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Estes a!o"ta#e"tos "$o dis!e"sa# o estudo dos #a"uais reco#e"dados !elo


Pro%essor Re&e"te e Assiste"te.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO

DIREITO
PROF. TEIXEIRA DE SOUSA
Faculdade de Direito de Lisboa
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

1. O DIREITO

- O direito não pretende regular todos os aspectos da vida social: “espaço livre
de direito”. A vida é mais variada e diversificada.
- O direito não é uma realidade imutável e constante, mas sim uma realidade
social e cultural multifacetada.
multifacetada.

Perspectivas da Análise do Direito

Histria do !ireito: estudo da formação e evolução do direito.


"ociologia do !ireito: estudo do fenmeno #ur$dico na sociedade.
%tnolo
%tnologia
gia &ur$d
&ur$dica
ica:: estud
estudo
o do direit
direito
o en'ua
en'uanto
nto ma
mani
nifes
festaç
tação
ão cultu
cultural
ral do
(omem.
)ol$tica do !ireito: estudo da evolução e aperfeiçoamento
aperfeiçoamento do direito vigente.
*ilosofia do !ireito: estudo da génese e do fundamento do direito.

Orientações da Filosoia do Direito

+  )ositivismo  ormativismo
ormativismo
/  Antipositivismo
Antipositivismo  Antinormativismo
Antinormativismo

! " Positivis#o $ Nor#ativis#o:


Nor#ativis#o: ordem #ur$dica en'uanto direito, con#unto
de regras em vigor. 0udo o 'ue não é empiricamente
empiricamente mostrado, não é ci1ncia.
- %2poente má2imo do positivismo #ur$dico: 0eoria )ura do !ireito  modelo
terico de e2plicação da ordem #ur$dica 'ue prescinde de toda a fundamentação
metaf$sica 3#usnaturalismo4. 0oda a ordem #ur$dica esgota-se no direito positivo,
recon
recondu5
du5ind
indo
o todo
todo o direit
direito
o ao con#un
con#unto
to de norm
normasas #ur$di
#ur$dicas
cas em vigor
vigor numa
numa
sociedade 3direito positivo4.
- 6odelo representativo da 0eoria )ura do !ireito: 0eoria da )ir7mide  o
sistema #ur$dico é um con#unto de regras #ur$dicas (ierar'ui5adas.
(ierar'ui5adas. O fundamento
fundamento da
valida
validade
de do direit
direito
o res
result
ulta
a de uma
uma norm
normaa 3lei
3lei fund
fundam
ament
ental4
al4 (ierar
(ierar'u
'uica
icamen
mente
te
superior 8s outras.
9onclusão:
- O fundamento do direito é o prprio direito.
- epresenta a o;edi1ncia ao direito pela o;edi1ncia, independentemente do
seu conte<do ou conformidade com a &ustiça.

% & Antipositivis#o $ Antinor#ativis#o:


Antinor#ativis#o : direito é definido em função de
crit
critér
ério
ioss e2tr
e2tra#
a#ur
ur$d
$dic
icos
os e supr
suprap
apos
osit
itiv
ivos
os 3val
3valor
ores
es,, vont
vontad
ade
e das
das part
partes
es..
...4
.4.. A
legitimação do direito depende da sua conformidade com esses critérios.
- &usna
&usnatu
tural
ralism
ismo:
o: corren
corrente
te do direit
direito
o natu
natural
ral 'ue
'ue ass
assen
enta
ta numa
numa ma matritri55
metaf$sica 'ue não pode ser provada.

Deinições de Direito

9%=">": “a arte de encontrar o ;om e o #usto resultado”.


".0O6?" !% A@>O: “a arte de con(ecer o 'ue é #usto”.
H%B%=: “a'uilo 'ue fa5 com 'ue um ser se#a um ser da livre vontade”.

>;i ius i;i societas: onde (á direito, (á sociedade.


>;i societas i;i ius: onde (á sociedade, (á direito.
- !ireito nasce do instinto de so;reviv1ncia: perpetuação
perpetuação da espécie.

F'nções do Direito

2
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

1. O DIREITO

- O direito não pretende regular todos os aspectos da vida social: “espaço livre
de direito”. A vida é mais variada e diversificada.
- O direito não é uma realidade imutável e constante, mas sim uma realidade
social e cultural multifacetada.
multifacetada.

Perspectivas da Análise do Direito

Histria do !ireito: estudo da formação e evolução do direito.


"ociologia do !ireito: estudo do fenmeno #ur$dico na sociedade.
%tnolo
%tnologia
gia &ur$d
&ur$dica
ica:: estud
estudo
o do direit
direito
o en'ua
en'uanto
nto ma
mani
nifes
festaç
tação
ão cultu
cultural
ral do
(omem.
)ol$tica do !ireito: estudo da evolução e aperfeiçoamento
aperfeiçoamento do direito vigente.
*ilosofia do !ireito: estudo da génese e do fundamento do direito.

Orientações da Filosoia do Direito

+  )ositivismo  ormativismo
ormativismo
/  Antipositivismo
Antipositivismo  Antinormativismo
Antinormativismo

! " Positivis#o $ Nor#ativis#o:


Nor#ativis#o: ordem #ur$dica en'uanto direito, con#unto
de regras em vigor. 0udo o 'ue não é empiricamente
empiricamente mostrado, não é ci1ncia.
- %2poente má2imo do positivismo #ur$dico: 0eoria )ura do !ireito  modelo
terico de e2plicação da ordem #ur$dica 'ue prescinde de toda a fundamentação
metaf$sica 3#usnaturalismo4. 0oda a ordem #ur$dica esgota-se no direito positivo,
recon
recondu5
du5ind
indo
o todo
todo o direit
direito
o ao con#un
con#unto
to de norm
normasas #ur$di
#ur$dicas
cas em vigor
vigor numa
numa
sociedade 3direito positivo4.
- 6odelo representativo da 0eoria )ura do !ireito: 0eoria da )ir7mide  o
sistema #ur$dico é um con#unto de regras #ur$dicas (ierar'ui5adas.
(ierar'ui5adas. O fundamento
fundamento da
valida
validade
de do direit
direito
o res
result
ulta
a de uma
uma norm
normaa 3lei
3lei fund
fundam
ament
ental4
al4 (ierar
(ierar'u
'uica
icamen
mente
te
superior 8s outras.
9onclusão:
- O fundamento do direito é o prprio direito.
- epresenta a o;edi1ncia ao direito pela o;edi1ncia, independentemente do
seu conte<do ou conformidade com a &ustiça.

% & Antipositivis#o $ Antinor#ativis#o:


Antinor#ativis#o : direito é definido em função de
crit
critér
ério
ioss e2tr
e2tra#
a#ur
ur$d
$dic
icos
os e supr
suprap
apos
osit
itiv
ivos
os 3val
3valor
ores
es,, vont
vontad
ade
e das
das part
partes
es..
...4
.4.. A
legitimação do direito depende da sua conformidade com esses critérios.
- &usna
&usnatu
tural
ralism
ismo:
o: corren
corrente
te do direit
direito
o natu
natural
ral 'ue
'ue ass
assen
enta
ta numa
numa ma matritri55
metaf$sica 'ue não pode ser provada.

Deinições de Direito

9%=">": “a arte de encontrar o ;om e o #usto resultado”.


".0O6?" !% A@>O: “a arte de con(ecer o 'ue é #usto”.
H%B%=: “a'uilo 'ue fa5 com 'ue um ser se#a um ser da livre vontade”.

>;i ius i;i societas: onde (á direito, (á sociedade.


>;i societas i;i ius: onde (á sociedade, (á direito.
- !ireito nasce do instinto de so;reviv1ncia: perpetuação
perpetuação da espécie.

F'nções do Direito

2
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

+  Ordenador de relaçCes sociais


/  *unção pol$tica 3impede a anar'uia e o ar;$trio4
D  *unção social 3permite, o;riga e pro$;e4
E  *unção pacificadora 3impCe sançCes4

(i)ncia do Direito e Teoria do Direito

(i)ncia do Direito:
Direito: ci1ncia 'ue estuda o direito utili5ando o método #ur$dico.
- O;#ecto: o direito positivo, en'uanto con#unto de regras 'ue vigoram numa
sociedade
- O;#ectivo: solução de casos concretos, determinando o sentido das normas
- 0ra;a
0ra;al(o
l(o de sis
sistem
temati
ati5aç
5ação,
ão, (arm
(armon
oni5a
i5ação
ção e interp
interpret
retaç
ação
ão do ma
mater
terial
ial
normativo
- Ordem orientada para a prática #ur$dica: procura novos conte<dos a aplicar
- *unção cr$tica e de aperfeiçoamento 3incoer1ncias
3incoer1ncias e lacunas4

Teoria do Direito:
Direito: análise do direito positivo  vigente en'uanto sistema
3fontes do direito, regras
r egras #ur$dicasF4.
- "istemati5ação normativa
- Harmoni5ação do sistema em termos conceptuais
- efle2ão so;re o direito vigente e as suas estruturas formais

Direito O*+ectivo e Direito S'*+ectivo

!ireito en'uanto fenmeno social e palavra am;$gua:


+  !ireito o;#ectivo 3laG4
/  !ireito su;#ectivo 3rig(t4

! & Direito O*+ectivo:


O*+ectivo: con#unto de regras 'ue vigoram numa determinada
ordem
ordem #ur$di
#ur$dica
ca 3dire
3direito
ito posit
positivo
ivo4.
4.  sec
seccio
ciona
nado
do em áreas
áreas  ramos
ramos do direit
direito,
o,
con#un
con#untos
tos norm
normati
ativos
vos 'ue
'ue regula
regulam m pro;le
pro;lema
mass id1nti
id1nticos
cos e consti
constitu
tuem
em norma
normass
orientadas pelos mesmos princ$pios #ur$dicos.
# ur$dicos.

% & Direi
Direito
to S'*+
S'*+ect
ectiv
ivo
o: posi
posiçã
ção
o de vant
vantag
agem
em de um su#esu#eit
ito
o 3tit
3titul
ular
ar4.
4.
"AIBJ definiu o direito su;#ectivo en'uanto um “poder de vontade”. *aculdade
voluntária e livre de impor e defender os interesses do prprio su#eito através de
meios concedidos pela ordem #ur$dica.

Tipos:
Tipos:
- !ire
!ireit
itos
os da pess
pessoa
oa 3dir
3direi
eito
tos,
s, li;e
li;erd
rdad
ades
es e gara
garant
ntia
iass e dire
direit
itos
os de
personalidade4
- !ireitos relativos a situaçCes #ur$dicas 3direitos 8 constituição, modificação
ou e2tinção de situaçCes #ur$dicas - vg direito potestativoK4
- !ireitos relativos a ;ens:
. !ireitos de monoplio: direitos a;solutos, titular usa e dispCe do ;em,
devendo ser respeitado por todos 3e2: direito de propriedade material ou industrial
 ;ens materiais ou imateriais4
. !ireitos de crédito: claim-rig(ts, direitos 8 reali5ação de uma prestação
por um terceiro

(onte,do:
(onte,do:
- !ireitos patrimoniais 3suscept$veis de avaliação econmica - vg direito de
propriedade4
- !ireitos não patrimoniais
patrimoniais 3vg direitos de personalidade4

Eeitos:
Eeitos:
- !ireitos su;#ectivos stricto sensu 3direitos a e2igir uma prestação a outrem -
vg direito de crédito, correlativos de um dever4

3
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- 3K4 !ireitos potestativos 3direitos 8 constituição, modificação ou e2tinção de


uma situação #ur$dica, sem possi;ilidade de resist1ncia da outra parte, originando-
se uma su#eição, e não um dever - vg direito 8 dissolução do casamento por
divrcio, constituição de servidão legal de passagem4

Ra#os do Direito- Direito P,*lico e Direito Privado

(rit.rios de divis/o:
divis/o:

+. crité
itério do in
interesse
critérios insustentáveis
insustentáveis
/. crit
critér
ério
io da
da 'ual
'ualid
idad
ade
e dos
dos su#e
su#eit
itos
os

D. crit
critér
ério
io da posi
posiçã
ção
o dos
dos su#e
su#eit
itos
os crit
critér
ério
io adop
adopta
tado
do

!0 crit.rt.rio do
do in
inter
teresse
esse
!ireito p<;lico: satisfação de interesses p<;licos
!ireito privado: satisfação de interesses privados

9r$tica:
- não (á nen(uma lin(a radical de fractura entre o interesse p<;lico e o
interesse privado

%0 crit
crit.r
.rio
io da
da 1'al
1'alid
idad
ade
e dos
dos s'+e
s'+eit
itos
os
!ireito p<;lico: relaçCes em 'ue intervém o %stado ou uma entidade p<;lica
!ireito privado: relaçCes em 'ue interv1m particulares

9r$tica:
- %stado pode utili5ar as mesmas armas do 'ue os particulares

20 crit
crit.r
.rio
io da posi
posiç/
ç/oo dos
dos s'+e
s'+eit
itos
os
!ireito p<;lico: regula as actividades do %stado, dotado de ius imperii
!ireito privado: regula as relaçCes entre su#eitos em posição de paridade

(rit.rio adoptado-
- divis
ivisã
ão não sign ignific
ifica
a con
contrad
radiçã
ição: são ram
ramos ind
indisp
ispens
ensávei
áveiss e
complementares
complementares entre si

%0 ORDE3 NO
NOR3ATI4A

- >;i ius i;i societas: onde (á direito, (á sociedade. !ireito é um fenmeno


social. A"0L0%=%": (omem é um animal pol$tico. "ocia;ilidade é inata ao (omem.
Iiver é necessariamente
necessariamente conviver.
- !ireito: realidade (umana, social e cultural.

