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Quando o significado é clara: mente inclusiva, esse facto pode ser hoje esclarecido por meio do emprego de «sociocultural», segundo a pritica cansistente de Sorokin, Foi Bernard Stern quem fe: notar, em Social Forces, em 1929, que 0 ‘meu «social» deste ensaio era ambiguo. As formigas ¢ as termites pos- suem sociedades, mas ndo tém wma cultura, $6.0 homens tem ambas, sempre necessariamente associadas, embora concepualmente diferenciaveis. Hoje em dia, a imprecisdo relativamente& distingio & tuna falha intelectual apenas ou pouco menos grosseira do que a confustéo do orgénico e do superorgénico. Que o meu «superor- Rénico» de 1917 se referia essencialmente & cultura é claro, nao 56 por toda a evidéncia concreta citada mas também pelo emprego constante de «civilicagdo», «cultura», chistérias e das suas formas adjectivas. Dos vine iltimos pardgrafos, s6 trés nao contém uma ou mais ocorréncias destes termos, alternadamente empregues. Sentir- -me-ia mais feliz se tvesse tido, em 1917. a previsio bastante para dizer «cultural» ou ssociocultural» sempre que disse «social», muma errinea tentativa de me conformar av uso prevalecente de deitar vino novo no odre velho. No entant, julge que em parte alguma do ensaio discuto ou denomino a «sociedad, facto que mostra que. quando a <0 social» empregava a expressao ou num sentido mais amplo, para incluir a cultura, ou num sentido limitado, para denotar sem radeios a eulura, Em segundo lugar, retracto-me, por serem reificagao descabida das referéncias foitas no décimo quarto, no décimo ¢ no sexto pard- grafos a contar do fim e no titimo pardgrafo, as «substncias», ent dads ou estraturas superorgdnicas. Embora seja com frequincia indispensdvel encarar diferentes tipos de fenémenos como se per- tencessem a diferentes ordens ¢ tratd-los em nfveis de apreensdo separados, nao hd necessiade de transformar metafisicamente niveis de concepséo. ou ordens de atributo, em entidades substanciais ow séneros diferentes de substancia. Comparar, a propésito disto, com a cap. 13. A nogdo, expressa no septuagésimo-terceiro pardgrafo de que a civilizagao ow a cultura «ndo € acgdo mental, mas um corpo, ou cor- remte de produtos, doexerctcio mental» pode ser contestaa —afora a sua consirugéo, um tanto ox quanto antiquada —, mas continua a ser diseutida actuaimente. Parece que ainda nao atingimos uma definigdo concisa, inequivoca, inclusiva e exclusiva de cultura Estou consciente de wma ceria dose de gravidade retérica no frasrado do ensain. Espero que isto seja perdoado — como 0 foi no 40 OSUPERORGANICO passado —, atendendo «a que se trata de um subproduto do fervor de percepcdes que, na altura, pareciam novas ¢ importantes, A redaccaio nao sofrew alteracées, a exeepeae da mudanca de uma preposigao. Um modo de pensar caracteristico da nossa civilizagio ocidental tem consistido na formulagio de antiteses complementares, num con- trabalangar de opostos exclusivos. Um destes pares de idcias. em que © nosso mundo tem insistido hé coisa de dois mil anos, acha-se expresso nas palavras corpo e alma, Outra paridade que serviu 0 seu itil desig- rio, mas de que a ciéncia se esforga hoje muitas veres por se livrar. pelo menos em certos aspectos. é a distingdo Uo fisico ¢ do mental Uma terceira discriminagio é a do vital e do social ov. noutra frasco- logia, do orginico e do cultural. O reconhecimento impicito da dife- renca entre qualidades e processos organicos e qualidades e processox sociais vem de h4 muito. Contudo, a distingdo formal é recente, Com feito, pode dizer-se que 0 alcance pleno do significado da antitese ‘comega apenas a delinear-se no horizonte. Por cada ocasifo em que a mente humana separa com nitider. forgas orginicas e sociais hd deze: nas de outras alturas em que a distingdo entre elas nio é considerada, ‘ow em que tem lugar uma confusdo real entre as duas ideias. ‘Uma das razées para esta confusio habitual do orginico ¢ do social é o predominio, na presente fase da historia do pensamento, da ideia de evolugdo. Esta ideia, uma das mais antigas, das mais simples ¢ também das mais vagas jamais acalentadas pela mente hurnana, rece- ‘veu 0 seu mais forte fondamento ¢ consolidagio no dominio do org nico: por outras palavras, através da ciéncia biol6gica. Ao mesmo tempo, existe uma evolugzo. crescimento ou desenvolvimento gra- duais, igualmente aparentes noutros reinos, além do vegetal ¢ do animal. Temos teorias de evolugao estelar ou césmica: € & dbvio, ‘mesmo para os menos cultos. um crescimento ou evolugao da civiliza- ¢¢80. Na natureza das coisas hd pouco perigo em transportar os prin: Cipios darwinistas ou pés-darwinistas da evolugao da vida para o domi nio de scis em brasciro e nchulosas sem vida. A civilizago ou pro- ‘gresso humanos, por outro lado, que existem apenas nos membros da espécie, ¢ através deles, € exteriormente tio semelhantes & evolugso ddas plantas e dos animais que era inevitével que se verificassem extensas aplicagées dos principios do desenvolvimento orginico aos factos do crescimento cultural. Isto, evidentemente, € raciocinar por analogia, ov argumentar que. por duas coisas se assemetharem num semethantes noutros, Na auséncia de cconhecimento,tais pressupostos sio justificdveis como pressupostos. Mas, com demasiada frequéncia, 0 seu efeito € predeterminar a atitude ‘mental, com 0 resultado de que, quando se comegam a acumular ind cios que poderiam provar ou refutar o pressuposte haseado na ana logia, esses indies jé nio sao encarados imparcal ¢ judiciosamente a ‘auo}ow! 9p Bimyye 5 ay anb eSuBsDy Sop Ovdnjoao UN, od *9 apepayepauoy V wsvjd 0 — «an3uvs» 0 ob aps gL UH? 2 iso op et sonbyenb veSuepnu “ope ouino 001d © "ape} ou sop sapepisedea 2 sopau9 ropdso eu soap sas $09 SEWN P2178 OPDO000} &P uny #013 $0 U8 SOUT SON ose sens ep ogSisinbe 82330) anip numsaud 9p 9 an 9 0s URS “ouamy a8 S948 SY SOU esos $0 €1901N038 OWED "3808 2P por “wtio} oe “opt wresez4s9}2e289 nb sop w 2p suasues sy “st ov od “woo 10 searueip sewiad sop 2 stuad 3s-ueutnbpe sowaigo anb seroid esed orssnasip 9p 9pepissarou yy OEN “SOTO souiumbpe 2 saropod soso woo sowa2set anb 2p 2 -2aj9s ou ‘euin gre onb saquayed og ops ootueai0 9 ogy eucuiny eps eu 2 2 oatugdio © anua wbuarDyip wp so1oodse soumu “opnivo: o1sas 0 wsed anb op td s3janbe anus ep ns9 onb J9z1p os oursoU! 