde a maioria tem as faixadas
espelhadas de vidros. Não sei como é a
casa onde vamos morar, já que ficou sob
a responsabilidade dele providenciar
tudo, assim como os meus pais iam
enviar o restante das minhas coisas.
Acabei perdendo a noção do tempo que
se passou, perdida em meio as minhas
lembranças. Quando voltei à realidade,
foi exatamente no momento que o carro
parou em frente ao lugar que me deixou
atordoada ao ver o grande letreiro na
faixada do prédio. As palavras saíram
da minha boca numa rapidez
impressionante.
— Por que viemos para esse lugar?
— A nossa casa ainda está em reforma e
por esse motivo ficaremos algumas
semanas aqui.
— Eu não vou viver dentro de um
bordel. Se você gosta tanto desse lugar,
pode ficar aqui e eu fico num hotel até a
nossa casa ficar pronta.
As feições dele logo mudaram e o
homem acabou perdendo a paciência e
quando dei por mim, uma de suas mãos
estava fincada em minha mandíbula,
segurando com força no meu queixo.
— Pensei que você já tivesse entendido
que não é mais a fedelha mimada que
estava sob os domínios do seu pai. Você
é minha mulher e vai ficar onde, eu
assim, decidir.
Um gemido doído saiu pela minha boca
sem que eu pudesse controlar e em
seguida as palavras escaparam dos meus
lábios na mesma rapidez do ruído de
dor.
— Por eu ser sua esposa não deveria me
colocar para morar num bordel.
— Ao contrário das mulheres que vivem
aqui, você já tem um homem e jamais,
outro, além de mim, tocará em você.
Agora não me faça perder a paciência,
pois nesse joguinho de gato e rato, eu
posso te devorar como num abrir e
fechar de olhos.
Assim que ele desfez o contato soltando
a minha mandíbula, a porta do veículo
foi destravada e quando eu saí do carro,
ele segurou em minha mão, já nos
encontrávamos a uns passos de distância
da entrada principal, quando de repente,
eu me arrepiei dos pés à cabeça e senti
um calafrio percorrer-me o corpo, ao
mesmo tempo que um choque
violentíssimo me atacou o coração,
fazendo meus batimentos acelerarem
ainda mais, como se fosse saltar do meu
peito. Parei por alguns segundos, mas
num esforço quase sobre-humano,
continuei a caminhar, porém, assim que
passei pelas portas luxuosas, ao adentrar
o ambiente, fiquei encantada com tudo a
minha volta e meus pensamentos foram
interrompidos quando chegamos a um
grande salão e ouvi a voz de Luccas.
— Bem-vindos.
Lancei um sorriso em sua direção e
enquanto os dois trocavam algumas
palavras. Meu olhar foi de encontro às
dezenas de mulheres que estavam ali,
passeando pelos rostos desconhecidos e
me detive quando meus olhos ficaram
cravados em uma delas, que tinha sua
atenção voltada para a face do meu
marido.
SANADA
Acordei logo nas primeiras horas da
manhã. Sinceramente, já faz
aproximadamente dois dias que quase
não dormir. Com a falta de notícias do
meu pessoal enviado para Itália, todos
os pensamentos estavam voltados para o
que de fato aconteceu, se aqueles dois e
todos que estavam naquele lugar foram
exterminados ou se o verme e a vadia
conseguiram escapar.
Em passos largos, deixei meus
aposentos, atravessando o corredor que
dava acesso à escada, assim que
comecei a descer os degraus, a porta foi
aberta, revelando o homem que eu tanto
aguardava.
Yan mas parecia um anjo da morte
vestido de preto da cabeça aos pés e
usava um casaco que tinha um capuz que
cobria parte do seu rosto. Se não fosse a
nossa aliança, jamais saberia a
verdadeira face do capeta, que foi capaz
de matar aquele que o tirou da sarjeta
para assumir o controle da máfia
chinesa. Um homem de uma bela
aparência, com traços suaves e poderia
passar facilmente despercebido ao
deduzirem que é alguém normal, quando
na verdade, ele é uma grande ave de
rapina, porém, enquanto eu não alcançar
os meus objetivos, deixarei que ele
pense que estamos do mesmo lado.
— Bom dia — disse ele me fazendo
deixar os devaneios de lado.
— Bom dia, vamos para o meu
escritório.
Chegamos ao ambiente e assim que nos
acomodamos, o meu celular começa a
vibrar, acesso de imediato o aplicativo e
transfiro o arquivo para que fosse
reproduzindo no monitor fixado na
parede e ao ver as imagens que surgem
na tela, sou tomado por um ódio
descomunal.
— Maldição!!!
Meus pulmões estão em chamas, meu
sangue esquentando como se estivesse
fogo líquido em minhas veias. Um
barulho reverberou no ambiente.
Movido pela raiva que se apoderou de
todo o meu ser, fechei minha mão em um
punho e o golpe foi desferido contra a
mesa fazendo tudo que estava sobre ela
cair no chão.
—Esse desgraçado tem pacto com o
demônio — diz Yan com os olhos
faiscando de raiva.
— Ele pode ter até mil acordos ou ser o
próprio capeta, mas não irei sossegar
até acabar com sua vida. Ethan Borislav
pode pensar que está um passo a frente,
porém, será atingindo quando menos
esperar e em breve não só ele, como
todos da máfia Albanesa e por fim
aqueles dois que o trouxeram ao mundo
serão exterminando. Dando-nos o
controle absoluto das duas maiores
organizações e o passaporte para
dominar os demais territórios.
CECÍLIA BORISLAV
Meus olhos estão cravados ainda na
mulher que tem uma beleza exuberante.
Seus cabelos sedosos estão soltos, o seu
rostos parece de uma daquelas modelos
que por serem bonitas, algumas
empresas pegam para fazer propaganda
de maquiagem e assim dizer que o
produto é responsável pela aparência
dela.
Ela usava um vestido vermelho que
deixa em evidencia suas belas curvas,
enquanto eu estava a observando, ela
ainda mantinha os seus olhos em direção
a Ethan. Mas, logo foi desviado em
minha direção, quando o homem
começou a dizer algumas palavras.
— Quero que todas vocês conheçam
Cecília. Ela é a minha esposa, portanto,
todas aqui lhe devem obediência...
Enquanto ele falava, eu senti uma
sensação semelhante à de minutos atrás
quando cheguei frente a esse lugar. O
olhar lançado pela mulher em minha
direção me fez sentir uma energia
negativa vindo dela, entretanto, todas
após receber a ordem de Luccas,
começaram a sair do hall, mas quando
movi a cabeça em direção ao meu
marido, ele tinha um brilho diferente no
olhar e ao seguir o mesmo percurso que
ele estava fazendo com os olhos, me
deparo com a mulher que estava prestes
a sumir do ambiente.
Minutos depois...
Trocamos mais algumas palavras com
Luccas, que informou que as minhas
coisas já haviam chegado. Logo em
seguida deixamos o cômodo e seguimos
por um corredor imenso e quando
paramos em frente a uma porta branca,
assim que ela foi aberta, dei alguns
passos e fiquei atônita olhando para o
interior do ambiente.
Por alguns segundos, a impressão era de
que estava dentro do quarto do próprio
demônio, onde as trevas eram
predominantes. Sendo quem é, já era de
se esperar, pois, o cômodo era luxuoso,
porém, na medida certa. Duas das
paredes estavam cobertas por um papel
de parede estilo 3D, estofado, preto,
outra, por cortinas enormes de seda,
também num tom preto e na quarta, havia
um enorme espelho que mais parecia um
telão fixado nela de frente para a cama.
No teto, estavam algumas luminárias led
que fazia o contrate perfeito com o
ambiente, que além possuir alguns
moveis, tinha uma poltrona grande,
cinza. Passeio os olhos novamente a
minha volta e observo que tem duas
portas.
— Ali fica o banheiro e a outra dá
acesso ao closet.
O quarto parecia uma casa de tão
grande. Todavia, senti um calafrio
atravessar a minha espinha quando meu
olhar repousou na enorme cama coberta
por cochas em duas tonalidades; branco
e preto. Observei também uma luz de
cor diferente das demais no teto.
— Aquilo é uma câmera?
— É para sua segurança — antes que eu
viesse a perguntar sobre algo que se
passou em minha mente, ele se
antecipou. — Não há monitoramento no
banheiro.
Respiro aliviada, embora estivesse me
sentindo de volta ao passado, quando
era ainda criança e tanto o meu quarto,
como o de Ana, eram monitorados pelos
meus pais.
— Tenho que resolver alguns assuntos
com Luccas, você pode aproveitar e
organizar as suas coisas. Não saia até
que eu volte.
Sem dizer mais nada, ele andou até a
porta que em seguida foi fechada. Passei
alguns minutos explorando o lugar,
depois de organizar boa parte das
minhas roupas em um do lado do closet,
que ficava em um quarto que era do
tamanho do que eu tinha em Durrês, fui
tomar um banho. Tudo nesse lugar, além
de luxo em excesso, era gigante, e eu
soube a pouco tempo que todos os
prédios que envolvem as oito ruas com
proximidade ao bordel, pertencem à
família Borislav, assim como o prédio
em que fica o The Brothel Empire, que é
equivalente a umas seis mansões das que
pertencia a minha família.
Depois de alguns minutos, eu já estava
de banho tomado e arrumada e ao voltar
para o quarto, o barulho vindo da porta
chamou a minha atenção, quando reduzi
a distancia e levei minhas mãos de
encontro à maçaneta, ao abrir a porta,
meu olhar ficou direcionado para o rosto
da mulher que apareceu em minha frente.
— Você?
Capítulo 16
CECÍLIA BORISLAV
S carlett exibia um largo sorriso no
rosto, já tínhamos sido apresentadas
desde a última vez que vim em New
York e ela estava na casa dos meus
sogros. Embora, ainda fosse uma
adolescente na época, não me esqueci da
sua aparência.
— Boa tarde! Como soube da sua
chegada, quis ver se precisava de
alguma coisa.
— Boa tarde. Aproveitando a sua
companhia, queria dar uma volta pelo
lugar, pois, ficar somente nesse quarto
me deixa inquieta.
— Vamos!
Fechei a porta e ao lado dela
caminhamos pelo corredor e só paramos
quando chegamos ao grande salão.
Havia uma grande movimentação em
torno do lugar, algumas mulheres
estavam limpando e outras conversando
com aquela desconhecida que me causou
uma sensação ruim. Assim que notaram
a nossa presença, ela foi a primeira a se
manifestar e não gostei em nada do jeito
como ela se referiu a mim.
— Boa tarde Dra. Scarlett e você
Cecília, aproveitando para conhecer o
território?
— Para você e as demais, é senhora
Cecília e respondendo a sua pergunta,
estou conhecendo aquilo que me
pertence.
Todas ficaram em silêncio, as que
estavam com ela, tinham uma expressão
de quem comeu e não gostou, já as que
estavam labutando e com o rosto suado
de passar pano no lugar, exibiram uma
expressão de quem haviam gostado de
ouvir minhas palavras. Virando-me para
Scallet, pergunto.
— Todas aqui têm a mesma função ou
existem regalias para um determinado
grupo?
— Até onde é do meu conhecimento,
todas fazem a mesma coisa.
Minha atenção se voltou para o grupo de
mulheres que estavam ao lado da que se
acha a estrela do lugar.
— Se todas tem a mesma função, em vez
de vocês estarem conversando,
deveriam estar ajudando as demais, já
que não são superiores a elas.
Antes de seguirem em direção as
demais, o olhar que foi lançado em
minha direção estava cheio de raiva,
porém, de nada adiantou, pois, a encarei
com firmeza para demostrar que não
tinha medo de cara feia e muito menos
da sua fúria.
— Vamos, você deve esta com fome —
disse Scallet, mas pela suas feições,
sabia que esta gostou do que ouviu.
Minutos depois, quando chegamos à
cozinha, que por sinal era impecável e
tinha uma mesa farta com vários tipos de
bolos, frutas e sucos, ela resolveu
quebrar o silêncio.
— Gostei de você tê-las colocado em
seu lugar. Muitas que chegam aqui têm
mania de estrelismo e acabam por se
acharem à senhora da casa.
— Não me importa que todas estejam
em busca de crescer na vida, através
desse mundo que gira em torno da
luxúria e dinheiro, mas não me agrada
em nada que queiram aparecer mais do
que eu.
Conversamos mais um pouco e depois
resolvemos fazer um lanche.
ETHAN BORISLAV
— Um dia após o seu casamento,
durante o jantar, o seu pai não parava de
contar aos membros do conselho a bela
recepção que você deu aos malditos
invasores.
— Aqueles dois vermes acharam mesmo
que fariam uma emboscada? Eu sabia
que cedo ou tarde a informação do lugar
para onde iríamos viajar, chegaria até
eles.
— Soube que Dusan lançou o maldito
traidor que havia passado a informação
de cabeça dentro de um barril cheio de
ácido sulfúrico. Meu pai disse que o
rosto do maldito ficou completamente
desfigurado e logo em seguida, todo o
seu corpo foi envolvido pela substância,
ele também comentou que o homem
gritou até seus últimos suspiros e os
tecidos da sua pele foram destruídos
pelo líquido.
Uma gargalhada alta saiu do fundo da
minha garganta, enquanto Luccas ficou
estático me olhando. Instantes depois,
caminhamos rumo ao salão e chegando
ao ambiente, os meus olhos foram ao
encontro da mulher que estava próximo
ao balcão do bar.
— Pelo visto ela mexeu mesmo com
você.
— De tal forma que você não tem noção,
porém, irei unir o útil ao agradável.
Enquanto ele parecia perdido ao ouvir
minhas palavras, ando em direção a
mulher, que ao me ver, tratou logo de
morder os lábios inferiores como se eu
não soubesse que ela estava com o
mesmo pensamento que eu em sua mente.
Ao ficar a alguns centímetros de
distância e tendo minha total atenção,
sua voz num tom suave, ecoou no ar.
— Deseja alguma coisa chefe?
A pergunta era tentadora, mas ainda não
era o momento, então, resolvi pedir algo
para beber.
— Amber, me sirva um copo de uísque
— ordenei.
Alguns segundos depois, com o copo de
bebida em mãos, dividi minha atenção
entre o líquido que estava no copo e o
belo rosto a minha frente, no entanto,
meu contato visual foi interrompido
quando escutei uma voz familiar.
— Atrapalho?
Seu olhar é frio e a expressão de suas
feições eram duras. Aquela máscara
gélida não pertence ao seu rosto,
todavia, havia algo insondável na face
angelical. Fui tirado do transe que
estava, quando Scallet disse algumas
palavras e deixou o bordel.
— Foi um prazer revê-la.
— O prazer foi todo meu.
As duas se abraçaram e assim que meus
lábios se moveram, antes que o som
saísse da minha boca, a insolente seguiu
rumo à porta, me ignorando por
completo. Fazendo o meu estômago ser
revirado pela raiva, quem ela pensava
que era.
— Chef...
A mulher do outro lado do balcão disse
algo, mas deixei o copo sobre o móvel e
segui na mesma direção que a atrevida
tinha ido. Ao avistá-la, o som da minha
voz reverberou no espaço.
— Pare!
Estremeci ao sentir a raiva se renovar
dentro de mim e para aumentar a minha
fúria, ela continuou andando, não
acatando minha ordem.
Com sangue nos olhos, avancei em sua
direção como um tigre, encurralando a
minha presa.
— Eu disse para você não sair do
quarto.
Não quero que ela fique passeando em
volta do lugar.
— Se quer exigir algo, comece a dar o
exemplo, já que parecia muito
descontraído com a companhia daquela
mulher.
— Está com ciúmes, querida esposa? —
um sorriso sarcástico aflorou nos meus
lábios.
— Não se sente ciúmes de quem não
gostamos e se fosse em outra situação,
estaria pouco me lixando, mas, aceitei
um casamento por contrato que não foi
da minha escolha, e já que agora sou a
sua mulher, não irei aceitar ter um
marido cheio de amantes ou você quer
que eu siga o seu exemplo?
A raiva que antes estava percorrendo em
minhas veias como um fogo líquido, me
incendiando por dentro, deu lugar a algo
muito maior e os meus demônios
internos enfim despertaram.
Tudo à minha volta foi escurecendo e
ficando somente a claridade que vinha
da maldita a minha frente e assim que se
moveu, com apenas um movimento, a
alcancei e puxei o seu pequeno corpo de
encontro ao meu. Uma de minhas mãos
segurou firme o seu pescoço e os meus
olhos ficaram cravado em seu rosto, que
tinha um olhar desafiador.
— Quem ousar tocar no que é meu, será
resumido a pó. E quanto a você, se
deixar que alguém toque no seu corpo,
eu te farei conhecer o meu inferno
particular, onde eu sou a lei e tudo de
ruim que você já viu na vida ou soube
que existe, será o paraíso perto do caos
que vou transformar a sua vida.
Capítulo 17
AMBER
P assei os últimos dias me
aproximando das mulheres que já
estavam aqui há bastante tempo, e
acabei conseguindo várias informações
sobre o funcionamento do lugar. Os
horários que Ethan permanecia aqui e
que sua viagem para Belgrado, foi
porque o solteirão cobiçado por todas,
iria se casar, um obstáculo a mais, no
entanto, eu o queria e ele seria meu de
qualquer maneira, depois do almoço,
uma onda de ansiedade me atingiu em
cheio assim que Luccas falou que era
para todas irem para o salão que Ethan
estava chegando. Contudo, eu jamais
esperava que ele não estaria sozinho.
Soube do seu recente casamento, mas,
ciente que ele passava a maior parte do
seu tempo no bordel, eu teria como
conquistá-lo. Todavia, no exato
momento que meus olhos ficaram fixos
naquela coisinha sem sal, todos os meus
sentidos ficaram em total alerta e a raiva
me dominou ao ver que não seria
somente uma visita e aquela infeliz
poderia vir a atrapalhar os meus planos.
Após deixar o salão, passei um bom
tempo conversando com Alice, que
assim como eu, havia vindo da filial do
The Brother Empire. Confesso que
fiquei impressionada com a beleza
exuberante do seu rosto, mas a criatura
além de ser mais magra que nem um
palito de fósforo, não está à altura de ser
a mulher de um homem como Ethan
Borislav. Depois do descanso, todas
foram para o grande salão, já que o
ambiente sempre devia estar impecável
para o momento que as portas fossem
abertas. Enquanto as idiotas faziam o
trabalho pesado, tanto eu, como Alice e
as outras que já eram mais antigas na
casa, estávamos conversando, até o
instante que a única pessoa que não
queria ver novamente em minha frente,
apareceu ao lado de Scarlett.
A minha vontade era avançar em cima
da vagabunda e fazê-la engolir cada
palavra que saiu da sua maldita boca. E,
como se não fosse suficiente, quando
estava tecendo minha teia em volta dele,
eis que a imbecil surgiu e por culpa
dela, o homem acabou saindo às pressas
do ambiente. Ódio! Muito ódio é tudo
que consigo sentir ao lembrar-me das
palavras que ouvi daquela desgraçada
mimada e toda humilhação que me fez
passar diante daquelas infelizes, que
vibraram com a cena que presenciaram.
Mas, não importa o que eu tenha que
fazer, eu irei tê-lo em minha cama e
assim terei o gostinho de ver a vadia
perdendo o seu marido e futuramente a
sua vida. Quando conseguir tudo que
desejo, serei dona de todo esse lugar e
será pelas minhas mãos, que Cecília
será enviada a uma viagem sem volta
para o inferno.

CECÍLIA BORISLAV
Senti sua outra mão no meu pescoço e o
meu corpo sendo erguido. Das suas
órbitas trevosas, saíam faíscas de ódio,
parecia um farol no oceano, eu podia
sentir a vibração magnética que vinha
dele, fazendo todo o meu corpo
estremecer e meus órgãos internos
funcionarem a todo vapor. As mãos dele
seguravam firme a minha garganta, mas,
ao ver que eu ainda estava o encarando,
ele intensificou o aperto em volta do
meu pescoço. Perdi o fôlego e o pânico
tomou conta de mim e eu comecei a
empurrá-lo, porém, ele não se movia e
muito menos, me soltava, pelo contrário,
o homem parecia que estava possuído e
seu rosto se contraía numa expressão em
que demostrava uma fúria incontrolável.
Senti o ar se esvaindo dos meus pulmões
e respirei profundamente algumas vezes,
pois, meu peito queimava.
Imobilizada pelo pescoço e antes que eu
viesse a perder os sentidos. Precisava
agir, em questão de segundos, movida
pelo desespero, a minha única reação
foi mover uma de minhas mãos até a sua
parte intima e reunindo todas as minhas
forças, comecei a apertar com o seu
pênis por cima da calça, girando a mão
como se tivesse torcendo-o.
Ele ficou paralisado por uma dor
terrível e um ruído escapou da sua boca.
Quando ele afrouxou o aperto contra
minha garganta, minhas pernas ganharam
vida própria e eu saí correndo o mais
rápido que conseguia pelo corredor,
tentando chegar até ao quarto. Meus
pulmões estavam agitados, funcionando
aos espasmos, quando avistei a porta e
pensei que seria a minha salvação, senti
uma dor forte em minha cabeça assim
que ele puxou os meus cabelos com
força, me fazendo perder o equilíbrio e
o meu corpo foi de encontro ao chão.
Gemidos saíram por entre meus lábios e
ao levantar a cabeça, meu coração
começou a bater freneticamente diante
da própria imagem de um monstro a
minha frente.
Seus olhos azuis estavam tão escuros,
que o ódio resplandecia através deles e
antes que cogitasse em fazer algo para
me defender, ele segurou novamente nos
meus cabelos e saiu me puxando.
Percorremos o enorme corredor que
parecia não ter fim. A dor em minha
cabeça se intensificava a cada segundo
que ele ia me arrastando.
— Pare! Pare! Está doendo.
Ele continuava se movendo, ignorando
as minhas súplicas. Sem a minha
permissão, as lágrimas grossas surgiram
inundando o meu rosto e as minhas
costas estavam ardendo devido ao
contato com o concreto. Aquele
percurso parecia o mais longo da minha
vida e quando viramos à direita, meus
pensamentos foram interrompidos e com
eles fui envolvida pelo desespero.
— Já que você gostou tanto de apertar o
meu pau, chegou a hora dessa boquinha
insolente dar a ele o alívio que tanto
precisa. E nada melhor do que te
apresentar o corredor 666.
— SOLTE-ME AGORA — disse aos
gritos, mas, o homem continuou me
puxando e por mais que eu tentasse
retirar suas mãos dos meus cabelos, era
em vão. Aquele lugar enviava calafrios
por todo o meu corpo. Uma sensação
ruim apoderou-se de todo o meu ser e eu
tinha a sensação que naquele corredor
não estava somente nós dois, era como
se das paredes sombrias viessem ruídos,
tipo, gritos de angustia e sofrimento
clamando por socorro, eu jamais havia
sentido uma energia tão poderosa e
negativa vinda de um lugar tão estreito,
que parecia inofensivo. Minutos depois,
quando já não aguentava mais a dor em
minha cabeça e o latejar vindo das
minhas costas, mesmo protegida pelo
tecido fino do vestido, parecia que
estava em carne viva, ele parou, e, ao
soltar o meu cabelo, me puxou, fazendo-
me ficar em pé.
Ódio, jamais havia sido envolvida por
pensamentos e sensações tão obscuras,
porém, quando ele levou sua mão livre
em direção a um painel que estava fixo
na parede, digitou uma senha e a porta
se abriu. Ethan entrou me levando junto.
Eu sabia que precisava sair dali, mas
fiquei petrificada, suando frio e com o
coração batendo violentamente ao olhar
para imagem a minha frente e um medo
cru e agudo, me envolveu por alguns
segundos ao ouvir as palavras que
ecoaram por todo o ambiente.
— Bem vinda à sala do prazer. O lugar
onde você vai aprender a proporcionar
todo o prazer que eu, assim, desejar.
Capítulo 18
CECÍLIA BOLRISLAV
Senti um frio na minha espinha e o
coração estava disparado, meus olhos
arregalados. Eu estava atônita diante do
cenário a minha frente, o ambiente tinha
uma decoração sadomasoquista, a sala
tem entre algemas penduradas, chicotes,
coleiras, máscaras, cordas e até um
crucifixo grande de ferro na parede.
Assim como aquele corredor que ele
deu o nome do enigmático número 666,
este lugar, apesar de luxuoso, tinha o
cheiro da morte, um aroma de uma
fragrância cítrica. Todavia, embora
estivesse com um nó na boca do
estômago, com os utensílios que tinha
visto, era a cama que tinha uma piscina a
sua volta, que estava me deixando
espantada. Porém, fui tirada do transe
em que estava assim que ele começou a
se despir e vi seu olhar sobre mim.
Corri em direção a porta, mas, antes que
eu tivesse a sorte de passar por ela, a
mesma foi fechada automaticamente. A
raiva estava percorrendo cada fibra do
meu corpo e ironicamente arqueio
minhas sobrancelhas quando me virei
em sua direção. O infeliz já estava
centímetros a minha frente,
completamente nu.
Sua musculatura era firme e bem
definida e o seu membro, este já estava
totalmente ereto. Ethan abriu um sorriso
sarcástico, em seguida sua risada
diabólica ecoou por todo ambiente,
fazendo todo o meu corpo estremecer e
foi justamente no momento que o infeliz
avançou em cima de mim, feito um
predador, e, mesmo lutando, suas mãos
ágeis começaram a rasgar toda minha
roupa, me deixando só de calcinha.
Ciente do que estava prestes a
acontecer, eu não iria desistir de lutar.
— Eu não quero e você não vai tocar em
mim.
— Você deveria ter pensado antes de
agir. Nessa porra quem manda sou eu e
embora seja minha esposa, eu jamais
vou aceitar que uma mulher ou alguém
passe por cima de mim.
O enviado do capeta que emanava uma
vibração poderosa, segurou em meu
pulso e saiu puxando-me. Mesmo aos
tropeços, chegamos até a piscina, com a
brutalidade e rapidez com que ele se
movia, acabei perdendo o equilíbrio ao
descer um dos degraus, mas, antes que
desabasse dentro da água, ele me
segurou e me fez ficar de joelhos.
Como estávamos na parte mais rasa, a
água batia até os meus seios e ao
levantar a cabeça e ele deu alguns
passos. O meu rosto ficou centímetros
de distância do seu membro avantajado,
fazendo o nó que havia se formado em
minha barriga se intensificar. Fiquei
olhando para aquele pênis animalesco,
com veias inchadas por toda sua
extensão, indo até a base bem grossa e a
cabeça rosada e dilatada que estava
apontada na direção da minha boca.
— Chupe o meu pau — diante das suas
palavras, a minha raiva deu lugar a um
ódio descomunal que estava queimando
o meu peito. O desgraçado se
movimentou esfregando aquilo no meu
rosto, me fazendo sentir o cheiro do seu
pênis que já estava pulsando
freneticamente. Vendo que eu não
demostrava nenhuma reação, novamente
vociferou num tom ainda mais furioso.
— Chupa, você é surda? — lançou um
olhar mortal para mim.
Os meus lábios que estavam grudados
até então, se moveram e um sorriso
vitorioso surgiu em sua face diabólica,
contudo, em vez de ir ao encontro do seu
membro, afastei um pouco a cabeça para
trás e as palavras que foram ditas fez
sua fisionomia mudar para algo
assustador.
— Eu não vou chupar o seu pau. Não
sou sua propriedade ou uma das
prostitutas que estão aqui somente para
proporcionar prazer. Eu, Cecília
Borislav, sou sua esposa e você não vai
me tratar como se eu fosse uma vadia.
No instante que o som das minhas
últimas palavras ressoaram dentro do
ambiente, ele levantou uma de suas
mãos.
— Bate, mas bate com força, quem sabe
assim poderá aplacar a sua ira — disse
sem desviar os olhos dos dele.
Quando novamente ele movimentou o
braço, estava ciente de que o golpe seria
desferido ao ver seus olhos queimando
de fúria. Contudo, em vez de acertar o
meu rosto, ele segurou firme em meus
cabelos e um gemido incontido saiu da
minha boca. Antes que eu viesse a
processar o que estava por vir, Ethan
levou a outra mão até a minha cabeça.
Possuído e segurando firme, ele a enfiou
dentro da água e depois de alguns
segundos a puxou de volta. O que
parecia ser até uma brincadeira de
criança aos poucos deu lugar ao
desespero, pois, cada vez que ele
colocava minha cabeça dentro da água, a
deixava por mais tempo. Continuou a
fazer o mesmo movimento por várias
vezes e a certa altura, não a retirou mais.
Minha respiração tornou-se escassa,
meu peito se expandiu em uma dor
profunda, meus pulmões estavam
queimando e comecei a espernear
tentando fazer com que ele acabasse
com aquele tormento.
Senti uma imensa escuridão querendo
me envolver, minha cabeça dava voltas
e mais voltas. Comecei a ouvir o som
das vozes de Ana, minha mãe e quando
as trevas estavam prestes a consumir
toda a luz a minha volta, foi o som da
voz do meu pai que atingiu os meus
tímpanos, deixando todos os meus
sentidos voltados para tudo que ele
estava dizendo.
"Você é muito mais forte do que
imagina. Só você pode superar os seus
medos e vencer qualquer obstáculos."
Aquelas palavras martelavam em minha
mente como se fosse um mantra. Não sei
quantos minutos se passaram e quando
um forte clarão surgiu a minha frente, eu
sabia que aquilo era o sinal. Deixei de
lutar e me entreguei de vez à escuridão
total.

ETHAN BORISLAV
Ouvir as palavras que foram ditas por
ela naquele corredor, fez todos os
órgãos dentro da minha caixa torácica
dispararem, funcionando a todo vapor,
meu corpo estava tão quente, que
parecia uma fornalha. E como se
tivessem vida própria, minhas mãos já
estavam em volta do seu pescoço frágil
e naquelas órbitas esverdeadas, havia
uma luz que fez algo dentro de mim
querer apagar, porém, como num piscar
de olhos, a maldita segurou firme no
meu pau e nem mesmo se tivesse
cravado uma adaga no meu peito, me
causaria a dor cruciante que me
envolveu naquele instante. Por alguns
segundos, todo o meu corpo paralisou,
me fazendo afrouxar o aperto em sua
garganta e quando assumir novamente o
controle do meu corpo, ela já estava a
certa distância.
A raiva me dominou, minha cabeça
estava tão quente, que parecia um vulcão
em erupção, e, antes que ela viesse a
chegar ao seu destino, minha mão foi de
encontro aos seus cabelos. Dali em
diante, os ruídos que saíram da sua boca
se tornaram música para os meus
ouvidos, e quanto mais ela clamava,
mais a puxava pelo corredor. Ver sua
expressão ao entrar na sala, fez meu
corpo vibrar e era hora de lhe mostrar a
quem ela de fato pertencia.
Contudo, ela estava disposta a me
desafiar e em meio as suas palavras e ao
brilho reluzente dos seus olhos,
irradiando uma luz em volta do seu
corpo, fez todos os meus demônios se
manifestarem de um jeito que nunca
tinha sentido antes. De repente, senti
uma força totalmente sobrenatural
assumir todo o controle do meu corpo e
segurando a minha mão, enquanto a
minha pele estava em chamas. A
escuridão me envolveu e quanto mais
enfiava a cabeça dela dentro da água,
tudo que ouvia eram os meus demônios
gritando para acabar com a vida da
infeliz. Tudo era um escuro profundo e
em meio ao mundo de trevas, iniciou-se
um verdadeiro duelo dentro de mim.
Respirando profundamente, lutei para
assumir o controle do meu corpo e
quando consegui, os meus batimentos
cardíacos aumentaram e a minha
respiração acelerou ao vê-la totalmente
desfalecida.
— Maldiçãooooooo!!! — um grito saiu
rasgando a minha garganta. Não! Não!
Não! Isso não pode ser possível, assim
que a tirei de dentro da água, a
colocando sobre o chão, o ódio me
envolveu novamente ao ver a insolente
abrir os olhos e com ar vitorioso em sua
expressão. No entanto, por alguns
segundos, um único pensamento se
formou em minha cabeça.
"Como ela conseguiu ficar tanto tempo
debaixo da água".
Capítulo 19
CECÍLIA BORISLAV
M inutos atrás, o pânico tomou conta
de mim e um nó gigante se
formou em minha garganta. Meu coração
disparou e não conseguia respirar
direito, parecendo que minhas narinas
estavam bloqueadas. Meu peito
queimava em meio à dor causada pelo
meu desespero. Mas, quando me
concentrei, ao lembrar-me das palavras
do meu pai, era o momento de vencer o
meu medo e mostrar a Ethan, que a
bonequinha como ele se refere a mim,
era muito mais que um rosto bonito. Ele
veria que não sou um objeto que ele
pode brincar e quebrar para depois
concertar, fingir que minhas forças
haviam se esvaído e que a escuridão me
consumiu, era a única solução para lutar
contra os seus demônios. Todo o
tormento, o desespero e as sensações
ruins que rodavam a minha volta, deu
lugar ao êxtase total, fazendo meu corpo
todo vibrar ao ver a expressão do tirano.
Entretanto, embora suas órbitas já
estivessem num tom normal, a forma
como sua mandíbula se contraia,
demostrava o quanto ele estava possesso
de raiva. E, depois de um duelo que
travamos com o olhar, a calmaria foi
interrompida.
— Vamos ver até quando você vai medir
forças comigo e se depois de sair desse
lugar ainda terá esse olhar vitorioso.
Eu ainda estava processando o que ele
havia dito e antes que eu chegasse a me
levantar, movendo-se feito uma bala em
direção ao alvo, ele alcançou a porta e
quando fiquei de pé e corri na direção
dele, porém, a mesma foi fechada,
deixando-me sozinha.
— Deixe-me sair — disse aos berros e
comecei a bater na porta, mas, a única
coisa que consegui foi deixar minhas
mãos doloridas. Sem alternativa e ao
correr os olhos novamente pelo lugar,
acabei sorrindo. Afinal de contas, a
minha prisão era de luxo e se ele acha
que me deixando presa vai fazer com
que eu me torne seu brinquedinho, está
completando enganado. Se ele me fizer
cair, eu vou me levantar e não importa o
quanto o enviado do capeta queira me
empurrar na direção das chamas do
inferno, eu não vou sucumbir a ele.
Sigo até uma porta branca que indicava
ser um banheiro e ao entrar no ambiente,
ando até um box e minutos depois de
tomar um banho, acabei encontrando em
uma das gavetas, um roupão preto e,
logo após, vestindo o tecido felpudo,
saio do cômodo e caminho até a cama.
Sozinha nesse lugar, acabei perdendo a
noção do tempo, pois, minhas
lembranças sempre vinham quando
alguma coisa que acontecia no presente,
se relacionava com algo parecido no
passado. Uma relação que trazia coisas
perdidas na minha memória, mas, que
acabam por me fortalecer.
O treinamento que Enzzo Demisovski me
impôs, foi muito além de saber segurar
uma arma ou exercícios respiratórios
para aumentar a capacidade pulmonar.
Depois do que aconteceu quando eu e
Ana éramos crianças, além de ter a
necessidade de não sentir nunca mais
aquele medo que me envolveu, eu sabia
o quanto ele estava se sentindo culpado
por não estar conosco naquele momento.
Ana disse que me transformei no filho
homem que eles jamais teriam, mas, de
alguma forma, meu pai sabia que não
estava me preparando só para que eu
pudesse vencer os meus medos e saber
me defender. No fundo, ele sempre
soube que algum dia eu estaria nas
garras do próprio demônio.
Em meio a tantos pensamentos que
rondavam a minha mente, eu acabei me
entregando a um sono profundo.

Horas mais tarde...


Meus olhos se abriram assim que ouço
um barulho ao meu redor. Olhei para
todos os lados, mas não tinha ninguém
além de mim dentro da sala e quando
virei a cabeça para o lado me deparo
com uma bandeja em cima do criado
mudo. Nela havia um prato com comida
e uma colher, eu estava faminta e precisa
ter forças para enfrentar o que tivesse
por vim. Depois que termino me levantei
e fui ate o frigobar e entre as bebidas
que havia dentro encontrei algumas
garrafas com água e suco, apos tomar
água sem saber se ainda era dia ou noite
já que as paredes do lugar impediam que
o barulho do lado de fora viesse a ecoar
dentro do ambiente. Com passos firmes
fui novamente até o banheiro e em cima
da bancada tinha uma escova ainda na
embalagem e pasta de dentes, a comida
e os objetos eram a confirmação que
alguém havia entrado no recinto,
enquanto eu estava dormindo. Quando
retornei para o quarto o que antes
parecia um desafio já estava me
deixando inquieta e comecei a andar
pelo lugar para ver se o tempo passava
mais rápido. Contudo, novamente o meu
refúgio foi a cama e me entrega
novamente a escuridão.

Duas horas mais tarde...