Orde#:
Orde#: comportamento (armonioso dos mem;ros de uma sociedade

Orde#
Orde# t.cnica
t.cnica:: orie
orient
nta
a cond
condut
utas
as (uma
(umana
nass e pret
preten
ende
de alca
alcanç
nçar
ar um
determinado resultado.
- 9arece de componente
componente normativa e de coerci;ilidade
- 9aracteri5a-se por um falso imperativo: ca;e ao (omem alcançar o resultado
ou não
- ormatividade aparente
- Ordem orientada pela conting1ncia
conting1ncia
-  a ordem do (omo fa;er, o (omem transformador de matérias-primas da
nature5a

4
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

Orde# nat'ral: ordem técnica, fatal, de necessidade. 9arácter casual.


- =eis naturais são invioláveis e inalteráveis, e2pressão de fenmenos naturais
- %ncadeamento de condiçCes essenciais 8 verificação de curtos fenmenos
3relação de causa  efeito4
- ão é uma ordem de tradição por'ue a e2peri1ncia de cada animal morre
com ele

Orde# social: não é uma ordem da necessidade, mas da li;erdade. 9arácter


contingente.
- Ordena condutas (umanas
- ão é imposta ao (omem  este pode re;elar-se contra ela
- ão é uma ordem determinista, mas aplica sançCes a 'uem a desrespeita
-  uma ordem 'ue é 3e2iste, é verificável  componente fáctica4
- %2prime-se por comandos comportamentais de dever ser 3componente
normativa4
- Ordem da cultura e tradição 3enri'uecimento cultural através das geraçCes4

(oncl's/o:
- Am;as a ordem social e a ordem natural são factos, realidades, em;ora não
e2ista identificação entre uma e outra

O Ser e o Dever Ser

!istinção entre o ser e o dever ser remonta a H>6% e MA0.

Ser: dom$nio da ra5ão terica 3ra5ão 'ue orienta o pensamento4


-  descrito: afirma um facto  fenmeno  realidade
- )ode ser verdadeiro ou falso
- 9omposto por elementos meramente factuais, destitu$dos de 'ual'uer $ndole
normativa 3de dever ser4

Dever ser: dom$nio da ra5ão prática 3ra5ão 'ue orienta a acção4


-  prescrito: impCe uma ordem, ainda 'ue suscept$vel de violação
- O (omem pode ade'uar ou não a sua conduta 8 ordem normativa, sem 'ue
essa re;elião pon(a em causa a vig1ncia da regra
- )ode ser válido ou inválido, em função da compet1ncia de 'uem o define
- esulta da vontade e da li;erdade

(oncl's/o:
- !o ser não se pode dedu5ir um dever ser
- O dever ser não pretende moldar todo o ser
- deologia conservadora: imposição do ser ao dever ser
- deologia utpica: imposição do dever ser ao ser

Ordens Nor#ativas da Orde# Social

Ordens 'ue tradu5em aspectos diferentes de dever ser, inerente 8 vida em


sociedade.
O direito é uma ordem da sociedade, e não “a” ordem:

1. Ordem religiosa
2. Ordem moral
3. Ordem do trato social
4. Ordem #ur$dica

1. Orde# reli5iosa: assenta num sentido de transcend1ncia.

5
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- Ordem intra-individual
- Ordem imperativa
-  a ordem 'ue regula a relação entre o crente e !eus
-  #uridicamente relevante 'uando ordena relaçCes entre o crente e terceiros
3ordem inter-individual4
- Ordem meramente instrumental: destina-se a tornar poss$vel a ordem
transcendente
- "anção: espiritual

2. Orde# #oral: orienta a conduta (umana para a reali5ação do Nem.

- Ordem intra-individual, com repercussCes so;re a ordem social 3dimensão


intersu;#ectiva4
- Ordem imperativa
- Nem: ideia inata ao (omem, a;stracta e su;#ectiva
- Iisa o aperfeiçoamento da pessoa e a transformação da ordem social
- 6oral social ou positiva: o con#unto de regras 'ue vigoram numa sociedade e
são aceites como tal 3vg dec1ncia do comportamento, ;ons costumesF4
- @uanto mais massificada é uma sociedade, menos relevante é a moral social
ou positiva
- "anção: social 3de carácter ps$'uico4, remorso

3. Orde# do trato social  3"itte4: a su;categoria mais po;re das ordens


normativas.

- Ordem intersu;#ectiva e e2tra#ur$dica


- 9arece de imperatividade e de coerci;ilidade organi5ada
- esulta dos usos e convencionalismos sociais 3vg regras de cortesia ou de
civilidade, indumentáriaF4
- !estina-se a dulcificar as relaçCes sociais, tornando-as mais fluidas
- Ordem normativa por'ue tem o mesmo sentido de um “ser devido”, mas é
caracteristicamente inorgani5ada
- "anção: reprovação social, segregação

4. Orde# 6'r7dica: ordem normativa cu#o o;#ectivo principal é a &ustiça.

- Ordem intersu;#ectiva
- Ordem imperativa 3MA0: imperativo categrico4, em;ora nem todas as
regras se#am imperativas 3vg regras permissivas4
- Ordem necessária: evita a anar'uia e o caos e com;ate o despotismo,
esta;elecendo o %stado de !ireito
- Ordem su;sidiária: nem todas as relaçCes sociais devem ser reguladas pelo
direito 3princ$pio do “m$nimo #ur$dico”, limitado 8 protecção dos ;ens #ur$dicos 
ec(tsgut4
- Ordem coactiva e coerciva

Orde# 6'r7dica e Orde# 3oral

Atri;uição de relev7ncia #ur$dica 8 moral:


- ncorporação das regras morais no direito 3vg direito penal: a proi;ição de
matar4
- 9oncessão de relev7ncia #ur$dica a valores morais 3vg ;oa fé, dolo4 ou ético-
sociais 3;ons costumes4
- 9oncessão de relev7ncia #ur$dica a deveres morais sem os transformar em
deveres #ur$dicos 3vg o;rigaçCes naturais  impossi;ilidade de e2igir o seu
cumprimento através dos tri;unais, art0 89%:4

6
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

6A" não (á uma coincid1ncia necessária entre a ordem #ur$dica e a ordem


moral: e2iste uma diferença de perspectivas.
- O direito preocupa-se com a conviv1ncia em sociedade
- A moral pretende orientar as consci1ncias para a reali5ação do Nem

(oncl's/o:
- O direito não deve contrariar a moral, impondo o 'ue é imoral ou proi;indo o
'ue é moral
- O direito não tem de rece;er toda a moral: princ$pio da necessidade e da
universali5ação
!uas vias:
- O direito pode permitir o 'ue é moral e o 'ue é imoral e o indiv$duo pode
optar pelo seu comportamento
- O direito pode considerar indiferente o 'ue é moral, não tomando 'ual'uer
posição

9ontrovérsia da separação entre o direito e a moral:


- reprodução medicamente assistida 3in vitro4
- interrupção voluntária da gravide5
- ;iotecnologia: o genoma (umano e as células estaminais
- suic$dio e eutanásia activa
- “regra o;in Hood” 30. "O>"A4: tirar aos ricos para dar aos po;res

(rit.rios de distinç/o entre o direito e a #oral:

+. 0eoria do m$nimo ético

2.  0eoria da coerci;ilidade critérios inaceitáveis

D. 9ritério do destinatário

E. 9ritério da origem

5. (rit.rio da e;terioridade $ interioridade critério proposto

1. Teoria do #7ni#o .tico: garante a protecção dos valores morais


fundamentais.

- 0odas as regras #ur$dicas t1m um conte<do moral, em;ora o inverso não se#a
verificável
- !ireito e moral são c$rculos conc1ntricos

9r$tica:
- A imensa maioria dos preceitos #ur$dicos é moralmente neutra  indiferente
- A pretensa coincid1ncia da regra #ur$dica e da regra moral s é verificável
num sector muito restrito 3vg no dom$nio penal4

2. Teoria da coerci*ilidade: o direito caracteri5a-se pela suscepti;ilidade


de aplicação de uma sanção.

- A regra moral é incoerc$vel, por'ue ninguém pode impor 'ue o (omem se#a
mel(or

9r$tica:
- Há sectores da ordem #ur$dica 'ue não são dotados de coerci;ilidade

3. (rit.rio do destinatário: a pessoa na sua relação com os outros


3direito4 vs. a pessoa isolada 3moral4.

7
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

9r$tica:
- en(uma pessoa vive isolada
- A solidariedade é uma virtude moral

4. (rit.rio da ori5e#: origem (eternima 3direito4 vs. origem autnoma


3moral4.

- 9ritério utili5ado por MA0: a autonomia da vontade

9r$tica:
- A ordem moral não é , em parte, criação do su#eito
- O su#eito pode criar o direito através da denominada autonomia negocial ou
contratual 3art0 89<:4

<0 (rit.rio da e;terioridade $ interioridade =crit.rio proposto>0

- !istinção r$gida entre o lado interno 3moral4 e o lado e2terno 3direito4 das
condutas (umanas
- O direito não invade o foro $ntimo de cada um, sendo irrelevantes as más
intençCes não tradu5idas em acto nem as motivaçCes 'ue condu5em o su#eito a
o;edecer a regra 3MA0, legalidade4
- A moral preocupa-se somente com a intenção do su#eito e não com a
concreti5ação desta em actos 3MA0, moralidade4

(r7tica:
- o seu radicalismo, o critério da e2terioridade é incorrecto
- O estado an$mico do su#eito nem sempre é irrelevante para o direito
3conduta dolosa ou negligente, dolo voluntário, eventual ou necessárioF, vg art0
%<2: e 8?2:4
- O lado interno é relevante para a medição das penas
- O direito tam;ém valora negativamente a declaração emitida so; coacção
f$sica ou moral 3art0 %<<:4
- 0am;ém a actuação e2terior é moralmente relevante 3“de ;oas intençCes
está o nferno c(eio”4

Apolo5ia:
- A mera intenção, não tradu5ida em actos, carece de relev7ncia #ur$dica
- )ara a moral a intenção é sempre relevante e pode mesmo ser suficiente
- &á a falta de intenção é sempre relevante, mesmo 'ue a conduta este#a de
acordo com a moral

8
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

20 A RE@RA 6URDI(A

ormativismo: a ordem #ur$dica é o con#unto de regras #ur$dicas


vs.
ão normativismo ou institucionalismo 3O. A"9%"O4: a ordem #ur$dica é
mais englo;ante do 'ue um mero con#unto de regras #ur$dicas. O direito é um
comple2o e uma unidade glo;al de regras #ur$dicas:

oção englo;ante de ordem #ur$dica compreende:


- instituiçCes
- rgãos
- fontes do direito
- vida ou actividade #ur$dica
- situaçCes #ur$dicas

9onclusão:
- egras #ur$dicas não compCem a ordem #ur$dica, mas são e2pressão dessa
ordem mais vasta
- O espaço da ordem #ur$dica 'ue não deve ser a;rangido por regras #ur$dicas
constitui o “espaço livre de direito” ou a “5ona de meta#uridicidade”.

