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Maria Casco Ferreira de Almeida Estruturas isostaticas Com muita satisfacao e orgulho, aceitei a tarefa de escrever 0 prefacio do primeito volume ~Estruturas Isostéticas ~ do “Curso de Anélise Estrutural” de minha exaluna Maria Cascio Ferreira de Almeida, professora do Departamento de Estruturas da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, no periodo de 1994 a 2002, quando passoua integrar ‘oDepartamento de Mecanica Aplicada e Estruturas da Escola Politécnicada Universidade Federal do Rio de Janeiro. HA muito, eatio esgotadas as obras de Ademar Fonseca, Sydney Santos e Sussekind. Antes de mais nada, pois, o livro da Maria Caseao vem suprimir essa falta. © contetido € completo; as linhas de estado e linhas de influéncia das estruturas isostéticas planas e espaciais, dos diferentes tipos - vigas, pérticos, trelicas ~ sio detalhadas cuidadosamente. Inimeros exercicios sto oferecidos, muitos dos quais, resolvidos passo a paso. Em tudo, a exposicao é extremamente didatica, num estilo de entendimento muito facil, agradavel. Destaco os exemplos introdutérios com que procura mostrar ao estudante o que significa uma estrutura. O estudo da Analise Estrutural, em seus fundamentos tao bem ‘expostos por Maria Cascdo, é indispensavel para que o engenheiro, que se dedicara as estruturas, possa utilizar com seguranga os intimeros progra- mas computacionais que, fora de diivida, séo necessarios, mas que requerem adequada interpretagio. Finalizo este breve prefécio, desejando a autora que prossiga na publicagao dos(s) volurne(s) dedicado(s) as estruturas hiperestiticas. 0 sucesso é garantido, Dirceu de Alencar Velloso (in memortan) agenheito civil: D.se, profeasor livre docente em engenhstia ¢ também titular pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFR). Foi presidente ds AscociarSo Brasileira de Mecinica dos Solee © Engenharia Geotéenica (ABMS) crecebeu title de professor emérito da Escola Polenta da Universidade Federal do Rio de Janeito em 2005, Profcsionalmente reconhecido como engenheiro de fundayées, onde atvou, por mais de trinta anes, sendo admirado erespeitad pela comunidade téenica, PREFACIO 2 ee ee 1 Covceros Fusoanennais Oo 4:1 Concaro Gewt of Esmununas " 5 1.2 Concer Esrecnco oe Esmaumunas 3 eG . 4.3 Thos ot Eiuyens Esrurueas 6G 4 Eons Actes ” = 2.5 Foxcas Anucaoas 7 2 3.6 Qwierivos os ANALise EsTRUTURAL 18 Y 57 Esunas Reva 9 2 Concenas BAsicos oa EsAnca 24 2a Grwoeers Fromenass 21 - aaa Fega 2 aaa Momento 2 2.2 Siumas oe Forcas 23 2.2.1. Redugio de sstomes de frgas um ponto 23 fered 21 ou Z eco 22 Po 23 Eauulimo Esanco 24 23.1 Qeslocamentosassocaces By 23.2 Guusdeliberdace 25 £ 233 Apoke 25 23.4 Euagoes do equine etitico 25 EscUINAS € SWURCAGOESo& CALcwLo 26 24 Smpiicades geométicas 46 - 24.2 Reprozntagi de orgie aplcads(aregamertos) 7 2.43 Smpliicagtesanalticas 30 = etd Represetacdo dos apoos 3 2.45 dealzagio de um modelo . 32 2.5 ReK01s D4 Aroo 32 25.4. Vigabnjoiada 2 252 Pétco plano 3 J 253 Calvo das reagoos de apoio para categamentosdstibuidos 34 25.4 Cdlulo das eagbes de apolo para momentos concentados. 36 : fer 23 36 2.6 Esarcoae Erhpuoaoe bt Moots PLawos 37 aa 2.6.4 Esttulurasexteamente wortdcas ” i 246.2 Estutuas oxternamentehiperestticas ” F 263 Estrutuat oxtemamerto hpostteas 38 i 26.4 Estrus reals 38 = 3 Esroncos Soucrares IeRwos a1 3.1 Essorcos neos em Esmstunas Plas 4a 3.2 CA.cwLo 00s EroRGoF Ineo: em UMA SicAo'S 45 brereiio34 46 bere 3.2 ° 33 ReUco%s Fanaa on Esnca 50 § 33.1 Religo entre evtergs norma cargas eins dstribidas 1 33.2. Relagio ent carogamento tansersale esfogoscortantese moments flores 1 Be. Funcots € Diackaias 0s EsroRcos SOUCHTANTES INTERNOS 53 “uae eee 4 Vicas Isostaricas 57 qa Vicas Stuntss 58 4-1-1 VigasBiapoiadas 58 Exercicio 41 58 Exerc 4.2 60 Exercio 43 - 6 Bxercicio 4.4 8 Exercko 45 6a Exercicio 4.6 6 Exercicio 47 ea exerci 4.8 6 Exercicio 49 70 4.2 Asrecros Retevaites rans 0 TragAo0 005 Diackaas na 4.3. Priciro Da Surerposi¢ko B Bxercicio 4.10 B 44 Viaas Encastaoas Lives B Brercicio 4.11 6 Exercico 4.12 7 Exercicio 4.13 ~ 4:5 Vices Braroiaoas com BaLANcos 79 Brercico 4.14 2 exercico 415 80 Exercicio 4.16 a 4.6 Vicas Geaoer 8 4.8.1 Equagtes de condigao 2 4.6.2, Solugdo por meio das equasées de condigao a Exercicio 4.17 84 4.7 Vicks Incunaons 85 47.1 Carregamentos distribuidos eo longo das projecses 86 4.7.2 Carregamentos distribuidos ao longo da vigainciinada 7 '5 Porricos ou Quaonos Isostaricos PLANOS 89 5.4 Bx0s Glo#ass€ Bxxos Locas 1 5.1.1 E05 globais fe 1 5.1.2 Enos locals si 5.2 ELEENTOS Dos Poxricos PLANO 2 5:3 Porticos Sourtes 92 5.3. Pértico biapoiado 2 Bxercico 5.1 2 53.2 Portico engastado e livre 94 5.33. Pértico trirticulado 34 Brercico 5.2 5 5.3.4. Pértioobiapolado com articulaggoe trante (ou escora) 26 Bxercico 5.3, 96 5.4 PORTICOs ov QuADROS com BARRAS CURVAS. 98 54-1. EOS curvos 99 Brercicio 5.4 101 5.5 Quaonos Comrosros (Esteururas Comrostas) 104 6 TaeUcAs IsostAnicas 105 6.2 Laide Foauacho 04s Tretigas Smries 108 6.2. Méro00 be ANALISE Das TReLcas 108 6.3 EstaTIODADE € EstABILIDADE DAs TRELIGAS 109 Exercicio 61 ‘Mérovo vos Nos Exercicio 6.2 ‘Miero00 oe Maxweut Cremona ‘Merono pas Seg0es (MéroCo be RrrTER) Ossenvagoes Genus scene as Taeigas ‘Treuicas cow CaRcas FORA Dos Nos Bxoccicio 6.3 Treugas Comrostas [000 0 RESOLUGKD OAS TRELCAS Cowrostas Exercicio 6.4 Exercicio 6.5 6.13 Treices Comapras 73 74 Ba Exerccio 6.6 7 ESTRUTURAS IsosrAricAs NO Espaco “TREUGAS EsPAciass yaa Verificagao da estaticidade 7.2 Leide formacao das trelcas simples espacais 7.13. Resolugiio das treigas simples espaciais Bxercicio 73 7.2.4 Classificagao das trelcas espacias Grats Exercicio 7.2 Exercicio 73 EstruTura Pana Suswenioa a Cannécanteuro Quatauee Pormicos Espacins IsosrAricos Beercicio 24 8 Livias 0€ Inewwtucia ve EstRUTURAS ISOSTANCAS Concero. TRAGADO OAS LWWHAS OF INFLUENCIA Mero00s pana OsreNsAo DAS Li DAS EsTRUTURAS IbOSTATICAS 83.1 Método analitieo 