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i i \ 1 | ' MM\E-MORIAS : -DO-~ HOSPITAL ve SUQUERY S. PAULO - BRASIL Anno Il Num. 2 / 1925 Indice Contribuicéo para o estudo da cysticercése cerebral na creanca — Dr. A. C. Pacheco e Silva i. Vitiligo, syphilis e desordens mentaes — Drs. A. C. Pacheco e Silva e E. de Souza e Silva . Contribuigéo para 0 estudo anatomo-pathologico da molestia ossea de Paget — Dr. M. F. Amorim e P, Elejalde . Sobre um caso de paraplegia pottica — André Teixeira Lima Um caso de syndrome thalamica consequente 4 obliteracéo da carotida interna — Drs, A. C. Pacheco e Silva e F. Mar- condes Vieira Tumor do lébo frontal — Jarbas Barbosa de Barros Contribuicdéo para o estudo das aortites nos paralyticos geraes — Alvaro de Oliveira Ribeiro A arte primitiva. nos alienados — Dr. Osorio Cesar Psychiatria Forense Demente precoce fraticida — Dr. A. C. Pacheco e Silva e J Monlevade Parapbrenico uxoricida — Dr. A. C. Pacheco e Silva Debil mental alcoolista homicida — Dr. A. C. Pacheco ¢ Silva Alcoolismo chronico. Delirio de ciume. Uxoricida — Drs. / C. Pacheco e Silva e |, Marcondes Vieira PAGS. 9 99 ML A Arte Primitiva nos Alienados Manitestasio esculptoria com carater symbole fetta ®) rum caso de Syndrome Paranoide : De, Osorio Cezar Asststente do Laboratori do Seay A arte nos alienados, de um certo tempo para cA, tem sido objecto de muitos trabalhos interessantes pé dos psychiatras, A necessidade que certosWoentes do rito)tém de realizar os seus sentimentos estheticos represen- ra em desenhos e pinturas, dra te observada nos manicomios. os alie~ as, estereoty- grande parte desses artistas possite uma verdadeita idolatria por tudo 0 que fazem. ‘As produegtes esthetieas dos alienados apresentam em parte concepcies 0 agradaveis e algu- 2 ‘osoRt0 CEZAR mas vezis mesmoGem defeitos em parte essas producgies entes e revelam um f nam os “ineulto3) que 0 numero dos loucos poctas e literatos é muito re- ». Os plasticos e os picturaes so, ao contrario, mais 08 rassamos a relatar é interessante por se dividuo que nunca aprendew © caso que tratar de um ja educaga dues ofeiticism, ¢ fimento atavico evocando a alma dos antepassitlos de sua raga Passemos 4 historia do nosso de procedente da Cadeia Puibliea, Entrow no Ho ty a2 de Julho de 1919, Pae fallecido ha 22 an- r. Teve na infancia, molestia grave euja na umes. Na puberdade teve as. prim ARTE PRIMITIVA, NOS ALIENADOS 113 craneana, orelhas pequenas a funda e pés chatos, i pensamento e dando-the choques electricos ‘Um dia houve uma embrulhada; ici iam a perseguil-o, Fazem tu- do para aborrecel-o; cantam ci ro, viram 0 sett pensamento que, mundi Reage muitas vezes e procura agredir os empregados ow os demais doentes; no mais passa bem e conversa com re- lativo acerto, io que acabamos de ver foi tomada pelo exemplo de uma formula para curar febres: Dracinus com mel de pau ', 50,0 Clorente errs. 300, Alcool drocieis + 1830 Cosermante. 30,0 ‘Tome meio calice de duas em’ duas horas. 