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Colabore com a preservagdo da meméria historica da nossa cidade de Marilia Voce faz parte desta historia, Ajude a Comissao Organizadora dos Registros Histéricos da Camara ‘Municipal e da Cidade de Marilia a preservar a historia, indicando nomes de Pioneiros. Fotos, Objetos, Jornais, Revistas e Congéneres Endereco: ‘Rua Bandeirantes, 25 - CEP 17501-090 - Marilia/SP Fone: (014) 2105-2000 Tele ee ™ €g 20 AAOS tndios Kaingans Ou | Corados Rosalina Tanuri 3* Edigdo Abril/2009 Na dnsia de apresentar tod Grants rain eee 5 facetas da vida mariliens desde moderna, até o viver si ¢ post : c, @, Gomis Orpanzadora dos Registos Historian te Cis ayo ‘ida © Marilia vai mais fundo ainda, lembr: Coroados ox tras habitants danosatera en? © ; cio, ‘mara Municipal © da s Indios Kaingang ou Assim agindo, a Com igindo, a Comissao pretende facil despertar Nos estudantes o interesse cI vas ficil amar o que se: ‘conhece, Rosalina Tanuti iNDIOS KAINGANG OU iNDIOS CAINGANGUES? Consultando 0 diciondrio Aurélie, Basico da Lingua Portuguesa encontramos’ ) Bras. S.2g.1. Individuo dos Caingangues, grupo indigena de SP, PR, SC e RS, ja integrado na Sociedade Nacional, cuja lingua e outrora considerada como Jé, e que hoje representa uma familia propria. (st chamados também, em parte, coroados, camés e Xoclengues.) Adj. 2 Pertencente ou relative aos caingangucs.” No entanto, a Comissio Organizadora dos Registros Historicos da Camara Municipal ¢ da Cidade de Marilia recebeu apoio da Antropéloga Christina de Rezende Rubim, docente da UNESP em Marilia, quanto a grafia das palabras indios Kaingang (sem o s no plural) ou indios Caingangues. A Comissio foram indicados varios compéndios, entre eles" Tematica Indigena na Escola”, que diz: "Bxiste a norma culta da "Convengao para. grafia dos nomes ribais", estabelecida pela Associagio Brasileira de Antropologia (ABA) em 14 de novembro de 1953. Varios aspectos dessa convengao séo respeitados pelos ‘antrop6logos até hoje, mas muitos nunca o foram. O que mais salta aos olhos respeito €0 uso de maitisculas para os nomes tribais- mesmo quando a palavra tem, fangao de adjetivo- e 0 ndo uso do plural. Trata-se, no primeiro caso, de uma influéncia direta de regras gramaticais do inglés, segundo as quais todo nome de povo é maiiiscula (The Brazilians). Quanto a nao flexionar o plural a razio estaria no fato de que, na maioria dos casos, sendo os nomes palavras em lingua indigena, acrescentar um s resultaria em hibridismo. Além do mais hi a possibilidade das palavras ja estarem no plural, ou, ainda, que ele nio exista nas linguas indigenas correspondentes. Lopes da Silva, Aracy & Grupioni, Luis Donisete (org.) ATematica Indigena na Escola Brasilia: MEC/MARIJ/UNESCO, 1995, p.34 KAINGANG OU COROADOS Até as primeiras décadas do século XX, os temidos indios Coroados, também chamados de Kaingang, dominavam a margem direita do Rio do Peixe, atualmentea Alta Paulista Em 1905, quando da primeira exploragao do Vale do Rio do Peixe pela Comissio Geografica e Geologica do Estado, foi encontrado aldeamento de Coroados nas proximidades da cabeceira do Pombo, rio que tem suas nascentes na rua XV de Novembro em Marilia. Eles desconheciam 0 apelido Coroados dado pelo homem branco que assim os chamaram porque tinham um eirculo raspado no alto da cabega, parecido com uma coroa de clerigo. Conta Amador Nogueira Cobra, em seu livro- "Em um recanto do Sertilo Paulista", que na regio do Rio do Peixe foram