83.2 Método das deformadas verticals Vicas Genecn Trauicas DerticA0 00 Taew-Tio APUICAGAO Bo PrinciPio Da SurERPOSICAO Pesquisa 005 Vatones Maxis (MAx+) © MINIMos (MAx-) (Oaieivo as Lins 0¢ lnrwutncin em PROHeTOS De ESIRUTURAS Suemenions A Caxcas Moves Exercico 8.1 Biatioceara consurtana mn 112 113 4 16 18 119 120 122 123 124 126 128 28 131 132 132 133 133 4 135 135 137 38 140 140 11 143 148 4.1 Conceto Geral DE EsTRUTURAS Uma estrutura pode ser definida como uma composisao de uma ou mais pecas, igadae entre sie ao meio exterior de modo a formar um siste- macm equilibrio. Ta] equilibrio pode ser estatico (estudado na graduacao) ou dinamico (estudado, em geral, na pés-graduacio). Este livyo aborda a Andllise Estatica. a & Z isa) z A Z Dp jan n oO E Q Vv z o og Uma estrutura 6, portanto, um con junto capaz de receber solicitagdes externas, denominadas ativas, absorvé-las internamente © transmiti-las até seus apoios ou vinculos, onde elas encontram um sistema de forsas externas ‘equilibrantes, denominadas forcas reativas. Indimeros s40 05 exemplos de estru- turas (Fig, 1.1): arvore, corpo humano, cadeira, entre outros, Na Engenharia, em particular, 0 conceito de estrutura est associado & area de interesse. Desta forma sao estruturas: Fic. 1.1 Exomploe gerais de estruturas F © Parao Engenheiro Naval: navios (Fig, 1.2) Vim 20m fm 20m Sm om 1m cr isi simples das carps Nacuiras "sown "sown ee MMM Expo Sve Doin Fic. 1.2 Navios (engenbeiros navais) © Para o Engenheiro Aerondutico:aviges (Fig. 1.3). asm osm Im 2m Tm osm 23m 10m Fic, 1.3 Avides (engenheinos aeronauticos) © Para o Engenheiro Mecinico: veiculos automotores ¢ méquinas ig 1, ribuscome vee biopotc maquinas (engenheiros mecanicos) © Para o Engenheiro Civil: pontes (Fig. 1.5), viadutos, passarelas, partes reciatentes das edificacées (residenciais, comerciais ¢ industriais), bar~ ragens, rodovias, ferrovias entre outras, [Conteavantenento ZA \ransversine ‘Contraventamento Fig, 1.5 Pontes Ferroviarias (engenheiros civis) 1.2 Conceiro Especirico b& EstRUTURAS: Na Engenharia Civil, especificamente, denomina-se estrutura a parte resis- tente de uma construcéo, & qual se aplica o conceito geral apresentado anteriormente, Em um prédio em construgao pode-se claramente distinguir alguns dos elementos estruturais que compéem a parte resistente, ou estrutura, do prédio: vigas, lajes, patedes, pilares, sapatas e blocos, estes 4 — Conceiros Fuspaneniais smogpsos| penny Fic. 1.6 Bxemplos de elementos estruturais numa edificacao dois dlkimos sendo parte integrante das fundagbes. Estes elementos, con: forme ilustrado na Fig. 1.6, podem ser feitos de materiais diversos, sendo, centretanto, os mais utilizados: concreto armado (em particular no Brasil), concreto protendido, aco e madeira. Vigamentosecundii (tersas). Masscontines soldadas Bs princes sous comugadas apolada nat tesa suportando cxreasdo tchade, a err] ry N uw SS Sapataem Fechamento later conerste costo ‘cargas de venio Lae do piso emconcreto Na Fig. 1.7 pode-se observar a transmisséo interna das forcas, do onto de aplicaco aos apoios, através de diferentes sistemas estruturais. (5 sistemas sio selecionados de acordo com aspectas funcionais e arquite- ténicos. Observar que, embora as forcas aplicadas as estruturas tendam a descer devido a agdo da gravidade, os tirantes tém a capacidade de algé-las (Fig. 1.78 1.76). Os elementos estruturais, assim como toda e qualquer estrutura, devem apresentar as propriedades de resistncia e de rigider, isto é, serem capazes de resistir cargas, dentro de certos limites, sem se romperem e sem softer grandes deformacoes ou variacoes de suas dimensées originais, Os conceitos de resistencia ¢ rigidez sio importantes ¢ devem ser bem compreendidos. Resisténcia é a capacidade de transmitir as forcas internamente, molécula por molécula, dos pontos de aplicacao aos apoios, sem que ocorra a ruptura da pesa. Para analisar a capacidade resistente de uma estrutura é necessério a determinagao: © dos esforsos solicitantes internos ~o queé feitona Andlise Retrutural ou Estéttica das Construgées; © das tensdes internas — 0 que é feito na Resisténcia dos Materiais. a5 ® of © © 4 cabo don oa Fic. 1.7 Transmissio das forgas aos apoios através de: A) ponto; B) elemento tracionado; C) elemento comprimido; D)trelica; ER, G: H) particos diversos Rigidez é a capacidade de nao deformar excessivamente, para o 1 — Conictiros Funoawentas carregamento previsto, 0 que comprometeria 0 funcionamento e 0 aspecto da peca. O caleulo das deformacées ¢ feito na Resisténcia dos Materiais, 1.3 Tipos pe ELEMENTOS EsTRUTURAIS Quanto as dimensdes ¢ ae diregdes das acées os elementos estruturais pociem ser classificados em uni, bie tridimensionais. © Unidimensionais (ou reticulares): Estrutures reticulares sao estruturas compostas por elementos unidi- mensionais, ou seja, em que o comprimento prevalece sobre as outras duas dimensbes. Conforme ilustrado na Fig. 1.8, os elementos unidi- Pérticos Teelgas Grehas ZA #7 Fic, 1.8 Sstruturas reticulares formadas por elementos unidimensionai mensionais podem ser simplificadamente representados através dos seus eixos. Este curso é totalmente dedicado as estruturas reticulares, as quais podem ser geometricamente planes (pérticos ¢ trelicas planas, grelhac e vigas) ou espaciais (perticos e trelicas espaciais). Observar que as grelhas (Fig. 1.8), embora geometricamente planas, tém as forcas aplicadas perpendicularmente ao plano da estrutura. © Bidimensionais Estruturas bidimensionais so aquelas em que duas de suas dimensées prevalecem sobre a terceira. Exemplos de estruturas bidimensionais, conforme ilustrado na Fig. 1.9: lajes, paredes e cascas. As lajes e as pare- des, embora geometricamente semelhantes, recebem denominagées difecentes em funcdo da diresao das agdes. Nas lajes as forcas atuantes sio perpendiculares ao plano da estrutura ¢ nas paredes as forcas atu antes pertencem 20 plano da estrutura. Como a maioria das forcas que atuam