Eu me remexo inquieta ao sentir um peso
esmagador me deixando sem fôlego e no
momento que sinto algo deslizando pela
minha intimidade e uma forte pressão
nos meus seios, o sangue começou a
correr gelado em minhas veias, me
arrancando das profundezas da
escuridão. Acordei desorientada e
suando frio, com o coração batendo
violentamente.
— Sai de cima de mim! — comecei a
empurrá-lo, mas, ele começou a sugar os
meus seios com avidez, deixando o meu
corpo quente em brasa, puxando em
seguida a sua mão que estava
explorando o meu sexo, fazendo o
desespero me envolver ao sentir a
cabeça do seu membro em contato com a
minha fenda.
— Não! Eu não quero fazer isso.
— Cala boca. Você é minha! — feito um
tigre raivoso, ele movimenta os quadris
e sinto o seu pênis entrando na minha
carne sensível, movida pela raiva, levei
minha mão até a suas costas e cravei as
unhas com força e saí deslizando,
intensificando ainda mais o contato
contra a sua pele. Por alguns segundos,
ele ficou imóvel, porém, seu rosto se
transformou numa máscara fria e dura.
E, o meu ato só o irritou ainda mais,
fazendo com que me penetre com mais
intensidade.
— Se a minha bonequinha gosta de sexo
selvagem, eu te darei.
Sem demora, senti seu pênis entrando
todo dentro de mim, mordi os lábios
para não deixar o ruído que ficou preso
em minha garganta escapar. Ele investe
em meu corpo de forma violenta, seu
membro duro, maciço e grande, saindo e
entrando cada vez mais forte, me
preenchendo completamente. Ethan, com
um movimento forte do quadril,
impulsionou o pênis mais profundamente
até bater no colo do meu útero e eu tinha
a sensação que ele logo seria esmagado.
Comecei a me contorcer, esperneando.
— Não torne isso ainda mais doloroso
para você. Já está na hora de você
entender que agora é uma mulher casada,
deve ser a esposa perfeita e jamais
levantar a voz para o seu marido e muito
menos desafiá-lo.
A cada movimento dele, ao ver que eu
relutava, se tornava ainda mais
doloroso. Algumas lágrimas queriam
cair, mas, eu fechei os olhos para
impedir e a certa altura, eu resolvi parar
de lutar, se ele quer ter uma boneca,
como assim vem me chamando, é isso
que terá em sua cama. Mantive-me
petrificada feito uma estátua enquanto o
meu corpo era usado da pior forma
possível.
— Gostosa — ele disse entre gemidos.
Seus movimentos se tornando cada vez
mais violentos, sua boca gulosa
começou a explorar os meus seios
novamente, chupando feito louco,
enquanto ele empurrava seu pênis com
vigor para dentro de mim. Virei o meu
rosto para o lado e ele continuou com
seus movimentos insaciáveis, parecendo
um animal que estava disposto a
devorar-me por inteira.
Tudo que eu queria era que aquilo
acabasse logo. Perdi a noção do tempo
transcorrido, minha vagina latejava
como se tivesse ferida por dentro.
Então, ele num movimento abrupto,
ejaculou e me preencheu com seu
abundante líquido em jatos potentes.
Minutos depois, eu ainda podia sentir
aquela criatura que parecia ter vida
própria pulsando dentro de mim, como
se nada o fizesse adormecer, porém,
quando os olhos deles buscaram os
meus, meu coração disparou.
Eu sabia que estava perdida e minha
respiração se tornou escassa, quando
ouvi suas palavras.
— Só estamos começando, bonequinha.
Capítulo 20
CECÍLIA BORISLAV
E than gemia enquanto investia seu
membro de forma bruta dentro da
minha carne dolorida. Quando parei de
lutar, suas investidas se tornaram
punitivas, como se ele quisesse mostrar-
me que somente a sua vontade que ia
prevalecer.
No momento que ele atingiu o êxtase e
senti o seu pênis latente liberar jatos
fortes da sua semente dentro da minha
vagina, não demorou muito para ele sair
de dentro de mim e desabafar sobre a
cama. Eu achei que teria um pouco de
paz, porém, dentro de uns cinco minutos,
o infeliz começou a explorar novamente
o meu corpo como se eu fosse a sua
bonequinha, que ele pudesse pegar, usar
e descartar a hora que assim desejasse.
Parecia surreal que seu membro já
estivesse mais duro que uma barra de
aço e certamente, o perverso deveria ser
estudado pela NASA, pois, o homem
insaciável introduziu seu membro viril
dentro de mim e começou estocar forte a
minha intimidade. Ele me penetrava com
violência e a dor que senti foi muito pior
que da primeira vez, todavia, eu não
deixei que nenhum som saísse da minha
boca e fiquei aguentando aquele
sofrimento em silêncio. Ao atingir
novamente o prazer, ele se levantou e
saiu do quarto, tentei me levantar, mas
senti todo o meu corpo dolorido. Meu
sexo também estava sensível e o
desconforto na região era intenso,
mesmo com dificuldade me coloquei de
pé e fui até o banheiro, pois precisava
tomar um banho e tirar o cheiro dele que
estava impregnado no meu corpo.
Uma semana depois...
Eu sinto o meu corpo pesado e tento
romper a paralisia que se abateu sobre
todos os músculos dele.
Estou encolhida na cama, haviam marcas
roxas, não só em meus pulsos, como em
várias partes da minha pele. Não que ele
houvesse me espancando, mas, as
mordidas nos meus seios, as chupadas
em minha pele e o desespero para me
livrar das algemas, acabaram por me
machucar muito.
Se eu achava que ele não podia ficar
pior, na segunda noite quando acordei
ainda sonolenta, me deparei com sua
cabeça enfiada no meio das minhas
pernas, causando uma inquietação pelo
meu corpo todo e ao lembrar o que ele
havia feito comigo, num impulso, tentei
fechar minhas pernas, mas ele as abriu
ainda mais, tendo acesso total a carne
latejante da minha vagina.
— Você é minha — sussurrou. — Só
minha. Nunca se esqueça disso.
A ponta da sua língua impetuosa tocava
meu clitóris, em seguida, o envolvendo
com os lábios, passando a explorar cada
curva e fenda do meu sexo, chupando-o
e lambendo com voracidade. Quando o
meu corpo começou a ficar ainda mais
quente e seus dedos massagearam
freneticamente meu clitóris, em lentos
movimentos circulares. Na minha mente
só ficou as lembranças dos momentos
que o demônio me fez passar quando me
violentou sem dó e nem piedade.
— Você vai aprender, porra! A dar
prazer ao seu homem.
— Se gosta tanto que eu seja sua
bonequinha, deveria estar satisfeito ao
transar com um objeto — disse-lhe num
tom rude.
Por mais que ele estivesse devorando o
meu sexo com sua boca gulosa, ao ficar
paralisada, só o irritou ainda mais,
fazendo com que ele subisse em cima de
mim e só então percebi um par de
algemas em sua mão. Seus olhos
estavam soltando faísca de ódio e com o
peso esmagador sobre mim, eu não tive
como me levantar, ele por sua vez,
segurou firme os meus dois braços,
levantando-os para que ficasse na altura
da minha cabeça e quando percebi o que
estava prestes a acontecer, tentei puxá-
los, porém, segurando os meus pulsos,
ele os prendeu com as algemas.
Ele me observava como um falcão,
esboçando um sorriso de satisfação.
Ethan, com o olhar ameaçador, disse:
— Você vai aprender a nunca mais
levantar o seu tom da voz para falar
comigo.
Dito isso, senti o seu hálito quente e
calafrios percorreram por todo corpo.
Ele conduziu sua boca até a minha, que
estava entreaberta, mas tratei de fechá-
la, no entanto, a abri assim que deu uma
forte mordida no meu lábio inferior,
fazendo o líquido metálico escorrer da
minha pele.
— É assim que as coisas vão funcionar.
Num reflexo, ele deslizou o corpo um
pouco mais para baixo e senti o seu
membro forçando a abertura estreita da
minha intimidade. Seus quadris
começaram a se mexer e acabei
fechando os meus olhos quando meu
estômago começou a se contorcer, ele,
sem demora, me penetrou com força e
começou os movimentos com
intensidade. Meu corpo todo ficou
rígido, assim como da ultima vez, a cada
estocada, ele aumentava o ritmo. Os
meus seios balançavam pela intensidade
dos seus movimentos, contudo, o pior
estava por vir e não foi só o medo que
me envolveu quando suas orbitas azuis
ficaram fixas no meu rosto e suas
feições diabólicas surgiram em sua face.
— Vamos ver se a bonequinha não
ganhará vida.
Se eu estava perdida com suas palavras,
logo as compreendi quando todo o meu
corpo começou a estremecer devido a
forte descarga elétrica que foi emitida
através das algemas.
— É assim que uma esposa
desobediente é tratada. Agora vou te
mostrar muito mais.
Senti seu pênis duro como uma rocha me
invadindo cada vez mais rápido.
Escutava seus gemidos altos, enquanto
ele me preenchia completamente. Vendo
que eu já havia me recuperado do
choque, novamente o meu coração
disparou e cada centímetro do meu
corpo se contorceu em meio à dor ao
receber novamente outra descarga
elétrica, que daquela vez, foi muito mais
intensa. Minha respiração ficou pesada
quando ele começou a me estocar,
enfiando o seu pênis todo dentro da
minha vagina.
Senti seu membro inchar no instante que
ele acelerou seu ritmo com movimentos
implacáveis e levou a boca até os meus
seios e começou a sugar como se fosse
uma criança em busca de saciar sua
fome. Ethan continuou socando o meu
sexo com golpes cruéis e impiedosos.
Seu membro incansável me invadindo
cada vez mais firme. Meu sexo doía de
tantas estocadas rígidas e violentas, meu
corpo, a cada choque se contorcia e
enrijecia, enquanto ele continuava a
deslizar o seu pênis, sentindo o calor e
o aperto do meu sexo contra aquele
membro avantajado. Minutos que se
tornaram uma eternidade, se passaram e,
quando o vapor começou a dominar o
ambiente ao nosso redor, em uma
estocada mais rígida e forte, senti seu
líquido quente me invadir em jatos
potentes, enquanto sons guturais e
incompreensíveis saiam por entre os
seus lábios.
A prisão de luxo acabou se
transformando no lugar mais sombrio em
que já tinha estado. Dois dias depois
que já estava nesse inferno que ele deu o
nome de sala do prazer, foi que descobri
que antes era a famosa sala do
desespero, onde o meu sogro ceifou a
vida de dezenas de pessoas e só então
entendi porque tudo estava carregado de
uma energia tão negativa e assustadora.
Aquilo foi só o começo do tormento que
passei ao longo dos dias, ontem, eu não
consegui comer, pois, depois que ele
abusou do meu corpo até se dar por
satisfeito, assim que ele saiu do quarto,
acabei me jogando dentro da piscina,
perdi a noção de quantos minutos eu
fiquei debaixo da água, mas, pela
primeira vez, eu quis não sair mais de
dentro dela e me entregar a escuridão
sem fim. Entretanto, os meus pais
sempre me ensinaram o quanto o dom da
vida é precioso e não iria desistir por
causa dele. Depois de sair de dentro da
água, só tive tempo de me enxugar e
desabei em cima da cama.
Deixo as lembranças no passado e com
dificuldade, me levanto e vou
praticamente me arrastando em direção
ao banheiro, assim que adentro o
ambiente, minha vista escurece e tudo
começa a girar e girar, em seguida sinto
minhas pernas perderem a força e o
entorpecimento envolve tudo ao meu
redor.
Capítulo 21
Dois dias depois...
ETHAN BORISLAV
A expressão da mulher à minha
frente demostra toda sua
inquietação, porém, assim como
aconteceu quando, por pouco não acabei
com sua vida dentro da piscina, ela se
mostrou mais forte do que eu pensava.
Ela tem a aparência semelhante à de um
anjo, e aparentemente, um corpo frágil,
contudo, que tinha muito mais força do
que muitos dos malditos que cruzaram o
meu caminho.
Sentir toda a sua indiferença e ver que
ela continuava mais dura que uma pedra,
acabou despertando um desejo primitivo
em proporcionar dor aquele ser que
tinha a audácia em me contrariar.
Tremores tomaram conta do seu corpo
frágil, fazendo o seu rosto ficar pálido,
seu coração disparou ao ponto que cada
batida contra o seu peito, fez um calor
insuportável me queimar por dentro,
pois, o medo pairou no ar, servindo
como fonte vital para alimentar os meus
demônios. Mesmo se mantendo firme, no
fundo daquelas órbitas esverdeadas,
estava visível o seu desespero e toda
dor que ela estava sentindo. O corpo da
bonequinha mesmo contra sua vontade,
não conseguia se mantem imóvel, já que
a cada choque, eu intensificava a
potência da descarga, embora soubesse
até que limite poderia ir para que sua
vida não fosse interrompida pelos meus
atos, o seu corpo foi explorado por mim
de todas as formas possíveis e embora
nunca tivesse recorrido a isso ao estar
com uma mulher, já que todas desse
lugar eram verdadeiras máquinas de
sexo e tinham como único objetivo
proporcionar prazer ao parceiro.
Cecília desperta em mim, sensações que
jamais havia sentido antes, um prazer e
ao mesmo tempo um ódio, que queima
cada fibra do meu corpo e sua ousadia
só faz com que uma batalha interna seja
iniciada e por mais que assim como a
minha mãe, ela seja uma iluminada, eu
não estou disposto a deixar que sua luz,
luz essa semelhante a que Luna sempre
quis que me envolvesse por completo,
domine as trevas que existe ao redor do
meu coração.
Eu escolhi ser quem sou, o medo das
pessoas e matar quem cruza o meu
caminho renovam minhas energias e me
deixa em êxtase. Portanto, eu iria até ao
fim para fazê-la entender que se bater de
frente comigo, eu não terei piedade em
puni-la da pior forma possível.
Fazia uma semana que ela, estava
naquele lugar e apesar do que eu tinha
feito, ainda tinha um brilho intenso em
seus olhos. Não foi por coincidência que
o meu pai a escolheu, pois, a insolente
sem dúvida, era a única que estava à
altura de ser a dona da máfia, porém,
Cecília, mesmo crescendo e vivendo em
meio a um mundo sombrio, tem
pensamentos e ideias que não me
agradam. Saber que ela não é como a
irmã e como muitas outras que existem
em nosso mundo, de fato me deixa
satisfeito, mas, o olhar desafiador que
sempre é lançado em minha direção,
provoca um atoleiro de sensações e
sentimentos que me deixam possuído por
uma fúria incontrolável.
Depois de passar várias horas
agradabilíssimas, saciando a minha
vontade, senti que enfim os meus
demônios adormeceram. Saí da sala do
prazer já eram quase cinco horas da
manhã e depois de duas horas de sono,
despertei. E, antes de vir tomar o meu
banho, olhei pelas câmeras e ela ainda
estava dormindo. Tomei um banho
gelado, pois, o meu cacete já estava
duro, tanto que as veias se encontravam
mais inchadas que o normal, latejando
violentamente. De banho tomado e
arrumando, pego a bandeja que já estava
em cima do criado mudo e caminho para
fora do quarto. Passos largos me levam
até o corredor 666 e no momento que
paro em frente a porta, sinto algo gritar
dentro de mim e um alvoroço, como se
tivesse alguma coisa além dos meus
órgãos internos e tinha vida própria,
pois, sinto meu rosto se contorcer.
Minha respiração fica acelerada e era a
mesma sensação de quando ela estava
em perigo quando criança.
Em questão de segundos, o objeto que
estava em minhas mãos cai no chão e
após digitar a senha e entrar no lugar,
meu olhar fica cravado na cama e não a
encontro. Avanço em direção ao
banheiro e ao passar pela porta, meu
coração para por alguns segundos ao ver
o seu corpo esparramado sobre o chão
frio. Sem parar para pensar, pego seu
corpo frágil e saio com ela do lugar, a
levando em meus braços em direção ao
nosso quarto, seu rosto está pálido e
gelado, sua respiração fraca, assim
como as batidas do seu coração, fico
andando de um lado para o outro.
Minutos se passam até a chegada de
Lauren e Scarllet e depois de todo
procedimento feito, a mulher me lança
um olhar em reprovação.
Ao contrário da filha, a mulher mais
velha, que por anos vem servindo a
nossa organização e hoje presta só
alguns serviços, não tinha medo da
morte e muito menos conseguia conter a
língua dentro da boca. E depois das
palavras que foram ditas por ela, que se
continuasse a aplicar alguma descarga
elétrica contra o corpo de Cecília, eu
iria acabar por acelerar o funcionamento
dos seus órgãos, mesmo sendo em uma
potência fraca, poderia levá-la a morte.
Pois, a bonequinha demostrava um
quadro de anemia e tinha pegado um
resfriado forte.
O dia deu lugar a noite e novamente a
noite deu lugar ao dia e nada de ela sair
da escuridão em que se encontrava.
Embora estivesse devidamente
medicada por Scarllet, acredito que o
motivo da minha bonequinha continua
feito a bela adormecida, é pelo fato de
assim estar protegida daquele que ela
mesma diz ser o enviado do demônio.
Meus pensamentos são interrompidos
quando ouço um ruído ecoando no
ambiente e minha atenção se volta para
cama no instante que os olhos delas se
abrem.
Seus olhos passeiam em volta do lugar
como se tivesse ainda desorientada e
buscava em suas memórias as
lembranças do que havia acontecido.
Todavia, sua atenção ficou cravada em
minha direção, dou alguns passos e seus
olhos que hoje estavam num tom azul,
brilham intensamente, eu vejo o ódio em
suas pupilas. Sento na beirada da cama e
ela, mesmo com dificuldade, se senta.
— Espero que você tenha aprendido a
manter sua língua dentro dessa boquinha
deliciosa.
Seus lábios se moveram e sua boca se
entreabriu e o que ouvi, despertou todos
os meus demônios.
— Se você deseja tanto uma
propriedade, um brinquedinho sexual e
um corpo que sirva somente para lhe dar
prazer, deveria ter procurado uma das
mulheres que vivem nesse lugar e não
uma esposa. Contudo, não importa se um
acordo foi feito, eu vou embora desse
lugar.
CECÍLIA BORISLAV
Nunca havia sentido tanto ódio em toda
sua vida. O homem estava com olhos
fulminantes de ódio, mas, toda minha
autoconfiança se esvaiu quando tentei
me levantar e ele me jogou de volta em
cima do colchão. Feito um animal
raivoso, vocifera.
— Você sabe que no nosso mundo um
casamento só é desfeito com a morte.
Mas, não está nos meus planos acabar
com a sua vida, no entanto, vai depender
de você, não só o destino da sua família,
como de todos da máfia albanesa. Uma
vez que o acordo for quebrado, uma
guerra sangrenta será iniciada e não
pense que eles terão alguma chance de
sair com vida desse confronto.
Meu corpo todo começou a tremer,
enquanto ele acabou saindo. Embora
nossa organização seja forte, a máfia
Sérvia se infiltrou ao longo dos anos
como uma erva daninha, Dusan Borislav,
aquele que somente Deus é seu juiz, tem
toda uma tecnologia ao seu favor e pelas
histórias relatadas pelo meu pai, sei
muito bem que a tecnologia deles
avançou muito após Ethan assumir o
controle. O demônio prodígio desde
criança, já vinha espalhando a
destruição e parece que o cheiro de
sangue fresco serve de alimento para
seus demônios. Meus pensamentos
foram atrapalhados quando meu celular,
que estava sobre um móvel próximo à
cama, começou a tocar.
Respiro profundamente ao ver o nome
da minha mãe e logo em seguida atendo
a ligação.
— Meu amor, eu estou com saudades.
— Também estou mãe — digo com a
voz embargada pelas lágrimas.
— Aconteceu algo, filha?
Diante da sua pergunta, as palavras de
Ethan martelavam em minha mente, me
levando a uma luta interna, por fim,
resolvi não dizer nada, eu mesma iria
enfrentar os meus próprios problemas.
— Não mãe, é que estava doente.
Ela fica em silêncio por alguns segundos
e quando ouço novamente sua voz, fico
surpresa com o que escuto, era como se
de falto, ela soubesse o que eu estava
passando.
— Se tem alguém que pode penetrar no
coração do demônio é você. Tanto para
mim e sua sogra, o caminho percorrido
não foi fácil, mas, você precisa mostrar
que a escuridão em volta dele não vai
apagar a sua luz. Você é a soberana da
máfia e não uma boneca de pano que
podem puxar com força para um lado e
para o outro, até que se rasgue ao meio.
Cecília Demisovski Borislav, é aquela
que nasceu para mostrar que na máfia, as
mulheres são muito mais que filhas,
esposas ou um rosto bonito ao lado do
homem que detém o poder.
— Obrigada, mãe.
— Nós te amamos, princesa.
Ficamos um bom tempo conversando e
quando encerrei a ligação. Fiquei
pensando em suas palavras e chegou a
hora de mostrar para Ethan Borislav,
que não sou o seu brinquedinho, o qual
ele pode usar para o seu bel-prazer. Um
pensamento veio em minha mente e
lembro-me que no banheiro não tem
câmera de monitoramento. Deixo o meu
celular em cima da cama e me levanto,
vou até o closet a procura da maleta que
estava dentro de uma das minhas malas,
pois, fiz questão de trazer o kit de
ferramentas que ganhei do tio Hulk.
Assim que pego o objeto, caminho até o
banheiro, se não posso sair desse
casamento e na força não consigo
derrotá-lo, vou fazer uso da minha
inteligência e das aulas de engenharia
elétrica que obtive um tempo atrás. O
todo poderoso vai provar do próprio
veneno e veremos se é bom sair dando
choque nas pessoas.
Capítulo 22
ETHAN BORISLAV
Quando ouvi as palavras que saíram
pelos lábios dela. Um nó imenso se
formou em minha garganta e os meus
batimentos ficaram descontrolados. Tive
que me controlar para não perder a
paciência, mas logo fiz o brilho intenso
do seu olhar desaparecer, no entanto,
acabei me levantando da cama e deixei
o ambiente.
Quando cheguei ao meu escritório,
encontrei Luccas, que ainda estava
fazendo a contabilidade do movimento
da noite anterior. Porém, o ódio
novamente apoderou-se de todo o meu
corpo, quando meu celular começou a
tocar e ao ver o nome que surgiu na tela,
sabia que aquela velha tinha contado a
Dusan sobre o ocorrido com Cecília.
Minutos ouvindo o homem do outro lado
da linha, dizendo o motivo pelo qual ela
havido sido escolhida e que não iria
permitir que eu viesse a acabar com a
vida dela.
Como se eu não soubesse de todas as
atrocidades que ele fez a minha mãe
passar e se Luna conseguiu sobreviver,
aquela que é ainda mais audaciosa, teria
que aprender a manter a sua língua
afiada dentro da boca e que, mesmo
sendo minha esposa, eu não serei uma
marionete nas mãos de ninguém e muito
menos de uma mulher. Nem Dusan e nem
Enzzo vão interferir em minha vida, nem
que para isso eu tenha que mostrar a eles
quem agora é o dono das máfias.
Depois da ligação, ainda fiquei no
escritório terminando de resolver alguns
assuntos com Luccas, já havia mandado
providenciar o jantar dela e deixei o
recinto, já que daqui à uma hora as
portas do The Brothel Empire seriam
abertas. Quando cheguei ao quarto, a
mulher estava com sua atenção voltada
para o celular, andei até o banheiro e
instantes depois, já havia me livrado das
minhas roupas. Entrei dentro do box e no
momento que levei uma das minhas
mãos até o botão para ligar o chuveiro,
senti um tremor violento por todo o meu
corpo, o meu pau pulsava fortemente e
balançava descontroladamente. Os meus
pulmões se contraíram e o sangue em
minhas veias parecia fogo que me
incendiava por dentro.
Raiva! Ódio! E outros sentimentos
tenebrosos envolveram-me e
instintivamente puxei a minha mão e
logo depois a fechei em punho e o golpe
foi desferido contra a parede na
tentativa de aplacar todo a minha fúria.
Instantes depois, meu olhar foi de
encontro ao objeto e observando
minuciosamente tudo a minha volta, não
havia nada de diferente. Saí de dentro
do ambiente, indo até a caixa de
eletricidade, e após desligar, puxei o fio
da tomada e fui arrumar o maldito
aparelho. Entretanto, meus demônios
estavam inquietos, me causando um
desconforto terrível e eu precisava
arrumar um jeito de fazer aquela
sensação ser dissipada.

AMBER
Durante os últimos dias, consegui me
aproximar de Ethan. Quanto à coisinha
sem sal, tem dias que não a vejo, o que
acabou sendo um ponto ao meu favor.
— Vamos!
A voz de Alice ressoou a minha volta.
Dou mais uma olhada em meu reflexo no
espelho e fico satisfeita com que vejo,
com um giro nos calcanhares, movo-me
em direção à porta. A cada passo que
dava pelo imenso corredor, podia ouvir
o barulho da música tocada e quando
chegamos frente às portas duplas do
grande hall, detenho-me. Meus olhos
passeiam em volta do lugar que está
lotado e ao ouvir o meu nome, minhas
pernas ganham vida própria e toda
atenção se volta em minha direção.
Retiro o sobretudo e com passos lentos,
vou andando pelo salão em direção ao
centro onde, haviam duas enormes fitas
penduradas no teto. Assim que começo a
subir nos tecidos, aplausos ecoam no
espaço e quando inicio a dança, os
homens vão à loucura.
Eu podia sentir os olhares cheios de
desejo lançados em minha direção, no
entanto, somente um homem naquele
ambiente era o meu alvo e hoje ele seria
meu. Minutos se passam e quando enrolo
o tecido em volta do meu corpo, suspiro
fundo e com um giro, me lanço em
direção ao chão parando exatamente
centímetros de distância do piso,
recebendo os aplausos e olhares em
admiração. Além de força e ter
confiança, durantes as aulas que tive,
peguei rápido a subida, mas é muito
técnico, você tem que entender e
aprender os movimentos para fazer os
números finais. Não ter medo e saber
que você está ali segura, que não vai
cair e se jogar mesmo, sem parar para
pensar.
Após me livrar das fitas, toda uma
movimentação toma conta do lugar, as
meninas começam a partir para cima dos
clientes, algumas dançam, outras servem
bebidas e quando vou em direção ao
bar, meu olhar se volta para Ethan, que
está a certa distância com Luccas.
A raiva percorre em minhas veias
quando o vejo chamando Alice, mas,
logo minha atenção é desviada quando
um dos clientes se aproxima, e pelo
olhar faminto, já sabia o que o infeliz
queria. Todavia, um sorriso vitorioso
surge em meus lábios, quando de
repente, Alice surge e suas palavras me
deixam êxtase, vibrando em
antecipação.
Instantes depois...
Meu coração batia forte, depois que não
o vi mais no salão, esperando alguns
minutos, deixei o hall e passos largos
foram dados, me fazendo atravessar o
corredor e chegar frente a porta do meu
quarto. Minha respiração estava
ofegante e no instante que abro a porta,
me deparo com o homem já sem camisa.
Seu peitoral desnudo é bem definido e
cheio de músculos.
— Tire a roupa, agora — disse ele, me
tirando do meu estado de estupor.
Fechei a porta e comecei a me despir.
Quando me livrei da última peça de
roupa, o homem avançou em minha
direção, me encurralando. Senti seu
hálito quente contra minha pele e sua
boca se chocou contra o meu pescoço,
deslizando a língua pela minha pele,
mordiscando levemente. O calor ardeu
em meu peito, se espalhou pelo meu
corpo inteiro, ele me pegou em seus
braços e levou-me em direção a cama,
depois se afastou retirando o restante da
sua roupa, me deixando com os olhos
arregalados diante da imagem do seu
membro latejante. Movendo-se
rapidamente, senti o seu corpo sobre o
meu, ele lentamente, começou a beijar a
minha barriga e seus beijos se
arrastaram até os meus seios, chupando
e mordendo avidamente.
Senti o calor do seu pau próximo a
entrada úmida do meu sexo. Seu membro
pulsava sem parar e todo o meu corpo
estremeceu quando num movimento
rápido e preciso, ele deslizou o seu
pênis para dentro de mim. A cada
estocada, gemidos altos de dor e prazer
saiam da minha boca, ele aumentou o
ritmo dos seus movimentos, me
penetrando cada vez mais forte e fundo.
Comecei a movimentar os meus quadris,
acompanhado o ritmo dos seus
movimentos. Ethan continuava me
invadindo cada vez mais fundo, senti
minha boceta apertar o seu pênis, e isso
o incitou a prosseguir, aumentando a
força e a velocidade da penetração. Seu
cacete, enterrado até o meu ponto mais
profundo. Minha boceta começou a
pulsar e quando um ruído alto escapou
da sua garganta, ele numa sequência de
golpes violentos, com estocadas
precisas, liberou seu líquido cremoso
tomado por um orgasmo tão forte que fez
todo o seu corpo estremecer.
Minutos depois, as palavras que foram
ditas marcaram o início de como a
minha vida mudaria a partir daquele
momento.
— A partir de hoje, você ficara somente
comigo.
Meu corpo estava vibrando fortemente e
meu coração prestes a saltar do meu
peito, entretanto, somente um
pensamento se fazia presente em minha
mente.
"O próximo passo será me livrar
daquela maldita Barbie".
Capítulo 23
CECÍLIA BORISLAV
Quando o todo poderoso entrou no
quarto, mantive meu olhar firme na
direção do visor a minha frente. Seus
passos foram dados até o banheiro e eu
tive que me aguentar para não sorrir.
Minutos se passaram, já não aguentava
de tanta ansiedade, logo, o estrondo que
ressoou no ambiente, vindo do banheiro,
fez todo o meu corpo vibrar de
felicidade. Daria qualquer coisa para
ver a cena dele pelado, com seu corpo
todo trêmulo e aquela monstruosidade
que tem no meio das pernas, balançando
de um lado para outro sem que ele
pudesse controlar. Sei que matar o
soberano da máfia seria meu passaporte
para a morte, mas, eu não ia deixar
barato todo sofrimento que me foi
infringido por ele, pois de alguma
forma, eu queria fazê-lo sentir a mesma
dor que me causou. Eu deixei tudo como
havia encontrado e não teria como ele
pensar que eu fui a responsável pelo que
aconteceu, Ana dizia que eu estava
perdendo tempo em me dedicar tanto aos
ensinamentos do meu pai, em focar tanto
nos estudos, porém, conhecimento nunca
é demais e hoje me sinto grata por tudo
que me foi ensinado.
Minutos depois, ele saiu do quarto, sua
expressão era a pior possível, seu rosto
estava vermelho e até esqueci de que o
meu corpo ainda estava dolorido. Meia
hora depois, quando ele saiu do quarto,
eu acabei tendo uma crise de riso e por
pouco não fiz xixi na cama de tanto
sorrir. Já havia jantando e depois de
falar com o meu pai pelo aplicativo de
mensagem, exausta, acabei
adormecendo.
Horas mais tarde...
O barulho que reverberou dentro do
ambiente, fez todos os meus sentidos
entrarem em alerta. Contínuo com os
olhos fechados, e logo em seguida ouço
o som das passadas rumo ao banheiro e
a porta sendo fechada, não demorou
muito para que o som da água caindo
fosse escutado por mim. Passaram-se
alguns minutos, olhei rapidamente no
celular que estava debaixo do meu
travesseiro, já eram quatro horas da
manhã, quando ouvi novamente o
barulho da porta e a luz do banheiro
sendo apagada, fechei os olhos de novo.
No momento seguinte, senti o colchão
afundando e depois o barulho pesado da
sua respiração, até que ele acabou
dormindo.
Havia uma porção de coisas pipocando
na minha cabeça e em certas horas, não
consigo controlar meus pensamentos.
Fiquei com os últimos acontecimentos
em minha mente, até que voltei a dormir.
Uma semana depois...
Depois daquela noite, uma semana se
passou, o homem insaciável que parecia
um animal faminto, durante todo esse
tempo não tocou em mim e chegava
sempre quando estava prestes a
amanhecer. Aquilo que deveria ser um
alívio, estava me deixando intrigada e
inquieta. Com uma das mãos que estava
fixa na maçaneta da porta, abri a mesma
e quando entrei no banheiro, meu olhar
foi de encontro ao sobretudo dele que
estava no cabide fixado na parede.
Nunca pensei que faria isso, mas diante
do pensamento que passou rapidamente
pela minha cabeça, acabei indo até a
roupa e ao pegar a peça, sinto o cheiro
de perfume feminino, o que fez todo o
sangue do meu corpo ferver e meu corpo
inchar como se fosse um balão prestes a
explodir, tamanha foi à raiva que tomou
conta do meu ser.
— Se ele estiver traindo-me, não
importam as consequências, jamais
voltará a tocar em mim.
Acabei tomando um banho gelado, a
água estava fria, o que fez calafrios,
percorrerem o meu corpo. Mas, eu
precisava diminuir a forte temperatura
que havia tomado conta de mim,
instantes depois, de banho tomado, e,
arrumada, deixei o quarto e já que
estava com fome, resolvi ir até a
cozinha. Ao contrário do percurso até
aquele corredor sombrio que parecia
não ter fim, o caminho até o hall, foi
feito por mim em menos de três minutos
e novamente ao chegar ao lugar, me
deparo com a tal Amber, já que Scarllet
me disse o seu nome e com a outra que
se chama Alice, as duas estavam
tagarelando e com um sorriso cínico no
rosto. Assim que viraram em minha
direção, o que fez de imediato o meus
batimentos acelerar, mas, assim que dei
alguns passos me detive, quando o
cheiro familiar impregnou as minhas
narinas e era o mesmo perfume que senti
na roupa dele. Saí do transe em que me
encontrava e quando estava prestes a ir
em direção as duas, pois queria ver se
ela ainda ia continuar sorrindo quando
me olhasse, nem tive tempo de chegar ao
meu destino, quando o barulho vindo da
porta principal chamou atenção de
todos.
Virei-me, era Luccas e Ethan que tinham
acabado de chegar e ao diminuir a
distância entre nós dois, as duas ficaram
em silêncio assim que ele começou a
falar.
— Hoje à noite iremos a um evento.
— É necessária a minha presença?
— Sendo minha esposa, claro que sim.
Ayla está na cidade e dessa forma,
iremos nós quatro.
Fiquei em silêncio e novamente escuto a
voz dele.
— Onde você estava indo? — perguntou
com a voz firme e com o olhar grudado
em meu rosto.
— Estou com fome, então ia almoçar na
cozinha.
— Vamos para o quarto que mandarei
levarem o almoço.
Seguimos para o nosso quarto, mas
todos os meus pensamentos estavam
direcionados para o cheiro que havia
sentido. Segundo o meu pai, nunca
devemos agir por impulso, assim como
um predador ao ficar a estreita da sua
presa, e no momento dá o bote, assim
que tiver a confirmação das minhas
suspeitas, Amber ou qualquer outra vão
desejar não terem cruzado o meu
caminho.
AMBER
A raiva e o ódio implacável que sinto
por aquela criatura estava me
queimando por dentro, e ao ver a Barbie
no salão, o meu maior desejo era
deformar o seu belo rosto. Mas, ele
acabou chegando e para aumentar a
minha fúria, o idiota disse que essa noite
sairia com ela, depois do almoço, vim
para o meu quarto, pois, precisava tomar
um banho.
Deixo a água morna cair sobre o meu
corpo e penso que depois de ter chegado
tão longe, não posso deixá-lo escapar.
Minutos depois, desligo o chuveiro e
com a toalha em volta do meu corpo,
deixo o cômodo e ao entrar no quarto, o
dono dos meus pensamentos estava
parado próximo à porta.
Permaneci parada no mesmo lugar,
enquanto ele deu alguns passos e se
juntou a mim.
— Pensei que ficaria com a sua mulher.
— É você quem eu desejo.
— Mas, não te verei a noite.
— Preciso ir a um leilão.
Uma expressão de tristeza envolveu o
meu rosto e como sempre acabou
funcionando, porque o homem segurou
em meu queixo, forçando-me a olhá-lo.
— Nenhuma outra, me fez sentir tão em
êxtase como você, você é minha.
Sem que eu esperasse, ele puxou a
toalha, me deixando exposta aos seus
olhos famintos e fez uma trilha pelo meu
corpo com seu olhar malicioso. Ethan
me jogou sobre a cama e ao se livrar das
suas calças, introduziu o seu membro
dentro da minha entrada molhada.
Aquela Barbie certamente não o
satisfazia, pois, o homem parecia um
animal no cio.
Seus movimentos eram fortes,
empurrando o seu membro fundo, o
tirando para depois deslizar toda
extensão do seu pênis palpitante e rígido
para dentro de mim. A cada estocada, os
ruídos que saiam da sua boca se
tornavam ainda mais alto e numa
invertida de posição, comecei a
cavalgar em cima daquele pau que
parecia um touro furioso. Horas se
passaram e quando juntos alcançamos o
limite do prazer, gozando violentamente,
queria tomar um banho junto, mas o
homem ao olhar para o relógio em seu
pulso, mas uma vez disse que banharia
em seu quarto, o que era até bom para
aquela desgraçada sentir o cheiro
impregnado de sexo no seu marido, que
agora é o meu homem.
Sozinha no quarto, e esparramada sobre
a cama, penso que vários dias se
passaram e já chegou o momento de me
livrar daquela pedra que está em meu
caminho. Só assim irei conseguir o que
tanto desejo.
Capítulo 24
Algum tempo mais tarde...
CECÍLIA BORISLAV
E than já estava arrumando, eu o
deixei sentado na poltrona vendo
algo no notebook, enquanto me
arrumava. Contudo, eu me via no dilema
sobre o que usar. Não que não tivesse
várias opções, já que minha mãe havia
comprado vários vestido para uma
ocasião semelhante à de hoje, porém,
eram todos lindos e minha indecisão
vinha daí. Enquanto não me decidia,
procurei logo fazer a maquiagem e
arrumar os meus cabelos. Acabei
deixando-os soltos, olhei novamente
para os vestidos e optei por um longo na
cor bordô com um decote generoso em
V, profundo, detalhe de transpasse na
cintura, saia sereia e uma fenda central
que ia do alto da minha coxa, até meu
tornozelo. As alças são torcidas e as
costas nadadoras com grande decote.
Nos pés, uma sandália altíssima, na cor
preta. Passei um pouco de perfume e
deixei o cômodo indo até o quarto. No
momento que surgi no ambiente, toda
atenção do homem se voltou em minha
direção, a calmaria se fez presente por
alguns segundos, ele por sua vez, me
olhava intensamente, observando-me da
cabeça aos pés e quando resolveu se
mover, meu olhar foi em direção a caixa
que ele pegou em cima do criado mudo.
Ethan andou em minha direção e abriu a
caixa. Meus olhos brilharam em
admiração pela imagem dentro do
estojo, ele me entregou o brinco que
fazia par com o colar de esmeraldas.
Enquanto colocava os acessórios nas
minhas orelhas, ele pegou o colar e
andou até ficar atrás de mim. Senti o
toque suave de um dos seus dedos em
minha pele, em seguida ele colocou o
colar em volta do meu pescoço e o
fechou. Tudo no mais absoluto silêncio.
Seguimos até a garagem onde haviam
três carros escuros, nos aguardamos.
Entramos em um deles, enquanto os
outros dois iriam nos acompanhar ao
longo do percurso até a casa de leilões
Sothebys, que pertencia a um grande
empresário francês, Patrick Drahi.
Acabei ficando calada durante todo o
caminho. O homem ao meu lado, como
sempre, impecável, porém, o cheiro
inebriante de seu perfume amadeirado
invadindo minhas narinas, provocando
sensações que não podia conter. Quase
uns quarenta minutos depois, chegamos
ao lugar que estava com seu exterior
cheio de repórteres, saímos do carro e
sob os olhares curiosos e com um
sorriso no rosto para uma onda de
flashes. Caminhamos até a entrada do
salão e ao chegar dentro do ambiente,
enquanto algumas mulheres se viraram
em nossa direção, ele parecia
inabalável, mas, depois de alguns
passos, um grupo de homens nos olhava
de um jeito que me deixou incomodada.
Não precisou de palavras para o homem
das cavernas, intensificar o contato do
seu braço em minha cintura, como se
tivesse deixando claro a quem eu
pertencia. Meus pensamentos foram
atrapalhados quando Ayla apareceu em
nossa frente.
— Vocês demoraram — disse e veio me
abraçar, o que de início me deixou
paralisada e intrigada ao senti a mesma
fragrância que estava impregnada no
sobretudo de Ethan, e também no salão,
que certamente estava vindo de uma
daquelas duas. Correspondi ao seu
abraço, já que tinha tanto Ayla, como
Clara, como irmãs.
Algum tempo depois...
O leilão começou e todos estavam
eufóricos com as peças que foram
colocadas à venda. Os valores dos
lances eram exorbitantes, mas, toda
coleção de joias estava impecável.
Luccas comprou um colar de safiras,
lindo, para Ayla, assim como um anel, já
Ethan, parecia ter verdadeira admiração
por pedras de esmeraldas, pois todos os
colares, assim como os brincos e um
anel que tinha uma pedra verde enorme
em cima, foram comprados pelas
empresas DB, logo essa que
correspondia ao nome do meu sogro. O
casal que exatamente foram feito um
para outro, logo questionou o motivo de
ter comprado tantas peças com a mesma
pedra.
— Digamos que me faz lembrar os olhos
brilhantes da minha querida esposa —
seu tom de voz era irônico, entretanto,
fiquei com o rosto pegando fogo quando
os dois começaram a me olhar e sorrir.
O leilão chegou ao fim e começou o
coquetel e Buffet para os presentes.
Ethan e Luccas estavam entretidos
conversando com alguns homens e
aproveitei para conversar com a minha
cunhada.
— Você chegou hoje?
— Não, ontem pela manhã. Queria ir vê-
la, mas estive ocupada resolvendo
alguns assuntos, já que daqui a uma
semana preciso voltar para Belgrado.
— Você e Luccas fazem um casal
perfeito — disse, mas as palavras que
foram ditas em seguida me deixaram
pensativa e com o rosto ainda mais
ruborizado.
— Assim como você e o chato do meu
irmão. Ethan pode ostentar aquela
armadura de ferro que parece
indestrutível, mas sei que desde quando
éramos crianças, que ele gosta de você
ou não teria ficado tão abalado quando
aconteceu aquilo quando você e Ana
tinham somente cinco anos. Mas, sendo
vocês dois marrentos, acredito que se
alguém não der o primeiro passo para
derrubar a muralha em volta de vocês
dois, vão continuar vivendo em conflito.
Ayla, assim como a minha mãe, falava
de um jeito que me fez refletir e de fato,
ela tinha toda razão sobre nós dois
termos o temperamento muito forte.
Desde quando o conheci, que algo
dentro de mim vive em um duelo e toda
a sua arrogância, o jeito como quer tudo,
segundo a sua vontade, me deixa irritada
e com um desejo enorme de quebrar
todas as regras impostas por ele.
Passamos ainda mais de uma hora no
lugar e depois de nos despedimos do
casal açúcar, que hora ou outra só se
desgrudavam porque Ethan lançava um
olhar mortal em direção a Luccas,
quando beijava sua irmã. Entramos no
carro e o mesmo, em questão de
segundos foi colocado em movimento.
Tratei de tirar os sapatos, devido ao
desconforto nos meus pés por estarem
doloridos. Fiquei por alguns minutos
olhando as mensagens no meu celular e
entre uma delas, tinha uma de Ana
perguntando como eu estava. Trocamos
mensagem e quando dei boa noite,
encerrando a conversa, sabendo que
ainda falta muito para chegar no bordel,
decidir dormir um pouco, porém, a
claridade dentro do veículo me impedia
de me entregar ao sono.
Tudo estava em silêncio e o único
pensamento que rondava a minha cabeça
dura, era direcionado para tudo que Ayla
havia dito, mas depois de algum tempo,
comecei a sentir minhas pálpebras
pesando e cada vez ficava ainda mais
cansada. Resolvi não lutar mais e me
entreguei ao sono.
Minutos depois...
— Bang-bang... Bang-bang... — o som
de disparos me assustam.
Meu coração deu um pulo, quase
saltando para fora do peito, e, depois,
passou a palpitar amedrontadoramente.
Em um sobressalto, meus olhos se
abriram e chocaram-se imediatamente
com Ethan.
Desorientada, meus olhos se
arregalaram quando novamente ouvi o
barulho que havia me despertado, mas
dessa vez, eram de rajadas ressoando no
ar.
O homem que tinha o rosto virado para a
janela, girou a cabeça e por alguns
segundos, eu não consegui me mover um
só centímetro, enquanto ele olhava-me
fixamente e estava com os olhos escuros
e brilhantes, como se aquele barulho
tivesse despertado o monstro que habita
dentro dele.
Capítulo 25
ETHAN BORISLAV
M inutos depois que deixamos o
lugar do evento, fui avisado por
um dos meus soldados que estava dentro
do veículo atrás do meu, que estávamos
sendo seguidos. Meu corpo se aqueceu e
um lampejo de sensações misturou-se a
adrenalina que percorria por todo o meu
corpo. Já conseguia sentir o cheiro de
sangue fresco invadindo minhas narinas,
porém, o choque da realidade pairou
sobre mim ao lembrar que ela estava
comigo e não tinha como retirá-la do
carro, já que isso facilitaria para que os
inimigos viessem a atingi-la, contudo,
quando minha atenção se voltou na
direção dela, ela estava dormindo, dei
ordens para que os homens que estavam
no carro da frente ir o mais rápido
possível.
Meu motorista mantinha-se em total
atenção ao volante e o homem ao seu
lado estava com sua arma em punho e
pronto para o que viesse. Passamos pela
ponte que dá acesso a estrada que se
encontrava quase deserta devido ao
horário. Entretanto, a voz de um dos
meus homens ressoou dentro do
automóvel avisando que não tínhamos
como prosseguir pela estrada que nos
levaria direto para o bordel, pois ela
estava fechada por uma barreira feita
pelos carros que já sabíamos de quem
era. A única alternativa seria o desvio,
mas para isso, teria que me livrar da
barreira feita por eles ou seriamos um
prato cheio indo direto para boca do
lobo.
O som que sempre foi como música para
os meus ouvidos, rasgou o ar e aquilo
fez uma onda de calor atravessar o meu
corpo inteiro. Deixo os meus
pensamentos de lado e olho para mulher
que está próximo a mim. Seus olhos
esverdeados estavam arregalados, ela
não se moveu um centímetro do lugar em
que estava, no entanto, não havia medo
dentro daquelas orbitas brilhantes e sim
demostrava que ela estava desorientada
diante da situação. As balas nos
seguiram, o ricochetear dela contra a
lataria do carro fizeram os meus
demônios gritarem e os órgãos internos
do meu corpo começaram a funcionar a
todo vapor. Ela, que ainda estava
paralisada, enfim despertou quando o
som da voz do motorista que conduzia o
carro da frente reverberou dentro do
veículo.
— Senhor, nos atingira... — antes que
ele viesse a concluir sua última palavra,
o estrondo de uma grande explosão
preencheu o espaço e naquele momento,
peguei o meu celular e entrei no sistema
que foi desenvolvido pelo meu pai e
aperfeiçoado por mim. Tendo o total
acesso a um dos satélites americano,
sabia exatamente quantos carros estavam
a nossa frente e em questão de minutos,
um barulho ensurdecedor ressoou a
nossa volta. A visão a nossa frente era
de uma grande fogueira, as chamas
envolveram o ar, porém, o problema
ainda não havia sido resolvido, pois as
rajadas de tiros vinham dos veículos que
estavam atrás do nosso. Abri o
compartimento de armas que ficava atrás
dos bancos.
— Quero que você se abaixe.
Vendo que ela parecia ainda perdida,
movi uma de minhas mãos e contra a sua
vontade, fiz com que se abaixasse. Tudo
que estava fixo na minha mente era
exterminar os malditos ratos e fazer seus
miolos serem divididos em dezenas de
pedaços. Trocas de tiros foram feitas,
mas, os carros que estão nos
perseguindo estavam em grande número,
passamos próximo as chamas, pegando o
desvio e desta vez, o último carro nosso
foi abatido. Uma pancada de fúria me
atingiu e fez o meu peito queimar ainda
mais. Era como se estivesse no modo
piloto automático e tanto eu, como o
homem que estava no banco da frente,
revidamos, mas do lado esquerdo, o
mesmo que ela estava, surgiu um carro e
certamente os desgraçados estavam
usando armamento de fabricação
chinesa, já que um dos disparo atingiu o
vidro do automóvel trincando o vidro.
Enquanto eu cuidava do outro carro que
apareceu a minha direita, o barulho do
vidro se quebrando fez meus batimentos
ficarem mais fortes. Senti meus olhos
aumentando e meu rosto se contorcendo
freneticamente, o sangue do meu corpo
esquentando e me queimando como
brasas. Instantaneamente, girei a cabeça
para o lado e a imagem que vi em minha
frente, deixou os meus demônios
vibrando como nunca havia sentido
antes.
Segurando um rifle M24 que é uma arma
de pressão certa para tiros potentes e
alcance de longa distância, seu dedo que
parecia ter ganhado vida própria no
gatilho, a mulher abateu o alvo a sua
frente. A cada tiro, acertava com
precisão a cabeça dos malditos, me
mostrando que sabia muito bem se
defender. Nosso carro parou e com uma
bazuca sobre minha posse, saí de dentro
do veículo explodindo os demais carros
que surgiram em minha frente. Não sei
quanto tempo durou, mais a calmaria
pairou no ar e quando ela saiu de dentro
do veículo, esboçando um ar de
satisfação com a cena que se formou em
sua frente, eu não poderia estar mais em
êxtase do que estava naquele momento.
— Sabia que seu ponto de mira era bom,
mas, não que era tão boa em manusear
uma arma. — os olhos da bonequinha
que se mostrou melhor que muitos
soldados da nossa organização ficaram
cravados nos meus e assim que seus
lábios se moveram, a temperatura do
meu corpo aumentou ainda mais com as
palavras que foram ditas.
— Eu sou boa em muitas coisas que
você não sabe.