travados os mais renhidos embates entre os brancose indios. Os ocupantes primitivos iam sendo empurrados para o Oeste a medida que a. ambigdo pela posse das terras aumentava, Sentindo-se cada vez mais acossados, os valentes Coroados, guerreiros munidos de arco ¢ flecha usavam de forte vinganga contra os que usurpavam suas terras, tirando-Ihesacaga ea pesca, Os brancos, por sua vez, foram piores que os barbaros, tais foram suas, erueldades ao assassinare esquartejar indios, inclusive criangas emulheres. Criadas pelo Coronel Francisco Sanches Figueiredo, as "dadas" eram formadas por brancos armados e organizados com a finalidade de acabr com os indios do Rio do Peixe. De fato, as palhogas foram reduzidas em escombros. O Coronel, acreditando abrir caminho a civil foi alvo de muitas acusagdes. Ha alguns defensores da teoria do progresso, com base na necessidade de exterminio para o surgimento de cidades como Marilia. Fica para vocé leitor, pensar edecidir qual seria ateoria correla. A ALIMENTAGAO DOS KAINGANG OU COROADOS ‘Todas as casas tinham do lado de fora, uma ou duas peneiras bem tecidas, algumas purungas como reservatdrios de agua e um pilio, onde as mulheres socavam o milho, antes colocado de molho e que servia para o preparo de um pirio, Ao contrario de outras tribos brasileiras que faziam suas bebidas derivadas de mandioca, 0s Coroados as fabricavam sempre com milho, Com ele preparavam ", bebida que serviam aos visitantes. Cochos de madeira enormes, com gua e milho, eram colocados perto do fogo para que a fermentago fosse mais ripida. De paladar azedo e amargo, a bebida os embriagava ¢ até os deixava prostrados. Bebiam tanto, ficavam tao inconvenientes, que as mulheres thes amarravam os pés eas maos, até que voltassem ao normal. ‘Quando havia festas, misturavam a essa bebida antes da fermentagio, 0 ‘mel depau. Eraentioo "quiquy" Preparavam, também, uma outra bebida de nome "goicupy", feita de milho mastigado, O milho levemente torrado era molhado, amolecido e depois mastigado pelas indias idosas, que 0 cuspia nos potes, onde ficara de motho. A bebida fermentaya logo e era entdo consumida ‘Com um alto teor de alcool essa bebida é hoje usada pelos bolivianos civilizados. Chama-se"Chicha”, ‘Os Kaingang procuravam o mel nas drvores e alimentavam-se com as frutassilvestres. Nas cagadas iam em algazarras com 10 a 20 individuos, seus eachorros ‘magros ¢ famintos. Com olhos firmes ¢ olfato desenvolvido, achavam logo a caga. ‘Nos barreiros das beiras de rios, seguiam o rastro da anta e outros animais, que iam lamber a terra salitrada, O sangue eos intestinos das presas eram dados aos cies, ‘A caga eles comiam assadas e sem sal, preparadas em cova de pedras © tocos de lenha, Vermethasas pedras com o fogo, colocavam a caga ea cobriam com fothas de coquciro. Contam os historiadores que os petiscos eram del ‘Com armadilhas engenhosas, colocados em lugares cevados, pegavam a ccaga pequena, como gambas, jacutingas, jacus, inambus e outros, que eram cozidos nos potes de argila ou assados no espeto. Gostavam de cagar os animais que andavam em bandos e ficeis de agarrar, como a anta, 0 bugio, porco do mato ¢ coatis, Quando achavam um palmito na mata, o derrubavam e depois de alguns meses iam procurar as larvas € os vermes que se formavam entro deles ¢ que misturados com mel cram comidos cru. Quando voltavam da caga, repartiam tudo com os companheiros que os recebiam com gritos de alegria. Suas culturas: feijao, absboraemitho. COMO VIVIAM OS KAINGANG OU