nas edificagSes advém da acio da gravidade sobre os corpos, as lajes sdo elementos estruturais horizontais ou inclinados e as paredes sio elementos estruturais verticais. seoqpysost sesmjn3sg Lajes casces Paredes {jase | Fic. 1.9 Estruturas bidimensionais © Tridimensionais Sao as estruturasmacicas em queas trés dimensées se comparam. Exem- plos de estruturas tridimensionais, conforme ilustrado na Fig. 1.10: bloces de fundagoes, blocos de coroamento de estacas e estruturas de barragens. Bloco de estacs loco de fundecio Bawagens tridimensionsis 1.4 Esrorcos ou Acoes Os esforgos ou acées, na Engenharia Estrutural, se classificam conforme indicado no Quadro 1.1. No modelo de pértico plano da Fig. 1.11 encon- tram-se representados alguns exemplos. Quaoro 1.1 Classificacdo dos esforgos ou agdes Diretos Ativos: forgas e momentos) _Reativos Externos Soucrranres Indiretos Temperatura, recalque € Esrorcos ‘nalise estrutural Beier OU ACOES Forgas: N,Q, € Qy INTERNOS Momentos: 7, My € Me RESISTENTES Tensdies normais o € Tangenciais t (esisténcia dos materials) (ou suas resultantes) objetivo, do engenheito civil € garantir, por meio do céleulo estrutural, que os esforgos resistentes internos (ERI) ‘sejam matores que os esforzos solicitantes internos (ESI), ou seja: ERI > ESI 8 j ! “125” Portas APICABAS ‘As forcas aplicadas As estruturas sto também denominadas agdes solicitamtes externas ativas, cargas externas, carregamentos ot simplesmente cargas, Na Engenharia Estrutucal as forgas a serem consideradas em projeto dependem do fim a que se deetinam as estruturas, sendo, em geral, regulamentadss pelas normas. [No Brasil, as normas braslleivas sto elaboradas pela Assoclagio Brasileira Fc 1-11 Representagto de’ Normas Técnicas (ABNT). Estas normas sfo identificadas pelas letras ¢*duematcn ds foes raitisculas NBR, seguidas de ndimeros asseciados aos assuntos abordados. _indizetas ‘Annorma brasileira que regulamenta as Cargas para o Céleulo de Estruturas de Batficagbes ¢ a NBR-6120 (antiga NB-S), A NBR 6123 (antiga N3-599) regulamenta as agOes de Forgas devidas ao vento em edificagoes. Em algumas situagdes eapeciais a definigio do carregamento 2 ser considerado fca a cargo do engenheiro projetista, de acordo com a empresa contratante. Um exemplo bastante comum é0 carregamento dina- imico oriundo de mAquinas ou motores, o qual deve ser obtido por meio de informagéea forsiecidas poo fabricante. ‘As caxgas podem ser classifcadas quanto & posigho,& duragSo, 8 forma de aplicagso ea variagéo com o tempo. Segundo esta classificagdo as cargas podem ser: 8 © Quanto a posisao fixas: cargas que no mudam de posi como tal. Aé cargas normalmente consideradas nas edificagdes podem ou que podem ser consideradas ser dadas como exemplos, méveis: cargas que mudam de posigao. As agBes dos veiculos nas pontes ¢ viadutos séo exemplos de cargas méveis. © Quanto a duracio Permanentes: ages permanentes sobre as estruturas, tais como 0 seu peso proprio. acidentais: do as provenientes de ages que podem ow nao agir sobre as estruturas. Exemplos: sobrecarga (peso de pessoas, méveis etc, em uma residencia) e a acio do vente. © Quanto a forma de aplicagto concentradas: quando se admite a transmissao de uma forca, de um corpo a outro, através de um ponto. A forca concentrada nao existe, sendo uma simplificagao de célculo. s oot Aistribuidas: quando seadmite a transmisséode \ uma forga de forma distribuida, soja co longo de seaneysos| seinjnsasa “a um comprimento (simplificagao de célculo) ou, através de uma superficie. Bete tépico é mostrado detalhadamente adiante. © Quanto a variagao como tempo estdticas: so aquelas que, para efeito do com- portamento estrutural, podem ser consideradas como ndo variando com o tempo. dinmicas: quando a variago da acio ao longo do tempo tem que ser considerada. Exemplos: as ages do vento, de correntes maritimas, de explo- s6es ede terremotos. pseudo-estaticas: algumas ages dinamicas podem ser convenientemente consideradas por meio de andlises psendo-estéticas; é o que ocorre muitas vezes com a a¢do do vento em estruturas que permitam un célculo simplificado desta acdo. Dadas as estruturas submetidas a cargas ativas, conforme representadas acima, 0 objetivo da andlise estrutural 6 a determinagao: + dos esfargos solicitantes internos N, Qy, Qy,T, Uma vez conhecida a estrutura e determinadas 1.6 Osietivos 0a ANAUSE ESTRUTURAL My eM, as agdes estaticas e/ou dinamicas que sobre ela + das reagies de apoio V, He M. * dos deslocamentos lineates ou angulates em alguns pontos da estrutura: D e ©. (Fig. 1.12): atuam, os objetivos da Andlise Estrutural sio Fic. 1.12 Objetivos da Andlise Estrutural 1. Determinagio dos Esforgos Solicitantes Internos (ESI) Necessaria para o posterior dimensionamento dos elementos estrutu- xais, os quais dependendo dos materiais utilizados irdo requerer conhe- cimentos das disciplinas: Conereto Armado, Concreto Protendido, Ago, Madeira etc. 2. Determinagao das reagdes de apoio Necessaria, na propria Andlise Estrutural, para a consideragio da acto miitua entre os diversos elementos estruturais. As reciprocas das forcas reativas de uma dada estrutura (ou elemento estrutural) so utilizadas como forcas ativas nas estruturas sobre as quais esta se apoia. 3. Determinacio dos deslocamentos em alguns pontos As vezes necessaria para a propria resolugao da estrutura (Método dos Deslocamentos para a andlise das estruturas hiperestaticas). A limita- 40 da fecha maxima nas vigas € uma verificacio exigida pelas normas para evitar a deformacao excessiva. Bm algumas situacdes tal limitagao é necessaria por questdes funcionais, como por exemplo acima de jane las com esquadrias, cujo empenamento comprometeria a utilizagao, podendo levar as vidracas 8 ruptura. 