CECÍLIA BORISLAV
Rapidamente o lugar transformou-se em
um campo de batalha. Tiros e mais tiros
ecoavam por todos os lados, porém,
quando o som de uma voz desconhecida
ecoou no ambiente, dizendo que foram
atingidos, saí do estado estático que
estava, mas ele foi mais rápido do que
eu e acabou me fazendo abaixar contra a
minha vontade. Os sons dos disparos se
tornavam mais altos e aquela explosão
fez meu corpo todo se aquecer,
entretanto, eu já estava inquieta e quanto
mais eu ouvia o barulho das rajadas,
algo dentro de mim vibrava querendo se
libertar.
Em meio a todo aquele zumbido, quando
o vidro da janela foi quebrado, aquilo
era tudo que faltava, pois a adrenalina
tomou conta de cada fibra do meu corpo
e quando dei por mim, já estava com as
mãos em uma das armas, das diversas
que ele tinha dentro do veículo.
Eu achava que não teria coragem de
interromper a vida de alguém, talvez não
da forma como vi Ethan fazendo ao
torturar aquele homem, mas, naquele
confronto, ou atingia o alvo no ponto
certo, ou seria eu a ser atingida. A cada
tiro, uma sensação inexplicável tomava
conta de mim, eu já não conseguia parar
de puxar o gatilho e quando enfim o
silêncio predominou a nossa volta, ao
ver a cena do estrago que havíamos
feito, eu senti como se toda inquietação
que estava sentindo no meu interior,
tivesse sido dissipada.
Minutos depois, chegamos à garagem da
casa de luxo. Deixamos o veículo e
caminhamos em direção ao elevador. No
momento que a porta foi fechada, fui
surpreendida assim que ele me
encurralou na parede e seu olhar estava
repleto de desejo. Não sei o que estava
acontecendo comigo, mas novamente o
calor escaldante apoderou-se do meu
corpo inteiro.
Ethan examinava meu rosto com um
olhar intenso. Em seguida levou uma de
suas mãos até o meu decote, a enfiando
por debaixo do tecido que cobria o meu
seio direito e começou a acariciá-lo,
circulando a ponta do meu mamilo numa
carícia torturante.
Ele observava atentamente a minha
reação, esperando que eu sucumbisse ao
prazer do seu toque. Ele passou um bom
tempo massageando-o e depois fez o
mesmo com o seio esquerdo. Não
satisfeito, ele levou uma de suas mãos
na direção da fenda do meu vestido e foi
subindo até alcançar a minha calcinha e
logo depois a puxou, deslizando a peça
pelas minhas pernas. Em questão de
segundos ela já estava nas mãos dele,
que após levar o tecido até o nariz e
cheirar, a guardou no bolso.
Se ele queria causar alguma reação em
mim, conseguiu, já que seus gestos
estavam afetando todos os meus
sentidos. Ethan abaixou a cabeça e
começou a beijar o meu pescoço com
delicadeza, de um jeito quase
preguiçoso, até parar próximo a minha
boca. Minha respiração engatou quando
ele abriu o fecho da calça e pude ver o
volume da sua virilidade estufada em
sua cueca e logo em seguida deixou cair
pelas suas pernas as duas peças que
deixavam o seu membro preso. Minha
respiração ficou ofegante, ele por sua
vez, colou o corpo no meu, suspendeu-
me, fazendo-me entrelaçar as pernas em
volta da sua cintura. Fiquei
completamente perdida quando colocou
os lábios sobre a minha bochecha,
beijando cada centímetro dela até parar
próximo a minha boca. Meu corpo logo
ficou quente e, foi nesse exato momento
que seu pênis deslizou para dentro de
mim e sua boca invadiu a minha. Sua
língua acariciando a minha, enquanto
movimentava os quadris e seu pênis
entrava e saia de dentro de mim. A cada
investida, as minhas costas batia contra
a parede de aço inoxidável do elevador,
fazendo um barulho alto dentro do
ambiente. Sua língua continuava
explorando a minha e o homem me
invadia mais fundo e rápido.
O calor emanado a nossa volta era
intenso e o meu rosto já estava banhado
de suor, suas estocadas eram rápidas e
profundas, me arrancando ruídos de
arrebatamento, preenchendo-me com
força, chegando fundo. Seu membro
entrando e saindo do meu sexo, enquanto
seus lábios se apossavam dos meus com
avidez e sua boca insaciável parecia
querer devorar a minha, provocando
uma convulsão que arrepiou a minha
pele. Eu não iria aguentar por muito
tempo, pois uma sensação de êxtase que
estava se aproximando, tomou conta de
mim.
Ethan parecia que tinha perdido o
controle e começou a xingar
repetidamente.
— Caralho! Porra! Deliciosa, essa
bocetinha gulosa está espremendo o meu
pau.
Ele segurou ainda mais firme minha
cintura, aprofundando o contato da sua
posse. Uma sequência de estocadas
foram dadas contra minha carne pulsante
e meu corpo todo começou a estremecer.
Os olhos azuis ficaram em chamas e
quando minha intimidade começou a
latejar freneticamente, rugindo como um
animal, ele se libertou, alcançando o
limite do prazer.
Meu coração ainda estava batendo muito
forte e depois do calor do momento, o
arrependimento e várias dúvidas
pairaram sobre mim, e logo me lembrei
das palavras de Ayla.
"Será possível que em meio a tudo que
ele me fez. Toda raiva que sempre senti
desde que o conheci é porque sinto
algo por ele".
Tudo era muito confuso e a única certeza
que tenho, é que não posso me deixar
levar pela luxúria e o desejo carnal ou
irei acabar me tornando aquilo que ele
sempre quis. Um brinquedo que pode ser
manipulado.
Capítulo 26
No dia seguinte...
CECÍLIA BORISLAV
D epois da noite de ontem, eu acabei
passando boa parte do dia
dormindo, quando acordei, já era hora
do almoço, meu corpo todo estava
dolorido e logo vieram as lembranças
do que fizemos dentro do elevador. Uma
hora depois, já estava entregue
novamente a escuridão e,
consequentemente, a noite chegou e
estou aqui acordada com os olhos fixos
na tela do celular. Embora o som esteja
fraco dentro do ambiente, posso ouvir o
barulho da música vindo do salão, deixo
o aparelho de lado e ao ver que já era
quase onze horas da noite, resolvi
dormir.
Minutos se passaram, eu rolava de um
lado para outro, entretanto, o sono não
vinha. Inquieta, acabo por levanta-me e
caminho em direção à porta, um instante
depois, já estava atravessando o
corredor e ouvir alguns sussurros, vindo
do lado esquerdo. Dei algumas passadas
na direção do barulho e no instante que
meus olhos ficaram cravados na imagem
a minha frente, meu coração disparou,
senti um forte aperto em meu peito,
minha respiração ficou pesada, meus
olhos arregalados e as lágrimas
apareceram sem a minha permissão,
descendo e inundando o meu rosto.
Senti a raiva me queimando por dentro e
mesmo a certa distância, dava para ver
que a mulher que estava de costas para
mim, enquanto era beijada por aquele
infeliz, era a tal Amber. Da uma tristeza,
para um ódio descomunal, minhas
pernas que até então estavam imóveis,
se libertaram e quando ia me mover na
direção deles, senti algo próximo a
minha boca e tudo ficou escuro.

Três dias depois...


AMBER
Meus olhos estão cravados no homem a
minha frente, depois de alguns passos
ele encurtou a distância entre nós dois.
— Preciso ir, além da reunião com
alguns fornecedores, logo depois irei a
filial de Manhattan.
O homem deu o beijo em minha boca e
com passos firmes, saiu do meu quarto.
Dois dias atrás, enquanto estava me
possuindo com sua pegada bruta e
selvagem, Ethan deixou escapar que
hoje teria uma reunião fora das
dependências da casa de luxo. Esse era
o momento que eu tanto estava
aguardando, o que me deu tempo para
planejar todos os passos do que
faríamos assim que ele saísse do bordel.
Instantes depois, Alice surgiu no
cômodo interrompendo os meus
devaneios.
— Amber... — não esperei que ela
dissesse mais nada e falei.
— Você sabe o que precisa fazer, pois,
dentro de uma hora o controle das
câmeras de monitoramento em volta de
todo o prédio será nosso, assim como
todo esse lugar.
Ficamos algum tempo conversando e
logo depois seguimos para fora do
quarto, pois era hora de entrar em ação.
Chegamos ao salão e pelo barulho vindo
da cozinha, indicava que as demais
estavam lá, entramos no cômodo e o
barulho das várias vozes se misturavam,
pois, todas estavam por comentar sobre
a noite anterior onde a casa ficou
completamente lotada. Minutos se
passaram e quando a mulher ao meu
lado que certamente merecia o Oscar, se
levantou, depois de alguns passos, suas
pernas perderam as forças e um ruído
escapou do fundo da sua garganta, logo
em seguida, Alice estava se contorcendo
no chão de tanta dor e não demorou
muito para que seus olhos se fechassem.
Toda uma movimentação aconteceu a
nossa volta e duas das meninas logo
foram chamar a Dra. Scarlett, que estava
no quarto com Cecília. No instante que a
mulher surgiu na cozinha, dando ordens
para levá-la para o seu quarto,
aproveitei a distração de todas e
imediatamente peguei o meu celular,
bastou alguns minutos para que Max
assumisse o controle do lugar. Ethan
Borislav pode ter um QI super elevado,
mas não é o único no mundo dotado de
uma inteligência excepcional e que
possui um extraordinário talento capaz
de fazer da tecnologia um aliado fatal.
O trabalho de Max, será fazer com que
Ethan, ao acessar as câmeras para ver o
que está acontecendo no lugar, terá uma
gravação modificada, achando que tudo
está em perfeita paz e sobre o seu
controle. Olhei rapidamente para o
relógio no meu pulso e tendo a
confirmação do horário estipulado por
ele para fazer a modificação, os meus
passos me levam em direção à suíte da
Barbie, ela por sua vez, está doente há
alguns dias, pelo que soube pegou algum
tipo de virose e só vive o tempo todo
adormecida. Porém, eu sei muito bem
que seu estado é devido ao veneno que
estava sendo introduzido em sua comida.
O mesmo se trata da toxina botulínica,
uma proteína produzida pela bactéria
Clostridium botulinum, causadora do
botulismo, intoxicação alimentar rara,
mas que pode ser fatal. Com o processo
pelo qual passou, nenhum exame
toxicológico vai encontrar a substância.
Detive-me ao chegar frente a sua porta e
cautelosamente a mesma foi aberta por
mim. Meu olhar foi de encontro a infeliz
que dormia profundamente, fecho a porta
e com passos lentos, avanço em sua
direção, fiquei olhando para suas
feições. Um rosto que mais parecia uma
porcelana, sua pele lisa e sedosa, lábios
carnudos e bem delineados, realmente a
desgraçada era semelhante a uma boneca
de tão perfeita. Fiquei centímetros de
distância dela e, ao lembrar-me das
palavras que foram ditas por ela, da
humilhação que me fez passar e de toda
raiva que senti, movi minha mão direita
e o tapa soou estrondoso ao atingir o seu
rosto, seus olhos logo se abriram e antes
que ela tivesse qualquer reação e com o
corpo fraco devido o seu estado, eu subi
em cima dela e minhas mãos ganharam
vida própria. Eu comecei a bater
tentando dissipar toda minha fúria.
— Eu deveria era cortar o seu rosto sua
maldita — vocifero furiosa.
Ela cravou as unhas em meu braço e
ainda tentou se levantar, mas acabei
pegando o travesseiro e a cena que se
formou em seguida, fez meu coração
explodir de alegria.
— Chegou a hora da bela adormecida
nunca mais despertar.
A desgraçada esperneava e tinha mais
força do que eu esperava. Mas, eu já
estava preparada e não foi por acaso
que passei anos em treinamento.
Enquanto ela se debatia, eu apertava
ainda mais o objeto contra o seu rosto,
fazendo com que o ar se esvaísse dos
seus pulmões, acabando com o seu
fôlego e tornando daquele ato os seus
últimos segundos de vida. Há certa
altura, ela deixou de lutar, o seu corpo
ficou completamente paralisado e
quando puxei o travesseiro, fui checar a
sua respiração e o corpo da maldita já
estava sem vida.
Um sorriso triunfante tomou conta do
meu rosto, levei a mão direita até o meu
bolso puxando o aparelho e após
deslizar o dedo polegar pela tela,
encontrei o aplicativo da câmera. Com o
celular em mãos, comecei a tirar
algumas fotos dela esparramada sobre a
cama e logo em seguida enviei para o
homem que devia estar ansioso,
aguardando. Depois de feito, meu
celular começou a vibrar e ao atender a
ligação, o som da minha voz reverberou
no espaço.
— A vadia já foi dessa para pior. Agora
o The Brothel Empire é todo seu.
Ouvi uma risada diabólica ressoar do
outro lado da linha, o que me deixou em
êxtase.
Capítulo 27
ETHAN BORISLAV
S aímos do restaurante e seguimos
para Manhattan. Como as mulheres
que antes pertenciam à casa de luxo da
filial foram levadas para o The Brothel
Empire, um novo carregamento chegou e
por esse motivo, tanto eu, como Luccas,
estávamos indo checar de perto as
mercadorias. Embora muita coisa tenha
mudado e esteja diferente de quando
Dusan controlava tudo, além de muitas
virem por livre e espontânea vontade na
busca de uma melhor qualidade de vida,
assim como Amber, que chegou recente
e ao verem sua beleza estonteante foi
enviada com as demais que já estavam
há mais tempo. O pagamento de
dividas, onde são vendidas pelos
próprios familiares, ainda é um ponto
forte do esquema, o que não descarta o
tráfico humano que tem por público alvo
o Brasil.
É desse país que não só a máfia Sérvia,
como tantas outras, fizeram do esquema
uma grande fonte de renda e devido a
grande população pertencer a uma
classe baixa, os que lá estão infiltrados,
acabam por seduzir e iludir essas
garotas com falsas promessas e como
um lobo em pele de cordeiro, fazem da
sua presa um alvo fácil, que acabam
descobrindo que tudo que pensam ser o
paraíso, não passa de um caminho que
as levará direto para o inferno.
O percurso era longo e quando
chegamos à casa de luxo, todas já
estavam dentro do salão nos
aguardando. Tinha que admitir que elas
não eram só bonitas de rostos, assim
como os seus corpos eram cheio de
belas curvas. Algumas com 17 anos,
outras com 18 e aquelas que já
pertenciam a esse mundo luxurioso,
tinham por volta de 20 a 22 anos, o que
acabariam passando cerca de até dez
anos nesse lugar, já que ao atingir os 32
anos, seriam dispensadas. Minutos se
passaram e após resolver todos os
assuntos pendentes, deixamos o lugar, e,
ao entrar em um dos veículos, peguei o
meu notebook, tendo acesso às câmeras
em volta do bordel, meus olhos
passeiam por toda tela e o lugar parecia
estar em perfeita harmonia.
Junto com o meu, mais três carros
deixaram a garagem do bordel. O fluxo
de veículos era intenso e novamente
parece que os desgraçados estavam
dispostos a conseguir de toda forma o
meu território. Parecíamos que
estávamos em uma corrida de fórmula 1,
uma verdadeira perseguição foi
iniciada, mas ao contrário da noite do
leilão, nenhum disparo foi feito, o que
me deu a certeza de que eles estavam
esperando o momento certo para nos
encurralar. O motorista pisou fundo no
acelerador, Luccas passava todas as
coordenadas e meu olhar continuava fixo
no notebook. Meus dedos deslizavam
sem parar pelas teclas e assim que entrei
no sistema de Dusan, ao inserir o código
do microchip, a imagem do satélite foi
direcionada para MH 365. Era o único
ponto em que um confronto poderia ser
iniciado, já que dava acesso à ponte
localizada em uma parte totalmente
isolada de Manhattan e que justamente,
ficava no percurso a ser feito para voltar
para casa.
Em meio a toda aquela perseguição que
foi feita, acabamos nos deparando com
chamas que envolviam boa parte da
estrada embaixo da ponte que ficava a
alguns quilômetros antes que
chegássemos até a ponte.
— Ethan!
Meus pensamentos foram interrompidos
por Luccas.
— Não sei se terá como passar, parece
que houve um acidente.
— Fred!— por alguns segundos ganhei
atenção total do homem que mantinha
sua concentração firme ao volante.
— Chegou a hora de você mostrar o
motivo pelo qual foi escolhido para
fazer parte da nossa organização.
O homem virou o rosto para trás por
uma fração de segundos, ostentando um
esboço de um sorriso e logo em seguida
dava para ouvir o barulho vindo dos
pneus e realmente me sentir como se
estivesse participando do grande prêmio
de Mônaco. Fred era um ex-piloto de
corrida e foi requisitado por mim para
fazer parte da máfia Sérvia devido a sua
grande habilidade, pois, um grande
talento jamais deveria ser desperdiçado.
Nem o ar condicionado foi capaz de
impedir que a temperatura dentro do
veículo chegasse a um nível tão alto,
tanto que parecia que estávamos dentro
de uma fornalha, tudo porque acabamos
passando muito próximo das chamas e
estando do outro lado, novamente
mantive minha concentração no
notebook e em seguida as imagens do
lugar surgiram na tela do aparelho a
minha frente. Como eu cogitei, os
malditos membros da Yakuza dominaram
o lugar e vários carros estão sobre a
ponte. Pelas imagens, deu para vê-los
abatendo três carros da polícia que se
aproximou, com a alta tecnologia de um
país de primeiro mundo, era certo que
Sanada viesse preparado.
Meus pensamentos foram atrapalhados
ao ouvir alguém me chamando.
— Chefe! O helicóptero já está
sobrevoando o local.
— Vocês sabem exatamente o que devem
fazer.
Dito isso, tanto Luccas, quanto eu,
ficamos olhando para tela a nossa frente
e o que veio em seguida fez todo o meu
corpo se aquecer. Meus pulmões ficaram
em chamas e meu coração agitado.
Tendo o alvo em mira, o lança chamas
foi acionado e um estrondo terrível
reverberou no ar, dava para ser ouvido
mesmo à distância em que estávamos.
Fiquei em puro êxtase pela expectativa,
logo sangue fresco seria derramado a
minha volta e o cheiro apreciado por
mim, contudo, depois de alguns
instantes, meu motorista nos avisou que
já estávamos sobre a ponte e por mais
que soubesse o que nos esperava, era
inevitável e não tínhamos como adiar
aquele confronto.
Quando o nosso veículo parou e os
outros três se juntaram a nós, um barulho
infernal ecoou no ar, quando o
helicóptero que sobrevoava e estava
prestes a atingir o restante do que achei
que seriam os últimos carros, foi
abatido, fazendo o piloto perder o
controle e ir direto para as profundezas
do mar.
Sanada mais uma vez me surpreendeu,
pois em meio às chamas, em cima da
ponte, vários homens surgiram, todos
bem equipados e armados. Virei à
cabeça para trás e acabamos sendo
cercado por cerca de dez carros e
dezenas de homens surgiram.
Viramos um alvo fácil em meio a um
monte de malditos que estavam com
sangue nos olhos. Tiros e mais tiros
foram disparados e por mais que tanto
eu, como Luccas, estivéssemos enviando
aquelas almas podres, direto para o
inferno, os homens que estavam
conosco, exceto Fred, que foi lançado
direto na água por mim, acabaram
sendo mortos e novamente ouvi outra
explosão terrível e antes que eu tivesse
tempo de agir, o corpo de Luccas foi
jogado para longe, o fazendo ir direto
para a grade de proteção da ponte. Corri
em sua direção ao ver que ele ainda se
apoiava com uma das mãos e assim que
segurei firme em seu braço, senti uma
dor terrível em minhas costas e o meu
corpo, assim como o dele, voou a
distância. Tudo começou a girar ao meu
redor e a única coisa que lembro, foi de
cair dentro da água e sentir um baque
terrível em minha cabeça.
SANADA
Fazer uma aliança com Yan, por anos me
foi conveniente. Contudo, aquele verme
achou que ao acabar com aqueles
malditos que estavam em nosso
caminho, ele seria o chefe. Porém, os
meus planos eram outros e já tinha algo
em mente que me daria além do controle
da máfia albanesa e sérvia, o domínio
da tríade chinesa. Ao ter as informações
que precisava, planejei tudo
minuciosamente e era chegado o
momento de deixar as sombras e vir
pessoalmente tomar posse daquilo que
seria meu. Com o meu pessoal infiltrado
em solo americano e sabendo dos
passos do desgraçado, ele não teria
outro destino, além da morte.
Confesso que o filho do diabo era astuto
e acabou dando muito mais trabalho do
que eu esperava. Mas, eu não estava
disposto a perder a batalha e tão pouco,
a guerra.
Quando os dois foram lançados para
fora da ponte, indo de encontro à água,
só deixei o lugar depois que recebi a
confirmação de que os dois estavam
mortos e meus homens estavam
resgatando os corpos.
Com o meu maior obstáculo fora do meu
caminho, era o momento de ir direto
para o lugar de onde eu teria a arma
para acabar com Dusan e Enzzo e logo
em seguida me livraria de Yan.
Quase meia hora depois, com meus
homens fortemente armados, com armas
e silenciadores, chegamos ao The
Brothel Empire e várias vidas foram
ceifadas para que tivéssemos o controle
do lugar. Adentramos o ambiente e ao
chegar ao salão, todas estavam em
pânico, porém, meu olhar foi de
encontro à mulher que estava vestida de
vermelho, junto das outras.
Capítulo 28
SANADA
P or alguns segundos, fiquei olhando
para o rosto da minha sobrinha.
Amber, além de ter uma beleza
exuberante, é capaz de seduzir qualquer
homem. Filha do meu falecido irmão,
que acabou deixando o Japão para uma
missão dada pelo nosso pai anos atrás e
num confronto com Dusan Borislav,
acabou sendo executado. Ela, não só
perdeu o pai, como aos cinco anos se
tornou uma sobrevivente ao sair ilesa do
acidente que matou a sua mãe.
Depois de passar anos com seus
parentes maternos, que eram
americanos, a enviei para um colégio
interno quando tinha 10 anos e após
completar 18 anos, ao ver pelas imagens
de vídeo o quanto a pirralha se tornou
uma bela mulher, sabia que ela me seria
útil futuramente. O ódio e a sede de
vingança são capazes de transformar um
belo anjo na personificação da maldade,
e essa foi minha arma, pois, durante
anos, fui semeando todo o ódio que
sentia em sua mente contra aquele que
tirou a vida do seu pai e responsável por
toda desgraçada a tornando uma órfã.
Ela decidiu que se infiltraria no bordel e
desta forma, conseguiria envolver o
filho do desgraçado em sua teia.
Os sussurros e choros ecoando a minha
volta, me fizeram voltar à realidade.
Peguei a minha arma e assim que puxei o
gatilho, um ruído alto ressoou no espaço
e gritos e mais gritos se fizeram
presentes ao ver o corpo da
desconhecida caindo sobre o chão e o
sangue escorrendo da sua testa. Com a
raiva inflamando em minhas veias,
exclamo ensandecido.
— Calem a maldita boca ou irei estourar
os miolos de cada uma. Se quiserem
continuar respirando, vão fazer tudo do
meu jeito, agora sou eu quem controla
todo esse lugar e se ouvir um barulho
sequer, esse chão logo será coberto pelo
sangue de cada uma.
A calmaria reinou no ambiente. O
desespero era visível em seus olhos, o
que me deixou satisfeito. Minutos
depois, alguns dos meus homens
trouxeram o computador que estava no
escritório do infeliz. Uma mesa foi
colocada no centro do salão e Max, um
dos melhores hackers que existe, tomou
posse do aparelho e instantes depois, já
estava no sistema que está interligado
com a máfia Sérvia e albanesa. O
próximo passo foi direcionar os mísseis
que já estavam sobre o nosso controle
para os quatro alvos, o primeiro era a
mansão Borislav em Belgrado, o
segundo para sede da máfia Sérvia, o
terceiro para á mansão Demisovski e o
quarto e último, para a sede da
organização albanesa. Vibrei por dentro
ao escutar as palavras que foram
pronunciadas dentro do ambiente.
— Senhor, está tudo pronto.
— Está na hora de acabar com aqueles
outros dois miseráveis e toda sua
descendência.
Quando estava prestes a dar o sinal, o
meu celular começou a vibrar
descontroladamente e ao ver que o
número era de um dos meus soldados
que ficou responsável por queimar o
corpo daqueles dois malditos, atendi de
imediato.
— Chefe! — o tom de voz demostrava
desespero.
— Sem rodeios.
— Não era el...
Nesse exato momento, um som de um
estrondo ecoou vindo do lado de fora do
prédio e as portas foram estraçalhadas e
logo em seguida, o salão foi invadido
por uma onda de fumaça. Um calafrio,
seguido de um tremor violento me
atingiu da cabeça aos pés, pois, entre a
névoa formada pela densidade da
fumaça, o filho do demônio ressurgiu, e
seu olhar gélido e impassível estava fixo
em minha direção. Antes que eu
assumisse o controle do meu próprio
corpo, que estava totalmente
anestesiado, o barulho de tiros
reverberou no ar, a raiva me dominou
quando olhei para o chão, e Max estava
envolvido por uma enorme poça de
sangue e o que veio em seguida, fez o
pânico apodera-se de todo o meu ser.
Tanto do lado direito, que havia uma
enorme porta dupla e de uma parede que
se moveu do lado esquerdo, revelando
uma passagem secreta. Vários homens
vestidos com o uniforme da máfia
Sérvia surgiram fortemente armados. O
pânico dominou o salão e uma
verdadeira guerra tinha sido iniciada. O
som de tiros ressoou de todos os lados,
enquanto as vadias correram em direção
ao bar na tentativa de se protegerem.
Com minha arma em punho, fui atirando
nos infelizes que cruzavam o meu
caminho, mas, como num pisca de olhos,
uma dor terrível tomou conta do meu
corpo e com ela, minha arma caiu no
chão assim que o miserável atingiu o
meu pulso. Naquele momento, era tudo
ou nada e só um de nós sairia vivo,
movendo-me na velocidade semelhante
à bala que me atingiu, avancei em sua
direção e em meio a dor, consegui
atingir o seu rosto que girou para o lado
e quando fui desferir outro golpe em sua
face, ele moveu a cabeça e diante do que
eu vi, eu tive a certeza que Dusan tinha
dado vida a um verdadeiro monstro, eu
nem tive tempo de reagir, já que o
impacto do seu punho foi contra o meu
rosto. Um soco cruel que me fez dar
alguns passos para trás devido sua força
e aquilo foi só o começo, pois parecia
que seus punhos eram de aço e o homem
parecia desprovido de dor, pois os
golpes que consegui desferir nele não
pareciam lhe causar nenhuma reação
além de ódio. Sua mandíbula contraiu-
se, seus olhos ficaram vermelhos como
se estivessem em chamas e num
movimento rápido, um soco duro e
pesado atingiu a minha barriga.
Meu peito chegou a queimar pelo golpe
e o meu corpo foi de encontro ao chão.

