You are on page 1of 159
MICHEL FOUCAULT BIBLIOTECA DE FILOSOFIA E'MISTORIA DAS CIENCIAS Coorenaorts 1A. Guihen de Abuquerue MICROFISICA DO PODER Organizacao, Introducto eRevisdo Técnica de Roberto Machado 13" Edigdo Sonyrieh by cel Fee Ectocom bascemtexosdeM Foca osiradapor Roberto Machado Cape: eo Winer cite Grane rind Renae 1 eto: 1979 iP. Bras, Catbogactonafome Sindicato Nason dor Eats de Los, I Foul, Motel Flim Mirofiea do pode / Michel Foucat ‘sreanizato eadoto de Roberto Mache: 42." Rio de Janeo:Eibes Gra. 179. (Biba de Mortis histria das sins ns Bibograa, 1. Poser (Cini ins) — Teoria Machado, Roberto I Tali. See 00 — n20.101 06s bu = jar Dios adios por EDIGOES GRAAL LTDA ua Harmen de Bacon 31-8 la, ho e Jane, R cob. oer Ta 24502 Inpro no Bes Printed no Brat 1998, Indice Iniroducio: Por uma genealogia do poder 1 0 m1. WV, v. VI VIL vu Ix x XI XIL XII XIV. XV. XVI XVIL Verdade e poder Nietzsche, a genealogia ¢ a historia ‘Sobre a justica popular Os intelectuais e 0 poder O nascimento da medicina social © nascimento do hospital A casados loucos Sobre a priséio Poder-corpo Sobre a geografia Genealogia e Poder Soberania e Disciplina A politica da saiide no século XVII 0 olho do poder Nao ao sexo rei Sobre a histéria da sexualidade A governamentalidade ca 1s o 13 me us 133 197 1» 3 209 229 2B a nen ag tte oe INTRODUCAO, Por uma genealogia do poder Roberto Machado ‘A questio do poder ndo & 0 mais velho desaio formulado peas “de Foucault. Surgiu em determinado momento de suas pes- ssinalando uma feformulagdo de objetvostebricose poll ‘ue, Sendo estavam ausentes dos primeios livros, 20 menos alo eiplictamente colocados, complementando o exerciio de uma {rqueologia do saber pelo projeto de uma genealogie do poder. ina of saberes sobre lovcura pars {Stabelecer 9 momento exalo ea condigbes de possiblidade do nay ‘mento da piguiatria, Projet este que deitou de considera ‘vel busca de precursore. Mas que também se realizava sem prvile- far a distincko epistemolopca etre cincia e pré-citncia, tendo 00 belecer relages entre os sabres ~ cada um considerado como por ‘indo postvidade especica, a postvdade do que oi efeivamente ‘ove deve set aceto como tal endo julgedo a partir de um saber Posterior e superior ~ para que destas relages sutjam, em uma me ‘ma epoca ou em época diferentes, compatibiidadeseincompatibi- vil dades que nfo sancionam ou invalid, mas eatabeleem regular ‘es, permite indviduaiza formagde dacurvas A par deen tl, a hon da louara dene Gears stn dx piguistna tra, ao mesmo tempo, um moment detemnado de ua tre: Imasampla = ajsrupturas a0 nivel do saber permitem aaa diferentes perodos ou epoca eo estado este mesmo procene, Portanto, ose iitando ts roncrs capac ¢empora du Gilinapaigudtca,aandliepercorteo campo do sabe pu 0 ou io sobre a loucurs procurando ele ut Saat onfiguragdes arqucolopas Masinso nfo tudo Outta novidade metodolégic fo nkosi sitar a0 nivel do acurso para dar conta Gu questo ds formasto Iistvica de pigiata. Net sentido ansiseprocuos centers ‘osespacosnstitusonas de contol do loueo, deseobrind dene Epoca Clisc, uma heterogeneiade ene 0 dination tercas sobretudo medicossobresfoucura eas eagdes que eeatabelsem om olouco nese lgars de eclendo Artculando ober meio Com a prtcas de interament ees com instinis cin come se, geerlando' ane so dss motifieeder inntaconsn fo ponsivel mosvar como a passin om vez esr quem decode {seni da oucuraealiberou€sradicalcagho & om pros de ‘dominagdo do louco que comesou mito acs el tem conaiet 4e posse tant tess quanto prt ‘0 Nascimeno de Clinca, de 1963. ttoma ¢ aprofunde ume questo presente,mas poco temaizada, novo anterior deren, G2 nee medina moderna eames Sica O ube {o e's caracterzagd deta roptua alo ox princpas bjeves de ‘ova invetiactoE a muagto nos expicn pum retamen ae notes que puderar ver us rgorontmente dfn ef ilzgio de instrumentos mais poderonon, que tornaram Pose once algo até nto deiconetde, Nios deve opr ees Imoderna acu pasando como se ape Sones speci real dade a iraconaidadeverdade aero. Exne rupture a sé mur to mais rae O que mado fo propa pesthdade do abet om seus obeon,conctone metodo tenes A anv segues. ockrou,jstament, explisar ot princiios de ogensneto cm epocas cient, evidencando auch medions ‘moderna we opde& medina cdscn, ares gusts fondant fire naturel enguantoaqula~ mas eapicamente¢anftomos cline -encontra eu prinipos nu ilo vu at 4 um saber moderno do indwl- ‘duo como corpo doente. Guiado pelo problems dos tipos de inter- ‘veneio