COROADOS Em 1906, tendo o Arquiteto Dr. Edmundo Krug, empreendido viagem pelo Paranapanema, anotou que perto de Sao’ Pedro do Turvo habitavam indios Coroados. As casas eram feitas de esteios perpendiculares, amarrados uns aos outros com cipés, protegidos por uma espessa ¢ tosca cobertura e folhas de palmeira. "Todas estas casas eram igu o para o lado do terreiro ede planes quase quadrado, tendo mais ou menos 30 palmos de lado, repartidas internamente ‘a0 meio por uma tosca parede igual as exteriores; uma tinica abertura do lado do oto, que se conservava dia e noite aberta, comunicava 0 interior da exsa com o exterior, luz ¢ ar entravam por entre os esteios. Dentro, na primeira repartigio fumegavam tigdes sobre os quais estavam colocadas as panelas de barro cozido em que era preparado o indispensavel piraio de mitho. A noite os indios, de ambos os sexos, com cachorros magros e famintos, dormiam junto as cinzas, aquecidos ao suave calor dos tigdes tendo sempre os pés voltados para o brasileiro. Na segunda repartigdo achava-se um estrado que servia de cama, sobre o qual se aninhavam zgeralmente um homem com as suas mulheres. Quando o tempo permitia, acozinha era montada fora da casa cai, sobre algumas pedras, preparavam as mulheres ¢ seus alimentos." Como apetrecho de cozinha, usavam panela de barro, machado de pedra para partir lenha ou derrubar o mato, pildo de madeira dura, com 0 mé ou soquete quase sempre de pedra, peneira de taquara ou fotha de urtiga brava, cesto que servia para transportar 0 milho e também torri-lo, cochos e potes para a fermentagtio das bebidas, lascas de pedra para cortat, flechas, arcos ¢ langas de madeira fortissima, ‘Os que tinham contato com os brancos usavam espingardas velhas, barganhadas com peles. As pontas das flechas eram feitas de tibias de macacos. ‘Quando a caga ¢ a pesca escasseavam, ou quando os ranchos ficavam imundos ¢ cheios de pulgas, os Kaingang mudavam a aldeia para outro lugar, queimando antiga. ‘Os homens s6 se vestiam em dias de frio ¢ de festa e, assim mesmo, era ‘apenas uma capa de fibras de urtiga brava. Chamavam esses mantos de curucucha. Da mesma planta era feita também, a tanga que as mulheres usavam, da cintura até 0s joelhos. Conia-nos o Arquiteto r. Edmund Krug que, a0 contrario dos Guaranis, ¢ mesmo de outros indios, os Kaingang nao gostavam de se enfeitar, nem de penas. Essas eles a usavam nas pontas de flechas como guia. Eram penas de araras multicores, que eles amarravam com fita de imbé. (Os nossos Coroados nfo nadavam, muito menos se atreviam a chegar numa canoa. Achavam quea gua era fonte de eonstipagaio | UM CEMITERIO DE KAINGANG 4 dissemos anteriorment, que os nativos das vertenes dos Rios Peixe ¢ Feio pertenciam ao grupo dos indios Coroadlos, também chamados de"Kaingane” ‘Até 0 final do século passado, eramconhecidos apenas os Kaingang do Rio Feio, sna Carta da Provincia de Sao Paulo organizada por Cléudio Lamelline de Carvalho (1887), ndo constao Rio do Peixe, a passo que o Rio Feo est representado como "Rio ‘Santo Agostinho ou Aguapehi". Nas margens do Rio Turvo, no lugar onde se erguem a vila de Sio Pedro do Turvo, havia no inicio deste século uma grande selva habitada pelos indios, inicos senhores da regio. Quando José Theodoto de Souza, dono dos primeiros titulos juridicos passados na nossa regio, rompeu por aquela selva a dentro, teve repetidos encontros comos Kaingang. ‘Nos artigos escritos por Bruno Giovanetti, soubemos que na déeada de 40, no Sitio de Antonio