Minutos depois...
ETHAN BORISLAV
Com os olhos fixo no infeliz que agora
já está imobilizado, e, ainda incrédulo
ao tentar processar tudo que estava
acontecendo. Não satisfeito, sua voz
fraca se fez presente.
— Como isso é possível? —
balançando a cabeça ainda não
acreditando que eu e Luccas estávamos
vivos, mesmo tendo em seu rosto as
marcas do meu punho que atingiu a sua
pele. — Meus homens confirmaram que
vocês estavam mortos.
Acabei deixando escapar uma
gargalhada horripilante e seus olhos
arregalados, assim como os dos demais,
ficou cravado em minha direção.
— Você achou mesmo que ao estar sob
os meus domínios iria me derrotar. Seu
maior erro foi toda sua autoconfiança, e
por isso não percebeu tudo que
aconteceu a sua volta. Desde o momento
que todos vocês entraram em solo
americano, eu já estava ciente que a
velha raposa estava planejando uma
tocaia. Conhecendo toda região, somente
naquela ponte que anos atrás outros
malditos ambiciosos como você
encurralaram Boris, na tentativa de
derrotar Dusan, poderiam ter alguma
vantagem. Confesso que fiquei surpreso
por todo armamento pesado que seus
homens estavam usando, mas, ciente do
lugar em que o confronto iria acontecer,
o primeiro passo foi provocar um
acidente na estrada e dessa forma,
teríamos tempo para colocar todo
equipamento que precisávamos à nossa
disposição, já que sabia que seu pessoal
estava em grande número e tudo poderia
acontecer — faço uma pausa proposital
e continuo. — Quando soube de uma
espuma metálica desenvolvida aqui nos
EUA, e que era resistente ao fogo e a
radiação, e capaz de destruir balas de
armas poderosas, que geralmente
atravessam coletes de proteção, acabei
pagando uma fortuna para ter
exclusividade sobre a descoberta e
dessa forma, nós dois sairíamos ilesos.
— Miserável...
— Calma que ainda não acabei — disse
sarcástico. — Onde eu estava? Ah,
lembrei — falei com deboche. —
Enquanto isso, um submarino de
fabricação holandesa, com capacidade
para quatro pessoas já estava nas
profundidades abaixo da ponte. Acabei
perdendo alguns homens durante o
tiroteio, mas, no momento daquela
explosão em que Luccas parecia
gravemente ferido, eu aproveitei, já que
sabia que vocês eram tão covardes, que
não hesitariam em me atingir pelas
costas. Quando caímos da ponte, agindo
rápido, entramos no submarino, onde
meu motorista já estava a serviço,
resgatado, e os corpos dos dois homens
que já estavam sem vida e usando uma
máscara com o nosso rosto foi colocado
na água, assim vocês iriam pensar que
realmente tinham acabado com a nossa
existência. A princípio não daria para
perceber que os dois infelizes estavam
usando máscaras, mas acredito que após
os seus homens retirar os corpos de
dentro da água, ao analisar, descobriram
a verdade, mas já era tarde demais, já
que todos os meus homens estavam
infiltrados dentro do bordel e por mais
que você acreditasse que estava no
controle, o meu pai construiu esse lugar
e foi aqui que passei a maior parte da
minha vida, seria um tolo se deixasse
você tomar posse do que é meu.
Seus olhos estavam faiscando de raiva,
sua expressão demostrava toda a sua
fúria, mas foi o som da voz que ressoou
no espaço, que ganhou a minha atenção e
com os olhos cravados no rosto de
Amber, senti o meu interior se envolvido
por um calor insuportável.
— Ethan, ele queria acabar com todas
nós.
Capítulo 29
AMBER

S into meu corpo todo gelar e o


coração disparar num galope
alucinante, no mesmo instante, uma onda
de eletricidade toma conta de mim, meu
coração está a um passo de sair pela
minha boca. Não tenho palavras para
descrever o turbilhão de sensações que
se apodera de todo o meu ser. Assim que
o grande salão foi invadido por aquele
que pensei que já tinha sido enviado
para as profundezas do inferno, olhei
para os lados e algumas pareciam não
acreditar na imagem à sua frente, e o
viam, certamente, como a salvação de
todas nós. Já Alice, assim como Olivia,
uma das mulheres responsáveis pela
cozinha, tinham o medo estampado em
seus olhares. O que veio em seguida fez
o medo me dominar. A minha respiração
que já estava acelerada, triplicou e eu
senti a minha espinha gelar quando não
somente o meu tio, mas todos os seus
soldados, foram contidos.
Desorientada, eu não conseguia imaginar
uma saída, apenas olhava para o
desgraçado a minha frente, que estava
relatando como conseguiu sair ileso da
emboscada que tinha tudo para
exterminá-lo, como o maldito rato que é.
Estou tentando me manter calma, suspiro
profundamente e era hora de envolvê-lo
novamente e só assim, eu teria a chance
de concluir a minha vingança.
— Ethan, ele queria acabar com todas
nós.
Seus olhos eram frios e insondáveis, sua
expressão indecifrável, ele voltou-se na
minha direção e quando estava prestes a
me mover, acabei recuando quando a
gargalhada diabólica do demônio se fez
presente, reverberando entre as paredes
do lugar e preencheu o ambiente inteiro.
Logo em seguida, sua mandíbula se
contraiu como se estivesse em uma fúria
contida. Suas feições logo mudaram e
suas órbitas tenebrosas estavam me
dando calafrios e quando ouvi as
palavras que foram ditas, meu corpo
todo paralisou e meus batimentos
falharam.
— Sério mesmo, Amber, que o seu tio ia
se livrar da sua querida sobrinha? —
era possível sentir o deboche e a raiva
se misturando em cada palavra dita.
— Eu jamais tinha visto esse homem na
minha vida — falei a primeira coisa que
veio em minha mente.
Àquela altura eu precisava tentar tudo.
— Acho bom eu começar a refrescar a
sua memória — disse, dando um passo e
parando em seguida. — Você pode ser
dona de uma beleza estonteante e ter um
corpo cheio de curvas, que com certeza,
atrai muitos olhares, mas, eu sinto cheiro
de vadia à distância e não foi diferente
com você — ele faz uma cara de nojo e
a raiva me inflama ainda mais. — Desde
o momento de sua chegada que todos os
meus demônios ficaram agitados, de tal
forma, que me levou a não só pedir que
Scarllet trocasse o chip
anticoncepcional de todas, como fazer
todo o procedimento para o que seria
implantado em você, e este, era o que
tínhamos desenvolvido há alguns meses
e junto havia um pequeno dispositivo
que me permitiria monitorar tudo a sua
volta.
Eu estava estarrecida e num arroubo de
coragem, disse.
— Se você tinha alguma desconfiança,
como estava transando comigo todo esse
tempo? Eu senti o seu corpo totalmente
rendido ao meu — enfatizei o final para
que todos no ambiente ouvissem.
Sua gargalhada me deixa desconcertada.
— Eu jamais toquei em um fio do seu
cabelo, quanto mais transar como uma
vagabunda como você.
O maldito esboça um sorriso e em
seguida vira a cabeça para trás, me
incitando a acompanhar os seus
movimentos, e assim eu o fiz, o que fez
tremores violentos percorrer cada fibra
do meu corpo, deixando-me incrédula.
Não! Não! Não! Isso não era possível.
Eu me nego a crer em meus próprios
olhos.
O homem, que fisicamente era parecido
com ele, caminhou em nossa direção e
depois parou ao ficar perto de Ethan.
Eram como se estivéssemos diante de
dois capetas, porém, um deles tinha um
olhar gélido. Atordoada com tudo o que
estava acontecendo, eu me sentia
entorpecida, mas, acabei saindo do
transe em que estava quando ele
direcionou seu olhar para o meu tio, que
até então, observava tudo em silêncio,
se bem que do jeito que estava, nem
conseguia se mover.
— Você se preocupou tanto em semear o
ódio e a sede de vingança em volta da
sua sobrinha, ciente que a beleza dela
era suficiente para me levar direto para
suas garras, que acabou sendo vencido
pela tecnologia do seu próprio país.
“O que esse desgraçado queria dizer
com isso?” — pensei.
Nesse momento o homem ao seu lado
pegou o que parecia um vidro com um
líquido e assim que o abriu, passou um
pouco em suas mãos e levou as duas até
o seu rosto e saiu puxando a sua pele,
que na verdade não passava de uma
máscara. Senti meus olhos triplicando
de tamanho.
— Além de ter o controle da máfia
albanesa e Sérvia. Eu sabia que só
conseguiria acabar com você, se
entrasse nesse joguinho e no momento
certo, tê-lo exatamente no lugar que está
agora e assim a Yakuza seria minha. Ver
o olhar dela lançado em minha direção e
depois do desconforto que senti, eu
precisava de uma aproximação e
enquanto passei alguns dias fora do
bordel, além de entrar em contato com
Shuhei Okawara, que desenvolveu uma
máscara mais próxima da pele humana
que existe em todo mundo, e, que só
pode ser removida com uma
determinada substância. O próximo
passo foi encontrar entre os meus
homens, o que tinha uma semelhança
física comigo e o melhor de tudo, ele é
um dos melhores imitadores de vozes
que já vi, assim ficou muito fácil falar
como se fosse eu. Portanto, Amber, todo
esse tempo, era com Bruce que você
estava passando longas horas do seu
tempo, contudo, nós dois temos contas a
acertar, já que foi você quem passou
todas as informações para esse verme.
Um misto de sensações ruins tomou
posse de mim, mas logo se esvaiu e deu
lugar somente ao medo quando ele deu
alguns passos, vendo que seus olhos
estavam queimando de raiva, olhei para
o lado esquerdo, que dava acesso à
cozinha e, Luccas estava parado em
frente à porta da entrada principal e ele
certamente me pegaria antes que
conseguisse sair do lugar. No instante
que ele avançou em minha direção, a
minha única saída foi correr em direção
à direita, que dava acesso ao corredor
que levaria para os diversos quartos e
também a garagem. Contudo, assim que
cheguei perto da porta, o pânico tomou
conta de mim. Minha garganta se fechou
de imediato, nem a minha própria saliva
descia por ela.
— Não! Não! Nãooooo... Você está
morta — suas feições se transformaram
em uma máscara dura. A raiva estava
estampada nos seus olhos e antes que eu
voltasse ao meu estado de lucidez, senti
uma dor terrível quando ela acertou em
meus joelhos um golpe que me levou ao
chão. E, em seguida, agarrou os meus
cabelos e saiu me puxando até o centro
do salão.
— Solte-me sua infeliz — quando sua
mão deixou a minha cabeça. Sem que eu
tivesse qualquer outra reação, a maldita
subiu em cima de mim e o meu rosto
queimou ao sentir o peso duro da sua
mão. E que força essa desgraçada tem.
— Eu vou te mostrar o que acontece
com quem bate em mim — diz furiosa e
quando tentei reagir, novamente senti
minha pele arder e um ruído alto sair
pela minha boca. — Esse foi por tentar
me matar, não só com aquele
travesseiro, como tentou me envenenar.
Novamente o barulho do estalo do tapa
ressoou no ambiente e dali em diante,
comecei a me debater e tentar me livrar
da maldita, que apesar de ser magra,
tinha uma força assustadora. Ela
continuava batendo, desferindo tapas e
socos em meu rosto, eu tentava me
defender como podia, porém, sem
sucesso. Minha face latejava e a mulher
não parava de acertar o meu rosto.
A cada golpe, o meu pescoço girava e
ela por sua vez, desferia o golpe pesado
sem piedade do outro lado. Quando sua
mão direita deixou a minha pele e ela
levou de encontro a sua cabeça, reuni
todas as minhas forças e fechei minha
mão em punho, sabendo que não podia
atingir o seu rosto, o golpe foi de
encontro a sua barriga, fazendo um
gemido ensurdecedor sair da sua boca e
quando achei que agora iria escapar, a
Barbie retirou a mão que estava junto
dos seus cabelos, que acabaram sendo
soltos, no entanto, o objeto em sua mão e
suas palavras fez o desespero me
envolver por inteira.
— Sua morte é algo inevitável, porém,
assim como você queria desfigurar o
meu rosto, eu vou te preparar para
chegar ao inferno do jeito que você
realmente é.
— Isso nãoooo... — gritei assim que ela
levou de encontro ao meu rosto o
acessório que puxou dos cabelos e
gritos e mais gritos escaparam dos meus
lábios quando senti o objeto deslizando
pela minha face, penetrando em minha
carne, fazendo-me senti uma dor
insuportável. Eu lutei quanto pude para
tirar a vadia de cima de mim, mas
parecia que boa parte do seu corpo
estava paralisado e somente os seus
braços se moviam e o seu ato fez o
sangue jorrar da minha pele. Não sei
quando tempo se passou, em dado
momento, eu parei de gritar e lutar, a dor
era lancinante. Mas, se ia morrer, eu
faria com que essa lembrança ficasse
gravada na mente dela, a assombrando
pelo resto da vida, embora com a voz
fraca, disse:
— Tem razão de ele ter escolhido você.
São dois monstros. Mate-me logo sua
infeliz! — percebi que ela fica
desorientada ao ver suas mãos sujas de
sangue e com o que eu havia dito, então
continuo. — Não tem coragem, vadia ou
tem medo de aceitar que você é tão
diabólica quanto ele.
A mulher parece que entra em algum
conflito interno, pois, depois de ouvir
novamente minhas palavras, acaba se
levantando. Afoita, provoco.
— Sabia que você era uma fraca e não
tinha coragem.
Quando já estava prestes a me levantar,
não sei em que momento, o filho do
demônio ou o próprio, acaba com a
distância e sem esperar, sinto suas mãos
em meu pescoço e o meu corpo sendo
erguido. Perco o fôlego quando ele
intensifica o aperto. Suas feições são
demoníacas, seus olhos estão vermelhos
como os do diabo.
Sufocada, comecei a espernear e tremer
quando ele apertou ainda mais a minha
garganta. Meu peito estava queimando e
o ar foi arrancado dos meus pulmões,
que estavam em chamas. Minhas narinas
estavam bloqueadas, assim como um nó
gigantesco fechou minha garganta.
Agitada e asfixiada, era assim que
permanecia. E, tudo que vi a minha
frente foi um túnel tenebroso.
— Ela não irá precisar sujar suas mãos,
já eu, não tenho problema algum em
acabar com sua vida miserável.
Um sorriso perverso surge no seu rosto,
ele puxa uma das mãos e leva de
encontro a minha nuca.
E, entre sussurros consegui ainda dizer.
— Por favor! Não... Não...
Tudo já estava ficando escuro a minha
volta, mas, pude ver claramente aqueles
olhos sombrios e cheios de ódio
cravados nos meus. Tentei abrir a boca
novamente, porém, num único
movimento, os seus dedos se
encontraram e foi o suficiente para eu
sentir o pescoço sendo girando, os meus
olhos pesarem e uma dor cruciante
apoderou-se de mim.
Capítulo 30
CECÍLIA BORISLAV
M eu olhar estava fixo no corpo da
mulher que foi jogador no chão. O
silêncio envolveu o ambiente e com os
olhos cravados nela, os meus
pensamentos me levaram para alguns
dias atrás.
Depois da escuridão que me envolveu
naquele corredor, quando acordei,
estava num lugar totalmente
desconhecido por mim. Acabei
levantando num pulo, deparando-me
com Ethan e Luccas, que estavam
sentados e a atenção de ambos, voltadas
para o monitor do computador em cima
de sua mesa. As lembranças do que vi
no corredor surgiram em minha mente e
com ela, a raiva me corroeu por dentro.
— EU VI VOCÊ COM SUA AMANTE
NO CORREDOR — disse aos gritos,
não que eu estivesse com ciúmes, mas
não aceito traição. Todavia, o sorriso
sarcástico que apareceu no seu rosto só
me deixou ainda mais enfurecida e antes
que eu voltasse a dizer alguma palavra,
sua voz se fez presente.
— Venha! — disse para que eu fosse até
ele.
Luccas continuava com seu olhar
grudado na tela. Eu fiquei hesitante em
não ir, mas estando perto dele, poderia
muito bem dar um chute no meio das
suas pernas e causar um bom dano na
criatura gulosa que ele mantém presa
dentro das calças e assim, ele pensaria
duas vezes antes de enfiá-lo em qualquer
lugar. Entretanto, depois de diminuir a
distância entre nós, ao ficar a
centímetros de distância da mesa, no
momento que ele virou o monitor na
minha direção, fiquei de início
paralisada, depois confusa, por último,
intrigada de como aquilo era possível.
— O que está acontecendo?
— Aparentemente o seu marido
transando com a Amber — Luccas disse
aquilo como se fosse uma piada, mas
logo ficou com a expressão séria quando
eu lancei um olhar gélido em sua
direção.
— Senta! — ordenou Ethan, quando eu
estava acomodada, a cada palavra que
foi dita por ele, várias sensações
passaram por mim, desde surpresa até
uma fúria incontrolável.
— Amber é membro da família Sanada.
No momento que a vi, sabia que tinha
algo de errado, uma mulher tão bonita,
se não fosse traficada, não teria como se
oferecer para viver nesse mundo. Sua
beleza poderia lhe render bons frutos
sem precisar entrar numa casa de luxo
de propriedade de uma organização
criminosa onde a qualquer deslize, seu
destino seria a morte. Com um chip
implantado nela e com a confirmação
daquele infeliz que matei na Itália, que
mesmo perguntado, se negou a
responder, mas, pude perceber através
de alguns gestos que ele a conhecia,
comecei a planejar de que forma a
envolveria e assim, no momento certo,
ela me entregaria o próprio tio.
— Você sabia disso Luccas? —
perguntei ao vê-lo com uma expressão
de surpresa.
— Ethan me contou hoje quando estava
numa ligação e em uma das câmeras
apareceu você no corredor. Acabei
comentando e ele saiu correndo do
escritório e só então olhei a imagem de
outra câmera e vi o que supostamente
parecia ele e Amber, se beijando.
Ethan, que ficou sem silêncio por alguns
segundos, voltou a proferir algumas
palavras.
— A princípio cogitei em não trazê-la
para esse lugar. Mas, você mostrou-me
na Itália o quanto gosta de desobedecer
as minhas ordens, sendo assim, não teria
como vigiar seus passos estando tão
longe e fazer com que Amber caísse na
própria armadilha.
Ele parou e ficou olhando por alguns
segundos para a imagem que vinha do
salão. Em parte, eu tinha que reconhecer
que não iria mesmo obedecer a suas
ordens, porém, ele acha que sou burra e
não sei que acabou unindo o útil ao
agradável e assim eu iria conhecer
aquela sala tenebrosa.
— Sabia que cedo ou tarde, mais
pessoas, além de mim, estariam
envolvidas. Mesmo sabendo da sua
capacidade em aguentar um bom tempo
sem respirar. Só cabe a você a escolha
de se envolver em algo que pode sair de
controle, mas, também será crucial para
derrotar o inimigo.
Eu o olhava, intrigada, ele tratou logo de
esclarecer e contou tudo que estava
planejando, assim como falou da comida
que estava sendo envenenada, mas que
acabou sendo trocada por ele e dessa
forma os planos da maldita foram
interrompidos. Acabei questionando
sobre o cheiro do perfume, embora fosse
a mesma fragrância que Ayla usava,
então, soube que naquele dia que estava
usando o sobretudo, ele acabou se
encontrando com a irmã que desde
criança, mesmo sabendo que ele não
gostava, sempre o abraçava. Dias se
passaram e ciente do que eu precisava
fazer, pois, o tio dela foi um dos
responsáveis por aqueles dois terem
quase acabado com minha vida e de Ana
e do tapa que levei, eu aceitei fazer de
tudo para que Amber viesse a pensar
que tinha me matado.
Confesso que o sangue do meu corpo
ficou tão quente e uma fúria até então
desconhecida por mim me envolveu no
instante que senti o peso do golpe
desferido por ela em meu rosto. A minha
vontade era avançar em cima da infeliz,
mas, eu precisa esperar o momento
certo. Fazendo uso de uma frieza
assombrosa, toda uma encenação foi
feita por mim, desde o drama que
refletia momentos de desespero e
angústia, até o desespero de lutar
enquanto ela estava me sufocando e
resistir bravamente quando os meus
pulmões começaram a funcionar aos
espasmos. Cada vez que ela
intensificava o contato do objeto contra
o meu rosto, a sensação que sentia era
que na minha garganta tinha uma corda.
Um nó se formou nela e
automaticamente, cada vez que
respirava, ia aumentando, apertando e
me sufocando, a queimação em meus
pulmões se intensificando
gradativamente. Acabei mantendo toda
minha concentração e fiz parecer que
havia me entregado à escuridão mortal e
ela acabou se deixando iludir pelo que
aparentava ser a sua vitória.
Ouvi cada palavra que ela disse, até o
momento que deixou o quarto
acreditando que eu já estava sem vida.
Quando meus olhos se abriram,
imediatamente peguei o aparelho, que
me possibilitou levar o ar de volta para
os meus pulmões que estavam em
chamas. Jamais pensei que pudesse
aguentar tanto tempo, mas, eu só pensava
que em breve ela ia me pagar pelos
tapas me havia me dado.
Deixo as lembranças no passado quando
ouço a voz de Ethan reverberando no ar.
— Levem as malditas para a sala de
vidro.
Tanto Alice, quanto a mulher que eu não
sabia o nome, mas, que já tinha visto na
cozinha algumas vezes, entraram em
pânico e foram arrastadas por alguns
seguranças. Enquanto Luccas e alguns
soldados que estavam com Sanada,
entraram em um elevador, que eu nem
sabia que existia ali, senti um calafrio
pelo meu corpo inteiro com as últimas
palavras proferidas por Ethan.
— Chegou a hora de apresentar para
esse infeliz o quanto prazeroso é o
corredor da morte.

ETHAN BORISLAV
Deste o instante que a bonequinha
cravou aquele objeto na pele da
desgraçada, que o cheiro de sangue
fresco logo invadiu minhas narinas, me
deixando alucinado e após ouvir as
palavras ditas pela maldita, o meu corpo
inteiro se incendiou, parecendo uma
fornalha humana. Apressadamente,
acabei com a pouca distância que me
separava dela e tomei posse do seu
pescoço.
Ver seus olhos se fechando e o último
suspiro sair por entre seus lábios, me fez
ficar em puro êxtase e os meus demônios
se agitaram ainda mais quando meu
olhar foi de encontro a minha próxima
vítima. Enquanto Luccas seguiu para o
corredor da morte, fui até a sala de
vidros e ver todo o desespero das duas
infelizes, que assim como a desgraçada
da Amber, estavam infiltradas e sob o
comando de Sanada, só aumentou o meu
desejo em acabar logo com a vida do
maldito.
Uma verdadeira luta pela sobrevivência
foi iniciada, tanto Alice, como Olivia,
lutavam contra os fortes jatos de água
que inundavam o cilindro de vidro na
tentativa de quebrar o objeto, mas toda a
relutância em aceitar que o destino delas
era a morte, só fez com que seus últimos
momentos de vida se tornassem um
verdadeiro tormento e algo prazeroso
para mim. A cada grito que ressoava
pelo lugar e ver o medo estampados em
seus olhos, fizeram o sangue em minhas
veias me incendiar ainda mais por
dentro e no instante que elas pararam de
se debater e seus olhos já estavam sem
vida, saí da sala que estava e fui para o
lugar onde sempre era envolvido por
uma onda de prazer e satisfação. Os
demônios enfim adormeciam, fazendo o
desconforto que havia me envolvido ser
dissipado.
Deixei meus pensamentos de lado assim
que atravessei o salão indo em direção
ao elevador que dava acesso ao lugar.
Depois de alguns minutos, cheguei ao
subsolo e com passos rápidos e
precisos, segui em direção ao cômodo.
Ao me aproximar da porta, já dava para
ouvir os gritos do infeliz e no momento
que adentrei o ambiente, vi que Luccas
já havia preparado tudo e o maldito se
encontrava em cima de uma maca com
todos os membros presos, perto da sua
cabeça dele, estava o espremedor de
cérebro. Um equipamento que tinha um
enorme parafuso que media uns 10 cm e
era bem grosso, o mesmo estava
interligado com uma alavanca que após
ser movida, fazia com que o objeto
girasse num angulo de 180 graus. Dei
algumas passadas e ao parar em sua
frente, sua atenção se voltou para mim.
— Tire-me daqui seu desgraçadooooo...
— A princípio eu só queria abrir o seu
crânio e ter a visão dos seus miolos e
das veias pulsando, antes de estraçalhar
o seu cérebro — fiz uma pequena pausa
e Luccas por sua vez, me entregou o
bisturi, com o objeto em mãos,
prossegui. — Mas, em meio a toda
aquela conversa sobre máscara e ver o
estado que ficou o rosto da vadia da sua
sobrinha. Achei que seria justo que você
tivesse uma aparência semelhante à dela
e quem sabe, eu tenha um novo hobby
em me tornar um colecionador de
máscaras feitas 100% de pele humana.
Assim que levei o objeto cortante em até
a sua face, ele entrou em desespero.
— Afaste isso daqu...
Os únicos sons que voltou a sair pela
sua boca foram de ruídos altos de dor.
E, à medida que ia cravando o objeto e
deslizando-o lentamente em sua carne,
fazendo o contorno pelo seu rosto oval,
o homem começou a se debater, me
fazendo parar para cravar o objeto no
seu olho direito e num tom rude disse.
— Você não vai estragar a minha obra
de arte, num próximo movimento, eu vou
retirar a pele de todo o seu corpo.
Gemidos saem pelos seus lábios, e
aquilo só me incita a continuar e quando
enfim já tinha feito todo o processo,
passei o objeto para Luccas e com as
duas mãos, saí puxando sua pele que
saiu no formato do rosto, enquanto eu
tinha a visão da sua face em carne viva,
Luccas pegou a máquina de cortar
cabelo e após ligar o aparelho, deslizou
pela cabeça do verme e assim que
retirou todo o cabelo do centro da sua
cabeça, se afastou. Dei alguns passos e
mesmo movido pela dor, o temido chefe
da Yakuza, ainda achou que suas
palavras me amaldiçoando surtiriam
algum efeito.
— Você pode ter ganhado a batalha, mas
não a guerra. Nesse momento, eu entrego
a minha alma ao diabo, para que no
futuro chegue a hora em que vamos nos
encontrar em frente às chamas do averno
e farei de tudo para não deixá-lo
escapar do mundo das trevas.
— Você acha mesmo que eu temo a
morte ou que o diabo pode me
intimidar? Eu sou a lei aqui na terra e
somente Deus é o meu juiz, uma vez no
inferno, almas podres como sua, devem
é sentir medo, pois, nem depois da
morte terão sossego.
Um calor escaldante me envolveu, meus
órgãos internos estavam funcionando
num ritmo alucinante, e aquela sensação
indicava que algo dentro de mim só ia se
aquietar quando a vida daquele
miserável fosse interrompida.
Com as mãos fixas na alavanca, comecei
a movê-la e gritos horripilantes
preencheram o lugar quando o parafuso
entrou em contato com seu couro
cabeludo. Minhas mãos se moviam
freneticamente, como se ganhassem vida
própria e quanto mais ouvia o barulho
do seu crânio sendo quebrado, uma
corrente elétrica me envolvia e o meu
corpo estremecia violentamente. Nem
um som saiu mais da sua boca, seu
corpo, que antes sacudia como se
estivesse tendo uma convulsão, ficou
imóvel e, assim que puxei o objeto,
coloquei minha mão dentro do buraco e
sai puxando tudo que havia dentro do
interior da sua cabeça. Novamente senti
algo gritando dentro de mim e um ruído
ensurdecedor saiu do fundo da minha
garganta e só então, a sensação de paz
me envolveu.
Afastei-me e fiquei olhando para a
imagem perfeita a minha frente.
Sua face estava completamente
deformada, o seu crânio quebrou e seus
miolos esmagados pelas minhas mãos.
Olhei para Luccas, que ficou com uma
expressão indecifrável ao ouvir minhas
palavras.
— Um já se foi, agora chegou a hora de
pegar aquele outro verme, mas para me
tornar o chefe supremo, eu terei que
exterminar não só o meu criador, como
Enzzo Demisovski.
Capítulo 31
LUCCAS
E u estava a observar o homem a
minha frente. Seu rosto empalideceu
e suas feições se transtornaram de modo
horrível, enquanto suas mãos diabólicas
espremiam os miolos do desgraçado
como se estivesse apertando uma
laranja. Ethan Borislav, a quem sempre
tive como um irmão e jurei manter minha
lealdade até meu último suspiro, porém,
eu sempre soube que ele seria grande
entre os homens, mas, Dusan e Boris,
certamente não imaginavam o quanto a
mente dele ficaria sombria e diabólica.
E diante das suas palavras, eu não
poderia me manter calado.
— Isso é insano. Eu jurei ser leal a
você, mas, o meu pai jamais aceitará
isso.
— Da mesma forma como jurou
lealdade a Dusan, Boris foi liberado
para fazer um novo juramente ao
soberano da máfia, ou seja, a mim, a
quem deverá proteger derramando seu
próprio sangue se assim for necessário.
Assim como tenho o controle das duas
maiores organizações, tanto a máfia
japonesa quanto a chinesa estarão sob os
meus domínios muito em breve e terei o
controle de todas as organizações
criminosas existentes, tornando-me
assim o verdadeiro e único soberano,
sem a sombra de nenhum outro. Desde
que ouvi sobre os motivos pelos quais
fui escolhido para ser o chefe supremo
da máfia, que decidi que não viveria na
sombra de ninguém. Tanto Dusan como
Enzzo sempre serão idolatrados por
todos e enquanto estiverem vivos, eu
terei um obstáculo em meu caminho.
— Isso será um golpe para sua esposa,
assim como para sua mãe e suas irmãs.
— Eu não hesitarei em passar por cima
de quem quer que seja para atingir cada
um dos meus objetivos. Tenha isso em
mente — sua voz era gélida.
— Ayla não vai me perdoar.
Seus olhos estavam soltando faíscas de
ódio. As veias saltadas em volta do seu
pescoço ficaram ainda mais grossas e o
meu corpo todo estremece quando ouço
suas últimas palavras.
— Se você quer ter um futuro com ela,
fará tudo como eu assim desejar.

YAN MARTINS
Eu estava colérico. A raiva espalhando-
se pelo meu sistema e impregnando-se
em cada célula do meu corpo e uma
fúria incontida rasgava-me por dentro.
Aquele desgraçado cogitou que era
muito mais esperto e acabou indo direto
para as garras do inimigo. Não que eu
lamente por sua morte, mas suas ações
só fizeram com que o desgraçado do
Ethan se tornasse ainda mais forte e
agora com o controle da Yakuza, sua
organização tomou posse não só do
território japonês, como do coreano
também.
Com a união feita com aquele imbecil,
todos os nossos planos foram fadados ao
fracasso, era como se uma nuvem
sombria tivesse tapando os meus olhos,
me impedindo de ver com clareza algo
que poderia usar ao meu favor. Ao
contrário daquele verme, eu acabei
encontrando um jeito para acabar com
Borislav e sua maldita esposa. De
alguma forma, ter convivido com Omar
vai me servi para chegar até aquela que
certamente, puxou ao avô. Meus
pensamentos foram atrapalhados quando
o aparelho em meu bolso começou a
vibrar, assim que pego o objeto, ao ver
o nome que surge no visor, atendo
imediatamente.
— Chefe!
— Espero que tenha boas notícias.
— Já chegamos a Durrês e depois de
pagar um alto valor, consegui comprar a
casa de onde temos uma boa vista da
Mansão de Enzzo.
— Quero que fiquem de olho em cada
movimento e sigam cada passo da
fedelha.
— Assim será feito.
Ainda fiquei alguns minutos
conversando com ele e após passar
algumas instruções, encerrei a ligação,
no mesmo instante, um sorriso perverso
surgiu na minha face.
"Ana por mais que seus pais tenham
lutado a envolvendo no mundo de luz e
amor. Eu tenho certeza que você é uma
erva daninha como o seu avô e será
uma aliada perfeita".

Alguns dias depois...


CECÍLIA BORISLAV
As palavras daquela infeliz me
atingiram como um soco cruel em meu
estômago, me deixando incapaz de
raciocinar por alguns minutos.
Eu estou lutando com todas as minhas
forças, assim como fez a minha sogra e a
minha mãe, para me manter firme em
tudo aquilo que acredito e sou. Não
quero e nem vou sucumbir e muito
menos deixar que as trevas venham a
apodera-se do meu coração.
Assim como todas que nasceram no
coração da máfia ou entraram nela por
alguma aliança, de fato, vivemos
cercadas de luxo e esplendor, mas, entre
as quatro paredes das nossas casas, a tal
gaiola dourada, muita coisa acontece.
Homens privilegiados por serem chefes
ou até mesmo por terem nascido do sexo
oposto ao nosso, se acham soberanos,
enquanto nós, as mulheres, somos vistas
como a mãe, esposa e filha que devem
dedicar sua vida ao lar, ao marido e aos
filhos, tudo sem questionar, em total
submissão.
Não vivemos um conto de fadas, e muito
menos somos tratadas como princesas
por sermos herdeiras ou esposas
daqueles que detém o poder da
organização. Quanto maior a posição,
maior são os obstáculos, pois, existe
uma disputa pelo poder capaz de fazer
com que laços de sangue sejam
rompidos, vidas ceifadas e mulheres
tratadas como uma mercadoria barata ou
mesmo sem valor algum. Existe amor
sim e esse é o que faz com que a luz
chegue ao mundo sombrio que envolve a
máfia, porém, apenas em casos raros.
Alguns dias se passaram após aquele
episódio sangrento dentro do lugar que
para alguns é somente uma fonte do
prazer carnal, mas, que entre suas
paredes, foi derramado o sangue de
várias pessoas. Ethan está cada vez mais
autoritário, é como se o homem
estivesse sempre usando uma armadura
de ferro e fosse desprovido de
sentimentos.
Quando vi sua aparência depois de ter
ceifado a vida de Sanada, o único
pensamento que se apossou na minha
mente, era que estava diante de um
verdadeiro monstro dentro da máfia.
Não que o meu pai ou até mesmo o meu
sogro não tivessem enviado várias
almas ao inferno, até mesmo eram
considerados como demônios, contudo,
ele tem uma força que parece
sobrenatural em volta de si, emanando
uma energia poderosa, que nos faz
questionar como um homem pode causar
ao seu próximo essa sensação de
inquietação, medo e desespero somente
com sua presença.
Deixo os pensamentos de lado e
caminho em direção à porta.
Ontem, o tirano me informou que hoje
iriamos mudar para nossa casa, eu já
não via a hora de deixar esse lugar.
Assim que chego ao corredor, ele
aparece em minha frente.
— Já está pronta?
— Sim.
— Então, vamos.
Seguimos para o elevador e dois
minutos depois, já estávamos em frente a
um, dos cincos carros que estavam
levando as minhas malas e algumas
coisas dele. Já dentro do veículo, o
mesmo entrou em movimento, durante o
percurso, minha cabeça estava a mil,
fiquei pensando em como seria a minha
vida estando em um casamento que foi
somente por conveniência. Sempre tive
admiração pela relação dos meus pais,
do amor e cumplicidade entre eles.
Conheci os meus sogros e o homem de
expressão fechada, ao direcionar seu
olhar para sua esposa Luna, tinha um
brilho intenso, que espelhava o mais
puro amor. No entanto, já nos olhos
daquele a quem fui prometida, a única
coisa que vejo é uma escuridão sem fim,
esse casamento foi e sempre será a
minha gaiola, que só poderá ser aberta
com a minha morte. A palavra dada pelo
meu pai não pode ser rompida e por
mais que eu sofra, eu irei suportar tudo,
pois um chefe sem palavra não é nada.
— Venha!
Encontrava-me tão distraída, que só
notei que havíamos chegado quando
ouvi a voz dele. A porta já estava aberta
aguardando minha saída e quando o fiz,
ao levantar a cabeça, meus olhos
contemplaram a visão magnífica a minha
frente.
— Bem-vinda ao seu novo lar,
bonequinha.
Estava encantada com o belo cenário a
minha frente. Desde o jardim, até a
fachada da casa, tudo era luxuoso,
porém, na medida certa. Deixo os
devaneios de lado e seguimos até a
porta e quando adentramos, o ambiente,
ao contrário da suíte dele no bordel, que
tinha uma decoração sombria, era
perfeito, totalmente o oposto, tinha uma
harmonia encantadora. As paredes eram
num tom branco gelo, a decoração tinha
um toque um tanto feminino e o lugar me
causou uma sensação muito boa.
— Ayla cuidou de alguns detalhes e
acabou exagerando em todo esse branco.
Disse como se aquilo estivesse o
incomodando e rapidamente um
pensamento passou pela minha cabeça.
“Só faltava o demônio ter mandado
pintar as paredes do quarto de preto.”
Prossegui explorando o lugar, era muito
maior que a mansão Borislav, além do
hall, tinha uma sala de estar, quatro
quartos no andar de baixo, sala de jogos,
uma varanda enorme, que tinha vista
para a piscina e uma cozinha fabulosa
com acesso a uma despensa.
Caminhamos para o andar de cima e no
percurso pelo extenso corredor tinham
uns seis quartos e sem que eu pudesse
controlar, as palavras escaparam da
minha boca.
— Com tantos quartos aqui, você
poderia ter o seu e eu o meu.
Engulo em seco com a imagem que surge
em minha frente. Suas feições logo
mudaram e antes que eu pensasse em
escapar dali, o homem deu alguns
passos, eu acabei recuando e só parei
quando minhas costas tocaram na
parede. Suas mãos ficaram espalmadas
na parede, uma do lado direito e a outra
do esquerdo, encurralando-me.
— Não só vamos dividir o mesmo
quarto, como nós dois vamos transar em
cada canto dele.
Meu coração pulou uma batida diante da
sua resposta, ele não satisfeito,
aproximou a sua boca da minha e puxou-
me para junto de si. Meu corpo começou
a ficar quente, me fazendo ansiar pelo
seu beijo. Sua boca buscou a minha, as
nossas línguas se encontraram e se
misturaram, indo de um lado para o
outro, enquanto seus quadris se moviam,
eu já podia sentir todo o poder da sua
masculinidade, seu membro estava duro
e grosso, querendo se libertar da sua
prisão.

Horas mais tarde...


Depois do episódio que aconteceu no
corredor, eu agradeci mentalmente
quando o celular dele começou a tocar,
o fazendo se afastar. Minutos depois,
quando já tinha tomado banho, ao
descer, o encontrei na sala com algumas
pessoas. Ele acabou me apresentando
aos funcionários que iriam trabalhar
conosco, desde as duas cozinheiras, um
jardineiro, seis seguranças e duas
senhoras que cuidariam da limpeza da
casa e das roupas.
A noite chegou e com ela, as nossas
primeiras visitas, o que acabou me
deixando bem animada. Minha cunhada
e Luccas, como sempre bem
descontraídos, o amor brilhava no olhar
dos dois. Depois do jantar agradável
que tivemos, seguimos para sala de
jogos.
— Fiquei sabendo sobre a proposta de
casamento entre Gael e Ana — disse
Ayla.
— Minha mãe falou que ela estava
relutante e conhecendo a minha irmã,
acredito que se o nosso pai firmar um
acordo, pode ter grandes problemas em
se tratando da Ana.
Ficamos um tempo ainda falando do
assunto, enquanto os dois estavam
tomando uísque perto do bar e quando se
juntaram a nós duas, começamos a jogar.

Enquanto isso em Durrês...


Seis horas da manhã.
ANA DEMISOVSKI
Desde o dia do casamento de Cecília,
que venho amaldiçoando ter conhecido
aquele homem. Jamais pensei que o
infeliz fosse ter algum interesse por mim
e, após saber qual sua ligação com a
máfia Sérvia e albanesa, fiquei temerosa
de que o meu destino fosse como o da
minha irmã, que não pôde fazer suas
próprias escolhas. Ainda em Belgrado,
o tal Gael foi jantar conosco. CEO de
uma das maiores instituições financeiras
do mundo, ele controla todo um esquema
de lavagem de dinheiro, o que facilita
para que as organizações criminosas
tenham o dinheiro sujo que ganham
sendo investido e consequentemente
gerando lucros exorbitantes.
Passei dias pensando em tudo que iria
fazer e a minha única solução seria fugir
para New York. Cecília sabe o peso de
se casar com alguém que não
escolhemos e tenho certeza que somente
ela poderá fazer o meu pai mudar de
ideia. Com algumas roupas na minha
mochila em vez dos livros, pego o meu
celular e o dinheiro que tinha guardado e
saio do meu quarto.
Minutos depois, já estava dentro do
veículo que me levaria para faculdade e
como sempre, os seguranças ficavam até
a minha saída em prontidão, mas dessa
vez, eu não iria voltar com eles.
Quase meia hora se passou, até que
chegamos à instituição de ensino, saí do
carro e o fluxo de pessoas caminhando
para dentro do lugar era grande, olhei
para trás e vi que o carro já tinha
seguido para o estacionamento. Esse era
o momento que eu estava esperando,
enquanto os demais caminhavam para
dentro do lugar, minhas pernas ganharam
vida própria e saí correndo para direita,
em direção ao beco que ficava perto do
prédio. Minha respiração estava
ofegante, meus batimentos cardíacos
acelerados e quando enfim já estava a
certa distância, ao me virar, meu corpo
todo estremeceu, meu sangue gelou em
minhas veias ao ver a imagem dos três
homens que surgiram feito um passe de
mágica em minha frente.
— O que vocês querem? — disse num
tom de voz alta, porém, eles avançaram
em minha direção e movida pelo meu
desespero, comecei a gritar.
— Socorro! Socorro! Soco... — antes
que o som saísse da minha boca, senti
um deles segurando-me e em seguida
algo úmido de encontro ao meu nariz.
Comecei a me debater, contudo, era
inútil, logo meus olhos pesaram e a
escuridão me envolveu.
Capítulo 32
ANA DEMISOVSKI
M inhas têmporas latejam e minhas
pálpebras estão coladas, medo,
gritos e a escuridão. São as últimas
lembranças que dominam a minha mente.
Começo a respirar profundamente para
me acalmar e, em seguida, os meus
olhos se abrem e me deparo com um
lugar totalmente desconhecido. No
momento que tento me levantar, um
desconhecido entra no ambiente e o
pânico me atinge com intensidade, meu
corpo começa a tremer em cima da
cama. Antes que eu venha a fazer algo, o
som da sua voz chega aos meus ouvidos.
— Doce Ana! Espero que esteja tudo
bem com você?
— Quem é você? Por que estou aqui
nesse lugar?
Ele dá alguns passos e movida pelo meu
desespero, consigo me sentar, porém,
com dificuldade pelo peso em minha
cabeça, penso em me colocar de pé,
mas, fico paralisada quando ouço suas
palavras.
— Digamos que sou um velho amigo da
família Petrovci.
Atordoada, o som da minha voz sai alto
e meus batimentos cardíacos aceleram.
— Ninguém da minha família jamais
falou de você.
— Você nunca ouviu falar de mim,
porque os seus pais cortaram os laços
com qualquer pessoa que tenha
conhecido o seu avô. Nunca se
perguntou o porquê que foi a sua irmã a
escolhida para casar com alguém tão
poderoso como Ethan Borislav? Nunca
se questionou o motivo de eles gostarem
mais dela?
— Tudo isso é uma mentira — digo aos
berros, sentindo imediatamente um
desconforto pelo esforço.
— Assim como você eu sei o peso de
ter correndo nas veias o sangue dele,
mas, basta você querer e te darei tudo
que lhe foi negado. Posso te ajudar a se
livrar do compromisso com Gael e
conseguir que Ethan deixe a sua irmã e a
tome como esposa.
Fico sem reação ante suas palavras, ele
vendo que eu não esboço nada, ele sai e
me deixando sozinha.
Não consigo parar de pensar... Aquelas
palavras pipocam em minha mente.
Minha cabeça começou a doer ainda
mais e nesse momento uma dúvida cruza
meus pensamentos.
"O que eu faço senhor?"