1 osoRto CEZAR ndo 21 om. de ra de barre repre inal: 3E em. forma deo pedras A Arte Pru VA. Nos ALIENADOS ARTE PRIMAITIVA, NOS ALIENADOS us Ultimamente, a sta preoct barro figuras grotescas de uma¢ de um realismo disforme. de palpitante ¢ a nosso véry um grito atavico rroduegbes. ‘ou nos pés da escul referindo-se a Sia muro da mina que we a viriude de espalhar a ‘Sao Jacintho” € © nome que ptura, £ um feitigo, “A i Jai tistico nota-se uma certa origina- lade na expresso que a figu A cabeca est cob tendo no alto uma cruz ¢ lembra uma “pose” de “apache”. Na face notam-se, empapugades, 0 nariz desageitada © chato cahindo em diagonal sobre a bocca semi-aberta, U barba co! queixo terminande no abdomen dilata: ragos @ nem as maos, As pernasy pequenas italiana, e que Ruskin uma cabega enorme, horten: da, sobrenatural, dima degradacio bestial excessivamente ignobil para ser descripta ou p mais de um instante” (1). Chareob e Richer levando essa arte disforme para o terreno da medic idaram acuradamente num livro teressante (2) a celebre cabeca da Egreja de Santa Mari Ronn — Lae Pes Voie. Td Ms Cuangor 1 Ricuee. Lew dimer ey Males dam LAC, pee & ‘ 116 sono cErAR les, contré sur son chemin, vu de ses yeux, reproduit avee une fic retrouver les marques d'une déformation pathologique, d'une afte ie et dont mous avons et récemment sous nos yeux, & la Salpétr fort intéressints”, “Il s'agit un spasme de la face d'une nature s caraetéres si tranchés. qu’ avee une affect Quanto a0 nosso arti Formac ta no possuimos melhores in 's do seu passado, além das que jf vimos, O meio em que elle vive, certamente no o ambientou nessas ten- dencias esculptori soldado de policia durante muito : igiosa . a. Nao se assustem os (1). Esta questio de moldes, de medidas, 0 enclausuramento, 6 a morte por assim dizer do artista creador, ra ser genial tem que ser livre. -a (2) que immediatamente se despren- 1a do artista, propensa a0 ex- _ra uma admiragio universal, ED ARTE PRIMITIVA NOS ALIENADOS 7 tase, verdadeiras torrentes de sensagies. Estas, por sua vez, emprestam seus clementos para a integracéo phantastica, a imagem do la no espelho das aguas correntes varia, quebra-se ott desapparcee segundo a sidade e a direecio do movimento, assim tambem vae do esta em de dago, Apezar da sua mi contra-se, entretanto, em intima connexio ci da qual procede, Na imagem coneretas deste modo se contém todos os elementos formes, porém o proceso ‘que conduz aos meios de expressio est determi temio’ A belleza nfo & uma manisfestacin de escola creada pa- € sh uma questio de tem aser a imagem di lo de an- yeramento, (© sentido da forma que um at nossos olhos, entalhando on esculpindo na madeira suas es tats 0 deformados ¢ physionomias grates. lc wma attitude esthetiea natural. Esse ar- te representative de de idade. E com a mesma mentalidade artist plor africano, tambem entende a belleza 0 africano altera ans wwando modela em barro a sua estattia de physionomia ex- “tvavagante € de membros des ‘Acesthelica futuristi apresenta varios pontos de con- _tacto com a(dos manicomios. Nao desejamos uurar essa nova manifestagdo de arte; longe disto. Acha~ ‘mol-a até muito interessante assim camo a esthetica dos alie- ‘nados. Ambas sto manifestagies de arte e por tidas por femperamentos diversns e reproduzidas ceridade. ‘Valtarldo ao nosso art a concepcaoda fig. 2 encerra motivos surprebiendentess de ori- m_ sine vemos, effectivamente, que L ‘osonio CHAR ginalidade para um estudo comparativo da nova orientacaio esthetica, A pri esoulpt ra vista, o que mais nos chama a attengio na de T., 6a deformacio morbida de seus membros. Uma cabega muito grande face lisa, physionomia de “mascara; 0 nariz grande, quasi grego; olhos grotescamente deformados; as mos, porém, artisticamente modeladas (1) Tudo isto d& ao