das varias formas de medicina, Foucault articula os saberes com o extra-dicursvo, sea insituigbes como o hospital, a famine {escola sj, em um nivel mais global, as transformagées poltico- ‘tobreiudo na épees da Revoluo Francesa. € verdade que a due, quando se tatou de anal owsbidade da piquitria,o proprio desenvolvimento da pesqusa Tponiou o saber sobre olosco = diteamenteartclado com as pra ‘xe nstuctonais do inteoamento = como mals rlevante do que © Saber eorico sobre a loucura,enquanto que o objetivo fundamental {80 Nascimento da Clinica" expat os principio constituivos da ‘medina modern dfinindoo ipo especfico de ruptra que elas. {Ubelere- mplicava 0 priviego do dacuse teria. “4 Polat tC 168, ala ee prj. Seu ob tivo aprofundaregenraizarnterrelaBes conceit capazes. {Svar os saberesconstutvos dat ctnctes mana, sem pretender cla as formagDes Gncrsivs com as prea soca, Tove on: {tal olive 4b pode bavercéncia humane -pacologi,toiologi, Snvopologa~ parr do momento em que o apareaento, nos sitncias empires = biologi, economia Hologa = € das lowaias moderna, ue tém como arco incl 6 penamesto eto € como suelo deco- ‘thesmento,abrindo 8 posbildade de um entudo do homem como Tepreenagio. Isto pode parecer enigmdtico, mas 0 que interes ‘gus ¢asuinalar que-opropésto da and arqucolgie, tal como 1 fealizad neste vo, Consatia tm descrever a conaiuicho das cn ‘iss humanas a pats de uma intrrelaho de sbere, do esabelec imento de uma rede conceul que Tes cra espago de exisenca Serando propostalmente de ldo a relagBes entre aheres a8 traura economics poles "A conideragdo deste livros revel claramente a homoge: seidade dor nstrumentos metodoldgiconutzadon at ent, como ‘conosito de saber oetbelcimento das dscontinuidades, 8 cre ‘hos pra datagio de peridos e nua repasdeirensormasto © po: Jet Ge interelagdesConceituas, a arulao dos nbees com 8c {rutra roc a eritca dain de progreo em hina das toc 1% ste, Além disso, A Arguelogia do Saber, de 1969, que rflete sobre as tes andlse hstSricas com 0 objeuvo no 6 de expicitar ob ‘ieematizar mas sobretudo de clarficar ou apereigoar os principios “das préprias exigéncias das pesquiss, ext al uando consideramos 1 producto tebrica materializada nesses livros e, minimizando as pequenas ou grandes diferencas Que [podem existir entre eles, os comparamos em bloco ao que sed real- {ado a partir de eno, pereebemosclaramente se abrir um novo ca- minho para a5 andliseshistricas sobre as eidncas. Se Foucault nto invalid 0 passado, ee agora parte de outraquestio. Digamos que a “arqueologa, procurandoestabelecer a constituglo dos sabers priv- nerrelagBes discursivas tun articulagho com as nau: Bes, espondia 4 como 0s saberes apareciam ¢ se transformavam. Podemos entdo dizer que a andlise que em seguida ¢ proposta tem como ponto de partida a questo do porque, Seu objetivo nto €prin- ‘Spalmentedescrever as compatibilidadeseincompatiblidades entre Saberes a partir da confguragio de suas postvidades; o que preten- em ultima andlise, explicaro aparecimento de saberes a partir be conde de porsiblidade extern aos proprios saberes, ob me- Thor, que imanentes a eles ~ pois ndo se trata de considertlos como eto ou resultant ~ 0 situam como elementos de um disposiive de ‘naturezaessencalmente estratégia,€ esa andlise do porqut dos se- ‘eres, que prtende expica sua exsténca e suas transformagdes si {wando-o como pega de relagBes de poder ov incluindo-o em um dit- Postvo politico, que em uma terminologi nictzscheana Foucault hamard genealogia, Parece-me, em suma, que a mutacio assinalada por livros como Vigiar ¢ Punir.de 1975, € 4 Voniade de Saber, de 1916, primeira volume da Hittina da Sexualidade, 1 a ntroducko ‘ns anlises histrcas da questdo do poder como um instumento de hill capaz de explicir a produgio dos saber. "Mas ¢ preciso nio se equivocar ese arrisar a nada compreender as investigagdes mais recente desta genealogia: ndo existe em Fou- "aul uma teoria gral do poder.O que significa dizer que suas andi fs ndo.consideram 0 poder como um ralidade que possua uma na- tera, uma esténcia que ele procuraria dfiis por suas caracteriti- ‘cat univerais Ndo ext algo unitrio e global hamado poder, mas ‘Unicamente formas spares, heeropeneas, em constant ransforma- x dade de se procurar redutir a mullipicidade ¢ a dispersio das pit ‘as de poder atraves de uma teoria global que subordine a variedade ‘a descontinuidade «um conceit Universal, No € assim, entetan- fo, que Foucault tematiza 0 poder, como também no foi assim