New York – Algumas horas


atrás...
CECÍLIA BORISLAV
Depois que eu e Ethan ganhamos todas
as partidas do jogo de sinuca, enquanto
os dois homens foram para o escritório,
ficamos nós duas perto da lareira com
uma garrafa de vinho e duas taças. Já
tínhamos tomado quase a metade,
quando Ayla começou a falar sobre sua
relação com Luccas e movida pela
minha curiosidade disse.
— Deve ser difícil gostar tanto dele e se
manter virgem até o casamento — ela
deu uma gargalhada.
— Você acha mesmo que sou virgem?
Isso é o que todos pensam, mas, eu o
amo desde quando ainda usava fraldas e
não sou boba de deixá-lo aprender com
outra, o que poderia ser comigo.
Comecei a sorrir, e, enquanto
tomávamos o que sobrou do vinho que
tinha na garrafa, minha cunhada me
relatava suas experiências ao longo dos
anos. Sempre as escondidas para que o
pai e o irmão não viessem a descobrir.
Acabamos pegando outra garrafa de
vinho.
— Vivendo naquele bordel e tendo meu
irmão como mau exemplo. Luccas
poderia ser tentado de todas as formas,
então eu uni o útil ao agradável. Você
deve saber bem do que eu estou falando,
modéstia a parte, com um homem como
meu irmão, lindo e gostoso, deve ser um
espetáculo na cama, tenho certeza que já
aproveitou bastante o seu marido.
As lembranças do beijo no corredor
logo se apossam da minha mente.
Quando sua língua acariciou meu lábio
inferior e pediu passagem, se
entrelaçando a minha em um beijo cheio
de desejo, causando efeitos onde me
senti ansiando por mais. Meu corpo
ficou em chamas, causando um latejar
intenso em minha intimidade. Sem que
eu pudesse controlar, um gemido
escapou da minha boca e meus
pensamentos foram interrompidos
quando ouvi a voz dela.
— Terra para Cecília.
— E... Eu esta...
— Devia estar pensando em vocês dois
transando — disse aquilo sorrindo, senti
o meu rosto todo esquentar de tanta
vergonha. Acabei tomando todo o
líquido que tinha dentro do meu copo.
— Deixa de ser boba. O negócio é bom
mesmo e tendo um ogro como marido.
São esses momentos que você deve
aproveitar e nocauteá-lo, desta forma,
vai quebrar aquela armadura que parece
impenetrável que ele insiste em usar.
Não sei se era efeito da bebida, mas,
comecei a sorrir sem parar. E, vários
pensamentos passaram-se pela minha
cabeça como um turbilhão. Ayla pensa
que é fácil nocautear aquele homem que
mais parece um animal faminto, sem
contar aquele membro avantajado que
me faz sentir como se estivesse indo até
o meu umbigo. Continuamos
conversando e já estava vendo tudo
levemente embaçado, quando os dois
apareceram no ambiente.
— Vocês estavam fazendo a festa —
disse Luccas.
— Vamos! — falou a minha cunhada e
ao se levantar, deu alguns passos
cambaleando.
— Eu acho melhor você dormir hoje
aqui — o chato disse, certamente
temendo que pelo estado da irmã, o lobo
mau viesse a se aproveitar da
chapeuzinho, mas se bem que era ao
contrário. Comecei a sorrir e ele ficou
me olhando.
— Nos vemos amanhã Luccas — Ethan
proferiu, fazendo-o se despedir de Ayla
e sumir do recinto.
Minutos se passaram e assim que ele
voltou de deixar a irmã no quarto que
iria ocupar, fui tentar subir a escada,
mas, acabei me segurando no corrimão
ao ver tudo girando. Senti suas mãos de
encontro a minha cintura, colando o seu
corpo ao meu, ele acabou me
suspendendo e aninhada em seus braços,
no instante que nossos olhares se
encontraram, foi como se uma conexão
se estabelecesse entre nós. O encostar
dos nossos corpos fez cada centímetro
do meu ser reagir, ele prosseguiu
caminhando e não quebramos o contato
visual.
Assim que chegamos ao nosso quarto e
ele me colocou em pé, começou a retirar
as minhas roupas.
— O que você vai fazer comigo, seu
pervertido? — perguntei com a voz
rouca e meio enrolada por causa da
bebida.
— Você vai tomar um banho.
Eu não podia estar no meu estado
normal, pois, assim que ele me deixou
completamente nua e já ia me pegar para
ir ao banheiro, minhas mãos ganharam
vida própria e se moveram até a sua
calça, comecei a passar levemente por
cima do seu membro que aos poucos foi
ganhando vida, o deixando excitado ao
ponto que gemidos saiam da sua boca.
— Cecília!— era estranho não vê-lo me
chamar de bonequinha, mas, continuei
com meus movimentos e acabei abrindo
o fecho da sua calça, enfiando minha
mão dentro da sua cueca, sentindo o
calor escaldante do seu membro e o
libertando da sua prisão.
— Não brinque com fogo ou poderá se
queimar.
— Eu já vivo em meio às chamas do
demônio, não tenho medo de fogo ou
você acha que não consigo chupá-lo?
— Me mostre do que você é capaz —
disse com a voz rouca, porém, num tom
desafiador.
Aquilo fez algo dentro de mim se revirar
e quando dei por mim, estava ajoelhada
e puxei suas calças e a cueca até chegar
perto dos seus pés. Com um pequeno
movimento, ele empurrou as peças para
bem longe. Levanto a cabeça e
estremeço toda ao ter minha boca tão
próxima daquela monstruosidade, duro,
grosso com veias inchadas como se a
qualquer momento fosse estourar. Pensei
em me levantar, mas o que ele disse em
seguida me incitou a continuar.
— Ficou com medo bonequinha?
Com as mãos trêmulas, segurei o seu
pênis, sentindo a temperatura morna de
toda extensão que pulsava
freneticamente. Eu já tinha indo longe
demais e se parasse só iria mostrar para
ele que era fraca, então, comecei a
passar os dedos indo dos seus testículos,
que mais pareciam duas bolas de bilhar,
até a cabeça saliente e rosada do seu
membro. Continuei fazendo aquele
movimento e a cada ruído que ecoava no
ambiente, só fazia com que continuasse
com aquela exploração. Todavia, ele
moveu os quadris, poucos instantes
depois, aquele pau enorme, cheio de
veias grossas, que pulsavam em toda a
extensão estava tocando os meus lábios.
Sem demora, comecei a deixar a cabeça
robusta do seu pênis, entrar em minha
boca. Achei que seria fácil, porém,
quando ele segurou os meus cabelos e
começou a empurrar minha cabeça no
mesmo momento que movia rapidamente
os seus quadris, eu achei que iria
sufocar e tinha a sensação que seu
comprimento estava chegando ao fundo
da minha garganta.
O seu membro estava mais duro, mais
grosso e seus movimentos eram
implacáveis, mas, deixei que ele
continuasse a explorar a minha boca e
gemidos ensurdecedores saiam pelos
seus lábios. Foi então que me lembrei
das palavras de Ayla ao sentir que um
pouco de líquido escapou do orifício da
cabeça grossa do seu membro,
invadindo a minha boca. Assumi o
controle e comecei a acariciar os seus
testículos, senti todo o seu corpo tremer,
enquanto ele introduzia o seu pênis
latejante, aumentando o ritmo das suas
estocadas em minha boca, como se
quisesse rasgar a minha garganta, eu
intensifiquei a velocidade com que o
massageava e o Ethan ficou imóvel por
alguns segundos. O que foi suficiente
para que eu fizesse o mesmo movimento
rapidamente por diversas vezes, até que
um grito estrangulado saiu por entre seus
lábios e minha boca foi invadida por
jatos potentes e cremosos do seu sêmen.
Movida por algo que não sei identificar
o que foi, engoli tudo, estava vibrando
por dentro e nem tive tempo de
comemorar, quando ele me levantou e
colocou o meu corpo sobre a cama,
sendo ele o esfomeado que era, não foi
surpresa que ele já estivesse a todo
vapor e abrindo as minhas pernas como
se fosse me rasgar ao meio, sua boca
tomou posse da minha boceta. E desta
vez, o barulho que preencheu o cômodo,
ressoando pelas quatro paredes do
ambiente, foram dados por mim.
Sua boca parecia que queria engolir o
meu sexo. A sensação era que seus
lábios eram feitos de veludo, macios e
deslizavam pelas dobras entre os
grandes lábios, subiam e faziam uma
pressão no ponto de nervos que
começou a ficar endurecido. Meu corpo
todo se contorceu quando ele começou a
movimentar sua boca, descendo até a
fenda da minha vagina e introduzia sua
língua dentro dela, me causando
arrepios incontroláveis.
— Por favor! — eu nem sabia pelo que
estava implorando.
— Você foi uma boa menina e hoje terá
a recompensa que merece.
Dito aquilo, seus movimentos contra
minha carne molhada se intensificaram,
ele chupava o meu clitóris numa
habilidade que estava me levando à
beira do abismo. O meu corpo ficou
quente como uma fornalha, o homem
estava determinado a acabar comigo,
levei uma das mãos aos seus cabelos,
puxando sua cabeça em direção ao meu
sexo que ansiava por liberação. De
repente, achei que fosse morrer tamanha
a sensação que me envolvia.
— Pare! Pare! Eu não vou aguentar.
— Eu quero vê-la desfalecendo quando
o meu pau estiver enterrado todo dentro
dessa bocetinha apertada.
Se eu achei que a tortura estivesse
prestes a chegar ao fim, o meu corpo
chegou a uma temperatura de uns 40
graus assim que passou os seus lábios
suavemente em volta do prepúcio do
meu clitóris e começou a fazer
movimentos circulares para cima e para
baixo, em seguida, começou a me
lamber sem piedade, intercalando com
sucções enlouquecedoras.
Involuntariamente, gemidos altos
começaram a sair da minha garganta.
Era algo que não podia controlar, meus
quadris ganharam vida própria e
começaram a se mover.
— Isso bonequinha, mexa-se... Busque o
seu prazer e goze para o seu homem.
Ele continuou com seus movimentos e
quando já estava prestes a alcançar o
limite do meu prazer, ele parou ,
deixando-me totalmente furiosa e
desorientada, quase o xinguei. Mas,
antes que eu tivesse qualquer outra
reação, ele deslizou o seu corpo sobre o
meu. Sua boca se chocou contra os meus
seios, contornando meus mamilos com a
língua e logo depois começou a devorá-
los, chupando, sugando em um ritmo
alucinante. Aquilo era maravilhoso. Era
como se ele quisesse me levar ao limite
da minha sanidade, seu pênis mergulhou
para dentro da minha boceta faminta,
que tratou de acomodar toda longa
extensão do seu membro grosso e rígido.
Sua respiração soprou em minha pele
quando ele sussurrou
descontroladamente.
— Gos... To... Sa... — sua voz saiu
entrecortada.
Ele começou a se movimentar,
empurrando o seu pênis com estocadas
firmes, enquanto uma de suas mãos
massageava um de meus mamilos e sua
boca devorava o outro. Suas investidas
foram se intensificando e nossos corpos
se encaixando perfeitamente,
provocando sons eróticos que
ressoavam por todo quarto. Ethan
aumentou mais o ritmo e a velocidade da
sua invasão contra o meu sexo e no
instante que sua boca buscou a minha,
ele beijou-me ardentemente e continuou
me penetrando, sua boca massacrava a
minha, com nossas línguas duelando,
como se uma quisessem mostrar uma a
outra quem era mais forte. Senti minha
boceta se contrair e ondas de prazer
tomaram conta do meu corpo. Ele se
potencializou dentro de mim, me
levando ao orgasmo com estocadas
fluidas e longas. Meu corpo todo
estremeceu e uma onda de prazer
explodiu dentro de mim, me deixando
em chamas, provocando um grito que
soou como uma linda melodia para os
seus ouvidos, pois, ele numa estocada
implacável, socou minha vagina e ruídos
altos saíram de sua boca enquanto
despejava o seu líquido quente dentro de
mim.
A sensação foi inacreditável, arrepiando
todo o meu corpo. Ainda estava arfando
e tremendo, quando ele saiu de dentro de
mim, lembrei-me novamente das
palavras ditas por Ayla.
"São esses momentos que você deve
aproveitar e nocauteá-lo, desta forma
vai quebrar aquela armadura que
parece impenetrável e que ele insiste
em usar."
Olhei para ele que mantinha os olhos
fechados e antes que ele pudesse
recuperar o seu fôlego, levantei-me e
subi em cima dele, já esfregando meu
sexo melado contra o seu membro,
fazendo-o abrir os olhos de imediato.
Capítulo 33
Na manhã seguinte...
ETHAN BORISLAV
M inhas pálpebras estão pesadas e
embora esteja com sono, tinha
alguns assuntos que precisava resolver.
Pela primeira vez na vida, deixei a cama
sem vontade de sair dela. Tomei um
banho gelado para ver se espantava
aquela sensação de cansaço, depois de
arrumado, antes de deixar a suíte, os
meus olhos foram ao encontro da mulher
que estava esparramada sobre a cama e
era a razão pela qual passei a noite toda
acordado, me perdendo naquela boceta
deliciosa.
Nunca em toda a minha vida fui tomado
por uma sensação tão boa e tenho que
reconhecer que a bonequinha me
surpreendeu em todos os sentidos. Meu
corpo todo estava em chamas, quanto
mais alcançava o limite do meu prazer,
em questão de minutos, estava com o
cacete duro, grosso e pronto para se
enterrar até o fundo naquela boceta
gulosa.
Ela por sua vez, parecia ensandecida
com o calor emanado do seu corpo e
incendiou ainda mais a minha pele e
quando achava que ela estava perto de
perder suas forças, era como se assim
como uma fênix, suas forças eram
renovadas e as chamas do desejo
ardente se apossavam de todo o seu ser.
Quando os primeiros raios do sol
surgiram, ela praticamente desfaleceu,
tendo o meu pau pulsando violentamente
ao estar enterrado no seu ponto mais
profundo.
Ciente de que precisava deixar o
ambiente, com passos largos, fui até a
porta e instantes depois, estava no andar
de baixo. Fui até o meu escritório, onde
eu e Luccas passamos ontem um bom
tempo planejando como faríamos para
acabar com Dusan e Enzzo. Daqui a uma
semana, com a reunião aqui em New
York, os dois terão que estar presentes e
sendo assim, preciso fazer de tudo para
que Boris não esteja, pois, o frouxo do
Luccas ao perder o pai, pode colocar
tudo por água abaixo. Caso isso venha a
acontecer, eu não terei alternativa a não
ser, deixar Ayla viúva antes mesmo de
ter se casado.
Mais de uma hora se passou e quando
deixei o cômodo, ao chegar ao corredor,
ouvi sons de vozes vindo da sala. Com
passadas rápidas, cheguei ao ambiente e
ao ver a imagem que surgiu em minha
frente, todos os meus órgãos internos
começaram a funcionar num ritmo fora
do normal. Algo dentro de mim estava
em chamas, meu olhar ficou fixo no
rosto da mulher ao lado da minha irmã e
embora sua face não estivesse coberta
por maquiagem, como sempre a via,
pelas suas roupas, eu sabia muito bem
que se tratava de Ana Demisovski.
— Ana acabou de chegar.
— Eu vim pedir para que me deixe ficar
aqui por alguns dias, até o meu pai
entender que não irei me casar com
aquele homem.
— Pelas suas palavras e não vendo
nenhuma bagagem, suponho que seus
pais não sabem que está aqui. Agora me
responda: como chegou a New York?
— Eu acabei escapando dos seguranças
quando fui para faculdade e como já
tenho 19 anos, então não tive problemas
em viajar sozinha.
Toda aquela inquietação que eu estava
sentindo só fez com que um desconforto
enorme se apoderasse do meu corpo
inteiro e assim que meus lábios se
moveram, antes que o som escapasse da
minha boca, a voz que ecoou no
ambiente acabou fazendo com que as
palavras ficassem presas no fundo da
minha garganta e toda minha atenção foi
em direção a escada.
— Ana!

CECÍLIA BORISLAV
Meu coração disparou e minha garganta
estava se fechando. Sinto algo me
sufocando, o ar sendo retirado dos meus
pulmões.
Minhas pálpebras estão pesadas, mas
diante da minha agonia, os meus olhos
se abrem de imediato.
— Irmã!
Suas feições eram algo assustador, suas
órbitas azuladas estavam num tom
avermelhado.
Raiva!
Nunca a tinha visto dessa maneira e suas
mãos seguravam com força o meu
pescoço.
— Eu te odeio! Odeio! Odeiooooooo!!!
Acordei suando frio e com o coração
batendo violentamente. Num pulo, me
levantei e um gemido alto escapou da
minha boca ao senti um forte incômodo
entre as minhas pernas. Minha cabeça
estava pesada, mas, assim que meu olhar
ficou fixo no aparelho em cima do
móvel, que não parava de vibrar, eu até
esqueci-me do desconforto que estava
sentindo. Ao pegá-lo e ver o nome da
minha mãe, não hesitei em atender, já
que Ana não saia dos meus pensamentos.
— Mãe!
— Filha, sua irmã sumiu — sua voz
indicava que ela estava chorando.
— Como isso pode ser possível?
— Seu pai foi para faculdade em que ela
estuda. Como iria ter aula em período
integral hoje, os seguranças só notaram
que ela havia desaparecido pouco tempo
atrás.
O choro e os soluços continuavam do
outro lado da linha. Senti um aperto no
peito ao saber que ela estava naquele
estado, embora o medo houvesse tomado
conta de mim.
— Fique calma, eu vou pedir ajuda ao
Ethan.
Encerrei a ligação e fui até o closet
pegar alguma roupa para vestir, já que
me encontrava totalmente despida.
Instantes depois, saí praticamente
correndo do quarto, mas, ao chegar
próxima a escada, ouço o som de vozes
familiares e depois de me livrar de
alguns degraus, me deparo com a pessoa
que estava sendo o motivo, não só do
meu desespero, como dos meus pais.
— Ana!
Fui ao seu encontro e ao chegar perto, a
envolvi em um forte abraço e em
seguida, me afasto um pouco e assim que
seu olhar ficou grudado no meu, num tom
rude, disse.
— Como você pode fazer isso com os
nossos pais? A mãe estava aos prantos
no telefone, todos estão preocupados
com seu suposto desaparecimento.
— Eles me obrigaram a fugir, já que
insistem em fazer um acordo de
casamento como se eu fosse alguma
mercadoria para ser trocada.
Eu sabia bem o que ela estava sentindo,
desde criança sempre questionei e
ficava triste por não fazer as minhas
próprias escolhas. Contudo, sabia muito
bem que assim como o meu pai, eu
sendo sua filha, tinha algumas
responsabilidades. Meus pensamentos
foram afastados quando ela voltou a
falar.
— Por favor, deixe-me ficar aqui. Você
é a única que pode me ajudar.
Diante das suas palavras, eu
rapidamente olhei para o homem que
observava tudo em silêncio e depois
para ela.
— É claro que pode ficar, você é a
minha irmã e faria até o impossível para
ajudá-la, sabe que a amo muito.
Ela ficou em silêncio por alguns
segundos, parecia perdida em seus
pensamentos. Mas, logo saiu do transe
que estava, para assim como eu e Ethan,
nos despedir de Ayla que hoje voltará
para Belgrado.
Horas mais tarde...
Já era noite, passei boa parte do dia
dormindo no quarto que Ana estava, ela
também estava exausta da viagem.
Quando acordamos, tomamos banho e
descemos para jantar, já que Ethan tinha
ido para casa de luxo, pois, assim como
foi no legado do meu sogro, ele e Luccas
cuidavam de toda parte administrativa e
financeira, já que o The Brothel Empire,
era uma das fontes de renda que gerava
mais lucro para a máfia Sérvia. Como
disse a minha cunhada, o mundo poderia
estar em caos, mas, comer, dormir e
sexo, isso eram coisas vitais para o
homem e desta forma, para aqueles que
buscavam esse mundo de luxuria para
realizar todos os seus desejos sórdidos,
aquele lugar era o indicado.
— Você tem pouco tempo de casamento,
como o seu marido não janta em casa.
Então, se eu não estivesse aqui, você
estaria sozinha nessa casa enorme?
— Eu casei não só com um homem que
tem vários negócios ilícitos, como é o
chefe da nossa organização. Ethan tem
toda uma responsabilidade e embora não
saiba que horas chega, não deve ser
fácil levar uma vida, onde mal consegue
fechar os olhos. Sempre dorme pouco e
acorda cedo.
— Eu achando que você estava vivendo
um conto de fadas.
Comecei a sorrir.
— Ser chamada pelos membros da
máfia albanesa de princesinha da máfia,
deve ter feito você ter uma visão
distorcida da realidade. Não somos
princesas e a realidade está longe
dessas histórias onde tudo é perfeito.
— Pode até ser, mas, a minha será
completamente diferente.
Minutos depois, terminamos de jantar e
ficamos algumas horas assistindo tv, até
que subimos para dormir.

Na manhã seguinte...
ANA DEMISOVSKI
Acordei eram sete horas da manhã,
coloquei um biquíni e se ele despertar
tão cedo como minha irmã falou, de
certo sempre vai até a piscina. Com os
meus óculos escuros em mãos, caminho
para fora do quarto, uns cinco minutos
depois, estava próximo à piscina,
deitada sobre uma espreguiçadeira e
para disfarçar, coloquei os óculos.
Fiquei ali uns trinta minutos sozinha, até
que ouço uma pequena movimentação
em volta do lugar e não demorou muito
para que o meu alvo surgisse no meu
campo de visão.
Mesmo não dizendo nada e estando de
óculos, não passou despercebido por
mim, o olhar lançado em direção ao meu
corpo no minúsculo biquíni.
O barulho do seu corpo contra a água
ressoou a minha volta e o homem
começou a nadar de um lado para o
outro com braçadas vigorosas. Um
esboço de um sorriso apareceu em meu
rosto.
"Vamos ver até onde você vai aguentar
Ethan."
Capítulo 34
Uma semana depois...
ANA DEMISOVSKI
I nquieta e nervosa. Era assim que me
sentia. Faz uma semana que estou aqui
e apenas consegui alguns olhares da
parte dele. Os recém-casados mais
parecem dois desconhecidos e não vejo
nenhuma demonstração de afeto entre
eles, não está sendo fácil encurralar a
minha presa. Amanhã o meu pai, assim
como Dusan Borislav, estão vindo para
New York e agora, eu estou correndo
contra o pouco tempo que me resta ou
acabarei caindo nas garras de Gael.
Embora ele seja bonito e me tratou
muito bem, eu, desde criança sonhei em
casar com Ethan e como aquele homem
que até então era desconhecido por mim,
disse, Cecília sempre teve toda atenção,
não somente da nossa família, como era
a queridinha dos membros da máfia
albanesa por ser a prometida daquele
que seria o chefe supremo da máfia.
Agora será tudo ou nada, eu preciso agir
o quanto antes ou vou acabar me
casando, mesmo contra a minha vontade.
Durante os dias que estou aqui, fiquei
observando tudo a minha volta, e vi
muitas coisas, desde descobrir a senha
para desligar as câmeras no interior da
casa, como calcular o tempo em que
Ethan levava para chegar do bordel até
em casa. Sabendo o horário que ele
chegava todos os dias, o próximo passo
seria me livrar da minha querida irmã.
Para isso, irei desligar as câmeras no
momento certo e 15 minutos será tempo
suficiente para preparar tudo.
Horas mais tarde...
Como nos dias anteriores, exceto por
ontem, que ele acabou ficando em casa,
principalmente no quarto, de onde dava
para ouvir os gemidos que vinham dos
dois, hoje, Ethan saiu algumas horas
atrás para casa de luxo, agora eu só
precisava fazer tudo como havia
planejado.
— Ana!
Fui tirada do meu estado de devaneio
quando a porta foi aberta por ela e ouço
o meu nome. Dei um largo sorriso em
sua direção.
— Venha, vamos jantar, eu estou
faminta.
— Também estou — falei feliz, não
sabendo ela que eu já estava era
ansiando pela sobremesa que terei na
madrugada.
Seguimos para o andar de baixo e a
mesa já estava posta e como se tudo
estivesse conspirando ao meu favor, não
vi as duas empregadas que sempre
estavam servindo a comida. Vendo meu
estado de confusão, Cecília disse.
— Acabei dando folga para as duas,
Ethan não está em casa e nós desde
crianças sempre atacávamos as panelas
sem precisar que alguém colocasse a
nossa comida.
Aquilo me causava uma sensação
estranha, pois, ela sempre insistia em
trazer de volta as recordações do
passado. Começamos a comer e por
sinal tudo estava delicioso, eu comia
comedida, não queria ganhar peso, já
Cecília, como sempre, comia como se
estivesse passado dias pressa sem
comer e nem beber nada. Quando nos
demos por satisfeita, nos levantamos e
começamos a levar a louça para a
cozinha, colocamos os pratos na
máquina de lavar e minutos depois,
caminhamos para sala. Acabamos
assistindo ao filme velozes e furiosos 9,
embora eu não gostasse muito de filme
de ação, desde o primeiro, de tanto que
ela comentava, que acabei virando fã da
franquia e sendo hoje 25 de junho aqui
nos Estados Unidos, era dia de
lançamento, após tanto tempo
aguardando. Seus olhos estavam fixos no
grande telão a sua frente e quando ela
começou a falar novamente, senti um
aperto em meu peito.
— Não consigo entender como um irmão
pode se deixar manipular para
prejudicar alguém que tem o seu sangue.
Eu espero que o Dom acabe com esse
infeliz do Jacob, mesmo sendo o seu
irmão — disse, já que Dom reencontrou
seu irmão Jacob Torretto e este estava
aliado com alguns inimigos para
executar um plano de vingança.
— Cedo ou tarde a verdade sempre
aparece. Só quero ver quando Dominic
reunir toda a família de fiéis amigos e
massacrar esses idiotas.
Suas feições demostravam uma fúria
contida, o que fez meu corpo todo
estremecer, mas, eu não podia mais
voltar atrás. Acabei me levantando e
quando dei alguns passos, me detive.
— Aonde você vai mana?
— Vou preparar chocolate quente para
nós duas.
Ela só balançou a cabeça e voltou sua
atenção para o filme. Já estava próxima
a cozinha, quando escuto um grito alto
vindo da sala.
— É isso aí. Uhulllll, vai Dom.
Peguei os objetos que iria precisar e
assim que preparei tudo, com as mãos
trêmulas, peguei o frasco que tinha
dentro do bolso e mesmo hesitante,
coloquei o líquido dentro da sua bebida.
Dei uma sacudida com a colher e ao
pegar as duas canecas, prossegui na
direção de onde ela estava.
— Você está perdendo toda diversão —
falou animada.
Ela estava eufórica, estendi a caneca em
sua direção e de tanto que estava
gritando, era certo que estava com sede.
Não demorou muito para que ela viesse
a beber todo o líquido que tinha dentro
do recipiente e agora era só esperar
alguns minutos para começar a fazer
efeito. Acabei aproveitando seu
momento de distração e fui até o
corredor onde ficava o painel de
controle das câmeras. Aquele
desconhecido que descobri que se
chamava Nicolas, acabou me passando
todas as coordenadas e desta forma,
mesmo que Ethan viesse a checar como
estava tudo dentro da casa pelo seu
sistema, teria pelos quinze minutos a
imagem de nós duas na sala e seria o
tempo que já teria feito à troca.
Com tudo feito, voltei para sala e foi
quando o filme já havia terminado.
— Eu gostei muito de tudo isso, mas
minha cabeça está tão pesada.
— Do jeito que você estava gritando.
Ela começou a bocejar.
— Eu acho que vou dormir, estou morta
de sono.
— Então, vamos.
Sendo quem era, como eu esperava, ela
ainda conseguiu subir os degraus
sozinha, mas quando chegou ao
corredor, já estava praticamente se
arrastando, acabei ajudando-a, ela já
estava andando com dificuldade. Nunca
pensei que alguém tão magra pesasse
tanto, eu acabei levando-a para o meu
quarto. Quando passamos pela porta, o
som fraco da sua voz se fez presente.
— Acho que estamos no quarto errado.
— Deve ser impressão sua. Agora me
deixe ajudá-la.
Mal se deitou e Cecília já estava
ressonando alto. Puxei as cobertas e
esperei mais alguns minutos, tendo a
confirmação que ela só acordaria no dia
seguinte, segui direto para o quarto
deles. Assim que entrei no ambiente, não
perdi tempo e fui ao banheiro, tinha
somente três minutos para o sistema
voltar a funcionar normalmente,
precisava ser rápida. Livrei-me das
minhas roupas e tomei um banho, algum
tempo depois, estava em frente ao closet
dela, peguei uma de suas camisolas que
fazia par com um robe vermelho e entre
as diversas calcinhas que ainda estava
com etiqueta, peguei uma na mesma cor.
Andar e falar como ela, seria o mais
fácil, pois sempre trocávamos de lugar
quando eu não ia bem nas provas de
matemática e era ela quem fazia no meu
lugar.
Já arrumada, passei bastante do seu
perfume e fui me deitar em sua cama, até
o momento certo para descer. Quase
duas horas se passaram, os meus olhos
já estavam se fechando quando o
despertador do meu celular deu sinal de
vida. Acabei me levantado e após dar
mais uma arrumada no meu visual,
deixei o quarto. Com passos apressados,
caminhei até a escada e assim que
cheguei ao topo dela, minha respiração
ficou ofegante e o meu coração
acelerado ao ver o homem que surgiu
perto da porta.
"Hoje você será todo meu".
ETHAN BOEISLAV
Parece que todos os clientes resolveram
ir ao bordel no mesmo dia. A casa
estava lotada, tanto eu, como Luccas,
tivemos que passar boa parte da noite no
salão, já que até os mais ilustres
estavam presentes. Desde Alex
Maldonato, senador do estado da
Califórnia, como Augusto Bertolli, um
dos CEO, mais renomado do país, que é
dono de uma rede de Joalheria com
franquia em vários países. Depois que
tudo já estava tranquilo, totalmente
exausto, ao passar pela porta de casa,
meu olhar foi de encontro à bela imagem
que apareceu no topo da escada,
enquanto ela descia os degraus e veio ao
meu encontro, eu não conseguia desviar
o olhar da direção dela e ao ficar
centímetros de distância de mim, o
cheiro do seu perfume delicioso invadiu
as minhas narinas.
— Achei que estivesse dormindo —
disse.
— Eu estava esperando por você.
Com alguns passos, ela se aproxima,
suas mãos vão de encontro ao meu
peitoral, empurrando-me em direção ao
sofá. Logo me lembrei do seu
comportamento na noite que sua boca
gulosa deu ao meu cacete o melhor
alívio que ele já teve na vida. Acabei
entrando no seu jogo e, enquanto eu
estava sentado no estofado, ela acabou
retirando o robe, revelando a minúscula
camisola e não demorou muito para se
juntar a mim. Subindo em cima do meu
colo, ficando com uma perna de cada
lado da minha cintura.
A safada estava totalmente despudorada
e começou a se esfregar, pressionando
seu calor úmido contra minha
masculinidade. Ela levantou a cabeça e
assim que nossos olhares se
encontraram, um calafrio forte
atravessou a minha espinha e se infiltrou
no meu interior, deixando os meus
demônios agitados.
Sua boca ficou a centímetros de
distância da minha, e como se tivessem
ganhado vida própria, minha mão direita
foi de encontro ao seu pescoço,
deslizando pela sua nuca até alcançar os
seus cabelos. E, com um movimento
rápido, envolvi os meus dedos em seus
longos fios e puxei sua cabeça
bruscamente para trás, um ruído alto
escapou do fundo da sua garganta.
Intensifiquei o contato e gemidos
escapam da sua boca.
— Está me machucando, por favor, me
solte.
Num tom baixo, contendo a fúria que
estava sentindo, proferi.
— Você em nada se parece com a sua
irmã. Achou mesmo que por estar se
vestindo igual a ela ou falando como
uma imitação barata dela, que eu não
iria reconhecer a minha mulher? — falei
ainda segurando firme em seu cabelo,
forçando sua cabeça para trás. — Você é
uma grande estupida idiota.
Lágrimas grossas começaram a descer
pelo seu rosto, enquanto eu puxava ainda
mais os seus cabelos, lutando contra o
desejo dos meus demônios em acabar
com sua vida miserável ali mesmo. Com
uma voz chorosa, ela falou.
— E... Eu sempre te amei.
— A diferença é que eu não a amo.
Solto o seu cabelo e seguro firme em sua
mandíbula, fazendo com que mais
lágrimas surgissem em seus olhos.
— Ai...
— Presta bem atenção, se você fizer
qualquer coisa que venha a prejudicar a
minha esposa, eu vou esquecer que
vocês duas são irmãs e nem mesmo
sendo filha de quem é, vai me impedir
de acabar com a sua vida. Cecília te
recebeu de braços abertos, está nítido
em cada ação dela e nos brilhos dos
seus olhos o quanto a ama. O quanto,
mesmo indefesa, tentou lhe defender
quando criança daqueles brutamontes.
Faça por merecer todo carinho que você
sempre recebeu, em vez de ser uma
garota fútil e egoísta. Nem que você
fosse à única mulher da face da terra,
despertaria a minha atenção, vocês duas
podem ser iguais na aparência, mas no
caráter são totalmente o oposto — fiz
uma pequena pausa e logo depois
prossegui. — Amanhã mesmo você
voltará para Durrês.
Não precisou de esforço algum para
empurrá-la, levando-a a cair no chão,
me levanto e caminho em direção à
escada com destino ao lugar onde a
bonequinha certamente estava num sono
profundo.
Capítulo 35
ETHAN BORISLAV
D epois de pegar a bonequinha no
quarto da infeliz, acabei caindo
num sono profundo e assim que
despertei, passei alguns minutos com os
pensamentos voltados para tudo o que
iria fazer antes da maldita reunião. Nos
instantes seguintes, fui até o banheiro e
depois de tomar o meu banho, já
arrumado, ao entrar no quarto, meu olhar
ficou fixo na mulher que dormia feito um
anjo. Sua expressão era suave, mas, eu
sabia que daqui a algumas horas toda
essa calmaria vai se transformar em
desespero.
Em passos largos, deixei meus
aposentos atravessando o corredor e
logo depois já estava dentro da
garagem. Com os meus homens em suas
posições, entrei no automóvel. E, o
carro, segundos depois, entrou em
movimento. Uns quarenta minutos
depois, o veículo parou em frente à
entrada do bordel. Já dentro do
ambiente, caminhei para o meu
escritório, quando adentrei no cômodo,
Luccas já estava me aguardando. Com
passadas firmes, fui em direção da
minha mesa. Sentei-me na minha
poltrona e o homem que andava de um
lado para o outro resolveu interromper o
silêncio.
— Você vai mesmo fazer isso? — disse
lançando um olhar de reprovação,
deixando-me furioso.
Antes que eu viesse a fazer qualquer
coisa, o barulho vindo do meu celular
ressoou no ambiente, desviando a minha
atenção.
— Já estamos prestes a decolar — disse
Dusan do outro lado da linha.
— Tudo já esta pronto para reunião.
— Ok, dentro de poucas horas,
estaremos em solo americano.
Assim que a ligação foi encerrada,
sobre os olhos atentos de Luccas, que
estavam vidrados no telão a sua frente,
nos dando a visão completa do avião
que eles estavam, vocifero.
— Esses dois jamais chegarão até aqui.
É Chegado o momento de o passado ser
banindo e o presente dominar tudo para
que tenha um futuro grandioso.

DUSAN BORISLAV
Sempre tive orgulho de todos os meus
filhos, mas, a escuridão que via através
dos olhos de Ethan, era como se eu
voltasse para um mundo ao qual me
envolveu até o dia em que conheci
aquele ser iluminado que acabou
mudando a minha vida. Ao contrário do
que fizeram comigo quando criança, o
garoto foi cercado de amor pela mãe e
as irmãs, e mesmo sendo imposto a um
pesado treinamento, ele não demostrava
medo algum e vibrava por fazer parte de
algo tão sombrio.
Eu jamais tive escolha e fui moldado
para me transformar em um monstro, um
homem frio e sanguinário, o qual deu a
todos aqueles malditos anos cheios de
luxo e regalias. Fiz da máfia Sérvia uma
verdadeira fortaleza, tendo uma fortuna
incalculável e durante toda essa jornada,
milhares de vidas foram interrompidas.
Eu roubei a liberdade e a inocência
daquelas que se tornaram mulher da pior
forma possível, dizer que me arrependo,
claro que não, pois faria tudo
novamente. E embora conhecendo o
amor, e toda luz em volta das minhas
filhas e da minha mulher, não foram e
nunca serão suficientes para expulsar a
escuridão que habita dentro de mim.
Contudo, eu tenho percebido que aquele
desgraçado do Vladimir tinha razão em
temer que a última parte da profecia
fosse concretizada, pois, os anos se
passaram e o meu filho acabou se
tornando muito mais do que eu esperava.
Uma criança que tinha olhos tão
brilhantes, mas que guardavam segredos
obscuros. Um homem que tem uma fúria
incontrolável e ao contrário de mim, tem
uma sede incontrolável pelo poder,
porém, eu tenho muito orgulho e sei que
ninguém, nem mesmo eu, serei capaz de
detê-lo. Volto à realidade ao ouvir a voz
de Enzzo.
— Dusan! — ganhando minha atenção,
ele prosseguiu. — O piloto acabou de
avisar que já vamos decolar.
Fiz um sinal com a cabeça e após
apertar o sinto, não demorou muita para
o avião taxiar na pista, os pneus
deixarem de tocar o solo e subiu aos
céus.
Enquanto os minutos se passavam, Enzzo
mantinha sua atenção no aparelho que
tinha nas mãos, já eu acabei por me
lembrar do meu fiel companheiro, que
acabou não se sentindo bem ontem e
ficou em Belgrado. Perdido em
pensamentos, não me dei conta do
tempo, e quando voltei ao meu normal,
faltava uma hora para chegar a New
York, quando a aeronave deu um
solavanco curto, pude ver que os
homens nas outras poltronas se
entreolharam. Mas alguns minutos se
passaram e a calmaria deu lugar ao
desespero, assim que um estrondo se fez
presente e novo solavanco sugou o avião
para cima e as turbinas estancaram
completamente.
— Senhor, algo nos atin...
A voz que ecoou pelo alto falante dentro
do ambiente cessou, a aeronave subia
com muita velocidade e o calor logo
começou a virar um frio desagradável.
Os cintos foram liberados e o pânico
tomou conta do lugar, olhei para Enzzo,
que assim como eu, se libertou do cinto,
mas diante dos homens que corriam
desgovernados, só fez com que a
aeronave começasse a descer e
novamente. Ouço um barulho ainda mais
estrondoso, as máscaras de oxigênio
balançavam assim como os objetos,
esses começaram a cair no chão. Eu
ainda senti uma dor terrível em minha
cabeça quando uma das maletas foi de
encontro a minha testa, tombei para trás
e o único som que ouvi e minutos depois
de uma explosão terrível que rasgou o
ar, foi a voz de Enzzo.
— Dusan...