1.7 Estruruaas Rericucares [As estruturas reticulares sao constituidas por elementos unidimensionais, simplesmente denominados elementos ou barras, cujos comprimentos pre~ valecem em relagio as dimensdes da seco transversal (largura ¢ altura). Na elaboracéo dos modelos matematicos para anilise, tais estruturas sto idealizadas como constituidas por barras (ou elementos) interconectadas por n6s, conforme ilustrado na Fig. 1.13. [As barras (ou elementos) so definidas por um né inicial e wm, né final. As barras podem ser de eixo reto ou de eixo curvo e de sega trans: versal constante ou variivel. (Os nés que permitem rotacio relativa de elementos a eles conec- tados so denominados nés articulados, e os que nao permitem rotarao relativa séo denominados nés rigidos. O angulo formado por elementos interconectados por nés rigidos 6 o mesmo antes e depois da estrutura se deformar. No né articulado a ocorrencia de rota¢ao relativa faz.com que 0 Angulo na configuragio deformada seja diferente do originalmente definido na configurasao indeformada. 9 4 Conceiros Funoawenas Tela espacial a CHEE Yeelicas plana Me iow it Pie antculados | eigas iss {sane Nos + pianos. seanyysos| seamynansa + socio transversal sespeciais ve ei rigides e/ou cargas normals ae plano vigas Fic. 4.43 Barras ¢ nds em eatruturas reticulares 2.1 GRANDEZAS FUNDAMENTAIS 2a. Forga ‘A forca é uma grandeza vetorial e portanto para ser completamente caracterizada é necessério conhecer © divesao, © sentido, © intensidade, © ponto de aplicasso, As forgas representadas na Fig, 2.14 esto aplicadas em pontos distintos, tém mesma direc, sentidos opostos intensidades diferen. tes, sendo uma o dobro da outra No espaco, utilizando um sistema de eixos ortogonais X, Y e Z, uma forca F fica caracterizada por suas componentes F,, Fy e onforme indicado na Fig. 2.1. © deslocamento associado a uma CONCEITOS BASICOS DA ESTATICA forca € uma translacio ou deslocamento linear. Fre. 2: A) Forca grandeza vetorial; B) Representagio de uma forca F no espago:F =F, +F,+F, 2.1.2 Momento ‘Omomento é também uma grandeza vetorial caracteri- ada por (Fig. 2.2 A): diresao, sentido, intensidade, onto de aplicagao. © momento representa a tendéncia de rota- «<éo, em torno de um ponte, provocada por uma forca. No espa¢o, utilizando um sistema de eixos ortogonais X, Y Z, um momento M fica caracterizado por suas componentes M,, M, eM,, conforme indicado na Fig, 2.28. © deslocamento associado a um momento Fic. 2.2 A) Momento Mi é uma rotagao, ou deslocamento angular. : aa O momento if de uma forca F om relagao a eee cagio da forca, sendo calculado por meio do produto vetorial (Pig. 2.3): % M=OBAF sendo 0 0 angulo entre o vetor Of e a forga F’, o médu- Io de Mi ¢ obtido como: uum ponto 0 é fungao da forga e da distancia, do ponto O ao ponto P de apli- sPaAPIsos| seIMANISQ |i] = [OB] sen sendo a distancia entre a forga © 0 ponto © caleulada BB sen ou simplesmente: M=Fd A utilizagio da regra da mao direita, con- Fic. 2.3 Momento Mt de forme ilustrado na Fig. 2.3, € bastante atil. A diego uma forsa F em relaczo (iim pout. € 0 sentido de M séo obtidos pelo dedo polegar quando a palma da mao direita é colocada voltada para o ponto O, estando o polegar perpendicu lar aos quatro dedos que apontam no sentido positive de F. Observar, na Fig. 2.3, que M é perpendicular ao plano definido pelos vetores OP e F. Para auxiliar o estudante a compreender o conceito de momento, area Encurtamento Oh CortanteQ ¥ Calhamento Se29¢4505) earns, Deslizamento @,eQ) otf] t reletivo das sebes Mo Ma ac segdes nereno CLL) fie transversais em Fletor letor M torno de exos nos os Gay seus planos, ty ale Momento de —f amo TorgaoT Rotagao relativa das (M,, Myou s0Ges transversais My) 3.1. EsFORCOS INTERNOS EM EsTRUTURAS PLANAS Na Anilise Estrutural, uma estrutura é dita plana quando tanto ela quan- to as forcas que nela atuam pertencem a um mesmo plano. Desta forma a estrutura pode ser analisada segundo um modelo plano. Considerando uma estrutura contida no plano x-y, as diredes de deslocamento de interesse nas andlises so Dx, Dy, Op. Neste caso, sto trés ‘05 esforcos solicitantes internos de interesse em qualquer seséo $ da estru- tura: TE ae 4 a saa ac ipa) Ty —§ —— © cortante: Q, ou simplesmente Q i @ momento fletor M, ou simplesmente M ° Na Fig 35A sfo indicadas duas 5 ; . formas distintas utilizadas para representar waist 6s ESI em uma cegio S: seja através da Sego, seja através do Elemento infinitesimal contendo Oo S.A representagio através do elemento em S sera Saas aqui empregada por sera mais concisa. AFig. 5B indica os sentidos positivos dos esforeos nor sees Somenroons ai aiear amet etc a of? seen Analisar uma estrutura através de rl ounerna pose um modelo plano ¢ também uma strnplifica- recto) / do de dltuls, Ma Giribin ral ane ne | ef fhe—8 de deslocamentos ndo consideradas no modelo Esra corantepastiva i matemético plano (D;, Oe Gy, para estruturas 2 po plano %-¥) dave tartambém.assuascon- | { >) ™ C " C oO) yu o¢ dighes de equilfbrio asseguradas, Memento fete posto é Conhecendo-se as forcas externas 3 (Gorgas aplicadas e reagdes de apoio) os esforcos eee cok as 8 solicitantes internos N, Qe, em qualquer secao transversal, podemserdeter- Seco ou Elemento; B) minados. Os ESI dependem da posicio da seco transversal S considerada,_ _Representacio deN, 'As variagbes dos ESI, no caso das estruturas planas N, Qe Mao Se Msesundo.os dois longo dos elementos que compéem uma estrutura sio representadas grafca rente por meio dee Diagramas ox Linhas de Estado dos: © esfors0s normats:dentificades simplifcadamente por N, DN ou DE! © esforsos cortantes:identificados simplificadamente por Q. DQ ou DEQ; © momentos fetores:identificades simplificadamente porM, DM ou DME. 3.2 CALCULO Dos Esrorcos INTERNOS EM UMA Seco S Conhecidas todas as forgas externas, a determinagio dos BSI pode ser feita por meio de um dos seguintes raciocinios: 1. Considerando a agéo das forgas a direita ou 4 esquerda de S Pertnite o calculo dos ESI por meio da determinacso da ago do sistema de forcasa esquerda ou direita de sobre a secao ou ponto (sobre o elxo)S. 2. Considerando o equilibrio das partes & esquerda ou direita de $ Permite a determinacao dos ESI por meio da aplicacao das equasdes de equilibrio seja a parte a esquerda de S ou a parte direita de. O primeiro raciocinio é 0 mais direto e rapido, sendo, portanto, outilizado neste curso. Exercicio 3.1 AFig. 3.6 além de enunciar o exercicio a seguir, visando a determina¢ao dos esforcos internos nas secées S; ¢ S, ilustra a elaboragio do esquema de cal- culo e faz.a distin¢ao entre segdes S simples, tais como aS, onde nao existe descontinuidades, e as secées $ especiais tais como a S, onde, por causa das descontinuidades, duas secdes tém que ser consideradas. Na sesa0 5, esto aplicadas duas forcas concentradas: uma de intensidade SP vertical e uma horizontal, de intensidade 2P, aplicada no eixo da viga. a Fig, 3.6 Exemplo para determinacao dos ESI nas secoes. A) Exercicio propesto; B) Modalo matematico; C) ;— uma tinica 2e¢%0; D) Sy ~duas segdes (imediatamente anterior as forgas concentradas)e Sf (hmediatamente posterior as for.as concentradas) 1. Calculo das Reactes de Apoio: © Definicéo de um sistema de eixos. * Introducdo das reagdes de apoio, das quais so conhecidas as dire- s6es, 08 pontos de aplicacao e os sontides s8o arbitrados. ™ Céleulo das reagées através das equagdes do equilibrio estatico. @ B= 0 2. -Ha+2P =0 - Hy=2P @ DEy= 0. Va-SP + Ve=0-. Var Vo=3P @ EMa=0 -. =3Px 2a+ Vex 3a= De 2) vem: Vy = 3P- Vp=3P-2P 2. Va~P 2. Determina¢ao dos ESE: Para a determinagto dos ESI em uma dada seco S pode-se optar por: ™ Considerar a agao do sistema de forcas a direita de S, ou ™ Considerar a aco do sistema de forcas & esquerda de 5. Estas duas possibilidades conduzem a mesma resposta. A op¢io mais simples ¢ sempre a melhor pois exigira menos célculos e, por consequén- cia, minimizard a chance de erros e seré mais rapida, Neste exemplo, a melhor op¢ao para a determina¢ao dos ESI na secao S; a consideracao das forcas & esquerda de S;, por conter um atimero menor de forgas. Determinar a acao de um sistema de forcas sobre uma secio S nada mais é do que reduzir este sistema de forgas ao ponto que representa a se¢30 5 no eino. ESLem'S; (sinais obtidos pela convencao de sinais dos ESI - Quadro 3.1, p44): N=10P (tragio) Q=+P Gentido horario) M= +Pa (Gibras inferiores tracionadas) Observag6es importantes: a]_ Em secdes onde existam forgas ou momentos concentrados havera des- continuidade dos ESI: ™ Forga concentrada axial acarreta descontinuidade de esforcos nor- mais N. = Foryaconcentrada vertical acarreta descontinuidade de esfor;os cor- tantes Q = Momento concentrado acarreta descontinuidade de momentos fle- tores M> Nestes casos a determinacao dos ESI em S, exige a consideragio de duas secées * Uma, imediatamente junto e anterior ao ponto de aplicacao das for- «cas concentradas, denominada $} ou Sf. ™ Outra, imediatamente junto e posterior ao ponto de aplicacio das forcas concentradas, denominada $? ow Si. No exemplo em questio, na sega0 $> ocorrem descontinuidades de esforcos normais e de esforgos cortantes. Determinar os ESI na secio Sy exige a determinagao destes esforeos em S} e.em Sf. = EsT.em S3 (usando as forgas a esquerda): Ne =12P = +P M~=+2Pa a7 Esroncos SoLIcrANTES INTERNOS 4 y Fic. 3.7 Nos com 2 elementos convergentes ¢ smudanga de dirogac: 2 secdes Fic. 3.8N6s com elementos convergentes: n secoes Fic. 3.9 Sodas que dispensam a eterminagao prévia das forces reativas = HSlem S¥ (usando as forcas a direita): NP=0 QP =-2P M-= +2Pa (nao ha descontinuidade de momentos pois em $, nao ha momento concentrado) b] Em nds onde ocorrem mudancas de direcao dos elemen- tos que neles converge também 6 necessaria a conside- racdo de duas secdes, uma para cada elemento: S*e SP. Isto ‘corre, conforme pode ser observado na Fig. 3:7, devido a mudanca dos eixos locais 20s quais os BSI sio referidos Em n6s onde ocorre a convergéncia de 3 ou mais elemen- tos serd necessaria a consideracao de 3 ou mais segies, ‘uma para cada elemento convergente no né.A Fig. 3.8 for- nece alguns exemplos. Este caso, assim como 0 anterior, & justificado pelo fato de cada elemento ter o seu proprio eixo local, assim sendo para n elementos convergentes num né existirao n sesdes pata as quais deverao ser caleulados os ESI. J Quando um dos sistemas de forgas @ esquerda ou a direita de S) nao contiver forcas reativas o célculo prévio das reacdes de apoio, para a determinagdo dos ESI nesta sec20, nao é necessério. Isto ocorre em ele ‘mentos com bordos livres, como ilustrado na Fig. 3.9. tk er aD LOE Exercicio 3.2 Determinar os esforgos internos nas segdes S; € Sp do portico plano da Fig. 3.10. 1. B necesséria a determinacéo das reagées de apoio? Para a determinagao dos ESIem $, a resposta é nao, Para. determinacéo dos ESI em Sp a resposta é sim, 2. Céleulo das reagées de apoio (modelo indicado na Fig. 3.10): ™ Escolher o eixo global. # Introduzir as reagdes de apoio arbitrando sentidos. = Equacdes de Equilibrio: GQ) SRy=0..Hy +5=0-. Hy =—StF @ —_YEy=0-.V, +Vg—10-10=0-.Vq + Vp =20 (3) YMg=0-.-2.5~-(10+10).5+10V5 = De () vem: Vj = 9tf 3. BSlem S; (Fig, 3.10) Considerando o sistema de forgas & direita de S, (trecho S,-D-E) e obser~ vando © sistema local da barra que contém a se¢ao S;, obtém-se: Ni=—lotf 4, BSlem S) (Fig, 3.10): Considerando 0 sistema de forcas a diveita de S, (trecho $,-B-G-F) e observando o sistema local da barra que contém a seco Sp, obtem-se: Np=-5tf Q=-tf M, = 55tfm ‘A determinacio dos esforcos interns em diferentes secoes 20 longo de uma estrutura permitira 0 tragado dos Diagramas dos Esforsos Internos, os quais permitem visualizar as variagées dos esforcos solici- Fic, 3.10 Pértico plano. iso global para as, reagées de apoio Fig, 3.11 Eixos locais [para os esforgos internas 49 3 — Esroxcos Sovearanres InreRnos e ® N.DeNoUDNe#) tantes internos ao longo da estrutura. O objetivo da Andlise Estrutural & portanto, 0 tracado destes Diagramas ou Linhas de Estado. Para o presente exercicio, a Fig. 3.12A, B e C apresentam os diagramas dos esforgos normais, dos