que tematizou nenhum de seus objetos de investigacio, A tazio € sim ples. embora apresente uma grande descontinuidade com o que ge- Faimente a entende ese pratica como teora. E que, para ce, toda {ora ¢ provisora, acidenal, dependente de um estado de desenvol= vimento’da pesquisa que accta seus limites, seu inacabado, sua par- Calidad formulundo concetos que carficam os dados - organi- Zandovos, explicitando suas intrtelagBes, desenvolvendo implica- (GBes mas que, em sepuida so Fevistos eformulados, subsituidos STpantr de novo material tabathado Nessesetido, nem a arqueolo- fia nem, sobretudo, a genealogiatém por objetivo fundar uma cién- fa, consiruir uma feora ou constr como sistema: 0 programa {que elas Tormulam € 0 de realizar ales fragmentria etransfor- ‘Umma coisa no se pode negar ds andlisesgenealigicas do poder: 4s produziram um importante delocamento com rlagio a ciéncia polites, que limita a0 Estado o fundamental de sux investigacio Sobre o poder. Estudando a formagdo histrica das sociedades capr- lalstas, staves de pesqusas precisa eminuciowas sobre onascimen- {oda instituigo carceriria e8 consttuigdo do dispostvo de sexual- ‘dade, Foucault, «partir de uma evidtnca fornecida pelo proprio ma- {erial de pesquisa, vis dlinear-e claramente uma nio sinonimia en- tte Estado e poder, Descaberia que de modo algum ¢inteiramente fovs ou inustads. Quando tevemos suas pesqusas anteriores 0b sta perspetiva, no serd indscutivel que aquilo que poderiamos ‘Shamar de condides de possibilidade polltcasdesaberes espesificos, Como 4 medicine ov a psiguatria, podem ser encontradas, no por Uma relugio deta com 0 Estado, consderudo como um aparehho Centrale exclusiva de poder, mas por uma 0 com poderes locals, expesiicos, creunecitos uma pequena drea de acho, que ‘Foucault unaisavs em fermor de insitugho? Mais recentemente, tsse fendmeno ndo #6 tem sido expliciado com maior clareza, mas Snabsido’de modo mais minuciowo e inlencional. O que aparece ‘Som evident € a erstncia de formas de exericio do poder diferen- tex do Estado, a ee aticuladas de manciras variadas que slo in ‘spensives inclusive u sue sustenlago e atuacdo efcuz Eniretant, essa valorizagio de um tipo especiico de poder formu- louse através de uma dstincdo, de uma diotomia entre uma situa xt Sindee eeargetarcnanr, ila Sit feet par at toda sciedadesumindo fs forma iu eonae econ ‘eject es eee Seapine mires mi pate aa ote time aeenreranare Sea rar eraerm aie carat Soiindvicsetmenmiae scat ser Shae eat iste oan eer cera ee cae mg a et 10s, hilbitos, discursos. oe we Be en een ween erie soci etait. sibahlnc ones eres neonemn Teta ge ew ee Sm Shoieclares no foram conscadon¢abworion peo aparino de Estado. Ni to necesariamentcrisdos pelo Estado, nem, se nae Eoveemrenepmerm ance ities arta temeate ea Seana a as ee fame meee de remaes ee cee ean eee soni iioiitaaratanea psiguiattia ou uo sistema penal. Mas nunca fez dessa anliss con- retas uma repra de metodo. A razdo € que 0 aparelho de Estado ¢ ‘in instrument especiio de um sistema de poderes que nose en- contra unieamente nel locaizado, mas o ultrapassa ¢ complement. ‘G que me parece, inclusive, apontar para uma conseqGéncia politica ontida em suas andises, que, evidemtementc,ndo tem apenas como ‘Sbjetivo dissecar,eaquadrinhar teoricamente as relagBes de poder, ‘mat servr como um instrumento de uta articulado.com outros inte {romentos, contra essa mamas relagbes de poder. E que nem 0 on- {tole nem a dstruico do apareiho de Estado, como muitas vezes se penta embora avez cadaver menos ~ ésuficiete para fazer des Parecer ou para transformar, em suas eracteristicasfundamentis. Fede de poderes que impera em uma sociedade, Do ponto de vista metodoldgico, uma da principas precaucdes de Foucault fi jestament procirr dar conta Gente nvel molecular ‘Se excrecio do poder tem partir do centro para a periferia, do macro pre. o micro. Tipo de andlise que ee proprio chamou de descenden {ering sentido em que deduziria o poder partindo do Estado proce Fando ver até onde eles prolonga nos exaldes m tle, penetra e ae reproduz em seus elementos mais atomizados. E ‘trdade que livros como Vigiar Punire A Voniade de Saber. como {imbem entrevista, artigos ou cursos deste periodo, nfo refeiram {gu a pretendia era se nsurgr contra aieia de que o Estado sera © Sredo cenraletnico de pode, ou de que a inegivel rede de poderes (dt sociedades modernas seria uma extensio dos efeitos do Estado, ‘im simples prolongamento ou uma simples dfusto