2994tq SO1D2}IUH fyB10 opSnjon9 ap wrapt x sopedy sououesuiad ne ‘Soue vIuaNbUTD 5 ;powawos 495 cied ‘ODINYDUOUANS O wy jeu | 498 9p & ‘op atoqdso vjad sopindas aquoweansad sou 9p Soporput sou eSu9I0) pun, f guutnbso ebea eyed 2 sejod :} JOY|NULBStENUIUR S9IsD NOIOP ‘ogdnjoas 2p sossaooud sosino no “jeune opS39Ias © anb op ‘ouaysuts wun no P20} Ewin vjofsa "et=pUED 109 NOS OP J018D 0 WpI2} 2 OID O END 9p opt anb “epeya9s Bse> EWN ONsuOD ‘oPEIDifeul feilSUG Odi09 nas 0 J9}UeWI “OpOU! aksap “aNBosuOS 2 ofaUT NDF O EPRI, 0-9 tosvLY Op oxIDUIU Qe ‘nbuod setu “oBeulgis9 nas op omupduod ofasap winyuau sod 9: Siew 9 £90) “t00j ap agduio2 9$ OW!OAU] O OPor aTUEIAP HISD aS us ow 9 oonay op gutIMbsg ou 0 aunoaad wianb vy "CQ We 2p sepean opuas og anb eprpaut y nb wa “ezonbut wo wapiod 9 auou ow: SV “opituoazea ojad win woo 2 ope’ pedo od ‘oUE2UOWWE O4|909 0 “RIDE dJad WHO ROALD 2s-CyDE op a1gay ¥ “ost eeuing ap atusied nas 0 :opnjad 917 jad wu9 eurwiny ofu ei9jjuIeW 21D9ds9 y 3s whe anb wo oprioa ep eu 8 wiedayo safap sound {ue so 9 soueuiny su9s So sosedwo9 sowapod * a ‘foy ap se1ajeq sep anilurs ou openua eyusy anb (ogu no viougpuaasap utezex1ap ogu oda oF 9s-201 sapepinogy ses “SoU st 2 sodioo sossou so soumearasaud anb 9 s021p sanb ost anb o 3 ‘oasnq tun souynsistio9 — seaavu ted end eu sourenuD sanbos UIoN, ‘epne9 Buin Jaosau9 SOW.Exrop WU ‘seubTeGseY WHO soSeuq so “ou ese red op yenprad orSesoire ewinu ‘sourewuoysues) op, “eonUyp! apepinoey 2p suetny oFSisinbe tu OFIs9 a1senUOD O “uIgquIE! “2 ofofesed ‘uBWEpIULJopUI OUERDD o sweNs9 2p 6 sopod onow win 0198) 2p aunbpe seyy “UresesOUDd9p soued sens sep seumnd(e oua3aq “noyued anb ojinbe anb op "za nouopueqe atapdsa v anb ontnus annoy “opSesydsas v 4a}ad ap 29pod 0 9 eanpuod ap odio win ‘epnes 9 seueieqseg nutnbpe 2 endly wreyas anb seq) i ‘rod seised se saui09 eaed seusad se nopuod | ‘seroyrausd seis9 zejn2qe9 yemgey ‘ug '0J0qjuuta “eu ap steustUE 2p ovoUaL 0901 9 owo9 aiuonb anaes 9p ox9j;uOU! Wt ‘ODINYDUOUAANSO Vaiibina VG VZRINLVNY ANATUREZA DA CULTURA a distingdo é, na realidade, algo mais do que a do fisico e ‘do mental esté patente num exemplo que pode ser tirado do no compo- ral: a fala Superficialmente, a fala humana e a animal, apesar da riqueza ¢ complexidade imensamente maiores da primeira, OWL jaw) INU OPELD ops 49) ap Opeyynsay “optusod oxou win v ogssoudx nap ef opr] oxno sod "wind pmo» sapuaude op $01 Se tain ouio9 wag o¥1 ‘oxoya 0 “oprwod uin “epey 2 upuye essaidap 29 wi oyUIZOs diwoureudoxd seaanjed sep a13}Ip anb orDey win g “eye vaopeps96 und a‘9s Ro "wredou sod “ojpiy 9 “baTvoaua ogssaudxo ranod ‘010Y> 0 2 Osis © wos ‘oUaNbad > REUUNY ees BU Youu ayoMINd OWOUIo,D O "=peprTEDS EN, epeayjuoys 2 eps0sia} od “anb rartuorsns wpm ‘ns9 U9 “typos 21gos sogssaudxo 2p Songgy 2 Sapepinoey SeLIDD “opssaudxo 9p sepepintioe ‘anb 2p epianp §4 BN “ood 0 ateq anb inbe asus ~wodendu uy ap o¥s opu “osar0ds “yorad opSeudisap ens v 9 «sopt auuauujei0) way] 9s sagssaudxo sessou se onb we ogbipud> LUN $50U-2090}09 seo 9p Sour) SeIsaq sup «ep» ¥ owauyfas J9puddIduIOD soma st 2p 2s eu BUEUNY eprs bu E>ytI9A 95 anb apepIas 9 wIPAUIE| ‘eusumny opbe 9 “aquousrours anb epule 1005 esto9 ewin 9p yen 9s ab “seixnyed sno sod :eusour iS en as-sojuou! 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A erenga do rei numa linguagem congénita € inerente ao homem, que s6 os acidentes inexoriveis do tempo haviam istorcido, transtormando-a numa multiplicidade de idiomas, pode parecer simples; mas, ingénua como é, uma investigagio revelaria uma ‘grande quantidade de pessoas civilizadas que continuam a aderir ela, Mas ndo é esta a nossa moral da hist6ria. Essa reside no facto de a \inica palavra atribuida as criangas, «ek», scr apenas, se é que a his t6ria tem alguma autenticidade, um reflexo ou imitagio — como os ccomentadores de Herédoto desde ento conjecturaram — do balir das ccabras, que eram as dinicas companheiras e educadoras das criangas. inferéncia de anedota tio apscrifa, fnguagem humana natural e, por conseguinte, orginica. Milhares de anos depois, outro soberano, 0 imperalor mongol Akbar, repetiu a experiencia, com o intento de indagar a reli «natural» da humanidade, O seu bando de criangas foi encerrado numa axa. Quando, depois de decorride 0 tempo necessério. as portas foram abe' presenga do expectante e esclarecido governante, 0 seu desapontamento foi grande: as eriangas safram em grupo to caladas como surdos-midos. Mas a f€ nao morre facilmente: e estou em crer que seria necessirio um tereeiro ensaio, sob condigées modernas, seleccionadas ¢ controladas, para convencer alguns estudiosos. das para 0 individuo humano e para a raga coisa totalmente adquirida ¢ nao heredititia, mente extema e de forma alguma interna — um produto social no tum desenvolvimento orginico. ‘fala humana ¢ a animal sio, pois, embora uma radique na outra, de ordens diferentes. Assemelham-se una 3 outra apenas como 0 voo de uma ave e o de um aeronauta se assemelham. O facto de a analogi {que se verifia entre ambas ter frequentemente iludido prova apenas a simplicidade da mente humana. Os processos operativos s30 total mente dissemelhantes; ¢ isto, para quem esté desejoso de compreen- der. & muito mais importante do que a semelhanca do efeito. O selva. gem e 0 campénio, que curam limpando a faca e deixando a ferida por tratar, tém observado alguns factos indiscutiveis. Sabem que a limpeza ajuda ea sujidade impede. de maneira geral. a recuperagiio. Sabem que a faca € a causa. a ferida 0 efeito: e também se apercebem do principio correcto de que o tratamento da fem geral, mais probabi- lidades de ser eficaz. do que 0 tratamento do sintoma. Pecam apenas por nio investigaro processo que pode achar-se envolvido, Nao conhe- cendo nada da natureza da sepsia, das bactérias, dos agentes que oca- sionam a putrefacrdo e retardam a cura, recorrem a agentes que thes 10 mais familiares e servem-se, © melhor que podem, do processo da magia, entrelagado com 0 da medicina. Raspam cuidadosamente 2 faca, untam-na, mantém-na reluzente. Os factos a partir dos q so ' OSUPERORGANICO trabatham estio correctos: a sua logica & bastante si; simplesmente iio distinguem entre dois processos irreconcilidveis — 0 da magia ¢ 0 dda quimica fisiol6gica — e aplicam um em lugar do outro. O estudioso dos nossos dias que interpreta a mente civilizacionalmente moldada dos homens, 2 luz da mentalidade de um cio ou de um macaco, ou que tenta explicar a civilizagio — isto é a historia — através de factores