esforcos cortantes e dos momentos fletores, respectivamente. Nestas figuras os valores dos ESI calculados no pre- sente exercicio para as segdes S; ¢ Sp podem ser confirmades. O tragado destes diagramas seed apresentado nos préximos capitulos. Fic. 3.12 Diagramas ou Linhas de Bstado dos BSI: A) Normais; B) Cortantes; C) Momentos Fletores 3.3, ReLacdes FUNDAMENTA'S DA ESTATICA Os esforgos solicitantes internos variam dependendo da posigao x da sero na barra ou elemento, ou seja, 0s esforcos solicitantes internos sao fungbes dex. Os ESI dependem também do carregamento ao quala barra esta sujeita: sob forcas ativas nulas os ESI seriam também nulos, As relagles existentes entre os ESI e entre estes e © carregamento aplicado sio conhecidas como relagbes fundamentais da estatica. Carregamentos axiais, isto 6, na direrao do eixo x, causam esforgos normais ou axiais N(x). Carregamentos trans- vversais a0 eixo da peca, forcas e momentos, causam internamente esforgos cortantes ¢ momentos fletores. Estas relagdes sao obtidas considerando 0 equilibrio estatico de um elemento infinitesimal da estrutura, conforme descrito a seguir. 3.3.1 Relacdo entre esforcos normais e cargas axiais distribuidas Seja.a viga da Fig. 3.13A, sujeita a uma carga axial distribuida descrita pela fung2o p(a). Analisando um elemento infinitesimal di desta viga, represen tado na Fig. 3.13B, o equilibrio exige a introducao dos esforgos solicitantes internos em ambos 0s lados deste elemento. O carregamento axial a que esta submetida a viga origina somente esforgos normais internamente, Estes eaforcos normais sao também fungbes de x, as quais ao invés de serern representadas por N(x) serao simplificadamente representadas por N. O equilibrio do elemento dx ao longo do eixo x fornece: @) IBe= c -N+ p@dex+N+aN=0 <. plx)= Isto é, a derivada da funcio N do esforgo axial em relagéo ax é igual a funcéo do carvegamento axial p(s) com o sinal trocado. ‘A intogracio entre dois pontos 1 ¢ 2 genéricos (ver Fig. 3.13C) fornece: NN = J p@ee © y pio jp face eee eee lg Fic. 3.13 A) Viga submetida a carregamento ; + axial distribuido; B) Equilibrio de um sie waar elemento infinitesimal; C) Trecho 1-2 7 3.3.2. Relago entre carregamento transversal ¢ esforgos cortantes e momentos fletores Sejaa viga da Fig. 3.14A submetida a um carregamento transversal distribuido segundo uma funcio q(t). A relagao entre o carragamento transversal e os esforcos cortantes e momentos fletores é obtida considerando 0 equilibrio do elemento infinitesimal de comprimento dx representado na Fig. 3.148. = Esroncos Souciranres Inrenos seauyisos| Seimnsts3 Davido 20 carregamento aplicado q(x) pode-se afirmar que os esforgos cortantes © 0s momentos fletores que surgem & direita ¢& esquerda do elemento sto diferentes. Na Fig. 3.14B 0s cortantes (Q ¢ Q+dO) e os momentos Aletores (M e M+dM) estio indicados nos sentidos positivos da Convengéo de Sinais, Utilizando as equagées de equilibrio obtém-se: Obs: Q= Q(x); M= MO), ) EB, = 0: Q- glade (Q4.dQ)=0 + g(a) = SR. @) SMa = 0: MQ: dG) + (alsa Ss M4 dM) - 0 af Sm Fic. 3.14 A) Viga submetida a carregamento transversal distribuido q(x); B) Equilibric deur elemento infinitesimal dx (ax? % Como dé é infinitesimal, o termo de ordem mais elevada pode ser desprezado, obtendo-se entao: dM Oras Verlficase, portant, ques fungso que expresso carregamento transversal distribuido é igual a derivada da funcao que expressa 0 cor- tante com o sinal trocado, e a funcao do cortante é a derivada da fungao que cepreomomomentodetoe ‘A varagio do cortante entre os pontos 1 e 2, de abisas x ¢ Xp respectivamente, pode ser obtida integrando-se a fun¢do que expressa ‘© carregamento transversal distribuido q(x) ao longo do trecho definido pelos pontos: ‘que indica que a variacao do cortante entre os pontos 1 ¢ 2 € igual a area definida pela funcao do carregamento transversal e o eixo x, entre estes dois pontos. ts a 33 Analogamente, a variacéo do momento fletor entre os pontos 1 © 2, de abcissas x; e x; respectivamente, pode ser obtida integrando-se a fungao que expressa o esforco cortante Q(x) ao longo do trecho definido pelos pontos: M.- My =f? QC que indica que variaca0 do momento fietor entre os pontos 12 ¢ igual a area definida pela funcao cortante e o eixo x, entre estes dois pontos. 3-4 Funcoes & Diacramas Dos Esrorcos Souiciantes InreRNos { A melhor maneira de visualizar como varia uma fungao é representé-la graficamente. Tendo-se em mente que os esforcos internos s4o fungées de x (eixo local), os diagramas ou linhas de estado dos esforcos internos constituem uma forma objetiva de indicar a variagéo destes esforcos 20 longo da estrutura. Estes diagramas sao extremamente importantes em projeto, pois fornecem: © Osvalores dos esforcos solicitantes em diferentes segdes. © Os seus valores maximos (positivos e negativos). Os diagramas dos esforcos internos podem ser obtidos através: © desvas fung6es on @ de seus valores em determinadas secées, conhecidas como segfes-chave. ‘As segdes-chave além de delimitarem os diferentes trechos de validade das fungdes dos ESI, constituem pontos nos quais os valores dos ESI devem obrigatoriamente constar nos diagramas. 