Algum tempo depois – New


York...
CECÍLIA BORISLAB
Nervosa, era assim que Ana estava. Seu
rosto estava inchado de tanto chorar já
que sabia que dentro de algumas horas,
após o meu pai sair da reunião, os dois
iriam voltar para a Albânia.
— Eu prefiro morrer — disse aos
prantos.
— Deixa de falar besteiras, Ana, nosso
pai jamais escolheria algo que fizesse
você ter uma vida infeliz.
— Por acaso você é feliz?
— Comparado com muitas mulheres,
mesmo o meu marido sendo um ogro e
ainda não ter esquecido muita coisa que
ele me fez. Eu não tenho uma vida que
me leve a querer desistir de viver,
porque quem sairia ganhando em tudo
isso seria ele, que arrumaria outra
esposa.
— Mas, eu não quero me casar e não
vou.
— Venha, vamos assistir um pouco de
TV e deixe que o tempo cuide de tudo.
Sentamo-nos no sofá, Ana continuava
emburrada, peguei o controle, o
acionando, estava passando The Ellen
DeGeneres Show. Um programa diário
de entrevistas e variedades líder do
segmento na televisão, depois de alguns
minutos assistindo, ela parou de chorar,
e seus olhos permaneciam fixos no telão,
já que agora havia uma entrevista com o
cantor John Roger Stephens, conhecido
pelo nome artístico de John Legend, o
qual ela gostava muito. Todavia, a
transmissão foi interrompida e nesse
momento senti meu coração bater tão
forte, como se fosse saltar do meu peito.
“— Estamos ao vivo para informar
sobre a queda de mais uma aeronave
em solo americano. Nossos repórteres
já estão no local do acidente e pela
sigla nos destroços do avião, tudo
indica que o mesmo pertencia às
empresas DB. Ainda não se tem
informação sobre o que causou o
impacto ou se há sobreviventes, nem se
alguém da família Borislav estava em
viagem nesta aeronave, o que podemos
dizer, é que vários corpos estão sendo
resgatados pelas equipes de resgate
que estão no local trabalhando
incessantemente. Voltamos logo mais
com maiores informações.”
Eu estava vendo tudo em câmera lenta,
aquelas palavras ficam ecoando em
minha cabeça e a sentia tão pesada, tão
quente, como se fosse explodir. Olhei
para o lado e minha irmã estava tendo
um ataque de pânico, começou a se
tremer toda como se estivesse tendo uma
convulsão.
— Ana! Ana! Ana, por favor, irmã.
Quanto mais eu clamava, ela parecia que
não reagia, o que só aumentou o meu
desespero e depois de vários minutos,
quando seus olhos buscaram os meus,
um grito estrangulado saiu do fundo da
sua garganta.
— Nãoooo... É minha culpa, o nosso pai
estava vindo por minha causa...
Ela disse aquilo por diversas vezes, as
lágrimas inundando o seu rosto e a
minha única reação foi abraçá-la.

Três horas depois...


Eu consegui que Ana tomasse o copo
com água ao qual havia um calmante e
agora ela está dormindo. Minha mãe
ligou minutos atrás e assim como nós
duas, estava desolada. Alguns soldados
foram enviados para o lugar e estando o
tio Hulk e a minha avó viajando, com
destino para uma ilha deserta no
México, não sabiam do ocorrido e
provavelmente não saberiam tão cedo.
Eu precisava ser forte para tentar passar
para minha mãe e Ana, algum conforto,
mas na verdade o meu coração parecia
que tinha sido estraçalhado. Enzzo, o
meu melhor amigo, o meu pai e aquele
por quem tinha a maior admiração,
respeito e um amor imensurável. Eu me
negava a acreditar que isso estivesse
acontecendo, as lágrimas desciam pelo
meu rosto e o meu peito doía tanto, que
já estava cada vez mais difícil suporta
todo aquele desconforto.
Continuava com a TV ligada, mas,
infelizmente não deram mais notícias, o
que só aumentava a minha agonia e
quando a porta foi aberta, meu olhar se
chocou com o do homem que tinha uma
expressão fechada em seu rosto. Depois
de alguns passos, ele parou em minha
frente.
— Diga que isso não é verdade —
implorei, quase sucumbindo diante dele.
— Todos os corpos foram encontrados,
eu mesmo fui fazer o reconhecimento. Eu
sinto muito, mas, eles dois estão mortos.
Minhas pernas ficaram pesadas, senti
uma forte pontada em minha cabeça e um
grito de dor, medo e desespero escapou
pelos meus lábios. Logo depois minhas
pernas perderam as forças me levando
de encontro ao chão.
— Paiiiiiiiiii...
Capítulo 36
YAN MARTINS
D epois que soube do ocorrido com
aquele maldito do sanada e sua
sobrinha, coloquei todas as minhas
expectativas, que ao manipular aquela
imbecil, viesse a despertar nela o seu
lado sombrio, porém, os dias se
passaram e estava receoso que assim
como a mãe, ela não tivesse herdado
nada de Omar Petrovic. Contudo, depois
da notícia que recebi algumas horas
atrás, que me deixou em puro êxtase ao
saber que os dois desgraçados que por
anos foram um grande obstáculos em
meu caminho e controlavam os maiores
territórios, morreram naquela explosão.
Eu fui tomado, a princípio por uma onda
de felicidade absurda, mas, depois o
choque da realidade pairou sobre mim,
e, com ele, as dúvidas se apossaram da
minha cabeça.
Sanada agiu por impulso e acabou
caindo na emboscada de Ethan.
Conhecendo aqueles vermes, tudo isso
pode ser um plano para que eu venha a
cair na teia tecida por eles, ao cogitar
que por estarem num momento de
fragilidade e numa ocasião onde todos
os membros das duas organizações
estarão reunidos, eu viesse a atacar e
desta forma, o predador passaria a ser
uma presa fácil ao estar em seus
domínios.
Eu já esperei muito tempo, já passei
anos vivendo nas sombras e não estou
disposto a perder tudo que conquistei.
Um bom caçador é aquele que sonda o
seu alvo, que além do impulso, usa a
razão e no momento certo, com a presa
em sua mira, ele não dará tempo para
nenhuma reação. Eu irei esperar e
veremos se realmente tudo isso não foi
uma grande farsa e se caso aqueles dois
miseráveis realmente estejam mortos,
vai chegar o momento e quando eles
menos esperarem, eu irei com tudo e
desse confronto, nenhum dos malditos
sairá com vida.
No dia seguinte –
Belgrado...
CECÍLIA BORISLAV
A dor que assola a minha alma é algo
inexplicável. Tudo é triste e vazio sem
ele, nunca tinha sentido algo parecido. É
como se o peso do céu caísse sobre
mim, tirando-me o ar dos pulmões, tenho
a sensação que um buraco se abriu em
meu peito e por mais que algum dia
venha se fechar, deixará uma cicatriz
enorme. Depois de ouvir as palavras
ditas por Ethan e tendo a certeza que o
meu desespero havia se tornando em um
grande tormento, as lágrimas voltaram a
surgir em meus olhos, parecia que nunca
iriam cessar. Uma fraqueza me envolveu
e em meio à dor que estava sentindo, foi
somente pela minha mãe e por minha
irmã que fiz de tudo para sair da
escuridão que havia me envolvido.
Não foi fácil dizer para Ana que jamais
voltaríamos a ver o brilho daqueles
olhos azuis acinzentados novamente.
Que o mafioso que para muitos era um
monstro, um demônio, mas que além de
um marido exemplar, era o melhor pai
do mundo, e a partir de agora, ele jamais
estaria com seus braços abertos para nos
dar aquele abraço acolhedor que sempre
foi o nosso porto seguro e o lugar ao
qual tínhamos uma sensação de que nada
e nem ninguém poderia nos atingir.
Causou-me uma dor ainda mais
dilacerante ao ver todo o sofrimento
dela e depois de dizer por incontáveis
vezes que tudo era sua culpa, Ana entrou
num estado de letargia, passou a viagem
toda com os olhos abertos, mas, era
como se somente o seu corpo estivesse
presente. Nenhuma lágrima voltou a sair
dos seus olhos, assim como não disse
nenhuma palavra desde ontem. Porém, a
dor e a tristeza estavam visíveis em seus
olhos, que já não tinham mais brilho.
Chegamos a Belgrado alguns minutos
atrás e ao nos deparar com a minha mãe,
eu acabei desabando ao ver que Helena,
que apesar de tão nova, sempre
aparentava ser uma fortaleza, agora é
somente uma mulher frágil, uma esposa
totalmente desolada, ao ponto de mal
conseguir se manter em pé.
Já eram quase cinco horas da tarde
quando seguimos todos para a sede da
máfia Sérvia, que também agora
pertencia à máfia albanesa. Depois da
unificação entre as duas, era como se as
duas famílias fossem uma só e por essa
razão, o corpo do meu pai não seria
enterrado em Durrês. Minutos depois,
chegamos próximo ao lugar onde havia
uma grande movimentação. Todos os
membros do conselho estavam
presentes, assim como os sócios, onde
alguns, além de políticos, governadores
e senadores, eram empresários de vários
setores. À medida que íamos
caminhando, percebi que algumas
pessoas mais emotivas choravam
copiosamente, outras ainda estavam
incrédulas, não acreditando no que havia
acontecido. Olhei para os pais de
Luccas e sua mãe estava com o rosto
inchado, enquanto a expressão do senhor
Boris, era algo indecifrável, pois, o
homem só olhava fixamente na direção
dos dois caixões. Soube que ele tinha o
meu sogro como um filho e certamente,
isso deveria estar o destruindo por
dentro.
Os momentos seguintes foram marcados
por muitas lágrimas e sofrimento, não só
para minha família, como a minha sogra
e suas filhas que estavam inconsoláveis.
Quando a família de Ethan se aproximou
do caixão de Dusan e ao abri-lo, as
lamentações tomaram conta do lugar, me
deixando petrificada com o estado em
que seu corpo ficou. Temerosa, assim
que minha mãe segurou a minha mão e o
caixão do meu pai foi aberto, meu olhar
foi de encontro ao anel que tinha em seu
dedo e num impulso, puxei o objeto e
todos ficaram assustados diante do meu
ato.
Minuciosamente olhei os detalhes em
volta da aliança, me dando a constatação
que o meu último fio de esperança havia
se esvaído. As lágrimas grossas
começaram a inundar o meu rosto, me
lembrei da sua fisionomia risonha e toda
sua alegria que ficará para sempre em
nossas lembranças e principalmente, o
quanto seu último abraço e as palavras
que foram proferidas no dia do meu
casamento me trouxeram sensações tão
boas.
Olhei para o lado e Ethan se aproximou
do caixão do meu sogro. O homem
parecia uma rocha e por alguns
instantes, eu me perguntei se realmente
ele estava se mantendo firme para não
deixar transparecer que no fundo tudo
isso estava sendo difícil para ele.
O choro cessou, ficamos contemplando
em silêncio aqueles que serão
lembrados por gerações como os dois
monstros da máfia, mas que em meio às
trevas, a luz chegou até seus corações e
com ela, o amor. Não sei quanto tempo
se passou, mas, a calmaria foi
interrompida e todos os olhares se
voltaram em uma única direção, quando
Ana, que tinha ficado dentro do carro,
surgiu em frente a porta.
Ela caminhou em silêncio, seu rosto
estava tão pálido e banhado pelas
lágrimas e quando a distância entre nós
acabou. Seu olhar ficou cravado na
imagem dentro do caixão, assim como
aconteceu quando soubemos da notícia
pelo noticiário, ela começou a tremer
sem parar, seu rosto, por alguns
segundos ficou vermelho, como se
tivesse sufocando, mas em seguida, era
como se um nó que havia se formado em
sua garganta, tivesse sido desfeito, pois,
um grito estrondoso se fez presente para
logo depois, ela perder suas últimas
forças, fazendo todos entrarem em
desespero assim que seu corpo foi de
encontro ao chão.
— Nãoooooooo...

Semanas depois...
Três semanas se passaram desde o dia
que recebi a pior notícia da minha vida.
O tempo passou, mas a dor que sinto
ainda é semelhante à daquele dia
maldito.
Depois que Ana acabou desmaiando, e
toda uma agitação se fez presente, já que
ela não despertava. Com a ajuda de
Lauren e Scarllet, que ficaram cuidando
dela, minha irmã acabou despertando,
porém, novamente entrou em estado
catatônico. Não podendo mais adiar, os
corpos foram levados para o mausoléu
que foi construído para os membros da
família. Novamente a tristeza tomou
conta de todos em ter que dar o último,
adeus, às duas pessoas que eram
odiadas por alguns, porém, amadas,
admiras e respeitadas por muitos.
Dois dias depois, voltamos para Durrês,
o tio Hulk que acabou não chegando a
tempo de se despedir do seu sobrinho
amado, ficou dias em Tirana com avó
Yolanda. Agradeci por minha avó estar
ao lado da minha mãe, que precisou
muito do seu amor e carinho. Quanto a
mim, a minha rotina durante os dias que
passei lá se resumiu em cuidar de Ana,
eu estava cada dia mais preocupada que
ela viesse a ficar para sempre perdida
no mundo em que criou para fugir da
realidade. Jamais pensei que ao estar
próximo dela, o silêncio seria
predominante.
Ana sempre foi uma tagarela, embora
mimada, é muito alegre e mesmo não
demostrando, eu sei o quanto ela o
amava e até tinha ciúmes por achar que
eu era a queridinha de Enzzo, quando na
verdade, era ela quem ganhava mais
atenção, já que sempre ele fazia as suas
vontades.
Ethan até que foi compressivo, pois,
somente ontem retornei para New York,
eu queria ter permanecido junto com as
duas pessoas que mais amo na vida,
mas, sabia que agora por ser uma mulher
casada, eu tinha uma vida longe delas.
Deixei os pensamentos de lado ao
chegar ao lugar onde sei que será o
único para apaziguar um pouco toda dor
que paira sobre mim. Tirei meu vestido,
e, instantes depois, já estava dentro da
piscina. A cada braçada que dava, era
como se todo um filme passasse diante
dos meus olhos. O meu pai me
instruindo a cada fase, que foi crucial
para que o medo aos poucos desse lugar
a confiança, do quanto aquele rosto
perfeito ficava ainda mais lindo com sua
expressão de orgulho ao perceber todo o
meu progresso. Fiquei ali por volta de
duas horas, vi quando Luccas chegou e
entrou na casa, daqui a uma semana
estará fazendo um mês daquela tragédia
e sendo Dusan Borislav, um dos maiores
empresários do país e admirado por
muitos, já que desconheciam que por
trás dos seus negócios havia todo um
esquema de tráfico humano, drogas e
que ele era o ex-chefe da maior
organização criminosa existente, haverá
uma cerimônia em homenagem ao grande
membro da sociedade americana, que
morreu de uma forma tão trágica.
Minutos depois, estava seguindo para
dentro de casa. Tudo estava em silêncio,
o que me fez constar que os dois homens
estavam no escritório. Caminho naquela
direção e ao me aproximar da porta,
sento um calafrio percorrer o meu corpo
e ouço vozes alteradas vindo de dentro
do ambiente.
— Tudo isso foi um erro.
Levei minha mão direita em direção à
maçaneta.
— Não me faça perder a paciência com
você. O que aconteceu já está no
passado e enterrado com aqu...
Quando a porta foi aberta, o silêncio
predominou no ambiente e os dois pares
de olhos ficaram fixos em minha
direção. No entanto, algo ficou inquieto
dentro de mim.
Capítulo 37
ANA DEMISOVSKI
S omente existe dor. E, quando achei
que não poderia mais suportar a
queimação no meu peito, minha pele
ficou em chamas ao ver o corpo sem
vida dentro daquele caixão. O meu
coração já não cabia mais dentro do meu
peito. A minha garganta se fechou por
alguns segundos e quando aquele bolo
que estava me sufocado desapareceu,
sem que eu pudesse controlar, um grito
estrangulado saiu dos meus lábios
rasgando a minha garganta ao ponto de
doer e tudo ao meu redor começou a ser
envolvido por uma escuridão
assustadora.
Por mais que o tempo passe, a sensação
que tenho é que o buraco que se formou
desde o dia em que recebi a notícia da
sua morte, sempre estará vazio. Sinto o
meu peito latejar e uma dor muito
profunda em meu coração. A sensação
era como se um punhal estivesse sido
enfiado em meu peito.
Todos esses dias eu não consegui me
alimentar direito, passei a maior parte
trancada em meu quarto, abraçada com a
sua camisa, vinha tentando reprimir as
lágrimas que tanto insistem em descer,
mas saber que amanhã estará fazendo um
mês da sua partida, eu já não consigo
mais segurá-las.
Permito-me chorar, tentando colocar
para fora tudo que estava me sufocando,
me queimando por dentro.
A minha vida não faz mais sentido e
todos tinham razão, eu sou ruim, assim
como Omar Petrovic. O meu egoísmo
me levou a querer o mal daquela que
sempre esteve ao meu lado. Minha irmã,
minha protetora, que sempre fez de tudo
para que eu estivesse bem e segura. Fugi
para ir contra a decisão do meu pai
sobre o acordo com Gael, esse foi um
dos motivos pelo qual ele estava indo
para New York e diante dos últimos
acontecimentos, antes de acabar com
toda essa angústia, tem algo que eu
preciso fazer.
Dia do evento...
CECÍLIA BORISLAV
Rostos desconhecidos e familiares
estavam espalhados por todo salão.
Assim como todos os membros do
conselho vieram da Albânia, os
principais lideres que foram nomeados
após o meu sogro exterminar todos do
antigo conselho da máfia Sérvia, vieram
de Belgrado para participar do momento
em homenagem a Dusan, que sempre
será lembrado pelo seu grande legado.
Embora minha mãe e minha sogra
estivessem fragilizadas, eu podia ver
ainda o brilho dos seus olhos sendo
restaurados e quem sabe algum dia, o
sorriso possa surgir novamente em suas
faces. Olhei para o lado e Ethan estava
conversando com alguns políticos, entre
eles, o senador mais votado do estado
da Califórnia. Ao contrário de muitos,
todos que estão perto dele sabem quem
era realmente o meu sogro e que Ethan,
agora é o chefe supremo da máfia.
Os homens ao seu redor tem total
ligação com a organização. Tráfico,
negócios ilícitos, sede pelo poder e ter
uma organização criminosa toda
estruturada, de nada adiantaria se não
fossem esses grandes aliados que são a
base para que esse mundo obscuro se
espalhe por vários territórios. Uma
organização que vai além de homens
armados, algo que envolve desde a
política, até a religião e se mantém firme
com ajuda de homens como Gael,
responsáveis pelo esquema financeiro.
Meus pensamentos foram deixados de
lado assim que dois garçons se
aproximaram da nossa mesa onde estava
a minha mãe, minha avó, Ana, minha
sogra e as minhas quatro cunhadas e
dona Karen, mãe de Luccas.
Eles começaram a servir algumas
bebidas e enquanto todas estavam
prestando atenção nas palavras de
Karen, que como sempre, até num
momento de tristeza nos fazia sorrir, um
dos garçons se aproximou de mim,
depois de colocar o copo com suco que
eu perdi, ele se afastou e ao abaixar a
minha cabeça, meu olhar foi de encontro
ao objeto que estava em cima do meu
colo. Movida pela minha curiosidade,
acabei por desenrolar o papel e meus
olhos se arregalam, meus batimentos
ficaram descontrolados.
"Se você realmente deseja saber quem
é o responsável pela morte do seu pai,
me encontre perto do jardim".
De repente veio em minhas lembranças
o dia que Ethan e Luccas estavam
conversando. Desde então, eu estava
inquieta e mesmo questionando, eles
acabaram por dizer que estavam
discutindo sobre um confronto que
ocorreu na Austrália.
Saio do estado de estupor que me
encontrava e trato de amassar o pedaço
de papel e jogo no chão, logo em
seguida, o som da minha voz se
sobressai ao da senhora Karen.
— Eu preciso ir ao banheiro.
Num pulo, me levanto e com passos
apressados, caminho em direção ao
corredor, me detenho quando ouço a voz
de Ana.
— Cecília!
Quando me viro na direção dela, ela já
estava prestes a me alcançar, quando
começou a cambalear, me fazendo ir
rapidamente ao seu encontro.
— O que você tem Ana?
— Foi só uma tortura, por favor, me
leve até o banheiro, meu estômago está
embrulhado.
Embora precisasse saber quem havia me
mandado aquela mensagem, pois eu
tinha a sensação que havia algo sombrio
por trás da morte do meu pai, eu não
podia deixá-la sozinha. Seguimos até o
corredor que dava acesso ao toalete e
adentramos o ambiente que estava vazio,
Ana entrou em uma das cabines,
enquanto eu fiquei em frente ao espelho
da enorme bancada do banheiro. Um
ruído ressoou no ar.
— Mana, está tudo bem aí?
— Sim, foi só a barra de metal que
estava mal fixada na parede que caiu.
Ela devia estar se referindo ao suporte
que colocam para pessoas cadeirantes
terem apoio e que é obrigatório em
todos os lugares, não só públicos, mas
privados que recebem uma grande
quantidade de pessoas. Eu estava
lavando as minhas mãos, quando ouvi o
som da descarga e logo depois o barulho
da porta sendo aberta.
— Você está melhor irmã?
— Sim.
Ouvi som de passos se aproximando e
antes que eu tivesse qualquer reação, um
ruído ecoou no cômodo e eu senti uma
dor insuportável em minha cabeça, tudo
começou a girar, minha visão ficou turva
e tudo de que me lembro, antes de
perder os sentidos, foi de virar e me
deparar com Ana segurando uma barra
de ferro e o som da sua voz.
— Desculpe-me.
ETHAN BORISLAV
Assim que meus olhos passeiam em
volta do lugar, se detém quando vai de
encontro à mesa das mulheres da
família. Ao perceber que ela não estava,
me afasto dos homens que continuavam a
conversar, falando o quanto a morte de
Dusan acabou por afetar o mundo da
máfia. Assim que chego próximo ao
grupo de mulheres, os olhares recaem
sobre mim.
— Onde está Cecília?
— Foi ao banheiro — diz Helena, mas
foram as palavras ditas pela minha mãe
que provocou um tremor violento pelo
meu corpo.
— Eu a achei um pouco inquieta. Não
sei se era devido à situação. Ana
também saiu logo em seguida, acho que
foi atrás dela.
— Droga! — exclamo assim que uma
grande movimentação ocorre no
ambiente e toda atenção se volta para o
telão que estava no palco e ao ver a
imagem do desgraçado apontado uma
arma na direção da cabeça dela, sou
envolvido por uma fúria incontrolável.
— Eu vou estourar os miolos dessa
vagabunda — vocifera enquanto a
mulher se mantinha cabisbaixa.
Meu corpo todo ficou em chamas, como
se tivessem jogado gasolina e as
palavras do maldito foi o fósforo que
iniciou o fogo dentro de mim.
A sensação era que tudo havia parado ao
meu redor, eu fiquei paralisado de tal
forma, que não conseguia me mover um
só centímetro.
Os estrondos ressoaram no espaço e de
repente, o desespero envolveu o lugar,
enquanto os sons de tiros pipocam do
lado de fora era, como se os malditos se
movessem na velocidade de um raio e se
multiplicassem feito cupim, pois,
apareceram dentro do ambiente,
tomando posse do lugar e somente
quando haviam dominado tudo e o
desgraçado surgiu no centro do palco
com ela, que assumi o controle do meu
próprio corpo.
— Achou mesmo, infeliz, que assim
como aqueles dois miseráveis, não iria
chegar o seu fim? — profere o verme,
ostentando um largo sorriso de
satisfação.
— Eu vou matá-lo seu miserável se fizer
algo com ela — falo e minha mão direita
vai de encontro a minha arma.
— Aqui quem dá as cartas agora sou eu
e nem tente nenhuma gracinha ou não
será somente ela que receberá uma bala
no meio da testa — disse me incitando a
mover o rosto para o lado e me deparar
com seus homens, que estavam com suas
armas apontadas na direção da cabeça
das minhas irmãs, da família da minha
mulher, de Luccas e Boris, que se
colocaram na frente de Ayla e Karen,
mas, foi ver um deles colocando suas
patas imundas em Luna, que fez todos os
meus demônios internos se agitarem
ainda mais, aquele miserável tinha
acabado de assinar a sentença de morte
de todos os invasores dentro e fora
daquele lugar teriam o mesmo fim.
— Coloquem as vadias no centro do
ambiente. Vamos ver qual será sua
reação ao assistir os meus homens
abusando das suas irmãs, mãe e sogra.
Gritos e mais gritos reverberaram no
ambiente assim que os homens
avançaram pegando todas e colocaram
onde o maldito havia dito. No instante
que alguns soltaram suas armas,
cogitando que iriam tocar nelas, um
estrondo terrível ecoou do lado de fora,
deixando a todos desorientados.
Os olhares temerosos e curiosos ficaram
voltados para a densa neblina que se
formou em frente à porta de entrada e
como duas fênix, imponentes e
majestosas, os dois monstros da máfia,
aqueles que eram duas lendas vivas,
ressurgiram diante de todos.
— Paiiiiii!!!
Meu coração parou de bater por alguns
segundos, minha respiração falhou
quando ouvi um disparo, pois,
aproveitando o momento de distração de
Yan, Cecília conseguiu se livrar dele e
saiu correndo, mas acabou recebendo
um tiro nas costas e só então, o meu
olhar ficou fixo no dela.
— Ana! — exclamo sentindo um alívio
momentâneo.
Como num estalar de dedos, dentro do
ambiente começa uma verdadeira
guerra. E em meio aos ruídos dos tiros,
um grito alto de desespero preenche o
cômodo quando atrás de mim, Cecília
aparece praticamente se arrastando e
desolada ao ver o corpo da irmã
caído no chão, então percebo que elas
haviam trocado suas roupas, por isso
pensei que Ana fosse ela quando estava
sob a posse do miserável e eu queria
saber o porquê fizeram isso. Entretanto,
novamente eu senti como se a escuridão
tivesse me envolvido e uma grande
agitação dentro da minha caixa torácica
se fez presente, agitando-me a um nível
inimaginável, fazendo-me desviar o
olhar dela, para olhar em volta, no
entanto, já era tarde demais, pois tudo
aconteceu muito rápido e antes que eu
puxasse o gatilho, um disparo foi feito e
a bala estava indo rumo ao seu alvo; ela,
e naquele momento, a minha única
reação foi entrar em sua frente,
bloqueando o trajeto do projétil e assim
livrando-a, de como foi com a sua irmã,
ser alvejada por uma bala.
Há muito tempo eu havia deixado de
sentir dor física, mas, a minha cabeça
parecia que tinha sido partida ao meio.
Dor! Dor!
Foi tudo que senti antes que os meus
olhos, assim como o meu corpo, fossem
sugados pelas trevas que não pareciam
ter fim.
Capítulo 38
CECÍLIA BORISLAV
E u acordei atordoada com o barulho
infernal que ressoava a minha volta.
Com dificuldade consegui me levantar,
porém, saí praticamente me arrastando
de dentro do banheiro. As dúvidas
assolavam a minha mente, eu não
conseguia acreditar que a minha irmã
tivesse feito aquilo comigo. Quando
cheguei perto do salão do evento, o
lugar parecia um campo de batalha e
meu coração disparou de tanta
felicidade ao ver o meu pai, mas, depois
de dar alguns passos, o pânico me
dominou ao ver a imagem do corpo de
Ana jogado ao chão, não consegui conter
o grito que se formou no fundo da minha
garganta. Todavia, tudo aconteceu muito
rápido e um grito ainda pior foi dado
por mim assim que o homem surgiu feito
um raio em minha frente.
— Nãooooooo...
Medo! Desespero!
Tudo caiu como um soco em meu
estômago. Ao ver o corpo dele sendo
lançado direto ao chão duro e que já
ganhava uma nova cor, devido ao
líquido que se espalhava como um rastro
de pólvora por todo o piso.
Agachei-me e ele estava imóvel, seu
rosto pálido como se todo sangue
tivesse se esvaído.
— Por que você fez isso? — pergunto
com a voz chorosa, ele havia se jogado
para me salvar.
Continuo olhando seu rosto cada vez
mais pálido, entretanto, quando um ruído
horripilante rasgou no ar chamando a
minha atenção, deixou-me temerosa.
— Ethannn...
Eu nunca o tinha visto daquela forma, as
suas feições eram extremamente
assustadoras. Suas órbitas sombrias,
agora continham uma cor avermelhada,
como se estivessem pegando fogo e seu
rosto estava totalmente irreconhecível.
Dusan avançou na direção do homem
que atirou em mim e que acabou
acetando Ethan, outro tiro foi dado pelo
infeliz, porém, o meu sogro, embora
tenha sido atingindo, ele não demostrava
nenhuma reação de dor e prosseguiu em
frente, e ao diminuir a distância entre
eles, um golpe terrível foi desferido no
rosto do homem. O sangue começou a
jorrar pelo canto da boca do maldito e
ao cuspir, um dente caiu no chão, isso
não foi o suficiente para deter meu
sogro. Dusan parecia estar possuído
pelos seus demônios, pois, começou a
desferir uma sequência de golpes entre o
rosto e o estômago do desconhecido,
quando o maldito não mais aguentando,
perdeu o equilíbrio e caiu.
Era como se eu estivesse vendo Ethan,
através do seu pai, pois, o meu sogro
subiu em cima do maldito e puxou uma
adaga da sua cintura. Ele começou a
enfiar o objeto no rosto da sua vítima e
ruídos estrangulados ecoavam no ar. A
essa altura, já não conseguia identificar
a aparência do homem a minha frente,
porém, eu permanecia totalmente
paralisada, observando tudo
completamente estarrecida, só saí do
estado estático que matinha, quando o
meu olhar foi em direção do meu pai que
assim que se certificou que Ana ainda
respirava, ao ver que Yan estava prestes
a fugir, correu feito um leão faminto em
direção a sua presa.
O homem ainda tentou mover sua mão
em direção até a sua arma. Todavia,
antes disso, meu pai foi mais rápido e
não perdeu tempo e começou desferir
vários socos em sua barriga. O
desgraçado começou a cuspir sangue e
só foi ao chão quando um soco pesado
lhe atingiu o queixo. Voltei novamente o
meu olhar para Dusan e este estava
arrancando o coração do maldito e com
único movimento, esmagou o órgão do
sujeito.
Minutos depois, o barulho dos disparos
cessou, haviam vários corpos sem vida
jogados pelo chão, tanto dos invasores,
como de membros da nossa organização.
Só então percebi que tanto minha mãe,
quanto Luna estavam próximas a mim e
que ficaram em choque ao ver Ana e
Ethan, sendo retirados as pressas para
serem conduzidos ao hospital.

Algum tempo mais tarde...


Todos estavam nervosos e a sala
privativa ficou lotada. O meu sogro
estava inquieto, andando de um lado
para o outro, contudo, a atenção de
todos se voltou rumo à porta quando um
homem vestido com um jaleco branco
surgiu no ambiente.
— Como eles estão?
— O quadro da senhorita Demisovski é
estável, mas, precisará que seja feito
uma doação de sangue.
— Nós duas temos o mesmo tipo
sanguíneo — falo apressada.
— O meu filho? — pergunta a minha
sogra.
— Eu sinto muito, mas, a situação dele é
mais delicada e por essa razão, o
colocamos em coma induzido. Tivemos
sorte que a bala não atingiu o cérebro.
Todavia, esta foi desviada e está alojada
no seio paranasal frontal, uma cavidade
situada entre dois ossos, atrás do nariz.
— Ela poderá ser retirada? — dessa vez
é Dusan quem pergunta.
— Faremos isso dentro de alguns dias,
por ser uma cirurgia delicada, não
poderá ser feito de imediato. Entretanto,
ele é muito forte, foi por muito pouco e
embora tenha uma grande ruptura no
crânio, a bala acabou se fixando naquela
região e dessa forma não foi algo fatal.
— Eu sempre disse que ele tinha a
cabeça dura — disse minha cunhada ao
lado de Luccas.
Por alguns segundos alguns presentes
começaram a sorrir, mas quando o meu
sogro lançou um olhar mortal sobre
Ayla, ela estremeceu e o silêncio pairou
no ar.
Depois de responder mais algumas
perguntas, o médico me conduz para que
o meu sangue seja retirado e assim
ajudar na recuperação da minha irmã,
um tempo depois, quando sou liberada,
sigo até o quarto em que Ethan está.
Entro no ambiente e meu olhar fica
cravado no rosto do homem a minha
frente. Quando o conheci, era como se
toda aquela energia vinda dele me
assustasse e temerosa resolvi, levantar
uma barreira a minha volta com o intuito
de me proteger. Dessa forma, eu estaria
segura, porém, quando eu estava sendo
consumida pelo medo e achei que aquele
homem acabaria com a minha vida e de
Ana anos atrás, foi ele quem me salvou.
E hohe não foi diferente. Depois de
todas as histórias que ouvi sobre como
as mulheres eram tratadas dentro da
máfia e sabendo da crueldade com que
minha mãe e minha avó padeceram nas
mãos de Omar, eu relutei para aceitar
esse acordo. Porém, o meu pai e todos
da máfia albanesa ansiavam pela
unificação.
Após o meu casamento, eu fui levada do
paraíso ao inferno. Senti um misto de
sensações inexplicáveis apodera-se de
mim, mas, foi o homem à minha frente, o
responsável por eu, por pouco, não me
entregar às trevas.
Dor, medo, frustração, sentimentos
terríveis que me levaram a me senti
como um objeto, sendo abusada pelo
meu algoz, que na verdade deveria ser
um protetor, o meu marido e o homem
que sempre me manteria segura.
Tudo que Ayla disse na nossa última
conversa ficou martelando em minha
cabeça, e em meio a tanta raiva e ódio,
será possível nascer o amor?
Será possível perdoar alguém que nos
machucou tanto?
Eu só sei que tudo estava muito confuso
em minha cabeça, esta por sinal, parecia
uma caldeira de tão quente, no entanto, a
sensação que senti ao ver o corpo do
ogro jogado no chão causou uma dor
profunda no meu coração. Eu jamais
achei que sentiria tanto medo com a
possibilidade de ele sair da minha vida.
Eu sei que em meio à escuridão, a luz
pode surgir, mas, me vi questionando se
o ódio e o amor podem andar lado a
lado.
Eu não tinha essa resposta, mas,
esperava que sim.

Três semanas depois...