de seu modo de clo, o que seria desiruir a expecfcidade dos poderes que «andlise pretend focalizar. Dal a necessidade de utilizar uma démarche in err pari da espeificdade da questfo colocada, que para a ge- realogta que ele tem realizado & dos mecanismos etéenicasinfnite- ‘mais de poder que eadointimamente relacionados com a producto ‘Sc determinadossaberes- sobre o criminoso, a sexualidude,» doen {ft wera et — ana como ees micro pode, 0 Px Stem tecnologia ¢ hitria specifies, se relacionam com o nivel mats geral do poder constitldo pelo aparelho de Estado. A andise {Mcendente que Foucault nko 6 propde, mas realiza, extuds o poder ‘io como uma dominacto global ccenalzad que paras at xt itunde € tepercute nos outros setores da vida social de modo ho- ‘mogenes, mas como tendo uma existéncia propria e formas especii- Tinto nivel mas elementar O Estado ndo & 0 ponto de partda ne ‘sini, 0 foco absoluto que estaria na orgem de todo tipo de poder Sool e do qual também se deveia partir para explicar a constituicho ‘dos suberes nas sociedades capitalisas. Foi mutas vezes fora dele ‘Que se instiuiram as relagdes de pode, essencnis para stuar a ge- teslopia dos siberes modernos, qu, com tecnologia propriaserela- tivamente autdnomas, foram investias, anexadas, wlizadas, rans ormadis por Tormas mais geras de dominagdo concentradas no sparelho de Estado, Podemos dizer que quando em seus extudos Foucault foi levado a distingur no poder uma stuagdo centrale peiférca eum ‘ro-e micro de exerciio, 0 que pretendia era detecar a exstncia © txpicitar as caracersucas de rlagdes de poder que se dierenciam ‘doEstado seus aparelnos, Mat isso ndosigniicava em contrapart- 4a, querer stuaro poder em outro lugar que nfo o Estado, como si- betes palavra perferia, O interessante da endlise€justamente que ot [oderesndoestdolocalizados em nenhum ponto espeetico da extru- {ura socal, Funcionam como uma Tede de xpositvos ou mecani- ‘mos a que nada ov ninguém escap, a que nfo existe exterior poss- ‘el imites ou fronteiras. Dal a importante epolémica ida de que © poder nde € algo que se dettm como uma cols, como uma proprie- 0 po- ‘ade, que se possi ou nfo. NUo existe de um Indo on que tm Sere de outro aqueles que se encontram dle aljados. Rigorouamen- {efalando,o poder ndo existe; existem sim priticas ou relagBes de po- ‘er. O que significa dizer que o poder algo que se exerce, que se ee- {ws que fonetona,E que funciona como uma maquinaria, como uma maquina socal que ado ext situada em um lugar privlegiado Ou ex: implica que as propria, tas de fora, de out lugar, do exterior, pois nada esta isento de po- der. Qualquerluta sempre resist2nca dentro da propria rede do po- fer. teia que se alasia por toda asocedade ea que ninguém pode e- ‘apar: cle ext sempre presente e se exerce como uma multipicidade ‘errclaoies de foreas. E como onde ha poder hi ressénc, ndo existe Propriamenteo lugar de resistencia, mas pontos méveise transition ‘ue também se distribuem por toda wetrutura vocil. Foucault ree {a portanto, uma concepedo do poder inspirada pelo modelo e ove mortal reuzindow & forma apaiguedneplatlnice dui uagem e do dilopo. 4. FCreio ques pode ie ranqulamente que voot foo piezo {Tcoloear ao caro a questo do poder calc no momento em {que reinava um tipo de andlise que passava pelo conceito de texto, elo eto com a mtodolopia goo scompee, stot semicops, Senruuraome ee M. F: Nio acho que fui o primeto a colocar esta queso, Pelo com Utirio, me espenta difeldade que tive para formulé-la. Quando ‘gore penso nisto,pergunto-ne de que posi ter flado, na Hlstia 5 ‘de Loucura ou no Nascimento da Citic, sento do poder. Ora, te- ‘Que certamente houve uma incapacidade que esava em divide liga: ded stuaclo pollca em que nos achdvamos. Nio veo quem - ns ‘ire ourna eoquerda ~ podera ter colocado eate problema do po- der. Pela direita,estava somente colocado em termos de constituilo, ‘de soberania, ec, portento em terms jurdicos;e, pelo marsiamo, ‘em termos de aparelho do Estado. Ninguém se preocupava com & forma como ee se execia concretmente ¢ em dealbe, com 18 cexpecfcidade, suas téenicase suas Utias. Comat 10 adversiio, de ume manei pie ft choco tie cane aia eomemnnoeneen ee nearness cura Sere ia is iener aicmanerse mraste Gaesmrenmneaets soe be cantecrmeemmma ee eee teas Ep aan neon Shee: eons moves Sh beer as Ea reett stoma AF: Serd que um certo marsismo uma ceria fenomenciogia no onsttuiriam um obsticulo objetivo & formulacto desta problemiti- [MF : Sim, € poslvel, na