Ele#entos da Re5ra 6'r7dica

O0 AS(ENSÃO: estrutura da regra #ur$dica


1. )revisão  antecedente 30at;estand ou factispecies4
/. %statuição  conse'uente

+. )revisão de um acontecimento ou de um estado de coisas 3vg estado


marital: os cPn#uges4

2. %statuição ou conse'u1ncias #ur$dicas caso a previsão não se verifi'ue


(istoricamente. %feito #ur$dico associado pela norma 8 verificação da factispecies.

e2+: previsão Q estatuição


“'uem matar outrem” 3previsão4
“será punido com R a +S anos de prisão” 3estatuição4

e2/: estatuição Q previsão


“é menor” 3estatuição4
“'uem não tiver completado +R anos” 3previsão4

e2D: previsão Q estatuição Q previsão


“os pais e avs” 3previsão4
“não podem vender a fil(os ou netos” 3estatuição4
“se os outros fil(os ou netos não consentirem na venda” 3previsão4

T0 SOUSA: estrutura da regra #ur$dica 3e2cepto regras classificativas4


+. )revisão
/. %statuição
D. Operador dePntico 3dever ser: proi;ição, permissão ou imposição4

Pretensas (aracter7sticas da Re5ra 6'r7dica

+. O0 AS(ENSÃO: (ipoteticidade e generalidade


/. T0 SOUSA: a;stracção e generalidade

9
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

!0 O0 AS(ENSÃO:

T - (ipoteticidade: regras e2primem a ordem social, aplicando-se somente


'uando se produ5 um facto 'ue corresponda 8 sua prpria previsão 3aplicação
condicionada4

T - generalidade: pluralidade indeterminada e indeterminável de destinatários

U - a;stracção: os factos e situaçCes previstos pela regra não estão #á


verificados 'uando a regra é introdu5ida no sistema - mas (á estados #á
plenamente reali5ados e regras retroactivas

U - imperatividade: a norma é um comando incondicional, 'ue pretende em


a;soluto verificar-se - mas as regras permissivas e os critérios de 'ualificação e
decisão de casos concretos não são dotados de imperatividade

U - ;ilateralidade: regras relacionam dois ou mais su#eitos, criando relaçCes


entre eles - mas nem todas importam a relacionação entre su#eitos

%0 T0 SOUSA:
- ao contrário de O. A"9%"O, admite a e2ist1ncia de regras individuais e
concretas

T - generalidade: concorda com O. A"9%"O

T - a;stracção: o enunciado dePntico refere-se a situaçCes categori5adas 3vg


filiação, casamento4, categorias a;stractas de situaçCes não circunscritas a casos
concretos

Tipos de Re5ras 6'r7dicas

O0 AS(ENSÃO:

+. a'tBno#as 30. "O>"A: completas4


- t1m por si um sentido completo

/. n/o a'tBno#as 30. "O>"A: incompletas4


- s o;t1m um sentido em com;inação com outras regras

/.+ proposições n/o nor#ativas 30. "O>"A: au2iliares de sistemati5ação


das leis4
- não são regras, segundo O. A"9%"O
/.+.+ classiicações le5aisC art0 %92:
- arrumam a matéria legal
/.+./ deinições le5aisC art0 %9%:"!
- mera orientação

/./ re#issivas
- o antecedente ou o conse'uente não estão directamente determinados - o
seu sentido completo s se o;tém através do e2ame de outro preceito
/./.+ re5ras de devol'ç/oC art0 !%<:
- não regulam directamente determinada matéria, antes remetem-
nas para uma fonte 'ue contém o regime aplicável 3vg direito
internacional privado4
/././ icções le5aisC art0 %<:"%
- tem de ser com;inada com a primeira regra para se o;ter o
regime aplicável, através do tratamento id1ntico de duas realidades

10
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

diversas - mau processo, por'ue o 'ue na realidade é diverso, diverso


continua
/./.D pres'nções a*sol'tasC art0 %82:
- presunçCes a;solutas, inilid$veis ou iure et de iure: estatu$das sem
possi;ilidade de prova em contrário, e da situação derivarão fatalmente
as mesmas conse'u1ncias 'ue derivam da'uela cu#a verificação se
presume
/./.E conlitosC art0 8:"!

O'tras (lassiicações

egras #ur$dicas:
+. de mera valoração
/. de conduta
. preceptivas: impCem uma conduta
. proi;itivas: vedam uma conduta 3vg normas penais4
. permissivas: permitem uma conduta 3vg uso, fruiçãoF4

egras in#untivas: aplicam-se independentemente da declaração de vontade


dos su#eitos 3vg estado de s$tio4.
egras dispositivas, art0 <?%:: s se aplicam se as partes suscitam ou não
afastam a sua aplicação. As partes t1m a possi;ilidade de fi2ar um regime diverso:
. permissivas: vg regra 'ue permite o casamento - posso não me casar
. interpretativas
. supletivas

80 I3PERATI4IDADEC (OA(ÇÃO E (OER(IIGIDADE

mperatividade: prescrição de um dever ser


9oacção: imposição de uma sanção ao infractor
9oerci;ilidade: suscepti;ilidade de aplicação coactiva de uma sanção

I#peratividade

 0odo o dever ser é dotado de imperatividade. A ordem #ur$dica é uma ordem


normativa e, portanto, uma ordem imperativa.
 0odo o imperativo é um comando comportamental 'ue visa em a;soluto ser
o;edecido 3pretensão de aplicação incondicional vs. MA0, imperativo (ipotético4
- mperatividade coactiva: imperatividade acompan(ada da definição de uma
sanção.
- mperatividade não coactiva: vg o;rigaçCes naturais 3 arts0 89%:"892: e
!%8<:4

(oacç/o

- 9oacção f$sica: possi;ilidade de aplicação de sançCes com e2pressão f$sica.


. nas ordens estaduais: pena de prisão, apreensão de um ;emF
. nas ordens supra-estaduais: guerra, sançCes econmicasF
- 9oacção não f$sica: nem todas as sançCes implicam o recurso 8 força, vg
e2clusão de um mem;ro de um sindicato 3sanção de carácter institucional4.

(oerci*ilidade

O0 AS(ENSÃO: coerci;ilidade é a suscepti;ilidade de aplicação coactiva de


uma sanção #ur$dica, com e2pressão f$sica 3pela força4. ão é, todavia, pela coacção
'ue as regras #ur$dicas pretendem ser aplicadas 30. "O>"A: sançCes sem e2pressão
f$sica - coacção não implica coerção4.

11
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

HANT: o direito está ligado 8 faculdade de coerção. O. A"9%"O defende


'ue a coerci;ilidade não é, todavia, uma caracter$stica da ordem #ur$dica 3e2ist1ncia
de regras #ur$dicas sem sanção4.

+. !efine-se uma sanção


2. 9oage-se o agente a actuar de certa forma 3vis coactiva4
3. %m caso de infracção, recorre-se 8 coerção para aplicar a sanção 3vis
directiva4
- regra coerção não orienta comportamentos, apenas actua 'uando o agente
viola a regra 3tem por o;#ecto uma norma de comportamento4

9oerção condu5 8 aplicação de uma regra #ur$dica:


- 'uando a sanção a aplicar for uma sanção preventiva ou uma sanção
compulsria
- s estas sançCes visam 'ue o agente actue segundo o direito
- 8s demais sançCes a coerção visa aplicar uma sanção, e não uma regra

Sanções 6'r7dicas

"anção: efeito #ur$dico desfavorável normativamente previsto para o caso de


violação de uma regra, e através do 'ual se reforça a imperatividade desta. em
todas as regras são assistidas de sanção 3regras não sancionadas4.
O0 AS(ENSÃO: regra sancionatria é su;ordinada e complementar 8 regra de
comportamento - actua no caso de esta não ter sido o;servada.
T0 SOUSA: toda a regra sancionatria é tam;ém uma norma de
comportamento - distinguem-se apenas pelos respectivos destinatários directos.

1. "ançCes positivas ou premiais: atri;uição de uma vantagem a 'uem


cumpre a regra
2. "ançCes negativas: imposição de uma desvantagem ao infractor da regra
a4 - preventivas
;4 - compulsrias
c4 - reconstitutivas
d4 - compensatrias
e4 - punitivas
3várias sançCes podem cumular-se em reacção a uma s violação4

!0 Sanções positivas o' pre#iais: não é apenas através do castigo 'ue se


promove a o;serv7ncia das regras #ur$dicas - atri;uição de um prémio ou vantagem
8'uele 'ue se comporta em conformidade com o direito.
- )remeia-se a o;serv7ncia da regra #ur$dica
- 6A" a o;serv7ncia da norma deve ser algo natural e espont7neo, e não
algo provocado pela e2pectativa de o;tenção de um prémio
e2:
. sanção civil: 'uem ac(ar um tesouro rece;e metade do ac(ado 3art0
!2%8:4

%0 Sanções ne5ativas

a> " Sanções preventivas: visam acautelar o cumprimento futuro da


regra, prevenindo a violação futura do direito.
- eceio é #ustificado pela anterior prática do il$cito no passado
- )revisão de 'ue o direito possa vir a ser violado uma ve5 mais
e2:

12
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

. sanção penal: medidas de segurança 3vg interdição do e2erc$cio da


profissão4
• privação da li;erdade a inimputáveis
• li;erdade condicional
. sanção civil: pagamento das prestaçCes em falta 3vg d$vida de
prestaçCes, art0 ?!:4
Kota: prisão preventiva não é uma sanção preventiva por'ue o tri;unal
ainda está a apurar se e2iste crime ou não 3pode não (aver violação prévia4. )risão
preventiva é decretada com ;ase no argumento de “alarme social”.

*> " Sanções co#p'lsBrias: visam o;rigar  compelir o infractor a


adoptar o comportamento devido, ainda 'ue tardiamente.
- )rocura-se atingir um resultado final semel(ante ao resultado da devida
o;serv7ncia da regra, a;straindo-se do factor tempo
e2:
. sanção civil:
• direito de retenção de coisa al(eia 3art0 <8:4
• sanção pecuniária compulsria 3art0 ?%: " A4
• 33 prisão por d$vidas até 8 reali5ação do pagamento - - a;olida44

c> " Sanções reconstit'tivas: visam a reconstituição em espécie 3in


natura4 da situação (ipotética 'ue teria e2istido se não se tivesse verificado a
violação da norma #ur$dica.
- eposição ou restauração natural
-  a <nica sanção capa5 de repor o e'uil$;rio
- epresenta a vitria da ordem #ur$dica so;re o caos e a desordem
e2:
. sanção civil:
• e2ecução espec$fica 3arts0 ?%:"?%?:4
• reconstituição natural ou indemni5ação espec$fica 3arts0 <%:
e <:4
• reintegração ou restituição da posse 3art0 !%?:"!4

d> " Sanções co#pensatBrias: visam a entrega ao lesado de um


;em suced7neo 3valorativamente e'uivalente4, mas não id1ntico, 8 lesão
sofrida.
- 9oloca-se o lesado numa situação meramente e'uivalente 8 inicial,
'uando a reconstituição não é poss$vel, é demasiado onerosa ou não repara
integralmente os danos 3art0 <:4
- "ançCes compensatrias são su;sidiárias das o;rigaçCes
reconstitutivas: indemni5ação é fi2ada em din(eiro 'uando a reconstituição
natural não é poss$vel
- Há reintegração, e não reconstituição
e2: indemni5ação em din(eiro
. sanção civil:
• danos não patrimoniais 3art0 8:"!4
• danos patrimoniais
• falta do prprio ;em devido 3vg pintura de um retrato #á pago4
• lucros cessantes

e> " Sanções p'nitivas: impCem uma pena  castigo ao infractor ou


transgressor do direito.
- )ena: sanção imposta de maneira a representar simultaneamente um
sofrimento e uma reprovação para o infractor
- V pena correspondem as violaçCes mais gravosas da ordem #ur$dica
e2:
. pena civil:

13
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

• indignidade sucessria
• ini;ição do poder paternal
• desrespeito do pra5o internupcial
. pena disciplinar: suspensão ou demissão de funçCes do transgressor
. pena contra-ordenacional ou coima: montante pecuniário 3vg
estacionamento4
. pena criminal: prisão, coima, prestação de tra;al(os comunitários,
admoestação 3censura oral feita, em audi1ncia, pelo tri;unal4

O<0 TUTEGA 6URDI(A

%volução (istrica do %stado de um sistema de #ustiça privada 3autotutela4


para um sistema de #ustiça p<;lica 3(eterotutela4 - art0 %9%: (RP.
Autotutela contri;ui para uma maior insegurança em sociedade, por'ue
ninguém é ;om #ui5 em causa prpria.
art0 !: (P(: “a ninguém é l$cito o recurso 8 força com o fim de reali5ar ou
assegurar o prprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites previstos na lei” -
proi;ição de autodefesa.

Ad#issi*ilidade da A'tot'tela

)articulares podem actuar manu militari na defesa dos seus direitos:

+. %stado de necessidade
/. =eg$tima defesa e direito de resist1ncia
D. Acção directa

ão são, contudo, admiss$veis:


- 0utela privada preventiva 3salvo em caso de agressão iminente4
- !esforço 3o castigo do infractor pela v$tima ou por terceiro4
%2cepção:
- 0utela da posse 3possuidor es;ul(ado pode restituir-se por sua prpria força4

33 !ireito de retenção: interessado aplica uma sanção 8 sua conta e risco -


art0 <8:.
- 9omeçou por constituir um simples meio de coerção 'ue visava o
cumprimento de o;rigaçCes 3direito real de garantia4 44

3eios de A'tot'tela

- )ressuposto comum: carácter su;sidiário 3s são concedidos perante a


impossi;ilidade de recurso em tempo <til 8 autoridade p<;lica - autoridades
administrativas, policiais ou #udiciais4. ecessidade de verificação cumulativa de
todos os re'uisitos legais.