3. — BsroncOs Souicmanres InTERHIOS ‘Sao consideradas ‘secdes-chave” todas as secoes em que ocorrem alteracdes da estrutura e da configuracio do carregamento a ela aplicado, ‘Sao segdes-chave: ©. inicio final da estrutura, © inicio e final dos elementos (mudanga de eixo local por mudanga de dies), © seqdes em que ocorrem forcas ou momentos concentrados, as 4 incluam oe apoios devido As forcas reativas, © secdes onde se iniciam ou_terminam carregamentos de forgas ow ‘momentos distributes, © emtrechos submetidosa fo! jentos distribuidos, assesoesonde gcorrem mudangas das fungdes que expressam tais carregamentos._ @ sesoes onde ocorrem os valores maximos e minimos dos ESI. Aten¢io. especial deve ser dedicada a estas secoes pols, embora nao possam ser identificadas a priori como as demais, elas sto importantissimas de serem convenientemente indicadas nos diagramas. Para raciocinar: No célculo dos esforsos solicitantes em uma dada barra que compe uma estrutura, a agdo de todas as forgas atuantes na estrutura, isto é, inclu- sive as que agem fora da barra em questo, tém que ser consideradas. ‘Tendo em conta esta afirmativa como é possivel determinar os esforgos Jnternos em uma determinada barra da estrutura sem determinar os esforcos internos nas outras barras? coils en m3 & (2) EFe=0:-N+ pdx ++ dN=0 -. pod = Seoqpisost seamynnsa @) BF) =0:Q- q(edx~ (Q+ dQ) = 0+. gfe) = — (3) EMz= 08 -M~Q: dx + (qlx)- dx) 2 + (M4 dM) = 0 Fic. 3.15 Relagdes fundamentais da estatica 2. Osnés das estruturas podem ser rigidos ou articulados ea forma simpli- ficada para representé-los graficamente pode ser observada na Fig. 3.16. Nés rigidos sao capazes de transmitir momentos, ou seja Mg « 0, enés articulados sao incapazes de transmiti-los, ou seja My = 0. ‘Com o auxilio das Figs. 3.17 e 3.18, compare os comportamentos estru- turais de sistemas, de arquiteturas idénticas, nos quais nds rigidos (B) séo utilizados ao invés de nés articulados (A). Neste exercicio é anali- sado o funcionamento de diferentes sistemas estruturais. TT who? so bop 20 Fo, 3.16 Representacéo dens A) rigidos; B)articulados 8 = (a) & @ P P 2 5 1 4 © 3 { 3 a e ToD amr “an LD e oreo is Fic. 317 Nos articulados ¢ née rigidos; A) N6 26 articulad;B) N62 érigido i Observar:@>0, e Ad, > Ady ® @ Lina deformade ene + Fic. 3:18 Nos articulados ends rigidos: A) Nés 364 5 d séo articulados: B) Nos 3 e Diagramamnomento tor 4.sio rigidos Diagramamemente eter ‘As vigas sto estruturas compostas por barras (elementos unidimensionais) interconectadas por nés, rigidos ou articulados, em que todos os elementos tém a mesma diregao. As vigas S40 modelos planos, uma ver que a estrutura € 0 carregamento aplicado pertencem a um iinico plano. ‘As vigas podem ser classificadas como simples ow compostas. Nas vigas simples todos (os:n6s sao rigidos, Nas vigas compostas os n6s podem ser rigidos ou articulados. As vigas com- ‘postassao também denominadas devigas Gerber ¢ podem ser consideradas como uma associaga0, de duas ou mais vigas simples. A teoria de viga constitui a base do aprendizado do comportamento das estruturas, sendo, portanto, a primeira a ser estudada. Os conceitos basicos aqui aprendidos se aplicam, em geral, as demais estruturas. Os nomes das vigas simples: © viga biapoiada, ©. vige biapoiada dotada de balancos, © viga engastada e livre. esto associados as diferencas nas suas con Bes de apoios. Uma vez determinadas as reacées, de apoio, que nada mais sio do que forcas ¢ momentos concentrados, os conceitos utilizados para tracado dos diagramas e determinacao das, fungbes que expressam os esforcos internos sa0 absolutamente genéricos e se aplicam indistinta mente a todos os tipos de vigas. TATICAS VIGAS Isos Seayysosy seaman 58 4-1 Vicas SIMPLES 4.1.2 Vigas Biapoiadas As vigas biapoiadas sao estruturas planas, capazes de serem definidas através de um Gnico elemento. Nela, portanto, o eixo local coincide com 0 eixo global, E conveniente que 0 estudo do comportamento interno das estruturas se inicie através das vigas, pois embora sejam elementos estru- turais simples, os fundamentos tedricos aqui estudados so aplicados As demais estruturas reticulares, ‘A melhor forma de apresentar e sedimentar conceitos tedricos & através de exercicios, 0 que serd feito a seguir. Exercicio 41 Para a estrutura da Fig. 4.1, determinar as fungdes que expressam os esforcos internos ¢ tracar seus diagramas. Para determinar as fungées e tracar os diagramas dos ESI em uma estructura é necessario: 1. Calcular as reagoes de apoio. Para tal: al definem-se os eixos referenciais, b] introduz-se as reagdes de apoio, arbitrando os sentidos, J) ecomas equacées de equilibrio obtem-se: Pb Pa a= ese Vi = L Fic. 4.1 Viga biapotada ED ee 59 2, Identificar as secdes-chave A, Be C. Estas segées-chave, conforme Indicadas na Fig, 4.1, delimitam os trechos I (AC) ¢ I (CB), para o8 quais as fung6es que representam os ESI tém que ser separadamente determinadas. 3. Obter as fungdes representativas dos esforcos internos (M(x), Qlx) € N(x) validas ao longo dos trechos Ie II. Conforme indicado na Fig. 4.1, para cada um destes trechos considera-se uma se¢ao genérica situada uma distancia x qualquer da origem do sistema de eixos adotado. Qcéleulo ¢ feito exatamente como aprendido anteriormente, s6 que agora os ESI nesta se¢ao genérica $ serdo escritos em fungao de x, Pode-se, portanto, considerar a a¢io das forcas & esquerda ow a direi- ta, devendo-se sempre escolher o célculo mais simples. Observar que ao considerar as forcas a direita, a distancia de S ao apoio B sera (L-x), conforme indicado na Fig. 4.1. Tendo-se a funcao e o intervalo de vali- dade da mesma, o valor do esforso interno em qualquer se¢ao dentro deste trecho pode ser obtido atribuindo-se o correspondente valor ax. Og g(xy=2O pois estas rela ax ae es ajudam tanto na determinagao das funcdes como server tam- Ter sempre om mente que Q(x bém de verificacao. Importante: Virias sio as formas de checar o desenvolvimento dos exercicios na Anélise Estrutural e tais verificacées devem ser feitas 4 —Vieas ostancas asso a passo. Trecho O (& ar (fungao do segundo grau) Ot) = SME a gu (fungao linear) Valores extremos Momento maximo: MO) prix =? O08) Posigdio em que Q(x) = 0 wt E=0: 29974505] seanjnngsg Nog trechos com carregamento distribuido uniformemente, 0 diagrama de momentos feetores, que 6 uma fungao do segundo grau, pode ser obtido através do tracado grafico da parabola. No presente exercicio 05 valo- res dos momentos fletores nas se¢oes-chave extremas si0 nulos, mas 0 mesmo proce- dimento grafico se aplica quaisquer sejam estes valores. O procedimento é o seguinte: a partir da linha construtiva tracejada defi- nida pelos valores dos momentos fletores nas secbes-chave extremas e