lorginicos comete um erro que & menos antiquado ¢ esté mais na moda, mas do mesmo género e natureza ‘56 em pequena medida se trata de uma questio de superioridade ¢ inferioridade entre © homem e o animal. Muitas actividades pura- imente instintivas dos animais conduzem a feitos muito mais comple- 10s € dificeis do que alguns dos costumes andlogos, desta ou daquela humana. O eastor 6 melhor arquitecto do que muitas tribos sel- vagens. Abate érvores maiores, arrasta-as para mais longe, constrdi uma casa mais estanque, edifica-a tanto abaixo como acima da agua ¢ faz. 0 que muitas nagéex nunca tentam fazer: arranja uma topografia adequada para habitat, crigindo uma represa, Mas 0 ponto exsencial nio € o facto de, afinal, um homem conseguir fazer mais do que wt castor, ou um castor tanto como um homem: & que 0 que um castor realiza, realiza-o por um meio, e um homem realiza-o por outro. O sel- vagem mais rude, que apenas constréi uma misera choupana est racada, por onde o vento entra. pode ser ensinado, e inimeras vezes tem sido ensinado. a serrar e pregar tabuas, a amontoar pedra sobre ppedra com argamassa, a langar alicerces, a erguer uma ammacio de ferro. Toda a histéria humana se ocupa essencialmente destas mesmas. rmudangas. O que eram os nossos préprios antepassados (nds, europeus ¢¢ Americanos, que construimos em aco) senio selvagens vivendo em ‘choupanas hi poucos milhares de anos — um perodo tio curto que quase niio chega para a formacio de uma nova espécie de organismo? E, por outro lado, quem teria a imprudéncia de afirmar que de. mil geragies de exemplo ¢ instrugo converteriam 0 castor num car: pinteiro ou num alvane! — ou, atendendo 8 sua deficiéncia fisica de auséncia de maos, num engenheiro projectista? ‘A divergéncia entre forgas sociais ¢ orginicas talvez nio seja ple rnamente entendida enquanto no aprofundarmos a mentalidade dos cchamados insectos sociiveis, as abelhas e as formigas. A formiga € social na medida em que se associa; mas estétdo longe de ser social no sentido de possuir civilizagio. de ser influenciada por forgas ndo orgé nicas, que mais valia ser conhecida por animal anti-social. Nao pode- mos subestimar os poderes maravilhosos da formiga. A ninguén pode ser mais dtl explorar integralmente a sua compreensio do que a0 his toriador. Mas ele nio se serviri desta compreensio aplicando a0 hhomem o seu conhecimento da mentalidade da formiga. Servir-se-4 dele para fortalecer e precisar. por meio de um contraste inteligente. a sua concepgao dos agentes que modelam a civilizagsio humana, st ANATUREZA DA CULTURA ‘A sociedade das formigas & tio pouco parecida com uma verdadeira sociedade, no sentido humano, como uma caricatura com um retrato. Tomemos alguns ovos de formiga dos sexos adequados — ovos rio incubados, acahados de por. Removamos todos 0s outros indi viduos e ovos da espécie. Demos ao par um pouco de atengio no que se refere a calor, humidade, protecciio € comida. A totalidade da «socie dade» das formigas, toda e cada uma das capacidades, poderes, ra zagiies ¢ actividades da espécie. cada «pensamento» que ela alguma ver teve. serio reproduzidos, ¢reproduzidas sem diminuig& io seguinte, Mas coloquemos numa ilha deserta, ou lado, duzentos ou trezentos bebés humanos da melhor provenigacia, da classe mais alta da nagio mais civilizads; demos-Ihes a necesséria incubagio ¢ alimentacio: deixemo-los totalmente isolados da sua espécie © que teremos? A civilizagio & qual foram arrancados? Um <écimo dela? Nao, nem nenhuma fracgio: nem uma fracgio das reali zagies civilizacionais da iribo selvagem mais rude. Apenas um par ‘1 um hando de mudos. sem artes, sem conhecimento, sem fogo, sem cordem nem religiio. A civilizagdo ter-se-in extinguido dentro destes nites — no desintegrada nem profundamente ferida, mas obliterada ) de um s6 golpe. A hereditariedade guanda para a formiga tudo o que ela | tem. de geragio em geragio. Mas a hereditariedade no mantém, nem tem mantide. porque no pode manter. una particula da civilizagio. ‘que & a coisa especificamente huma ‘A actividade mental dos animais é. em parte, instintiva, em parte bascada na experiéncia individual: pelo menos o contetido das nossas rmentes chega-nos através da tradigio, no sentido mais amplo da pala- ‘1a. 0 instinto € © que 6 «entretecido, um padrio inalteravel inerente 05 tecidos: ¢ indelével e inextinguivel, porque o seu desenho 13 senio a urdidura ea trama, que vem j4 prontas do tear da heredi dade Mas a tradigfo, o que & «pesado através de», transmitido de um para outro, é apenas uma mensagem. Evidentemente que tem de ser transportada: mas © mensageiro ¢. afinal, extrinseco as noticias. Por consezuinte, hi que escrever uma carta; mas como a sua significagdo €est4 no sentido das palavras, tal como o valor de um recade nio esté na fibra do papel, mas nos caracteres inscritos na sua superficie, também 4 tradigGo & algo de actescentado aos organismos que a transportam, imposto, exterior a eles. E, tal como o mesmo fragmento pode ter uma entre milhares de inscrigdes, da mais variada forga e valor, e até pode ser razoavelmente rasurado € reinscrito, 0 mesmo se passa com o orga- ismo humano ¢ com 0 infindével contetido que a civilizagao pode | derramarnele. A diferenga essencial entre o animal e © homem, = te \exemplo, nto € 0 facto de este ter um griio mais fino ow uma qualidade {mais pura de material; € que a sua estrutura, nature7a ¢ textura sie tals, | OSUPERORGANICO que nele é possivel fazer-se uma inscrigio ¢ no animal nfo. Quimica e fisicamente, pouca diferenga hé entre um pedaco de pasta de papel € ‘uma folha de papel. Quimica ¢ fisicamente, pouca importincin tem uma diferenga tio diminuta. Mas quimica e fisicamente ainda hi menos diferenga entre a nota que diz «um» e a que diz «mils: € menos ainda entre 0 cheque com uma assinatura reconhecida e outro escrito ‘com a mesma cancta, a mesma inta até os mesmos tragos, por um fal- sificador. A diferenga que conta entre o cheque valido c 6 falsificado ‘nfo € a linha mais ampla ou apertada, a curva continua de wma letra em lugar da quebrada, masa diferenca, puramente social. de que um sig- natério tem uma conta vilida no banco ¢ outro nfo: facto que &. por certo, extrinseco a0 papel ¢ até &tinta que esté sobre cle. Exactamente paralela € a relagio do instintivo ¢ do tradicional, do orginico e do social. O-animal é tio inapio no que toca a influéncias sociais como o um prato de