1. Estado de necessidade, art0 22:


- eacção so;re a esfera #ur$dica de outrem contra ameaça de um perigo
actual
- "acrif$cio de um ;em al(eio para defesa de um interesse ou ;em
manifestamente superior
- %2clusão de ilicitude do acto em estado de necessidade: agir
altruisticamente
- )ressupostos: . remoção de um perigo 3imin1ncia de um dano4
. s pode incidir so;re coisa ou direito patrimonial
3do agente ou de terceiro4
. destruição  danificação de coisa al(eia 3conduta t$pica4
. proporcionalidade m$nima 3ponderação de danos4
. o;#ectivo: evitar a consumação ou a ampliação de um dano

14
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- 9onse'u1ncia: pre#u$5o provocado em estado de necessidade deve ser


indemni5ado pelo agente ou por a'ueles 'ue tiraram proveito do acto
9onclusão:
- O estado de necessidade evidencia 'ue a autotutela é mais ampla do 'ue a
reacção coerciva contra a violação do direito.

2. Ge57ti#a deesa, art0 22:


- )ressupostos:
. agressão ilegal, in#usta ou il$cita e actual 3#á iniciada, não consumada4
. agressão actual 3#á iniciada, não consumada - não ;asta ser
previs$vel, #ustiça privada preventiva4
. o;#ectivo: o;star a 'ue o mal se consuma
. pode ser pessoal
. pode ser patrimonial - - do prprio ou de terceiro
. necessidade ou racionalidade dos meios de defesa
. proporcionalidade m$nima 3ponderação de danos4
- Admite-se e2cesso de leg$tima defesa por medo ou pertur;ação
3cfr. art0 %9:"%!: (RP - direito de resist1ncia4

3. Acç/o directa, art0 22:


- 6eio de autotutela 'ue visa assegurar o prprio direito, e não o direito de
outrem
- Admitida em termos cautelosos
- 0ipo de autotutela de maior amplitude 'ue os outros meios
- )ressupostos:
• defesa de um direito prprio 3a agressão #á é finda e
consumada - #ustiça privada repressiva4
• conduta t$pica: apropriação, destruição ou deterioração de
uma coisa
• racionalidade dos meios empregados: proporcionalidade
directa 3em caso algum pode e2ced1-la4
- “)ara evitar a inutili5ação prática desse direito” - 'uando não e2iste outro
meio de impedir a perda do direito.

Erro Acerca dos Press'postos da Acç/o Directa o' da Ge57ti#a Deesa

art0 22?:: suposição errnea - o titular o direito é o;rigado a indemni5ar o


pre#u$5o causado.
"e o erro for desculpável, a acção directa ou a leg$tima defesa #ustificadas por
erro acerca dos pressupostos não dei2am de ser il$citas. 0odavia, o agente é
dispensado da indemni5ação pelos pre#u$5os causados.
O art0 22?: não pode ser aplicado relativamente a erro de acção em estado
de necessidade.

90 SISTE3A 6URDI(O E A ESTATAGIDADE

Princ7pios @erais do Direito

)rinc$pios gerais do direito: princ$pios ou grandes orientaçCes da ordem


positiva 'ue t1m a potencialidade de condu5ir a novas situaçCes.
- luminam e inspiram a ordem #ur$dica
- 6erecem o mesmo respeito e o;rigatoriedade da prpria lei

Pretensa Estatalidade do Direito

*enmeno #ur$dico: a regra é caracteri5ada pela sua proveni1ncia estatal e


pela sua aplicação pelos rgãos estatais 3estatalidade do direito4.

15
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

O. A"9%"O: o direito é o 'ue está na sociedade, não o 'ue é produ5ido pelo


%stado. %2iste direito em sociedades infra-estaduais e supra-estaduais. A ordem
 #ur$dica s é estatal 'uando pretende significar 'ue o 7m;ito dessa ordem #ur$dica é
demarcado pelo %stado a 'ue corresponde.

90 FONTES DO DIREITO

Siste#as Act'ais de Direito

O estudo de uma ordem #ur$dica em particular deve ser precedido de


consideraçCes so;re outras ordens #ur$dicas.

!ireito 9omparado: a comparação de direitos


- para mel(or con(ecermos o nosso !ireito
- pela )ol$tica =egislativa
"erve-se do método comparativo, comparando elementos de ordens #ur$dicas
divergentes: semel(anças e diferenças. ão se trata, porém, de um ramo da ordem
 #ur$dica, mas sim de uma ci1ncia 3comparação de direitos4.
ão ca;e ao comparatista afirmar o direito 'ue deve ser 3de iure condendo4,
mas sim o direito en'uanto realidade (istrica 3de iure condito4.

- 6acrocomparação: determinação  comparação ente sistemas, na


glo;alidade 3grel(a comparativa4
- 6icrocomparação: comparação de institutos #ur$dicos ou dos conte<dos de
ordens #ur$dicas singulares
- 6esocomparação: comparação entre ramos de direito 3grel(a comparativa4
- 6egacoparação: comparação entre inteiras fam$lias de direito 3grel(a
comparativa4

9ritério de determinação de sistemas #ur$dicos: as civili5açCes, elemento de


;ase distintivo das sociedades.

Direitos

Pri#itivos o' n/o


civiliKados: falta de
monumentos

(iviliKados: tradicionais 3vg


(indu4 ou modernos 3vg
sistema ocidental4

"istema ocidental: a (erança grega Q o pensamento romano


- 9ristianismo: o respeito pela pessoa (umana
- 9apitalismo: desenvolvimento técnico 3evolução ndustrial4

!ois su;sistemas:
+. "istema romano-germ7nico
/. "istema anglo-sa2nico

1. Siste#a ro#ano"5er#Jnico
- !erivação do !: lei é fonte de direito por e2cel1ncia

16
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- &urisprud1ncia é fonte mediata de direito, su;ordinada 8 lei


- nstitutos semel(antes
- 6esmos ramos de direito: direito privado vs. direito p<;lico
- )rinc$pios fundamentais análogos
- !ireito continental 3statute laG4
- 9onstrução de regras gerais e a;stractas
- Analogia en'uanto principal critério de integração de lacunas
- 0end1ncia para a codificação do direito

33 9digo: é uma lei, fonte de direito.


- 9ontém uma pluralidade de regras
- 0r1s "Ws: sintético, scient$fico e sistemático
- egula unitariamente um ramo do direito, contendo a disciplina
fundamental desse ramo 44

%0 Siste#a an5lo"sa;Bnico
- Origina-se em nglaterra 3common laG4, o direito comum dos povos de
nglaterra
- nvasão dos anglo-sa2Ces e dom$nio pelos normandos
- &urisprud1ncia é a principal fonte de direito: lei é r$gida e tirana
3ar;itrariedade do poder4
- "istema de case laG, casu$stico 3sistema de precedente: critérios de solução
de casos são vinculativos4 - o precedente 3precedent rule4 fi2ado pelos rgãos
 #udiciários superiores é vinculativo para os inferiores: terão de decidir os casos
futuros da mesma maneira
- *undamentação costumeira do sistema
- 0end1ncia para a assistematicidade do direito: regras vão sendo e2tra$das
da #urisprud1ncia 8 medida 'ue os casos vão surgindo
- %'uidade: a #ustiça do caso concreto 3e'uitX4 - resolução de casos análogos
da mesma maneira
- "istema anglo-sa2nico não é suscept$vel de recepção, apenas de imposição

3odalidades das Fontes de Direito

*ontes de produção interna:

+. !outrina

/. &urisprud1ncia

3. 33 %'uidade 44

E. 9ostume 3usos4

Y. ormas corporativas produção de regras #ur$dicas

S. =ei

Fontes de direito-
"entidos:
técnico-#ur$dico: modos de revelação e formação de regras #ur$dicas

(istrico: origem (istrica de um sistema


org7nico: rgãos competentes para a produção de regras #ur$dicas


sociolgico ou material: circunstancialismo social 'ue originou a regra


instrumental: documentos 'ue cont1m os preceitos


17
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

*ontes iuris essendi 3fontes da ess1ncia4: regras 'ue vigoram numa ordem
 #ur$dica independentemente do desaparecimento de todas as fontes iuris
cognoscendi.
*ontes iuris cognoscendi 3fontes de con(ecimento4: suporte material da regra,
ve$culos de pu;licitação  revelação da regra - fontes de direito no sentido
instrumental.

Sentido t.cnico"+'r7dico- modos de revelação e formação de regras


 #ur$dicas
- modos de revelação: direito privado 3lei e costume4 - e2teriori5ação da regra
- modos de formação: direito p<;lico - processo 'ue condu5 8 génese da
norma

For#aç/o da lei-
+. proposta
/. votação
D. aprovação
E. promulgação e referendo
Y. pu;licação  pu;licitação
3arts !!%:C !!:C !28:C !!: e !?: (RP4

A: compet1ncia pol$tica e legislativa, reserva relativa e reserva a;soluta


Boverno: compet1ncia legislativa e administrativa, compet1ncia e2clusiva,
matérias de não reserva 3matérias inovadoras4
egiCes Autnomas: legislação em 7m;ito de interesse regional
Autar'uias =ocais: pessoas colectivas, poder regulamentar, limite territorial,
compet1ncias meramente administrativas

Ierdadeira fonte de direito é a ordem social: s dela deriva a #uridicidade de


'ual'uer regra. =ogo, o sentido de uma fonte varia o;#ectivamente consoante a
ordem em 'ue se integra.
9onclusão:
- *onte é uma manifestação ou facto social 'ue tem o sentido de conter uma
regra #ur$dica.

Distinç/o a#*75'a-
1. ontes #ediatas
- influenciam a produção de regras 3doutrina e #urisprud1ncia4
- s são #uridicamente atend$veis 'uando a lei o permita 3usos4
%0 ontes i#ediatas
- são directamente produtoras de regras #ur$dicas 3lei4
- são intrinsecamente fontes de direito, t1m uma valia prpria, per si
3lei e normas corporativas4

art0 !:: fi2ação de uma preval1ncia (ierár'uica da lei imperativa  in#untiva


face 8s normas corporativas.

!0 Do'trina

- 9ommunis opinnio doctorum


- O la;or dos #urisconsultos, no e2erc$cio da ci1ncia #ur$dica
- 0ra;al(o terico de construção conceptual e de sistemati5ação do material
 #ur$dico, fornecendo-se soluçCes para casos concretos
- Historicamente, a doutrina foi fonte do direito: ius pu;lice respondendi,
Nártolo
- Ho#e não o é
- 6A" a autoridade da doutrina é um facto: a citação de #urisconsultos 'ue
perfil(am u mesma posição enri'uece as alegaçCes de cada parte

18
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

%0 6'rispr'd)ncia

- O la;or dos tri;unais na solução de casos concretos


- )rinc$pio geral: independ1ncia da magistratura #udicial 3art0 8:"! estat'to
#a5istrados4
. os tri;unais superiores não t1m 'ue #ulgar como os tri;unais inferiores
. os #u$5es não t1m 'ue #ulgar como os #u$5es do mesmo n$vel (ierár'uico
. os #u$5es não t1m 'ue #ulgar consoante eles prprios #á fi5eram
K os tri;unais inferiores não t1m eu #ulgar como os tri;unais inferiores K
3e2cepção: o dever de acatamento pelos tri;unais inferiores das
decisCes proferidas em via de recurso pelos tri;unais superiores - mas,
suscitando-se novo caso da mesma $ndole, o #ui5 pode voltar a #ulgar de
modo diverso4
 - o sistema anglo-sa2nico, a má2ima de decisão 3o critério normativo 'ue
condu5iu o #ui5 8 solução do caso4 pode ser #uridicamente vinculativa perante outro
caso da mesma $ndole - decisão #urisprudencial é fonte de direito

O0 AS(ENSÃO, #urisprud1ncia en'uanto fonte de direito em )ortugal:


a4. costume #urisprudencial
;4. acrdãos do 0ri;unal 9onstitucional com força o;rigatria geral
c4. assentos 3revogados em +ZZY4

a>0 (ost'#e +'rispr'dencial: funda-se num uso 3mera o;servação de


facto da repetição4 acompan(ado de convicção de o;rigatoriedade de essa é a
orientação mais ade'uada.
- A fonte de direito não é propriamente a repetição de #ulgados, mas sim o
costume
- 9onvicção de o;rigatoriedade pressupCe relativa persist1ncia na orientação
seguida
- 9ostume #urisprudencial não se identifica com a #urisprud1ncia constante,
por'ue não s pressupCe um n<mero significativo de decisCes na'uele sentido
como tam;ém uma persist1ncia considerável na'uela orientação

 &urisprud1ncia constante: repetição de soluçCes 3prática reiterada4.