Navarro, retitado cerca dois quilometros do centro da cidade de Paraput, foram encontrados ossadas humanas e varios objetos enterrados num monte de terra artificialmente colocado, semelhante a um enorme formigueiro, Verdadeira romaria se formou para ver oachado de 33 caveiras e outros ossos que foram em tempos remotos, de pobres Kaingang que andavam por aquela floresta milena. Conforme os relatos de Amador Nogueira Cobra no seu livro "Recanto do Sertdo Paulista” e do Arquiteto Edmundo Krug que estiveram entre 0s indios, quando morria, 0 Coroado era logo enterrado, mesmo estando quente, sendo bem possivel que muitos individuos da tribo, devido a isso, tivessem sido enterrados vivos. Em uma cova rasa, colocavam fothas de coqueiro, sobre elas 0 arco, a flecha, machado e um manto feito de folhas de urtiga. Por cima de tudo isso deitavam o cadaver, cobrindo-o de folhas de ceaqueiro. Sob pranto e cantos mon6tonos das mulheres, os vizinhos axiliavam a cobtir ‘o morto com terra. Com suas cestas iam despejando terra e mais terra sobre o defunto até que o tiimulo adquirisse uma forma cOnica de 3 a4 metros de altura ¢ 4 metros de didmerto, Geralmente os Cemitérios dos indios eram feitos proximos d grandes frvores de esséncias florestais originais, que se distinguissem das demais comuns. O tannulo ow casa dos mortos era ladeada por dois coqueiros juntos de igual grossura e altura, simbolo que marcava lugar eter dos mortes. Terminados os timulos enormes, reuniam-se os vizinhose convidados¢ faziam uma festa custa do mort. Fazendo citeulo ao redor da grande fogueira, passavam de mio em mio o embriagante juinguy cantando os ftos importants da vida do moro. Tamim dangavam a redor do Fogo até que o liquido do estimulante e ardente das cabagas aeabase por completo. Estudos das ossadas constatam que os nossos selvicolas, Coroados ou Kaingang, tendo vivido sempre préximos é natureza, levando uma vida rude e selvagem, tinham uma constituigao robusta e resistente a todas as enfermidades. A cari dentiria era desconhecida tendo aparecido somente comacivilizacao, (0s virios machados encontrados nas vertentes dos Rios Peixe ¢ Feio, provam que eram da época Neolitiea, ov época da pedra polida. Os caracteres cranianos mostram «que o tipo éinico era de arcadas superciliais muito desenvolvidas, frente achatada ecranio deabobada abatida. “9 AS GRANDES LUTAS Entre as bacias do Tieté ¢ do Peixe, as maiores lutas contra os indios, aconteceram no final de 1800 e inicio de 1900, quando impeto dos pioneiros colonizadores foi maior. O avango da estrada de ferro Bauru-Mato Grosso, ¢ as ‘matangas para a defesa dos pioneiras internados na Alta Sorocabana ¢ a oeste de Bauru, as epidemias contraidas no contato com os brancos (ou como contatr* alguns historiadores, também voluntérias), a superioridade numérica dos colonizadores, assinalaram o declinio definitivo dos indios, ‘© governo do Estado, os servigos de protegdo do General Rondon, tentaram reagrupar as raras familias sobreviventes em postos das ferrovias da ‘Noroeste da Sorocabana. ‘A destruigio dos indios, iniciada na época colonial, terminou com a marcha pioneira modema. Restando deles os nomes das cidades novas, fazendas & riachosaté entzio andnimos. Em homenagem a esses pioneiros, a Editidade Mariliense deu o nome de Coroados i uma dasruas da cidade. =e TERRITORIO KAINGANG SEMPRE AMEACADO Houve nas lutas dos Kaingang ou Coroados, no espago vazio entre 0 Tieté. Paranii e Paranapanema, onde ocoreram as paralelas de ago da