examente no meio do trecho, marca-se (em escala) duas yezes 0 valor qLi/s, O primeiro ponto assim obtido ¢ ponto de passagem da parabola e © segundo, quando ligado aos valores dos momentos fletores nas segdes-chave extre- mas, permite a obtencéo das tangentes & parébola nestas segdes-chave, Os detalhes deste procedimento grafico, denominado na pritica de ‘pendurar a pardbol’, podem ser observados no diagrama de momentos fleto- res (DMF) na Fig, 4.3. Fic. 4.3 Viga biapoiada com carregamento uniforme Observar: * 0 momento é méximo (ou minimo) onde o cortante é nulo. * © momento fietor cresce quando 0 cortante é positive e decresce quando 0 cortante ¢ negativo. * 0 diagrama de momentos fletores indica sempre o lado da fibra tracionada. Exercicio 4.4 Obter as funcoes e tragar os diagramas dos esfarros internos em uma viga Diapoiada submetida a um carregamento vertical triangular, conforme indicado na Fig 4.4. 1, Reagées de apoio 2. Sedes-chave: A, B (definindo somente 0 Trecho 1) e'a secéo onde M(x) éméximo. 3. Bsforgos internos: Trecho Q)= ME <9 Posigao em que Qs) ~ 0 an? al. aL 6 Importante observar que, entre as duas raizes que satisfazem & equacéo acima, somente a positiva serve ao presente exercicio, pois a que se encontra no intervalo de validade da funeao (0 < x < L). Desta forma obtém-se: 6 4— Wiens Isosvaricas Ayo) = 900. 922= 90/2 — |. Tragado dos diagramas: os detalhes dos s : procedimentos graficos descritos a seguir podem ser observados na Fig. 44. Neste exercicio, 05 valores dos momentos fletores nas segdes-chave extremas so nulos, mas ‘© mesmo procedimento grafico se aplica quaisquer sejam estes valores. O procedi- mento ¢ 0 seguinte: a partir da linha cons: trutiva tracejada definida pelos valores dos momentos fletores nas secdes-chave oxtro- mas e examente na posigao da resultant do carregamento triangular (@ % da base do triangulo) marca-se (em escala), uma Unica vez, 0 velor auxiliar gl/. O ponto assim obtido, quando ligado aos valores dos momentos fletores nas segdes-chave extre- mas, permite a obtencao das tangentes & parabola nestas segdes-chave. O ponto de seagyisost seanynuysa momento méximo (com sua posi¢ao, valor e tangencia mala) fornece 2s informagées adi- cionais necessarias ao traado da parabola de terceiro grau da fungao Ma). Para.o tracado do diagrama de esforcos cor- tantes (DEC), além dos valores nas segoes- chave A e Be do ponto de cortante nulo, 6 importante (para a definiggo da concavi- dade da parébolaa ser tracada) observar gue a tangente ao DEC se anula na posi¢ao onde Fic, 4.4 Viga biapotada submetida a carregamento twiangular © carregamento triangular é nulo, uma vez Q(x) que $209 _ a(x). " q(x) Observar: * 0 coeficiente angular da tangente a0 diagrama de cortante em A é nulo, uma vez que, neste ponto, q = 0. ® Omomento fletor maximo ocorre onde o cortante se anula, Exercicio 4.5 Tracar os diagramas dos esforsos cortantes Qe de momentos fietores M da vviga biapoiada, sujeita a trés cargas concentradas, representada na Fig, 4.5. att at a A 8 1 2 3 wt ' " w am am 4m rc «) a + = 4 ~ ® a Fic, 4.5 Viga biapoiada com trés forgas concentradas 1. Reagdes de apoio IB, =0/.Vq-4-2-74 Vp =0-.Vq + Vg =28 =Ma 1712-14-77 413.Vq=O-.Vg=79tf Va =S,ltf 2. Secdes-chave: A, B, 1, 2 ¢ 3, as quais definem quatro Trechos:I, TI, file WV. 3. Valores dos esforgos internos nas segSes-chave: CORTANTES MOMENTOS FLETORES SECOES-CHAVE in ‘Gin A 454 0 * 451 ‘0 51-410 z 1 3 tala SAK7=4x4 = 195 z -09 3 rer 79x2= 15,8 8 22 o 6 4—Vicas lsosténicas Exercicio 4.6 ‘Tragar 05 diagramas dos esforcos internos na viga biapoiada da Fig. 4.6 Exemplo andlogo ao Exercicio 4.3 (p. 61), porém numérico. a=1im —* stonpasos, seamynysg Fic. 4.6 Viga biapoiada com carregamento uniforme 1. Reagées de apoio DRyp=0 * Hy-0 BB, $02. Vy —1.134Vg=0..Vq 4 Vy a8 EMq =0-.-1.13 Bar. = “Vp =6,StE 2. Segdes-chave:A, B, as quais definem o Trecho, € seo de Myx. O tracado do diagrama de momentos fletores pode ser facilmente feito através de processo gréfico, entretanto a obtengio da funcéo é também bastante simples: Trecho 0 = 21,t0fm Exercicio 4.7 Para a viga biapoiada submetida a um momento concentrado, indicada na Big. 47, tracar os diagramas dos esforcos internos. Exemplo analogo 20 Exercicio 4.2 (p. 60), porém numérico, M=200 im Fic. 4.7 Viga biapoiada com momento concentrade e g 3 3 | 68 svoqpysost sesmynaasa 1. Reagbes de apoio Vga 200co0en 6 Vp =20%N L 10 2. Secdes-chave: A, B e C. Estas segées-chave, conforme indicadas na Fig. 47, dolimitam os Trechos Ie Il. 3. Bsforgos internos — fun¢oes e valores nas secbes-chave: Trecho |: 0 sx <4 Poe acl MG) = 20x uncéo li (s) = 20s (Fangio lineat) Valores extremos fee ices. aM()_M x=0: Q=20kN 7 M90 Qe) = Valores extremes ee 20KN (angao constante) Trecho Il: 4 - oo Hy = 11,200 EM, 04 Myt9x4+0Sx4x2eOdx oxen My =-24,3kNm 2. Secdes-chave: Ae B (trecko I), 3. Esforcos internos - funcoes e valores nas secdes-chave: Trecho |: 0 Q) = 0-9 x= 2,2m = Mugg = 17 kN 20~120-240+6Vp = Exercicio 416 Obter os diagramas dos esforcos internos da viga biapoiada dotada de balangos, indicada na Fig. 4.20. z 1. Caleulos auxiliares: = 4 yo Jaen ae & asaree( $ } 93,13 a 3 Py =P cosa.=6tfe | Dw = Py=Psena=8tf an 2. Reagdes de apoio = = > ‘Hy » GtE Vg = 31,55tf V; = 29,45ef WD 3. Segbes-chave: A, B, C, D, Ee F (trechos I, 1, IL, IV eV). 4, Esforcos internos ~ Tragado das linhas de estado (Fig. 4.20) através dos valores nas segdes-chave, 4.6 Vicas Gerace ‘As vigas Gerber recebem este nome em homenagem a Heinrich Gerber (1832-1912). Conforme representacéo simplificada na Fig. 4.21, estas vigas surgiram por duas razdes: © Estruturais: permitir deformagies, evi- tando 0 surgimento de esforgos internos devidos a recalques diferenciais nos apoios. © Construtivas: permitir 0 langamento de vigas pré-moldadas em vios sobre leitosde p,, 4.20 Viga biapoiada dotada de balancos e respectivas rio ou de dificil acesso, Tinhas de estado

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