- )resunção ilid$vel de determinada orientação, podendo ser afastada
- ão se e2clui uma viragem #urisprudencial
- ão é fonte de direito na nossa ordem #ur$dica

*>0 AcBrd/os do T( co# orça o*ri5atBria 5eral: fonte de direito em


)ortugal.
- A atri;uição de força o;rigatria geral a uma decisão de um tri;unal não l(e
retira o carácter #urisprudencial
3arts0 !!:"! 5> e %?!: (RP4

c>0 Assentos: verdadeira fonte de direito, até +ZZY.


- "urgiram dos tradicionais assentos da 9asa da "uplicação 3o tri;unal régio4
- %volu$ram para as decisCes do "0& proferidas em sede de recurso para a
resolução de contradiçCes de #urisprud1ncia dos tri;unais superiores
- !otados de força o;rigatria geral, força essa 'ue conferia 8s decisCes dos
acrdãos a e'uiparação a normas #ur$dicas, com o mesmo valor vinculativo dentro e
fora do processo para o 'ual a decisão foi proferida
- "0& interpretava leis, preenc(ia lacunas e era verdadeiro rgão produtor de
regras #ur$dicas
- A inconstitucionalidade deste instituto foi suscitada com ;ase no art0 !!%:
(RP, por se conferir, a um acto de nature5a e2terna 3'ue não a lei4, o poder de
interpretação e de integração de lacunas
- A inconstitucionalidade reside na força o;rigatria geral dos mesmos

19
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

 6'rispr'd)ncia 'nior#iKada: surge da necessidade de maior segurança


nas decisCes.
- Acrdãos de uniformi5ação da #urisprud1ncia do "0& não podem ter força
o;rigatria geral, não vinculam as inst7ncias nem vinculam o prprio "0&
- Acrdãos criam orientaçCes comuns, fi2ando o sentido das fontes de direito
aplicáveis
- ão são fonte de direito na nossa ordem #ur$dica

==20 E1'idade >>

- O 99 inclui a e'uidade entre as fontes de direito 3art0 8:4


- %'uidade é o critério 'ue cria soluçCes especificamente en'uadradas no
caso concreto 3“a #ustiça do caso concreto”, A"0L0%=%" - comparação com a
régua lés;ica, maleável4.
-  modo de revelação de regras #ur$dicas, pois revela-nos o direito da'uele
caso, em;ora não ten(a intuito generali5ador
O. A"9%"O: não acol(e a 'ualificação da e'uidade en'uanto fonte de
direito no sentido técnico-#ur$dico por'ue não é um critério normativo 3não é fonte
criadora de regras #ur$dicas gerais e a;stractas4.

F'nções da e1'idade:
- integração de lacunas
- correcção da lei
- su;stituição da lei

80 (ost'#e ='sos>

- 9ostume é fonte não intencional 3espont7nea4, privilegiada e auto-#ustificada


do direito, por'ue e2prime directamente a ordem da sociedade
- &á a lei não tem adesão social garantida e é r$gida
- 9ostume [ uso Q convicção da o;rigatoriedade 3O. A"9%"O4  #uridicidade
30. "O>"A4: diferenças 'uanto 8 temática do costume permissivo
• estrutura do costume: componente fáctica 3ser, o uso4 Q componente
normativa 3dever ser, a convicção - animus4
• a convicção é o elemento #ur$dico do costume
• costume é preceptivo

O. A"9%"O: s e2iste costume 'uando a prática é acatada pela


comunidade 3é preciso e2istir uma convicção de o;rigatoriedade4, não se tolerando
comportamentos divergentes. O costume é sempre preceptivo e nunca permissivo
3posição mais restrita4.
 0. "O>"A: o costume é conforme 8 lei, permitindo-se a e2ist1ncia de regras
permissivas. Nasta a convicção da #uridicidade  licitude do acto 3perspectiva mais
ampla4.
9onclusão:
- "ustentando-se a posição de 0. "O>"A, admite-se 'ue o costume contra
legem possa fa5er cessar a vig1ncia da lei 3na prática, e não legalmente4.

Tipos de cost'#e:
- sec'nd'# le5e#: coincidem lei e costume
- praeter le5e#: costume vai além da lei, sem a contradi5er - tem por
o;#ecto matéria 'ue a lei não regula, integra lacunas
- contra le5e#: costume opCe-se 8 lei - s este tipo é #uridicamente
relevante 3art0 : (RP4
vs. desuso: o animus com 'ue as pessoas não aplicam uma lei é irrelevante,
;asta o facto da não aplicação - desuso é o elemento fáctico do costume contra
legem, pelo 'ue o mero desuso de uma lei não importa a e2tinção desta.

20
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

)osição da lei perante o costume:


- =ei tem um papel conformador da sociedade
-  atri;u$da alguma relev7ncia ao costume 3art0 28?:4
- A omissão do costume nas disposiçCes iniciais do 99 é intencional: a lei
adopta uma posição restrita, não admitindo o costume praeter legem ou contra
legem 3s uma lei pode revogar outra lei4
(oncl's/o:
- "uperioridade da lei, en'uanto critério <nico de avaliação das fontes de
direito
- O direito é criado, interpretado e aplicado de (armonia com a prpria vida
social - os costumes são sempre actuantes
- @uando as autoridades não aplicam leis antigas, nunca revogadas, por
estarem convictos de 'ue o verdadeiro direito #á não é esse, o costume contra
legem actua.
- O art0 2:"!, 'ue evidencia a racionalidade dos usos, pode ser aplicado, por
maioria de ra5ão, ao costume - os #u$5es recusam a aplicação do costume 'uando
este é reprovável

== Uso >>

- "imples prática social reiterada, mera o;servação de facto


- Há usos #uridicamente irrelevantes, por não implicarem uma regra #ur$dica
- =ei admite relev7ncia aos usos mas limita-os: 3art0 2:"!4
. devem ser racionais 3compat$veis com a cláusula geral dos ;ons costumes4
. são fonte mediata, não se impCem por si
- )or interpretação conclui-se 'ue a e2pressão “usos e costumes” remete
somente para os usos: arts0 %2: e ??<: - integração da vontade das partes na
cele;ração de negcios #ur$dicos.
9onclusão:
- Os usos são fontes de direito, 'uando a lei para eles remeta 3mediatamente4
- "em remissão legal os usos são meros elementos de facto

<0 Nor#as (orporativas

art0 !:: contrapCe leis e normas corporativas


ormas corporativas: criadas por entidades com algum poder normativo para
o 7m;ito da respectiva circunscrição - as corporaçCes 3organismos representativos
'ue vinculam tos os mem;ros da respectiva categoria4, vg ordens profissionais.
39onte2to (istrico: 9onstituição de +ZDD, corporaçCes com representação em
grupos parlamentares. Nase do %stado corporativo fascio: organi5ação
representativa de classe4.
9om a e2tinção da org7nica corporativa, a definição legal não caducou.
"egundo a opinião doutrinária, as normas devem-se considerar em vigor, por'ue
esses organismos continuam a e2istir, em;ora #á não se encontrem na ;ase o
%stado.

0 A Gei

=ei: fonte intencional de direito


 a prpria lei a pronunciar-se so;re as fonte de direito, evidenciando o
positivismo  legalismo da nossa ordem #ur$dica.
art0 !: define deforma incorrecta o conceito de lei.  inaceitável a
e'uiparação de leis a disposiçCes 3normas4, na medida em 'ue lei é fonte de
normas e estas são conte<dos de leis.

21
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

O. A"9%"O: “lei é um te2to ou frmula significativo de uma ou mais regras


emanado, com o;serv7ncia das formas esta;elecidas, de uma autoridade
competente para pautar critérios #ur$dicos de solução de situaçCes concretas”. O
acto produ5ido pelos rgãos competentes introdu5, assim, um preceito genérico
com o sentido de alterar a ordem #ur$dica 3novidade4.
 0. "O>"A: “lei é um te2to significativo de regras #ur$dicas”. %m matéria de
organi5ação legal, um diploma pode tra5er normas 'ue não são inovadoras 3vg a
criação de um cdigo, revogando a'uele 'ue anteriormente vigorava, em;ora se
manten(am algumas normas e institutos4.

=eis dividem-se normalmente em artigos, mas estes são independentes entre


si: uns podem perder a vig1ncia e outros permanecem.

Gei-
!0 #aterial: critério do conte<do. 3[ lei comum ou não solene, não se
reveste das solenidades prprias da função legislativa4
- 0odo o acto normativo: acto 'ue contém critérios gerais para a solução de
casos concretos 3regras #ur$dicas4
%0 or#al: critério da forma. 3[ lei solene4
- 0odo o acto legislativo: acto 'ue reveste das formas destinadas por
e2cel1ncia ao e2erc$cio da função legislativa do %stado.
- art0 !!%: (RP: leis 3A4, decretos-leis 3Boverno4 e decretos legislativos
regionais 3Assem;leias =egislativas egionais4
9onclusão:
=eis em sentido material e formal: vg lei A 'ue aprova um regulamento de
e2ames
=eis em sentido material: vg portaria 'ue aprova um regulamento de e2ames
=eis em sentido formal: vg != 'ue eleva uma vila 8 condição de cidade

Lierar1'ia das Fontes do Direito

+. !ireito internacional
/. =eis constitucionais
D. =eis da A e decretos-leis do Boverno
E. !ecretos regulamentares e decretos
Y. )ortarias e despac(os
S. egulamentos locais

9?0 4I(ISSITUDES DAS FONTES DE DIREITO

Acto 6'r7dico

Facto +'r7dico stricto sens'


3facto não (umano produtor de efeitos
 #uridicamente relevantes - vg decurso do
tempo4
Facto +'r7dico lato sens'
3facto produtor de efeitos Acto +'r7dico
 &uridicamente stricto sens'
=M>
relevantes4

Acto +'r7dico lato sens'


3facto (umano produtor de
efeitos #uridicamente
relevantes4
Ne5Bcio +'r7dico
=MM>

22
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

3K4 Acto #ur$dico stricto sensu: vontade intervém na sua reali5ação, mas não na
produção dos seus efeitos - vg adopção.
3KK4 egcio #ur$dico: acto (umano voluntário na sua reali5ação e na fi2ação
de efeitos - vg contrato.

23
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

Desvalores do Acto 6'r7dico

Ine;ist)ncia +'r7dica 3#uridicamente não


(á nada - acto é totalmente irrelevante,
falta a promulgação do )4
e2: art0 !%?: (( e !2: (RP

Ineicácia lato sens' Invalidade 3acto, 'ue deveria produ5ir


efeitos, é pela lei considerado inválido4
3a suscepti;ilidade de um
acto #ur$dico não produ5ir !0 N'lidade =art0 %?<:>
todos os efeitos #ur$dicos4 - decorre da violação de interesses mais
graves
- invocável a todo o tempo
- con(ecida oficiosamente pelo tri;unal
- é desde logo inefica5  inaplicável
- não produ5 efeitos

%0 An'la*ilidade
" arguida pelos interessados
" pra5o para invocação
- sanável mediante confirmação ou
ratificação
- produ5 efeitos, mas podem ser
destru$dos retroactivamente

Ineicácia stricto sens' 3acto é válido,


em;ora não produ5a todos os seus
efeitos4
e2: falta de pu;licação - art0 !: lei 8$?

O. A"9%"O: desvalores dos actos #ur$dicos e'uivalem a sançCes #ur$dicas


 0. "O>"A: opinião discut$vel, por'ue (á casos em 'ue a invalidade não
representa uma sanção so;re o actor do acto, mas sim so;re o coactor 3art0 %<<:"
!C %<:4

24
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

Entrada e# 4i5or da Gei

A lei s produ5 efeitos aps a data da sua pu;licação 3no #ornal oficial, !4.
)u;licação: acto indispensável para conferir o;rigatoriedade 8 lei, tornando
poss$vel o con(ecimento desta por todos 3ou pelos serviços4.
art0 :: ignor7ncia da lei é #uridicamente irrelevante
art0 <:: deve ser o;#ecto de interpretação restritiva - o legislador não 'uis
referir todas as leis, mas s a'uelas 'ue devam ser pu;licadas no !
- #á os regulamentos comunitários caracteri5am-se pela aplica;ilidade directa
nos %stados mem;ros, independentemente de pu;licação

Iacatio legis: per$odo de tempo 'ue decorre entre a pu;licação e a entrada


em vigor da lei. !urante esse per$odo, a lei antiga mantém a sua vig1ncia.
- pra5os gerais ou supletivos de vacatio: Y, +Y e D\ dias aps a pu;licação no
! 3lei 8$?4
- pra5os especiais de vacatio 3pra5os ad-(oc - sem distinção entre continente 
regiCes autnomas4: legislador pode ampliar ou redu5ir os pra5os gerais de vacatio:
. ampliar: devido a dificuldades de apreensão de certas lei ou de adaptação ao
novo regime
. redu5ir: por ra5Ces de urg1ncia
. supressão total da vacatio: necessidade a;soluta de entrada em vigor da lei
3art0 <:"%4 - inadiável urg1ncia 3vg calamidade p<;lica4 ou para evitar a frustração
dos fins da lei
e2:
=ei U + &aneiro - - I imediata, \:\\ / &aneiro 3sem contar com a data de
pu;licação4
6A" o;rigatoriedade imediata é violenta 3art0 %:"! lei 8$?4. Gei 8$?
pode ser derrogada por diploma de n$vel (ierar'uicamente e'uivalente, 'ue
determine a vig1ncia imediata.
9onclusão:
- )resunção de coincid1ncia cronolgica entre a data dos diplomas e o dia da
distri;uição do #ornal oficial.
- 0r1s alternativas:

. ou a prpria lei fi2a a entrada em vigor


pra5os especiais
. ou o legislador determina-o em legislação especial ad-(oc

- por fi2ação directa 3da'ui a D\ diasF4


- por fi2ação indirecta 3dia + &un(o /\\S4

. ou essa data não é fi2ada pra5os gerais e supletivos de vacatio

e2: 3sem contar com a data da pu;licação4

=ei U \S de + *evereiro
I:
\:\\ S *evereiro - - continente 3vacatio entre / e Y *evereiro, =A ainda vigora4
\:\\ +S *evereiro - - regiCes autnomas

-- distri;uição: Y *evereiro
I:
\:\\ +\ *evereiro - - continente

art0 %: não pode ser aplicado con#untamente com a lei 8$? 3pra5os
gerais4. " intervém em caso de d<vida na contagem de pra5os especiais ad-(oc.