Sorocabana e, depois, da Noroeste, enquanto os trilhos de ago das estradas de ferro se alongavam ao sertio. ‘As mais duras lutas aconteceram no tragado da E.F. Noroeste do Brasil, beirando o rio Feio conde os poucos silvicolas que restaram Se reuniram, Inaugurada em 1905, foi a'iinica ferrovia de penetragio no territério brasileiro (Os seus trilhos, partindo da cidade de Bauru, Estado de S80 Paulo, atingiram Corumbé, no pantanal matogrossense, para depois alcangar Santa Cruz de La Sierra, na Bolivia, Pretendis transformar-se na primeira Trans Continental, ligando o Atlantico ao Pacifico, quando alcangassea cidade de Arica, no Chile. Nao aconteceu. Em Marilia, também viveram os Kaingang ou Coroados. Empurrados, constituiram perigo certo para as incursies dos civilizados que procuravam o eixo de penetragio pelo caudal do Aguapei ou Feio, em cujo vale vivia 0 indio em menso quadrilatero irregular, de mais de quarenta mil quilémetros quadrados. Era formado ao Norte pelo Tieté, 0 primeiro caminho liquide dos Bandeirantes ¢ mongociros; a Oeste pelo encrespado rio Parana € ao Sul pelo rio do Peixe. No Leste pelas cabeceiras do proprio rio Feio edo Dourados. Foi dificil para os sertanistas, a construgio da E.F. Noroeste. O bugre estava sempre por Id, na sombra, na espreita, As terras entre 0 Tieté c Feio comegarama ser disputadas. Bugreiros e criminosos fazendo de li seu ponto de apoio, partindo para a floresta, matando indios ou fugindo das garras da le, Langavam posses da terra por conta ¢ riscos préprios ou de terceiros. Arranjavam tostemunhas ¢ cuidavam dos papéis, (Os Kaingang defendia corajosamente seu sertio. Empregava a iltima resisténcia contra o bugreiro invasor. Se cedesse estaria irremediavelmente destruido. Tinha consciéncia disso. Perderia suas chogas risticas e sua vida livre beira dos rios até suas correrias pelas matas atris dos animais selvagens. Coitado do Kaingang. A estrada de ferro continuou a cortar, orgulhosa, @ regido recém-desbravada. Ao lado da linha iam formando fazendas, povoados & vilas, O progresso-avangava. Morrer, se preciso. Matar nunca! Disse o Tenente Candido Mariano da Silva Rondon Bimensa gleba, encravada entre os ios Tiet8,o Feio ao centro ¢ 0 Peixe ‘asudeste, no inicio do século passado, era um terrtério ainda bravo e misterioso do indio Kaingang, que estava sempre por ali, disfargado sob a ramagem, arco na mio, espiando, ollos atentos a presenga do branco, rejeitando sua amizade, pois nao compreendia as verdadeiras intengie ‘A Estrada de ferro da Noroeste iria furar a floresta milenar, saltar corredeiras e rios, até chegar no Mato Grosso, As terras passaram a ser cabigadas c os dios iam sofrer com os intrusos. Conforme avangavam os trilhos, o prego das terras tambémavangavam, A situago era insustentivel, com os indios matando trabalhadores, esquartejando os cadaveres, assaltando locomotivas, danificando o leito das estradas ¢ a linha telegrfica, arrancando trilhos e queimando dormentes. ‘Com os repetidos ataques, os trabalhadores niio queriam mais seguir para os postos de vanguarda. ‘A solugdo foi chamar o Tenente Coronc! Cindido Mariano Rondon, cconhecedor profundo da terra brasileira. Ele que havia dito: "Os indios, quaisquer eles +sejam, slo suscetiveis de amor e bondade, para nio falar de sua inteligéncia. E falsa e desumana a opinido dos que negam sua capacidade como elemento de progresso © trabalho, pregando abertamente o assassinio de milhares dos nossos mais legitimos patricios, com a escandalosa