O barulho tomou conta do ambiente
assim que Ana e Ethan passaram pela
porta. Cinco dias depois do ocorrido,
fizeram a cirurgia para retirada da bala,
porém, ele teve uma parada
cardíaca durante o procedimento e ficou
morto por mais de quinze minutos.
Quanto os médicos já haviam desistindo,
o meu sogro, que montou guarda em
frente ao bloco cirúrgico, percebeu toda
a movimentação e inconformado, entrou
na sala e acabou usando o desfibrilador
repetidas vezes e o trouxe de volta a
vida.
Enquanto Ana, que parecia está fora de
perigo de início, não conseguiu se
mover, o que deixou a todos nós
assustados, porém, pelos exames, os
médicos deram a confirmação de que
não havia nada fisicamente a impedindo
e que era algo emocional. Foram dias
que pareciam uma eternidade e somente
com ajuda do meu pai, ela acabou
saindo daquele bloqueio, quanto ao meu
marido, ele teve todo um processo de
recuperação e hoje, após vinte dias
naquele hospital, os dois, enfim, estão
em casa.
Após o momento de muita euforia e de
todos terem terminado de almoçar,
seguimos para a sala. Helena e Luna,
ainda estavam furiosas, com os dois
homens, que assim como Ethan, foram
responsáveis por momentos de muita dor
e desespero, já que nada nos foi dito
sobre o motivo de eles não terem
confiado em seus próprios familiares, os
olhares de todos os presentes caíram
sobre o meu marido.
— Vamos Ethan, eu quero saber a
verdade e se você, Luccas, participou de
tudo isso, pode esquecer o nosso
casamento — disse Ayla, que tinha uma
expressão fechada e um tom de voz
firme.
— Chega Ayla! — vociferou o seu
irmão e em seguida começou a relatar
tudo que havia acontecido. — Quando
soubemos que Sanada havia infiltrado a
própria sobrinha com a intenção de nos
atingir, sabíamos que em breve o
desgraçado que vivia intocado, sempre à
espreita, sairia da toca, porém, Yan
sempre foi muito mais astuto, tanto que
após matar o seu próprio chefe, usurpou
o seu lugar, controlando assim a máfia
chinesa. Visando isso, só teríamos uma
única chance de acabar de vez com
todos os adversários, não que fazendo
isso muitos outros não iriam aparecer,
mas, tendo o controle da máfia japonesa
e chinesa, nossa organização se tornaria
muito mais forte ao dominar dois
territórios que sempre foram um
obstáculo em nosso caminho — fez uma
pausa olhando para nossos rostos, como
nada foi dito, ele continuou. — Todavia,
para que Yan viesse acreditar que tudo
de fato não passava de uma cilada, todos
vocês deveriam acreditar que realmente
os dois estavam mortos, porém, só não
imaginamos que durante o desespero dos
homens que estavam dentro do avião
uma das maletas viesse a atingir Dusan,
deixando-o meio desorientado. Contudo,
quando ouviu a voz de Enzzo, que
acabou avisando-o que estava na hora
de saltar da aeronave, ele voltou ao seu
estado de lucidez. Dali em diante com
tudo já planejado, só ouve uma troca de
corpos, enquanto os dois observavam
tudo que estava acontecendo.
— Mas, depois de tantos anos juntos.
Porque esconder a verdade da minha
mãe e da minha sogra? Como se não
fosse suficiente, o tio Hulk e o senhor
Boris, que sempre estiveram ao lado de
ambos também desconheciam a verdade
— questionei.
— Tanto Helena, como Luna, jamais
iriam manter sigilo ao ver o sofrimento
dos próprios filhos. Assim como Boris e
Hulk, diante da sua avó e Karen, não
iriam sustentar a verdade por trás da
mentira.
— Achei que ao ser o seu homem de
confiança, você iria confiar em mim —
disse Luccas e sua expressão
demostrava tristeza.
— Se não confiasse em você, nem
estaria vivo e tão pouco seria o futuro
marido da minha irmã, porém, embora
você já tenha me mostrado a sua
lealdade, tem um ponto fraco chamado
Ayla, essa por sua vez tem um grande
poder de persuasão e acabaria por
descobrir tudo. Fizemos o que julgamos
necessário, e como esperávamos, o
maldito ainda estava desconfiado ao
ponto de sondar o território antes de
atacar. Dias, semanas e o segundo plano
precisava ser executado, pois, depois de
tanto tempo, ele certamente tinha certeza
que os dois realmente estavam mortos.
Seu pessoal entrou em solo americano
dias antes do grande evento, o meu pai e
Enzzo já estavam ciente do momento em
que deveriam entrar em ação, só não
esperávamos que supostamente Cecília
fosse direto para as garras do miserável.
Se bem que não entendi como e porque
vocês trocaram de lugar?
O silêncio se fez presente. Os olhares
ficaram cravados em mim e Ana.
Segundos se passaram e ela resolveu
interromper a calmaria.
— Foi tudo minha culpa. Eu errei e não
foi pouco e só percebi o quanto havia
me transformado em um monstro, quando
achei que o meu pai estava morto.
Quando resolvi fugir, fui encurralada
por alguns homens, depois de terem me
dopado, acordei me deparando com Yan,
que até então pensei que se chamava
Nicolas, e, ele contou que era um antigo
amigo de Omar Petrovic, mas sua
existência era desconhecida por nós
duas porque os nossos pais sempre
tiveram medo que eu realmente tivesse
herdado o gênio maldito daquele
homem.
— Continue...
Ela fez uma pequena e as lágrimas
começaram a descer pelo seu rosto, mas
ao ouvir a voz de Ethan, respirou fundo
e continuou.
— Eu fui egoísta desde criança, mas,
jamais achei que poderia ir tão longe.
Pensei só em mim e acabei sendo
manipulada pelas palavras ditas por ele,
vim para New York e tentei a todo custo
seduzir o marido da minha própria irmã,
porém, as palavras ditas por Ethan
foram o primeiro soco que levei,
contudo, saber que o meu pai estava
morto foi o golpe fatal que me fez
acordar para realidade. Tudo perdeu o
sentido, eu estava determinada a acabar
com a minha própria vida, mas, antes
precisava contar a você, Cecília, tudo
que havia feito e pedir perdão, porém,
meu corpo todo gelou quando eu vi um
dos homens que foi responsável por me
levar até aquele infeliz dentro do salão e
quando você disse que ia ao banheiro,
eu vi o papel que você jogou no chão.
Senti um aperto no meu peito e sabia que
algo iria acontecer com você, eu acabei
ficando com vergonha de contar que
havia chegado tão baixo, ao ponto de
prejudicar a minha própria irmã e,
naquele momento, eu só pensei que teria
que fazer algo pela pessoa que sempre
fez tudo por mim. Depois do golpe que
desferi em sua cabeça, fiz a troca de
roupas e ao chegar ao jardim, meu
coração disparou ao ver que era o
homem que já conhecia e antes que eu
viesse a dizer algo, um dos seus
capangas o chamou de Yan e não me
dando tempo de reagir, ele puxou a arma
e ao se aproximar, me fez de sua refém.
Eu sabia que não estava sendo fácil para
ela admitir seus próprios erros e sendo
observada pelos olhares atentos e alguns
em reprovação ao seu ato. Acabei me
levantando e ao acabar com a distância
entre nós, me sentei ao seu lado e
segurei em suas mãos.
— Perdoe-me, por favor!— sussurrou
com a voz chorosa.
— Ei, você é a minha irmãzinha. Tudo
isso foi para você entender que não é e
nunca será igual aquele homem, pois,
Omar só amava a si próprio e jamais se
arrependeu dos seus atos. Você deu o
maior passo ao reconhecer seus erros e
vamos estar sempre aqui para que
jamais a escuridão volte a envolvê-la
novamente. Eu a amo e sempre estarei
ao seu lado.
— Eu também amo você.
Nós duas nos abraçamos e desde
pequena ansiava por sentir novamente
essa sensação tão boa ao estar junto
dela.
Capítulo 39
Alguns dias depois...
ETHAN BORISLAV
D esde o dia em que acordei naquele
hospital que venho ouvindo que
sou muito forte. Clara, essa já estava
acabando com minha paciência ao
querer descobrir do que minha cabeça é
feita para ser tão dura. Meu pai, aquele
que tem sido minha fortaleza e por quem
tenho grande admiração, sempre que
estamos juntos, vejo o brilho em suas
orbitas sombrias quando diz o quanto
está orgulhoso por saber que seu único
filho, atendeu a todas as suas
expectativas. Para alguns, Ethan
Borislav é uma fortaleza, porém,
ninguém sabe que o maior confronto da
minha vida, eu enfrentei justamente
quando estava tão perto de todos e ao
mesmo tempo tão distante.
Naquela cama de hospital, totalmente
inconsciente, o mundo que sempre fiz
questão de pertencer me envolveu de tal
forma, que não existia nada além da
escuridão. Sussurros que se tornaram
cada vez mais fracos, assim como os
batimentos do meu coração, iam
perdendo sua velocidade. Os meus
pulmões estavam ardendo e
consequentemente, o ar se esvaindo
deles, um grande circulo de chamas
surgiu ao meu redor e com ele, os rostos
de todos àqueles que eu havia matado,
começou a passar diante dos meus olhos
como se um filme tivesse sendo exibido
em minha frente.
Pessoas com o rosto totalmente
desfigurado, homens com a marca de um
tiro no meio da testa. Outros com os
olhos arrancados e a barriga aberta,
onde seus órgãos internos pulsavam
freneticamente. Mas, foram as palavras
ditas e a risada diabólica do maldito que
estava com um grande buraco em sua
cabeça, o rosto em carne viva e se
encontrava ao lado da sobrinha que tinha
o pescoço torto, que fez com que as
chamas começassem a se apagar.
— Eu disse que entregava a minha alma
ao diabo, e que cedo ou tarde iriamos
nos encontrar.
As trevas começaram a me sugar cada
vez mais, como se estivesse dentro de
um grande buraco negro. Pela primeira
vez, eu me encontrava incapacitado e
não conseguia reagir, acabei deixando
que aquela escuridão viesse a me
envolver e quando só restava uma única
chama, o rosto da minha mãe apareceu,
assim como das minhas irmãs e da
minha bonequinha, porém, o último fio
de luz se apagou e quando tudo parecia
que havia perdido o sentido, eu pude
sentir algo segurando em uma de minhas
mãos, um toque suave e em seguida um
forte clarão. Abaixei a cabeça e meus
olhos foram ao encontro da imagem do
pequeno anjo que segurava a minha mão,
como se nunca fosse soltá-la, seus olhos
eram tão azuis, tinha o mesmo brilho dos
de Luna, jamais havia visto àquela
criança, mas os traços do seu rosto, os
seus cabelos, me lembravam de alguém
e no momento que eu ia perguntar o seu
nome, um tremor violento tomou conta
do meu corpo inteiro, meus batimentos
que antes estavam fracos, ganharam um
ritmo normal e a garotinha desapareceu
e novamente as vozes ficaram altas.
Após voltar ao meu estado de lucidez,
Dusan me contou que embora Enzzo
estivesse a um fio de matar o verme do
Yan, os dois resolveram que me
deixariam participar da festa em
exterminar esse desgraçado. Dias longos
se passaram, onde fui obrigado a me
manter longe do lugar, onde o maldito
estava, não que algum deles pudesse me
impedir, mas, a minha cabeça insistia
ainda em doer e por mais que lutasse
contra aquele desconforto, tudo
começava a girar ao meu redor.
— Ethan!
Meus pensamentos foram interrompidos
quando ouvi a voz dela me chamando.
Olhei para os lados e nem havia me
dado conta de que já tínhamos chegado.
Peguei o saco com os objetos que trouxe
e logo depois saímos do carro e com
passos apressados, seguimos até entrada
principal do bordel. Minutos depois,
chegamos ao salão e nos deparamos com
Luccas, Boris e Hulk.
— Estávamos lhe aguardando — disse
Luccas.
— Você providenciou a encomenda que
mandei?
— Sim, tudo está na sala de vidro.
Vejo Boris e Hulk se entreolharem, já
que o maldito estava com Enzzo e Dusan
no corredor da morte. Não demorou
muito para que a atenção de todos fosse
direcionada rumo ao corredor quando
Scarllet surgiu e instantes depois,
enquanto as duas mulheres ficaram
conversando, caminhamos para o
elevador que dava acesso ao lugar onde
eles estavam, a cada passo dado, os
gritos do maldito que estava sendo
torturado, acordava todos os meus
demônios adormecidos, meu coração
pulsava em um ritmo frenético ao saber
que em poucos minutos estaria frente à
frente com o verme, que não só quis
tomar posse do que era nosso, como se
não fosse pelo ato de Ana, teria
colocado suas mãos imundas na minha
bonequinha.
Ao chegar frente à porta, respirei fundo
para dissipar um pouco a eufórica
dentro de mim, quando entramos na sala,
meus olhos foram de encontro à imagem
em minha frente.
Sua aparência era assustadora, o que me
fez constatar que os dois homens a
minha frente estavam lhe oferecendo
tratamento vip. O desgraçado estava
completamente despido, tão magro que
dava para ver os ossos das suas
costelas, em sua barriga haviam vários
ferimentos em aberto, assim como o seus
olhos estavam inchados. Ao notarem a
nossa presença, a voz do meu pai logo
se fez presente.
— Ele agora é todo seu.
Minha mandíbula se contraiu, meus
batimentos cardíacos dispararam.
Em passos lentos, caminhei até ficar a
centímetros de distância dele.
— Maldito verme, nem a morte te quis.
Mas, nem que seja em outra vida, irei
acabar com todos vocês.
Sorri ao ouvir suas palavras, me afastei
e caminhei até o pequeno móvel que
continha os utensílios que irei usar.
Enquanto isso, Hulk e Boris colocaram
o infeliz, que estava em cima da maca,
de bruços e seus membros novamente
foram presos.
— Tirem-me daqui seus miseráveis.
— Isso, pode ter certeza que em breve
você será retirado.
Abri o saco que estava em minhas mãos
e todos os olhares ficaram fixos em
minha direção. Coloquei-o em cima do
móvel e em seguida peguei um dos
martelos e retirei um dos pregos de
dentro do saco. Cada objeto media em
torno 5 cm, me virei e voltei para o
lugar em que eu estava minutos atrás.
Coloquei o objeto sobre a pele do
infeliz bem no centro da sua costas e ao
levantar o martelo o golpe foi desferido,
fazendo o prego ser enterrado todo em
sua carne. Ruídos altos saíram dos seus
lábios, enquanto minha atenção se voltou
para o meu sogro.
— Enzzo, por quantos dias Ana ficou
sem andar por causa do tiro que esse
infeliz lhe deu covardemente pelas
costas?
— Cinco dias.
— Luccas, somos quantos nessa sala?
— Se incluímos esse abutre. Somos
seis.
— Boris quanto é cinco vezes seis?
— Insistem em dizer que são 30, mas o
meu pai sempre dizia que deveríamos
acrescentar mais 5 nesta soma.
Eu até me segurei para não sorrir,
contudo, meu olhar foi de encontro ao
brutamonte que ao proferir um golpe no
inimigo, certamente o levaria ao chão.
— Hulk, o que acontece com quem feri
um dos seus?
— Seu destino será a morte, mas antes
sentirá o peso dos meus punhos.
— Então nos mostre a sua força.
O homem, ao contrario de mim, pegou
cinco dos pregos e o martelo, e a cada
martelada, os gritos se tornavam ainda
mais alto, o infeliz se contorcia tentando
escapar, porém, seu sofrimento só estava
começando, pois, assim que Hulk se
afastou feito um animal faminto,
totalmente esfomeado, todos foram de
encontro ao móvel e com os martelos em
mãos e vários pregos em sua posse, o
ambiente foi preenchido pelo barulho
ensurdecedor que saia da boca do
maldito, o que segundo a conta de Boris
eram 35, acabou que todos os objetos
que estavam dentro do saco foram
usados e quando nos afastamos, a
imagem que surgiu em nossa frente fez
meus demônios internos gritarem em
êxtase.
Somente sussurros em forma de gemidos
saiam da boca dele. Eu e Luccas, o
retiramos de cima da maca. E antes de
deixar o ambiente, disse aos demais.
— Encontro todos vocês no setor B.
Chegou a hora desse verme conhecer "A
sala de vidro".
Minutos depois...
Todos os olhares estavam voltados para
o homem que se arrastava dentro da sala
tentando chegar ao que ele achava ser a
sua libertação. Porém, seu corpo foi
lançado à distância quando jatos
potentes de água gelada começaram a
surgir das mangueiras que estavam em
pontos estratégicos da sala. Gritos de
dor e frio ressoavam no ar vindo de
dentro do cômodo, com a força do
impacto causado pelos jatos de água, o
sangue começou a surgir em meios às
feridas da sua barriga. Quando ele ouviu
o som da gargalhada diabólica do meu
pai ecoando no ambiente, a raiva o
dominou e o infeliz, embora quebrado,
era resistente e conseguiu se levantar.
Continuou caminhando e depois de
alguns passos, o maldito conseguiu
alcançar a porta, girou a maçaneta e
assim que a mesma foi aberta, uma onda
de água o levou de encontro ao chão.
Seu corpo paralisou e todos ao meu lado
pareciam hipnotizados com a cena que
se formou em nossa frente e o primeiro
de vários gritos estrangulados saiu
rasgando a garganta dele, assim que uma
próxima onda de água veio de dentro da
porta e com elas, um cardume de
piranhas se fizeram presentes.
Com o cheiro de sangue fresco
impregnado no ar e estando famintas, as
criaturas de dentes mortais e
sanguinárias começaram a estraçalhar o
corpo da sua vítima. A água aos poucos
foi ganhando cor, enquanto o homem já
não lutava mais. Êxtase, essa era a
palavra que representava o misto de
sensações que se apoderou de todo o
meu ser.
Os meus olhos estavam fixos na direção
do grande tanque a minha frente e não
demorou muito para que sua carne fosse
devorada por completo, restando apenas
os ossos e quando as piranhas se
afastaram, uma rajada de fumaça invadiu
o ambiente e em questão de minutos,
todas elas pararam de se mover me
causando um prazer enorme.
Capítulo 40
CECÍLIA BORISLAV
E u estava com Scarllet quando o meu
pai, tio Hulk, Boris e o meu sogro
apareceram no salão. Todos iriam viajar
hoje, uns com destino a Belgrado e
outros para Durrês, passei um bom
tempo conversando com o meu pai e
depois de me despedir de todos e a
doutora que estava ao meu lado também
ir embora, as meninas começaram a
limpar o salão, pois, a noite se
aproximava. Quando estava me
aproximando da porta, encontrei Luccas.
— Ethan está no escritório?
A resposta que veio em seguida fez o
meu corpo todo estremecer em espasmos
violentos.
— Está no corredor 666.
Embora aquele lugar me causasse
calafrios, era chegada a hora de
enfrentar os meus medos e não me
deixar intimidar novamente. Com
passadas largas, andei pelo corredor
sombrio e quando cheguei frente à porta,
meu olhar foi ao encontro do painel.
Perdida estava eu em como adentrar o
ambiente, já que para isso precisava
digitar a senha de acesso, de repente, um
pensamento passou rapidamente pela
minha cabeça e um esboço de um sorriso
surgiu no meu rosto. Não acredito que
isso é possível, não custava nada tentar,
então levei meus dedos até o painel e
comecei a digitar.
— B O N E Q U I N H A.
De imediato a porta foi aberta, e, ao
passar por ela, engulo em seco. O
homem tinha acabado de sair de dentro
da piscina, seu corpo ainda tinha
algumas gotas de água, que escorriam
pelo seu abdômen perfeitamente
esculpido, seus braços cheios de
músculos com aquela tatuagem enorme,
que segundo ele, simbolizava a morte e
também a vida. Meu olhar passou
novamente pela sua barriga e se deteve
no seu membro ereto e com veias
grossas ao seu redor, uma bela e
magnifica imagem a ser apreciada.
Fiquei ali admirando e quando dei por
mim, ele já estava parado em minha
frente.
— Achei que tivesse medo desse lugar
— fala com um ar sarcástico.
— Isso ficou no passado, entretanto,
você disse que este lugar se chamava
sala do prazer e só me fez conhecer a
dor. Agora quero que me mostre de
verdade o prazer que podemos sentir
aqui dentro.
Ultimamente eu nem me reconhecia
mais. Há dias estavam ansiando pelos
seus toques em meu corpo. Meus
pensamentos foram interrompidos
quando suas mãos começaram a explorar
o meu corpo e num piscar de olhos, ele
começou a rasgar as minhas roupas, me
deixando somente de calcinha. Com os
olhos arregalados e uma expressão nada
boa, com uma fúria no olhar o encaro.
— Seu ogro! Como vou sair daqui, nua?
— Mais fácil o céu desabar sobre
nossas cabeças do que deixar você sair
pelada por aquela porta. Ainda tem
algumas roupas suas no closet que
ficaram para ser lavadas.
Uma sensação de alívio me invadiu,
porém, antes que eu tivesse tempo de
reprimi-lo, ele moveu suas mãos até a
minha calcinha, sem desviar os seus
olhos dos meus, puxou a peça do meu
corpo que logo foi jogada ao chão para
depois me pegar em seus braços e
seguiu caminhando até a cama. Quando o
meu corpo foi colocado sobre a colcha
macia, ele se afastou e pegou algo de
dentro do criado mudo, meus olhos
novamente se arregalam em choque, meu
coração disparou ao ver o objeto em sua
mão e antes que eu viesse a levantar,
Ethan abriu minhas pernas ao máximo
tendo a visão privilegiada da minha
gloriosa boceta.
— Tão linda.
Com os olhos fixos na minha intimidade,
ele levou o objeto até ali e uma onda de
eletricidade passou por cada fibra do
meu corpo ao sentir o vibrador em
contato com o meu sexo. Ele começou a
massagear a minha vagina e aquilo fez
com que todas as terminações nervosas
da minha carne latejante viessem a
reagir. Não consegui segurar os
gemidos, pois, as sensações começaram
a me envolver, estava quente muito
quente.
— E... Eu... Hummm... — as palavras
falharam e somente gemidos saiam do
fundo da minha garganta. Ele continuava
me torturando, movendo o vibrador ao
redor do meu clitóris inchado, enquanto
dois dos seus dedos passeiam ao redor
da entrada da minha boceta. Aquilo
estava sendo uma verdadeira tortura,
Ethan continuou com sua exploração até
deslizar os seus dedos para dentro de
mim e um ruído alto escapou da minha
boca.
— Ahhh! — eu gemi, meu corpo se
convulsionou e começou a funcionar
como uma máquina bem lubrificada,
minha boceta se contraiu, sugando os
seus dedos. A sensação de ter seus
dedos entrando tão fundo e tão rápido
em mim fizeram a minha intimidade se
contrair violentamente e, não aguentando
mais, gozei com um gemido alto, incapaz
de conter a onda que me dominou.
Meu corpo foi tomado por um prazer
mais feroz do que qualquer um que já
tivesse sentido antes. Ainda ofegante,
senti o peso do seu corpo irradiando
ondas de calor sobre o meu, seus lábios
cobriram os meus de forma possessiva,
sua língua pediu passagem e começou a
se mover rápido. Enquanto me beijava, a
cabeça do seu pau entrou em contato
com a minha fenda, que a essa altura
estava encharcada e sem demora, ele
enfiou toda extensão do seu membro
para dentro de mim e começou a
movimentar os quadris.
— Porra. Você é tão deliciosa!
Seus movimentos eram cautelosos e
preguiçosos, o que me deixou inquieta.
Em um instante eu estava parada, no
seguinte, estava me movendo
fluidamente, minha vagina apertando o
seu pênis, o que fez Ethan me estocar
com uma velocidade impressionante,
provocando pequenos gritos
estrangulados.
— Eu vou arrebentar essa bocetinha.
Se fosse antes, eu certamente iria tremer
de medo, mas suas palavras só me
deixaram mais acesa.
— Isso se antes ela não esfolar o seu
pau — respondi atrevida.
Para que eu fui dizer aquilo. Seus olhos
ficaram escuros e suas estocadas
implacáveis, fazendo o meu corpo todo
sacudir. Minha intimidade dolorida
estava sendo massacrada pelos seus
golpes fortes, que iam cada vez mais
fundo, o vapor começou a dominar o
ambiente ao nosso redor. Não satisfeito,
ele saiu de dentro de mim, me deixando
desorientada com a sensação de vazio.
— Calma, baby, fique de quatro —
resolvi fazer o que ele ordenou. Tendo
assim a visão do meu traseiro empinado
ao seu deleite. Um ruído abafado foi
dado por mim quando ele deu um tapa
forte em minha bunda e engoli em seco,
sentindo cada centímetro do meu corpo
fica tenso.
— Ahhh...
— Em breve meu pau vai estará dentro
dessa bundinha durinha, alargando você
por dentro, mas, hoje vou te mostrar que
você foi feita somente para mim. Que
ninguém além do seu marido pode lhe dá
tanto prazer.
Dito isso, ele levou uma de suas mãos
até o meus cabelos, enrolando-os em
torno de seu pulso, segurando firme.
Minhas mãos apertaram com força a
colcha, a puxando assim que ele
esfregou a cabeça rosada na minha
entrada, deslizando-a em seguida para
dentro de mim. Um choramingar escapou
da minha boca, enquanto ele empurrava
o seu membro com precisão e os
músculos internos da minha intimidade
começaram a latejar violentamente,
porém, ele ficou paralisado, eu só
conseguia sentir o seu pênis pulsando no
meu interior.
— Isso gostosa, deixa essa bocetinha
apertada engolir o meu cacete.
— Foda-me, por favor.
Minha respiração ficou pesada quando
ele começou a me estocar, enfiando o
seu pênis todo dentro da minha boceta,
entrando e saindo, no mesmo instante,
sua mão puxava os meus cabelos,
sacudindo o meu corpo para frente e
para trás. Senti os músculos da minha
carne molhada se contrair em torno do
seu cacete, os meus gemidos ecoam por
todos os cantos do ambiente.
— Ethan!
— Ainda não bonequinha.
Ethan continuou socando o meu sexo,
com golpes cruéis e impiedosos. Seu
membro incansável me invadindo cada
vez mais firme. Meu sexo doía de tantas
estocadas rígidas e violentas, porém, eu
estava ensandecida em meio ao desejo.
Meu corpo estava e chamas, algo dentro
de mim vibrava com aquele ato tão
selvagem, meu corpo se contorceu e
enrijeceu, enquanto ele continuava a
deslizar o seu membro, sentindo o calor
e o aperto do meu sexo contra aquele
pênis avantajado.
— Minha, só minha.
Minhas pernas começaram a tremer e eu
gritava feito louca de dor e prazer, uma
sequência de golpes foram dados contra
o seu sexo. Rugindo feito um animal e
em uma estocada mais profunda,
gritamos juntos, em seguida alcançamos
o êxtase deixando seu líquido viscoso
me preencher.

Minutos depois...
Eu estava me sentindo quebrada e
exausta, nós dois, formos envolvidos
por um orgasmo estonteante, que nos
deixou completamente paralisados. As
batidas do meu coração eram fortes, eu
ainda estava de olhos fechados, mas
quando ouvi as palavras que foram ditas
por Ethan, meus olhos se arregalaram e
meus batimentos aumentaram
descontroladamente.
— Eu a amo, você é perfeita! Perfeita
para mim.
Capítulo 41
Um mês depois...
CECÍLIA BORISLAV
U m mês se passou desde que uma
explosão de sensações
envolveram. Jamais pensei que algum
me

dia o homem, que até então, eu achava


que era desprovido de sentimentos, mas,
que aos poucos, eu pude observar o
quanto por trás daquela armadura de
homem frio e impiedoso, ele era capaz
de tudo para proteger suas irmãs e sua
mãe. E não foi diferente comigo, quando
se jogou em frente aquela bala e mais
uma vez salvou a minha vida. Pensar
nisso fazia as dúvidas martelar em
minha cabeça.
Se seu ato foi somente por eu ser sua
esposa? Ou será o que tinha por mim era
um sentimento de posse, algo doentio?
Talvez Ayla tenha razão e mesmo de um
jeito dominador, ele sempre gostou de
mim. Contudo, meu coração disparou de
tal forma, que achei que fosse sair pela
minha boca quando ouvi suas palavras.
Sem reação, acabei ficando muda e ele
não mais tocou no assunto.
Faz alguns dias que venho me sentindo
inquieta, tonta e sempre com enjoos.
Quando falei ontem com a minha mãe,
acabei contando como estava me
sentindo, não demorou muito para eu
ouvir sua risada do outro lado da linha.
A mulher ficou eufórica e logo depois
uma única palavra foi dita "gravidez".
Os meus sentidos estavam direcionados
para aquela informação e por alguns
segundos, o meu coração parou de bater,
eu fiquei tão atordoada com os últimos
acontecimentos, que acabei me
descuidando, deixando de tomar o
remédio.
Aproveitando que Ethan tinha uma
reunião hoje à tarde, acabei vindo ao
consultório de Scarllet. Além do
motorista e do segurança que estava
dentro do veículo, mais três carros
estavam fazendo a minha escolta. Essa
era a única forma para que eu pudesse
sair de casa. Quase uns 40 minutos
depois, chegamos ao prédio e nos
minutos seguintes, já estava em frente à
porta da sua sala e assim que girei a
maçaneta, meu olhar ficou cravado no
rosto da mulher que já estava me
aguardando.
— Boa tarde, Cecília.
— Boa tarde, obrigada por ter
confirmado que eu precisava fazer
alguns exames de rotina.
— Sei qual é o preço em omitir
qualquer informação ao seu marido,
mas, como ainda não temos a
confirmação. Então, para todos os
efeitos, é um procedimento de rotina.
— Obrigada — repeti.
Deitada sobre a maca de exames, ela
começou passar o gel frio em minha
barriga muito calmamente. Assim que
terminou, ligou o monitor fixado na
parede e à medida que ia deslizando
lentamente o aparelho pelo meu
abdômen, algumas imagens começaram a
aparecer na tela, e eu já estava suando
frio com a constatação de que realmente
estou grávida. Depois de alguns
minutos, minha respiração ficou
ofegante, um misto de sensações
passaram por mim. Medo, surpresa, eu
comecei a ficar nervosa,
totalmente incrédula, sem quem eu
pudesse controlar, as palavras fugiram
da minha boca.
— É o que eu estou pensando?
— Meus parabéns, você será mãe de
dois bebezinhos.
Meu coração disparou, eu já não
conseguia desgrudar o olhar da imagem
a minha frente.
— Você tem certeza?
— Sim, aqui está. Ainda não dá para
saber o sexo, mas podemos ouvir os
corações e assim, você terá plena
certeza. Quando novamente ela deslizou
o aparelho sobre a minha pele melada,
o medo que estava sentindo deu lugar a
uma sensação inexplicável. O amor
brilhava em meus olhos, algo incontável
e imensurável que me tomou por
completo e, lágrimas molharam a minha
face no mesmo instante que um sorriso
brotou em meus lábios.
Instantes depois...
Eu estava ansiosa, comecei a andar de
um lado para outro do quarto. Respirei
profundamente, tentando me acalmar e
instintivamente levei minhas mãos de
encontro ao meu ventre. Fiquei passando
uma de minhas mãos em volta da minha
barriga e em seguida, me vi divagando
em meio ao atoleiro de sensações que
senti no consultório de Scarlett.
Quando criança, eu lutei o quanto pude
para que esse acordo fosse desfeito,
mas, depois entendi que seria o meu
destino, ao conhecer aquele que seria o
meu marido e ver toda sua petulância e a
quem eu achava um velho, fui
alimentando um sentimento de raiva.
Desta forma, ao saber em que ele havia
se transformado, eu não queria
engravidar, mesmo sabendo o quanto
uma família é algo maravilhoso.
Embora eu pudesse ter tornando cada
minuto dentro daquela sala do prazer
algo prazeroso, eu estava tomada por
tanta raiva, e, determinada a mostrar
para ele que não era um objeto, o qual
ele podia manipular, que senti na pele
como uma mulher se senti ao ser usada e
forçada a fazer algo que não quer,
enquanto, seu parceiro mais parece um
animal, disposto a se saciar, nem que
para isso, ele lhe mostre a sua pior face.
Ethan me fez sentir coisas e ter
sentimentos ruins, ao ponto que um
pensamento sombrio passou pela minha
cabeça, então entendi que no momento
de fraqueza, de dor, as trevas sempre
nos puxam, querendo nos envolver como
se a única saída para escapar de todo
aquele sofrimento, fosse à morte. Mas,
devemos acima de tudo, pensar o quanto
a vida é preciosa e desistir dela só vai
fazer do seu algoz um vitorioso ao
conseguir destruí-la.
Confesso que ao desconfiar de que
estivesse grávida, fiquei com muito
medo a princípio, mas, lutarei com todas
as minhas forças para protegê-lo. Meus
pensamentos foram afastados quando a
porta foi aberta e toda minha atenção se
voltou para o homem que surgiu em
minha frente, suas orbitas azuis
começaram a analisar o meu rosto,
certamente ele havia percebido pelas
minhas feições, que eu estava inquieta.
Instantes depois, ele deu alguns passos à
frente e parou poucos centímetros de
distância de mim.
— Você quer me dizer algo?
Seus olhos foram de encontro ao
envelope que eu nem havia percebido
que segurava com muita força.
O meu pai não teve mais filhos pelo
ocorrido com a minha mãe, os meus
sogros, se tivessem mais tempo,
certamente já tinham um time de futebol,
porém, diante de um homem que luta
bravamente para esconder seus
sentimento, não sei como será sua
reação ou se ele será um bom pai.
Embora que no início tenha sido difícil,
eu tenho que reconhecer que ele não se
tornou nenhum príncipe encantado e nem
vai, já que tudo que ele é, faz parte da
sua essência, e, mesmo sendo um ogro a
maior parte do tempo, querendo impor
suas vontades, o homem consegue sair
do seu inferno particular e quando
estamos juntos, a química é fatal, como
se fossemos somente um.
Sem mais adiar o momento, estendi o
exame em sua direção. Fiquei
observando cada movimento dele e
principalmente suas feições quando
retirou o ultrassom de dentro do
envelope, seus olhos que estavam
insondáveis, ficaram grudados no papel,
eu já não sabia saberia distinguir o que
passava em sua mente sombria. No
entanto, minutos se passaram, ele, que
até então tinha uma expressão
indecifrável, esboçou um sorriso e a
calmaria foi quebrada no ambiente.
— Espero que sejam dois meninos.
Chega de viver cercado por mulheres.
Eu senti um tremor diante de suas
palavras, porém, o homem voltou
novamente sua atenção para o
documento em suas mãos, ele parecia
enfeitiçado, pois, seus olhos azuis
tinham um brilho intenso.

Algumas semanas depois...


Ethan não quis dar a notícia por telefone
e ontem chegamos de Belgrado. Com o
evento que foi feito para comemorar a
unificação das duas máfias e a posse
sobre a Yakuza e a tríade chinesa, ele
acabou relevando a todos que eu estava
grávida e se a notícia já foi motivo de
comemoração, quando contou que eram
gêmeos, eu não sabia quem ostentava um
sorriso mais largo, se o meu pai, o
próprio Ethan ou o meu sogro, que
raramente sorri, mas tinha aquela
expressão de orgulho do filho.
Luccas era como a mãe e veio logo
fazendo todos sorrirem ao dizer que
sendo quem era, até os espermatozoides
eram mafiosos, já chegavam querendo
ocupar todo território. O que levou
todos a darem altas gargalhadas, também
deu lugar ao silêncio quando o meu
marido lançou um olhar mortal na
direção dele e de Ayla, ao mencionarem
que esperavam que fossem duas
meninas. Falando nesses dois, daqui a
alguns meses será o casamento que
todos tanto vinham aguardando, eu fiquei
feliz em saber que vão morar aqui em
New York, apesar da diferença de
idade, eu a tenho como minha irmã mais
velha e desde que a conheci sempre nos
demos muito bem.

Meses depois...
ETHAN BORISLAV
Passei vários anos questionando, o
motivo de o meu pai insistir tanto para
que essa união viesse a acontecer. No
meio de tantas outras, porque a fedelha
foi a escolhida? Entre tanta raiva que ela
despertou em mim, a atrevida acabou se
tornando o meu calcanhar de Aquiles e a
única capaz de fazer os meus demônios
ficarem quietos.
Os meses se passaram e a mulher se
tornou um furacão na cama, porém, há
três meses, acordei num sobressalto com
os gritos altos que ecoavam no
ambiente, Cecília se contorcia em meio
à dor, eu fui tomado por um sentimento
de medo ao ver todo o seu desespero.
Todavia, foi somente um momento e ao
confirmar que seria pai de dois meninos,
deixou-me satisfeito. Daqui alguns dias
chegará finalmente o dia do nascimento
deles, no entanto, hoje o grande dia será
daquela que embora afrontosa, que
sempre me deixava possuído de raiva
quando criança, se unirá para sempre ao
homem que tenho como um irmão.
— Ethan!
Em meios aos meus pensamentos, eu
acabei perdendo a noção do tempo
transcorrido. Saímos do carro e devido
ao estado de saúde de Cecília, que nas
últimas semanas, vinha se sentindo
indisposta. Luccas e Ayla resolveram
que se casariam em New York, afinal foi
o lugar que os dois nasceram e
cresceram. Adentramos o jardim da
mansão dos meus pais, pois minha irmã
preferiu que a cerimônia fosse feita no
ar livre. Aproximamo-nos da grande
multidão e meu olhar foi de encontro ao
clone que estava próxima ao Gael, esse
por sua vez me olhou de uma forma que
se não fosse pelo casamento de Ayla e
sabendo que o infeliz tem grande
serventia para nossa organização, eu
mesmo arrancaria os seus olhos com as
minhas próprias mãos.
Cecília foi até os pais, enquanto segui
para falar com a minha mãe. Instantes
depois que todos já estavam
acomodados, o silêncio deu lugar a uma
música suave. Olhei para Luccas, que
mais parecia um palhaço com um
sorriso que ia de uma ponta da orelha a
outra e só ficou pior à medida que minha
irmã, que estava sendo conduzida por
Dusan, rumo ao altar, se aproximava e
assim que ela foi entregue a ele, não
dava para ouvir o que o meu pai disse,
mas eu podia compreender bem o
recado através dos movimentos dos seus
lábios, e por alguns segundos, o sorriso
desapareceu do rosto de Luccas e tive
que me segurar para não sorrir.
Os anos passam e algumas coisas nunca
mudam, o medroso terá que andar na
linha e tratar Ayla como uma rainha ou
terá que aguentar a fúria não só do meu
pai, como a minha. Nos momentos
seguintes, o homem a frente deles fez
todo um sermão, senti um aperto forte
em minha mão, olhei para Cecília que
parecia inquieta.
— Você está sentindo alguma coisa?
— Nã... Não, eu estou bem.
Mesmo ouvindo suas palavras, algo me
deixou em total alerta. Volto minha
atenção novamente para o casal, assim
que as trocas de aliança foram feitas e
em seguida o som da voz do
cerimonialista, reverberou no espaço.
— Eu agora, eu vos declaro marido e
mulher. Pode beijar a noiva.
O infeliz não perdeu tempo em puxar
minha irmã contra os seus braços e à
medida que aprofundavam o beijo, uma
onda de aplausos preencheu o ar, porém,
um grito alto se sobressaiu aquele
barulho, tirando a atenção dos recém-
casados para a mulher que estava ao
meu lado.
— Aiiiiii...
Mesmo durona, ela não conseguiu
segurar e as lágrimas, que começaram a
escorrer pelo seu rosto.
— Ethan, está doendo muit...
Antes que ela viesse a dizer mais
alguma coisa, um ruído potente ecoou no
ar e tanto Lauren como Scarllet vieram
ao seu encontro.
— Tem algo saindo...
Outro grito horripilante se fez presente,
me deixando sem reação com as
palavras que ouvi em seguida.
— Não dará tempo de chegar ao
consultório, terá que ser um parto
normal.
— Ethannnn...
Gritou ela furiosa, me tirando do transe
que estava. Enzzo se aproximou e com
sua ajuda, a levamos para dentro da
casa.
Estou andando em círculos, pois toda
essa espera está me deixando
enlouquecido. Os barulhos vindos do
quarto cessaram, e tanto Helena, como a
minha mãe, não vieram dizer nada.
Minutos de muita agonia se arrastavam e
quando Luna apareceu no ambiente,
ostentando um sorriso de orelha a
orelha, senti uma sensação de alívio.
— São lindos.
Eu nem esperei para ouvir o que
estavam dizendo, só sei que enquanto
atravessava o corredor, ainda ouvia os
risos vindos da sala.
Quando entrei no cômodo, fiquei parado
admirando a bela cena a minha frente.
Pouco depois, me aproximei dela e
como Luna havia dito, eram perfeitos e
puxou a beleza da mãe. Ela que parecia
enfeitiçada, olhando fixamente para seus
filhos, resolveu interromper o silêncio
que pairava no ar.
— Ele vai se chamar Theo, que significa
Deus supremo.
Disse olhando para o garotinho que
dormia profundamente.
— Este será Brian, aquele que é forte
assim como sua aparência.
Ao contrário do irmão que estava
vestido de vermelho, indicando que era
o meu primogênito, o meu caçula tinha o
rosto mais largo e bem bochechudo.
Seus olhos já estavam arregalados num
tom esverdeado e naquele momento, eu
tive a certeza que estava diante do meu
sucessor.
Capítulo 42
Três meses depois
CECÍLIA BORISLAV
A cada dia, uma nova descoberta, um
novo ensinamento. Os meus filhos
são duas dádivas de Deus, duas joias
raras, que foram o melhor presente que
podia receber da vida.
Meses atrás, ouvi a minha cunhada
dizendo que eu havia causado um
impacto forte na armadura que Ethan
sempre fez questão de usar desde
criança, porém, foram esses dois
pacotinhos de luz que fizeram uma
grande rachadura na armadura do
homem implacável e sombrio.
Ethan é um pai maravilhoso e embora eu
quisesse cuidar pessoalmente dos
nossos filhos, meu olhar foi de encontro
à mulher muito bonita por sinal, que
aparentava ter uns 30 anos e veio de
Belgrado, para me ajudar com os
meninos.
Espanto os pensamentos ao ouvir Ethan
falando.
— Essa é Agatha, além de enfermeira,
presta serviço há alguns anos no hospital
que pertence à máfia Sérvia.
— Seja bem-vinda.
— Obrigada.
— Vamos, vou lhe apresentar os
meninos que já devem estar prestes a
acordar.
Seguimos para o segundo andar e depois
de percorrer o corredor, paramos em
frente à porta do quarto deles. Sendo
ainda tão pequenos, resolvemos que
iriam permanecer juntos no mesmo
quarto. Instantes depois, ao entrar no
ambiente, como já esperava, os sons
característicos começaram a ecoar no
ambiente. Ethan ficou parado, enquanto
fui pegar Theo, Agatha foi até onde
Brian estava, esse por sua vez, começou
a chorar sem parar, acabei entregando
Theo para ela e tirei o meu marrentinho
do berço. Embora tenha só três meses,
Brian é bem diferente do irmão, sapeca,
tem um olhar semelhante ao do pai, sem
contar que parece a cópia em miniatura
de Ethan.
O silêncio logo predominou a nossa
volta e por alguns segundos, me vi
perdida, olhando para a mulher que tinha
um dos meus filhos em seus braços.
Theo estava quieto e não sei o porquê,
mas, eu acabei sentindo uma sensação
estranha.
"Será que estou com ciúmes?"