25
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

e2:
=ei U D\ &aneiro - - +\ meses. I: \:\\ + !e5em;ro 3por'ue não e2iste D+
ovem;ro4
=ei U D\ &aneiro - - + ano. I: \:\\ D+ &aneiro ano seguinte
=ei U D &aneiro - - D meses. I: \:\\ E A;ril
=ei U D\ &aneiro - - + m1s. I: \:\\ + 6arço

(essaç/o o' Ter#o de 4i5)ncia da Gei

9ausas de cessação de vig1ncia da lei:


+. caducidade
/. revogação

+. cad'cidade: dá-se pelo efeito da superveni1ncia de um mero facto,


independentemente de nova lei.
- 9ausas:
. vig1ncia temporária 3a lei esta;elece o seu pra5o de duração4
. desaparecimento dos pressupostos materiais normativos de aplicação
da lei 3a impossi;ilidade definitiva de aplicação de uma lei implica a sua e2tinção4

/. revo5aç/o: dá-se pelo efeito da superveni1ncia de uma lei so;re outra,


'ue dei2a de vigorar.
- )rinc$pio geral: a lei posterior revoga a lei anterior 3critério cronolgico4

. se am;as regularem a mesma matéria


revogação tácita ou por
incompati;ilidade - grau
. se (ouver incompati;ilidade entre elas de incerte5a superior
3intérprete tem o nus da verificação4

. se o legislador o declarar e2pressamente revogação e2pressa ou


por declaração -
segurança #ur$dica

 0. "O>"A: impedimento 8 vig1ncia de uma lei não é revogação, por'ue essa
lei não se encontrava #á em vigor. 9essação de vig1ncia pressupCe entrada em
vigor.

evogação:
+. total  a;-rogação: revoga o diploma na sua totalidade.
- compat$vel com a revogação glo;al
/. parcial  derrogação: atinge a lei parcialmente.
K classificação meramente doutrinária, com pouca utilidadeK

evogação:
+. glo;al: de um instituto ou ramo do direito.
- legislador su;stitui todo o material normativo 3vg revogação entre cdigos4
/. individuali5ada

)rinc$pio da não repristinação: art0 :"8 - a perda de vig1ncia da lei


revogatria não importa o renascimento da lei 'ue esta revogara 3repristinação4,na
falta de disposição em contrário. %2cepção, art0 %?%:"! (RP.

revoga lei revogatria revoga


=ei +, +Z\\ =ei /, +ZZY =ei D, /\\E

26
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

não repristinação

Gei @eral Posterior n/o Revo5a a Gei Especial

9lassificação das regras #ur$dicas:


O. A"9%"O: critério de relacionamento entre regras 3classificação
tripartida4
+. regras gerais
/. regras especiais
D. regras e2cepcionais
 0. "O>"A: classificação inicialmente ;ipartida e com duas su;espécies
+ regras gerais
/. regras espec$ficas - - especiais
- - e2cepcionais

egra geral: define um regime #ur$dico para a generalidade das situaçCes


egra especial: adapta o regime ou o princ$pio criado pela norma geral para
um n<mero limitado de situaçCes, sem contrariar esse regime ou princ$pio
egra e2cepcional: destina-se a um n<mero limitado de casos, contrariando a
norma geral e criando um princ$pio antagnico a este. O. A"9%"O e 0. "O>"A:
• 'uando su;stancialmente e2cepcional 3ius singulare4, não
comportam aplicação analgica.
• 'uando formalmente e2cepcional, autori5a a utili5ação do argumento
a contrario.

9onclusão:
- %stas regras #ur$dicas não são gerais, especiais ou e2cepcionais por si, mas
somente no confronto com outra norma.
- egra especial e regra e2cepcional são dotadas de generalidade mas não
são regras gerais - - O. A"9%"O: generalidade é um conceito gradativo, pelo 'ue
o universo de aplicação da lei geral é mais amplo do 'ue nas restantes leis.
e2:
=ei +- ;i;lioteca é de acesso livre, das Z( 8s +D(
K geral, por comparação com a lei / e a lei D
=ei / - investigadores t1m acesso 8 ;i;lioteca depois das +D(
K especial, por comparação com a lei +
=ei D - acesso vedado aos utentes com atraso da devolução de livros
K e2cepcional, por comparação com a lei +

 0am;ém os ramos de direito ou os institutos comportam esta classificação.

art0 :"2: lei geral posterior não revoga a lei especial


- e2cepção ao princ$pio geral de 'ue a lei posterior revoga a lei anterior
- especialidade e e2cepcionalidade podem ser sustentadas por critérios:
3especialidade em função de critérios:4
. materiais
. pessoais - categorias de pessoas
. territoriais - nacional ou universal
  regional
  local

derroga não revoga


=ei +, geral =ei /, especial =ei D, geral
+ZZZ /\\\ /\\+

revoga

27
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- a lei especial nunca pode revogar a lei geral


- a lei especial posterior derroga a lei geral 3revoga-a parcialmente4 - retira-l(e
parte da previsão, modificando-a, sem a contradi5er na totalidade
- a lei nacional não revoga a lei local

90 APGI(AÇÃO DA GEI NO TE3PO

=ei: realidade cronolgica


*unçCes do direito:
- função esta;ili5adora 3e2pectativas4
vs.
- função dinami5adora  modeladora

epercussão da = so;re:
+. factos - instant7neos
- continuados  duradouros
/. situaçCes #ur$dicas - prolongam-se en'uanto não se e2tinguirem os
efeitos

Direito TransitBrio

!ireito transitrio: a lei fi2a, casuisticamente, a solução das (ipteses 'ue se


colo'uem na fronteira entre uma lei e outra lei. epresenta a aplicação de critérios
gerais ou de previsCes particulares a situaçCes delicadas. "oluciona pro;lemas de
sucessão de leis no tempo.

Direito transitBrio:
+. or#al
- o legislador escol(e entre a =A e a = 'ual deve regular a'uela situação -
remissão
/. #aterial
- 8 situação é criada uma disciplina prpria, não coincidente com a =A ou a =
9onclusão:
- 9ompete ao legislador a opção por um direito transitrio material ou formal.

!ireito transitrio geral, aplicado supletivamente 3na falta de disposiçCes


transitrias4: art0 !%:
!ireito transitrio especial, prevalece so;re o art0 !%::
+. art0 %:
/. direito processual
D. direito penal
E. direito fiscal

!0 art0%:: regime especial da sucessão de leis no tempo de normas 'ue


esta;elecem pra5os
%0 direito process'al: a = é de aplicação imediata aos processos #á
pendentes 8 data do seu I - a <ltima manifestação de vontade do legislador
prevalece 3aperfeiçoamento da ordem #ur$dica4

20 direito penal: art0 %: (P - princ$pio da aplicação da lei mais favorável


ao agente, 'uer se#a = ou =A: se a = eliminar a infracção, fica e2tinta a pena

80 direito iscal: aplicação imediata do pra5o de prescrição mais favorável


9onclusão:
- O princ$pio de 'ue a = é de aplicação imediata não é sinnimo de
retroactividade, por'ue a = s o fa5 a partir do seu I. )or retroactividade
entende-se a aplicação de uma lei a um facto ou efeitos passados, antes do I da
=.

28
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

6A" o legislador pode atri;uir eficácia retroactiva 8 = -- insta;ilidade social e


desaparecimento da previsi;ilidade e e2pectativas das acçCes.

Restrições (onstit'cionais  Retroactividade das Geis

(RP arts %:"8C %?%:"2C !?:"! e 2


- reserva e2pressa: lei penal positiva - princ$pio da legalidade
- reserva impl$cita: e2clusão da retroactividade e2trema
. respeito pelo caso #ulgado
. tutela das e2pectativas individuais

@ra's de Retroactividade

Teoria dos direitos ad1'iridos, "AIBJ: = é retroactiva se não respeitar


os direitos validamente ad'uiridos no per$odo de vig1ncia da =A.
. 9r$tica: direito ad'uirido é insuficiente como critério fundamental.
Teoria do acto passado: = é retroactiva se agir so;re factos passados,
antes do seu I. ão retroactividade significa 'ue aos factos passados se aplica a
=A, e aos factos novos a =. 0eoria 'ue inspirou o art0!%:, em;ora não de forma
pura.
. 9r$tica: cristali5ação da = dentro de factos

@ra's de retroactividade: 'uantos mais efeitos são atingidos, mais


retroactiva é a =. A retroactividade é graduável.

+. e2trema
/. 'uase e2trema
D. agravada
E. ordinária

!0 retroactividade e;tre#a: não respeita nen(um efeito do facto


passado, nem o caso #ulgado - figura meramente doutrinária no nosso direito
3e2clu$da constitucionalmente4

%0 retroactividade 1'ase e;tre#a: não respeita as relaçCes 'ue ainda


su;sistam, nem os seus efeitos - apenas respeita o caso #ulgado

20 retroactividade a5ravada: 3art0 !2:"!4 s respeita os efeitos


produ5idos 'ue tiverem t$tulo de especial segurança

80 retroactividade ordinária: 3art0 !%"!C ! p4 respeita todos os efeitos


 #á produ5idos pelo facto passado - atinge somente os feitos 'ue ainda su;sistam 8
data do seu I

O Arti5o !%:

!ireito transitrio geral, de aplicação supletiva

n:!-
! p
- princ$pio da não retroactividade
- princ$pio muito geral: princ$pio geral de direito e não critério
espec$fico do direito civil
- em toda a = está impl$cito um “de ora avante”

29
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

% p
- e2cepção ao princ$pio geral: lei retroactiva
- princ$pio da não retroactividade não tem carácter a;soluto
- legislador prefere a aplicação retroactiva 8 aplicação
imediata
- =, 'uando retroactiva, atinge os efeitos ainda não
completamente encerrados
- caso o legislador nada diga, a eficácia retroactiva é redu5ida
mediante a presunção de 'ue ficam ressalvados os efeitos #á
produ5idos 3retroactividade ordinária4
- princ$pio do respeito pelo passado

n:%
" concreti5açCes do princ$pio geral
! p
- condiçCes de validade
- su;stancial 3capacidade, legitimidade, menoridade, licenças,
pareceres4
- formal 3escritura p<;lica4
- efeitos, como e2pressão de uma valoração  nova concepção -
o conte<do do direito está em parte dominado pelo facto 'ue l(e deu
origem 3delimitação da responsa;ilidade civil, casamento
catlico e civil, divrcio4
- “em caso de d<vida”: 'uando a lei nada determina
- = s se aplica aos factos novos: depois do I da =
- aplicação pura da teoria do facto passado

% p
- conte<do de relaçCes #ur$dicas #á constitu$das, sem valoração
3scios ou accionistas, arrendamento, casamento, filiação,
renovação e confirmação de contratos4
- “entender-se-á”: 'uando a lei nada determina
- = regula, a partir do seu I, as relaçCes #á constitu$das mas
su;sistentes ou em curso 8 data do seu I
- = atende directamente 8 situação, independentemente do
facto 'ue a originou, sem valoração
- segundo a teoria do facto passado, a = age retroactivamente:
mas introdu5 uma limitação a essa teoria - = não é retroactiva
por'ue se aplica 8s relaçCes #ur$dicas 'ue su;sistam, mas apenas a
partir do seu I, e a todos os factos novos