injustiga de tomar-Ihes as poucas terras que ainda thes sobraram, sob o usurpador pretexto desua colonizagio Rondon, com todaa sua fé deixou para semprea ua o -Morrer, se preciso, matarnunca! Oconhecedor profundo sobre os indios brasieiros, rumou para a ponta dos trihosna Noroeste. Regressou trazendo um plano a ser executado sob a orientagio do “'Serviga de Proteco aos Indios". Corria na regio do rio Feio a historia curiosa da indi ‘Vanuire, de sua voz suave e seu jeito maravilhoso para tratar com seus irmios da selva Eles se acalmavam com a presenga dela, Aquela india muito ajudara nos contatos de seus parentes com o Kaingang da regido. A simples presenga dela, sua voz, seu modo de falar, tinham efeito extraordinario sobre os mais exaltados, acalmando os violentos, mesmo nas horas dificeis da luta. Levada para 0 acampamento, Vanuire com seu rosto suave, porém softido, e confiante ¢ grande conhecimento dos verdadeiros sentimentos dos irmios indigenas, inspirou-Ihes seguranga, O servigo de protegio aos indios iria, apos 0 contato com os grupos: indigenas, tentar alded-tos pacificamente, proporcionando-Ihes ensinamentos, dando- thes habitos de higiene para proteger-Ihes a saide “10+ VISITA AOS KAINGANG OU COROADOS COMISSAO REGISTROU EM FOTO E VIDEO O DIA-A-DIA NA ALDEIA "INDIA VANUIRE” ‘A. Comissio Organizadora dos Registros Histéricos da Camara Municipal eda Cidade de Marilia, quando presidida pelo Vereador Wilson Alves Damasceno, esteve no dia 14 de fevereiro, visitando a Aldeia Indigena "India Vanuire", nas proximidades de Arco fris, na regidio de Tupa, a 500 qulémetros de Sio Paulo. Em Tupi passaram a acompanhar a Comissao, a Senhora Tamimi Rays Borsatto, do Muscu "india Vanuire" e algunsantropélogos de Sao Paul \Wilza Matos RosalinaTanur a digente do Museu Tamimi Rays Borst. Visita ao Museu “india Vanuire” em Tup Na aldeia, criada para os remanescentes do Grupo Kaingang ou Coroados, que viviam desde a margen direita do rio do Peixe até as margens do rio Feio, encontram-se, também, os remanescentes dos Krenak, que vieram de Resplendor, ‘Minas Gerais, onde perderam suas terras ¢ também os Terena de Mato Grosso, Parte da Comissio dos Rogistros Histéricos e convidados em visita Aldeis “india Vanuiro™ hie Na aldeia, 0 nosso grupo foi recebido pelo Cacique Jerson Damasceno, pelo vice-cacique Marcos Elias de Mello e outros membros da Comunidade, como Ena Luiza de Campose Irineu Kotiu, sobrinhos netos da india Vanuire. (© Cacique Tiopré (Onga Brava) sabe da historia dos seus antepassados que ‘morreram combatendo homens brancos que invadiam suas terras proximas ao Rio Feio, que fica a 10 quilémetros da aldeia. Os vasithames de barro encontrados as margens do tio Feio estiio no Museu india Vanuire em Tupsi, Hoje, reduzidos a 78 familias, esses indios vivem em 290 alqueires. ‘Trabalham na lavoura de mandioca, milho, amendoim, feijao e criam gado para consumo lite. Foi uma coineidéncia o Dr. Damasceno, presidente da nossa Comisstio dos Registros Histéricos encontrar 0 Cacique Jerson Damasceno. Para acalmar a minha curiosidade, nosso vereador, presidente da Comissio, foi logo explicando qua tataravé dele era india...! Foi uma alegria geral! Os indios moram em casas de alvenaria, tém Posto de Saiide, com remédios, aguae luz. Um Posto da Funai (Fundagio Nacional do indio), uma igreja catélica e duas evangélicas, Esio bem aculturados. Tém celular, televisio, geladeira, ‘méquina de lavar, etc. Cacique Tiopré (Onga Brava, na lingua deles), prefere que