medida em que éverdade que as pessoas de ‘minha geracdo foram alimentadas, quando eatudantes, por estas Nea rue de comma ¢ mau rele ment vem 0 lugar onde ela se exerce ¢ um lugar. E ¢ por isto precisa ssn dao domes sit 0 sem nis eon cop uy ro; Secor, das Uniersa Sere rr iandoa adorar, ma ao contri» sanz vol oe me des area, segundo 0 equems tradiconal, que & Sov uP sgtand em sus props conrads tabs Por sa lene tsa sa prope sures mc scrunoar A pra cleulao da obsiacio, 0 sang promet- deere aa sem eto jogo da dominate pen oar cia mavcalosamente rept, O eso a pat, 8S Senta omg, a acetagho tact da le Tonge de seem @ {fled conrerto mort ou il eaelado que dram aseimentod Serna goa resulad ¢propramente land wa perve- ‘SE alas concent, deer tn toa emergtncia so dio de Ae gahor sem seus comegon, como tdo o que grande bre a1 eer go de rnque™ = A humanidae no rosie lena itn commute ste unaresprocaade universal em que ‘SsGgrssabnturonm pare sempre a geval inatalacade uma de Sasvioencas em um sera de regres, eprossegue asim de domi+ tg em dominasto amen era qe prt qe ws ta vin or 12 que una ous domingo posse dobraraquces que dom Iam Envs mamas era sto vei, volentas nf rane. disso Teas para sevirs sto ov Aguilas podem ser bulades 0 soreness Orange dah ‘quem se apoderar das repay, de quem tomar olga daguels qué ‘5M, Se ue edt pre rerun 2m Sermo vos cones aqutsquem tinh impo de Quem. Intoduzin no aparcno completo, o zr funeonar deta modo s ae 05 dominadores encontrarseo dominados por suas proprias ‘tarts. AS rents mergeacla ques podem dearcar no sto ft sures suceasivas de uma mesma signieaio, sto fetes de subats {o,repsiioedeslocamento,conqusasdifrgadas,inversten {emiticas. Se inerpretar ea colealentamente en ovo uma git ‘acd octitanaorgem, apenas a metalcapodera interpre de. ‘irda hmanidade: Mase nterpretar ve poder por Vlénca cu sub-epeto, de um sistema deregras que nko tem ems sinicagaa essence Ihe impor uma dre, dobrd-t «uma nova vontae, ‘elo enfarem um outo jogo e submete-lo a novas regres, enio'o devirdahumanidae ¢ una sti de nterpretagies 1 peesogia. deve ser asa histor bistOna de morai dos es dos concetos ‘etalsco,hstona do oneeto de iberade ou david tte Como emergéncis de merpretages diferentes, Trateae de fates fprecer como aconesimentos no leatfo don procednenton v ais os relies ene a genealogia defnida como pexguia de Heranf ede Enschg 60 ques Shams habiuslmente hat. 1 Shee ano bra de Nice sonra "precio vllara cls agora.Contudo, a genelopa¢ desgnede ‘eats como "Wikiche Hutorem vray oeates la onan da plo “espiio™ ou “sentido hateo" Deatove que Nia Ghe nfo parou de cricar dade segunda das Cndeles Este. porineas@ esa Torma hstrca gue rented (© supoe sem) ® Ponto de visa suprises ure hte qu leap fone > filer em un oalidade bem fecada sobre sl eames everidade nf reducida do tempo: una hii us non permite no fee ‘hecerms em ide pate dara todox ot denocamentos puedes forms dx tecnelaeo: una hata gue lamar sobre 6 auc ea sles dla un har em de mundo, Esa hora doy stedoes onsri um pono de apoio fra do iempor ea pretene odo lg Segundo uma obyeiadeapocalipie; mas €quvclasupd uma ter die cern, uma alma qe do more una cots sempre ‘ier simeima Seo setdo hates se dena ewolver Pee pono 35 GM, = Prd = 475612. PM, $24 % ico, a metfisia pode etomi-o por sua conta, fend ome ene Cune i ct. ee grein, ecommerce en at se aoe tan al ee et sce er grahen sae coe fos er hte ins, a See ee eae, pert dee dni cps Fe ne er ee ay Fe ae oe tuts er sit relearn he Ce See en ee ce i Crete secre one seme gc ane Me scheint dr nemo doe Se prereset wen en npn egan okn enn eer Fecal rer epee ord ome area maar ace ae Se ee a ee ey sis carn re aeee bain eegeecere fetal eens i nace? eee neler ee ee ee al monet rte lao cca ies teats onan caresses core eerenioe Fee en ee ae nc. end warns meer eaia ohne erergl en eal ee igo emneen mrmengeee pe rae ec Soot ee. rete eto amen? gras deer eae tee eee eS ee n {os deamatizardnossosinstintos; multiplier nosso corpo 0 pork 5s memo, Ela nda desara nada aba Ge gus tna eanghaade dsseparadora da vida ou da natren, ela ndo Se dear es hum obsinagdo muda em deg um fim mienar. Es darh aqui sabre o que se gosta de fat larepousat ese conta iva pretensh continsdade, € que 0 sdber nko € feito ompreender, ee eto para con a Podemse apeenderspatr de entSo as carateriticaspropian do sentido hintrico somo. Nietsshe 0 entende,€-que opbe “Winkcke Mstre”& hati tradicional Agua verte arene habiualmente etabelecida entre ssrupedo