(oncl's/o-
-
• estados pessoais: aplica-se a =, imediatamente
-
• estatuto do contrato: aplica-se a lei vigente ao tempo da conclusão do
contrato - a = é revogada mas considera-se incorporada no contrato
3so;revig1ncia da =A, até 8 e2tinção do contrato, fenmeno inverso
ao da retroactividade4 - respeito pelo princ$pio da autonomia privada
-
• estatuto real: conte<do do direito fica su;metido 8 =, imediatamente
-
• estatuto sucessrio: regulado pela lei vigente ao tempo da a;ertura da
sucessão, 'uando 8 forma e validade

Gei InterpretativaC art0 !2:

Gei interpretativa: reali5a interpretação aut1ntica - re'uisitos:


+. tem de ser posterior 8 lei interpretada
/. tem de consagrar e fi2ar uma das orientaçCes poss$veis da =A,
consagrando uma solução 'ue os tri;unais poderiam ter adoptado

30
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- solução do direito anterior tem de ser controvertida ou incerta


- nova solução definida tem de se situar dentro dos 'uadros da
controvérsia
D. não pode ser (ierar'uicamente inferior 8 lei interpretada
"e não o;servar todos os re'uisitos, é uma lei meramente inovadora:
- lei inovadora: a'uela 'ue altera de algum modo a ordem #ur$dica
pree2istente

O;#ectivo da lei interpretativa: evitar a insta;ilidade, a diversidade de


tratamento de casos semel(antes.
“integra-se na lei interpretada”: segundo a maioria da interpretação
doutrinária, tal e2pressão significa 'ue a lei interpretativa é retroactiva 3e2cepto
NA)0"0A 6A9HA!O4 - lei interpretativa retroage ao I da lei interpretada, não se
confundindo com esta.
6A" (á a necessidade de garantir a esta;ilidade das situaçCes #á consumadas
- ressalvam-se os efeitos #á produ5idos por t$tulo especial de segurança
3retroactividade agravada4
=ei interpretativa a;range todos os casos ainda em a;erto, salvo as situaçCes
 #á consumadas, cu#a eficácia se e2tinguiu - declara-o de modo categrico.
=ei interpretativa: regra e2cepcional ao art0 !%:"!C ! p.

Resol'ç/o de LipBteses de Aplicaç/o da Gei no Te#po

+. = contém regras de direito transitrio especial]


"6: de 'ue tipo]

/. A = não contém regras de direito transitrio especial.


6as pertence a um ramo do direito onde vigorem princ$pios espec$ficos]
"6: 'ual ramo]

D. A = não contém regras de direito transitrio especial, nem pertence a um


ramo do direito onde vigorem princ$pios espec$ficos.
6as é uma lei interpretativa ou inovadora]

E. "e a = for interpretativa, aplica-se o art0 !2:.


"e for inovadora, aplica-se o art0 !%:, direito transitrio geral.

E. "e o legislador atri;uiu eficácia retroactiva 8 = - art0 !%:"!C ! p.

Y. "e a = não for retroactiva, aplica-se o princ$pio geral e o art0 !%:"%C ! o'
%p.

31
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

!90 A DETER3INAÇÃO DAS RE@RAS

A fonte não é a regra. A fonte é o modo de revelação da regra.

Interpretaç/o lato sens'

nterpretação lato sensu: determinação, dentro do ordenamento, da regra


aplicável ao caso concreto.
+. interpretação stricto sensu: determinação do sentido da lei
/. interpretação enunciativa: determinação de uma regra derivada
D. integração de lacunas: determinação de uma regra análoga

Interpretaç/o stricto sens'

nterpretação stricto sensu: situando a lei na ordem social, procurar 8 lu5


desta o seu sentido
- a aplicação da regra é logicamente posterior 8 determinação da regra
- toda a fonte necessita de ser interpretada 3e não somente a lei4, para 'ue se
revele a regra
- ideia errada de 'ue a lei 'ue é clara não carece de interpretação 3;rocardo
in claris non fit interpretatio4
- interpretação é uma tarefa sempre presente, e deve reconstituir a unidade
glo;al da realidade

Força nor#ativa da interpretaç/o:


+. interpretação aut1ntica
/. interpretação oficial
D. interpretação doutrinal

!0 interpretaç/o a't)ntica: reali5ada por uma fonte 'ue não é


(ierar'uicamente inferior 8 fonte interpretada - lei interpretativa a todos vincula,
por'ue provem da vontade do legislador.
%0 interpretaç/o oicial: ela;orada dentro de uma estrutura
administrativa (ierar'ui5ada, vinculativa dessa estrutura.
20 interpretaç/o do'trinal: não é vinculativa por'ue não tem 'ual'uer
repercussão so;re as fontes em causa - reali5ada por 'ual'uer pessoa 3#urista,
doutrinaF4 e “pelo #ulgador” 3art0 ?:"24.

Ele#entos da interpretaç/o:
art0:: princ$pios aplicáveis, directamente ou por analogia, a todas as
categorias de fontes 3leis materiais, #urisprud1ncia com força o;rigatria geralF4
+. elemento literal
/. elementos lgicos: a4 - elemento sistemático
;4 - elemento (istrico
c4 - elemento teleolgico
d4 - - - ratio legis

O. A"9%"O: elemento literal Q elementos lgicos Q elementos formalmente


inclu$dos na fonte:
- não possuem carácter vinculativo directo, mas au2iliam o intérprete na
tarefa interpretativa
- elementos cu#o o;#ectivo é o mero esclarecimento
e2:
. pre7m;ulos
. ep$grafes
- - mas, em caso de contradição, é o artigo 'ue prevalece

!0 ele#ento literal: o te2to, o ponto de partida da interpretação da lei

32
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- as palavras são um ve$culo indispensável para a comunicação, mas a sua


con#ugação não é ar;itrária - - am;iguidade
- prescindindo-se totalmente do te2to, dei2a de e2istir interpretação da lei
- am;iguidade: se letra e esp$rito não coincidirem, prevalece o esp$rito so;re a
letra.
- 6A" o entendimento literal será tendencialmente a'uele 'ue virá a ser
aceite: letra é o elemento irremov$vel de toda a interpretação, funcionando tam;ém
como limite da ;usca do esp$rito 3art0 :"%4 - “m$nimo de correspond1ncia ver;al”

3escola da e2egese: positivismo, o direito e'uivale 8 lei, pelo 'ue a


interpretação se deve cingir 8 letra da lei - - cr$tica: posição inadmiss$vel - a lei não
contem tudo, e2ist1ncia de lacunas4.

%0 ele#entos lB5icos: o sentido ou o esp$rito da lei - elementos e2tra-


literais

- 'uerelas doutrinárias:

. (istoricistas vs. actualistas

coincid1ncia tendencial

. su;#ectivistas vs. o;#ectivistas

. (istoricismo: o sentido da lei, no momento em 'ue foi ela;orada


. actualismo: o sentido da lei, no momento em 'ue é aplicada
9r$tica ao (istoricismo:
- teria de se considerar, no momento presente, caducas muitas das leis 'ue
todos entendem em vigor, por'ue as circunst7ncias de (o#e eram imprevis$veis na
altura da sua formação.
  - #á o actualismo preconi5a o primado da ordem social 3 art0 :"!: “as
condiçCes espec$ficas do tempo em 'ue 3a lei4é aplicada”.

. su;#ectivismo: o sentido da lei é a'uele 'ue o legislador (istrico 'uis


transmitir
. o;#ectivismo: o sentido da lei é o 'ue dela pode ser o;#ectivamente e2tra$do,
mesmo 'ue este sentido não corresponda 8 intenção do legislador (istrico
9r$tica ao su;#ectivismo:
- apagamento do legislador (istrico aps a ela;oração da lei, pelo 'ue a
vontade do legislador é com fre'u1ncia incognosc$vel 3os antecedentes do te2to
legal não são p<;licos4.
- várias pessoas poderão ter intervindo na ela;oração da lei
9onsagração no ((:
- posição neutra
- e2pressão “pensamento legislativo” é intencionalmente am;$gua -
pensamento o;#ectivo ou su;#ectivo]
- o (( não 'uis tomar partido na 'uerela o;#ectivismo  su;#ectivismo

O esp$rito prevalece so;re a letra da lei - reserva: o m$nimo de


correspond1ncia:
- valoração e2cede o dom$nio literal
- lei é fonte intencional de direito: 'uando o o;#ectivo do legislador é na lei
percept$vel, o intérprete não o pode ignorar
- o intérprete não pode antepor o seu prprio critério ao do legislador 3art0 ?:"
%4
9onclusão:
- %stas afirmaçCes são congruentes com uma interpretação o;#ectivista,
por'ue se trata do sentido da lei, e não do legislador (istrico.

Ele#entos lB5icos:

33
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

a> " ele#ento siste#ático: a “unidade do sistema #ur$dico 3art0 :"!4


- interpretação resulta da conte2tuali5ação da regra
- as relaçCes entre as várias disposiçCes podem ser de:
. su;ordinação
. cone2ão
. analogia

. su;ordinação: relacionar o preceito isolado com os princ$pios gerais do


sistema #ur$dico, permitindo-se apurar a incid1ncia 'ue estes princ$pios t1m para o
esclarecimento dessa fonte.
- compati;ilidade das leis com regras (ierar'uicamente superiores 3vg
princ$pio da interpretação conforme com a 9)4

. cone2ão: situar a fonte no sistema em 'ue se integra 3conte2to4


e2: art0 !%%:"% - cone2ão pr2ima 3implica uma cone2ão entre a norma
alvo e as 'ue a circundam4
art0 !29%: e %9%: - cone2ão remota

. analogia: ;usca de semel(anças entre preceitos.


- analogia manifesta-se no plano da interpretação, através dos denominados
“lugares paralelos”: as normas respeitantes a institutos ou (ipteses de 'ual'uer
modo relacionados com a fonte 'ue se pretende interpretar 3institutos análogos
previstos em pontos diversos do sistema4.
e2: art0 !99%: - direito de e2oneração de scios 3sociedade comercial4

*> " ele#ento istBrico: as “circunst7ncias em 'ue a lei foi ela;orada” 3art0
:"!4
. precedentes normativos
- precedentes (istricos
- precedentes comparativos
. tra;al(os preparatrios
. occasio legis

. precedentes normativos: normas 'ue, so;re a mesma 'uestão da norma


alvo, #á vigoraram no passado - função au2iliar da interpretação
- precedentes (istricos: normas 'ue vigoraram no passado, mas não
actualmente, constituindo o;#ecto da Histria do !ireito
- precedentes comparativos: regras estrangeiras 'ue vigoraram na época
da formação da lei e 'ue tiveram influ1ncia so;re ela
. tra;al(os preparatrios: pro#ectos e antepro#ectos ela;orados como
preparação da norma - o;#ectivo de desco;rir o verdadeiro sentido da norma
. occasio legis: circunstancialismo social 'ue #ustifica a ela;oração da norma,
aspecto para 'ue preferentemente aponta o art0 :"! - e2plicação sociolgica para
a inserção da norma no sistema

c> " ele#ento teleolB5ico: a #ustificação social da lei, a sua finalidade


- todo o direito é finalista - fins e o;#ectivos sociais

9onclusão:
- !a con#ugação de todos estes elementos resulta o sentido, o esp$rito ou a
ra5ão da lei:

d> " ratio le5is: o elemento decisivo para se fa5er a interpretação.


- a ra5ão ou o sentido intr$nseco da lei 3o “pensamento legislativo”, art0 :"!4
- a ratio legis resulta da ponderação dos elementos e2tra-literais e assenta
numa pretensão de má2ima racionalidade do legislador

34
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

esultados da interpretação:
+. declarativa
/. e2tensiva
D. restritiva
E. correctiva
Y. a;-rogante

!0 interpretaç/o declarativa: o resultado da interpretação da letra e do


esp$rito 3ratio legis4 coincidem.
- classificação adicional: O. A"9%"O
. lata
. media
. restrita
- nem sempre é um es'uema rigidamente utili5ável, mas parte da
am;iguidade das palavras.
e2: culpa
- reprova;ilidade - interpretação declarativa lata
3 - sentidos intermédios, inumeráveis - interpretação declarativa média4
- neglig1ncia ou dolo - interpretação declarativa restrita
9onclusão:
- %sta classificação adicional s é poss$vel perante uma escala de significados
de amplitude crescente  graduável.
- )luralidade de sentidos Q amplitude crescente.

%0 interpretaç/o e;tensiva: o sentido ultrapassa o 'ue resultaria


estritamente da letra.
- o caso encontra-se previsto no sentido, mas não na letra

20 interpretaç/o restritiva: a lei utili5ou uma frmula demasiado ampla,


'uando o seu sentido é mais limitado.
e2: casamento - acto indissol<vel 3por divrcio4

9onclusão:
- !eve manipular-se intelectualmente a letra para se o;ter o sentido -
restringindo ou ampliando a letra.