Alguns dias depois...


Espreguiço-me ainda deitado em minha
calma e fico fitando o teto branco do
quarto por alguns segundos. Forço os
meus olhos a se abrirem por completo,
e, em seguida, ainda sonolenta, tento me
levantar.
Três dias se passaram desde que Agatha
chegou e o que para Ethan acabaria por
me deixar mais descansada com sua
ajuda, acabou por fazer com que eu não
dormisse direito a três noites em que ela
estava aqui. Fui algumas vezes
escondida até o quarto dos meninos, isso
porque o ogro já estava dormindo,
embora muito atencioso com os filhos,
quando estava em casa, ele queria a
minha atenção total voltada para ele.
Não nego que em seus braços, o meu
corpo vibrava em meio ao prazer, mas
por outro lado, eu me encontrava sempre
com aquela sensação de inquietude a
minha volta.
Com passadas largas, fui até a sacada e
um sorriso largo surgiu no meu rosto ao
ver o homem dentro da piscina, nadando
de um lado para o outro. Desviei o olhar
para o outro lado e Agatha estava com
os meninos tomando sol, aproveitei e fui
até o banheiro escovar os meus dentes e
acabei colocando um biquíni. Instantes
depois, eu estava passando pela porta
que dava acesso a área onde ficava a
piscina, me detive ao ver o olhar da
mulher lançado na direção do meu
marido. Senti uma onda de calor
envolver o meu corpo, meus batimentos
cardíacos ficaram mais forte e minha
respiração pesada.
Depois de alguns passos, cheguei até
onde o meus filhos estavam e ela nem
havia percebido a minha aproximação,
até o momento que o som da minha voz
se fez presente.
— Para o seu próprio bem, mantenha
seu olhar bem longe dele ou jamais verá
a luz do dia novamente.
Seus olhos ficaram arregalados em
minha direção, nem eu mesma estava me
reconhecendo, mas diante de seu
atrevimento, fui envolvida por um
sentimento de posse assustador. Depois
de ver como meus pimpolhos estavam e
dá um beijo em cada um deles, caminhei
na direção do meu marido, entretanto, a
cada passo dado, fiquei me
questionando o motivo de ultimamente
está me tornando alguém tão possessiva
em relação a minha família.
Horas mais tarde...
ETHAN BORISLAV
Embora estivesse com uma vontade
enorme em ficar em casa e me deliciar
do belo corpo da minha mulher, hoje
teria um grande leilão e
consequentemente a casa estava lotada,
os momentos seguintes, ao lado do
recém-casado que mais parecia um
cordeirinho nas mãos de Ayla, fiquei a
observar todos os movimentos a nossa
volta, enquanto isso, o homem em posse
do microfone continuava a perguntar
quem dava outro lance. Os valores
estavam cada vez mais altos e as
mulheres que estavam sendo leiloadas
eram todas virgens e acabaram por
querer leiloar sua própria virgindade em
trocar de um alto valor, lógico que elas
nem tinham noção que o que me pediram
seria nada comparado com a fortuna que
eu iria ganhar.
Só bastou alguns zeros para seus olhos
brilharem.
— $ 1 Milhão dólares.
No momento que Fillipe Carter, levantou
sua plaqueta, senti um desconforto
terrível, uma inquietação e meus órgãos
internos começaram a funcionar a todo
vapor. Cecília, meu pensamento foi todo
direcionado para ela. Imediatamente
peguei o celular e ao acessar as
câmeras internas da minha casa, a vejo
deitada, contudo eu ainda estava
inquieto e ao passar os dedos pela tela,
minha atenção ficou direcionada para o
quarto dos meus filhos, olhei
minuciosamente tudo em volta do
ambiente e não havia nado de errado.
Todavia, em se tratando dessa sensação
ruim, somente duas coisas faziam meus
demônios se manifestarem dessa forma.
A primeira era ela e a segunda quando o
inimigo estava próximo a atacar, olhei
novamente para as imagens do nosso
quarto e após colocar zoom para ter
uma melhor visão. Fiquei observando
sua expressão e de repente percebi uma
pequena neblina em volta do ambiente,
mas, logo a tela do meu aparelho ficou
numa escuridão total.
— Ethan!
Meu olhar ficou cravado no rosto de
Luccas e antes de sair praticamente
correndo em direção ao meu carro,
algumas palavras foram ditas por mim.
— A minha família está em perigo.

CECÍLIA BORISLAV
A escuridão está a minha volta e
vai me consumindo lentamente,
puxando-me com uma força assustadora.
Minhas pálpebras estão pesadas, assim
como a minha cabeça, eu preciso
acordar, eu tenho que acordar.
Lutando com todas as minhas forças,
meus olhos se abrem. Minha vista está
escura, turva e tudo girando ao meu
redor. Com dificuldade consigo me
levantar e ao ver a neblina em volta do
ambiente, o ar que entrava nos meus
pulmões, o fazia arder, causando-me um
desconfortável terrível. Levo uma das
mãos até o meu nariz e juntamente com a
minha boca que foi fechada, eu impedi
que o ar chegasse até eles e diante da
cena a minha frente, um único
pensamento tomou conta da minha
mente, "meus filhos".
Saio do quarto, desorientada, e ao
chegar ao corredor, respiro
profundamente, fazendo os meus
pulmões se enchessem de ar puro.
Sentindo-me um pouco mais aliviada,
aumento o ritmo dos meus movimentos e
avanço em direção do quarto deles,
porém, no instante que abro a porta a
minha frente, um tremor violento me
atinge ao ver a imagem dos meus filhos
em cima da cama, enquanto a mulher que
deveria cuidar e protegê-los, segura uma
faca em uma de suas mãos.
— Os pais de vocês me tiraram a minha
única irmã, chegou a hora de eles
sentirem a dor terrível da perda.
Com o ódio percorrendo cada fibra do
meu corpo, assim que ela levou o objeto
em direção ao peito de Theo, que a essa
altura chorava desesperadamente. Feito
uma leoa pronta para defender seus
filhotes, avancei para cima dela, e antes
que ela viesse a atingir um dos meus
filhos, os nossos corpos foram de
encontro ao chão. Nunca havia sentindo
tanta raiva em toda a minha vida e ali
nos duas começamos a rolar de um lado
para o outro e quando subi em cima
dela, um barulho alto escapou do fundo
da minha garganta quando senti algo
entrando, rasgando a minha pele.
— Isso é pela Amber, vadia.
Olhei para o meu braço esquerdo e o
sangue começou a escorrer pela minha
pele, pingando no chão. Naquele
momento, era como se uma nuvem
escura tivesse novamente me envolvido,
meu coração disparou e quando ela foi
novamente desferir outro golpe, embora
com dor, segurei forte em seu braço e a
faca acabou caindo no chão, antes que
ela cogitasse em pegá-la, fechei minha
mão direita em punho e o primeiro soco
foi dado em sua face.
— Você pode mexer comigo, mas, vai se
arrepender em querer tocar nos meus
filhos.
Ruídos começaram a escapar da sua
boca, mas, a raiva estava me queimando
por dentro, parecia que algo tinha me
possuído, pois, não tinha mais o controle
das minhas mãos e comecei a bater sem
parar. O sangue começou a jorrar pelos
cantos da sua boca, eu continuei batendo
ainda mais forte, no entanto, uma voz
potente ecoou, vindo da direção da
porta, só levantei o olhar por alguns
segundos naquela direção e as trevas
pareciam que tinham se afastado de
mim.
— Pare!
Ethan disse, porém, ouvindo o choro dos
meus filhos que estavam gritando ainda
mais alto, e com a imagem dela e aquela
faca pronta para feri-los em minha
mente, perdi o resto da minha sanidade e
levei as duas mãos de encontro aos seus
cabelos e a cada ruído que saia dos seus
lábios, ao ter sua cabeça batendo no
concreto, ensandecida e com um ódio
mortal, eu batia com mais força, a certa
altura somente se ouvia o choro dos
meninos e quando Ethan me puxou, olhei
para mulher que já estava sem vida, um
calafrio passou por mim, assim como
senti que uma forte fraqueza no meu
corpo, minha vista escureceu e antes de
ser envolvida pela escuridão, as
palavras em forma de sussurros ecoaram
no espaço.
— Ninguém toca nos meus filhos.
Capítulo 43
ETHAN BORISLAV
M eus batimentos ainda estão
acelerados. O sangue que correm
em minhas veias está tão quente que
sinto como se tivesse fogo líquido
passando por elas, estou prestes a fazer
um buraco no chão, enquanto o casal que
se encontra na sala privativa do hospital
tentar me acalmar.
— Calma, irmão, vai fica tudo bem.
O infeliz, que se não fosse o meu amigo
e cunhado, e que herdou as gracinhas da
Karen, resolveu soltar uma das suas, o
que fez meu coração bater alto como se
tivesse prestes a sair pela minha boca.
— É bem capaz de a médica dizer que o
desmaio não foi pelo ferimento no
braço, devido ao tanto de sangue que
acabou perdendo. Mas, que ela está
grávida.
Lancei um olhar mortal em sua direção e
só foi desviado quando finalmente, a
mulher que estava aguardando, surgiu no
ambiente.
— Como ela está? — pergunto
apressadamente.
— Sua esposa é forte e está fora de
perigo, no entanto, os exames revelaram
que ela está grávida de quase dois
meses e pelo ultrassom, avistamos dois
sacos gestacionais.
Puta que pariu! Grávida!
De repente o ambiente foi preenchido
pelo barulho da risada do casal de mel e
como se não fosse suficiente, os dois
falaram ao mesmo tempo à frase que me
fez ter um solavanco, como se tivesse
levado um choque e tive que me manter
firme.
— Que venham duas sobrinhas.
Suspiro fundo e antes de ir ao encontro
da minha mulher, assumindo a minha
postura de homem frio e implacável, dou
um olhar gélido na direção deles e me
referindo a Luccas, falo.
— Eu vou te promover a vidente em vez
de conselheiro — saio escutando sua
gargalhada às minhas costas.

CECÍLIA BORISLAV
Eu ainda estava tentando processar os
últimos acontecimentos. Depois do ódio
incontrolável que me envolveu, onde
pela primeira vez eu senti as trevas se
apossando do meu coração, eu jamais
pensei que depois de momentos de muita
agonia, raiva e rancor, eu pudesse ser
tomada novamente por essa sensação
inexplicável, ainda estava incrédula ao
saber que estava grávida, já que dessa
vez não senti nenhum sintoma e estando
meus filhos somente com três meses,
tudo indica que logo após terminar o
meu resguardo, acabei engravidando.
Fiquei tão distraída com os meus
próprios pensamentos, que nem notei
que a porta havia sido aberta e quando
dei por mim, Ethan estava paralisado e
sua expressão é indecifrável, seus olhos
continuam fixos em minha direção, o que
me deixou inquieta e agitada. Minutos
depois, ele andou até onde eu estava, em
seguida se sentou na beirada da cama.
— Pelas suas feições parece que não
gostou da notícia que recebeu — falo.
Ele por sua vez, move uma de suas mãos
e segura a minha, logo depois a leva de
encontro a sua boca, beijando-a.
— Só estava pensando no que Ayla e
Luccas disseram.
— O que eles falaram? — questiono.
— Que poderiam ser duas meninas.
— Então é isso, mas você não vai
renegá-las, vai? — pergunto apreensiva,
pois, na minha primeira gravidez, ele em
nenhum momento cogitou a
possibilidade em ter uma filha. Contudo,
eu jamais iria deixar que ele viesse a
tratar com indiferença os meus filhos,
mas, entre as minhas dúvidas, ele que
parecia ler os pensamentos, acabou
trazendo um alívio ao meu coração.
— Só estou me preparando mentalmente
para arrancar os olhos de qualquer
infeliz que ousar olhar para elas.
Ele disse aquelas palavras com uma
expressão tão séria que comecei a sorrir
e sendo o ogro ciumento que era, eu já
estava preocupada em com seria caso
fosse realmente meninas.

ETHAN BORISLAV
Passaram-se três dias desde o ocorrido
que levou a minha bonequinha a se
transformar em uma protetora. Uma mãe
que não hesitou em mostrar tudo que era
capaz de fazer para defender os seus
filhos.
Aquela infeliz acabou sendo infiltrada
ainda criança no coração da máfia
Sérvia. Para todos, assim como a mãe
de Amber, sua irmã mais velha havia
falecido no acidente que só teve ela
como sobrevivente, porém, o maldito
Sanada, foi muito mais ousado e deixou
que todos pensassem que sua outra
sobrinha havia falecido e apagou tudo
sobre a sua existência. Os anos se
passaram e Agatha se mostrou além de
inteligente, bem eficiente em tudo que
fazia. Desta forma, quando solicitei uma
babá que tivesse ligação com nossa
organização, a desgraçada achou o
momento propício para colocar sua
vingança em ação.
Acabamos por descobrir que o soldado
que havia supostamente passado a
informação do lugar em que eu e Cecília
iríamos viajar, tinha um caso com a
infeliz e não descarto a possibilidade de
que foi ela quem passou a informação
para o próprio tio. Não importa o quanto
lutamos para exterminar as ervas
daninhas que insistem em surgir ao
nosso redor, mesmo mostrando aos
malditos que a morte será o seu destino,
sempre irá surgir um traidor.
Deixo os pensamentos de lado e
caminho rumo à escada, depois de
longas passadas, me livrei dos degraus e
ao chegar ao corredor, já dava para
ouvir os gritinhos dos meus filhos.
Desde ontem que ao chegar em casa, foi
dada a ordem e os berços dos dois
foram colocados em nosso quarto, pois,
a bonequinha não quer se separar deles.
Outro quarto próximo ao nosso estado
sendo reformado para acomodá-los,
enquanto o que antes pertencia a eles, eu
mandei fazer uma sala de jogos e quem
sabe quando tiverem grandes, poderão
entrar no cômodo novamente. Por
enquanto, deixarei que eles continuem
dormindo perto da mãe, já que era bem
capaz de ela mudar para o quarto deles,
temerosa de que algo viesse a acontecer
novamente. Lentamente abro a porta e
fico os observando, os três estão sobre a
cama e os meninos estão sorrindo em
meios às palavras da mãe.
— Quem são os amores da vida da
mamãe?
Ela pergunta enquanto começa a beijar
a barriga deles. Ao contrário de Brian, o
sapeca do Theo, acabou percebendo a
minha presença e seu olhar fica fixo em
minha direção, fazendo com que sua mãe
seguisse o mesmo percurso com os
olhos até onde eu estava. Com passos
cautelosos, ando até eles e ao me juntar
a minha família, enquanto ela continua a
brincar os eles, fico admirando os três.
Eu escolhi um caminho que ao percorrer
trançou o meu próprio destino e não
tinha mais volta; sou o que sou. Entre um
mundo de luz, eu escolhi deixar que as
trevas também fizesse parte da minha
vida.
Ao contrário de muitos que são
moldados pelo sofrimento, eu escolhi
ser quem sou. Os meus demônios
internos aprenderam a deixar de duelar e
aceitar a luz que somente ela foi capaz
de fazer chegar até eles. Assim como
Dusan e Enzzo, em minha vida já estava
predestinado à chegada de um anjo,
contudo, bem diferente de Helena e
Luna. Cecília nasceu dentro da máfia,
um anjo lapidado na medida certa, que
conhecia todas as implicações de sua
posição e que era capaz de se tornar
implacável para defender quem ama.
O criador fez Eva, pois, Adão se sentia
solitário.
Um homem precisa de uma mulher,
assim como, o soberano da máfia jamais
seria quem é se não fosse a sua cara
metade. A dona não só da máfia, mas do
seu coração.
Acabei ficando perdido em meio aos
meus pensamentos e só quando as
palavras ressoaram a minha volta, não
só fazendo todos os meus demônios
vibrarem intensamente, como agitando
meu coração freneticamente, foi que
pude sentir uma sensação avassaladora
envolve-me instantaneamente em todos
os sentidos e trazendo a realidade.
— Muito obrigada pela nossa família.
Obrigada por ter me dado os maiores
presentes da minha vida, eu amo a
família que construímos juntos — seus
olhos estão brilhando intensamente. —
Eu nunca pensei que diria isso, mas,
amo ainda mais você, Ethan.
Capítulo 44
CECÍLIA BORISLAV
E u acabei deixando de lutar contra os
meus próprios sentimentos e diante
de toda felicidade que estava sentindo.
As palavras vieram do fundo do meu
coração e ver o brilho reluzente em seus
olhos azuis, fez o meu coração se
aquecer ao ter a confirmação que até o
anjo mais sombrio não está imune ao ser
atingindo pelo amor.
Com passos largos, deixei o closet e ao
voltar para o quarto, meu olhar foi de
encontro aos meus filhos que dormiam
profundamente. Depois do ocorrido com
aquela infeliz, se já estava inquieta ao
deixá-los aos cuidados de terceiros, eu
decidi que não importa o quanto eu fique
cansada, irei cuidar deles pessoalmente.
Eu jamais pensei que deixaria a
escuridão me dominar, e em meio a
tentativa de Ethan em querer me
subjugar, eu me mantive firme, embora
ele fosse o primeiro a fazer com que as
trevas viessem a rondar o meu coração,
e, se de fato ele estivesse me mostrado
realmente toda a sua fúria e sua
crueldade, o meu coração e o meu
corpo teria saído totalmente quebrado.
Contudo, pelos meus filhos, eu descobri
que posso chegar até a beira do abismo
e se for preciso, levar quem estiver em
minha frente junto comigo para as
profundezas dele, eu não irei hesitar.
Pego a babá eletrônica e caminho em
direção à porta. Atravesso o corredor e
instantes depois, já estava no último
degrau da escada, bastou algumas
passadas para ficar em frente ao
escritório onde o meu marido estava
com Luccas. Respiro fundo e adentro o
ambiente, pelas feições dos dois, eu
sabia que algo estava os incomodando.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto
rompendo a calmaria que reinava no
ambiente. Ele mantem seu olhar em
minha direção e instantes depois diz.
— Com a morte de Yan, estamos
fazendo um levantamento sobre tudo que
estava sobre a posse da tríade chinesa.
Entre vários negócios, onde o tráfico de
armas e drogas estão envolvido, há um
grande Casino em Tóquio, contudo, o
negócio que antes era uma das maiores
fontes de renda, acabou sendo fadado ao
fracasso.
Ele fica em silêncio como se ainda
estivesse em dúvida do que fazer e tive
a confirmação quando escuto a voz de
Luccas.
— Nós queremos ampliar o lugar e
resgatar novamente os clientes que
acabaram por mudar para concorrência.
Fico pensando no que ele havia dito e
um pensamento passa rapidamente pela
minha cabeça. Quando o som da minha
voz preenche o espaço, os dois homens
ouvem cautelosamente tudo que eu
começo a dizer.
— Tudo nesta vida existe concorrência,
mas, o diferencial para alcançar o êxito
e trazer algo que chame atenção dos
clientes, é um ambiente que além de
luxuoso, os façam querer permanecer
por um longo tempo e retornar
novamente. Quando estávamos na Itália,
além do hotel magnífico que tinha um
restaurante com um cardápio impecável,
o casino localizado dentro do próprio
prédio acabava por ser o centro das
atenções, tendo um público alvo
diversificado. Tanto de quem vinha
somente a procura dos jogos, assim
como os próprios hospedes e aqueles
que eram atraídos pela comida
acabavam por encontrar uma ótima
distração no mesmo lugar.
Ethan que na maioria das vezes tem uma
expressão fechada, esboça um sorriso de
satisfação. Porém, como diz o velho
ditado: filho de peixe, peixinho é, e foi
Luccas, o primeiro a se pronunciar.
— Você possui uma habilidade
excepcional em controlar sua
respiração, sabe manusear uma arma tão
bem quanto o soberano da máfia e é
implacável para defender aos que ama,
e, ainda é uma ótima conselheira.
Arruma a mala aê Luccas, que pelo
andar da carruagem, eu logo, logo, serei
rebaixado, enquanto os inimigos, para as
chamas serão lançados.
Eu não me aguentei e uma gargalhada
potente ressoou no ambiente. Olhei para
Ethan, que se encontrava com um olhar
fixo na direção do homem que ostentava
um largo sorriso e embora sua expressão
fosse um tanto indecifrável, eu entendi
que, se muitos diziam que somente um
anjo poderia trazer luz a vida de um
demônio, Luccas, com seu bom humor,
também tinha uma grande missão e de
alguma forma, ele sempre foi uma peça
fundamental para que de fato houvesse
sim, uma chama acesa no coração
sombrio de Ethan Borislav.

Dois meses depois...


Dois meses se passaram muito rápido,
eu estou imensamente feliz.
Olhei para imagem à minha frente
pensando que por trás do seu belo
rosto se esconde a verdadeira fase do
demônio, porém, não consigo parar de
contemplar a sua beleza. O meu marido
dorme profundamente e está
completamente despido, senti uma onda
de calor apodera-se de mim quando o
meu olhar foi de encontro ao seu pênis
duro, que estava caído pesadamente
sobre o abdome. Nem mesmo dormindo
a criatura se aquietava, o que me fez
lembrar que ao longo desses últimos
dias, muita coisa aconteceu. Desde a
notícia de que seríamos pais de um
menino e uma menina, onde eu não sabia
se olhava para o monitor a minha frente
ou se olhava para Ethan, que ficou
inquieto e teve um solavanco como se
tivesse levado um choque, até a noite
que a minha pele estava em chamas e
acabei desafiando-o.
Como consequência, além de ter a
sensação que minha intimidade estava
toda assada, finalmente ele acabou por
me mostrar um mundo de dor e ao
mesmo tempo prazer durante o sexo
anal. Seus lábios tocaram os meus, e,
sua boca ávida, tomou posse da minha
num beijo ardente e cheio de desejo. A
princípio os meus gemidos estavam tão
baixos, feito sussurros, mas à medida
que sua boca foi deslizando pelo meu
corpo, fazendo uma trilha por cada
centímetro da minha pele até chegar à
minha boceta, foi ficando ainda mais
alto.
Eu arfava tentando controlar a minha
respiração e só ficou ainda mais
acelerada quando sua língua tocou a
entrada da minha intimidade. Senti todo
o meu corpo estremecer, fechei os meus
olhos e ele por sua vez continuou, não só
enfiando àquela arma poderosa que tem
dentro daquela boca faminta na minha
fenda, como começou a passá-la entre
os meus lábios vaginais, causando-me
sensações tão intensas que meu corpo
contorcia-se de prazer.
Sua boca era um instrumento de prazer
e agonia, sua língua impetuosa
explorava os vales da minha
intimidade, esfregando-se contra minha
carne úmida. Gemidos de rendição e
volúpia escapavam pelos meus lábios e
meu ventre sedento se contraia, mas,
antes que eu me entregasse de vez
àquela sensação deliciosa que estava me
envolvendo, Ethan subiu em cima de
mim a cabeça do seu pênis latejante
estava posicionada na abertura do meu
sexo. Ele abocanhou um dos meus
seios, que já estava enrijecido e
lentamente me penetrou, indo bem
devagar até estar todo dentro de mim.
Não sei o que estava acontecendo
comigo, porque a minha libido estava
em alta. Comecei a rebolar, então, minha
vagina apertou a cabeça maravilhosa do
seu pau. Em reposta, ele começou a me
estocar com mais força, saindo e
entrando em mim num ritmo alucinante,
mergulhando seu pênis nas profundezas
aveludadas da minha boceta.
Um ruído abafado de dor e prazer saiu
por entre os meus lábios assim que ele
começou a socar fundo todo o seu
membro grosso, duro e comprido. Seu
cacete deslizava com precisão e os
músculos internos da minha boceta
começaram a pulsar violentamente.
Minha pele esquentou ainda mais
quando ele começou a me estocar com
vigor, enfiando o seu pau todo dentro da
minha vagina e o meu desejo era
frenético e insaciável.
Ouvi sua respiração se transformar num
rugido abafado, e sua boca faminta se
chocou com a minhas e um sentimento de
posse me invadiu e comecei a falar entre
gemidos.
__ Você é meu, só meu.
— Sou todo seu.
— Hoje darei tudo que você quiser.
Mostre-me do que você é capaz — eu
estava ensandecida e queria tê-lo por
inteiro.
— Minha gostosa.
Dito isso, os olhos de predador, faminto
como se fosse me devorar deixaram os
meus. Num movimento cauteloso,
devido o meu estado, ele me colocou de
bruços e começou a esfregar a cabeça
grossa e melada do seu membro na
entrada do orifício apertado do meu
traseiro. Meu esposo fez aquilo por
várias vezes, eu já estava toda melada e
foi nesse exato momento que novamente
colocou a cabeça do seu pênis no meu
orifício, forçando a entrada. Meu corpo
todo estremeceu, seu membro me
invadiu, soltei um ruído estrangulado de
dor.
— Aiiiii... — movida pelo desespero, a
minha voz se fez presente. — Pare, por
favor, não quero mais.
Ele levou uma de suas mãos até a minha
vagina. Seus dedos ágeis começaram a
explorar o meu clitóris, massageando-o.
Uma mistura de dor e prazer pairou
sobre mim e os ruídos que escapavam
da minha boca eram tão altos, que já
estava com vergonha que avó dele que
estava dormindo com os meninos, que já
estavam no quarto novo viesse a escutar,
mas quando o homem parou de
movimentar seus dedos, as palavras
escaparam da minha boca.
— Con... Continua, por favor.
— Safada.
— Com você e para você, sempre.
Uma gargalhada gostosa ecoou no
espaço. Contudo, não me importava
mais com a dor, tudo o que queria era
que me penetrasse firme e forte.
Remexendo os quadris, Ethan iniciou
um movimento frenético de vaivém. Eu
gemia feito louca, nós dois parecíamos
dois animais que estavam no cio, ele
mexeu em meu clitóris freneticamente e
sem parar, enquanto, me penetrava
intensamente. Meu corpo estava tão
quente, suas bolas batiam em minhas
nádegas e a sensação de ter o seu
membro tão profundamente dentro de
mim era indescritível.
Ele continuou com suas estocadas
implacáveis, no instante que esfregava
os dedos contra o meu clitóris
endurecido e muito sensível, uma onda
de prazer passou por todo meu corpo
chegando a minha alma, me fazendo
gozar feito louca. Ele
soltou um rugido animalesco, como se
uma fera tivesse despertado. Instantes
depois, o corpo dele desabou sobre a
cama e o meu homem me puxou para
junto de si.
Ofegante e com a respiração irregular,
nosso olhar se encontrou e o amor
brilhava dentro daquelas órbitas azuis,
assim como eu tinha certeza que
brilhavam nas minhas.
— Eu amo você, minha bonequinha e
para sempre a minha mulher — disse
ele.
— Eu também o amo, meu ogro. Meu
esposo, para sempre meu.
Nos momentos seguintes, me perdi em
seus braços, tendo o seu pau me
preenchendo completamente. Possuindo-
me e fazendo a minha intimidade pulsar
descontroladamente.
Quando me entreguei ao sono,
permanecia deliciosamente dolorida,
porém, estava satisfeita como nunca ao
lado do homem que mudou o rumo do
meu destino.
Epílogo
Meses depois...
DUSAN BORISLAV
M eus olhos passeiam pelas diversas
imagens no monitor a minha
frente. O lugar que por anos foi o meu
lar, um ambiente que encontrei motivos
para deixar meus demônios agitados,
como também adormecidos. Prazer num
mundo cheio de luxúria, inveja e traição
que acabou por levar muitos a sua
própria destruição.
Uma criança que foi moldada somente
porque acreditaram em uma profecia e
junto dela, tudo girava em torno da
ambição, traição e ódio. Mostrando que
dentro da máfia existe sim, anjos,
porém, esses vivem a mercê
de demônios que ceifam a vida de
qualquer um por prazer ou para alcançar
o que tanto desejam.
O menino que parecia desprovido de
dor e sentimentos, encontrou um protetor
ao qual se tornou o seu mentor, mas, isso
já não era suficiente para que a
escuridão deixasse de habitar e se
apossar do seu coração, que mais
parecia uma rocha impenetrável.
Um mundo sombrio, onde encontrei
aquela que despertou o meu lado mais
obscuro, mas, também foi à única que
foi capaz de fazer com que o monstro
soubesse o que de fato era o amor. Eu
poderia ter ignorado o que Vladimir
falou antes de morrer, mas, vim
sondando a história de Enzzo, e, sabia
que eu só tinha dois caminhos a seguir.
Matar tanto ele, como Omar e, assim
meu filho estaria livre de tudo aquilo ou
deixar que Ethan seguisse o seu destino.
Nem mesmo a luz ou o amor jamais iria
destruir quem realmente sou. A minha
verdadeira essência, e sendo assim, eu
deixei que o menino que já demostrava
ter um lado obscuro, mostrasse ao
mundo tudo que ele era capaz de fazer.
Ethan Borislav, assim como disse aquele
infeliz, seria o único capaz de controlar
não só duas máfias, como iria se
espalhar feito uma erva daninha por
vários territórios e destruir quem
estivesse em seu caminho, porém, eu
precisava agir para que os seus
demônios internos de fato tivesse algo
que temeriam e somente a filha do
monstro renascido, seria o seu
calcanhar de Aquiles.
Que mesmo num duelo entre luz e
trevas, ódio e amor, Ethan, assim como
eu, teria a sua família, a sua iluminada,
como sua única salvação. Não que sua
essência seria destruída, mas haveria
uma luz que estaria para sempre acessa
dentro do seu coração. Mostrando que
um demônio pode usurpar a vida de um
homem, que o homem também pode se
torna um monstro, mas, que o amor ainda
será o grande fio de esperança contra a
escuridão.
Sei do seu passado, estou aqui para
vivenciar o seu presente. Mas, o futuro
de todos sempre estará ligado a
Madeleine, aquela que resolveu mostrar
a todos que o mundo da máfia é algo
tenebroso. Que uma criança pode ser
moldada para o bem e para o mal, tendo
assim, luz e trevas dentro de si. O que
fará dela um monstro ou um anjo, é o
lado com o qual escolher agir.
CECÍLIA BORISLAV
Com passadas firmes e precisas,
seguimos em direção à entrada
principal da mansão Borislav. Ethan
empurrava o carrinho duplo em que
estava Jasmim e Vitor, enquanto eu
segurava as mãozinhas de Brian e Theo.
Atravessamos o curto corredor e as
portas duplas foram abertas, revelando o
salão completamente cheio. As
multiplicidade de vozes que se
misturavam no ambiente logo cessou e a
atenção de todos ficou direcionada para
os dois novos membros da família.
Meus olhos circularam por volta do
grande salão. Do lado direito estava os
meus pais, Ana e Gael, que dentro de
alguns meses vão se casar, minha avó, o
tio Hulk e a vovó Yolanda. Do lado
esquerdo, os meus sogros, as gêmeas e
também estavam Luccas, Ayla, Clara e
seu namorado, Eric, e próximo ao bar,
karen e Boris. No estofado, estavam
sentados os avós de Ethan, sua tia
Mila, seu esposo e sua filha Júlia.
Nos momentos seguintes, os dois
pimpolhos se juntaram as tias, já minha
mãe e minha sogra, fingiram que eu não
estava ali e se apossaram das minhas
duas joias raras. A felicidade estava
estampada na expressão de todos e toda
uma retrospectiva passou em minha
frente.
Enquanto muitos quando crianças
desejam se tornar adulto, eu queria
jamais crescer e assim ficaria para
sempre ao lado dos meus pais. Mas, o
tempo não para e quando chegou o
momento que eu tanto temia, pensei que
a minha vida seria um verdadeiro
inferno, o que de fato foi sim, no início.
Enzzo e o tio Hulk me treinaram por
quase 14 anos, mas, o que me esperava
era bem diferente de tudo aquilo que eu
sempre imaginei. Em meio a tudo que
me aconteceu, eu resolvi esquecer e só
assim conseguiria perdoá-lo. Ethan me
causou dor e sofrimento, porém, eu
passaria por tudo novamente só para ter
ao meu lado os meus filhos e trazer ao
homem de coração empedrado, cruel e
sanguinário e que jamais achei que
saberia amar, um pouco de luz.
Para quem estava temerosa em ter filhos,
em dois anos de casada e aos 21 anos de
idade, já sou mãe de quatro filhos. Não
preciso nem dizer que tanto a minha
mãe, quanto a minha sogra, são
apaixonadas pelos netos, mas nada se
compara com os dois homens que muitos
consideram como monstros dentro da
máfia, porém, são capazes de tudo para
defender sua família. Enzzo e Dusan já
vem traçando vários planos para os três
netos, já que ambos sempre viveram
cercados de muitas mulheres.
Ethan Borislav, aquele que foi o meu
algoz e que muitos desejariam a morte e
certamente me julgam, dizendo que é
uma romantizacão inaceitável se amar
um demônio, um monstro. Se hoje
estivessem diante desse cenário
magnífico, entenderiam que entre o ódio
e a escuridão, foi o meu próprio algoz
que me deu os maiores tesouros da
minha vida. Que Theo, Brian, Vitor e
Jasmim tem um pai maravilhoso, que
embora com seu jeito ogro de ser, e
tentando disfarçar, sempre vejo como
fica rendido aos encantos deles,
principalmente em relação a nossa
princesinha.
Eu praticamente fui ao fundo do poço,
mas em vez de permanecer naquele lugar
sombrio, eu procurei limpar o poço e
entender o poço para saber como faria
para que a luz chegasse até ele. Deixo os
pensamentos de lado e caminho até onde
os meus filhos estão.
"Se minha escolha para alguns é
errada, para mim é totalmente o
contrário. Ninguém disse que a vida
era um conto de fadas e problemas
todos nós sempre teremos, mas
enquanto tiver amor, sempre haverá
esperança de dias melhores. Aquele
homem temido por todos, o meu ogro,
não só mudou a minha vida, como se
tornou o dono do meu coração".

ETHAN BORISLAV
Olhando para tudo a minha volta, tenho a
confirmação de que nada é como
planejamos. Eu fiz vários planos de
como lidaria com aquela atrevida, a
fedelha que despertou várias sensações
em mim.
Quando nos reencontramos, eu sabia que
estava diante de um grande desafio.
A princípio, eu queria apagar aquela luz
que vinha dela, mas, com Amber
naquele lugar, os meus planos acabaram
mudando de rumo, contudo, a
bonequinha tinha um olhar tão
desafiador, que aquilo só fazia com que
algo dentro de mim entrasse em
confronto. Eu não me arrependo de nada
que fiz, pois, escolhi um caminho que
ao percorrer, trançou o meu próprio
destino.
Entre um mundo de luz, eu optei deixar
que as trevas também fizesse parte da
minha vida. Ao contrário de muitos que
são moldados pelo sofrimento, eu
escolhi ser quem sou. Os meus
demônios internos aprenderam a deixar
de duelar e aceitar a luz que somente ela
e os nossos filhos, foram capazes de
fazer chegar até eles. Assim como Dusan
e Enzzo, em minha vida já estava
predestinado a chegada de um anjo,
contudo, bem diferente de Helena e
Luna.
Cecília nasceu dentro do coração da
máfia e quis fazer parte dela, um anjo
lapidado na medida certa, mas capaz de
se tornar implacável para defender quem
ela ama. Desvio o olhar em direção a
Jasmim, no momento que a vi pela
primeira vez, ao tocar em suas
mãozinhas, eu senti a mesma sensação
de quando estava preso naquele
tormento e foi com ajuda daquela
garotinha que fui arrancado das
profundezas da escuridão. Os seus
olhos me deram a constatação que assim
como Luna, Helena e Cecília, ela era um
anjo de luz e foi a minha filha, que antes
mesmo de nascer, que salvou a minha
vida.
Deixo as lembranças de lado e caminho
em direção ao meu pai, instantes depois,
já estava em sua frente. Meu olhar ficou
fixo no rosto do homem que não tem
noção de quanto eu tenho orgulho dele e
espero algum dia corresponder todas as
suas expectativas. Em meio ao barulho
das vozes que ressoavam, a minha tentou
se sobressair em meio às demais.
— Obrigado pela confiança e por ter
feito a melhor escolha para a minha
vida. Um homem precisa de uma mulher,
assim como o soberano da máfia,
jamais seria quem é se não fosse a sua
cara metade. A dona não só da máfia,
mas do seu coração.
Cecília Demisovski Borislav, minha
mulher, só minha — penso.

FIM!
AGRADECIMENT
Sou grata primeiramente a Deus, por ter me
dado forças e assim concluído mais um livro.
Agradeço a Mirian Lemos, por ser
simplesmente uma ótima avaliadora de novas
ideias, minha beta que foi de grande
importância para conclusão desse enredo,
onde me vi cercada de várias dúvidas e
incertezas.
Deixo aqui registrado o meu profundo
agradecimento a minha amiga Rosana e as
participantes do meu grupo do Whatsapp, que
abraçaram a história do Ethan e da Cecília com
muito entusiasmo e carinho. E, que foram
fundamentais para que o livro se tornasse o que
é.
Estou felicíssima por tantos leitores terem
gostado e embarcado comigo nessa jornada. De
coração, muito obrigada.
Enfim, agradeço a você que diretamente ou
indiretamente, colaborou juntamente comigo
nesse caminho. E, a você caro leitor, a minha
imensa gratidão por adquirir esta obra.
SOBRE A
AUTORA
Anny Shwan, também conhecida como
Love Dark, ambos pseudônimo adotados
em seus livros, nasceu no Maranhão,
Brasil.
Depois de formada, trabalhou por vários
anos até publicar sua primeira obra, o
livro “a princesa do deserto”, da série
de romance “mulheres fortes”, de
grande sucesso. E desde então, vieram
muitos outros e agora ela dedica-se
exclusivamente à escrita.
Também é autora da série “monstros da
máfia” seu grande sucesso, que é
ovacionado pelo público até os dias de
hoje.
Outros livros da
série

Disponível na Amazon e Kindle


Unlimited e em físico pela Uiclap.
Adquira já o seu.
EM BREVE...

sɨи ღ ρsє
Spin off da série “Monstros da máfia
Oвѕeѕѕão Perιgoѕa
A mais pura das intenções pode despertar a
mais sombria das obsessões.
Ela foi apresentada a ele por um acaso.
Ele só precisou de um simples olhar, para
declarar que ela seria sua para sempre.
Gael Miller, um lobo em pele de cordeiro. Um
banqueiro poderoso, que comanda seus
negócios com mãos de ferro.
Ana Demisovski, a princesinha da máfia, que
conhecerá o paraíso e o inferno da pior
maneira.
Ela será a obsessão de um homem possessivo e
controlador.
A luz e as trevas num duelo fadado ao fracasso,
devido às atitudes de um homem capaz de fazer
o impensável para ter o que quer. No entanto,
será mesmo que pode existir redenção para um
monstro?

You might also like