doaconecimentoe ae. cestidade continua. Ha toda uma tradgdo da hist (leologin ‘acionlsta) qu ende a duslveroscontsimento singular em ume Continuidade ideal ~ movimento teeolico ou encadcmento natu. fal A historia “eftva™ fae resurgiro acontecimento no que de poe ter de unicoe agudo. precio entender por acontsimento nl tina decsio, um Watado, um rina, ov uma Saal, mas uma rear ‘to de frcas que se inverte, um poder cnfacado, sm vocabulan Fetomadoe volta contra seus liadores, sma Gominaclo que ve tnlraquece, se dstende, seenvencna euma ore que faz wa entra, Imascaada,Asfogas que se encontram em jogo na istria no be. decem nem a.uma destinagio nem a uma mecdnics, mas a0 seas da iste se manifetam como formas suceavas de um inte Go primordial, como tambem ndo tem o aapecto de sm resultado, Eis aparecem sempre na dla singular do acontesimentoA dfeen- «2 do mundo crsto,universalmentetecido pela aranha diving con: sagan nas um Unico reino, onde nio hé nem providénci inal, miseries enna en ae Tose pues ta eminent cree nal lentils nS en ectee Restart acemete ener SHQut aan moma ie 2» smentos se apagaam para qu s€ most, powco a Povo, 8 nt ese enti ial o valor primer emo; € {Stepan una mae de sommes clas, ce 20 cnt railhosumente colorido ¢confuso profund, replto a no que uma mulidio de errosefantasmas he dea m0- semi’ Fda'o povoa em segredo*- Cremos que nosso presente sire fon intengbes profundas, necesidades estvek eigio8 ape ores que ou convengam dsto. Maso verdaeio sen doo cone que no vivemos sem referencias ou sem COO gos onginaras. em mirades de acontecmentos perSios A ei ambeino poder de intervetr a felagzo ene 0 proxi smo ea sapinguo tal como fo etabelesio pla stra tadional om fon dee cba eaves. Ets de to se comprz Jas um olar para olonginguo, para as auras as époes mas a ee formas mais elevadas, a eas mas absratas, a nV earides mais puras para fazer isto ela procura se aproximar Syn a0 mo coarse on es dv cue om con de er ‘Tamora perapectva dass, Ahi etnesem con tanga sets olares a0 que et proxi ‘Ro. corpo, sistema nervor, os alimentos a gest, a8 en Ban capers decadent esronta outs as com 8 pela indo rancoross, mas alepre~ de ma agitagio barbara in. semble ne cme ar enbase, Mas sha so ato, men fhando para apreendr as perspestivas, desdabrar a disperses © a Gitrendas detarv cada cous tua medida esua inersidade Seu mO- Siments 0 inveso daguele que os hatoradores opera sub-epcia Then: ees ngem ola pars o mais loge de si mesos, mas de ma ‘ara bait, rstando, ee se aproimam deste longinguo promete lor (no que ees sto como os metaaicos que vem, bem acim mundo, am lem apenas para promeleio i mesmos a tiulo de omperaa).ahsona seletva® olka para o mats proxi, mas para dete ne spararbruscamente eae apodetar 4 distinia(lharseme- Ihante a0 do medio que mergulba pure dagrosticare der adie renga) 0 sentido histrco ext muito mas proximo da medicna do Aue da fosaiaHostoneamentefslogiamente.coxtume dit ‘Nieasche"" Nada espantoso, uma yer que na idissincrasia do flé- HoH si C1 “Biagts eum nt” 4, soo se encomaanegaci sitrtca do corpo ela de sen strc o odo conta ade do dei oeppeanime’ obese {oem sloar no somesoo gue ven a fin com hima antes da primers" ist oa verdede «do valor. ela tem que set 0 conhecimento diferencal das enerpiaae ‘esfalecimentos, das alturas edesmoronamentos, dos venenos ¢cote lwavenenos. Ela tem que set &cincia don remédios~ Finalmente, iltima caractristica desta histéria efetiv: ela nto teme ser um saber perspectivo. Os historiadores procurem, na medi dda do possivel,apapar 0 que pode revelr,em seu sabe, o ugar de {nde ces ofham, o momento em que ees eso, 0 partido que ees t= ‘mam ~ 0 incontrolivel de sua paixdo.O sentido hstric, tal como, [iets 0 entende, sabe que perspectivo, nfo recuse o sistema de sua propria ijustic. Ele olha de um determinado Angulo, com @ Propésito deliberado de aprecat, de dizer sim ou nfo, de seguir t- 4os os tragos do veneno, de encontrar o melhor antdoto, Em ver de fing um discret aniquilamenta diante do que cle olha, em vee de al procurar sua leie a isto submeter cada um de seus movinienton, un ‘thar que sabe tanto de onde olha quanto que ola, O sentimento histérico di ao saber a possibldade de fazer, no movimento de seu nals durante a revolurdo burguesa com os exemplos de tibunais du- ante a revolugdo proletiria. © que voot desreveu foi ist: entre ax as fundamentas a plebe de eno ¢o8 seus inimigos, havie uma Clase, @ pequena Burguesa (uma teeeira cause), que se inter, ‘We tru alguma coisa