papas de aveia para material de escrita cou quando, como acontece com a arcia da praia. nele se consegue. por meio de damestficagio. inserever qualquer coisa, no consegue reter. como espécie, qualquer impressio permanente. Por isso no possui sociedade ¢. pot conseguinte, nio possui histéria. O homem. con- tudo, compreende dois aspectos: & uma substincia orginica que pode ser encarada como substincia e ¢ igualmente uma placa na qual se escreve, Um aspecto é tio vilido ¢ to justficdvel como o otra: mas é tum erro capital confundi-tos, © pedreiro constréi em granito © faz telhados com ardisia ‘A ccrianga que aprende a ler ¢ a eserever nada sabe das qualidades da sua ardésia, mas hesita entre eserever com ¢ ou com k. O mineralogista nio dé precedéncia a uma pedra sobre outra: cada uma tem a sua constituigio, estrutura, propriedades ¢ uilidade. O edueador jgnora 0 {granito: mas, embora se sirva da ardésia, no € por isso que the dé mais prego. ou que nega a uilidade do outro material: faz uso da substinci tal como se the apresenta, O problema que se Ihe depara é se a erianga deve comegar por palavras ou por letras: em que idade. durante quan: tas horas, em que fequéncia e em que condigées a sua educago deve iniciar-se. Decidi estas questdes a partir de indicis cristalogrificos. pelo facto de o seu aluno eserever sobre uma determina pedra, seria to frivolo como se o gedlogo empregasse os seus conheci- tmentos das rochas para trarinferéncias dos prineipios mais sitios da pedagogi Por conseguinte, seo estudioso dus realizagdes humanas tentasse ir, da observagio do naturalista ¢ do fildsofo mecanicista. 0s seres humans nos quais est inscrita a civilizagio que cle proprio investiga, tomar-se-iaridiculo. E quando, por outro lado, 0 bislogo se prope reescrever a histria, no todo ou em parte, através do medium da hereditariedade, revels-se a uma lu pouco mais favorvel. embora iio de alguns precedente. 3 ANATUREZA DA CULTURA ‘Tem-se verificado muitas tentativas de tomar a distingao entre © instinto e a civilizagao, entre o orginico ¢ 0 social, entre o animal € 0 hhomem, precisa. © homem enquanto animal que se veste, anumal que se serve do fogo, animal que utiliza ou fabrica ferramentas, animal que fala, tudo isto so somas que contém alguma aproximagio. Mas para 1a concepgio da discriminago, que é, simultaneamente, a mais com- pleta e a mais compacta, temos de remontar. tal como para a primeira lexpressdo precisa de tantas das ideias com as quais funcionamos, & mente sem par que impeliu Aristételes. «O homem é um animal poli- {tico.» A palavra politico mudou de significado. Em vez dela, empre- ‘gamos 0 termo latino social. Isto, dizem-nos tanto 0 fil6sofo como © fildlogo, é o que © grande prego teria dito se falasse inglés hoje. ‘Qhomem ¢, pois, um animal social; um organismo social. Possui uma constituigio orginica; mas possui igualmente civilizagio. Ignorar um elemento ¢ to tacanho como ignorar 0 outro; converter im no outro, se cada um tem a sua realidade, é uma contradicio. Dada esta formula- co bisica com mais de dois mil anos, e conhecida de todas as gera- (es, hi qualquer coisa de mesquinho. bem como de obstinadamente destrutivo, na diligéncia de revogar a distingio ov de obstar & sua frui- ‘Gio mais completa. A temtativa que hoje se verifica de tratar 0 social Como orginico, de compreender a civilizagio como hereditariedade, é, fo tacanha como a supostainclinagdo medieval para subtrair o homem ao reino da natureza e 8 algada do cientista, por se acreditar que possufa uma alma imaterial Mas. infelizmente, as recusas e. para cada recusa, uma diizia de confuses, persistem. Repassam a mente popular ¢ daf ressurgem vezes sem conta nos pensamentos da ciéncia declarada e reconhecida. Chega a parecer que, numa centena de anos. retrocedemos. Ha um século e ha dois séculas, com um generoso impulso, os lideres do pen- samento dedicaram as suas energias, ¢ os ideres dos homens as suas Vidas, & causa da igualdade dos homens. De tudo 0 que esta ideia envolve. ¢ da sua rectidao, nio temos de nos ocupar de momento; mas cla implicava. certamente, a proposigao da igualdade de capacidades entre a8 ragas.E possivel ques nossos anlepassadostenham conse- guido defender esta posigio liberal por nfo se terem visto ainda con- frontados com todo © seu alcance pratico. Mas. seja qual for a ra7o, iio hi divida de que retrocedemos, na América e na Europa ¢ nas suas colénias, na nossa aplicagio tedrica da evidéncia, Diferengas de capa- cidade raciais e hereditérias passam por doutrina aceite em muitos «quadrantes. Hé homens de eminente saber que ficariam surpreendidos. por sabercm que hé quem tenha sérias diividas sobre 0 assunto. E,no entanto, hd que reconhecer que poucas provas verdadeira- mente satisfatcrias foram produzidas em apoio do pressuposto de que as diferengas que uma nago mostra em relagdo a outra — para no falar da superioridnde de'um povo sobre outro — so racialmente st | | | OSUPERORGANICO, inerentes, isto é nicos. Nao importa quie distin tas so as mentes que tém sustentado que tais diferengas sio heredita rias — no essencial limutaram-se a considerar que a sua convicgi0 e Ponto assente. O sociélogo ou o antropélogo podem colocar a questi completamente 3s avessas com igual justficagao © ocasionalmente fazem-no; e véem entio em cada acontecimento, em cada desigual dade, em todo o curso da histéria humana, uma confirmagio da su: tese de que as distingdes entre um grupo de homens ¢ outro. passadas e presentes, se devem a influéncias sociais ¢ nfo a causas orginicas. E certo que faltam verdadeiras provas, tanto de um lado como do outro. As experincias, sob condigdes que permitissem obter resulia- dos satisat6rios, seriam dificeis, onerosas e talvez contrrias 2 Ici Uma repetigao do interessante ensaio de Akbar. ov uma variagio dele inteligentemente orientada e levada a cabo, daria resultados do maior valor mas dificilmente seria tolerada por um governo civilizado. Houve algumas tentativas de investigar as chamadas distingdes raciais com os apetrechos da psicologia experimental. Os resultados tendem superficialmente para a confirmacao de diferencas orgzinicas. Mas nio se pode dar ainda demasiada énfase a esta conclusio, uma ve7 aque 0 que estas investigagies revelaram. sobretudo. foi que os agentes sociais tém tant ica em cada um de nés que se tora dificil dar ‘com um ensaio que, se as faculdades raciais distintivas fossem