as criangas fagam 0 curso fundamental na aldeia, porque acha muito perigoso a saida delas. La 86 tem até a quarta série. Na visita, conhecemos duas professoras bilingiies da escolinha deles. Alli, as criangas tm lighes em portugués e no idioma Kaingang. Para mais estudos, podem ira Arco friseaTupa, no dnibus da prefeitura, ‘Em conversa com 0 indio Borum Rim (Joo Batista de Oliveira) pergunto da situagio sanitiria da aldeia e fico sabendo que houve pouquissimos casos de conjuntivite, verminose, sarampo, desinteria ¢ ofidismo, pois 0 Posto da Funasa (Fundagiio Nacional da Saiide) Ihes da uma boa cobertura. ‘Quanto as ervas conhecidas por eles, continuam usando. Ele responde sobre 0 cemitério que ha nas proximidades, da preparagio da terra sem a agricultura de coivara, da pintura corporal, usada somente para os dias de festa, ‘com tintas tiradas do genipapo (para o preto) eo urucum (para vermelho). Sobre as formas primitivas da arte deles, usama criatividade para fazerem potes, cocares, brincos e outros adornos corporais, chaveiros, caneias trangadas com cipé, mini-ocas para presentear e outros mais. saz: Jovens da Aldeia apresentando ritual de danga Durante a visita, os indios dangaram, cantaram ¢ até oraram com o nosso companheiro Ivan Evangelista de Souza que, fazendo jus ao nome é um grande evanclizador. Foi com evangelizador. Foi permitido filmar e fotografar para ‘mostrarmos tudo aos nossos marilienses, | Mais uma vez, pudemos constatar que 0 Servigo de Protec dos indios (SPI) criado por Candido Rondon, acabou por fazer um trabalho de atragao dos Kaingang ¢ obter sua pacificagio desde 1912. Dai em diante, os guerreiros foram ‘mantidos em reservas, onde hoje vivem seus descendentes. Historiadora Rosalina Tanuri com os curumins da Aldeia Kaingang saa: iNDIOS KAINGANG QU COROADOS ‘Texto/Pesquisa: Rosalina Tenuti Fotografias: Wilza Aurora Matos Teixeira Digitacdo: Regina Moura ‘Arte Final: Paulo Roberto de Mendonga Co rg egis bricos da Esta obra é uma iniciativa da:Comissio Organizadora dos Registros Historic Camara Municipal eda Cidade de Marilia Promogao: . ‘Camara Municipal de Marilia luardo Nascimento 7 7 Cidade de Marilia: Presiden: Vendo: Wilbon As Darassno Vice-Presidente: AntGnio Augusto Netto Filho Secretéria: Rosalina Tanuri Membro Fonorario: José Expedite Capacete Ant6nio Martinelli Ivan Evangelista Jinior Joiio de Almeida LuizAmaldo Cunha de Azevedo Luis Henrique A lbertoni Regina Moura Rubens Ramos Wilson Novaes Matos Wilza Aurora Matos Teixeira saa: BIBLIOGRAFIA ANDRADE, Edgar Lage. Sertdes do Nordeste.S.1_p.,s.c:p,, 1945. BARROS, Fausto Ribeiro de, Umciclo pastorilnas camposde ihandava Aniisdo IX Congresso Brasileiro de Geografia, Rio de Janeiro, 1944, 5 COBRA, Amador Nogueira. Recanto do sertio paulista, Sto Pavios Hlennies & Cia, 1943, COMISSAO GEOGRAFICA E GEOLOGICA DO ESTADO DE SAO PAULO, Pxploracio do Rio do Peixe, 2.ed.: Sio Paulo: TYP. Brazil de Rothachit & Cia, 1913 GIOVANETTI, Brno, Esbogo histérico Alta Sorocabana (Relatorios) MONBEIG, Pierre. Pioncitos e fazendeitos de Sio Paulo. Trad. De Ary Franca e Raul de Andrade e Silva. Sao Paulo: Hucitee, 1984. SILVA. Aracy Lopes da & GRUPIONI, Luis Donizete. A temitica i 2, Brasilia: MEC/MAR/UNESCO, 1995, P3. ndigena na DALHNON, Suzel Pinheiro. Os Nomades, Dissertagdo apresentada no Curso de Fos-Graduacdoem Historia, érea de concentragao Histeria v Sociedade para obtencao do titulo de Mestre. Assis: UNESP, 1992 -168-

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