da plebe e uma outra coisa da clase que ae ‘ornava dominante ela desempenhou asim o eu papel de clase me- ‘ana fundiy estes dove elementos e dal reultu eate tribunal popu- 4 lar que em rlagdo ao movimento de jutiga popular eto pla pe- be, um cement de repre interna, portato, ume deforchs {tiga popular. Portanto, a hava um retro clement no fo de Corre do ibnal, mas da cate que digs ess tribunals no Peauena burguesia do apareino tral (aque se recoria pot consentimento matuo, para por fim «um iio ou a uma gueraprvada e que ndo era de modo neshum um ne de oder) por um conjunto de institu x. ervindo de manciaautoitiiadependente do oder potico (ou controlado por ee). Ena ransormagdoaporoae fim dots mecanamos. © primeio foi a fiscaliasio da jst: polo Brocedimento das mules, das confacagBen, dos sequetros Se bes, fas custas, das grliicages de todo po, fazer unig ea lucrative depois do desmembramento do Estado carolingio a justia toro se, enire as dos dos senhores, no 8 um inatumento de apropri Glo, um meio de coerto, mas diretamente uns fone de riquez, Droduzia mais um rendimentopariclo& rend feudal, ov melo ue fain parte da rend feudal As jusias erm fnte de riquezn, ram propriedaes. Produriam bens que se trocavam, gue ofc ue se vendiam ou se herdavam com os eudos ous ves, 9 cos eles. AS jsigasfsiam pare dn crculagho das guetas¢ ‘xtragdo feudal. Para‘ que at pomulam, cram um dro (ao lado do fro, da miomora, du dsima, d tars de ocupaci das ee talidaes, te pare os qe estavam sob ua jriadgtotomavam & forma de um foro ndo regular. mass que tinham que se submeter emt cerios casos. Ouncionamenioarcaico da Jusiga se verte patece ‘ue emotamente asia linha ado um dito pars os que estar 4 sun jung (diet de pedi nts se concordavam com 30) {um dever para os tbr obrigato de demonsraro seu presto, ‘toad, ua eon oper Plo) i diane vase ornar um diet lrg) para v pode, orig ‘Ho (Curtons) para ov subordinados. Pere ese ne Pecebe-seagu 0 cruzamento com o segundo mecanismo: 0 eo cregcente ere jusigne afore ds vades por uma janiga obi fue ao mesmo tempo se) ‘bere acordos, impor ume isso implica que se disponha de uma forea de cougto. Nio se pode impdla sendo por uma coeredo armada onde o suzerano € milita- mente bastante forte para impor sua "paz", pode haverextragdo Fecal ejridca. Tendosse ornado fontes de rendimento, as justivas sequicam 0 movimento de divisto das propriedades privadas. Mas, lpoiadas na forga das armas, seguiram a sua concentra progress ‘7 Duplo movimento que eonduziu ao resultado “elssico™ quando mo teve que enfrentar as grandes revltat "um poder, em um ‘0 mesma tempo, Sparecetam, com 0 es do rei, a dlgen- ‘as judiciarias, legislagdo contra os mendigos,vagabundos ecosos deni em pou, os primeirs rudiments de policia, uma justica entralizada: 0 embrido de um aparelho de Estado judicirio que obria,reduplicava econtrolavaasjustigas feudais com oseu sistema Fiscal, mas que thes permitia funciona Assim apareceu uma ordem “Vudisdria™ que se aprerentou como a exprssio do poder pablico: Arbilto ao mesmo tempo neuro e auortiie,encarregado de resol- ‘er “justamente™o$liligios ede assepu ‘lo ical ede concentragio das forcas armadas que se estabeleceu © Sparelho judiero. ‘Compreende-se porque na Franca e,crio, na Europa Ociden- luo ato de justia popular ¢profundamenteanijudicidnoe oposto ‘propria forma do tnbunal, Nes grandes sedges, desde © stculo XIV, atacam-s regularmente os agentes da justig, tl como or agen ‘esdo isco, de uma maneia gral, os agentes do poder: abrem-ae as rises, expulsam-eos jules efcha'seo buna. Ajusiva popular re “Conese na insta judiearia um aparetho de Esiado representante ‘4 poder pblicoeinstrumento do pode de classe. Gostara de ls {ur uma hip6tese, da qual ndo estou seguro: parece-me que alguns ‘abitos préprios da guerra privada, alguns velos rts pertencendo | jusiea“prejudicdna™ se conservaram nas praticas de justice po Pala. por exemplo, ea um velho nto germanico esptar em ume es. {aca, para expor em public, a cabeea de um inimigo morto regu ‘mente, "juriicamente” durante uma guerra privada; a destruigho da ‘as, ov pelo menos o incendio do madeirame o saque do mobil ‘io um rte antigo, corelato a por fora a le ra, so ese tos an {erioesdinstaurapio do judielro que reviver regularmente nase ‘igdes populares. Em torno da Basha tomads, passeia-e a cabera ‘de Delaunay, em torno do simbolo do aparelho fepresivo, cculs, 8 FACIXDADE DE ShO BENTO ‘BLIOTECA ORE JANEIRO com os sus vethos ritos ancestas ica popular