inatas. revelasse com imparcialidade até que ponto sio inatas Também é bom recordar que o problema de as ragas humana serem ou niio, em si mesmas, idémticas tem iniimeros aspectos prt 06, que se relacionam com as condigdes de vida e com pontos de vista ‘que tém relagies emocionais. pelo que raramente se encontrar uma predisposicio E praticamente initil, por exemplo, aflorar sequer a questio com a maioria dos Americanos dos estados do Sul, ou com quem quer que esteja impregnado de influén- cis sulisas, eja qual fora sua educagio ou posigao no mundo. A cl ‘vagem social efectiva, que € fundamental a toda a vida no Sul, e que & concebida essencialmente como uma quest é ta ddominadora e inevitével que obriga, quase to firmemente o ind como 0 seu grupo, a uma determinadsa linha de acgio € a uma conduta inalterSvel e consciente: ¢ as opinides que entram flagrantemente em cchoque com as actividades habituais de cada um e com os ideais que Ihes estdo ligados ndo podem deixar de suscitar hostilidade. Nao ¢ senio natural que 0 sulista receba, com frequencia, a declaragao de ualdade racial, quando se the consegue transmitir a conviegio de sinceridade, como uma afronta: ¢ que, muitas vezes. reaja mesmo i cconsideracio mais ahstracta, impessoal e judiciosa das questGes em liigio, com ressentimento ou, quando isso é conteahalangade pela ccortesia, com um dlescontentamento intimo. ss ANATUREZA DA CULTURA A atitude do Inglés na fidia, do europeu do continente nas suas colinias, talvez se manifeste de maneira menos extremista: mas tudo indica nio ser menos arraigada Por outro lado, 0 socialista ou internacionalistaconfesso e cons ciencioso t8m de adoptar a posigéo contriria, por muito antipdtica que Thes seja pessoahnente, se nio quiserem renunciar As aspiragies qt ihes sio caras. A sua inclinagio, ainda que, de modo geral, menos cla- ramente definida, nlo é, pois, menos predeterminada e persitente iio € de esperar imparialidade neste grande eas0, ano ser, em certa medida, da parte de estudiosos realmente desapaixonados €, porconseguinte, pouco influentes, pelo que um mximo de assergao f fancor e um minimo de provas, que prevalecem, devem ser accites como lamentiveis, de facto, mas inevitiveis e difcilmen © problema, sendo, no estado actual do nosso conhecimento, indemonsirdvel, também no é na realidade argumentivel. O que & todavia, possfvel € compreender que hi uma explicagao completa e teumnistente para as chamadas diferengas raciais, bascada em causas Puramente civlizacionais e nao orginicas e reconhecer que o simples Facto de o mundo partir, de forma geral, do principio de que essas dife- rengas entre um pov e outro $30 inats ¢ inextitpaveis, a ndo ser por reprodugio, no constitu prova de que tl pressupostoseja verdadetro (0 titimo argumento, de que é efectivamente possivel ver essas peculiaridades nacionais em cada geragio, e de que nio & necewsirio ‘erificaro pressuposto porque a sua veracidade € evidente para toda & gente. €0 que tent menor peso. E o mesmo que defender a opiniio de Gue este planeta é,afinal, o ponto central fixo do sistema c6smico, por- ue toda a gente se pode aperceher de que o Sol e as estelas se deslo- Gam ea Terra est parada. Os campedes Ua doutrina de Copémico tinham isto. seu favor: tratavam de fensmenos aque era possivelapli- car prontamente exactiio, acerca dos quais se posia fazer previsdes ‘erificdveis ou refutéveis, a que uma explicagio ou se ajustava ou no ‘se ajustava, No dominio da histéria humana tal no & possivel, ou nio foi ainda possivel pelo que uma igual nitidez de demonstragio, provas dofinitivas, uma verificagio minueiosa da teoria de aconlo com os rivals, no € de esperar por enquanto, Mas hi uma mudang indamental do ponto de ‘mental e emocional, uma reviravolta de atitade quase 180 abso- wand se pede ao pensamtento corrente das nossos dias que encare a civilizago como uma coisa nio orginica como quand a doutri Copémico desafi a anterior conviego do mundo. ‘Armaior parte dos etndlogos. pelo menos, esti convencida de que. 1a esmagadora maioria, os factos histéricose os erraneamente cha dos facto raciais, que sto hoje em dia atribuidos ‘eas obscura, ot que esto, quo muito, em disp censuri- OSUPERORGANICO Por ser vistos por toda a gente como sociais € melhor imteligiveis nas ‘suas relagdes sociais. Seria dogmitico negar que pode existir um rest ‘duo em que tenham estado cm acgio influéncias hereditérias: mas talver. venha a verificar-se que mesmo este residuo de agentes on nicos tenha funcionado de maneiras completamente diferentes daque- las que sio hoje habitualmente alegadas. Pode ainda manter-se obstinadamente a opinido de que, para © historiador —aquele que deseja compreender qualquer espécie de fenémeno social —, é hoje uma necessidade inevitivel ignorar 0 orga nico como tale lidar apenas com o social. Para o We no Slo estudiosos profissionais da civiliza sente incapacidade de substancid-los com provas. Por outro lado. 0 social, como algo distinto do orgdnico, é um conceito bastante antigo e constitui um fentémeno suficientemente manifesto no nosso quotidiano para confirmar a afirmagio de que nio é possivel passar sem ele. Tal- vez. seja de mais esperar que uma pessoa inconsciontemente, a explicagies orginieas as ab: ‘mente perante indicios to incompletos como os existentes em oposi glo a estas explicagdes. Mas parece ser efectivamente justificavel insistic sem hesitagies na proposi¢o de que a civilizagao ¢ a heredita- riedade so duas coisas que funcionam de maneiras separadas: de que. por conseguinte, qualquer substituicZo absoluta de uma pela outra, na explicagio de fenémenos do grupo humano, ¢ errada: ¢ de que a recusa ‘em reconhecer pelo menos a possibilidade de uma explicagdo para as realizagées humanas, que seja totalmente diferente da tendéncia pre- valecente para uma explicagao biolégica, é um acto de iliberalidade. Quando semethante reconhecimento da racionalidade desta atitude de espirito, que ¢ diametralmente oposta & habitual, se tiver tornado geral tet-se-fo feito muito mais progressos na via para um til acordo quanto A verdade do que através de quaisquer sctuais tentativas de converter por meio de argumentacio, Um dos espiritos dotados de um poder de percepeto ¢ formula (glo tio eminente como os melhores da ciltima geragio, Gustave Le Bon, cujo nome ¢ altamente conceituado, ainda que a sua negligente temeridade The ndo tenha conseguido seniio poucos seguidores confes. 