conjuncto eseulptorics uma expres- so rythmica curiosa. Nao podemos negar grossciro acabamento ¢ das deformi deste artista, tém ellas, comttrdo, alguma cousa de extranho, € que causa tambem admiracas ie, apezar do sna arte no se en m_somente stas modernos, Vemol-as egual mente estucadas nos artistas, desde a mais remota antigui dade, Assim» potlemos apreciar na arte egypeia figurinhas de bronze do monstrunsidades de varias especies. a icher (2), Pécole memphite, nous a laissé parmi plusieurs chefs- oeuvres une statue qu'il convient de placer ici en premiére igne, c'est celle du nain Khoumphotpou, aujourd'hui ax mu- sée de Boulay” {Maspero’ (3) desei téte grosse, all igure est n a estatua: “Le deste m e, contornée de deux vastes ceil ouvert étroitement et he mal fendue. La poitrine roussé vers les tempes, la bi est robuste et bi proportion avec le reste du corps. L’artiste a ew beatt Ia partic inférieure sous une belle jupe I est trop long pour les bras et pour les génie# A en v blanche, on sent qi ddévelopée, mais Fe torse nlest pas en, ee jambes, Le ventre se projete en pointe et Tes hanches se Tetirent pour faire contrepoids au ventre. Les etisses 1 xistent guére qu’a Vétat rudl et individu entier, porte quiil est sur des petits pieds contrefaits, semble étre hors daplomb et! prét 4 tomber la face contre terre B fambem na arte grega, nas cclebres figurinhas de ‘Tanagra, vemos, entre as mais antigas, “grosseiros simula- cros de divindade os a machado num tronco, affe- clando em geral a férma quadrangular, Dragos e uma vaga apparencia de face humana, dle deformidades, arte, em todos os tempos emt cia creadora de um realismo“¢, mostra, com®_acabam wdos os povos como exuberan “encantador, Além_do mais, cl ido por uma tec de'T., 60 seu forte in- titulo que elle dew a sua estatua, # digt cia plastica religiosa ma- nifestada neste doente. Ea explicagio que procuramos 4 a isto 6a seguinte: T., apezar de haver nascido, é de origem africana. Na Africa a Grenga nos f to espalhada, “Ainda hoje, diz ‘Tylor (2), a Africa tal € o paiz junto a to comissa f lares que o homer leva. ser evitam a enfermidade ou a produzem, quando sa 1 a chitva; enchem o mar de peixes que se escobrem © C88~ IS as casas is feitigos ‘esqucei- dos; occasion: de tigam os ladrGes; dio valor 1m apaphar pelas rédes do pescador ‘at 4 seus adoradores ¢ combatem 122 OSORIO CEZAR noite dos tempos, Brafica o pl go como.el ; ha acerca do symbolismo das mos, daremos a palavra aC{ules Taissap) (2) Le le vn ‘Ana pour symbole fa m: us irogénie ou enfantement pat la m: : maternité divine universelle, En Egypte, ou cette dées: ARTE. PRIMENVA NOS ALIENADOS 123 e della Nubia). , dans cet état de choses, doit done des symboles de Ia jue des intermedio da psychoanalyse. Leonardo quando pintou esse f zit occultamente entre as dobras do mant ARTE. PRIMITIVA. NOS ALIENADOS Bs 124 ‘osonto cEzAR Jofo Barreima ~ A arte grega. Lisboz, 1923 port. 1904, = Vol. VI. - caciaton Francaise pos Vavancement des imoges. - 1890. Les origines de ta religion, tome 1, ~ Decaux, A arte de T. cista, com repres semelhangas accentuadas ‘A technica escalptoriea da est a sexual. ¥ m arte cubista> gio das miios da esta- A manifestagao artistica neste doente, et tell far, constitue tambem um é vico de lembrangas feiticistas dos seus antepas mnsequencia do seu desequ

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