que no se feconhece de modo nenhum nas instinéas judicidrias, Pareceme {que histria da justiga como aparelho de Estado permite compreen= der porque, pelo menos na Franga, os atos de justiga realmente po- polars tendem a excapar a0 Tribunal e por que, 20 contrdro, cada, ‘ez que a burguesa quis impor & sediclo do povo 3 coardo de um apa- Fetho de Estado, se instaurou um tribunal: uma mesa, um presidente, {utesorese dois adveriris em frente Assim reapartce 0 udiciri. E'gesim que eu vejo a coisas Victor: Voct vé as coisas até 1789, mas o que me vem depois Voce deserve 0 nascimento de uma iia de classe © ‘como ean idea de classe se maleializaem praticas e aparelhos, Eu ‘ompreendo perfeitamente que na Revolugio Francesa o tribunal te ‘nha podido ser um instrumento de deformacdoe de represso indir ta dos atos de justica popular da plebe. Parece-me que havia varias Classes socais em jogo deur lado a picbe, do outro os taidores da hagio e da revolugdo, centre os dois uma classe que procurou de- Sempenhar ao masimo o papel hstrico que ela podia desempenhar Pontanto,o que eu pos exemplo ndo io concusdes def. nitivas quanto forma do tribunal popular~ de qualquer modo par ns ndo hi formas acima do devir strico mas somente como Pequena burguesia enquanto classe pegou sobretudo nesta Epoca, plan dies ‘da burguesia esmagou-as pela forma dos tribunais da época, Dal eu nfo posso conclur nada sobre a questo priticaatual dos tribunai ‘populares na revolugdoideologicaatual, ov a frtiort na futurarevo- Tugio popular armada. Por isso gostaria que comparissemos este cxemplo da Revolucdo Francesa Gom 0 exemplo que del ds fevolu- 2&0 que Sots terms. as massase seus inimigos. Mas as massasdelegam, de ‘era maneia, uma parte do seu poder a um elemento que exh pro- fundamenteligado a elas mas que é todavia dstinto-o exército ver- ‘melho popula. Ora, essa composicto do poder militar com o poder Judicétio que voctindicou, também aparece quando o ex ular ajuda as massas a organizarjulgamentos regulates ds inimi- 0s de classe. O que para mim no surpreende, na medida em que © txérito popular ¢ um aparelho de Estado, Eu ihe coloco entdo ase buinte questo: no sera que voc esd sonhando com a possbilidade {e pasar da opresio aual xo comuniamo sem um perlodo de transi ‘elo 0 que te chama tradicionalmentedtadura do proletariado~ em “4 ue so necesiris aparelhos de Estado de um tipo nove, de que de- ‘emos expictar contetida? Nio ser aso que ext por trds da sun recusa sintemdtica da Torma do tribunal popula?” Foucoulr Voot tem certeza de que se trata da simples forma do tibu na?? Eu no sei como isso acontece na Chi mente qUe significa a disposigdo espacial do tribunal, a dspos- ‘ho das pestoas que esto em um tribunal. sso pelo menos implica tia ideologia. Qual € esa dsposicho? Uma mesa, atrds dessa mese, {ue os distancia a0 mesmo tempo das duas pares, esto terceiros,o8 shite, a posgdo destes indica primeiro que eles sio neuros em rla- {tio uma ea outta; segundo, mpica que o seu julgemento nda de {erminado previamente, que vai ser estabelecido depots do inguésito pela audigdo das duas pares, em fungdo de uma cera norma de ver {lade e de um certo nimero deidias sobre ojurto eo injustoe er- feito, que a Sua decisdo tera peso de autoridade. Eis oque quer der tsta simples disposigd espacial Ora, ereio que essa idéla de que pode haver pessoas que s20 neuras em relacdo Bs duas partes, que podem julglas em fungdo de itis de justiga com valor absoluto€ ‘ue as Sua decides devem ser executadas va demasiado longee pa fece muito distante da propria idéia de uma jstiga popula. No caso 4e uma justia popular nfo h ts elementos; hd as massas eos us ‘nvmigos. Em seguida, as massas, quando reconhecem em alguém um Inimigo, quando decidem castgar ese inimigo - ou reduct'lo~ nto se referem a uma ideia universal abstata Ge justiga, referem-s 40- mente sua propria experiencia, 8 dos danos que softeram, da ma ‘era como foram lesadas, como foram oprimidas,Enfim, a decisho elas nfo. € uma decisto de autordade, quer dizer, elas nlo se 'apdiam em um aparelho de Estado que tem a eapacidade de impor Aecsbes las as executam pura esmplesmente Portanto,eu tenho & impressio de que a organizagio. a0 menos a ocdental, do tribunal ‘io deve estar presente na pritica da justica popula itor: No estou de acordo. Quanto mais vot & conereto em rela- ‘ln indge ae revolugdes que vo até revolugio proetiia, mais ‘Voce se tona completamente abstrato em relacio dx revalugdea mo-

You might also like