306, levou a interpretagdo do social como orgiinico & sua consequéncia consistente. A sua Psicologia dos Povas € uma tentativa de explicar a civilizago com base na raga. Le Bon é, realmente, um historiador de uma sensibifidade e perspicécia invulgarmente agudas, Mas a sta declarada tentativa de transformar directamente os materiais civil zacionais com os quais trabalha em Factores org&nicos leva-0, por um lado, a renunciar as suas engenhosas interpretagdes da historia, restarem apenas lampejos intermitentes: e, por outro, a basear. final- mente, as suas solugies declaradas em esséncias misticas, como a ANATUREZADA CULTURA OSUPERORGANICO «alma de uma raga». Como conceito ou ferramenta cientifica, uma alma da raga é tio imangvel e initil como uma frase da filosofia medieval e igual 4 expedita declaragdo de Le Bon de que o individuo € para a raga o que a célula & para 0 corpo. Se. em vez de alma da raga, 6 distinto francés tivesse dito espfrito da civilizagZo, ov tendéncia ov cardeter da cultura, as suas proclamagdes teriam sido menos atracntes porque seriam aparentemente mais vagas: mas nio teria tido que basear o seu pensimento numa ideia sobrenatural, antagénica a0 corpo da cigncia ao qual tentava ligar o seu trabalho: €, embora nao meca- nicistas, as suas diligéncias de explicagio teriam., pelo menos, ganho 0 respeito dos historiadores. ‘Na realidade, Le Bon opera nitidamente com fenémenos sociais ‘nao obstante dar-Ihes insistentemente nomes organicos ¢ proclamar {que 0s resolveu organicamente, Que «ndo foi o 18 Brumério mas a ‘alma da sua raga que instaurou Napoledo» é, biologicamente, e sob ‘qualquer aspecto da ciéncia que trate da causalidade mecinica, uma afirmago sem semtido: mas torna-se excelente hist6ria assim que subs- tituimos «raga por «civilizagdon e, evidentemente, tomamos «alma» ‘num sentido metaférico. Quando ele diz que «0 cruzamento destréi uma civilizagao antiga», afirma apenas aquilo que muitos bidlogos estariam prontos a sustentar. Quando acrescenta «porque destréi a alma do povo que 1 possuim, apresenta uma razio que deve provocar arrepios a um cien- tista, Mas se substituirmos «cruzamento», isto é a mistura de tipos ‘orginicos fortemente diferenciados, por «contacto stibito ou conflito de ideaisn, isto & mistura de tipos sociais fortemente diferenciados, 0 feito profundo de tal acontecimento é indiscutivel. Le Bon afirma ainda que o efeito do meio € grande em ragas ovas, em ragas que se formam através do eruzamento de povos de hereditariedades contrérias ¢ que em ragas antigas, solidamente fixa- das pela hereditariedade, 0 efeito do meio é quase nulo. E evidente ue. nurna civilizago antiga e estivel, o efeito activamente varidvel ddo meio geogrifico deve ser pequeno, porque a civilizagivo teré tido hd ‘muito ampla oportunidade de utilizar o meio para as suas neces- sidades: mas que, por outro lado, quando a civilizagio é nova — por ‘causa do se desterro, do processo da sua fusio a parti de elementos viérios ou do simples desenvolvimento interno —. a renovagao de rela- cionamento entre ela ¢ a geografiafisica circundante deve dar-se com rapidez. Ainda aqui boa histéria se transforma em md ciéncia, através de uma confusio que parece quase deliberadamente perversa. Um povo & guiado muito mais pelos seus mortos do que pelos vivos, diz. Le Bon. Ele esté a tentar estabelecer a importincia da here- ditariedade em carreiras nacionais, Aquilo que. ainda que nfo reconhe- ciido por ele, se encontra no fundo do seu pensamento a verdade de que toda a civilizagio se baseia no passado, de que, mesmo que os seus 5k antigos elementos jé no se encontrem vivos nessa qualidade, formam., Go obstante, 0 seu tronco € corpo. em torno do qual o alhurno. pre- sente na altura, € apenas uma casca e uma superficie. O facto de uma ‘educagio imposta, uma coisa formal e consciente. nfo poster dar a um povo a substincia de uma nova ou de outra civilizagio é uma verdade fundamental que Le Bon capiou com vigor. Mas quando dedu7 esta méxima como uma inferéneia do intransponivel abismo que existe fexternamente entre as ragas, baseia um facto ébvio, que nunca nin- ‘guém com discriminagio disputou, numa assergo mistica, Quase se podia prever. depois destascitagdes, que Le Bon atri- ria 0 wcardcler» das suas «ragas» d «acumulagio por hereditarie- dade». Vimos jé que se hi uma coisa que a hereditariedade no faz & ‘acumular. Se, por outro lado. existe um método pelo qual se pode defi- hr que a civilizagio opera € precisamente o da acumulacio. Acrescen- tamos o poder do voo, a compreensio do mecanismo do avizo, as nos- sas realizagies € conhecimentos prévios. A ave ndo: abandonow as suas pernas e dedos dos pés por asas. Talvez.seja verdade que a ave & ‘no total, um organismo superior ao seu antepassado réptil. que foi mais Jonge na estrada do desenvolvimento. Mas 0 seu avango foi obtido por uma transmutago de qualidades. uma conversio de drglos e faculd des, no por uma maior soma deles. Toda a teoris da hereditariedade por aquisigao se baseia na con fusio destes dois processos to diversos, 0 da hereditariedade e o da agio. Tem sido, talver, alimentada por necessidades insatisf' tas da ciéncia biolégica, mas nunca obteve da biologia a mais ligeira verificagio inatacSvel e tem, com efeito, sido atacada, tanto por um so € vigoroso instinto como em consequéncia do malogro da observa ‘gdo ¢ da experimentagio, no interior dessa cigneia, Trata-se de uma doutrina que € 0 consiante brasio do diletante que sabe alguma coisa tanto da historia como da vida, mas que nao se da ao trabalho de com- preender o funcionamento de nenhuma delas. Sendo os estudos de Le Bon uma tentativa de explicar uma por meio da outra, a utilizago por parte dele, mais cedo ou mais tarde, da doutrina da hereditariedade por quisigdo ov acumulagdo quase se poderia prever. De um temperamento diferente e menos agressivo emana 0 apelo aque Lester Ward dew voz, a um elemento amplo ¢ ambiciosamente ‘A hereditariedade por aquisicio deve ter lugar. argument sendo no haveria qualquer esperanga de progresso permanente para a hhumanidade. Acreitar que aquilo que obtivemos nao venha a ser. em parte, implantado n0s nossos fihos retira incentivo ao esforgo. Toto 0 labor vertido nos jovens do mundo seria em vio. As qualidades men- {ais nao estio sujeitas a selecgo natural, daf que se devam ter acum lado no homem por aquisigio e fixado por hereditariedade. Esta opi nilio & repetida vezes emitida por pessoas que chegaram a essa posigio através das suas priprias reflexies, que provavelmente munca leram ANATUREZA DACULTURA Wand, nem directa nem indirectamente, ¢ cujo mundo parece nuit quando os seus alicerces da hereditariedade so abalados, Trata-se, se tlio de uma opinido profunda, de um ponto de vista comum; e & por ikso que a formulagdo de Ward é, por invilida que seja intrinse mente, representativa ¢ importante. Revela a tenacidade. a insistencia, ‘com que muitos intelectos conscienciosos da época no querem nem podem ver o social a nfo ser através do dculo do orgénico. Que este hibito mental possa ser em si deprimente. que delimite de antemo 0 desenvolvimento e acorrente etemamente futuro ax misérias ¢ indi- géncias do presente € coisa que no vem A ideia dos seus devotos: na realidade. deve ser a fixider. que the df 0 seu poder emocional Parecer-nos-ia provavel ter sido um motivo semelhante © que Jevou o maior dos defensores da hereditariedade adquirida, Herbert Spencer, & sua posigdo. O método preciso pelo qual a evolugio orgi- ‘em lugar €. afinal, um problema essencialmente bioldgico endo filoséfico. Spencer. contudo, tal como Comte. era tanto um socidlogo como um filésofo. O facto de ter contestado to teimosamente aquilo {que era, em si mesmo, uma questo técnica de biologia dificilmente se poderé compreender, a nio ser que se parta do prinefpio de que cle aachava que & questio se relacionava de maneira vital com os seus prin- Cipios e de que, apesar de ter sido ele quem eunhow com propriedade © termo que di titulo a este ensaio. no concebia apropriadamente a sociedade humana como detentora de um conteido espeeitico que & io orginico, ‘Quando R. R. Marett, na abertura da sua obra Anthropology — uum dos livros mais estimulantes produzidos neste campo —. define a ‘cigneia como «a hist6ra inteira do homem abrasada ¢ impregnada pela ideia de evolugion e acrescenta que «a antropologia & filha de Dar- win — € 0 darwinismo que a toma possivel», esti, infelizmente, a retratar a situagio recente desta ciéncia com alguma veracidade: mas, amo programa ou ideal, tal esbogo deve ser posto em causa. A antro- jpologia pode ser biologia; pode ser histiria pode ser uma tentativa de indagar as relagies de ambas: mas, enquanto historia, 0 estudo do social, civado da ideia de evolugio orginica, seria uma salgathada de métodos diversos e, por conseguinte, nio seria uma ciéncia em rnenhum sentido do termo. De todas as misturas do cultural com o vital. a que se cristalizou sob o nome de movimento eugénico € a mais conhecida e a mais apre- srutivo para o progresso nacional, a cvge- ss melhores € de dar- ihes ideais melhores: um anificio orginico para ating 0 social; um atalho biolégico para um fim moral. Contém a impossibilidade ine- rente a todos os atalhos mais refinado, mas nfo & menos fitil do que © atalho que o selvagem segue quando, para evitar o incémado € 0 perio de mataro seu inimigo, trespassa fem seguranca ¢ por meio de cciada, Como programa const nia 6 uma confusio dos designios de criar hor oo OSUPERORG/ NCO invectivas, gritadas no conforto do seu priprio Tar) uma imagem em miniatura, & qual se dirige como se se tratasse do préprio inimigo. ‘A ceugenia na medida em que é mais do que uina diligéncia no sentido da higiene social num nove campo. é uma facia: uma miragem como a peda filosofal, 0 elixir da vida, o ane! de Salomao ou a efic ‘material da oragiio. Pouco hi a dizer em sua defesa. Se os fenmenos sociais so dniea ou essencialmente organicos. a eugenia esté cerit € nfo hii mais nada a dizer. Se o social é alguma coisa mais do que © orgdnico, a cugenia é um erro de pensamento mal formulado. Galton, fundador da propaganda cugénica, foi um dos intelectos mais verdadeiramemte imaginativos produzidos pelo seu pafs. Pearson. ‘© sev distinto. protagonista vivo, defendendo-a com armas cienti- ficas, possui uma das mentes mais argutas da sua geragao. Centenas de homens, capazes e eminentes. declararam-se conversos. E evidente que uma simples falicia se deve ter apresentado num invélucro de sedutoras complicagies para se Ihes ter tornado aceitével. Homens. destes nio confundiram coisas importantes, que so intrinsecamen distintas. sem uma boa ra7do. A explicago de que Galton, Pearson e a Imaioria dos mais criativos dos seus seguidores eram bidlogos profis: sionais ¢ tinkam, por conseguinte, tendéncia para ver 0 mundo através das lemies do orginico nzo hasta. O simples interesse por um factor no conduz os espiritos a negar praticamente a existéncia de outros fact: tes. Qual é entfo a azo da confusdo em que se precipitaram? 'A causa parece ser uma incapacidade de distinguir entre 0 social € 0 mental. Toda a civilizaglo existe, om certo semtide. apenas ma mente. A pélvora, as artes téxteis. as miquinas. as leis, 0 telefone, nde slo transmitidos de homem para homem, nem de geragio em ger ‘40, ou, pelo menos, no o so permanentemente. Sao a percepean, 0 Cconhecimento ¢ a comprecnsio deles, as suas ideias no sentido phi6- nico que sio transmitidas. Tudo 0 que € social s6 pode ter existéncia através da mentalidade. Claro que a civilizagio nao é acc : € levada a cabo por homens, sem estar neles. Mas a sua relagio comm 4 mente, 0 sev enraizamento absoluto na faculdade humana sie Sbvies. ‘Oque sucedeu foi que a biologia. que correlaciona e muitas vezes identifica o «fisico» e o mental, deu um passo em frente natural, mas. ainda por justificar, ¢ aceitou 0 social como mental: a partir daqui, a explicagdo da civlizagao em termos fisioldgicos € mecinicos era uma consequencia inevitsvel Ora, a correlagio, feita pela ciéncia moderna, entre o fisico ¢ 0 mental esté, sem divida, correcta. Isto &: € justficdvel como método ‘que pode ser consistentemente empregue para uma explicagio coe: rente dos fenémenos © que conduz. a resultados satisfatérios a nivel imelectual ¢ steis a nivel pra 10 dos dois. conjuntos de fendmenos € feita, ou aceite. por todos os pict & sem ddivida, vida para todas as mental em ANATUREZA DA CULTURA corroboragio fisioligica e quimica definida, ainda que de um género mais growceiro e menos completamente estahelecido do que geral- tmente se imaging. Seja como For, esta corelagai € umn axioma indis- tutivel dos que s€ ocupam da ciéncia: todo o equipamento mental € {oda a actividade mental tém uma base orginica. E isso basta para Esta inseparabilidade do fisico e do mental também