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CAPITUL( 20 ADOLESCENCIA: TORNAR-SE JOVEM ‘mana, no mundo atual. Criou-se até 0 conceito “adultescéncia” para refer a0 fendmeno dos adultos que tém como referéncia 0 padrio de conduta habitos de consumo dos adolescentes. A Psicologia estuda essas etapas da vida — adolescéncia e juventude -, esca aspectos importantes que contribuem para a qualidade das relacoes sociais. Uma de contribuigdes é propor pensarse existe a adolescéncia (comum a todos os seresh ou muitas adolegeéneias produzidas por condigdes histdricas e culturais diversas, A ‘adolescence juentade constituem-se como etapas idesliradas dV “quando eu tiver setenta anos ‘entéo vai acabar esta adolescéncia vou largar da vida louca ¢ terminar minha livre docéncia vou fazer 0 que meu pai quer ‘comecar a vida com passo perfeito vou fazer 0 que minha mée deseja aproveitar as oportunidades de virar um pilar da sociedade ¢ terminar meu curso de direito entdo ver tudo em sa consciéneia ‘quando acabar esta adolescéncia.” LLEMINSIC, Paulo Caprichos & lan. Sto Paks Brastonse 1985 Quando lemos um liveo, particularmente um livro que fale de Psicologia, esper ‘nos encontrar em suas paginas. Mas geralmente esses livros estao distantes de vidas. Falam de coisas que nao sentimos, usam termos que nao escutamos, descolados da nossa realidade Swe Baaror [ADOLESCENCIA: TORNAR-SE IOVEM se aparente dstanciamentoenirea vide ea teria consequencia do trabalho cien- sifiva, que produz abstragbes Sobre a realidad A eneta no eprodues realidade, mas ae dela para poder compreendé-a, Discutimios esse aspecto quando procurSO no capitulo’ Psicologla/€as Psicologias”separaro.conhecimento Cientifico do conhe- cimento do senso comum. ntretanto, em nenhumn momento essa questo fica tao evidente quanto ™ dis- cusohe sobre aadelescenciae juventde, Enquanto estamos discutindo o ten CO ci te, eee, jovem, esta vivenciando iso. O1isoo agi €:ee nos distancia completamente do leitor mas, com um pouco de sorte, poderemos estabelecer uma core franca, honest, sem, moralismo. & muito estabelecero ile ciie come. Mtroms, Boru lado ala a racionalidade do cientistas por outro Tade. © dese- jo do educacior de encontrar-se com os adolescentes ¢3 juventude. "Abrimos o captulo com um poema de Paulo Leminskl que traduz. um pouee 95 quictagbes da juventude. Rebelde liberdade 20 lado de conitole e responsabilidade. deride dese erianga eaduto ao mesmo tempo — ess parece se fina, be yanas as questoestedricas que mais se aproximem desse confito ¢ buscar na poesia, na litera- tur aquele toque de vida e de emaogao que falta na teoria, Venha, ‘conosco! 0 aue £ A ADOLESCENCIA? LUmgrupo de psicdlogose pesquisadores da Universidade de Rowe tealizowuma pes- uisa com jovens italianos, originando um extenso volume chatwadod condigto juventl: sain cPacologia do adolescente edo joven, publicado em 1980. Nesse ivr, procuram Giscutir a definigdo de adolescente e de jovem. "A primeira conclusdo dos autores éa de que as palavras adolescéncia © juventude aiptbgn uma definigao precisa. Varios estudiosos dizem que a adolescéncia 6a fase que ‘Vem depois da infancia e antes da juventude, Chegam a afirmar que adolescéncia co- neca por volta dos 12 anos e termina por volta dos 18. Ano senso comum, no dia a dia das pessoas, 0s termos adolescéncia e juventude ou adejescente ejover si0 usados indiscriminadamnente para designar tanto o mening ou menina apdsa puberdade quanto o jovem adulto. (© fato € que no hi um critério claco para defini a fase que vai da puberdade até a dade dita! Bsa confasdo acontece porque a adolescencia n40,€ wa fase natural do desenvolvimento humano, mas um derivado da estrutura socioeconOmica © cultural Em outras palavras, nés nao temios adolescéncia,¢| Parece contraditrio afirmar que nao existe adolescencia, mas que exster, adoles- cents, Os eiteios que definem e identificam essa etapa sio construidos pela cultura. Ga seja, quando determinada sociedade, como a nossa, exige de Sis ‘membros uma Tonga preparacao para entrar tio manndo adult teremos de Fo 9 adolescente € 0s 2- tone Ptieas psicologicas que definirao a fase, que, a titulo de compreensior diremos que foi attficialmente criada ‘Acompanhando ainda os pesquisadores da Universidade de Roma, podemos dizer quea evolucio do individuo em nossa cultura ecorte por meio de uma série de fases: a pré-natal, a do neonato(crianga assim que nasce), a infainca, 2 pré-adolescéncia, a ado- Jescéncia, a adulta e, por fim, a velhice. £ proprio da vontade de ser crianca eadulto ‘ao mesmo tempo. saiba que... Foi “Efekson (1970) que formalizou 0 con- ceito de adolescéncia, ‘Apresentoura a partir 0 conceito de mo- ratéria e a caracteri zou como uma fase de desenvolvimento, nna qual a confusdo de ‘asdificuldades ppara estabelecer uma identidade propria a ‘marcavam como “um modo de vida entre 2 infancia ea vida adu- ta" Erickson, 1976). Saiba que. No Brasil, do ponto de vista juridico Ge undo o Estatuto da Grianga e do Adoles- cente),aadolescéncia é definida como uma ‘etapa da vidaentre os 2e0s 1B.anos, ape | esicoLocias Contuda, & possivet partirde um ‘onsensa que éfatora Adolescéncia seinicia nna puberdade com as ‘mudangas orginicas que serevelam na 9rp0. ‘Mas seria possvel atsibui essasfases a outras eivilizages? Para ficar somtente kum exemplo,citarimos o estudo realizado pelo etndlogo Bronislaw Malinowski (1 {12B2 Sexy repre ex la sociedad prinitiva) acerca da caltura dos natives trod deses, que vive em illias do noroeste da Nova Guiné, na Oceania, No caso dos jovens titbriandeses;-2 puberdade comeca.antes do que em nosey ciedade ¢ néssa fase meninas e meninos trobriancleses ja iniciaram sua atividade sexi ‘io bi, como em outas culturas primitivas, determinaco rito de passagem par adulta. Apenas, gradualmente, o rapa vai participando cada vez mais das ativi ‘econdmiciis da tribo e até o final de sua puberdade sera um membro. -pleno dela; ptantg ara easarse, cumprir as obrigacdes e desérutar dos privilégios de um adulto. Essa faké descrita pelo etnélogo, se fosse possivel estabelecer um paralelo,estiti finida:para nossa sociedade, em termos etérios. como préadolesceiite. Entretanto, Rosso caso, a8 telacdes sextinis costumam vit depois essa fase, Ouitra diferenca &'que natives das tas Trobriand, pelo tabu que tepresenitam as relagdes sexuais com as iin saemn de casa na‘puberdade, para tima espécie de reptibiica corganizada por unr je ‘mais velho ndo casado ou por’ um joven vilivo. Essa “reptiblica’ tem o nome de ‘bulk ‘watt Ws 08 jovens,t¥i0gas ¢ rpazes raorain sem o controle dos pais, Mas, até'g

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