80 interpretaç/o correctiva: intérprete conclui 'ue a letra tem um


sentido nocivo, contrário a interesses superiores.
- o intérprete afasta, assim a norma inade'uada
- é inadmiss$vel na ordem #ur$dica portuguesa: art0 ?:"%, prioridade do dado
normativo so;re apreciaçCes de ra5oa;ilidade 3o intérprete não pode su;stituir as
valoraçCes do legislador pelas suas prprias valoraçCes, a fim de garantir a
segurança #ur$dica4
- dura le2, sed le2
 - e2cepção: 'uando o sentido da fonte é contrário 8 ordem natural, é esta 'ue
deverá prevalecer

<0 interpretaç/o a*"ro5ante: o intérprete verifica 'ue a pretensa norma


é um nado-morto, do 'ual nen(uma regra resulta.
- a regra não al;erga nen(um sentido 3interpretação a;-rogante lgica4
- e2iste uma contradição insanável entre duas normas, relativamente aos
valores 'ue tutelam 3interpretação a;-rogante valorativa4
- s em <ltimo recurso deve o intérprete e2cluir a fonte, admitindo 'ue dela
nada de <til resultou 3'uando a incompati;ilidade for muito grave4
e2:
lgica:
- lacunas de colisão: disposiçCes inconciliáveis no seio do mesmo diploma
- lei nova remete para um regime 'ue não e2iste
valorativa:
- norma geral vs. norma e2cepcional

35
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

9onclusão:
- ão e2iste interpretação a;-rogante se (ouver revogação
- 9ritérios de preval1ncia:
. lei posterior prevalece so;re lei anterior 3critério cronolgico4
. lei especial derroga a lei geral

Resol'ç/o de LipBteses de Interpretaç/o da Gei

+. situação de facto su;sume-se 8 previsão da norma, por recondução


intelectual]
"6: interpretação declarativa

/. tipo de interpretação]

D. elementos utili5ados]

E. tipo de interpretação, 'uanto ao resultado]

Interpretaç/o En'nciativa

A regra está impl$cita nas fontes, en'uanto 'ue, a interpretação stricto sensu,
a regra está e2pressa nas fontes.

nterpretação enunciativa: processo de o;tenção de uma regra derivada a


partir de uma regra principal, através de argumentos lgicos.
- regras principais: a'uelas das 'uais se pode e2trair uma outra, mediante
argumentos lgicos.
+. argumento a minori ad maius: a lei 'ue pro$;e o menos, pro$;e o mais.
/. argumento a maiori ad minus: a lei 'ue permite o mais, permite o menos
3art0 !2%!:4.
D. argumento a contrario sensu: demonstração do carácter e2cepcional do
preceito em causa - se, para determinado caso, se esta;elece uma disposição
e2cepcional, dela pode-se inferir a regra 'ue funciona para todos os outros casos.
- s deve ser aplicado 'uando se trata de disposiçCes e2cepcionais,
e2plicitamente consagradas - possi;ilidades limitadas de recurso a este argumento

9onclusão:
- A admissi;ilidade da interpretação enunciativa é contestável - em todos os
argumentos encontra-se impl$cita uma valoração

Inte5raç/o de Gac'nas

ntegração de lacunas: pressupCe a interpretação stricto sensu das fontes.

=acuna: pro;lema #uridicamente relevante sem critério normativo de solução.


- incompleição do sistema normativo 'ue contraria o plano deste
- não (á lacuna da lei 'uando a prpria lei indica um direito su;sidiariamente
aplicável
- lacuna de previsão: fal(a a previsão de um caso 'ue deve ser #uridicamente
regulado
- lacuna de estatuição: (á previsão mas não se estatu$ram os efeitos #ur$dicos
correspondentes - discute-se se #uridicamente (á lacuna
- lacunas ocultas: regras aparentemente genéricas mas 'ue, por interpretação
restritiva, se conclui 'ue não foi e2plicitada uma e2cepção^ ou 'uando a matéria é
prevista, mas por interpretação a;-rogante se conclui pela inanidade dos preceitos

36
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- a lacuna é uma fatalidade:


. imposs$vel prever todas as situaçCes vindouras
. intenção de não regular desde logo 3matérias em evolução4
. situaçCes novas, evolução incessante
- lacuna pode ser ultrapassada:
•por interpretação enunciativa
•por integração

art0 ?:"%: proi;ição do non li'uet - o #ui5 não pode a;ster-se de #ulgar
invocando a falta da lei
- a situação lacunar deve ser #uridicamente resolvida

Ierdadeira lacuna vs. situação e2tra#ur$dica 3ordem religiosa, moral ou de


trato social4
- em am;as (á falta de regra espec$fica, mas s a situação lacunar deve ser
 #uridicamente regulado
- tarefa de valoração: encarar o caso de (armonia com uma conse'u1ncia
 #ur$dica 'ue l(e estaria eventualmente associada

Interpretaç/o e;tensiva vs0 lac'na


- pode (aver aparentemente lacuna, mas na realidade tudo se resolvia por
interpretação e2tensiva
- interpretação e2tensiva pressupCe uma (iptese não compreendida na letra
da lei, mas compreendida no seu esp$rito 3o esp$rito é 'ue é determinante, logo, (á
uma regra4:e2trai-se a regra, impl$cita num te2to imperfeito
- na lacuna não (á regra alguma, na medida em 'ue a (iptese não está
compreendida nem na letra, nem no esp$rito dos preceitos

art0 !9:: processos tendencialmente aplicáveis a todos os ramos do direito


3disposiçCes iniciais dos cdigos -- princ$pios fundamentais de toda a ordem
 #ur$dica4
- processos gerais de integração: processos normativos

Processos de inte5raç/o-

!0 e;tra"siste#áticos: critérios fora do sistema


. normativos
. não normativos 3e'uitativos4
. soluçCes discricionárias

%0 intra"siste#áticos: solução conforme 8s disposiçCes vigentes


. 33 costume44
. analogia

!0 processos e;tra"siste#áticos de inte5raç/o:

. processo normativo: 3art0 !9:4 emissão de uma regra 'ue preve#a a


situação lacunar, por um rgão com compet1ncia legislativa

. processo não normativo 3e'uitativo4: solução conforme 8s


circunst7ncias do caso concreto 3vg a#uste e'uitativo, montante e'uitativo,
responsa;ilidade civilF4
- art0 8:: e'uidade não é um processo normal de integração
- vantagem: permite, no caso concreto, uma maior ade'uação
- desvantagem: não contri;ui para a definição da ordem #ur$dica,
sacrif$cio da certe5a #ur$dica e da preocupação generali5adora

. soluçCes discricionárias: vg pelo rei.

37
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

- a lacuna não é apagada do ordenamento #ur$dico, pois é a solução do


caso concreto

%0 processos intra"siste#áticos de inte5raç/o:

. 33costume44: costume praeter legem - não pode ser considerado meio


de integração de lacunas por'ue, (avendo costume, não e2iste lacuna.
- (á lacuna 'uando uma situação não é regulada por regra positiva de
direito vigente: pode (aver omissão da lei 3lacuna da lei4 e não uma lacuna do
sistema #ur$dico

. analogia: tratamento id1ntico de casos e'uivalentes.


- não ;asta uma semel(ança da descrição e2terior da situação, mas sim
uma semel(ança so; o ponto de vista da'uele efeito #ur$dico, as “ra5Ces
 #ustificativas da regulamentação” 3art0 !9:"%4 - e não todas as ra5oes, ou seria um
caso id1ntico e não análogo 3o caso omisso tem necessariamente diversidade em
relação ao caso previsto - as semel(anças são mais relevantes do 'ue as
diferenças4
- s assim se trata de uma verdadeira analogia #ur$dica, e não
meramente lgica: pelo carácter a2iolgico ou valorativo do #u$5o analgico.
- 0. "O>"A: analogia entre regulação de cargas e descargas em lo#as e
regulação de cargas e descargas de mudança de resid1ncia - n<cleo fundamental
nos dois casos 'ue e2ige a mesma estatuição
9onclusão:
- " através de uma valoração podemos afirmar a e2ist1ncia de analogia.
- Analogia com regra legal, consuetudinária ou #urisprudencial

)roi;içCes do uso da analogia:


+. regras e2cepcionas
/. regras penais positivas

!0 re5ras e;cepcionais: art0 !!: - a e2cepção é de 7m;ito mais restrito


'ue a regra, e contraria a valoração $nsita nesta, para prosseguir finalidades
particulares 3vg art0 <!:4
- da regra e2cepcional poder-se-ia e2trair a regra geral pela utili5ação do
argumento a contrario
- proi;ição da analogia: a e2cepção está delimitada para os casos para 'ue foi
esta;elecida e não tem elasticidade para a;ranger novas situaçCes 3ius singulare4
- O. A"9%"O e 0. "O>"A distinguem e2cepcionalidade material ou
su;stancial da e2cepcionalidade formal, interpretando restritivamente o art0 !!::
s as regras su;stancialmente e2cepcionais 3ius singulare romano4 não podem ser
aplicadas analogicamente 3vg regras 'ue contrariam princ$pios fundamentais4.

%0 re5ras penais positivas: regras 'ue definem os crimes e esta;elecem


as penas e efeitos.
- princ$pio da legalidade ou tipicidade: defesa das pessoas contra a;usos de
poder

Tipos de analo5ia:
- analogia legis: recurso a uma precisa solução normativa 'ue pode ser
transposta para o caso omisso.
e2: princ$pio U - - - inspira lei J - - - aplicada ao caso A - - - aplicada ao caso N,
por analogia

- analogia iuris: serve-se de um princ$pio normativo, supondo a mediação


desse princ$pio ela;orado a partir de várias regras singulares.
e2: princ$pio U - - - inspira caso A - - - aplica-se ao caso N, por analogia

38
Introdução ao Estudo do Direito - Lara G eraldes @ FDL

O. A"9%"O, doutrina tradicional: analogia legis e iuris encontram-se


contempladas no art0 !9:"!. A diferença entre am;as é uma diferença de grau.
A analogia iuris preenc(e o espaço intermédio entre a analogia legis e a
“norma 'ue o intérprete criaria”.
 0ipicidade legal:
- ta2ativa: s se admitem os casos previstos na lei 3e2clui analogia4
- enunciativa: dos casos pode-se e2trair um princ$pio integrador 3admite
analogia iuris4
- delimitativa: e2tensão a novos casos semel(antes 3admite analogia legis4
9onclusão:
- !outrina tradicional sustenta a admissi;ilidade da analogia iuris, em;ora não
se confunda com a aplicação dos princ$pios gerais do direito, nem com “a norma
'ue o intérprete criaria” 3art0 !9:"24.
- )rinc$pios: grandes orientaçCes formais da ordem #ur$dica, 'ue fundam e
unificam normas e soluçCes singulares.

NA)0"0A 6A9HA!O: analogia iuris encontra-se contemplada no art0 !9:"2

 0. "O>"A: analogia iuris não é analogia - é um racioc$nio indutivo, e não um


racioc$nio analgico.
art0 !9:"2: racioc$nio indutivo, dedução da solução dentro do “esp$rito do
sistema”
- previsão do art0 !9:"2 é contraditria, por'ue parte do pressuposto de 'ue
não (á analogia 3“na falta de caso análogo”: analogia legis4 - não (á espaço
intermédio entre a analogia legis e a “norma 'ue o intérprete criaria” para a
analogia iuris
- perante a (iptese de não e2istir caso análogo 3analogia legis4, o intérprete
deve logo criar a norma dentro do “esp$rito do sistema” 3conforme ao sistema4

“A norma 'ue o intérprete criaria” - - su;#ectivismo


)or interpretação o art0 !9:"2 não pode significar:
- uma remissão para o ar;$trio do intérprete
- um apelo para o sentimento #ur$dico
- um recurso 8 e'uidade, por'ue se manda resolver segundo a norma 'ue
corresponda ao sistema, e não segundo as circunst7ncias do caso concreto
9onclusão:
- ntérprete está vinculado 8s valoraçCes prprias do ordenamento
- O intérprete pode ser 'ual'uer pessoa: a;andono do entendimento da lei 8
opinião pessoal
- A imensa maioria dos casos lacunosos é resolvida espontaneamente, com
acordo das partes
- “%sp$rito do sistema” corresponde aos “#u$5os de valor legais” 3art0 8:"%
Estat'to dos 3a5istrados4

Pretensa (aracter7stica do Ordena#ento 6'r7dico- a Plenit'de

)ositivismo: negação da e2ist1ncia de lacunas, meramente aparentes - a


regra está sempre impl$cita no sistema, por processos lgicos.
- o prprio ordenamento contem potencialmente a previsão de todos os casos
9r$tica:
- =acunas “re;eldes 8 analogia”, art0 !9:"2: persist1ncia da lacuna 3“na falta
de caso análogo”4
9onclusão:
- ão (á plenitude (ermética
- Os princ$pios gerais do direito e a norma criada pelo intérprete não estão
impl$citas no sistema, antes são criaçCes, ainda 'ue o;#ectivas.

(oncl's/o

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