deve Ser ver- dladeira no campo da hereditariedade. E sabido que, sempre que os ins- tintos sio definidos ou especializados, como acontece nos insectos, cles x30 herdados de maneira to absoluta como 0s 6rgios ou a estru- {ura, Toda a gente sabe que os nossos prépriostragos mentais variam tanto € com ncia se quadram com os dos antepassados coin as feigdes. Nio hii razio Iogica, nem existe nada na observagiio que v4 contra a crenga de que um temperamento iracf- herdivel camo @ cabelo ruivo a0 qual anda tradicionalmente Jssociado, ¢ Je que certs formas de aptidio musical podem ser to ‘congénitas como ter olhos az. ‘Claro que hi muita falsainferéncia nestes assuntos, no que se refere ao homem, através da interpretagdo da realizagiio como indicio ddo grau de uma faculdade, A discriminagao entre as duas coisas nem sempre € ici equer com frequéncia um conhecimento afanosamente iquiride dos factos, bem como um juizo cuidadoso, ¢ 0 raciocinio popular & geralmente escasso nisto. Uma poderosa faculdade congé- hita pode langar com xito um pai num empreendimento, Isto pode, por seu turno. formecer uma influéncia ambiental, ow um treino delibe- Fado. que venia a elevar Filho mediocre, no que toca s suas realiza- Bee, muito acima do que as suas faculdades naturais the teriam asse~ ffurado por si s6 -acima de muitos outros individuos de maiores Enpaeidades inatas. O ganho de um mithio & normalmente um indicio de habilidade: mas é normalmente necesséria uma capacidade mais ra ganhar um milhao comegando sem nada do que para omegar com um milhio reeebido como ddiva € aumenté-lo para {ree milhaes.O facto de um misico sera maioria das vezesfilho de um imisico. pelo menos tendo em conta nimeros relativos. nBo consti- tui, por s 86, prova de que o talento musical seja herd4vel, pois conhe- {cemas influsncias puramente sociais, como é 0 caso das castas hindus, {que obtém resultados semelhantes com muito maior regularidade da djue € possivelaleusm afirmar ser produzida, entre nés. pela heredita- fedade, somada is infTuéncias sociais "Mas seria tdo despropositado exagerar esta cautela, até a transfor- mar numa total negagio da hereditariedade mental, como ignoré-la inteiramente Nao existe, pois, nada, numa inspeegio improvisada da sitwagio, aque leve a uma descrenga de que 0s caracteres da mente estio sujei- tos &hereditariedade, de maneira muito semelhante 8s caractetsticas 0 compo, ¢ hi umn vasto compo de experiencia comum a confirmar a conviegio, 0 OSUPERORGANICO ‘Além disso, hé algumas provas ds quais, embora nio sejam em grande nimero, € dificil resistr. Galton, numa série bastante vasta de relatérios, descobriu que a quamtidade de regressio — um indice {quantitative da poténcia da hereditariedade — era a mesma para a faculdade artistica e para a estatura, Noutro trabalho investigou os con- sanguineos de homens eminentes. verificando que a eminéncia ocorre entre estes com uma frequéncia ¢ num grau exactamente iguais & infludncia da hereditariedade, no que toca 3s caracteristicas fisicas. Pearson calculou que a correlagdo —o grau de semelhanga, quanti- tativamente expresso, de fenémenos disponiveis em nimeros — entre inmaos é substancialmente a mesma para a consciéncia moral e para a forma da eabega, para a capacidade intelectual e para a cor do cabelo, assim por diante relativamente a outras qualidades mentais ou morais € fisicas. Claro que existe a possbilidade de, nos dados subjacentes a estes resuliados, bem como nos de Galton, se ter verificado alguma confusio entre temperamento e mé-criagSo, inteigéncia natural € tteino do intelecto, faculdade artstica congénita e gosto cultivado. Mas aatengio dos que redigiram os relatérios parece terse dirigido de modo assaz definido para tragos individuais inatos. Além disso, todos 0s coeficientes ou cifras relativos & heranga destas caracteristicas fii cas concordam, tanto quanto seria de esperar, com os correspondentes relativos a tagos eorporais. Pode pois, considerar-se a causa substan- cialmente comprovada, pelo menos até que se verfiquem novos indf- 30 obstante uma vasta accitagdo destas demonst especial por parte dos que se sentem predispostos a aprovar 0 pro- gresso biol6gico, deparou-se-Ihes igualmente alguma oposiggo © um desconhecimento maior do que a sua relaydo com uma questo de inte resse geral faria prever. Em parte, esta atitude negativa talvez se deva ‘a-uma persisténcia de crengas religiosas, no essencial jé suplantadas mas ainda nfo defuntas, que se centram em tomo do antigo conceito de ‘alma, ¢ que véem em cada ligagio entre mente ¢ corpo uma supressio dda estimada distingo entre corpo ¢ alma. Mas este conservadorismo tardio no explicard todo © malogro das demonstragdes de Galton- -Pearson em angariar aceitago universal ou em suscitar grande entu- sinsmo. ‘A opoxigo restante foi ocasionada por Galton, Pearson € os pré- prios aderentes, que nio se confinaram as suas conctusdes bem funda ‘mentadas, mas passaram a posteriores inferéncias. que apenas se apoiavam em assergies. Que a hereditariedade funcione no dominio da ‘mente, bem como no do corpo, é uma coisa; que, por conscguinte, a hereditariedade seja a mola real da civilizagio é uma proposigao intel rainie diferente, scm conexio necessdria e sem conexio estabele- ida edi a conclusio anterior. Manter ambas as doutrinas, a segunda ‘como corolério necessirio da primeira. tem sido 0 habito da escola 6 ANATUREZA DA CULTURA piokgica © a consquéncia tm sido que 0s que tnham inci intelectuais diferentes, ou que seguiam outro método de investigagio, ret dela ou lacuerte os Guts prope Stare por ac shorediariedade ental en to pow. gue alguns a Yes ver com a hiliagio que a ciiliagdo no € ent na um erp ou fuxo de produos do exerci ment seer natvidade mena: conforme ox bidlogs a em trata, ore Sema aves domonsragio wel eerente mao prov, portant, nada Tans conecimentor soins: A menalidaderelacion-se com © individuo. O social ou cultural, por outro lado, é, na sua esséncia. niio- ins aln ong. como tl, comega apenas onde 0 nd¥fdU0 induc guon nso apeeebn em crt medida deste fet, embora eaten un facto Bato infudato,ndo pode aca sono na are eee aati deve set para esa estou apenas oa se ert una oportunidad para o exetico da arte re 4 blog tem neceseamcnte eta referencia deca 20 individ Uns mte social € uma nla to sem sent como um iar aga pode cunt um gener de organciade: 0 orgica

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